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REFLEXÕES ACERCA

DA HISTÓRIA E
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
EM BUSCA DE UMA IDENTIDADE EPISTEMOLÓGICA,
METODOLÓGICA E PEDAGÓGICA.
 Jörn Rüsen (Duisburgo, 19 de Outubro de 1938) é um historiador e filósofo alemão.
JÖRN RÜSEN  Estudou história, filosofia, pedagogia e literatura alemã na Universidade de Colônia.
 Em 1966 concluiu sua tese sobre a teoria da história de Johann Gustav Droysen, um dos
representantes teóricos do historicismo alemão.
 Nos anos seguintes lecionou filosofia e teoria da história em diversas universidades
alemãs. Sendo que, em 1974, a universidade de Ruhr, em Bochum, oferece-lhe a
cátedra em História, onde permaneceu até suceder Reinhart Koselleck na universidade
de Bielefeld, em 1989.
 Entre 1994 e 1997, esteve na diretoria do Centro para Pesquisa Interdisciplinar em
Bielefeld.
 Tornou-se presidente do Kulturwissenschaftliches Institut em Essen em 1997, local em
que continuou seu trabalho sobre a consciência histórica e o pensamento histórico,
iniciado no período em que lecionou em Ruhr, além de estudos comparativos
internacionais sobre consciência histórica e historiografia, a história da cultura histórica
e a teoria da ciência das culturas.
 Aposentou-se em 2007, como presidente do Kulturwissenschaftliches Institut, e
atualmente permanece como pesquisador sênior coordenando um projeto de pesquisa
sobre o humanismo na era da globalização.
OS PRINCIPAIS CONCEITOS DA
TEORIA DA HISTÓRIA DE JÖRN
RÜSEN: UMA PROPOSTA
DIDÁTICA DE SÍNTESE
BARON, Wiliam Carlos Cipriani.
Albuquerque: revista de história. V. 9, n. 18, p.160-192, jul.-dez.
2017.
 EXERCÍCIO METATEÓRICO DE ANÁLISE
 EXERCÍCIO DE UMA META-ANÁLISE DA PRÁTICA
HISTORIOGRÁFICA
 Um ir além de práticas de pesquisa heurísticas, críticas,
hermenêuticas;
PROPOSIÇÃO  Uma busca pela racionalidade da ciência da história;

OU OBJETIVO  Procura por “determinações racionais” nos procedimentos


relacionados à construções da história;
PRINCIPAL DE  Resposta às críticas feitas à historiografia como metanarrativa e
RÜSEN ao momento de “crise” do discurso histórico e das teorias da
história:
 Como definir a questão do sentido na história?
 Como definir um estatuto de cientificidade e de racionalidade no
discurso histórico?
 Como pensar a questão do progresso no processo histórico?
PENSAMENTO
HISTÓRICO
TEORIA DA
HISTÓRIA
[...] superar uma concepção estreita de objetividade – a qual,
confiante nos métodos de pesquisa como meios infalíveis para
descortinar as verdades escondidas nas fontes, sempre tende a
realçar o tema da representação histórica – quanto oferecer uma
TEORIA DA alternativa à visão radicalmente construtivista e narrativista da
historiografia, que não esclarece satisfatoriamente a natureza da
HISTÓRIA relação entre escrita e pesquisa histórica (ASSIS, Arthur. A teoria da
história de Jörn Rüsen. Uma introdução. Goiânia: Ed. UFG, 2010, p.
14).
FATORES
ESSENCIAIS DO
PENSAMENTO
HISTÓRICO

Matriz
Disciplinar
Estratégias Estratégias
Cognitivas Estéticas

Procedimentos Acadêmicos Princípios


do
Sentido
Discurso de Estratégias
Vida Prática Simbolização
Histórico
Retóricas

Discurso da
Memória
Política
ATENÇÃO!!!
CULTURA
HISTÓRICA
CONSCIÊNCIA
HISTÓRICA
 ESTRUTURAS MENTAIS;
 OPERAÇÕES DE PENSAMENTO;
 PROCESSOS MENTAIS DE INTERPRETAÇÃO;
 TRABALHO INTELECTUAL;
 OPERAÇÕES DE CONSTITUIÇÃO E/OU REMEMORAÇÃO DE
CONSCIÊNCIA SENTIDO.

HISTÓRICA
 É uma operação abstrata que não pode ser visualizada ou percebida
como... imediatamente – um desafio para as pesquisas científicas;
 Está implícita nas ações das pessoas e é percebida a posteriori, mesmo
sendo condição necessária para a ação.

 Vejamos a variedade de entendimentos acerca desse conceito: p. 169-


171.
Intenções de
futuro
Ações no
presente

CONSCIÊNCIA
HISTÓRICA Conteúdos e
experiências
como um do passado

filtro...
CONSCIÊNCIA
HISTÓRICA
como
articulação

PASSADO-
PRESENTE-
FUTURO
MAS
ATENÇÃO...
 Recuperar os dados da memória são insuficientes para superar as
expectativas de futuro (advindos dos desejos do progresso
humano);
 Constituição de sentido da consciência ultrapassa as situações
vividas e buscam construir um “inteiramente novo”, o “outro”, o
“inédito”;
PENSAMENTO  O pensamento utópico, mesmo não encontrando fundamento
UTÓPICO racional na cultura, passa a ser considerado também um
CONDICIONANTE DO AGIR HUMANO.

A PRESENÇA DO PASSADO E O DESEJO PELO FUTURO EXERCEM


INFLUÊNCIA NAS INTERPRETAÇÕES E AÇÕES DAS PESSOAS NO
PRESENTE.
UTOPIA
PENSAMENTO ESPERANÇAS
PARA ALÉM DO
FACTÍVEL
UTÓPICO como
orientação do SONHOS
NECESSÁRIOS
agir... DIANTE DA
LIMITAÇÃO DA
VIDA

FONTE VITAL

MOTIVAÇÃO DO
AGIR
CONSCIÊNCIA PENSAMENTO
HISTÓRICA UTÓPICO
INSTRUMENTO DE
ORGANIZAÇÃO E
APRESENTAÇÃO
DO PENSAMENTO;

LINGUAGEM
MEIO PELO QUAL
AS CONSCIÊNCIAS
HISTÓRICA E
UTÓPICAS SE
EXPRESSAM.
FICCIONAL de NARRATIVA HISTÓRICA
Na intenção de distinguir NARRATIVA
Recorrer as lembranças de experiências de mudanças
temporais passadas do homem e de seu mundo para
interpretar o presente;

NARRATIVA Articular de forma interdependente passado-presente-futuro


numa representação de continuidade, mantendo sentido
HISTÓRICA entre ações do passado e expectativas de futuro;

Colaborar na instituição da identidade do sujeito, localizando-


o no fluxo do tempo.
 SAÍDA PERANTE OS RISCOS DO RELATIVISMO E
SUBJETIVISMO:
PROTONARRATIVA  Há um possível sentido prévio existente no interior da cultura que
influencia na operação da consciência histórica dos sujeitos;
 Nos feitos do presente haveria uma espécie de “pré-história”
constitutiva de sentido para a narrativa histórica, na inconsciência
do passado;
 Ação humana ocorre a partir de pressupostos advindos de ações
anteriores.
 PASSADO VIVO NO PRESENTE COMO FORMA DE ORIENTAÇÃO:
 A consciência histórica individual se relaciona com estes dados
imediatos da cultura, recuperando-os, de forma a possibilitar um
quadro interpretativo mínimo de entendimento da realidade.
 Mas ATENÇÃO!
 Em alguns momentos, estes dados precisam ser criticados e
refutados, por não serem suficientes em orientar ou explicar o
presente.
 Em meio a mudanças repentinas, traumas, descontentamentos,
TRADIÇÃO circunstâncias inéditas, o agir humano busca ir além desses dados,
recuperando o passado de forma variada.
 CRITICAR A TRADIÇÃO É IMPORTANTE POR POSSIBILITAR NOVAS
INTERPRETAÇÕES SOBRE ESTE PASSADO QUE ESTÁ DISPOSTO
INCONSCIENTEMENTE NO PRESENTE, SEJA NAS CONDIÇÕES
QUE (IM)POSSIBILITAM O AGIR, NOS CONJUNTOS DE IDEIAS
COMPARTILHADAS, OU ATÉ MESMO NAS INTERPRETAÇÕES DOS
VESTÍGIOS HISTÓRICOS MATERIAIS.
 A PROBLEMATIZAÇÃO REPRESENTA UMA SITUAÇÃO CULTURAL
DE DESESTABILIDADE: um contexto desafiador que remete o
indivíduo a uma situação de “crise” de orientação cultural.
• Um dado acontecimento que é explicado no sujeito a partir de
elementos culturais previamente dados;
CRISE NORMAL • Padrões de significado estão na cultura – reordenamento de
elementos.

• A resolução/compreensão só ocorre diante da inserção de


novos elementos, transformando o potencial de orientação de

AS CRISES CRISE CRÍTICA sentido previamente existente na cultura;


• Padrões de significado são criados pela consciência histórica no
processo de interpretação da realidade – insere-se um novo
elemento.

• Situações que ocorrem de maior intensidade, na qual a própria


consciência histórica se vê impossibilitada de (re)organizar
CRISE interpretações existentes ou articular/criar novas;
• Narrativa histórica se silencia – período traumático, onde a
CATASTRÓFICA linguagem não dá conta de atribuir sentido e inteligibilidade ao
ocorrido;
• Faz-se necessária uma reorganização cultural a longo prazo.
MODO
MODO EXEMPLAR MODO CRÍTICO MODO GENÉTICO
TRADICIONAL
• Operação da • Operação da • Operação da • Forma particular de
consciência que se consciência em consciência que mobilizar os dados
faz a partir dos direção ao passado busca criticar os da memória, as
dados da tradição; na busca por atuais modelos de experiências do
• Repetição do regularidades, intepretação tempo,
modelo cultural exemplos, regras culturalmente prevalecendo no
vigente; que podem ser influentes a partir presente a ideia
aplicados no de rearranjos das positiva de
presente; experiências do mudança temporal,
REMEMORAÇÃO • O sentido se
apresenta como
passado.
• Interpretações
como qualidade
fundamental do ser
DO PASSADO regras gerais do
agir;
alternativas
questionam as
humano no tempo e
no espaço;
circunstâncias • Presente como
atuais da vida e as momento histórico
perspectivas de provisório – em
futuro; desenvolvimento,
• Resistência às evolução
tentativas de permanente / futuro
dominação cultural; como uma
possibilidade a ser
construída, um vir a
ser;
MOVIMENTO
DE MUDANÇA
HISTÓRICA
CULTURA
HISTÓRICA
DIMENSÕES
DA CULTURA
HISTÓRICA
CULTURA
HISTÓRICA
FORMAÇÃO
HISTÓRICA
DIFERENÇA
ENTRE MEMÓRIA
E
CONHECIMENTO
HISTÓRICO
CONSTRUÇÃO DA
TOMADA DE
CONSCIÊNCIA DO
MEIO AMBIENTE
CULTURAL EM
QUE O INDIVÍDUO
EMERGE
Prof. Me. Robson Vinicius Cordeiro
Doutorando em Educação em Ciências e Matemática
Educimat- Ifes
29 de junho de 2021

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