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Movimentos operários europeus – 2º.

Ano

Introdução: Veremos, nesta aula, os desdobramentos da Revolução Industrial e o


surgimento de movimentos de operários e a discussão de temas que eram de interesse
desse importante e grande segmento da sociedade europeia do século XIX. Vamos lá
então:

1. O Ludismo e Cartismo

Ludismo ou Movimento Ludista é o nome dado a um movimento surgido na Inglaterra


entre os anos de 1811 e 1812, contra os avanços da máquina e reivindicando o direito ao
voto, que reuniram trabalhadores das indústrias contrários aos avanços tecnológicos em
curso, proporcionados pelo advento da Primeira Revolução Industrial. Os ludistas
protestavam contra a substituição da mão de obra humana por máquinas. Seus
defensores perderam força com os sindicatos e suas greves. O ludismo pode ser
considerado o primeiro movimento operário de reivindicação de melhorias nas relações e
condições de trabalho. Tanto o Ludismo como o Cartismo foram movimentos que
colocaram em destaque a questão do trabalho e as suas condições.

O nome do movimento deriva do nome de um suposto trabalhador, Ned Ludd, que teria
quebrado as máquinas de seu patrão. Mesmo sem qualquer comprovação, a história
serviu de inspiração para vários operários, que viam nas máquinas a razão de sua
condição de miséria.

Os ludistas chamaram muita atenção pelos seus atos, apesar das reclamações contra as
máquinas e a sua supressão da mão de obra humana já serem fatos normais, pois os
operários, além desta ameaça de perder seus empregos, viviam em péssimas condições,
com jornada de trabalho extensa e remuneração baixa. Seus integrantes invadiam fábricas
e causavam a destruição de todos os equipamentos que, segundo estes, por serem mais
eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos. Os ludistas ficaram lembrados como "os
quebradores de máquinas".
O Movimento Ludista atinge seu ápice após o assalto noturno à manufatura de William
Cartwright, no condado de York, em abril de 1812. No ano seguinte, na mesma cidade,
teve lugar o maior processo contra os ludistas, onde sessenta e quatro foram acusados de
terem atentado contra a manufatura, resultando em treze condenações à morte e duas
deportações para as colônias.

O movimento Ludista perderá força com a organização dos primeiros sindicatos na


Inglaterra, as chamadas trade unions. Apesar de não carregar um conteúdo ideológico, os
ludistas foram importantes por levar um questionamento do molde de desenvolvimento
do Capitalismo e pela consequente utilização de tantas máquinas e o seu efetivo benefício
à coletividade.

Já o Cartismo foi o primeiro movimento de massa das classes operárias da Inglaterra,


ocorrido entre as décadas de 30 e 40 do século XIX, e que basicamente exigia melhores
condições para os trabalhadores na indústria. Durante vários anos os cartistas realizaram
comícios e manifestações por todo o país, nos quais participaram milhões de operários e
artesãos.

O nome do movimento tem sua origem na carta escrita pelo radical William Lovett, em
maio de 1838, a chamada Carta do Povo, na qual estavam registradas todas as
reivindicações que os participantes do movimento desejavam ver implementadas.

A carta continha seis exigências:

1. voto universal;
2. igualdade entre os distritos eleitorais;
3. voto secreto por meio de cédula;
4. eleição anual;
5. pagamento aos membros do Parlamento;
6. abolição da qualificação segundo as posses para a participação no Parlamento;
Apesar de apresentar melhor união e organização, comparado a movimentos anteriores
similares, a Carta do Povo não foi ratificada (confirmada) pelo Parlamento inglês, que
rejeitou todas as petições dos cartistas. O governo reprimiu cruelmente seus simpatizantes
e prendeu os seus dirigentes, esmagando o movimento. A influência do cartismo, porém,
sobre o desenvolvimento do movimento operário internacional foi muito grande.

O cartismo é um fenômeno derivado das mudanças trazidas pela Primeira Revolução


Industrial. Do mesmo modo que esta trouxe progresso e altos lucros a vários de seus
idealizadores, uma outra massa vinda do campo para suprir a demanda de mão de obra
nas fábricas sofria com salários baixos, péssimas condições de trabalho e turnos de
trabalho excessivos. Vários são os relatos das primeiras décadas do século XIX sobre
protestos onde o operariado britânico buscava superar as dificuldades e problemas de seu
cotidiano. O Cartismo foi o primeiro movimento tanto de classe como de caráter nacional,
contra as injustiças sociais da nova ordem industrial na Grã Bretanha.

Em 1848, a causa cartista ganhou fôlego, com a preparação de uma grande manifestação
operária, onde estima-se a mobilização de aproximadamente 500 mil trabalhadores. Com
tal representação, os líderes cartistas esperavam finalmente pressionar o Parlamento para
que este atendesse suas principais demandas. Contudo, a manifestação agendada para o
dia 10 de abril daquele ano não teve uma participação esperada, devido a uma grande
tempestade que tomou conta da capital britânica.

Após o fim do movimento, diversas leis trabalhistas foram criadas no intuito de combater
a exploração da força de trabalho e mediar as relações entre os operários e a burguesia
industrial.

Na próxima aula veremos outros movimentos surgidos como consequência da Revolução


Industrial.

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