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Cada filho ou filha de Fé possui seu exu principal, que sempre trabalha sob a guarda
de seu Mpungu (Orixá) principal. Também possui um exu auxiliar, trabalhando com seu
Mpungu auxiliar.
Muitas vezes, o Nfuiri principal é um exu ou pomba gira. Quando isso acontece, o
kimbandeiro tem um carrego (obrigação especial) com o Mpungu Pangiro.
Cada exu e pombagira possuem seu Ponto Riscado e Cantado, que seguem as leis da
Magia de Pemba. Também possuem suas qualidades, representadas e anexadas a seu “nome
de guerra” (nome que usam no terreiro).
Assim, um exu Tranca Ruas pode identificar-se como: Tranca Ruas das Almas, do
Embaré, da Campina, da Gruta, etc... Além dos exus e pombas giras, identificamos os
Nfuiris que estão sob o comando de Pangiro e se apresentam traçados com outos Mpungus.
Por exemplo:
BABASSA (Ibeji) – exus e pombas giras mirins.
DANDALUNDA (Iemanjá) – kalungas ou exus marinhos (não confundir com os
marinheiros).
TAUAMIM (Oxossi) – caboclos quimbandeiros.
KAVIUNGO e ZUMBARANDÁ (Obaluaye e Nanã) – pretos ou pretas velhas quimbandeiros.
As vezes o Mpungu Pangiro é chamado de “Maioral” ou “Maioral da Kimbanda”. Isto é
uma influência dos cultos mágicos europeus, que fazem um sincretismo da Kimbanda com a
Magia daquelas terras.
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As Marias
Maria Mulambo, Maria Quitéria, Maria Mirongueira, Maria das Almas Maria da Praia,
Maria Cigana, Maria Tunica, Maria Rosa, Maria Colodina, Maria Farrapos, Maria Alagoana,
Maria Bahiana, Maria Navalha, Maria Lucrécia.
Marias Padilhas
Maria Padilha do Cruzeiro, MP da Calunga, MP das Sete Encruzilhadas (Dona Sete), MP
das Almas, MP das Sete Navalhas, MP da Figueira, MP das Sete Catacumbas, MP da Praia, MP
da Mata, MP Menina (MP mirim).
Marias Quitérias
Maria Quitéria da Campina, MQ da Figueira, MQ da Calunga, MQ das Almas, MQ das
Sete Encruzilhadas, MQ do Cruzeiro.
As Rosas
Rosa Caveira, Rosa Preta, Rosa Amarela, Rosa Roxa, Rosa Maria, Rosa Baiana, Rosária,
Rosinha (PG mirim).
A PROVA DE FOGO
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Nos velhos e saudosos tempos, uma das provas mais frequentes era a do CANDARÚ.
Um cuscuzeiro de barro era colocado na cabeça do iniciado e dentro eram colocados
carvões em brasa. Depois, lentamente, se despejava azeite de dendê.
Antigamente os reinos (terreiros de Kimbanda) eram nas bocas das matas, longe do
burburinho das cidades. Ali construíam algumas casinhas simples de barro, plantavam as
árvores sagradas e faziam os fundamentos. Perto da casa principal, onde se guardava o peji
com suas engangas (assentamentos), era armado um cercado muito alto de bambu. Ele era
feito na forma de um grande círculo e no meio dele se fincava um mastro de madeira mais
dura.
Numa noite de Lua Cheia escolhida, o iniciado era amarrado com as mãos para trás. A
meia-noite entrava ali o Tata e uma cambone.
Às vezes um catecismo menor é aplicado nos membros Kimbandeiro que deseja ficar
de pé, tem sempre que se cuidar.
Dona Rosa Caveira é um mistério só. Pomba gira pouco conhecida, tem reputação de
maravilhosa curandeira e aspecto inquietante. Nas imagens populares, ironicamente
difíceis de encontrar no Brasil, ela exibe um corpo meio esquelético e meio humano
coberto com capa e capucho.
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Nos meios tradicionais é dito que ela é a “esposa” de Seu João Caveira, exu da “Velha
Guarda” do cemitério e Chefe da Linha dos Caveiras, um grupo de servidores fiéis e muito
prestativos.
Uma delas conta que Rosa nasceu no Oriente. Sétima filha de uma simples família do
campo, desde cedo aprendeu com seus pais as artes da cura, pois eles eram afamados
curandeiros. Sua falecida avó foi sua primeira guia espiritual. Em sonhos, a querida alma
da ancestral instruia e aconselhava a neta. Rosa era uma menina privilegiada.
Aos dezenove anos ela conheceu um curandeiro muito mais velho. Eles se apaixonaram
e casaram. Ela então começou um período muito intenso de atendimento espiritual aos
cidadãos de sua vila e arredores. Sua vida transcorreu cheia de méritos e bênçãos. Rosa
morreria depois de seu marido, saboreando o prazer de uma existência dedicada os mais
necessitados.
Outra lenda nos conta o segredo de seu nome... Ao redor da casinha onde sua família
morava existia um roseiral selvagem. No final da gravidez, sua mãe não teve tempo de
pedir ajuda à parteira local e a menina nasceu ali mesmo. Daí o nome: Rosa.
No Budismo Tibetano os Lamas utilizam uma caveira como cálice. Também fazem um
pequeno tambor com duas metades de caveira... Na Índia ele é chamado de Damaru e a
caveira de Kapala.
Pode ser que a lenda tenha se ocidentalizado e a planta original, que poderia ser o
lótus, tenha se transformado em rosa. Neste caso seu nome seria Pema em tibetano. Em
sânscrito, seu nome espiritual seria Kapalapadma (Lótus Caveira).
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O fato é que como Pomba Gira brasileira, na gira do dia-a-dia dos terreiros, Rosa
Caveira é um pouco diferente de suas irmãs. Ela não se firmou como “mulher da vida” ou
errante marginal, mas se perpetuou como curandeira poderosa e ponte entre os diversos
reinos do astral.
Uma outra curiosidade circunda esta Pomba Gira. Rosa Caveira trabalha e vibra no
cemitério... Em algumas tradições orientais, as mesmas mencionadas acima, certo grupo de
adeptos utiliza o cemitério para trabalhos espirituais de cura e transformação. Eles são
chamados de Kapalikas ou portadores da caveira! As mulheres do grupo, além da caveira
transportam um tridente.
Certa vez eu estava caminhando com um amigo indiano pelas ruas do centro de São
Paulo. De repente, diante de uma loja de artigos religiosos, ele literalmente ficou
paralizado! Uma grande e vermelha estátua de Pomba Gira estava diante de nós. Nua,
majestosa, segurando um tridente e com uma caveira nos pés.
Shivaji, meu amigo indiano, se curvou aos pés da imagem e disse: “Trishula Kapala
Ma! O que você faz aqui?”
Atrás do aspecto funesto de Rosa Caveira com certeza brilha a mesma luz. Nela se
encontram o Oriente e o Ocidente, o vermelho e o negro, a vida e a morte.
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MAGIA DE EXU
EXEMPLOS TRADICIONAIS (KIMBANDA, LUCUMI)
AFOSHE DE CALÇO
Afoshe de calço é um pó que os feiticeiros colocam dentro do sapato de uma pessoa.
Ele é feito para provocar terríveis feridas nos pés, muito difíceis de cicatrizar ou problemas
na pele. Também causam horríveis coceiras, briga e confusão.
Eles são feitos com várias plantas, como a urtiga, jequiriti (planta muito usada na
Kimbanda e cercada de vários mistérios) e secreções de animais, como sangue de cobra ou
sapo.
Um destes afoshes é feito com os seguintes ingredientes:
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- pó de jequiriti
- pó de urtiga
- pó de vidro
- sete gotas de sangue fresco de cobra.
Preparação: os vegetais são queimados e transformados em pó. Mistura-se o pó de
vidro e depois se coloca o sangue por cima. O afoshe deve secar antes de ser misturado de
novo e usado.
OS PADÊS DE ESHU
Na Kimbanda utilizamos uma série de padês em oferendas, ebós, etc...
PADÊ DE DENDÊ – principal padê, utilizado como oferenda geral de Eshu.
PADÊ DE ÁGUA – padê utilizado para cura ou restabelecimento de uma pessoa.
PADÊ DE MEL – padê para prosperidade.
PADÊ DE MARAFO – pade para proteção ativa e passiva.
Todos os padê são feitos com farinha de mandioca misturada aos materiais acima
citados, dentro de um alguidar médio. Tradicionalmente misturamos com a mão esquerda e
mojubamos (isto é: ao se misturar a farinha e o respectivo material, com a mão esquerda,
se reza e louva a Eshu mentalizando o “problema” em questão).
Observação: O padê de dendê pode ir acompanhado de fatias de cebola branca
cortadas em rodelas e algumas pimentas vermelhas (colocadas acima da mistura de
farinha).
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Elevou-se da ilha abençoada da Guinen que fica debaixo das águas e rumou para o Sul,
espiando lá longe a terra do Maranhão. Num instante, aportou na praia dos Lençóis,
brincou nas brancas dunas e embrenhou-se mata adentro.
Andou, andou e chegou em Codó, lugar de negro valente, caboclo bravo, feiticeiro
danado e bruxo temível. Papa Lebá encantou-se com o povoado e resolveu passar umas
férias, pois desde a criação do Mundo, ele não descansou um só dia sequer.
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Ali, bem faceiro e tranquilo, Legbá assumiu rosto caboclo, mestiço de negro com
índio, vestiu couro e chapelão de palha. Trocou o rum pelo marafo, mas não dispensou o
bom charuto.
Virou exu caboclo, exu boiadeiro e exu marinheiro. Gritou bem alto sua felicidade e
chamou a família todinha para baixar na guma. Pai Lebá mudou o nome para Seu Légua,
Légua Boji Buá da Trindade, dando uma estrondosa gargalhada.
Insatisfeito, ele girou para a direita e resolveu passar pelo árido sertão. No rastro de
Lampião, ele cruzou na Jurema e serpenteou no Toré. Dizem que virou mestre arretado,
junto com a familiada unida. Bateu na mesa de chão, tremeu o altar e balançou o maracá
no sereno da madrugada.
Na Bahia, visitou terreiros de gente negra como ele. Falou em nagô, bateu cabeça e
devorou todas as pimentas da cozinha dos santos. Brincou na praça, jogou capoeira e
ganhou esmolas na porta da igreja, que depois distribuiu para a meninada da rua.
Lebá, agora Seu Légua, gostou tanto da coisa feita, que resolveu dar uma olhadela
mais ao Sul ainda, despencando pelas macumbas cariocas e umbandas paulistas.
Na Tenda da Yayá, deu para mexer como os pretos velhos. Vestiu roupa branca,
mudou a voz e deu muita consulta. Traçou ponto riscado e tirou cantiga. Foi até na Festa
de Iemanjá, nadando como criança nas ondas do mar.
Nas noites secretas de Kimbanda, pediu seu garfo, queimou fundanga e bateu tambor.
Ganhou presentes, fez amizades e trocou abraços até o raiar do Sol.
Soube que tinha gente fazendo Obeah no Brasil. Curioso, intrigado, deu um pulo na
irmandade local e perguntou aos Guedhes que ali zoavam, onde estava seu toco.
Com um ar maroto, Lebá resolveu mostrar a sua magia. O obeahman que estava
calado num canto do Dofo, sentiu um calafrio na alma e puxou a ladainha de Orixá Bones.
Mais rápido que o homem, Lebá montou nele e disse com voz de trovão “também sou
brasileiro !”
A comunidade achou estranho, mas respeitou o ancião. Daí em diante passaram a
invocar seu panteão. Lebá foi dando seu novo nome e gravou sua presença no coração de
todos. Foi assim que a Obeah virou tupiniquim.
Os mais velhos não sabem o final desta história. Para alguns, Papa Lebá ficou por aqui
e jamais voltou para o Caribe. Um mistério.......
Que bonito cantar em creole e lembrar as verdes águas do Caribe. Sentir as forças dos
Loas subindo do chão e entrando na alma. É a magia saudosa e furiosa dos tempos de
outrora...
Mas Obeah é terra. Ela fala mais alto, chegando a gritar nas entranhas dos filhos e
filhas. Chegou a hora, dizem os “véios” barbados lá de cima. Vamos olhar para os pés e
não para a cabeça.
Os espíritos daqui estão pedindo licença, querem participar. Pai Legbá tomou a
frente, de bengala na mão e pito aceso, ele convoca a irmandade a buscar as suas raízes
nas profundezas da mata.
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QUALIDADES
São entidades bravas, espertas e justiceiras. Gostam de conversa e alegria, mas sem
perder a compostura.
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A família dos Exus “João”: João Calunga, João Caveira, João da Capa Amarela, João
da Capa Azul, João da Capa Branca, João da Capa Vermelha, João da Conquista, João da
Rua, João das Águas, João das Almas, João das Quatro Portas, João das Quatro Ruas, João
do Amor, João do Dinheiro, João do Desespero, João do Êxito e da Prosperidade, João do
Triunfo, João dos Caminhos, João dos Obstáculos, João dos Quatro Caminhos, João dos
Quatro Ventos, João dos Sinos, João dos Tormentos, João Mandinga, João Mironga, João
Pepeu, João Retornado.
Alguns nomes de espíritos (kiumbas) utilizados por feiticeiros na Quimbanda:
Gritona, os Sete Espíritos Intranquilos, os Três Enforcados, os Três Afogados, os Três
Condenados, os Três Mutilados.
UM POUCO DE SIMBOLISMO
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