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Filosofia africana

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A expressão filosofia africana é usada de múltiplas formas por diferentes filósofos. Embora diversos filósofos africanos tenham contribuído para
diversas áreas, com a metafísica, epistemologia, filosofia moral e filosofia política, uma grande parte dos filósofos discute se a filosofia africana de
fato existe. Um dos mais básicos motivos de discussão sobre a filosofia africana gira em torno da aplicação do termo "africano", ou sejaː se o termo
se refere ao conteúdo da filosofia ou à identidade dos filósofos. Na primeira visão, a filosofia africana seria aquela que envolve temas africanos ou
que utiliza métodos que são distintamente africanos. Na segunda visão, a filosofia africana seria qualquer filosofia praticada por africanos ou pessoas
de origem africana.

Índice
  [esconder] 

 1História
o 1.1Filosofia africana antiga
o 1.2Filosofia africana medieval
o 1.3Filosofia africana moderna
o 1.4Filosofia africana contemporânea
 1.4.1Etnofilosofia e sagacidade filosófica
 1.4.2Filosofia profissional
 1.4.3Filosofia ideológica nacionalista
 1.4.4Kwanzaa
 2Ver também
 3Referências
 4Ligações externas

História[editar | editar código-fonte]
Filosofia africana antiga
Joseph I. Omoregbe define um filósofo como "aquele que dedica boa parte de seu tempo refletindo sobre questões fundamentais sobre a vida
humana ou sobre o universo físico, e que faz isso de maneira habitual", e diz que não existe nenhuma filosofia africana articulada e documentada,
ainda que exista uma tradição filosófica africana. Simplificando, mesmo que não existissem filósofos africanos conhecidos, a filosofia foi, de fato,
praticada na África. Uma forma de filosofia natural sempre esteve presente na África desde tempos muito antigos. Se tomarmos a filosofia como
sendo um conjunto coerente de crenças, mas não como um sistema de explicar a unidade do entendimento de todos os fenômenos, então
praticamente todas as culturas possuem filosofia.
A visão padrão da ascensão do pensamento filosófico (e científico) é a de que, provavelmente, ela exigiu um certo tipo de estrutura social, mas que,
mesmo dada essa condição, existiria mais um conjunto de fatores necessários. A filosofia na África tem uma história rica e variada, que data do Egito
pré-dinástico, continuando até o nascimento do cristianismo e do islamismo. Sem dúvida, foi fundamental a concepção do "Ma'at", que, traduzido,
significa, aproximadamente, "justiça", "verdade" ou, simplesmente, "o que é certo". Uma das maiores obras de filosofia política foi o Ensinamento de
Ptah-hotep, que foi empregado nas escolas egípcias durante séculos.
Filósofos egípcios antigos deram contribuições extremamente importantes para a filosofia helenística, filosofia cristã e filosofia islâmica. Na tradição
helênica, a influente escola filosófica do neoplatonismo foi fundada pelo filósofo egípcio Plotino, no terceiro século da era cristã. Na tradição
cristã, Agostinho de Hipona foi uma pedra angular da filosofia e da teologia cristã. Ele viveu entre os anos 354 a 430, e escreveu a sua obra mais
conhecida De Civitate Dei (A Cidade de Deus) em Hipona, atual cidade argelina de Annaba. Ele desafiou uma série de ideias de sua idade incluindo
o arianismo, e estabeleceu as noções básicas do pecado original e da graça divina na filosofia e na teologia cristãs.

Filosofia africana medieval[editar | editar código-fonte]


Na tradição islâmica, Ibn Bajjah filosofou junto com linhas neoplatônicas no século XII. O sentido da vida humana, de acordo com Bajjah, era a busca
da felicidade, e essa felicidade verdadeira só é atingida através da razão e da filosofia, até mesmo transcendendo os limites
da religião organizada. Ibn Rush filosofou segundo as linhas aristotélicas, estabelecendo a escolástica do averroísmo. Notavelmente, ele argumentou
que não havia conflitos entre a religião e a filosofia, uma vez que existem diversos caminhos para Deus, todas igualmente válidas, e que o filósofo
está livre para tomar o caminho da razão, enquanto que as pessoas comuns só eram capazes de tomar o caminho dos ensinamentos repassados a
eles.
Ibn Sab'in (1216/1217-1271) discordou dessa ideia, alegando que os métodos da filosofia aristotélica eram inúteis na tentativa de entender
o universo, porque elas não refletiam a unidade básica com Deus e consigo mesma, de modo que o verdadeiro entendimento necessário requereria
métodos diferentes de raciocínio.
Filosofia africana moderna[editar | editar código-fonte]
Um destaque é o filósofo etíope Zera Yakob (1599-1692).[1] O ganês Anton Wilhelm Amo (1703-1759) é outro importante representante. Ele foi levado
pela Companhia das Índias Orientais para a Europa, onde adquiriu diplomas nas áreas da medicina e da filosofia, chegando a lecionar
na Universidade de Jena.
Filosofia africana contemporânea[editar | editar código-fonte]
Em termos de filosofia política, a independência da Etiópia e o exercício da independência dos nativos africanos frente ao colonialismo
europeu serviram como gritos de guerra no final do século XIX e início do século XX, e foram determinantes para os movimentos de independência
de grande parte dos países africanos durante o século XX.
O filósofo queniano Henry Odera Oruka (1944-1995) distinguiu o que ele chama de quatro tendências na filosofia africana contemporânea:
etnofilosofia, sagacidade filosófica, filosofia ideológica nacionalista e filosofia profissional. Mais tarde, Oruka adicionaria mais duas categorias: a
filosofia literária/artística, que teve representantes como Ngugi wa Thiongo, Wole Soyinka, Chinua Achebe, Okot p'Bitek, e Taban Lo Liyong; e a
filosofia hermenêutica. Maulana Karenga (1941) é um dos principais filósofos. Ele escreveu um livro de 803 páginas intitulado "Maat, o ideal moral no
Egito Antigo". Vale destacar, também, o movimento da Black Philosophy ("filosofia negra"), que estuda a cultura africana e seus reflexos por exemplo
na crítica literária.[2]
Etnofilosofia e sagacidade filosófica[editar | editar código-fonte]
O termo "etnofilosofia" tem sido usado para designar as crenças encontradas nas culturas africanas. Tal abordagem trata a filosofia africana como
consistindo em um conjunto de crenças, valores e pressupostos que estão implícitos na linguagem, práticas e crenças da cultura africana. Um dos
defensores desta proposta é Placide Tempels, que argumenta que a metafísica do povo Bantu está refletida em sua linguagem. Segundo essa visão,
a filosofia africana pode ser melhor compreendida a partir a realidade refletida nas línguas da África.
Um exemplo deste tipo de abordagem é a defendida por E. J. Algoa, da universidade nigeriana de Port Harcourt, que defende a existência de
uma filosofia da história decorrente dos provérbios tradicionais do Delta do Níger, em seu artigo "Uma Filosofia da História Africana na Tradição Oral".
Algoa argumenta que, na filosofia africana, a idade é vista como um fator importante na obtenção de sabedoria e de interpretação do passado. Em
apoio dessa tese, ele cita provérbios como "Mais dias, mais sabedoria" e "O que um velho vê sentado, o jovem não vê em pé". A verdade é vista
como eterna e imutável ("A verdade nunca apodrece"), mas as pessoas estão sujeitas ao erro ("Mesmo um cavalo de quatro patas tropeça e cai").
Também é perigoso julgar pelas aparências ("Um olho grande não significa uma visão aguçada"), mas em primeira mão, ela pode ser confiável
("Aquele que vê, não erra"). O passado não é visto como fundamentalmente diferente do momento atual, mas a história é vista como um todo ("Um
contador de histórias não fala de épocas diferentes"). Segundo esses provérbios, o futuro vai além do conhecimento ("Mesmo um pássaro com um
longo pescoço não poderá prever o futuro"). No entanto, também é ditoː "Deus vai sobreviver à eternidade". A história é vista como sendo de
importância vital ("Um ignorante sobre sua origem não é um humano"), e os historiadores, conhecidos como "filhos da terra" são altamente
respeitados ("Os filhos da terra possuem os olhos aguçados de uma píton. Esses argumentos representam apenas um lado da vasta cultura africana,
constituída por patriarcados, matriarcados, monoteísmo e animismo.
Outra aplicação mais controversa dessa abordagem está incorporada no conceito de negritude. Léopold Sédar Senghor, um dos criadores desse
conceito, argumentou que a abordagem nitidamente africana para a realidade é baseada mais na emoção do que na lógica, se manifestando através
das artes e não através da ciência e da análise. Cheikh Anta Diop e Mubabinge Bilolo, por outro lado, embora concordem que a cultura africana é
única, contestam essa opinião, destacando que o Antigo Egito estava inserido na cultura africana quando deu grandes contribuições para as áreas
da ciência, matemática, arquitetura e filosofia, fornecendo uma base para a civilização grega.
Os críticos dessa abordagem argumentam que o verdadeiro trabalho filosófico está sendo feito pelos filósofos acadêmicos, e que palavras de uma
determinada cultura podem ser selecionadas e organizadas de muitas maneiras, a fim de produzir sistemas de pensamentos muitas vezes
contraditórios.
A sagacidade filosófica (Sage Philosophy, literalmente "filosofia do sábio") é uma espécie de visão individualista da etnofilosofia. Foi criada na década
de 1970 por Henry Odera Oruka e consiste no registro das crenças dos "sábios" das comunidades tradicionais africanas. A premissa aqui é que,
embora a maioria das sociedades exija algum grau de conformidade de crença e comportamento de seus membros, alguns desses membros (os
sábios) chegam a níveis superiores de conhecimento e entendimento de suas culturas e visão de mundo. Em alguns casos, o sábio vai além do mero
conhecimento e compreensão, atingindo a reflexão e o questionamento - tornando-se, então, exemplo de sagacidade filosófica. [3]
Os críticos dessa abordagem argumentam que nem todos os questionamentos e reflexões são filosóficos. Além disso, se a filosofia africana for
definida apenas em termos de sagacidade filosófica, então os pensamentos dos sábios não poderiam se enquadrar na filosofia africana, pois não
foram obtidos de outros sábios. Também, por esse ponto de vista, a única diferença entre os antropólogos não africanos e os filósofos africanos seria
apenas a nacionalidade do pesquisador.
Filosofia profissional[editar | editar código-fonte]
A filosofia profissional, segundo a maioria dos filósofos ocidentais, seria uma forma originalmente europeia de pensar, refletir e raciocinar, sendo, tal
forma, relativamente nova na maior parte da África. No entanto, tal abordagem da filosofia tende a crescer no continente africano.e não só.
Filosofia ideológica nacionalista[editar | editar código-fonte]
A filosofia ideológica nacionalista pode ser visto como um caso especial de sagacidade filosófica. Ela também pode ser vista como uma forma
de filosofia política. Em ambos os casos, o mesmo tipo de problema surge: é preciso manter uma distinção entre ideologia e filosofia, entre conjuntos
de ideias e uma maneira especial de raciocínio. Muitos filósofos africanos se destacaram nesta área, como Kwame Anthony Appiah, Kwame
Gyekye, Kwasi Wiredu, Oshita O. Oshita, Lansana Keita, Peter Bodunrin e Chukwudum B. Okolo.
Kwanzaa[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Kwanzaa
Criada por Maulana Karenga, a filosofia do Kwanzaa é uma síntese do pensamento africano de praticar constantes trocas com o mundo. Toda a
celebração e os rituais do Kwanzaa foram concebidos em 1966, após as revoltas de Watts. Karenga buscou, em remotas tradições
africanas, valores que pudessem ser cultivados pelos afro-americanos naqueles dias de luta pelos direitos civis e de assassinatos de seus principais
líderes. Valores que, não sendo religiosos, pudessem atrair - como atraíram - todas as igrejas de todas as comunidades negras em todo o país e,
mais tarde, no mundo inteiro.[4]
Foto de 1910 retratando um griô, o tradicional contador de histórias da África Ocidental. A filosofia africana tem suas raízes na tradição oral.[5]

O Commons possui imagens e outras mídias sobre Filosofia africana

Ver também[editar | editar código-fonte]


 Agostinho de Hipona
 Plotino
 Julius Nyerere
 Henry Odera Oruka
 Placide de Temples
 Paulin Hotondji
 Kwame Nkrumah
 Kenneth Kaunda
Referências
1. Ir para cima↑ MATTAR, J. Introdução à Filosofia. São Paulo. Pearson Prentice Hall. 2010. p. 274.
2. Ir para cima↑ MATTAR, J. Introdução à Filosofia. São Paulo. Pearson Prentice Hall. 2010. p. 274.
3. Ir para cima↑ MATTAR, J. Introdução à Filosofia. São Paulo. Pearson Prentice Hall. 2010. p. 274.
4. Ir para cima↑ «Kwanzaa». History Channel. Consultado em 10 de outubro de 2011
5. Ir para cima↑ MATTAR, J. Introdução à Filosofia. São Paulo. Pearson Prentice Hall. 2010. p. 274.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


A Wikipédia possui o:
Portal de Filosofia

 African Philosophy Pages


 African Philosophy
 African Philosophy — Centro de Estudos Africano
 The Making of a Tradition: African Philosophy in the New Millenium
 Projeto de pesquisa da filosofia africana
[Esconder]

v • e

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