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ESCOLA SECUNDÁRIA GERAL EDUARDO MONDLANE

A FILOSOFIA AFRICANA

YURAN BRÁZ DA SILVA

12a CLASSE TURMA A C/D

DOCENTE:

DISCIPLINA: FILOSOFIA

QUELIMANE, JUNHO DE 2022


ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

1.1. Objectivos.................................................................................................................... 1

1.1.1. Objectivo Geral .................................................................................................... 1

1.1.2. Objectivos Específicos ......................................................................................... 1

1.2. Metodologia ................................................................................................................ 1

2. A FILOSOFIA AFRICANA .............................................................................................. 2

2.1. O Que É Filosofia Africana? ....................................................................................... 2

2.2. A Existência Ou Não Da Filosofia Africana ............................................................... 2

2.3. Principais Correntes Da Filosofia Africana ................................................................ 2

2.4. Filosofia Profissional E Crítica À Etnofilosofia ......................................................... 3

3. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 6

4. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 7
1. INTRODUÇÃO
No presente trabalho, irei abordar assuntos relacionados à filosofia africana que
historicamente, o povo africano foi vítima da colonização europeia. Com as viagens apelidadas
de «Descobrimento», os europeus conheceram outros povos, que foram julgados em
comparação com os usos e costumes da cultura ocidental. Por isso, houve uma série de
filosofias concebidas por ocidentais que se esforçavam por denegrir a personalidade dos negros
no mundo. Os estudos da época, quer antropológicos, quer sociológicos, preocupavam-se em
provar, em todos os sentidos, a superioridade dos povos do Ocidente em relação aos outros
povos, sem que estes últimos, no entanto, tivessem respostas imediatas escritas para contrapor
as teses dos ocidentais. A Teologia, a Filosofia e o Direito desempenharam um papel
fundamental neste processo.

A Teologia definiu o povo negro como descendente de Cham, um homem que viu a nudez do
pai. Portanto, o homem negro aparece como símbolo de maldição. Neste caso, o negro
pertenceria à geração dos condenados de Deus.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
❖ Este trabalho detém como objectivo geral, falar sobre a filosofia africana.

1.1.2. Objectivos Específicos


❖ Definir a filosofia africana;
❖ Reconhecer a existência ou não da filosofia africana;
❖ Identificar as principais correntes da filosofia africana;
❖ Desenvolver aspectos relacionados a filosofia profissional e crítica à etnofilosofia.

1.2. Metodologia
Este trabalho foi orientado por uma abordagem qualitativa em que utilizaram-se livros,
pesquisas profundas feitas na internet e artigos baixados na mesma, métodos estes que
permitiram obter uma melhor compreensão do tema.

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2. A FILOSOFIA AFRICANA
A expressão filosofia africana é usada de múltiplas formas por diferentes filósofos. Embora
diversos filósofos africanos tenham contribuído para diversas áreas, com
a metafísica, epistemologia, filosofia moral e filosofia política, uma grande parte dos filósofos
discute se a filosofia africana de fato existe, embora o registro de pensamento africano remonte
a pelo menos cinco milénios atrás na filosofia egípcia antiga. Um dos mais básicos motivos de
discussão sobre a filosofia africana gira em torno da aplicação do termo "africano", ou sejaː se
o termo se refere ao conteúdo da filosofia ou à identidade dos filósofos. Na primeira visão, a
filosofia africana seria aquela que envolve temas africanos ou que utiliza métodos que são
distintamente africanos. Na segunda visão, a filosofia africana seria qualquer filosofia praticada
por africanos ou pessoas de origem africana.

2.1. O Que É Filosofia Africana?


Filosofia africana é a busca da liberdade, da autonomia, da Filosofia autodeterminação dos
africanos. Filosofia africana é Filosofia de gente que pensa dos problemas dos africanos.

2.2. A Existência Ou Não Da Filosofia Africana


Esta discussão tem lugar pelo facto de alguns estudiosos africanos e não africanos terem apre
sentado ao mundo estudos sobre etnias africanas, denominando-os «Filosofia africana». Este
grupo é composto por Anyanw, Placide Tempels, Alexis Kagame, Mbiti, entre outros. A
questão que os críticos colocam é se se pode falar de Física ou Química africanas da mesma
forma que eles falam da Filosofia africana. Como obviamente a resposta é não , eles negam a
ideia da existência de uma Filosofia africana. Figuram na lista dos críticos : Hountondji, Franz
Chaha, E. Boulaga, M. Towa, Oruk, Weredu, entre outros. O problema fundamental do debate
é mais o objecto de estudo do que a designação em si . Até certo ponto, os críticos abrem a
possibilidade da existência da Filosofia africana, apresentando em que moldes tal Filosofia
deverá ser concebida para que possa ser designada Filosofia africana.

2.3. Principais Correntes Da Filosofia Africana


Etnofilosofia Trata-se do grito de africanos e africanistas pelo reconhecimento do negro como
homem. Estes produziram obras em defesa do homem negro. Uma das formas de realizar essa
defesa é através da etnofilosofia. Os etnofilósofos são assim denominados por terem feito
estudos sobre etnias africanas. Estes defendem que toda a Filosofia é uma Filosofia cultural,
isto é, ninguém faz Filosofia sem se basear em alguma cultura. Para Anyanw, a missão do
filósofo africano é compreender e explicar os princípios sobre os quais se baseia cada uma das

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culturas africanas. Todavia, as suas pesquisas, que se apelidaram de Filosofia africana, foram
alvo de severas críticas , principalmente pelas seguintes razões . As abordagens feitas por tais
intelectuais descreviam, na sua maioria, práticas habituais dos africanos, afirmando-se como
Filosofia africana. Estes estudos, quando eram feitos por africanistas não-africanos , denegriam
o africano. O sacerdote belga Placide Tempels, por exemplo, dizia que o africano tinha uma
lógica menor.

Uma simples catalogação de mitos, crenças e provérbios considerava-se Filosofia africana.


Estes estudiosos abordavam temas relativos a etnias africanas. Alexis Kagame, por exemplo,
inspirando-se na filosofia aristotélica, escreveu uma obra intitulada A Filosofia Bantu-Ruandês
do Ser, onde desenvolvia a sua reflexão, trazendo à tona as categorias aristotélicas do ser,
através da análise gramatical rigorosa das estruturas linguísticas. A partir desta obra, vários
estudantes africanos defenderam as suas teses, cada um deles com a filosofia bantu da sua
língua vernácula .

Tempels dizia que existe uma filosofia do negro, só que esta é diferente na forma e no conteúdo
da Filosofia europeia. Por estas e outras razões, os críticos opuseram-se à existência de uma
Filosofia africana. Contudo, não podemos desprezar Tempels, pois a sua abordagem tinha
como fim o reconhecimento do negro como homem pelos colonizadores . Por conseguinte, os
seus estudos contribuíram bastante para a redefinição do relacionamento entre o Ocidente e o
povo negro.

2.4. Filosofia Profissional E Crítica À Etnofilosofia


Os críticos da etnofilosofia defendem que não podemos confundir o emprego do termo
filosofia, usando-o no sentido ideológico. Filosofia é uma palavra que se utiliza para designar
uma ciência rigorosamente científica. Reivindicar que os africanos têm a sua própria filosofia
seria cair nas mãos dos colonizadores, que querem dar ou manter a ilusão de que os africanos
têm uma filosofia, porque o que nós temos realmente são mitos, crenças e provérbios. Paulin
Hountondji (Benin) é um dos grandes críticos e vale-se dos seguintes argumentos, expressos
na obra African Philosophy, Mythe and Reality, de 1974.

1. Reivindicando que existe uma Filosofia africana, estamos a cair na ratoeira colonialista e
racista que insiste que um africano é diferente de um europeu. Portanto, qualquer referência à
Filosofia africana obriga-nos a definir África em relação à Europa. Logo, não podemos aceitar
que haja uma Filosofia africana que claramente nega a Filosofia em geral.

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2. Filosofia, no seu sentido restrito, é uma disciplina científica, teorética e individual, assim
como a Linguística, a Álgebra e portanto, não se pode substituí-la por crenças populares,
práticas tradicionais e comportamento popular de um povo qualquer. A Filosofia não se deve
identificar com o mito ou com a religião tradicional.

3. A Filosofia, enquanto disciplina científica, teorética e individual, emerge sempre em


oposição ao mito, às religiões tradicionais e ao seu respectivo dogmatismo conservadorismo.
O que é dogmático não pode ser filosófico. A relação filosófica com o mito e as religiões
tradicionais não é uma relação arquivista ou arqueológica com função de sistematização e
perpetuação, nem sequer é uma protectora desse passado popular, muito pelo contrário.

A relação da Filosofia com o mito e a religião tradicional é de continuidade, transformação


consciente e de crítica contínua da tradição do povo face aos desafios que o povo tem de
enfrentar no presente e no futuro. Portanto, a Filosofia deve abrir os horizontes do povo para
que este consiga enfrentar os desafios do futuro. Querer que a Filosofia africana exista não tem
sentido.

4. Todo o projecto de edificar uma Filosofia africana é um projecto europeu de demarcar a todo
o custo a civilização africana da europeia. Por isso, dizer que os africanos têm a sua própria
civilização quer dizer que a civilização africana é fixa e está mumificada nas tradições antigas,
que todo o poder do africano reside no passado, nas tradições dos seus antepassados. Os
filósofos que encaram a Filosofia a partir do ponto de vista do passado designam-se por
etnofilósofos e são europeus. Tentam sufocar a capacidade criativa dos africanos porque
esperam que os filósofos africanos sejam simples activistas das suas tradições culturais, em vez
de pensadores originais.

5. Todos concordamos que a Filosofia africana não pode nascer ex nihil (do nada) , mas que
necessariamente parte da herança cultural. Contudo, esta herança cultural não consiste apenas
em olhar para atrás. A Filosofia africana deve ser uma confrontação criativa das suas ideias
com o presente e o futuro.

6. O papel criador da Filosofia africana tem de ser desempenhado por filósofos africanos que
são sujeitos da actividade filosófica. A africanidade da Filosofia africana só emerge a partir de
uma actividade filosófica de discussão e crítica dos africanos que são filósofos. A africanidade
consiste na pertença dos filósofos ao continente africano. A africanidade não consiste em falar
da África ou em tratar de problemas africanos, pelo contrário, consiste na partilha e na conversa

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entre africanos que são filósofos qualificados e profissionais que usam a razão de maneira
crítica e criadora.

De maneira Hountondji afirma que o problema que se coloca é substancialmente a associação


da ideia de filosofia à palavra africana» , que a qualifica, deixando em dúvida se a palavra
filosofia» ainda mantém o seu significado original. Na opinião deste crítico, a universalidade
da Filosofia deve ser conservada. No entanto, isto não significa que a Filosofia deva tratar
necessariamente os mesmos temas ou fazer as mesmas perguntas, até porque as diferenças de
conteúdos são consideráveis. É preciso salientar que os primeiros propagandistas da Filosofia
africana foram homens da Igreja, como, por exemplo:

❖ Tempels (belga);
❖ Alexis Kagame (ruandês);
❖ John Mbiti (queniano) e;
❖ Vicente Mulago (congolês).

Estes pensadores queriam somente encontrar bases psicológicas para implantar o Evangelho
no terreno africano sem prejudicar ninguém.

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3. CONCLUSÃO
Tendo em vista o exposto, compreendi que os defensores da etnologia afirmam que não existe
filosofia africana porque em África os conhecimentos são transmitidos por meio da oralidade.
Estes conhecimentos encontram-se nos contos, provérbios, lendas, mitos.

A etnologia é ciência dos povos sem escrita, sem história. O que existe na Africa é etnologia,
não Filosofia.

Os defensores da existência da Filosofia africana afirmam que os contos, as lendas, os


provérbios trazem dentro deles um conhecimento. A missão do filósofo africano é de
coleccionar, revelar, interpretar e difundir estes contos, mitos, provérbios através da escrita.

E finalmente que para os etnólogos, África não tem Filosofia porque não escreveu os seus
conhecimentos, eles transmitem-se pela oralidade. O ocidente tem história porque escreveu.
Os seus conhecimentos são obtidos pela escrita.

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4. REFERÊNCIAS
(06 de Junho de 2022). Obtido de Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_africana

Geque, E., & Biriate, M. (2010). Pré-Universitário-12 (1ª ed.). Maputo, Moçambique:
Longman Moçambique.

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