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11606/9786587621418
CONSELHO EDITORIAL
Maria Auxiliadora Fontana Baseio (Universidade de Santo Amaro, Brasil)
Maria Cristina Xavier de Oliveira (Universidade de São Paulo, Brasil)
Maria dos Prazeres Santos Mendes (Universidade de São Paulo, Brasil)
Maria Zilda da Cunha (Universidade de São Paulo, Brasil)
Ricardo Iannace (FATEC/Universidade de São Paulo, Brasil)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Diógenes Buenos Aires (Universidade Estadual do Piauí, Brasil)
Eliane Debus (Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil)
José Jorge Letria (Associação dos Escritores Portugueses, Portugal)
José Nicolau Gregorin Filho (Universidade de São Paulo, Brasil)
Rosangela Sarteschi (Universidade de São Paulo, Brasil)
Rita de Cássia Silva Dionísio Santos (Universidade Estadual de Montes Claros)
Sérgio Paulo Guimarães Sousa (Universidade do Minho, Portugal)
Susana Ventura (Universidade de São Paulo, Brasil)
Ricardo Ramos de Medeiros Filho (União Brasileira dos Escritores, Brasil)
Revisão
André Luiz Ming Garcia
Bruno Anselmi Matangrano
Cristina Casagrande
Dayse Oliveira Barbosa
Joana Marques Ribeiro
Juliana Pádua Silva Medeiros
Lígia R Máximo Cavalari Menna
Luciana de Paula
Nathália Xavier Thomaz
Oscar Nestarez
Paulo César Ribeiro Filho
Roseli Gimenes
Sandra Trabuco Valenzuela
Selma Simões Scuro
Capa
Jéssica Bombonato
ISBN 978-65-87621-41-8
DOI 10.11606/9786587621418
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as obras de grandes nomes da literatura: entram em circulação os textos
teatrais de Racine e Molière, a poesia de Jean de La Fontaine e as sátiras de
Boileau, por exemplo.
Cerca de dez anos antes da publicação dos Contos da Mamãe Gansa, Char-
les Perrault escreve um poema em homenagem ao rei Luís XIV intitulado O
Século de Luís, o Grande (Le Siécle de Louis le Grand), lido pelo abade Louis
Lavau diante da Academia Francesa em 27 de janeiro de 1687. O elogio à mo-
dernidade e a censura ao louvor dos antigos presentes no texto reacendem os
debates em torno da poética vigente, vivificando um debate teórico-filosófico
conhecido como Querela dos Antigos e Modernos. O tom combativo emprega-
do por Perrault, na tentativa de justificar a superioridade dos modernos em
face aos antigos , causa grande polêmica. Os antigos, liderados por Boileau,
sustentavam a ideia de que o mérito das obras dos escritores da antiguidade
era incontestável e insuperável, de modo que os escritores do século das luzes
nada poderiam fazer senão tentar imitá-los. La Fontaine e Molière também
eram signatários dessa linha de frente. Os modernos, por sua vez, liderados
por Perrault com o apoio de Bernard Le Bovier de Fontenelle, defendiam a
superioridade da arte literária de então, que deveria se legitimar em si, sem
a necessidade de buscar chancelas no passado.
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panteão temático clássico e (3) efabulação simples, própria para leituras
episódicas e fácil memorização.
Os ideais modernos que subjaziam ao posicionamento enfático de Per-
rault pressupunham, entre outras coisas, não apenas a descanonização do
modelo clássico e da estética da emulação, mas também a horizontalização
da relação autor/obra e a dessacralização da função autoral, enxergando
no povo e em suas histórias uma potencial fonte de inspiração para a arte
literária. É nesse sentindo que uma outra importante reinvindicação dos
modernos passou a ganhar forma: a possibilidade de abertura de espaço para
a presença feminina no círculo dos literatos.
A divergência de posicionamentos entre antigos e modernos quanto ao
valor social da mulher se tornou mote para algumas produções literárias.
De um lado, as invectivas de Molière em obras como As Preciosas Ridículas
(1659) e Escola de Mulheres (1662), que ridicularizavam a intelectualidade
feminina; de outro, A Marquesa de Saluce ou A Paciência de Grisélidis (1691,
posteriormente adicionada à coletânea de 1697), de Charles Perrault, que
serviu como resposta às sátiras de Boileau contra as mulheres.
Foi nas últimas décadas do século XVII que os salões literários presidi-
dos por condessas e demais madames da alta sociedade francesa ganharam
grande notoriedade, sendo Perrault um “frequentador assíduo” desses sa-
lões (COELHO, 1985, p. 65; sua sobrinha, a autora Marie-Jeanne L’Héritier
de Villandon, também acabou se tornando uma famosa salonnière (anfitriã
de salão literário). Na voga do preciosismo literário, a vertente barroca da
literatura francesa, as mulheres que cultivaram a arte do conto de fadas de
acordo com o gosto do momento receberam a alcunha de “preciosas”, e seus
salões de “salões das preciosas”.
Faz-se mister destacar o trabalho de divulgação empreendido pela pro-
fessora e pesquisadora Susana Ramos Ventura na popularização dos contos
de fadas de autoria feminina entre a comunidade lusófona, iniciado há mais
de uma década e que tem como um de seus feitos a publicação da coletânea
Na Companhia de Bela: Contos de Fadas por Autoras dos Séculos XVII e XVIII
(Florear Livros, 2019), em parceria com Cassia Leslie e ilustrações e projeto
gráfico de Roberta Asse. Cinco das autoras francesas supracitadas têm seus
contos traduzidos na obra, que presenteia o público leitor com excelentes in-
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fográficos a respeito do movimento literário das preciosas, suas vidas e obras.
Por vezes, nos livros que falam sobre aqueles tempos,
são mencionadas “as preciosas”, mulheres que lançaram a
moda de contar, escrever e publicar esses contos. Quando
isso acontece, em geral, é para afirmar que o que elas
escreviam não era boa literatura e, por isso, suas obras
ficaram esquecidas. Por terem suas identidades escondi-
das por essa “identidade de grupo”, que as transformou
em “Condessa X”, “Mademoiselle Y”, “Baronesa Z” e que
acabou por desvalorizá-las, o resultado é que tanto a
vida quanto o trabalho literário dessas mulheres ficaram
quase esquecidos [...]” (VENTURA; LESLIE, 2019, p. 11)
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do primeiro conto de fadas literário de que se tem notícia ocorreu em 1690,
com A Ilha da Felicidade (L’Île de la félicité), um dos episódios da primeira
novela publicada pela autora, História de Hipólito, conde de Duglas (Histoire
d’Hypolite, comte de Duglas). Para Backscheider, o referido conto é inova-
dor por ser “mais longo que os contos de fadas populares, mais complexo,
estilisticamente distinto, altamente intertextual, repleto de plot twists” e
“originalmente publicado como uma narrativa interpolada e tematicamente
enriquecedora” (BACKSCHEIDER, 2013, p. 83). Schacker (2015) corrobora a
cunhagem do termo e afirma que os contos de Mme. d’Aulnoy podem parecer
demasiadamente longos e complexos aos olhos dos leitores modernos, mas
que ajudaram a definir o que seria um “conto de fadas” à época: narrativa de
“paisagem fantástica” na qual “as personagens enfrentam desafios sociais”,
além de ser escrito como “entretenimento adulto e provocação intelectual”
(SCHACKER, 2015, p. 41). Donald Haase (2008), autor do The Greenwood
Encyclopedia of Folktales and Fairy Tales, obra de referência nos estudos de
literatura infantil e juvenil, também localiza a origem do termo “conto de
fadas” em d’Aulnoy e ratifica o status de L’Île de la félicité como o primeiro
conto de fadas literário. Em Nelly Novaes Coelho temos a informação de que
Na mesma época em que Charles Perrault começa-
va a publicar seus Contos, também em Paris, a jovem
baronesa Marie d’Aulnoy (de vida extremamente aven-
turosa e cheia de escândalos) põe em moda os ‘contos
de fadas’. Mantendo um Salão mundano, bastante fa-
moso, ela estreia em 1690 com um romance ‘precioso’,
aventuresco, bem ao estilo patético em moda, História de
Hipólito, conde de Douglas [...]. Cinco anos depois, inicia
a publicação de oito volumes de contos maravilhosos
que, desafiando o racionalismo clássico e o ‘modelo dos
antigos grecolatinos’ lançavam a ‘moda das fadas’ entre
os adultos. Moda que vai durar anos. É entre 1696 e 1698
que Mme. d’Aulnoy publica: Contos de fadas; Novos contos
de fadas ou As fadas em moda; Ilustres fadas; etc., livros
que lançam estórias hoje célebres: ‘O Pássaro Azul’, ‘A
Princesa dos cabelos de ouro’, ‘O Ramo de Ouro’, etc. Há
centenas de outros que não se divulgaram com o mesmo
sucesso e que são narrativas em estilo ‘precioso’ (rebus-
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cado e extravagante) que imperava nos Salões da moda.
(COELHO, 1985, p. 75-76, grifos nossos)
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francesa de então (ADAMS, 1994, p. 7). Finalmente, o professor sugere que
parte do desdém pelas obras de Mme. d’Aulnoy pode ser explicado pelo inte-
resse exclusivo da autora em histórias de príncipes, reis e rainhas, bem como
pela presença altamente recorrente de descrições do modo de vida cortesão.
Além disso, declara que a fantasia inventiva de caráter atemporal típica do
conto de fadas encontrava resistência no que diz respeito à noção clássica
e racional de “tempo” narrativo cultuada pela teoria literária vigente, res-
saltando que o prestígio do conto de fadas entre os críticos e historiógrafos
franceses do século XVIII é inversamente proporcional ao seu êxito edito-
rial. Nas palavras do acadêmico, “durante o Iluminismo, os contos de fadas
foram tratados com um desdém intelectual que contrastou fortemente com
seu sucesso comercial” (ADAMS, 1994, p. 6).
Em termos de pesquisa nacional, temos em Nelly Novaes Coelho o pionei-
rismo na abordagem dessa produção. A partir das considerações da profes-
sora e pesquisadora brasileira destacaremos a pertinência dos qualificativos
por ela utilizados para descrever essa literatura, tendo por base a obra de
Marie-Catherine d’Aulnoy.
As ‘preciosas’ eram as grandes damas cultas, em cujos
salões se discutia ou se divulgava a produção literária da
época. O triunfo do Preciosismo na França correspondeu
a um fenômeno europeu. Na Inglaterra, com Euphues
(1579), John Lily lança o Euphuismo, caracterizado pelo
maneirismo da forma, engenhosidade e erudição. Na Itá-
lia é o Marinismo, iniciado pela poesia de Adone (1623)
de Marini, cavalheiro que vivia na corte de Luis XII, —
obra vazia de pensamento, mas com grande artifício ver-
bal, imagens, antíteses ou conceitos complexíssimos. Na
Espanha surge um poeta autêntico, Gôngora, que com
sua Ode sobre a conquista de Larache (1610) divulga o
Gongorismo ou Cultismo que se define pela manipulação
das formas e pela obscuridade voluntária do estilo. O
Cultismo acaba se expandindo em Conceptismo, quando
a densidade aristocrática da forma se une à pesquisa e à
sutileza do pensamento. De qualquer forma, na França, o
Preciosismo, mais do que uma tendência literária, é um
fenômeno social (COELHO, 1985, p. 84)
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Sobre o panorama literário da França de Luís XIV, Nelly destaca que
“instaura-se na primeira metade do século, em toda sua plenitude, o racio-
nalismo na literatura”, ao passo em que no vetor oposto, o de resistência ao
racionalismo, duas formas literárias se manifestaram, o romance libertino e
o romance precioso, sendo que esse último teve “muito mais difusão” (COE-
LHO, 1985, p. 57). Ao descrever as características típicas do romance precio-
so, a pesquisadora afirma que se tratava de “uma prosa narrativa caudalosa,
exuberante, fantasista que, em tudo, contrastava com a alta disciplina que
presidia aos dois gêneros ‘nobres’ da época: o teatro e a poesia”, arrematan-
do com a informação de que o romance precioso representaria o avesso da
alta literatura encontrada na poesia e no teatro. No romance precioso não
haveria “nenhum ‘espírito de ordem’, nenhuma ‘objetividade’, nenhum ‘racio-
nalismo’ organizador”, e sim o extremo oposto, “o excessivo, o tumultuado, o
inverossímil, a fantasia mais exuberante” (COELHO, 1985, p. 57, grifos nossos).
Por se tratar de um tipo de efabulação em que o enredo está calcado na
descrição de aventuras sentimentais e atos heroicos da paixão, nos romances
preciosos, “verdadeiros contos de fadas para adultos”, o amor “suporta mil
provas para dar testemunho de sua verdade” (COELHO, 1991, p. 87), num
contexto em que “a valentia cavaleiresca cede lugar ao romanesco” e “a fan-
tasia desafia a lógica” (COELHO, 1991, p. 65).
Essa rápida, mas substancial revisitação dos apontamentos de Nelly
Novaes Coelho, nos oferece uma oportuna ferramenta metodológica para
analisar parte dos contos de fadas de Marie-Catherine d’Aulnoy em termos de
efabulação, cotejando-os com os adjetivos grifados, quais sejam, “aventuresco”,
“patético”, “extravagante”, “fantasista”, e “inverossímil”. Serão apresentados
trechos dos contos já traduzidos pelo autor do presente artigo. Destaca-se de
antemão que todos os qualificativos supracitados se mostram perfeitamente
adequados ao teor do corpus em questão. No entanto, para cada um deles será
atribuído apenas um trecho representativo a fim de regular a extensão deste
estudo. Quanto à referência bibliográfica, será citada a obra em que o conto
foi publicado pela primeira vez. Como o processo de tradução envolveu mais
de uma fonte escrita, visto que algumas delas contêm gralhas e lacunas, bem
como a ausência completa das moralidades e páginas perdidas, a indicação
das páginas se torna inviável.
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(1) Aventuresco: Lançar-se ao risco e ao acaso, ou seja, ficar à mercê
da “ventura”, da sorte ou destino, é, sem dúvida, uma atitude tipicamente
tomada pelos protagonistas de contos de fadas, que se lançam despreocu-
padamente em jornadas repletas de percalços na tentativa de alcançar um
êxito sobretudo amoroso. A respeito da temática matrimonial, Nelly Novaes
Coelho ressalta algumas constantes que serviriam para delinear o que seria
um conto de fadas em termos estilísticos:
Com ou sem a presença de fadas (mas sempre com
o maravilhoso), seus argumentos desenvolvem-se den-
tro da magia feérica (reis, rainhas, príncipes, princesas,
fadas, gênios, bruxas, gigantes, anões, objetos mágicos,
metamorfoses, tempo e espaço fora da realidade conhe-
cida etc.) e têm como eixo gerador uma problemática
existencial. Ou melhor, têm como núcleo problemático
a realização essencial do herói ou da heroína, realiza-
ção que, via de regra, está visceralmente ligada à união
homem-mulher. A efabulação básica do conto de fadas
expressa os obstáculos ou provas que precisavam ser
vencidas, como um verdadeiro ritual iniciático, para
que o herói alcance sua auto-realização existencial, seja
pelo encontro de seu verdadeiro eu, seja pelo encontro
da princesa, que encarna o ideal a ser alcançado. [...]
Via de regra, um encantamento, uma metamorfose é o
ponto de partida para a aventura da busca.” (COELHO,
1991, p. 12-13)
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Zéfiro afirmou-lhe que a jornada seria muito peri-
gosa, mas que se ele tivesse coragem o bastante para
obedecer aos seu comandos, poderia haver uma maneira:
colocá-lo-ia sobre suas asas e o carregaria pelos vastos
espaços etéreos.
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E no mesmo instante ela pegou a faca usada em Tra-
vesso e enfiou na própria garganta. O capitão dos guar-
das quis pegar a sua língua, mas ela era muito escura
e ele não se atreveria a tentar ludibriar o rei com ela.
(AULNOY, 1698[1])
(3) Extravagante: tal qual o que ocorre com o adjetivo “patético”, as de-
finições de extravagância podem ser divididas em duas categorias: a literal
e a pejorativa. O sentido primeiro do qualificativo “extravagante” denota o
que é incomum, singular, fora da regra. Pejorativamente, no entanto, pode-
mos compreender o sentido de “extravagância” como sendo o de frivolidade,
excessividade despropositada, capricho e disparate. Seja como for, todos os
pretensos sinônimos levantados se adequam à adjetivação do corpus em
análise, visto que a singularidade de inúmeras passagens se dá, em alguns
casos, pelas vias do excesso, do exagero. Em Graciosa e Percinê (Gracieuse et
Percinet), a duquesa Rabuja mostra-se transtornada com o suposto desapa-
recimento de seu vinho, isso porque, no lugar da bebida, ela encontra jóias
preciosas nos tonéis.
Passou para o terceiro barril e o golpeou com o mar-
telinho, toc-toc, ao que verteu uma enxurrada de pérolas
e diamantes que cobriram o chão.
(4) Fantasista: Denomina-se fantasia tudo aquilo que está de algum modo
desconexo do que se entende por “mundo real”, ou seja, aquilo que só exis-
te nos domínios da imaginação. Esse qualificativo, usado por Nelly Novaes
Coelho para descrever o romance precioso (ou conto de fadas para adultos),
difere do termo “fantasioso” na medida em que este denota qualquer formu-
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lação imaginativa, enquanto “fantasista” pressupõe a qualidade de algo ou
de alguém deliberadamente utopista, uma espécie de adicto pelo onírico,
que se deixa contaminar pelos arroubos mais desenfreados da imaginação.
No supracitado conto O Carneiro (Le Mouton), a fissura entre o real e o ima-
ginário se mostra conflituosa até mesmo no interior da ficção. A princesa
Maravilhosa, dona do cachorrinho e do macaco falante que se suicidaram,
mostra-se surpresa com o fato do Rei Carneiro falar, ao que é repreendida
pelo próprio:
Maravilhosa ficou tão espantada que permaneceu
praticamente imóvel. Tentava avistar o pastor daquele
rebanho tão extraordinário quando o mais belo carneiro
foi até ela, pulando e saltitando.
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— Entendo que vários malfeitores juntos não se aju-
dam a melhorar — afirmou a rainha. — Mas no vosso
caso, minha comadre Rã, que fazeis aqui?
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autoria feminina não costumam ser lineares do ponto de vista do progresso
do enredo, da introdução ao clímax; pelo contrário, muitos deles apresen-
tam inúmeras reviravoltas (plot twists) e mais de um ponto alto de tensão.
Localizados em uma posição intersticial entre a estrutura do conto tra-
dicional e a estrutura canônica do romance do século XIX, o conto de fadas
precioso (termo cunhado pelo autor deste estudo para fazer referência a
esse tipo peculiar de narrativa) certamente encantará cada vez mais leitores
afeitos às desinibições da fantasia, já que o processo de redescoberta desse
rol de autoras esquecidas se encontra em pleno curso.
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Notas
1 No original: “La belle Antiquité fut toujours venerable, mais je ne crus jamais
qu’elle fust adorable. Je voy les Anciens sans ployer les genoux, ils sont grands,
il est vray, mais hommes comme nous; […] Platon qui fut divin du temps de nos
ayeux, commence à devenir quelquefois ennuyeux”.
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Referências
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