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19/07/13 A evolução é lenta demais para acompanhar mudanças climáticas
Um recente estudo da Universidade de Arizona, nos Estados Unidos, revelou que muitas espécies de vertebrados
teriam que evoluir cerca de 10 mil vezes mais rápido do que evoluíram no passado para se adaptar à mudança climática
esperada para os próximos cem anos.
Os cientistas analisaram a rapidez com que as espécies se adaptaram a diferentes climas no passado, usando dados de
540 espécies vivas de todos os principais grupos de vertebrados terrestres, incluindo anfíbios, répteis, aves e
mamíferos. Eles compararam as taxas de evolução com os dados de mudanças climáticas projetadas para o final deste
século. Este é o primeiro estudo a comparar a registrada adaptação de espécies às estatísticas futuras de mudanças do
clima da Terra.
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Os resultados, publicados online no periódico “Ecology Letters”, mostram que espécies de vertebrados terrestres
parecem evoluir muito lentamente para serem capazes de se adaptar ao clima, consideravelmente mais quente do que o
presente, esperado para o ano de 2100. Os pesquisadores acreditam que muitas espécies podem entrar em extinção se
elas forem incapazes de migrar ou se acostumar com a nova realidade climática.
“Cada espécie possui um nicho climático, que é o conjunto de condições de temperatura e precipitação na região onde
vive, dentro do qual ela consegue sobreviver”, explica o professor do departamento de ecologia e biologia evolutiva da
Universidade de Arizona, John Wiens. “Por exemplo, algumas espécies são encontradas apenas em áreas tropicais,
algumas apenas em áreas de clima mais frio, temperado; alguns animais vivem no alto das montanhas, e outros, nos
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desertos”.
Wiens conduziu a pesquisa junto com Ignacio Quintero, assistente de pesquisa de pós-graduação da Universidade de
Yale (EUA).
“Descobrimos que as espécies geralmente se adaptam a diferentes condições climáticas a uma taxa de apenas cerca de
1 grau Celsius a cada milhão de anos”, explicou Wiens. “Mas, se as temperaturas globais aumentarem cerca de 4 graus
nos próximos cem anos, como previsto pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, teremos grandes
problemas devido a essa enorme diferença. Isso significa que simplesmente continuar evoluindo para se adaptar a essas
condições pode não ser uma opção para muitas espécies”.
Para a análise, Quintero e Wiens estudaram a filogenia das espécies – essencialmente, árvores evolutivas que mostram
como as espécies estão relacionados umas com as outras – com base em dados genéticos. Estas árvores revelam há
quanto tempo espécies distintas entre si se separaram. A amostragem abrangeu 17 famílias que representam os
principais grupos de vida dos vertebrados terrestres, incluindo sapos, salamandras, lagartos, cobras, crocodilos, aves e
mamíferos.
Os pesquisadores, na sequência, combinaram essas árvores evolutivas com dados sobre o nicho climático de cada
espécie para estimar a rapidez com que os nichos climáticos evoluem entre as espécies, utilizando dados climáticos
como temperatura média e precipitação anuais, bem como os dias mais frios e os mais quentes do ano.
“Basicamente, nós descobrimos o quanto as espécies mudaram em seu nicho climático em um determinado ramo e,
caso saibamos quão antiga é a espécie, podemos estimar a rapidez com que o nicho climático mudou ao longo do
tempo”, conta Wiens. “Para a maioria das espécies-irmãs, desvendamos que elas evoluíram para viver em habitats com
uma diferença de temperatura média de apenas cerca de 1 ou 2 graus Celsius ao longo do curso de um a alguns
milhões de anos”. Ou seja, demorou todo esse tempo para que a espécie se adaptasse a um ambiente apenas 1 grau
mais quente.
“Nós comparamos as taxas de mudança ao longo do tempo, no passado, com as projeções para as condições
climáticas em 2100 e percebemos como os números não batem. Se as taxas fossem semelhantes, haveria uma chance
de algumas espécies evoluírem com rapidez suficiente para serem capazes de sobreviver, mas na maioria dos casos, os
animais precisam acelerar esse processo em cerca de 10 mil vezes ou mais”, ilustra Wiens.
Ou seja, se as espécies continuaram evoluindo nesse ritmo, elas provavelmente não conseguirão sobreviver. “De
acordo com nossos dados, quase todos os grupos têm pelo menos algumas espécies que estão potencialmente
ameaçadas, particularmente dentre as espécies tropicais”.
LEIA O POST ANTERIOR:
Os animais podem responder às mudanças climáticas de várias formas: desde aclimatando-se sem mudança evolutiva
Homens das cavernas pintavam
ou migrando para outro lugar que ainda possua o seu clima preferido. Por exemplo, algumas espéciesalucinógenos
podem ser
capazes de se mudar para maiores latitudes ou altitudes mais elevadas a fim de permanecerem em condições
A ideia de misturar alucinógenos e ar
adequadas, enquanto o mundo inteiro se aquece.
"moderna" quanto parece: homens d
pinturas...
Além disso, muitas espécies poderiam perder parte de sua população devido à mudança climática, mas ainda assim
persistir como espécie se uma quantidade razoável de indivíduos sobreviver. Fora isso, a extinção é o resultado mais
provável.
Wiens diz que a migração em busca de condições climáticas mais adequadas nem sempre pode ser uma opção para
várias espécies. “Alguns estudos sugerem que muitas não possuem a capacidade de se adaptar a um novo habitat
rápido o suficiente”, afirma. “Considere uma espécie que vive no topo de uma montanha. Se o clima ficar muito quente
ou seco lá em cima, ela não vai encontrar outro ambiente com as características a que estavam acostumada assim tão
facilmente”.
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Em um estudo anterior, Wiens e outros autores se perguntaram o que poderia realmente levar uma espécie à extinção.
Eles mostraram que a extinção de espécies, ou seu declínio, em decorrência de mudanças climáticas acontece mais em
função de alterações nas interações com outras espécies do que devido à incapacidade de lidar com as transformações
climáticas fisiologicamente.
“O que pare ter grande importância nesse contexto é a redução na disponibilidade de alimentos”, aponta Wiens. “Tome
como exemplo os carneiros selvagens. Se o clima se torna cada vez mais seco, a grama fica escassa e eles morrem de
fome”, conclui. [e! Science News]
Bruno Calzavara Bruno Calzavara é recém-formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e está de
volta à equipe do Hype após dois anos. Adora todos os esportes, exceto futebol. Gosta de chocolate e de sorvete,
mas não de sorvete de chocolate.
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