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Aventuras na História
Saiba mais sobre um dos maiores acidentes radioativos do mundo 376.470 pessoas curtiram Aventuras na História.
Lorena Verli | 13/09/2012 13h24
Em 13 de setembro de 1987, dois catadores de lixo de Goiânia deram início ao que seria o maior
acidente radioativo do Brasil. Ao arrombarem um aparelho radiológico, encontrado nos escombros de
um antigo hospital, expuseram o césio 137, pó branco que emitia um estranho brilho azul quando
colocado no escuro. Considerado sobrenatural, o elemento radioativo criado em laboratório passou de
mão em mão, contaminando o solo, o ar e centenas de moradores da capital goiana.
"O brilho da morte", como o césio foi chamado por Devair Alves Ferreira, primeira pessoa a entrar em
contato direto com o elemento, fez centenas de vítimas. Quatro morreram cerca de um mês após a
exposição. Entre elas, uma criança de 6 anos, Leide das Neves, considerada a maior fonte humana
radioativa do mundo. Atualmente, as vítimas reclamam do descaso do governo, afirmando que estão
sem assistência médica e medicamentos. O governo nega a acusação e afirma que as vítimas usam o
acidente para justificar todos os seus problemas de saúde. Em 1996, a Justiça condenou, por
homicídio culposo, três sócios e um funcionário do hospital abandonado a três anos e dois meses de
prisão. Mas as penas foram trocadas por prestação de serviços.
Anel de césio
A história de uma vítima
"A única vez que vi o césio foi em 26 de setembro. Meu irmão me mostrou a pedra e perguntou
se ela poderia ser usada para fazer um anel. Peguei um pedaço menor que um grão de arroz e
esfreguei na palma da mão. Como era dia, não havia nenhum brilho. Ela mais parecia um pedaço
de cimento. Oito dias depois, minhas mãos começaram a coçar e incharam. Sentia tonteiras e
náuseas. Um dia, a polícia chegou a nossa rua e começou a isolar as pessoas no estádio
Olímpico. Só aí descobri que aquela pedra era radioativa. Sabia o que era isso - o acidente de
Chernobyl tinha acontecido um ano antes. A população entrou em pânico. Todos achavam que
estava acontecendo o mesmo em Goiânia. Fui a última vítima a ser isolada. Vi meus irmãos Tectoy MD Play
entrarem no avião e serem enviados ao Rio de Janeiro para fazerem um tratamento intensivo.
Quando saímos do hospital, as pessoas nos tratavam como se tivéssemos uma doença contagiosa.
As vítimas do césio eram apedrejadas. Tive que mudar meus filhos de escola duas vezes. Hoje, KaBuM!
mesmo que quisesse esquecer o que aconteceu, não me deixariam. Sempre tem alguém que me
lembra de 20 anos atrás." 12 x
R$ 15,33
Odesson Alves Ferreira, 52 anos, presidente da Associação das Vítimas do Césio 137
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14/9/2014 Césio 137: O brilho da morte - Guia do Estudante
18/9
Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho perto do hospital desativado, compra a peça. No
mesmo dia, ele arromba a máquina e entra em contato com 19,26 gramas de césio 137. Ele
descobre que a substância, em ambientes escuros, emite uma luz azulada. Encantado, acredita
estar diante de algo sobrenatural e leva o pó para casa.
19 a 21/9
Devair recebe a visita de parentes, vizinhos e amigos interessados em ver a misteriosa luz azul.
Todos começam a apresentar tonturas, náuseas, vômitos e diarréia - os primeiros sintomas da
contaminação radioativa. No dia 19, seu irmão Ivo leva a substância para casa e ela é ingerida
por sua filha de 6 anos, Leide das Neves.
26/9
Odesson Ferreira, outro irmão de Devair, entra em contato com a substância. Motorista de Edições Anteriores 2014
ônibus, contamina centenas de passageiros. A frente de seu veículo foi considerada uma alta
fonte de contaminação e destruída como lixo radioativo. Enquanto isso, os hospitais entram em
alerta com o número de doentes que apresentam os mesmos sintomas.
29/9
Maria Gabriela, esposa de Devair, suspeita que o pó branco seja o responsável pelos sintomas e
edição 130 edição 129 edição 128
leva a cápsula de césio para a Vigilância Sanitária. O físico Walter Mendes é chamado e descobre
tratar-se de uma substância radioativa. Ele chega a tempo de impedir que os bombeiros joguem
a cápsula dentro do rio Meio Ponte, principal fonte de abastecimento da cidade.
30/9
Os técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) chegam a Goiânia e, junto com a
edição 127 edição 126
polícia militar, começam os trabalhos de descontaminação. Centenas de pessoas que
apresentam os sintomas do contato com o césio são colocadas de quarentena num estádio, o
Olímpico, onde passam por uma triagem para identificar o grau de contaminação.
Edição do mês
A cápsula
edição 134,
O pequeno objeto guardava 19,26 gramas de cloreto de césio - o césio 137 setembro 2014
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