Você está na página 1de 5

Colégio Militar da Polícia Militar

Escola Estadual Coronel Cândido Mariano


Professora: Franciene Muniz
Aluna: Eduarda Souza da Silva
Série: 2°4 vespertino

Acidentes radioativos

1. Cesio-137
Em setembro de 1987 aconteceu o acidente com o Césio-137 (137Cs) em Goiânia,
capital do Estado de Goiás, Brasil. O manuseio indevido de um aparelho de radioterapia
abandonado, onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia, gerou um acidente
que envolveu direta e indiretamente centenas de pessoas.
O acidente foi resultado de uma peça de uma máquina de radiologia retirada por dois
catadores de materiais recicláveis em uma clínica abandona no Centro de Goiânia.
A peça foi retirada em 13 de setembro de 1987, e seu desmonte parcial se deu a partir
daí.
Dias depois, a peça foi revendida para Devair Ferreira, que a abriu por completo,
contando com o cilindro que guardava o Césio-137.A descoberta do acidente foi feita
pelo físico Walter Mendes, e o trabalho de contenção retirou seis mil toneladas de lixo
nuclear de Goiânia.Mais de 110 mil pessoas foram examinadas, e quatro morreram pelo
contato com a radiação.
Quatro pessoas morreram, a primeira foi Leide das Neves, sobrinha de Devair, que tinha
apenas 6 anos de idade e que chegou a ingerir algumas partículas de césio-137 com pão.
A segunda foi a tia de Leide das Neves e esposa de Devair, Maria Gabriela das Graças
Ferreira. Ambas foram enterradas em caixões de chumbo de 700 kg.
As outras duas vítimas foram Israel Batista dos Santos, de 22 anos, e Admilson Alves
Souza, de 17 anos, ambos funcionários do ferro-velho de Devair.
Infelizmente, as pessoas que passaram por essas descontaminações começaram a ser
tratadas com desprezo e preconceito por muitos.
Até mesmo crianças que nasceram depois do acidente tiveram problemas de
saúde. Houve cerca de 60 mortes posteriores. A Associação de Vítimas do Césio-137
estima que cerca de 6 mil pessoas foram atingidas pela radiação.
Esse acidente gerou cerca de 7 toneladas de rejeitos, que envolveram desde os resíduos
gerados no hospital e no ferro-velho até plantas, animais, objetos pessoais, materiais de
construção e outras coisas da vizinhança que tiveram contato com o sal de césio-137.
Esses rejeitos foram concentrados em tambores envoltos com concreto e cobertos por
concreto e vegetação em um repositório em Abadia de Goiás (GO).
Esse episódio é um lembrete de como a negligência na questão do descarte correto do
lixo atômico, agravado pela falta de conhecimento da população, pode levar a uma
tragédia incalculável.
Consequências do acidente com césio-137
Algumas horas após o contato com a substância, vítimas apareceram com os primeiros
sintomas da contaminação (vômitos, náuseas, diarreia e tonturas). Um grande número
de pessoas procurou hospitais e farmácias reclamando dos mesmos sintomas. Como
ninguém imaginava o que estava ocorrendo, tais enfermos foram medicados como
portadores de uma doença contagiosa. Dias se passaram até que foi descoberta
a possibilidade de se tratar de sintomas de uma Síndrome Aguda de Radiação.
Somente no dia 29 de setembro de 1987, após a esposa do dono do ferro-velho
ter levado parte da máquina de radioterapia até a sede da Vigilância Sanitária, é que foi
possível identificar os sintomas como sendo de contaminação radioativa.
Os médicos que receberam o equipamento solicitaram a presença de um físico nuclear
para avaliar o acidente. Foi então que o físico Valter Mendes, de Goiânia, constatou que
havia índices de radiação na Rua 57, do Setor Aeroporto, bem como nas suas
imediações. Diante de tais evidências e do perigo que elas representavam, ele acionou
imediatamente a Comissão Nacional Nuclear (CNEN).
O ocorrido foi informado ao chefe do Departamento de Instalações Nucleares, José
Júlio Rosenthal, que se dirigiu no mesmo dia para Goiânia. No dia seguinte, a equipe foi
reforçada pela presença do médico Alexandre Rodrigues de Oliveira, da Nuclebrás
(atualmente, Indústrias Nucleares do Brasil) e do médico Carlos Brandão da CNEN.
Nesse momento, a Secretaria de Saúde do estado começou a realizar a triagem dos
suspeitos de contaminação em um estádio de futebol da capital.
Contenção de danos do acidente.
Walter Mendes acionou a Comissão Brasileira de Energia Nuclear (CNEN), e logo foi
iniciado o processo de contenção de danos. Um grande trabalho foi realizado em
Goiânia para identificar os locais contaminados, e foi percebido que vários locais da
cidade, sobretudo no Centro, estavam com elevados índices de contaminação.
Isso aconteceu porque a exposição da radiação por mais de 15 dias fez com que ela se
espalhasse por diferentes partes da cidade. Vários locais passaram por uma intensa
descontaminação, e as casas onde residiam Wagner Pereira e Devair Ferreira, por
exemplo, foram totalmente demolidas. Os operários que fizeram a limpeza desses locais
escavaram-nos em uma profundidade de mais de 60 centímetros, e cada buraco foi
preenchido com concreto.
Ao todo, estima-se que seis mil toneladas de material contaminado foram retiradas da
capital, depositadas em tambores e enterradas em uma sede da CNEN em Abadia de
Goiás, cidade que fica a cerca de 20 quilômetros de Goiânia. Na época, o pânico se
espalhou no estado, e muitos temiam ir ao Centro de Goiânia. Muitos moradores de
Abadia se revoltaram com o fato de que o lixo radioativo seria enterrado na cidade.
Além de cuidar do lixo nuclear e realizar o trabalho de descontaminação, a contenção de
danos analisou milhares de pessoas para encontrar as que haviam sido contaminadas
com a radiação. Na época, o governo de Goiás utilizou o espaço do Estádio Olímpico,
no Centro e bem próximo dos locais onde houve a contaminação, para aglomerar todos
os que estavam sob suspeita.
As pessoas contaminadas ficaram isoladas em acampamentos construídos no estádio,
passaram por testagens regulares e tomaram remédios para se descontaminarem. Ao
todo, mais de 110 mil pessoas foram analisadas, e, dessas, 249 foram identificadas
como contaminadas com radiação.
Algumas dessas pessoas estavam tão contaminadas que se tornaram focos de
contaminação, ou seja, o contato com elas se tornou perigoso. Os que tiveram sintomas
e contaminação leves ficaram em quarentena nos acampamentos construídos no estádio,
mas os casos mais graves foram enviados para hospitais de Goiânia e do Rio de Janeiro.
Entre os 249 contaminados, 129 tiveram rastros da substância interna e externamente
em seus corpos, 49 foram internados em hospitais, e 20 precisaram de atendimento
médico intensivo.

2. Acidente de Chernobyl
Em 25 e 26 de abril de 1986, o reator de uma usina nuclear explodiu e pegou fogo na
região que atualmente é o norte da Ucrânia desencadeando o pior acidente nuclear da
história. Envolto em mistério, o desastre foi um divisor de águas tanto na Guerra Fria
quanto na história da energia nuclear. Mais de 30 anos depois, cientistas estimam que a
área ao redor da antiga usina continuará inabitável por até 20 mil anos.
O desastre ocorreu próximo à cidade de Chernobyl, na antiga União Soviética,
que investiu intensamente em energia nuclear após a Segunda Guerra Mundial. A partir
de 1977, os cientistas soviéticos instalaram quatro reatores nucleares RBMK (reatores
canalizados de alta potência) na usina de energia, localizada logo ao sul da atual
fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrússia.
Ao todo, duas explosões foram registradas no reator 4 da usina de Chernobyl. A
primeira explosão foi suficientemente forte para desprender o escudo protetor instalado
logo acima do reator, que pesava mais de 1000 toneladas, lançando para o ar alguns
produtos de fissão nuclear extremamente nocivos, como iodo-131, césio-137 e
estrôncio-90.
A segunda explosão, por sua vez, fez com que mais de 300 kg de blocos de grafite,
localizados entre as hastes de combustível, fossem lançados para fora das instalações da
usina. Com isso, o reator começou a pegar fogo, e uma enorme quantidade de elementos
radioativos foi lançada para a atmosfera durante cerca de 10 dias, até que o incêndio foi
contido.
A usina de Chernobyl funcionava de forma similar a qualquer outra usina nuclear.
Nesse tipo de usina, há um reator, onde são inseridas longas hastes metálicas que
armazenam cápsulas do combustível físsil, geralmente feitas de urânio-235 ou plutônio.
Na usina de Chernobyl, essas hastes eram periodicamente recarregadas com o máximo
de 192 toneladas de urânio.
Por meio da fissão nuclear do urânio, extrai-se uma grande quantidade de energia
térmica, usada para aquecer um circuito primário — onde circula água pura (destilada)
—, que é disposto em hastes verticais e que fica em contato direto com o reator nuclear,
bem como um circuito de água secundário, aquecido pela água do circuito primário, que
circula por uma espécie de serpentina.
Desse modo, a água que contém isótopos radioativos e a água do circuito secundário
não se misturam. Além desses circuitos, na usina de Chernobyl havia também um
circuito de refrigeração, que fazia circular cerca de 48 mil metros cúbicos de água por
hora, que ajudavam a manter a temperatura do reator nuclear sob controle. Essa água era
bombeada por motores elétricos, fundamentais para o bom funcionamento de toda a
usina.
Ao ser aquecida a cerca de 270 ºC, a água do circuito secundário evapora e, então, sob
altas pressões (cerca de 60 atm), move as turbinas do gerador. Essas turbinas giram um
conjunto de grandes ímãs e bobinas condutoras, que produzem a energia elétrica a partir
do fenômeno de indução eletromagnética.
Diferentemente da maior parte dos reatores nucleares modernos, que utilizam água para
reduzir a velocidade da reação nuclear, os reatores da usina de Chernobyl
utilizavam carbono como moderador de nêutrons. Moderador é o nome da substância
usada para diminuir a transferência de calor do reator para os circuitos de refrigeração.
A utilização do carbono, entretanto, foi uma das causas do desastre nucelar. Hoje em
dia, é sabido que, em regimes de baixas potências, o carbono absorve nêutrons em uma
taxa muito alta, fazendo com que o sistema de refrigeração do reator perca sua
eficiência e a temperatura de todo o sistema aumente consideravelmente. Além disso, na
tentativa de contornar o superaquecimento do reator, os operadores da usina inseriram
uma grande quantidade de hastes de controle; no entanto, a inserção de tais hastes
derramou um volume considerável de água dos circuitos principais, causando, assim, a
primeira explosão do reator.
A pesquisa, liderada pela professora Meredith Yeager, do Instituto Nacional do Câncer
dos Estados Unidos (NCI), se concentrou nos filhos de trabalhadores que se alistaram
para ajudar a limpar a área altamente contaminada ao redor da usina nuclear (os
chamados "liquidantes").
Descendentes de evacuados da cidade abandonada de Pripyat e outras localidades em
um raio de 70 km ao redor do reator também foram estudados.
Os participantes, todos concebidos após o desastre e nascidos entre 1987 e 2002,
tiveram seus genomas completos examinados.
E o resultado do estudo foi uma surpresa para muitos dos envolvidos: não foram
identificados "danos adicionais ao DNA" de crianças nascidas de pais que foram
expostos à radiação da explosão de Chernobyl antes de elas serem concebidas.
"Mesmo quando as pessoas foram expostas a doses relativamente altas de radiação, em
comparação com a radiação de fundo, isso não teve efeito em seus futuros filhos",
explicou a professora Gerry Thomas, do Imperial College London, à jornalista da BBC
Victoria Gill.
Thomas, que passou décadas estudando a biologia do câncer, particularmente os
tumores que estão ligados a danos por radiação, explicou que este estudo foi o primeiro
a mostrar que não há dano genético hereditário após a exposição à radiação.
"Muitas pessoas ficaram com medo de ter filhos depois das bombas atômicas (lançadas
pelos americanos em Nagasaki e Hiroshima). E também pessoas que ficaram com medo
de ter filhos depois do acidente em Fukushima (no Japão) porque pensavam que seus
filhos seriam afetados pela radiação a que eles foram expostos ", lembra. "É muito
triste. E se pudermos mostrar que não tem efeito, esperamos poder aliviar esse medo."
Thomas não participou do estudo, embora ela e seus colegas tenham conduzido outras
pesquisas sobre cânceres relacionados a Chernobyl.
Sua equipe estudou o câncer de tireoide, porque se sabe que o acidente nuclear causou
cerca de 5.000 casos, a grande maioria dos quais foram tratados e curados.

Você também pode gostar