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Portuguese, Brazilian translation by Sarah Tambur.


Reviewed by Maricene Crus.
https://www.ted.com/talks/jia_jiang_what_i_learned_from_100_days_of_rejection/transcript?language=pt-br

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Jia Jiang · TEDxMtHood
O que aprendi com 100 dias de rejeição
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Português brasileiro
Translated by Sarah Tambur
Reviewed by Maricene Crus
00:04
Quando tinha seis anos,
eu recebi meus presentes. Minha professora do primeiro ano
teve uma
brilhante ideia. Ela queria que sentíssemos
como era ganhar presentes, mas que também
aprendêssemos
a virtude de nos felicitarmos. Então ela pediu que todos
fôssemos à frente da sala, e
ela comprou presentes para todos
e os deixou num canto. E ela disse: "Vamos ficar aqui
e felicitar
uns aos outros? Quando ouvirem seus nomes,
peguem seu presente e sentem-se". Que ideia
maravilhosa, não é? O que poderia dar errado? (Risos) Bem, pra começar, éramos 40 alunos, e, toda
vez que eu ouvia o nome de alguém,
aplaudia e celebrava entusiasmado.
00:46
E então sobraram 20 pessoas,

00:49
e depois dez, e cinco, e então três. E eu era uma delas. E os aplausos pararam. Bem, nessa altura, eu
estava chorando. E a professora estava ficando nervosa. Dizia: "Ei, alguém poderia dizer
uma coisa
legal sobre essas pessoas?" (Risos) "Ninguém? Tudo bem, peguem
seus presentes e sentem-
se. Comportem-se no ano que vem, talvez
alguém diga algo legal sobre vocês." (Risos)

01:17
Como estou dizendo isso para vocês

01:19
podem perceber que lembro muito bem disso. (Risos) Mas não sei quem se sentiu
pior naquele dia:

01:26
eu ou a professora.

01:28
Ela deve ter percebido que transformou
uma atividade de equipe em ridicularização para três
crianças.

01:35
E sem a parte do humor.

01:37
Quando vemos pessoas sendo
ridicularizadas na TV, é engraçado. Aquele dia não foi nada
engraçado. Essa era uma versão minha, e eu faria tudo para evitar
uma situação daquelas de
novo, de ser rejeitado em público. Essa é uma versão. Então, passaram-se oito anos. Bill Gates veio à
minha
cidade, Pequim, China,
01:58
para palestrar, e eu entendi sua mensagem. Eu me apaixonei por aquele cara. Pensei: "Nossa, agora
sei
o que quero fazer". Naquele dia, escrevi uma carta
para minha família dizendo: "Até os 25 anos,
vou construir
a maior empresa do mundo, e essa empresa vai comprar a Microsoft". (Risos) Aderi
completamente à ideia de conquistar
o mundo, de dominação, certo? E não estou mentindo,
eu
escrevi mesmo a carta. Aqui está. (Risos) Não precisam ler inteira. (Risos) A caligrafia está terrível,
mas destaquei algumas palavras. [Básico - Windows - Microsoft]

02:37
Dá para ter uma ideia.

02:39
(Risos) Essa era outra versão minha: alguém que conquistaria o mundo. Bem, dois anos depois,

02:49
tive a oportunidade
de vir aos Estados Unidos.

02:52
Aproveitei-a,

02:54
porque era onde Bill Gates morava, certo?

02:56
(Risos) Achava que era o início
da minha jornada empreendedora.

03:01
Então, passaram-se mais 14 anos.

03:03
Eu tinha 30. Não, não montei aquela empresa. Nem comecei.
03:08
Na verdade, eu era gerente de marketing
em uma das empresas na Fortune 500. Eu me sentia preso,
estagnado. Por que isso? Onde estava o adolescente
que escreveu aquela carta? Não foi porque ele
não tentou.

03:23
É porque, toda vez
que eu tinha uma ideia nova,

03:26
que eu queria tentar algo novo, até mesmo no trabalho,
quando queria propor algo ou me manifestar
para um grupo de pessoas, sentia que havia uma batalha constante entre o adolescente
e a criança
de seis anos. Um queria conquistar
o mundo, fazer a diferença, o outro tinha medo de rejeição. E,
toda vez, a criança ganhava. E esse medo persistiu até depois
que abri minha própria empresa. Abri
minha empresa aos 30 anos, se queremos ser Bill Gates, temos
que começar cedo ou tarde,
certo? Quando eu era empresário, tive uma oportunidade de investimento, mas ela foi recusada. E a
rejeição doeu em mim. Doeu tanto que eu queria desistir ali. Mas então pensei: "Será que Bill Gates
desistiria com uma
simples rejeição a um investimento? Será que qualquer empresário
bem-sucedido
desistiria assim?" De jeito nenhum. E foi aí que pensei: "Bem, posso criar uma empresa melhor.

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Posso criar um time ou um produto melhor. Mas uma coisa é certa: tenho que ser um líder melhor,
uma pessoa melhor. Não posso mais deixar uma criança
de seis anos controlar minha vida. Tenho
que colocá-la em seu lugar". Então procurei por ajuda na internet. O Google era meu amigo. Procurei
"Como superar
o medo de rejeição?" Encontrei vários de artigos de psicologia
falando de onde vêm o
medo e a dor. Depois, encontrei vários
artigos motivacionais otimistas como "Não leve para o lado
pessoal, apenas supere". Quem não sabe disso? (Risos) Mas por que eu ainda tinha tanto
medo? Então, encontrei um website, por acaso,
chamado rejectiontherapy.com. (Risos) "Rejection
Therapy" é um jogo
criado por um empresário canadense. O nome dele é Jason
Comely. Basicamente, a ideia é procurarmos
por rejeição durante 30 dias, sermos rejeitados por algo
todo dia e,
no final, nos dessensibilizamos da dor. E eu adorei a ideia.

05:34
(Risos) Pensei: "Quer saber? Vou fazer isso.

05:38
E vou me filmar sendo
rejeitado por 100 dias".
05:41
Elaborei minhas próprias
ideias de rejeição e fiz um videoblog com elas. Então, foi isso o que fiz. Essa
é a cara do blog. Primeiro dia: (Risos)

05:54
Empreste US$ 100 de um estranho.

05:59
Esse é o lugar aonde fui, onde trabalhava. Desci ao térreo e vi um cara grande
sentado atrás da
mesa. Parecia um segurança.

06:07
Então o abordei.

06:09
E eu estava andando e essa foi a maior
caminhada da minha vida, os pelos na minha nuca todos
arrepiados, eu estava suando,
e meu coração palpitando. Cheguei até ele e disse: "Senhor, pode me
emprestar US$ 100?"

06:22
(Risos)

06:23
Ele olhou para mim e disse: "Não. Por quê?" E eu disse: "Não? Me desculpe". Então me virei e fugi.

06:31
(Risos) Fiquei tão envergonhado! Mas, como eu filmei,

06:37
naquela noite, eu estava assistindo
a mim mesmo sendo rejeitado,

06:40
e vi como eu estava com medo. Parecia o garoto de "O Sexto Sentido":
"Eu vejo gente
morta." (Risos) Mas eu vi aquele cara. Sabem, ele não era tão ameaçador. Era um cara gorducho e
simpático e até me perguntou: "Por quê?" Na verdade, ele pediu
que eu me explicasse. Eu podia ter
dito muitas coisas. Podia ter explicado, negociado. Não fiz nada disso.

07:06
Apenas fugi.

07:08
Senti que aquilo era
um microcosmo da minha vida. Toda vez que eu sentia uma leve rejeição,
fugia o
mais rápido que podia.

07:17
"E sabe do que mais? No dia seguinte, o que quer
que aconteça, não vou fugir.

07:21
Vou me empenhar."

07:23
Segundo dia: pedir
um "refil de hambúrguer". (Risos) Fui a uma lanchonete, terminei de comer,
fui até
o balconista e disse: "Oi, pode me dar
um refil de hambúrguer?" (Risos)

07:36
Ele ficou confuso: "O que é
um refil de hambúrguer?"

07:39
Eu disse: "É como um refil de bebida,
mas com o hambúrguer". (Risos) Ele disse: "Desculpe, não
temos
refil de hambúrguer". (Risos) Foi então que houve rejeição
e eu podia ter fugido, mas eu
fiquei. Eu disse: "Eu adoro seus hambúrgueres,
adoro essa lanchonete, e, se vocês tiverem refil de
hambúrguer,
vou adorar ainda mais". (Risos) E ele disse: "Tudo bem,
vou falar com o gerente, e talvez
façamos isso mas
hoje não podemos fazer". Então fui embora. E, a propósito, acho
que eles não
fizeram o refil. (Risos) Acho que estão do mesmo jeito. Mas o sentimento de vida ou morte
que tive
na primeira vez
08:18
não estava mais lá,

08:19
apenas porque me empenhei, não fugi.

08:22
Pensei: "Nossa, legal,
já estou aprendendo algo". Então, o terceiro dia:
comprar donuts olímpicos. Foi
então que minha vida
virou de cabeça para baixo.

08:33
Fui até uma Krispy Kreme.

08:35
Eles vendem donuts principalmente
na região sudeste dos Estados Unidos.

08:39
Deve haver alguma aqui, também.

08:41
Eu entrei e disse: "Vocês podem fazer donuts
no formato dos símbolos olímpicos?

08:45
Você só precisa interligar cinco donuts".

08:48
Não tinha como eles concordarem, certo? A atendente me levou tão a sério! (Risos) Pegou um
pedaço de papel, começou
a esboçar as cores e os anéis e perguntou: "Como vou fazer isso?"

09:00
E, 15 minutos depois,
09:02
ela veio com uma caixa de donuts
que pareciam com os aros olímpicos. E fiquei muito comovido,
não
conseguia acreditar. E o vídeo teve mais de 5 milhões
de visualizações no YouTube. O mundo
também não conseguia
acreditar naquilo.

09:16
(Risos)

09:19
Por causa disso, apareci em jornais,
em talk shows, em todo lugar. E fiquei famoso. Muitas pessoas
começaram
a me mandar e-mails e me dizer: "É fantástico
o que está fazendo". Mas fama e
notoriedade
não significavam nada para mim. O que eu realmente queria era
aprender e mudar quem
eu era. Então transformei o restante
dos 100 dias de rejeição

09:39
em um playground,
em um projeto de pesquisa. Queria ver o que conseguiria aprender. E aprendi
muitas coisas,
descobri muitos segredos. Por exemplo, descobri que se eu
não fugir quando for
rejeitado, posso transformar um "não" em um "sim",
e a palavra mágica é "por quê". Então, um dia, fui
à casa
de um estranho com uma flor na mão, bati à porta e perguntei:
"Posso plantar essa flor no seu
quintal?" (Risos) E ele disse: "Não". Mas, antes de ir embora, perguntei:
"Posso saber por quê?" E ele
disse: "Bem, eu tenho um cão

10:15
que desenterra tudo que planto
e não quero desperdiçar sua flor.

10:19
Se quiser, vá até o outro lado
da rua e fale com a Connie. Ela adora flores". (Risos) Foi o que fiz: fui
até lá
e bati à porta da Connie. E ela ficou muito feliz em me ver. (Risos) Meia hora depois, lá estava
a
flor no quintal da Connie. Deve estar mais bonita agora. (Risos) Mas, seu eu tivesse ido embora
após
a rejeição, teria pensado:

10:41
"Bem, foi porque o rapaz não confiou
em mim, porque fui louco,
10:44
não estava bem vestido,
tinha má aparência". Não foi nada disso. Foi porque o que ofereci
não era o
que ele queria. E ele confiou em mim
e me deu uma indicação, usando um termo dos negócios. Eu
adaptei a indicação. Também aprendi que posso
dizer certas coisas e maximizar a chance de ouvir
um "sim". Por exemplo, um dia fui à Starbucks e perguntei ao gerente:
"Posso ser um saudador da
Starbucks?" Ele perguntou: "O que é
um saudador da Starbucks?"

11:12
Eu disse: "Sabe aqueles
saudadores do Walmart? Aquelas pessoas que nos dizem
'oi' antes de
entrarmos na loja e se certificam de que não roubemos nada? Quero passar a experiência do
Walmart
para os clientes Starbucks". (Risos) Não acho que isso seja bom.

11:29
Na verdade, tenho certeza
de que é muito ruim. E ele disse: "Ah." Sim, esse aqui é ele, se chama Eric.

11:35
Ele disse: "Não sei".

11:37
Ele estava me escutando. "Não sei." E perguntei a ele: "É estranho?" E ele: "Sim, é bem estranho,
cara". (Risos) Mas, assim que ele disse isso,
sua atitude mudou. Foi como se ele colocasse
todo seu
receio de lado. E ele disse: "Sim, pode ser,
só não seja muito esquisito". (Risos) Então, na hora
seguinte,
fui um saudador da Starbucks. Dizia "oi" a todo cliente que entrava e lhes desejava boas
festas. Aliás, não conheço
sua trajetória profissional,

12:03
mas não seja um saudador. (Risos)

12:06
Foi muito chato. Mas descobri que podia fazer isso
porque perguntei se era estranho. Mencionei a
dúvida que ele estava tendo.

12:15
E, porque perguntei se era estranho,
significa que eu não era estranho.
12:19
Significa que eu estava pensando
exatamente como ele, enxergando a situação como estranha. E,
repetidas vezes, aprendi que, se eu mencionar
uma dúvida que as pessoas possam ter antes de
fazer a pergunta, ganho a confiança delas,
é mais provável que elas me digam "sim". E aprendi que
posso realizar meu sonho perguntando. Sabem, venho de quatro
gerações de professores, e minha
avó sempre me disse:

12:45
"Jia, você pode fazer o que quiser, mas seria ótimo se fosse professor". (Risos) Mas eu queria ser
empresário, então não fui. Mas sempre tive o sonho de ensinar algo. Então pensei: "E se eu apenas
perguntar
se posso dar uma aula de faculdade?" Morando em Austin naquela época,
fui à
Universidade do Texas em Austin, bater à porta dos professores
perguntando: "Posso dar sua
aula?" Não obtive resultados
nas primeiras tentativas. Mas eu não fugi, continuei tentando,

13:13
e, na terceira tentativa,
o professor ficou impressionado.

13:16
Ele disse: "Ninguém fez isso antes". E eu cheguei preparado,
com slides e minha aula. Ele disse:
"Nossa, posso usar isso. Volte em dois meses.
Posso encaixá-lo na programação". E, dois meses
depois,
estava dando uma aula. Esse sou eu. Não devem estar
vendo bem, é uma foto ruim. Sabem,
às vezes somos rejeitados pela luz. (Risos) Mas, nossa, quando terminei
a aula, saí de lá
chorando, porque vi que podia realizar meu sonho
simplesmente perguntando. Eu pensava que tinha
que conquistar muitas coisas, ser um grande empresário
ou ter um doutorado para lecionar.

13:53
Mas não: apenas perguntei
e consegui dar aula.

13:56
E, nessa foto, que não conseguem enxergar, citei Martin Luther King Jr. Por quê? Na minha pesquisa,
descobri
que pessoas que realmente mudam o mundo, que mudam a forma como vivemos e
pensamos, são pessoas que previamente enfrentaram
rejeições até mesmo violentas.

14:14
Pessoas como Martin Luther King Jr.,

14:16
como Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, ou até mesmo Jesus Cristo. Essas pessoas não deixaram
que a rejeição as definisse. Deixaram que seu próprio reflexo
à rejeição as definisse. E aceitaram a
rejeição. E não precisamos ser essas pessoas
para aprender sobre rejeição. No meu caso, a rejeição
era minha maldição, era meu bicho-papão. Ela me incomodou a vida toda
porque eu estava fugindo
dela. Então, comecei a aceitá-la. Transformei-a no maior
presente da minha vida.

14:48
Comecei a ensinar as pessoas
a transformar rejeições em oportunidades. Uso meu blog, minhas
palestras,
o livro que acabei de publicar, e estou desenvolvendo tecnologia que ajuda
as pessoas
com o medo da rejeição. Quando forem rejeitados na vida, quando estiverem encarando
o próximo
obstáculo ou o próximo fracasso,

15:09
considerem as possibilidades.

15:11
Não fujam. Se vocês as aceitarem, elas podem se tornar
seus presentes
também. Obrigado. (Aplausos)

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