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A narrativa distorcida e intrigante

que você amou em Consequences and

Infidelity está de volta com a conclusão

impressionante de um anti-herói alfa

totalmente novo na série de romance

sombrio Web of Sin, de Nova York Autora

do best-seller do Times, Aleatha Romig.

Você não vai acreditar em seus olhos

enquanto Promises traz a trilogia Web of

Sin para um final dramático.


Araneae

O fim de mentiras, o livro # 2 do Web of

Sin trilogia

Quando finalmente chegamos à sua porta, ele disse.


— Eu vou ficar bem aqui. Pegue-a e traga-a de volta.
Vamos voltar para o escritório e esquecer que isso aconteceu.
— Você não quer dizer isso.
— Por favor, Araneae, fale com ela. Se ela pretende
permanecer empregada pela Sinful Threads, ela voltará com
você. Caso contrário, a escolha é dela.
— Minha empresa. — Eu disse com menos zelo do que
antes.
Ele não respondeu.
Respirando fundo, bati na porta dela. Quando ela abriu,
seus olhos
estavam vermelhas e inchadas, e o rosto e o pescoço
estavam cobertos de manchas vermelhas.
— Winnie ...— Eu a envolvi em meus braços quando
entramos. Quando a porta se fechou, perguntei.
— Winnie, o que foi?
— Senhora McCrie?
Eu ofeguei quando fiquei em pé novamente, observando
o homem que apareceu do banheiro. Eu o conheci
imediatamente.
Sabia que era a palavra errada.
Eu o reconheci, seus cabelos loiros e suas feições de
menino.
— Mark? — Eu questionei.
Pendurado no cinto dele havia um distintivo.
Dei um passo para trás, meus ombros colidindo com a
parede.
— O que é isso?
O homem colocou o dedo sobre os lábios.
— Eu sei que você está sendo vigiada. Eu sei que há um
homem lá fora que não hesitará em entrar. Eu preciso que você
me escute.
— Eu-eu pensei que você estava com problemas ... —
Winnie chorou, suas palavras cercadas por inalações rápidas
de respiração.
— Eu-eu pensei ...
— O que você fez?
— Senhora McCrie. — Disse Mark, falando baixinho
enquanto se aproximava.
— Tenho certeza que você foi informada de outra maneira.
Posso me apresentar formalmente? Meu nome não é Mark nem
Andrew. Sou Wesley Hunter, um agente de campo do FBI. Nos
últimos dois anos e meio, venho me infiltrando no submundo
de Chicago.
Meus lábios se uniram quando minha cabeça balançou.
— Isso-isso não tem nada a ver comigo.
— Você não me corrigiu sobre o uso do seu nome de
nascimento.
— Meu nome é Kennedy Hawkins.— Eu me atrapalhei
com a minha bolsa.
— Tenho minha identidade.
Mark, quero dizer, Wesley, levantou a mão.
— Se você quer jogar esse jogo, a escolha é sua. Você tem
uma longa história, Sra. Hawkins. Srta. Marshou ou Srta.
McCrie? Ao se infiltrar no mundo que não tem nada a ver com
você, o FBI tomou conhecimento de sua conexão, ou devo dizer
do seu pai? Por causa disso, há preocupação pela sua
segurança. Durante a maior parte da sua vida, você tem sido
uma pessoa muito procurada. Por esse motivo, uma vez
descoberta, tentei impedi-la de se envolver. Wichita? Talvez
você se lembre? Como você sabe, isso não funcionou. — Minha
cabeça estava balançando.
— Isso não faz nenhum sentido.
— Kenni. — Winnie disse.
— Sinto muito. Eles vieram até mim, disseram que você
estava em perigo. Seu comportamento ... eu pensei que estava
ajudando.
— Porquê? — Perguntei, desta vez mais alto.
— Por que não veio até mim?
— Eu pensei que com o comportamento estranho. —
Disse ela.
— Eu pensei ... o FBI disse ... você estava em perigo ...
que você estava sendo forçada ... e então hoje você disse ... eu
deixei o escritório para dizer que eles estavam errados. — Sua
cabeça balançou .
— Eu sinto muito.
— Agente Hunter. — Disse, encontrando minha voz, mas
propositadamente mantendo-a baixa, para não alarmar
Patrick.
— Estou presa? Caso contrário, vou sair deste quarto.
Aprecio sua preocupação; no entanto, garanto que estou
segura.
Ele pegou uma pasta ao lado da TV e a abriu, revelando
a foto de Sterling Sparrow.
— Senhora, esse homem é perigoso.
— Ele está no setor imobiliário.
— Acredita-se que você tenha informações que possam
ser prejudiciais para ele e para o futuro dele. Temos a grande
autoridade de que seu plano é obter essas informações por
qualquer meio possível. Você está ciente das informações?
O que eu poderia dizer?
— Eu não tenho nada parecido com isso.
— O FBI está disposto a oferecer a você, a Sra. Douglas,
e a cofundadora da sua empresa, Louisa Toney, proteção de
testemunhas, em troca da informação em questão.
Certamente, você quer salvar o filho que está prestes a nascer?
Meu Deus. Foi assim que Sterling me convenceu em
primeiro lugar, chantagem.
Eu balancei minha cabeça.
— Não tenho nenhuma informação.
— Você foi marcada por Sterling Sparrow.
Ele não fazia ideia.
— Nós tentamos há anos encontrar algo que conectasse
a Sparrow. Nós acreditamos que você tenha.
Balancei minha cabeça.
— Estou indo embora. — Dei um passo em direção à
porta.
— Após uma investigação mais aprofundada. — Disse o
agente Hunter.
— Em Sinful Threads, chegou ao conhecimento do FBI
que existem alguns negócios imobiliários incomuns sobre suas
propriedades que poderiam ser conectadas à Sparrow
Enterprises.
— Sim, essa empresa lida com imóveis. — Eu disse, de
pé mais alto.
— Minha empresa precisa de propriedades.
— Os negócios que você recebeu estão significativamente
abaixo do mercado. Isso nos leva a questionar a complexidade
de seus acordos.
Eu balancei minha cabeça.
— Esses acordos remontam há anos. Só recentemente me
familiarizei com o Sr. Sparrow.
— Se você não está disposta a compartilhar com o FBI as
informações que você tem, possivelmente incriminando seu
novo conhecido, estamos preparados para oferecer uma
alternativa. Esta é uma oferta única. Depois de tomada, sua
decisão deve ser iminente.
— Eu não preciso de uma oferta alternativa. Não tenho
informações e não fiz nada de errado.
Wesley cruzou os braços sobre o peito.
— É muito fácil. Tudo o que você precisa fazer é tomar o
meu lugar, se infiltrar e, finalmente, testemunhar contra o Sr.
Sparrow.
— O quê?
— As evidências relacionadas ao setor imobiliário,
combinadas com algumas contabilidades questionáveis e
irregularidades no estoque do seu armazém em Chicago,
implicam o Sinful Threads como um possível meio para
atividades ilegais. Nós temos os registros.
— Não, isso é impossível. Louisa e eu passamos por todas
as linhas. Além disso, não poderia ser ele. Ele está no setor
imobiliário. — Eu disse novamente como se a repetição
anulasse seus outros negócios.
— E eu acabei de conhecê-lo.
— Mentir é o que homens como ele fazem.
Meu telefone tocou e Sterling apareceu na tela.
Minha mente era um campo de batalha quando meus
pulmões se esqueceram de respirar, e meu olhar foi entre o
nome de Sterling e o agente do FBI do outro lado da sala.
Em quem devo acreditar? Quem estava me dizendo a
verdade e quem estava me dizendo mentiras?
Sterling
Meu olhar se estreitou quando encontrei minha
assistente Stephanie assim que entrei no meu escritório
particular na Sparrow Enterprise’s. Não havia nenhuma
maneira de que ela não estivesse ciente da minha ira por sua
intromissão nos meus planos desta manhã, no entanto, minha
carranca em direção a ela deveria ter sido uma indicação clara
da minha situação atual. Assim que nossos olhos se
encontraram, vi sua testa franzida e olhos arregalados, sua
cabeça inclinada me faz inspecionar minha sala. Minha
postura fica mais rígida, endireitei meu pescoço, respirei
profundamente inflando meu peito, sem tirar o olhar dos olhos
azuis que queimavam em minha direção, e eu sei que minha
vida está em apuros.
De pé em toda a sua beleza, vestida e estilizada com
perfeição, não era a mulher que eu me preparei para encontrar,
mas aquela que a última vez que a vi, eu disse para deixar
minha casa, quem me deu a vida.
— Sterling. — Disse Genevive Sparrow, meu nome saindo
de sua língua revestido com doçura suficiente que se eu fosse
diabético, precisaria de uma dose imediata de insulina..
Afastando-me de sua saudação, aproximei-me de Stephanie.
— Juíza Landers?
— Senhor, eu a encaminhei para a sala de conferencia
quatro, ela estava visivelmente... — Seu olhar foi para minha
mãe e de volta para mim.
— Agitada.
A mão magra de minha mãe pousou em meu braço.
— Preciso falar com você a sós.
Minhas narinas dilataram quando eu inalei, seu doce
perfume assumindo meus sentidos.
Tudo em mim queria dizer a ela para marcar um horário,
voltar outro dia ou sair e tentar fazer uma ligação.
Stephanie continuou.
— A sra. Sparrow veio com a Juíza Landers.
Girando sobre os calcanhares, olhei para minha mãe.
— No meu escritório.
Juntos, descemos o corredor. Quando passamos pela
sala de conferências quatro, pela pequena janela ao lado da
porta, mesmo com as cortinas levemente fechadas, eu
vislumbrei Annabelle Landers, andando perto da mesa,
torcendo as mãos.
Com um sorriso momentâneo, minha mente foi para
Araneae e o modo como ela faz a mesma coisa quando está
pensando ou apenas preocupada.
Depois que estávamos dentro do meu escritório, fechei a
porta e fiz apenas uma pergunta a minha mãe.
— Por quê?
Seus lábios rosas se franziram.
— As coisas estão fora de controle. Houve uma
discussão... entre alguns dos nossos que se lembram do que
aconteceu.
— A velha guarda... Diga-me, mãe, o que vocês
decidiram? Isso é, desde que você saiba que é apenas a minha
opinião que conta.
Genevive sacudiu a cabeça.
— Nós somos mais velhos que você, quanto a isso você
está correto. Velho, no entanto, é um estado de espírito, e
nenhum de nós é isso. Sterling, o poder pode dar-lhe muitas
coisas. No entanto, não lhe da sabedoria, que vem com a idade
e a experiência. Eu disse a você na última vez que o vi que você
iria arruinar irreparavelmente nossas vidas, de todos nós. Eu
avisei você. Eu o tenho avisado desde criança, implorando para
permitir que os mortos permaneçam assim.
Sentado atrás da minha mesa, tirei meu telefone do bolso
e o coloquei na minha frente, esperançoso por encontrar uma
mensagem de Araneae ou Patrick. Não havia nenhuma.
Sob circunstâncias normais, normal sendo uma palavra
subjetiva, fazer várias tarefas ao mesmo tempo, não era um
problema. Mas depois de ambos os incêndios envolvendo
Araneae, eu estava tendo problemas para me concentrar em
minha mãe.
Com um bufo, ela se sentou em uma das cadeiras em
frente à minha mesa, empoleirada com as pernas delgadas
cruzadas delicadamente no tornozelo, os joelhos apertados
juntos com força, e sua bolsa agarrada no colo. Era como se
toda a minha vida ela tivesse sido um exemplo ambulante de
etiqueta feminina. A parte que nunca se alinhou com essa
fachada era sua habilidade, o tempo todo parecendo serena e
gentil, de denegrir ou castigar, suas palavras venenosas
enquanto seu sorriso permanecia intacto.
— Há momentos. — Ela continuou.
— Quando nós, senhoras, precisamos intervir, esquecer
por um momento nossas diferenças e concentrar-se no futuro
do nosso mundo. Eu imploro para você me ouvir.
— Você tem três minutos.
— Posso lembrá-lo de que eu sou sua mãe?
— Parece um desperdício dos seus primeiros dez
segundos, mas, de qualquer forma, mãe, gaste seu tempo como
quiser.
Respirando profundamente, ela ergueu os ombros.
— A tensão estava incrivelmente alta na época em que
Annabelle deu à luz. — Ela engoliu em seco.
— Daniel McCrie estava errado ao aproveitar as
informações roubadas. Ele colocou Annabelle, sua filha, e a si
mesmo em perigo
— Enquanto Annabelle e eu seguimos caminhos
diferentes, nós nos conhecemos há quase... bem, sempre,
fomos às mesmas escolas e nossos pais frequentavam os
mesmos círculos.
Minha mãe nasceu no dinheiro, mergulhada na antiga
história de Chicago. Originalmente seus antepassados vieram
da Irlanda, alguns dos primeiros a chegar. Sua especialidade
era a agricultura. Não foi até a próxima geração que os seus
horizontes se ampliaram, com a construção do canal Illinois e
Michigan, permitindo o transporte de mercadorias dos
Grandes Lagos para o Rio Mississippi em direção ao Golfo do
México. Isso foi em meados do século XIX. Não muito tempo
depois, sua bisavó se casou com um homem disposto a
arriscar a fortuna da família com a ideia de expandir seus
horizontes no transporte além do curso das águas. Vinte anos
depois, vagões refrigerados melhoraram o transporte de
carnes. E Chicago tornou-se a principal ferroviária. Essas
ferrovias abriram o caminho para o transporte de madeira, e
então de aço, seguindo a demanda exigida pelas fábricas e
armazéns. As oportunidades de emprego eram abundantes. A
cidade cresceu. Devido ao grande investimento do seu bisavô,
o que impulsionou a família para o escalão superior da elite de
Chicago. Dinheiro gera dinheiro.
A riqueza de sua família deu a Allister o que ele precisava
para fazer Sparrow Enterprises com um nome bem conhecido,
um concorrente no mercado mundial. E a influência de sua
família deu suporte a seus outros empreendimentos.
Embora eu também não conheça a história da família de
Annabelle, eu sei que sua família também datava dos
primórdios de Chicago e incluía gerações de advogados,
banqueiros e investidores. Essas eram as pessoas que
trabalharam ao lado dos empresários. Juntos, eles forjaram a
cidade que agora vivemos.
— Seu tempo está se esgotando. — Eu disse.
— Foi incrivelmente difícil para Annabelle ver aquela
garota com você. — A voz da minha mãe baixou.
— Isso não deve ser repetido, contudo, ela admitiu que se
aposentará.
Eu balancei a cabeça.
— Estou ciente.
— Como você sabia disso?
— Se acontece nesta cidade... — Ou eu deveria ter dito
começa?
— Eu sei.
Ela balançou a cabeça quando olhei para o meu relógio,
silenciosamente lembrando-lhe que seu tempo estava prestes
a acabar.
— Quando Annabelle voltou do spa, ela me ligou. — Disse
minha mãe.
Spa.
Hmm.
Também conhecido como ala psiquiátrica em um hospital
fora do Estado.
— Eu estou bem ciente das histórias que seu pai lhe
contou. — Genevive continuou.
— Sobre um futuro para você e aquela ... aquela garota.
Ele estava convencido de que ela era filha de Annabelle e
Daniel, como em contos da carochinha e fábulas. — Seu
queixo se elevou.
— É hora de você ser claro e dizer a Annabelle a verdade,
que não tem como comprovar a paternidade da garota. Que a
identidade que deu a ela foi simplesmente baseada em uma
história criada por um homem que já se foi agora. Seu pai
plantou essa fabula em sua cabeça. Dê a pobre Annabelle um
desfecho. Algo que confirme que o bebê que ela teve e enterrou
era sua filha e que esta parte de sua vida acabou.
Eu respirei fundo e balancei a cabeça, recordando as
palavras de Pauline McFadden para Araneae: A verdadeira
Araneae McCrie nunca trairia sua família assim. Por isso sua
invenção nunca funcionará. Eu não sei quem você é ou porque
permitiu que este homem lhe convencesse, mas Araneae
McCrie morreu. Algum impostor de segunda categoria que
roubou uma pulseira não irá se safar de ameaçar nossa
família.
— Eu não posso e não farei isso. — Eu disse.
— Realmente duvido que meu pai tenha contado uma
mentira. Como você deve se lembrar, ele nunca foi o tipo de
homem de fazer essas coisas. E a título de curiosidade, Pauline
McFadden estava nessa sessão de fofocas?
— Sim. Ela foi com Ruth Hillman. Todas nós recordamos.
Ruth era a esposa de Wendell Hillman, e ela também
esteve no clube na noite em que Araneae fora envenenada.
— Então está me dizendo, que você, minha mãe, Genevive
Sparrow, sentou-se com três McFaddens.
— Martha Carlson também estava lá. E tecnicamente,
Annabelle não é uma McFadden. — Ela encolheu os ombros.
— Nem Martha. — Martha Carlson era a esposa do
consigliere do meu pai, Rudy Carlson, um dos homens
presentes na sala no dia que vi Araneae pela primeira vez em
uma foto.
— Não por sangue.
Olhei novamente para o meu telefone.
— Você veio aqui hoje para me pedir para dizer a
Annabelle que Araneae é um farsa, uma impostora. — Apesar
de ter sido uma pergunta, eu entreguei-a muito mais como
uma confirmação.
Minha mãe olhou para cima, seu olhar fixo no meu.
— Sterling, estou lhe pedindo para fazer o que é certo,
para salvar o mundo em que todos vivemos. Rubio está pronto
para sua candidatura. Você tem poder aqui em Chicago, e pode
ser fundamental para enterrar as brigas antigas e finalmente
fazer o que seu pai jamais conseguiu. As possibilidades são
infinitas, se trabalharmos juntos, em vez de um contra o outro.
Como presidente, Rubio poderia fazer muito por Chicago. Não
há nada de bom que virá... Dela...
Inclinando-me para a frente, estendi meus dedos sobre a
mesa, movendo meu peso nos meus braços.
— Ela tem um nome. O nome dela é Araneae McCrie. E
posso lhe dizer que nas últimas semanas desde que ela entrou
em minha vida, quando eu a trouxe, quando trata-se dessa
mulher, não de uma garota, tudo foi bom.
Minha mãe ficou de pé.
— Diga-me, Sterling, você tem prova? Você tem mais do
que histórias de salas de guerra inventadas por homens
vingativos?
— Seu tempo acabou. Você planeja se juntar a mim para
minha discussão com a juíza Landers?
Sua cabeça inclinou-se ligeiramente enquanto ela franziu
os lábios.
— Não. Annabelle pediu minha ajuda para falar com você,
para vê-lo. Seja o que for que ambos tenham que discutir, não
é da minha conta. Minha única preocupação é você.
— Dificilmente, mãe. Sua preocupação é manter a vida
que você aperfeiçoou, a que é brilhante por fora e imunda por
dentro. Essa informação secreta que Daniel McCrie
supostamente tentou alavancar sem sucesso, como você sente
sobre isso?
— Não sei ao certo o que era. Seu pai nunca me dizia
essas coisas. Eu sequer sabia que Daniel tinha ido atrás dele
para conseguir ajuda até alguns anos atrás.
— Espere, o que você sabe sobre isso? Daniel procurou
meu pai para que tipo de ajuda?
Com a mão livre, ela bateu na lateral da coxa.
— Deixe tudo enterrado. Eu disse a Allister a mesma coisa
quando ele exumou aquele caixão minúsculo.
Pensei em nossa extensa pesquisa.
— Não há registro público disso. Haveria algo listado no
consultório do legista ou perito médico.
— Oh, Sterling, não estava aqui em Chicago, nem mesmo
em Illinois. No início, Annabelle e Daniel não disseram a
muitas pessoas onde a enterraram. Claro, Rubio e Pauline
estavam no pequeno funeral.
Eu sabia onde o corpo de Araneae teria sido enterrado;
no entanto, esperei ouvir se minha mãe divulgaria a verdade
ou mais de suas mentiras.
— Isso deve ser um recorde.
— Mesmo que você tenha procurado no lugar certo... você
lembra do seu pai. Ele não iria para as autoridades. Que
desculpa ele teria para solicitar uma exumação? Em vez disso,
ele ordenou que seus homens cavassem e trouxessem o caixão.
— Quando?
Minha mãe empalideceu quando ela começou a caminhar
para uma grande janela e ficou de costas.
— Se eu lhe contar isso, por favor, você contará a verdade
para Annabelle?
— Vou lhe contar a verdade.
— Foram anos depois. Você era jovem demais para
lembrar quando a criança morreu, quando tudo começou, mas
isso, a exumação foi mais de uma década depois. — Ela
sacudiu a cabeça.
— Não, ainda mais recente que isso. Eu acredito que você
tinha voltado do Exército para Michigan. Eu não sei ao certo
quando foi ... o tempo passa rápido e difícil de acompanhar.
Ela ficou parada na janela, olhando a cidade e o lago, mas
parecendo nem ver. Sua mente estava de volta a um tempo
antes de eu estar no poder, um tempo que eu não tinha
maneira de lembrar.
— Levou anos. — Disse ela melancolicamente.
— Mas finalmente McCrie havia conseguido um lugar
onde ele estava trabalhando novamente com Rubio e
ocasionalmente para Allister, convencendo os que o rodeavam
de sua lealdade. Com a ajuda de Rubio, Annabelle foi nomeada
juíza federal. Rubio estava passando mais tempo em
Washington do que em Chicago. As coisas estavam
melhorando para todos.
— Uma noite, seu pai estava chateado, mais agitado do
que o normal. Ele não costumava conversar muito comigo, mas
todos nós sabíamos quer ele falasse ou não, que algo estava
acontecendo. Uma noite ele havia bebido demais, e depois que
Ruby saiu, Allister ficou lívido, e eu era a única presente
naquele momento. Seu pai falou sobre ser manipulado por
Daniel, e disse que ele exigiu que Ruby confirmasse que o bebê
enterrado não era... — Ela deixou escapar um longo suspiro.
— Mais tarde, Allister me disse que seus homens haviam
exumado o corpo. E que ele mandou médicos fazerem testes, e
eles confirmaram que os restos eram da filha de Annabelle e
Daniel. — Ela implorou.
— Você entende, por que não há registros públicos? Não
foi realizado por uma agencia governamental. Conte-lhe a
verdade.
Suspirando, eu balancei minha cabeça.
— Meu pai mentiu para você, mãe.
Seus olhos azuis viraram em minha direção.
— Não, porque depois, foi quando... — Ela voltou a olhar
pela janela.
— Alguma coisa tinha dado errado com McCrie. Assim
como na época de seu nascimento, ambas as famílias estavam
em desacordo.
Eu me encostei em minha mesa, observando o reflexo de
minha mãe na janela de vidro, a forma como seus lábios e testa
estavam franzidos.
— Foi quando McCrie... — Ela mordeu o lábio pintado e
balançou a cabeça.
— Eu sei o que foi publicamente declarado, mas foi um
sucesso. Eu sempre me perguntei se ele teve alguma coisa a
ver com as informações sobre a criança. — Sua cabeça
balançou.
— Mas seu pai jurou que não, ele ainda voltou a se reunir
com Ruby para confirmar que não foram os Sparrows.
— Você não entende? Se ele não tivesse feito isso haveria
uma guerra como Chicago nunca tinha visto. Mas não fazia
sentido. Se não fosse os Sparrows, isso implicaria que Rubio
havia autorizado a morte horrenda de seu próprio cunhado.
Era um momento perigoso. E finalmente veio a conclusão do
golpe onde o sucesso ficou para as famílias da Filadélfia e de
Nova York que aproveitaram nossa briga interna.
— E assim como sempre fizemos, nós as senhoras nos
reunimos e pedimos por uma trégua antes que fosse tarde
demais.
Levantei e me aproximei.
— Será que Annabelle sabe o que você acabou de me
dizer? Ela sabe que meu pai autorizou a exumação de um
corpo, que ela acreditava ser sua filha?
Minha mãe balançou a cabeça.
— Não. A exumação não foi confirmada. A igreja onde
aquela menina está enterrada, fica em uma pequena cidade no
meio do nada em Wisconsin. Alguns meses mais tarde,
Annabelle foi contatada por alguém dizendo que eles
acreditavam que haviam sido feitas adulterações, eles
culparam as crianças. A igreja disse a ela que o chão havia sido
cavado. Eles não sabiam se tinham alcançado ou não o caixão.
Veja, isso aconteceu no auge do inverno, e não foi relatado para
Annabelle até depois da neve derretida, quase três meses
depois da morte de Daniel. Annabelle não procurou mais nada
sobre isso.
— Então você está dizendo que ela nunca obteve essa
informação.
— Céus, não. Os resultados do DNA dificilmente são o
tópico de conversa para eventos sociais. Pauline, Martha,
Ruth, e eu somos as únicas a saber da verdade.
Meu telefone tocou.
Na tela estava escrito PATRICK.
Desbloqueio ela.
— Ela ainda está lá dentro. Eu não ouço nada.
Que porra é essa?
Respondo a mensagem.
— Eu lhe disse para não perde-la de vista.
— Sterling. — Minha mãe perguntou.
— Está tudo bem?
Meu olhar se estreitou.
— Não, não está tudo bem. Estamos feitos. Allister
mentiu para você. Araneae é quem eu lhe disse. E tenho
provas.
Em seguida, eu mandei um texto para Araneae.
— Você tem cinco segundos para se encontrar com Patrik
ou a sua bunda será minha.
Porra siga minha ordem pelo menos uma vez.
Araneae não era o única que iria ouvir sobre isso.
Por que diabos Patrick a perderia de vista?
Araneae

Sterling, estava na minha tela, indicando uma mensagem


de texto, eu olhei para trás até o agente Hunter e depois para
Winnie.
— Winnie, precisamos sair. — Coloquei minha mão em
seu ombro.
— Por favor venha comigo.
— Eu-eu ... você ainda me quer?
— Precisamos discutir isso em particular.
— Senhora Hawkins. — Disse o agente Hunter.
— Esta oferta expira quando você sair por aquela porta.
Fiquei em pé.
— Isso pode expirar imediatamente, pois não tenho
nenhuma informação. Eu admito, extra oficialmente, que me
disseram sobre um conto de fadas, afirmando que eu tinha
alguma coisa, mas você deve entender, eu era uma criança.
Como uma criança obteria e reteria informações antes de seu
nascimento?
— Você foi informado sobre o que envolvia essa
informação?
— Não me deram detalhes.
Ele pegou a pasta que tinha a foto de Sterling.
— Eu posso mostrar-lhe detalhes.
Eu levantei minha mão.
— Estou indo embora.
— Pode não ser tão fácil descartar minha oferta ou voltar
voluntariamente as garras de Sterling Sparrow, se você levar
um minuto para ver as vítimas. Nós não estamos discutindo
um crime sem vítimas. Estamos falando de crianças.
Isso... isso fez meu estômago revirar, mas Sterling tinha
prometido que ele não estava mais envolvido.
Por que ele deveria pagar por algo que seu pai fez?
Minha mente foi para Jana e Missy, irmã do amigo de
Sterling. Eu duvidei que Jana fosse a única vítima que ele
ajudou. Havia tantas pessoas leais a ele.
Poderia haver outros a quem ele tinha salvo?
Eu balancei minha cabeça.
— O Sterling Sparrow que eu conheço está no setor
imobiliário. Eu me recuso a deixar você envenenar minha
mente de outra maneira. — Eu respirei.
— Sua infiltração neste suposto submundo, Agente
Hunter? Você estava ou não se passando por Andrew Walsh?
— Eu não posso discutir.
— Você trouxe isso à tona. Para quem você trabalhou
nessa infiltração?
— Eu sempre trabalhei para o FBI
Balanço minha cabeça.
— Você sabe que não foi isso que eu quis dizer.
— Sra. Hawkins.
— Você está insinuando que trabalhou para o Sr.
Sparrow. — Eu perguntei.
— O magnata do setor imobiliário. Se não fosse esse o
caso, por que eu precisaria ser salva por você em Wichita?
— Não, senhora, eu não estava trabalhando para um
magnata do setor imobiliário. Por que tentar salvar você? Sua
identidade foi tornada pública. Era para ser uma medida
preventiva, para ajudá-la antes que as coisas saíssem do
controle.
— Eu estou tendo dificuldade para entender. Se você não
estava trabalhando para o Sr. Sparrow, por que você o está
perseguindo? Você não teria ou não deveria ter provas
suficientes para derrubar quem quer seja que, em última
análise, dirigiu qualquer equipe que você trabalhou
anteriormente?
— Como eu disse, eu não posso discutir...
Inclinei a cabeça.
— Em Wichita, você quis me salvar ou oferecer a minha
ajuda como você já ofereceu hoje?
— Você não entende. — Disse o agente Hunter.
— Não, eu não entendo. Quanto tempo você disse que
estava disfarçado? — Eu respondi minha própria pergunta.
— Dois anos e meio? E ainda assim você não tem o que
você precisa. Talvez o que você procura não exista.
— Sem detalhes. — Disse ele.
— Deixe-me dizer simplesmente que o poder opera dentro
de um vácuo. Funciona da mesma forma com o crime, o
governo e outras instituições, onde o poder governa supremo.
Se uma entidade poderosa for retirada, removida da situação,
ou cidade, então a força poderosa restante, pela eliminação da
força contrária, ganha poder supremo.
Meu queixo se elevou.
— Você está dizendo que quer que todos se vão?
— Em um mundo perfeito.
Minhas bochechas se elevaram.
— Boa sorte nesse mundo perfeito, agente Hunter. Eu
suponho que otimismo seja uma atitude positiva
— É de partir o coração. Várias vezes vemos o que é
certo... — Ele ergueu a mão e fechou os dedos em torno de sua
mão espalmada.
— Na nossa frente. Bem ali ao nosso alcance e, no
entanto, mesmo quando apresentado em uma bandeja de
prata, não o apreciamos. Otimismo é acreditar que uma boa
pessoa, como você, recebe a chance de fazer o que é certo,
salvar crianças e diminuir o crime desta cidade.
— Creio que terminamos. — Eu disse.
Winnie se levantou, e então segui em direção a porta.
Quando passei pelo agente Hunter, ele pegou em meu braço,
Fogo queimou em mim enquanto eu olhava para sua mão.
— Solte-me.
— Você não pediu nada disso. — Disse ele, seu aperto
ainda firme.
— Você não deveria ter que carregar o peso do que lhe foi
imposto quando criança. A vida não é justa. Nós estamos
dando-lhe a opção mais segura com a vantagem de ajudar os
outros, não só estranhos, mas seus amigos mais próximos.
— Eu sugiro que você me solte. — Puxei meu braço.
— E nunca mais me toque, pois se eu gritar, juro que irá
se arrepender.
Embora seu aperto tenha sumido, seus olhos azuis
imploraram para eu ouvir.
— Não diga a ele.
— Por quê? Por que eu não iria dizer a ele que fui
emboscada e que Winnie foi enganada? Por que não posso ser
honesta com ele?
— Porque ele não foi honesto com você.
Você não sabe disso. Ele foi brutalmente honesto. Ele me
disse mais do que qualquer um. Ele até me falou sobre a
exploração e o tráfico. O pai dele poderia estar envolvido, mas
Sterling não estava.
Eu não podia e não disse nada disso, mas meu coração
disse.
Sterling confiava em mim não apenas com meus
segredos, mas com os dele. Eu não tinha planos de quebrar
essa confiança. Eu me virei para a porta novamente.
— Winnie, estamos indo.
O agente Hunter balançou a cabeça enquanto se movia
na minha frente, sua voz mais baixa.
— Escute, eu quero ajudá-la. Se você disser a ele sobre
isso, seu passaporte para fugir desaparece, Winifred tem meu
número.
— Você disse que a sua oferta expirou.
— Eu não vou deixá-la sem uma opção.
— Eu não preciso de uma opção. — Eu respondi.
— Você pode precisar em breve. Seria uma pena não ter
uma. — O agente Hunter diz e então entrou no banheiro
fechando a porta.
Respirando fundo, abri a porta para o corredor, e Patrick
se materializou, com uma mão sob o paletó. Não preciso ser
um gênio para saber que ele estava fazendo ali.
— Estamos prontas para ir. — Disse, olhando-o nos
olhos.
— Senhora. — Disse ele, seu olhar procurando o que ele
podia ver no quarto de hotel.
Foi só quando estávamos de volta no carro e meu telefone
tocou que eu me lembrei que recebi uma mensagem de
Sterling.
Duas mensagens de texto. A mais recente era de Patrick.
Eu li primeiro a dele.
Não na frente da Winnie. Diga-me quem mais estava
naquele quarto.
Eu permiti que meus olhos se fechassem em um piscar
de olhos extralongo antes de meu olhar encontrar o dele no
espelho retrovisor. Enquanto olhamos, procurei minha
resposta para sua pergunta.
O que devo fazer? Devo confiar em um homem que mal
sabia quem afirmava que podia ajudar-me ou ao homem com
quem me acostumei e que já havia derramado mais luz na
minha vida do que qualquer outra pessoa?
Em vez de responder, olhei para baixo, abrindo a
mensagem de texto de Sterling.
Você tem cinco segundos para se encontrar com Patrik
ou a sua bunda será minha.
O calor encheu meu rosto até que o sentimento de traição
me atingiu.
— Você disse a ele que eu fui lá sozinha?
Os ombros largos de Patrick se moveram com sua
expiração quando emergimos das profundezas da garagem no
tráfego de Chicago no final da manhã.
— Você demorou mais do que o esperado.
— É minha culpa. — Winnie ofereceu, com os olhos ainda
vidrados. Embora seu discurso fosse mais claro.
— Eu pensei que ela não iria me querer de volta ao Sinful
Threads. Kennedy estava tentando me convencer.
Respirei fundo, imaginando o que fazer e dizer para
Winnie. O que o agente Hunter disse a ela? Olhei para a mulher
ao meu lado e estendi a mão para sua. Apertando, eu sorri
tranquilizadoramente.
— Você me perguntou se eu queria que ficasse em Sinful
Threads. Minha pergunta para você é, você quer ficar?
— Você e Louisa tem...— Sua cabeça balançou.
— Ser sua assistente tem sido o melhor emprego, não, a
melhor carreira da minha vida. Todos os dias você amplia
minhas responsabilidades para crescer. Trabalhar para você
me deu oportunidades que eu nunca poderia ter imaginado, e
assistindo o sucesso ... me desculpe pelo que aconteceu.
Meus olhos foram para o espelho retrovisor enquanto eu
inalava.
— Podemos falar sobre isso no escritório? Isso quer dizer
que você gostaria de continuar?
Ela balançou a cabeça.
— Muito.
Como eu ia dizer a Louisa o que aconteceu?
E sobre a insinuação de que a Threads Sinful estava
envolvida com atividades ilegais?
Isso não poderia ser verdade. Eu sabia em quem eu
precisava confiar.
Puxei meu telefone da bolsa e enviei uma mensagem.
Nós precisamos conversar.
Sterling
— Sterling, por favor ...
Foi a última coisa que ouvi minha mãe dizer quando saí
do meu escritório, deixando-a sozinha, e fui até a sala de
conferências quatro. Minha mente girou em cem direções
diferentes. Quando peguei a alça, meu telefone meu bolso
zumbia com PATRICK na tela.
— Eu estou com as duas. Nós estamos indo para Sinful
Threads.
Graças a Deus.
Meus dedos coçavam para mandar mensagens de texto
para Araneae, para avisá-la do que estava por vir quando
estivéssemos sozinhos. Apertando minha mandíbula, meu
ciclone de pensamentos girou com teorias e preocupações do
que Winnie e Araneae discutiram enquanto estavam sozinhas
naquele quarto de hotel.
— Não saia da vista de Patrick. — Foi o que eu disse a ela
mais de uma vez.
Era muito difícil para ela seguir apenas minhas
instruções?
E então meu olhar se moveu para a janela. A juíza
Landers deve ter me visto fora da porta. Seus passos pararam
e seus olhos se arregalaram quando ela esperou que eu
entrasse.
Não era que se eu a visse frequentemente. Eu não. No
entanto, desde a noite no clube, ela tinha perdido peso. Sua
pele pálida parecia pairar de seus ossos, tornando sua
aparência frágil, não a imagem de uma juíza federal distinta.
— Isto é por Araneae. — Eu disse a mim mesmo quando
eu coloquei meu telefone de volta no bolso e abriu a porta.
— Juíza Landers.— Eu disse, assumindo o controle da
conversa.
— Isso é altamente incomum. É habitual entrar em
contato com minha assistente para marcar uma reunião, não
com minha mãe.
A cabeça dela assentiu quando suas mãos visivelmente
trêmulas alcançaram a parte de trás de uma das cadeiras
acolchoadas em volta da mesa.
— Sr. Sparrow, peço desculpas pela abordagem irregular.
A verdade é que eu tinha medo que você não concordasse em
me ver se eu tentasse os canais normais.
— Diga-me por que eu deveria vê-la agora.
— Porque ... — Ela respirou fundo enquanto seus dedos
se apertavam com mais força ao estofado e a umidade brilhava
em seus olhos. Engolindo, ela levantou o queixo.
— Eu preciso de respostas e acredito que você é o único
que pode me ajudar.
A sua abordagem era contrária à de Pauline McFadden e
de minha mãe, me deixando curioso e intrigado. Inalando,
respondi.
— Juíza, eu não tenho muito tempo. — Fiz um gesto
para a cadeira.
— Por favor, sente-se e você pode perguntar o que quiser.
Não posso garantir que sou capaz ou estou disposto a
responder.
— Obrigada, Sr. Sparrow.— Ela puxou a cadeira e
sentou-se, não na borda como minha mãe faria, mas se sentou
no assento, colocando as mãos na mesa, como a juíza que ela
era.
— Eu aprecio sua sinceridade.
Juntando-me a ela na mesa, sentei-me e perguntou.
— O que você acha que posso responder que você não
sabe?
Os seus olhos, da cor exata da de Araneae, piscaram
quando pareceu que ela estava organizando seus
pensamentos.
— Estou lutando com isso desde a noite no clube.
Enquanto eu tenho um milhão de perguntas, a que eu
continuo retornando é como é possível?
— Você não vai me perguntar se ela é realmente ela?
— Eu-eu... eu gostaria da confirmação; No entanto,
acredito que quando a vi no banheiro do clube, quando nossos
olhos se encontraram, eu soube. No meu coração, eu soube.
Eu assenti.
— Por favor, entenda isso da minha perspectiva. — Disse
ela.
— Não sei se isso é possível.
Ela inclinou a cabeça enquanto um sorriso triste flutuava
em seus lábios.
— Foi uma escolha que eu lutei com o tempo. Foi uma
opção que me foi apresentada, para protegê-la. Eu considerei
isso, mas não consegui. Eu era egoísta. Em vez disso, jurei
protegê-la. A triste verdade era que, mesmo que ela estivesse
mais segura com outras pessoas, eu não poderia, apesar das
coisas que Daniel havia feito. Quando chegou a hora, quando
ela nasceu, a decisão foi retirada de mim.
— Eu a queria mais do que a vida. De fato, quando ela
morreu, quando pensei que ela tivesse morrido, pensei em ir
com ela. Eu não poderia machucar-me, mas eu não comi. Eu
dormi por dias, por semanas. Fiquei tão triste que eu fiquei
mais do que inconsolável. — Ela olhou para suas mãos sobre
a mesa, uma torcendo a outra.
— Quando você entrou no clube, houve sussurros. Rubio
estava furioso. O nome dela estava sendo repetido em todas as
direções. Minha mente sabia que não podia ser verdade. —
Uma lágrima solitária escorreu de seu olho castanho claro.
— Eu a segurei em meus braços, seu corpo sem vida. Eu
a embalei e contei todas as coisas que pude, que eu a amava,
sempre amaria. Que ela era agora meu anjo.
Ela inalou e enxugou a lágrima renegada.
— Bem, estando lá no clube, ela sentada no bar ... eu não
aguentei. Eu fui ao banheiro para reunir meus pensamentos,
dizendo a mim mesma que você era um Sparrow. Você não era
confiável e aquilo era uma armadilha.
Eu me sentei mais alto.
— Sinto muito, Sr. Sparrow. Foi o que eu pensei. Estou
sendo honesta. E depois enquanto lavava as mãos, ela saiu de
uma das cabines. — Um novo sorriso apareceu em seus lábios,
trazendo um brilho aos olhos.
— Eu sempre imaginei que minha filha parecesse comigo,
meu cabelo e olhos. O bebê que eu segurei tinha cabelos
escuros e eu nunca vi os seus olhos.
— Quando nossos olhares se encontraram naquele
espelho, era como se eu estivesse vendo meu próprio reflexo
em uma máquina do tempo distorcida. Eu fiquei
momentaneamente paralisada. Tudo de meus sonhos e todas
as minhas visões para a criança que eu carregava estavam
subitamente vivos, embrulhado na jovem surpreendente ao
meu lado.
— Eu soube, no meu coração. E então eu tive a
confirmação quando vi sua pulseira. Deveria ter sido enterrada
com ela.
— Pulseira?— Eu não conseguia lembrar qual pulseira
Araneae usara naquela noite. Havia muitas outras coisas em
minha mente. E então eu lembrei mencionando-a fora do
elevador antes de entrarmos.
— Por que você quis aquela velha pulseira enterrada com
ela?
Juíza Landers sacudiu a cabeça.
— Eu sei que seu tempo é limitado. É uma história longa
e chata. Meu argumento é que, mesmo sem mais provas,
acredito em você. Eu não entendo, mas eu acredito. — Outra
lágrima rolou pelo seu rosto.
— Talvez seja uma ilusão. Se for, é mais que tive em ...
vinte e seis anos.
— Sr. Sparrow, não sei se você tem mais provas ou não,
mas rezo a todas as coisas sagradas que você não esteja
mentindo, tentando chegar a Rubio com uma farsa, eu quero
mais do que isso para minha filha e para mim.
— Juíza Landers, eu tenho provas de DNA. Estou certo
de que não faz sentido, mas eu queria que ela fosse Araneae
McCrie...
Ela engasgou.
— O que?
— A maneira como você pronuncia o nome dela.
— Sim? Foi assim que me disseram.
Juíza Landers sacudiu a cabeça.
— Uh-rain-ā era como Daniel queria pronunciado. Eu
queria que pronunciasse Uh-ron-e-eye, assim como a aranha.
— Ela acenou com a mão.
— Não importa, por favor, continue.
Interessante.
— Eu também queria que ela fosse quem me disseram
que ela era. Eu não queria estar desapontado, nem queria
trazer alguém para este mundo, este mundo. — Eu repeti,
acreditando que ela entenderia o que eu queria dizer.
— Quem não pertencia.
— Mas como?
— Cabelo. Seu e dela.
— Meu? como?
Eu balancei minha cabeça.
— Os detalhes não são importantes. O importante é que
você e Araneae compartilham DNA mitocondrial. Não tivemos
acesso ao DNA de seu marido, mas pelo que me disseram,
apenas as mulheres podem repassar seu DNA mitocondrial
para seus filhos.
Seus dedos chegaram aos lábios quando ela ofegou
novamente.
— O que ela sabe sobre mim?
— Nada até você dizer algo no clube.
— Eu estava em choque.
Pela primeira vez na história, senti uma pontada de culpa
pela maneira que aconteceu, não por afirmar que Araneae era
minha, mas por Annabelle.
Como poderíamos saber que ela também havia mentido?
— Eu gostaria. — Ela disse, seus suaves olhos castanhos
suplicantes.
— De fazer um trabalho melhor de me apresentar.
— Sua cunhada se encontrou com ela esta manhã. Receio
que ela não tenha pavimentado o caminho para uma reunião
de família.
Juíza Landers sentou-se mais alto.
— Sr. Sparrow, eu nunca tive problemas com você. Com
seu pai, sim. Ela está ... minha filha está feliz?
— Esse é o meu objetivo.
Ela assentiu com a cabeça.
— Eu imploro para que ela saiba que eu sonhei em me
reunir com ela um dia, longe desta terra. Com o passar do
tempo, eu tomei decisões necessárias, eu temia que essas
decisões nunca permitissem que essa reunião acontecesse.
Certamente minha filha inocente acabou em um lugar melhor
do que eu um dia iria. E agora você forneceu um meio para que
a reunião ocorra. Por favor, deixe que ela saiba que eu sou
sincera.
— Ela ficou chateado com a Sra. McFadden.
O queixo de Annabelle se levantou enquanto ela inspirou
e expirou.
— Pauline tem jeito com pessoas. Ela não acredita que
seja realmente Araneae. Pauline disse que seu verdadeiro
nome é Kennedy Hawkins. Isso é verdade?
— Verdade é um termo subjetivo. Araneae McCrie foi
declarada falecida. Seu nome legal é Kennedy Hawkins, e
quando se trata de Hawkins, tenho certeza que você fez sua
investigação.
Um sorriso apareceu em seu rosto.
— Eu fiz. Moda em seda. Não é isso ... alguma coisa?
Meu celular vibrou no meu bolso, mas eu me mantive
focado na Juíza Landers. Balançando a cabeça, eu acrescentei.
— Sua filha é alguma coisa. Vou falar com ela, mas um
encontro com você é a decisão dela e só dela. Minha única
condição é que nem Pauline nem Rubio McFadden ou seus
homens são permitidos perto dela.
— Certamente você não acredita em história da
carochinha.
— Qual seria, juíza Landers? — Eu perguntei.
— Que minha filha de alguma forma possui evidências
que Daniel escondeu.
— Você não?
— Eu não. — Ela confirmou com um aceno de cabeça.
— Eu estava lá com meu marido. Recusei-me a saber os
detalhes. Na minha posição nos tribunais, eu não poderia.
Acredito que tudo o que Daniel sabia morreu na noite em que
tirou a própria vida.
Essa foi a história oficial, não a real, mas a que ajudou as
pessoas dormirem à noite.
— Então, novamente. — Ela continuou.
— Eu nunca acreditei que minha filha estivesse viva.
Eu debati dizendo a ela que Araneae não tinha as
informações. Annabelle poderia estar chateada com Pauline,
mas quando se tratava de Rubio, eu não podia ter certeza de
que ela poderia ser confiável.
— No entanto, Araneae não será prejudicada novamente.
Isso inclui Rubio, Pauline e qualquer um dos homens de
McFadden.
A juíza Landers começou a se levantar.
— Sr. Sparrow, não vou mantê-lo por mais tempo.— Ela
enfiou a mão na bolsa e me entregou um cartão.
— Aqui estão os meus números privados. Eu agradeço
pelo seu tempo.
Juntando-me a ela em pé, eu assenti.
— Eu quero que você saiba que eu não a encontrei para
machucar você. — Eu não sei o que me obrigou a lhe dizer
isso, mas eu disse.
— Não, eu acredito que você a encontrou para ferir Rubio,
e eu não me importo. Você a encontrou.— Ela estendeu a mão
para mim e parou, colocando as duas mãos em sua bolsa.
— De alguma forma, por sua causa, vida e esperança
foram autorizados a florescer em um lugar onde eu nunca
pensei que seria possível. Eu escolho acreditar que você é
sincero em querer fazê-la feliz. É tudo que eu sempre quis. Não
importa a razão pela qual você a encontrou, obrigada.
Araneae
Jana nos encontrou com os olhos arregalados em nosso
retorno.
— Está tudo bem?
Se ao menos houvesse uma resposta simples para essa
pergunta. Em vez disso, eu protelei.
— Aconteceu alguma coisa enquanto estávamos fora?
— Não, na maior parte tranquila.
— Por favor, segure todas as ligações, todas. — Enfatizei,
sabendo que havia um homem que podia ser persistente.
— Senhora Hawkins? — Patrick perguntou enquanto eu
me dirigia para o meu escritório.
Virei em sua direção.
— Winnie e eu precisamos continuar a nossa conversa do
quarto de hotel. Nós estávamos em um limite de tempo .
Embora o desacordo tenha se espalhado por Patrick em
ondas e eu sabia que ele queria resposta à pergunta que ele
me enviou, ele não retornou minha declaração com uma
refutação, mas simplesmente um aceno de cabeça.
Quando Winnie e eu estávamos no meu escritório
particular com a porta fechada, eu gesticulei em direção à
mesa, a que ainda estava cheia de esboços para a Sra.
McFadden.
— Eu não tenho nada mais forte, não aqui. Gostaria de
uma xícara de café ou água? — Eu perguntei.
Sacudindo a cabeça, ela se sentou.
— Sinto muito.
Depois de silenciar meu telefone, colocá-lo na minha
bolsa e protegê-lo na gaveta da minha mesa, eu fui até a
estante onde a garrafa de café estava. Servindo-me de uma
xícara de café de uma hora e ainda quente, acrescentei creme
e mexi. Observando os redemoinhos, reuni meus
pensamentos. Depois de um profundo suspiro, continuei.
— Você continua dizendo que está arrependida. Você tem
alguma coisa no cofre dentro do seu quarto de hotel?
Seus olhos azuis olharam para cima.
— O que?
— Você obviamente não pode ficar naquele quarto de
hotel mais uma noite. Aposto que está grampeado.
— Kenni, quem é você? O que diabos está acontecendo?
A pessoa que eu conheço, conhecia, nunca pensaria assim. O
que o agente Hunter disse sobre o Sr. Sparrow sendo perigoso,
ele me convenceu de que era verdade. Ele me fez acreditar que
eu estava ajudando você, entrando em contato com o FBI,
como se estivesse sendo forçada a fazer algo ... de má vontade.
Respirando fundo, eu carreguei meu café para a mesa e
sentei-me.
— Sterling está no setor imobiliário.
— Você mencionou muitas vezes. Parece que talvez haja
um meio-termo entre o monstro que o agente Hunter descreveu
e esse homem por quem você está completamente apaixonada.
Ou talvez seja difícil para você ver com todos os cifrões
rodopiando.
Cifrões?
Eu olhei para cima.
— Explique.
— Você disse que você está morando com ele.
Eu assenti.
— Você tem seu próprio guarda-costas pessoal. Você está
vestindo roupas caras. Eu presumo que a viagem ao Canadá
foi ideia dele. E você parece ... — Ela agitou as mãos minha
direção.
— Eu não sei, diferente. Você sempre foi a mais confiante
de nós, aquela disposta a arriscar. Agora é como se você fosse
... real. — Ela balançou a cabeça novamente.
— Não quero dizer que você pensa que é a melhor, mas
você realmente é. Há um ar. Não é ... caramba, não estou
dizendo isso
direito.
— De nós. — Eu disse.
— O que?
— Você disse que nós, eu era a mais a confiante de nós.
— Sim.
— Suponho que, se eu estou sendo sincera. — Eu disse.
— Eu me sinto traída e decepcionada. Por que você
escolheria discutir Sinful Threads e eu com outra pessoa, não
com Louisa, mas com um estranho? Se existe um nós, não
devemos primeiro levar nossas preocupações uma para outra?
Winnie se inclinou para trás.
— Como você sabe, Louisa está ocupada com o trabalho
e preparações para o bebê. E as preocupações com você não
eram apenas minhas; nós compartilhamos nosso desconforto.
Louisa e eu conversamos sobre sua estranha mudança de
comportamento. Você passou dias sem enviar mensagens de
texto ou e-mail.
— Ele, agente Hunter, não é um estranho, não agora. Ele
veio até mim em Boulder. Na primeira vez, ele não foi franco
comigo sobre quem ele era, dizendo que era um corretor de
seguros e fez perguntas sobre o seu apartamento.
Oh meu Deus. O corretor de seguros loiro que a
proprietária do meu apartamento falou.
— Continue. — Eu disse.
— Você começou a falar sobre o meu comportamento para
um corretor de seguros?
— Ele trouxe você e seu apartamento e depois me
chamou para sair, Kenni. Eu não tinha um encontro em ... —
Ela suspirou.
— Não um encontro com alguém que eu achava atraente.
Eu gosto de nerds, ele era um cara dos números. E bônus, se
eles forem bonitos ... — Winnie se inclinou para frente com as
mãos na mesa.
— Wesley era tudo isso e fácil de conversar. Eu concordei
em beber. Nós começamos falando. Agora me sinto uma total
idiota. Ele não me convidou para sair por minha causa, mas
por sua causa.
Wesley.
— Quando ele confessou quem ele era?
— Em nosso segundo encontro.
Fechei os olhos e inalei.
— Até então. — Ela disse.
— Eu já havia falado sobre meu trabalho na Sinful
Threads. Até conversamos sobre como estávamos expandindo
nossos escritórios para Chicago e que você me ofereceu a
capacidade de comutar. Eu estava muito empolgada. Falo
quando estou empolgada. — Ela olhou para a minha xícara.
— Você se importa se eu tomar um café?
Quando balancei a cabeça, ela se levantou e continuou
falando.
— Ele me disse que ele gostava de mim, e foi por isso que
ele foi sincero. Ele disse que não podia mais mentir para mim,
mesmo que fosse sobre seu trabalho.
— Você deu detalhes específicos sobre ele ou sobre Sinful
Threads?
— Não, eu juro. Pelo menos acho que não. Ele sabia. Uma
vez que ele me disse quem ele era, o que ele era, ele me contou
sobre os números da contabilidade em Chicago não declarada.
Tudo o que ele disse foi algo que todos discutimos. Ele
mencionou que você foi vista publicamente com Sterling
Sparrow e ele temia que de alguma forma Sparrow a
influenciaria para permitir que ele usasse Sinful Threads como
fachada.
Ela sentou-se com sua xícara de café.
— Eu só sabia sobre o setor imobiliário. Eu nunca ouvi
falar de mais nada sobre ele. Essas outras coisas são
verdadeiras? — Ela perguntou.
Minha palma bateu na mesa.
— É verdade que eu permitiria que alguém fizesse alguma
coisa para ferir ou prejudicar a Sinful Threads? É isso que você
está me perguntando?
A expressão de Winnie caiu, a curiosidade se transformou
em tristeza.
— Eu não tinha pensado nisso dessa forma. — Ela olhou
por cima de seu café com mais lágrimas nos olhos.
— Eu sei que você não faria nada para prejudicar a Sinful
Threads. É só que lá parecia ser uma evidência circunstancial
que sustentava tudo o que ele dizia.
— Você está ... namorando o agente Hunter?
— Não. — Ela respondeu muito rapidamente.
— Concordei em falar com você enquanto estava aqui e
sentir a situação. Não queria acreditar no que ele estava
propondo. E, em seguida, esta manhã eu liguei para ele para
que ele soubesse que ele estava errado, que tudo o que o FBI
pensou, eles também estavam errados. Você não estava
fazendo nada contra a sua vontade. Você estava ... apaixonada
por Sterling Sparrow.
— Wesley me disse para encontrá-lo em meu quarto de
hotel. Quando cheguei lá, ele já estava lá.— Ela se levantou e
virou.
— Isso me assustou muito. Ele estava no meu quarto
trancado. Quer dizer, quem faz esse tipo de coisa?
Eu poderia pensar em uma lista de candidatos neste
momento em particular; No entanto, eu fiquei em silêncio,
protegendo-me na ideia de que a pergunta era retórica.
— Wesley disse. — Ela continuou.
— Que eu precisava dar a ele uma chance de falar com
você.
— Agora que você fez tudo isso, o que você realmente
pensa? O que você, Winifred Douglas, acredita? — Perguntei.
— Acho que decepcionei você, que deveria contar a Louisa
e eu deveria ser demitida.
Fechei os olhos e respirou antes de abri-los novamente.
— O que você acha sobre o que agente Hunter disse?
— Eu acho que ele está errado. Eu não sei sobre os
números. Devíamos pedir a Jason para ver isso. Você sabe, um
novo par de olhos? Se alguém estiver usando a Sinful Threads
para algo ilegal, precisamos ser claras com o FBI. Se isso está
acontecendo, minha aposta é em Franco Francesca. Se ele está
fazendo algo, ele deve cair, não a empresa. — Ela encolheu os
ombros.
— Talvez seja um pensamento positivo. Eu não quero
acreditar que seja você ou um homem que você se importa.
— Eu garanto que não sou eu ou Sterling. Pense nisso,
Winnie, quando Sterling não pode estar comigo, ele tem Patrick
ao meu lado, vinte e quatro por dia. Ele sabe o quanto Sinful
Threads significa para mim. As ofertas imobiliárias que o
agente Hunter mencionou são precisas. A Sinful Threads
recebeu acordos melhores que o mercado. Isso não é ilegal. E
não há amarras.
— Nenhuma?
— Não em relação aos negócios.— Minhas bochechas
esquentaram quando eu afastei os pensamentos de cordas ou
lenços e nossa cama de dossel.
— Acho que preciso contar a Louisa, mas só depois do
nascimento de Kennedy. Ela não precisa do estresse. Quanto
a demitir você ... — Pensei em conversar com Sterling e Patrick
e lembrei do que eu tinha dito: Sinful Threads era minha
empresa, minha e de Louisa.
— Eu não quero fazer isso. No entanto, o que eu preciso
de você é uma promessa de que você e Wesley Hunter
terminaram.
Winnie assentiu.
— As outras coisas que você ouviu sobre o meu nome ...—
Eu deixei a frase incompleta.
— Eu-eu não tenho ideia do que ele estava dizendo. Eu
ainda não. Ele nunca mencionou isso antes.
— Se eu pedisse para você esquecer por um tempo, você
poderia?
— É verdade? Você é as três pessoas?
— Não. — Eu disse, sem saber como explicar com
precisão, sem muitos detalhes.
— Eu sou uma pessoa que tinha três identidades, todos
com a idade de dezesseis anos. Eu nunca menti para você ou
Louisa. No momento em que me mudei para Boulder e ela e eu
nos conhecemos, eu tinha me tornado Kennedy Hawkins.—
Quando Winnie não respondeu, eu disse.
— Eu fui adotada quando criança. Os únicos pais que me
lembro não eram Phillip e Debbie Hawkins. Essas pessoas
nunca existiram. Quando a minha mãe adotiva me enviou a
Boulder, ela me disse para me tornar Kennedy, para minha
segurança.
Os olhos de Winnie estavam arregalados como pires.
Eu balancei minha cabeça.
— Por esse motivo, tanto para sua segurança quanto para
a minha, é melhor se continuarmos assim. Se meus
verdadeiros pais adotivos ainda estão vivos, eu não quero
arriscar a segurança deles. Recentemente, tive confirmação do
meu nome de nascimento. Isso faz parte da razão para Patrick.
Meu pai biológico fez alguma coisa e poderia haver pessoas que
querem me fazer mal. — Talvez o meu próprio tio. Eu também
não poderia dizer isso. Tomei um gole de café.
— Você pode deixar por isso mesmo e confiar em mim que
eu não estou fazendo nada ilegal?
— Sim. Se você puder me perdoar.
— Eu posso. Entendo agora que deveria ter
compartilhado mais com você e Louisa mais cedo. Eu
realmente estava muito arrebatada para imaginar como era do
lado de fora. Agora. — Falei.
— Me diga como você se sente com Jana.
— Bem. Ela é uma aprendiz rápida. Eu queria mostrar a
ela como acessar o estoque em todos os nossos vários locais e
cruzar referências, e preenchimento de pedidos, e, em
seguida, como manter isso em linha com a produção. Com os
novos vestidos, a equipe de produção está trabalhando horas
extras. Os vestidos levam mais tempo para criar e produzir do
que um lenço ou pulseira.
Eu sorri, ouvindo Winnie discutindo Sinful Threads,
confirmando que eu estava tomando a decisão correta,
mantendo-a como parte de nossa equipe.
— Eu quero que você mostre a Jana tudo isso hoje. Eu
acho que você deveria voltar para Boulder amanhã. E hoje à
noite, Patrick ou Jana irão reservar outro quarto,
provavelmente em outro hotel. Eles também podem pedir que
alguém pegue suas coisas e a tire do Hilton.
— Mas ... eu iria ficar aqui até sexta-feira, mostraria a
Jana outras coisas e procuraria mais a minha amiga.
Eu balancei minha cabeça.
— Meu amigo disse que se sua amiga quer ficar fora do
radar, não há muito que possa ser feito. Além disso, Louisa
poderia entrar em trabalho de parto a qualquer momento. Eu
sei que Cindy e Paul estão no escritório, mas eu me sentiria
melhor se você estivesse lá.
— Você não quer que eu saia, completamente, da Sinful
Threads ... depois do que eu fiz? — Perguntou Winnie.
— Não, mas preciso saber que você está segura. Como
você disse, o agente Hunter entrou seu quarto sem a sua
permissão. Ele esteve lá por Deus sabe quanto tempo. Não é
seguro.
Winnie assentiu.
— Eu tenho coisas no cofre.
— Dê a combinação para Patrick.
Antes que ela pudesse responder, a porta do escritório da
frente se abriu.
— Jana ... — Comecei a dizer, girando, quando a energia
mudou, fazendo meu coração bater mais rápido. Meu olhar
encontrou o olhar sombrio do homem que eu decidi que
amava. Sua expressão não era de adoração e não estava
direcionada a mim.
Suas características de granito estavam fixadas em
Winnie.
Quanto ele sabia?
— Isto é ... — Eu virei para Winnie enquanto ela
empalideceu diante dos meus olhos.
— Winifred Douglas. — Voltei-me para Sterling.
— E este é Sterling Sparrow.
Sterling
Patrick me informou de sua preocupação, que houvesse
mais pessoas no quarto do hotel com Winnie. Ele ainda não
teve a oportunidade de confirmar com Araneae, mas isso não
importava. Tínhamos o nosso jeito. Tínhamos Reid.
Setenta e dois minutos antes de Winnie voltar para o
hotel, Andrew Walsh entrou no seu quarto, usando uma chave
mestra. Antes da reunião, Reid não tinha olhado para trás no
tempo, só para a frente. Nosso sistema de reconhecimento
facial confirmou-o como Andrew Walsh, da equipe de
McFadden, de Wichita. A diferença entre o homem no
aeroporto e agora era que atualmente havia um crachá
pendurado em seu cinto que não tinha antes. Uma inspeção
mais detalhada do crachá por meio da filmagem de segurança
confirmou que era do FBI. Com essa nova informação veio uma
nova pesquisa por Reid.

Há poucos minutos no telefone ~

— Sparrow, eu sinto muito. Eu não olhei para trás. —


Disse Reid através do telefone.
Eu tentei controlar minha raiva. Araneae estava em
segurança e de volta com Patrick. Aquilo era o objetivo final.
Agora eu precisava saber o que aconteceu naquele quarto.
Por que Winnie tinha um agente do FBI em seu quarto?
— Descubra quem diabos ele realmente é.
Se alguma coisa tivesse acontecido com Araneae, eu
precisaria de um novo par de braços direito confiável. Ambos
tinham estragado tudo. Reid não tinha pesquisado a filmagem
de segurança bem o suficiente, e Patrick tinha permitido que
ela entrasse sozinha no quarto.
Desligando a ligação de Reid, liguei para Patrick.
— Qual a maldita parte de não perdê-la de vista foi difícil
de entender?
— Sparrow, ela pode ser ... convincente. Era um quarto
em um hotel. Eu nunca teria feito isso se eu não pudesse ficar
lá fora. Eu fiquei. Eu teria chutado a porta maldita, se
necessário .
Eu sabia muito bem o quão convincente Araneae poderia
ser.
— Foi uma ordem direta para vocês dois.— Eu o lembrei.
— Você também me disse, na frente dela, para ouvi-la.
Ela gosta de me lembrar isso.
Raiva e histeria devem estar intimamente relacionadas.
Enquanto eu estava prestes a derramar minha ira sobre meu
amigo de confiança, ouvindo-o falar sobre como Araneae era
conivente, me fez sorrir, maldição, eu quase ri.
Quase.
— Onde ela está agora? — Eu perguntei.
— Ela e Winnie entraram no escritório e fecharam a porta.
Eu disse a Araneae que queria falar com ela e ela ... bem, ela
foi para seu escritório com Winnie para terminar a conversa do
hotel. Ela disse que elas tinham um limite de tempo lá. Agora
ela queria conversar.
Minha cabeça balançou enquanto ouvia, imaginando os
lábios atrevidos de Araneae e pescoço esticado com seus
ombros quadrados. Quando ela estava determinada, irradiava
isso por todos os poros.
— Então você não confirmou a presença do agente do FBI
com ela?
— Não.
— Estou a caminho do Sinful Threads. Antes, Araneae
disse que queria fugir. Sou a favor disso. Após esse negócio do
FBI e lidando com Pauline McFadden, minha mãe e a juíza
Landers ...
— Sua mãe? — Perguntou Patrick.
— Como ela entrou na mistura?
— Vou informar você e Reid juntos. Basicamente, a velha
guarda de Chicago, os intrometidos se reuniram. Eles
tentaram convencer Annabelle de que Araneae é uma
impostora. Annabelle não tinha certeza se eu a encontraria se
ela marcasse um horário, então ela pediu ajuda à minha mãe.
Antes de falar com a juíza, Genevieve interveio, pedindo que eu
contasse a mesma história a Annabelle que os velhinhos
haviam inventado.
— Você contou?
Eu olhei para o banco da frente para Garrett.
— Como eu disse, vou informar vocês dois. Prefiro contar
a história sobre minha mãe apenas uma vez. Não deixe
Araneae ou Winifred saírem do escritório. Estou a caminho.
Enviei uma mensagem rápida para Stephanie, dizendo-
lhe que me encontraria com os contratados em um de nossos
projetos esta tarde no canteiro de obras e para me enviar
qualquer outra coisa via email. Eu planejava ficar fora da
cidade pelo resto da semana.
Havia um iate esperando no Columbia Yacht Club ainda
atracado a uma doca, que deveria estar flutuando nas águas
azuis do lago Michigan.
O maldito carro não estava se movendo. O trânsito da
cidade estava em um maldito engarrafamento. Eu observei os
pedestres enquanto se apressavam. Eu poderia chegar a Sinful
Threads mais rápido se eu fosse andando.
Minha mente foi para Andrew Walsh ou quem quer que
fosse. Em Wichita, ele disse a Araneae que seu nome era Mark.
Mandei em uma mensagem de texto para Reid, para ver se ele
poderia ajudar.
Meu celular vibrou. Reid estava na tela.

Wesley Hunter, idade 27, agente de campo FBI, do campo


de Chicago Office.
A única palavra que veio à minha mente foi merda.
Aparentemente, estava trabalhando para McFadden e
Sparrow disfarçado.
Hunter não tinha a mesma idade que seu nome falso. O
que isso significa? O que Hunter descobriu com a equipe de
McFadden? O que ele descobriu sobre a equipe Sparrow? Por
que ele estava com Winnie, e mais importante, o que ele disse
Araneae?
O carro finalmente acelerou, aumentando a uma
velocidade vertiginosa de mais de dez milhas por hora. Quando
paramos novamente, falei para Garrett.
— Porra. Eu posso ver o maldito edifício. Eu vou andando.
Estacione na garagem, se você conseguir chegar lá, e eu vou
avisá-lo quando eu estiver pronto para sair.
— Você vai precisar de mim ou de Patrick? — Ele
perguntou.
— Você. Tenho uma reunião esta tarde.
— Sim senhor. Estarei esperando.
O calor do verão tomou conta de mim quando eu abri a
porta de trás e saí para a rua. Esquivando-me dos carros em
movimento, eu caminhei para a calçada. Com passos largos,
meus sapatos atingindo ao longo do concreto, cruzando a
ponte sobre o canal, até chegar ao prédio em South Wacker.
Um passeio de elevador mais tarde e entrei na Sinful Threads.
Acenando para Jana, eu fui até Patrick e fechei a porta
da sala de conferência.
— Diga-me que elas ainda estão aqui.
— Elas estão.
— Você recebeu a mensagem de Reid?
— Sobre Hunter?
— O que diabos você acha que isso significa? — Eu
perguntei, sentando-me.
— Precisamos saber o que aconteceu naquele quarto de
hotel.
Eu não estava pensando em repreender Patrick por seu
erro. Em vez disso, deixei meu olhar falar. Por fim, perguntei.
— Quanto tempo elas estão lá?
Ele olhou para o relógio.
— Vinte a vinte e cinco minutos.
Respirando fundo, eu levantei.
— Isso está terminado. Reserve um voo para Winifred. Ela
voltará para Boulder hoje à tarde ou hoje à noite. O que você
conseguir.
Patrick teve o bom senso de simplesmente concordar
enquanto olhava para baixo e começou a digitar as teclas do
seu laptop.
— Há um às quatro horas esta tarde, e sete e vinte hoje à
noite, ambos os voos diretos para Boulder.
— Prefiro às quatro horas, mas devemos deixá-la
terminar o dia com Jana e pegar o voo das sete e vinte. Você
acredita que Jana pode continuar com Winifred e manter a
calma?
— Ela pode. — Disse Patrick.
— Ela e eu conversamos depois que voltamos. Eu disse a
ela para ter cuidado com qualquer discussão que não seja
centrado na Sinful Threads. Ela é boa, Sparrow. Ela levaria
uma bala antes de decepcioná-lo.
Assentindo, levantei-me e abri a porta do escritório
central.
— Sr. Sparrow. — Disse Jana.
— Jana, ouvi dizer que as coisas estão funcionando bem
com você na Sinful Threads.
— Estou tentando, senhor.— Um sorriso se espalhou por
seu rosto.
Se eu me importasse, notaria que era mais genuíno do
que o seu sorriso habitual no avião. Talvez eu tenha me
importado porque minhas bochechas também subiram.
— Obrigado pela sua dedicação.
— Obrigada por sua fé em mim.
— Este trabalho foi devido a Patrick, com a decisão final
sendo de Araneae. Sinfull Threads é toda dela, bem, e da Sra.
Toney. — Inclinei meu queixo na direção ao escritório de
Araneae.
— Eu vou entrar.
Jana ficou pálida.
— Senhor, ela pediu para não ser perturbada.
Jana achou que ela poderia me parar?
— Ela pediu? — Eu perguntei, meus olhos arregalados.
— Bem ... hum ... ela disse para segurar todas as ligações,
todas.
Eu balancei a cabeça.
— Então continue fazendo isso, Jana. Nenhuma ligação.
— Mas...
Não fiquei para ouvir o que ela planejava dizer.
Alcançando a maçaneta no escritório de Araneae, abri a porta
e examinei o que havia dentro. Considerando tudo o que
ocorreu, ver Araneae e Winnie conversando e tomando café não
foi o que eu esperava.
Araneae virou em minha direção e, ao mesmo tempo,
Winnie ficou branca como um fantasma.
— Isto é. — Araneae disse com um sorriso.
— Winifred Douglas. E este é Sterling Sparrow.
Eu me aproximei de Araneae.
— Kennedy. — O nome parecia estranho na minha
língua. Não só estava incorreto, mas na minha opinião, o nome
não se encaixava nela. Araneae parecia forte e resistente como
uma aranha. Não havia nada errado com o nome Kennedy;
simplesmente não descrevia a mulher deslumbrante e incrível
diante de mim, aquela que era minha.
— Sterling. — Disse ela, em pé.
— Senhora Douglas, eu ouvi muito sobre você. — Eu
disse, decidindo conversar a sós com Araneae sobre o FBI.
— Como eu... ouvi falar de você. — Disse Winnie,
levantando-se e estendendo a mão.
Depois de apertar as mãos, ela voltou a sentar.
Eu olhei para Araneae, seu sorriso, equilíbrio e confiança.
Quando entrei neste escritório, planejava entrar e dizer a
Winnie que ela tinha que ir embora hoje. Eu a queria fora por
causa do FBI e por causa de sua associação com Leslie Milton.
Agora, no entanto, parado aqui, eu não sabia se era o
movimento certo.
Se Winnie estivesse indo embora, precisava ser a escolha
de Araneae. Este não era o momento de fazer a minha decisão
unilateral de costume.
— Sua mensagem. — Eu disse, referindo-me ao que dizia
que precisávamos conversar.
— Sim. — Araneae me disse. Virando-se para Winnie, ela
continuou.
— Se você puder desculpar o Sr. Sparrow e eu. Encontre
Patrick e dê-lhe as informações de seu quarto de hotel e
seguro. Ele vai organizar para pegar todas as suas coisas. Ele
também pode reservar-lhe um outro quarto para esta noite e
colocá-la em um voo para amanhã .
Winnie assentiu.
Limpei a garganta, fazendo com que ambas as mulheres
olhassem em minha direção.
— Eu acredito que ele pode ter encontrado um voo para
hoje à noite.
Araneae endireitou seu pescoço enquanto seus olhos se
estreitaram em minha direção. E, em seguida, em vez de
discutir, ela virou-se para Winnie.
— Descubra os horários. Se for tarde o suficiente, você
pode trabalhar com Jana e não se preocupar com outro quarto
de hotel.
Winnie assentiu.
— Sinto muito.
— Eu também. — Disse Araneae, estendendo a mão e
abraçando os ombros de Winnie.
— Nós vamos passar por isso. Louisa precisa de você de
volta em Boulder.
— Obrigada, Kenni. — Winnie disse enquanto corria para
a porta.
Havia um milhão de assuntos prontos para eu abordar, e
ainda quando a porta se fechou, meu primeiro instinto foi
alcançar os quadris de Araneae, abrir meus dedos sobre sua
bunda e puxá-la contra mim. Quando seus peitos bateram no
meu peito, minha boca encontrou a dela, saboreando café e
doçura. Beliscando e puxando, eu persisti até que seus lábios
se abriram e nossas línguas se moveram em sincronia.
Enquanto as suas mãos subiam pelo meu peito até meus
ombros, seu escritório se encheu dos sons suaves de seus
gemidos e choramingos.
Quando nos afastamos, olhei para seus olhos aveludados
de chocolate e o meu sorriso tornou-se ameaçador.
— Eu vou ser o secretário, desde que eu seja o único a
transar com você. — Eu balancei minha cabeça.
— E depois de sua façanha de hoje, a sua bunda.
Seus lábios se viraram para cima, enquanto ela me
silenciou com o dedo.
— Nós precisamos conversar primeiro.
Peguei a sua mão quando nos sentamos no canto da
mesa, nossos dedos entrelaçados.
— Eu acho que nós precisamos instituir uma nova regra.
— Oh, você precisa?
— Sim, não fale até que a merda esteja pronta.
Seu ombro esbelto encolheu os ombros, destacando seu
pescoço longo e sensual.
— Agora, provavelmente existe uma regra com a qual eu
poderia viver.
— Eu falei com... — Dissemos em uníssono. Mas a
conclusão da frase era diferente.
— A sua mãe. — Eu disse.
Enquanto simultaneamente, Araneae disse.
— Um agente do FBI.
Nós dois respiramos fundo.
— Você estava certa. — Eu finalmente disse.
— Nós precisamos conversar.
— Você não está chateado? — Perguntou ela.
— Que você entrou sozinha naquele quarto? Eu estou
lívido. Que você está me dizendo a verdade do que aconteceu?
— Minha cabeça balançou.
— Eu disse a você antes. Nunca tenha medo de me dizer
a verdade. Nós vamos lidar com o que vier em nossa direção
juntos. Apenas tenha medo da minha reação às mentiras e
meias-verdades porque... — Corri meus dedos ao longo de sua
bochecha.
— São a mesma coisa.
Ela assentiu.
— Espero que você queira dizer isso porque tenho muito
a dizer. — Sua cabeça inclinada para o lado.
— E eu quero saber sobre a minha ... Annabelle.
— Há algo mais importante que eu preciso dizer em
primeiro lugar.
— O quê? — Ela perguntou.
— Trata-se de algo que você disse hoje cedo.
— Droga, Sterling, muito tem sido dito.
Levantando a sua mão que estava na minha, eu rocei
meus lábios sobre os nós dos dedos e respirei fundo. Isso
precisava ser dito antes de mais nada.
Araneae
— Antes de nos separarmos. — Sterling disse.
— Você me disse algo. Com tudo o que está acontecendo,
o que você disse estava no fundo dos meus pensamentos. Ver
você aqui... — O olhar de Sterling me examinou do topo da
minha cabeça até a ponta dos meus sapatos. A cada
centímetro, seu olhar enviava faíscas sobre minha carne até
que o fogo ardia em seus olhos sombrios e minha pele estava
em chamas.
— Trouxe sua declaração de volta.
Arrepios picavam sob a ferida quando me lembrei de dizer
que o amava.
— Sterling, eu...
Foi a vez dele de me silenciar com um dedo nos lábios
enquanto ele se aproximava e o aroma apimentado de sua
colônia enchia meus sentidos.
— Não, Araneae, eu trouxe você para uma tempestade de
merda.— Sua cabeça balançou.
— A maldita da coisa está girando a nossa volta, e ainda
assim, quando estou com você, segurando sua mão, olhando
como você é incrivelmente bonita, majestosa e forte no meio
dessa bagunça, fico impressionado. — Sua mão livre acariciou
minha bochecha.
— Você me surpreende continuamente. Esteja você
lidando com idiotas como Pauline ou enfrentando o que quer
que diabos aconteceu com Winnie naquele quarto de hotel ...
— Ele respirou fundo.
— E se eu fosse metade do homem que as pessoas
pensam que eu sou, eu faria tudo ao meu alcance para
devolver a vida que roubei de você. Eu colocaria cem homens
e mulheres em Boulder para mantê-la segura e deixá-la sair
deste mundo sombrio. Eu deixaria você viver sua vida como
Kennedy Hawkins.
Espere o que? Deixar-me sair desta?
Minha cabeça balançou mas ele continuou.
— Eu não posso fazer nada disso. — Seu maxilar cerrou.
— Isso não é verdade. Eu poderia, mas não vou. Eu nunca
vou deixar você ir. Você é minha. Hoje você disse que me ama.
Meus lábios se voltaram para cima quando eu assenti.
— Não é preciso dizer ... — Ele respirou fundo.
— Que eu sou um homem de coração frio capaz de coisas
horríveis.
Seu dedo agora se foi.
— Não, Sterling, não é isso que eu vejo.
— Estou feliz. Eu não quero que você veja isso. Quando
estou com você, até eu consigo esquecer essa parte de mim.
Araneae, eu sei que você era minha desde que eu tinha treze
anos de idade. Eu nunca duvidei disso.
Ele segurou minhas duas bochechas e olhou nos meus
olhos enquanto o silêncio ao nosso redor crescia. A cada
segundo, meu coração batia mais rápido enquanto esperava
ansiosamente o que ele estava prestes a dizer. Enquanto o
relógio passava, eu temia que talvez meu sentimento não fosse
recíproco.
Finalmente ele falou.
— Como eu disse antes, sabia que você era minha. Eu a
observava. À medida que crescia. — Sua mão livre roçou a
lateral do meu peito.
— E você se tornou tão sexy, eu sabia que teria você. Eu
a faria minha. Nada disso foi uma surpresa.
— Sterling?
— Araneae, mesmo com tudo isso, eu nunca esperava
amá-la. Eu nunca esperei amar alguém, nunca.— Seus lábios
roçaram os meus.
— A história que você contou a Louisa e Winnie, aquilo
sobre se apaixonar por mim?
Com o meu rosto ainda ao seu alcance, eu assenti.
— Luz do sol, você entendeu errado. Desde aquela
primeira reunião no centro de distribuição da Sinful Threads,
você me deixou completamente apaixonado, eu deveria ter dito
a você naquela noite quando eu prendi seu corpo sexy na
parede que eu a amei, mas se eu tivesse dito, você
provavelmente não teria acreditado em mim. Espero que você
acredite em mim agora. Araneae McCrie, eu amo você.
Nós dois nos inclinamos para frente até nossos lábios se
unirem. À medida que nosso beijo se aprofundava, o calor
inundava minha circulação como uma fonte quente para um
riacho congelado, cada segundo descongelando o gelo do
inverno.
Sterling pode se ver como desagradável; no entanto, o que
ele não entendeu, nem talvez eu, era que sem perceber, eu me
sentia da mesma maneira sobre mim mesma. Se eu fosse
adorável, não teria sido abandonada duas vezes com a idade
de dezesseis anos. Todos os outros relacionamentos desde
então, exceto Louisa e sua família, eu terminei, talvez porque
temesse que, se não o fizesse, mais uma vez ficaria para trás
ou seria obrigada a ir embora.
A possessividade de Sterling, sua declaração de
propriedade me irritava e me tranquilizava ao mesmo tempo.
Eu era dele, o que significava que ele era meu. A tempestade
de merda, como ele a chamou, poderia continuar soprando
enquanto estivéssemos juntos.
Quando nosso beijo terminou, sorri, encarando seu olhar
sombrio.
— Eu quis dizer isso, eu amo você também, e eu acredito
em você. Eu acredito em tudo que você me contou. Eu sei que
você é imperfeito, como eu. O que importa para mim é que,
quando estamos juntos, somos honestos um com o outro, sem
mentiras ou segredos. Quando estamos fazendo bem um ao
outro.
— Eu não mereço você, porra.
— Você está preso comigo. — Eu disse com um sorriso.
— Você vai me dizer como foi com a minha mãe?
Sterling assentiu.
— Eu vou. Em primeiro lugar, o que aconteceu com
Winnie?
Depois de pedir a Jana para nos pedir o almoço,
sentamos à mesa e conversamos.
Eu fui completamente honesta, dizendo a Sterling como
o agente Wesley Hunter aproximou-se de Winnie em Boulder,
inicialmente fingindo ser um corretor de seguros. E então como
ele a convidou para sair.
— Suas amigas em Boulder estão sendo vigiadas. Estou
chateado que eles não perceberam isso. — Disse Sterling,
agora de pé e andando enquanto eu contava a história.
— Elas não tinham nenhuma razão para suspeitar de
agentes federais. Elas estão sendo vigiadas... Porquê?— Eu
queria a confirmação.
Parando na minha frente, Sterling pegou meus ombros e
me incentivou a ficar de pé.
— Você me pediu para mantê-las seguras. Todos os
associados a você podem ser considerados um risco. Você vê
isso agora? É isso que Hunter está fazendo, aproveitando-se de
suas amigas.
Engolindo em seco, eu assenti.
— Ele disse que eles ofereceriam proteção a testemunhas,
não apenas para Winnie, mas Jason, Louisa e o bebê. Ele
acusou você de usar a Sinful Threads para transações ilegais,
ameaçando minha empresa. Isso me lembrou quando você
ameaçou as mesmas pessoas e coisas para me levar para
Chicago.
— Luz do sol, eu disse que faço coisas ruins. Isso não
significa que eu deixaria nada acontecer com alguém que você
ama ou com uma empresa que você concebeu.
— Então, em primeiro lugar. — Eu disse.
— Mantenha-se seguro porque você é uma dessas
pessoas.— Foi então que me lembrei de outra coisa.
— Parecia que Hunter tinha informações sobre McFadden
desde quando se infiltrou no grupo McFadden. Ele disse que
não podia discutir, mas colocou as peças em ordem. Se você
não tivesse me dito ... eu não teria entendido. Hunter não está
satisfeito em apenas derrubar McFadden. Ele quer vocês dois
e quer que eu o ajude a obter evidências concretas. Ele disse
algo sobre poder trabalhar no vácuo.
Sterling riu.
— Ele é um idiota.
— Porquê?
— Ele não é um idiota por dizer que pode trabalhar no
vácuo. Ele tem razão. Ele é um idiota se ele pensa que remover
o grupo de McFadden e Sparrow resolverá o problema criminal
em Chicago. Pense na ... — Ele contemplou.
— Natureza.
— Ok.
— Há muito tempo, os Grandes Lagos estavam cercados
de florestas. O ecossistema estava equilibrado. E então, com o
tempo, os predadores, os grandes, foram mortos pelo homem
ou afastados para o norte. — Seu sorriso cresceu.
— Lembra o que Rita disse sobre caminhadas em
Ontário?
— Ursos. — Eu disse com um arrepio.
— Certo. É questão de equilíbrio. Ursos não matam por
matar. Eles matam para sobreviver, para comer. Quando o
ecossistema está em equilíbrio, as criaturas menores são
monitoradas e sua população é mantida sob controle. Hoje,
inferno, provavelmente literalmente hoje, se você dirigir pelas
estradas rurais de Illinois ou Wisconsin, você encontrará
vários cervos ao lado da estrada, morto por um automóvel. A
população de veados é tão alta, que eles morrem de fome no
inverno. Seus predadores naturais desapareceram. Mesmo os
menores predadores, raposas e lobos estão sendo afastados ou
mortos.
— Por que isso faz de Hunter um idiota?
— Porque ele acha que, se ele tirar as principais
potências, Chicago estará livre de crimes. Ele está
completamente atrasado. Se McFadden e Sparrow
desaparecessem, todos os pequenos ladrões, traficantes de
drogas, cobradores de apostas e cafetões disputariam a
primeira posição. No momento, mantemos esses canalhas na
linha. Sem nós, esta cidade implodiria.
Isso me fez pensar no Rei Leão, no que aconteceu quando
Scar permitiu que as hienas governassem a terra. Eu assenti.
— É seu trabalho manter Chicago com boa aparência do
lado de fora.
Sterling sorriu.
— Você está ouvindo.
— Eu estou. Eu acho que é por isso que eu não acreditei
nele quando ele disse que você estava mentindo para mim.
— Ele disse isso?
— Sim. E se você não compartilhasse meus segredos e os
seus comigo, acho que poderia ter acreditado nele. — Peguei a
mão grande de Sterling e a segurei na palma de uma das
minhas. Passando a unha por sua palma estendida, tracei as
linhas até olhar para o seu rosto incrivelmente bonito.
— Não tenho certeza de que tipo de pessoa eu sou, mas
prefiro nunca saber as coisas que o mantêm acordado à noite.
O que sei, Sterling Sparrow, é que essas mãos podem ser
amorosas, sensuais e protetoras. Elas me trouxeram mais
adoração e prazer do que eu imaginava ter.
— Elas também podem avermelhar sua bunda, e depois
daquela façanha no hotel, isso está na agenda delas para hoje
à noite.
Inclinei minha cabeça e olhei para ele com olhos velados.
— Veja bem, se Patrick tivesse entrado naquele quarto,
nunca teria descoberto o que soube sobre o agente Hunter e os
planos do FBI. Então, realmente, foi uma boa jogada.
Uma batida na porta redirecionou nossa atenção.
Quando nós dois nos viramos, Sterling sussurrou.
— Boa tentativa. Sua bunda é minha.
Com uma nova camada de arrepios, falei para a porta.
— Quem é?
— Jana. Eu trouxe o almoço de vocês.
— Entre.
Uma vez que estávamos sozinhos novamente, Sterling
perguntou.
— Hunter quer que você se reporte a ele sobre mim?
Eu assenti.
— Ele realmente ofereceu a você essa opção?
— Sim. Eu disse para ele ir se foder.
Os lábios de Sterling curvaram para cima.
— Embora não ache que essas foram suas palavras
exatas com o agente, elas foram quando você me disse isso.
Sorri.
— Talvez tenha aprendido minha lição com isso.—
Inclinei a cabeça.
— Prefiro que você me foda.
Ele balançou sua cabeça.
— Somos dois.
Olhando para a salada de frango grelhada diante de mim,
perguntei.
— Se você me contar sobre minha mãe, perderei o
apetite?
— Eu disse a você que Reid, Patrick, e eu fizemos
investigações.
Eu assenti enquanto mordia.
— Eu também fui honesto que havia algumas coisas que
precisávamos considerar hipóteses. Hoje soube algo que
honestamente nunca presumi.
— O quê?
— Annabelle Landers não a entregou aos Marshes.
Coloquei meu garfo para baixo.
— O quê?
Sua cabeça balançou.
— Não. Ela ... caramba, isso não é fácil de dizer.
— Diga-me, Sterling. Você prometeu. — Ele prometeu
estar comigo quando eu soubesse o bem ou o mal.
— Ela queria muito você. Ela ainda quer. Ela não foi como
Pauline. O comportamento dela foi... — Ele parecia pesar as
melhores palavras.
— Respeitoso e hesitante. Ela me disse que depois que
deu à luz, ela recebeu um bebê falecido, um com cabelos
escuros. Ela segurou, pensando que era você.
Oh ,meu Deus.
Lágrimas ardiam no fundo dos meus olhos.
— Como isso é possível?
Ele sorriu.
— Essa foi a mesma pergunta que ela fez. Como era
possível que a criança morta que ela segurou e enterrou agora
esteja viva?
Meu estômago revirou quando o pouco de salada se
agitou.
— Talvez ... talvez você esteja errado. Talvez eu não seja
Araneae.— O pânico borbulhou no meu estômago.
— Oh, Deus. E se você estiver errado?
— Você a viu, Annabelle. — Disse ele.
— O que você acha?
— Eu-eu não sei o que pensar. Nossa coloração é
semelhante.
— A primeira pergunta dela foi como, não se você é quem
eu digo que é. Ela disse que quando seus olhos se encontraram
no espelho do banheiro do clube, ela sabia. Em seu coração,
ela sabia.
Levantei-me e caminhei até minha mesa e de volta,
torcendo minhas mãos quando me lembrei daquela noite.
— Ela me assustou. O jeito que ela estava olhando para
mim. — Lembrei-me dela agarrando meu pulso.
— Ela me perguntou sobre a pulseira.
Sterling assentiu novamente.
— Vocês duas têm alguns dos mesmos trejeitos.
— Você fez isso?— Perguntei, sem saber se poderia abrir
meu coração para outra mãe.
— Se tenho prova de sua linhagem?
— Quero dizer, você parecia muito confiante, mas ela está
dizendo que me viu morrer.
— Ela disse que viu você morta. Não é a mesma coisa,
mas eu não pensei nisso no momento. — Ele apontou para a
salada.
— Sente-se e coma.
Dei um passo hesitante em direção à mesa, mas não me
sentei.
— Eu tenho. — Disse Sterling.
— DNA mitocondrial. É passado apenas de uma mãe para
seus filhos.
As lágrimas que apenas ameaçaram agora inundaram
meus olhos.
— Ela não me deu a Josey? Então, como cheguei lá?
Sterling estendeu a mão e segurou a minha, me puxando
para mais perto até eu cair em seu colo.
— Luz do sol, nós vamos descobrir.
Eu balancei a cabeça enquanto mais lágrimas fluíam e
minha respiração ficou irregular.
— Ela me queria?
Seus braços me cercaram, me abraçando mais perto de
seu peito sólido.
— Ela gostaria de se reapresentar.
— O-o que você disse a ela?
— Eu disse a ela que a decisão era toda sua.
Minhas têmporas latejavam quando eu me inclinei contra
ele, seu coração batendo no meu ouvido enquanto eu chorava.
Era demais. Um mês atrás, eu nunca teria imaginado a
oportunidade de conhecer minha mãe biológica ou defender
meu namorado para minhas amigas ou para um agente do FBI.
Quem poderia imaginar essas coisas?
O encontro com Pauline McFadden foi meu pior pesadelo,
mais rejeição. Eu esperava a mesma coisa de Annabelle. Agora
que ela respondeu de forma diferente, eu estava muito confusa
para tomar uma decisão.
— Shh. — Acalmou Sterling.
— Eu tenho o número dela. Você pode ligar...
Eu balancei minha cabeça.
— Hoje não. É demais.
— Eu entendo. — Seu peito inflou e esvaziou com uma
respiração profunda.
— Nesse mundo, para a juíza Landers ir até minha mãe e
pedir sua ajuda e depois vir ao meu escritório ... foi preciso
muita coragem.
— Sua mãe?
— Não pergunte.
— Ela não gosta de mim.
— Ela não gosta da possibilidade de que você poderia
arruinar seu mundo perfeito de cristal.
— Não tenho nenhuma informação.
Sterling alcançou meu queixo e com a ponta do polegar
enxugou as lágrimas das minhas bochechas, uma e depois a
outra.
— Isto não é sobre a minha mãe. É sobre a sua. Se você
não ligar para a juíza Landers, eu ligarei. Depois da
demonstração de bravura de hoje, ela merece.
Concordei novamente, sentindo um novo respeito de
Sterling pela mulher que me deu vida.
— Ok. Diga a ela que estou considerando isso.
Ele beijou minha testa.
— Eu vou. Eu preciso ir a uma reunião.— Ele olhou para
a minha salada não consumida.
— Depois de comer, vá para casa... — Ele inalou e
reformulou.
— Você consideraria que Patrick leve você para casa
depois de comer? Temos um iate esperando, um com um
convés vazio, onde amanhã pretendo deixá-la nua ao sol.
Eu sorri.
Ele disse que vai.
Minhas bochechas coraram.
— Sr. Sparrow, quem disse que cachorros velhos não
podem aprender novos truques nunca conheceu você.
Seu dedo veio ao meu nariz.
— Não sou velho.
Não, ele não era.
— Mas você está aprendendo novos truques.
Ele me ajudou a ficar de pé enquanto ele também se
levantava.
— Tenho mais alguns truques em mente para ensiná-la
depois de concluirmos nossa discussão sobre sua
desobediência hoje.
Minhas sobrancelhas se ergueram.
— Discussão, isso parece razoável.
Ele piscou enquanto se dirigia para a porta.
— Luz do sol, aproveite para ficar sentada o resto do dia.
Isso não deveria fazer meu interior se contorcer, mas fez.
Rebecca / Josey

Vinte e seis anos atrás

— O que você disse? — Eu perguntei, encarando meu


marido por cinco anos. Ele me acordou quando chegou em
casa de manhã cedo, apreensivo e nervoso para me contar suas
novidades.
Enquanto eu trabalhava para acalmar o aperto de minhas
mãos, percebi que sua ansiedade era contagiante.
— Becky, eu não sei como dizer... além de dizer. Ele me
fez uma oferta. Não tenho certeza se existe uma opção B.
Levantei-me, afastando-me cautelosamente da mesa da
cozinha onde estava sentada e me movi para o fogão. Erguendo
a chaleira, agitei-a, confirmando sua falta de conteúdo.
Enquanto me movia, Neal continuou olhando na minha
direção, esperando por uma resposta. Não tinha uma resposta.
Estava tendo dificuldade para entender sua afirmação.
Uma declaração precisava mesmo de uma resposta?
A cabeça do meu marido estava derrotada quando ele se
apoiou no balcão, os braços cruzados sobre o peito.
Adicionando água à chaleira, coloquei de volta no fogão.
Torcendo a botão, esperei a luz piloto acender o queimador.
Primeiro um assobio e depois com uma explosão de chamas
azuis, ele ganhou vida. Eu ajustei o calor.
— Você vai dizer alguma coisa? — Perguntou Neal.
— Você gostaria de uma xícara de chá?
— Becky.
Sentando na cadeira de madeira dura, balancei minha
cabeça.
— Não-não sei o que dizer.— Olhei para ele quando ele
me olhou debaixo da sobrancelha franzida.
— Posso perguntar o que aconteceu ou como aconteceu?
— Você sabe que eu não posso responder a isso.
— Isso é por causa do seu irmão?
Neal apertou os lábios em uma linha reta quando ele
encolheu os ombros.
— Não é tudo?
— Porquê nós?
Neal deu de ombros.
— Ele sabe que pode confiar em mim, em nós. Eu devo a
ele. Ele sabe que eu nunca vou conseguir quitar a dívida. Se
fizermos isso, estaremos livres.
— Livres? Como estamos livres se ele ainda está nos
observando?— Neal não respondeu. Com a minha crescente
frustração, perguntei.
— De quem é o bebê?
— Não devemos saber.
— Como estamos conseguindo? Ele espera que
sequestremos essa garota?
— Não, ele tem tudo organizado. É a nossa oportunidade
para ter uma família.
Meu estômago revirou com partes iguais de terror e
antecipação enquanto minhas emoções começaram a crescer.
— Droga. Isso não é justo. Você sabe que eu tenho
tentado ficar grávida por anos.
Neal avançou, ajoelhando-se perto da minha cadeira e
colocando a mão no robe que cobria meu joelho.
— Eu sei disso, Becks. Claro que eu sei. Sou eu quem
assisto enquanto você chora toda vez que seu período começa.
Esta é a nossa resposta. Pense disso como um presente.
Meu pescoço se endireitou.
— Allister Sparrow não é Deus. Os bebês vêm de Deus,
não de um homem como ele.
Os lábios de Neal tentaram um sorriso.
— Não é você que diz que Deus trabalha de maneiras
misteriosas?
— E se o Sr. Sparrow mudar de ideia? E se concordarmos
com todos os termos que ele estabeleceu e, um dia, ele vier e
nos tirar o bebê?
— Não. Nós não vamos deixar.
Meu estômago revirou mais.
— Quem vai impedi-lo?
— É uma chance de uma vida totalmente nova para nós.
— Disse Neal novamente.
— Pense nisso. Você, eu, uma criança ... ele disse que é
uma garotinha. — Meu marido se levantou e levantou minhas
mãos.
— A pressão que estamos sofrendo e a dívida
desaparecerão, desaparecerão com essa atribuição. — Ele
gesticulou em torno do nosso apartamento simples de noventa
metros quadrados.
— Esta oferta vem com uma identidade totalmente nova,
para nós dois. Vou poder fazer o que sempre quis. Ter um
emprego legítimo. Ele ofereceu o Boeing. — O rosto do meu
marido ficou mais brilhante.
— E você poderá fazer o que quiser, ser mãe. Pense nisso.
Teremos uma casa num bairro decente, com um quintal e
outras crianças morando nas proximidades. Vamos criá-la
como se fosse nossa.
— Existe um problema. — Eu disse.
— Sempre há um problema com o Sr. Sparrow.
Neal e eu deveríamos saber. Desde que Neal era jovem, o
problema com drogas de sua mãe era sustentado por
prostituição. Seu cafetão estava no grupo de Sparrow.
Obviamente, meu marido não teve a melhor infância. Isso
não significava que a sua mãe não tentou o melhor para Neal.
Suas opções eram limitadas. Ao ouvi-lo contar a história, ela
fez o possível para ajudá-lo a evitar seu caminho, incluindo se
gabar de suas várias habilidades para seu cafetão.
Embora eu não soubesse os detalhes, segundo Neal,
algumas crianças tiveram pior.
Para evitar opções mais sombrias, assim que Neal tinha
idade suficiente, ele foi trabalhar para o cafetão de sua mãe e
se tornou parte do grupo de Sparrow.
Ele começou a traficar drogas e, às vezes, valores. Suas
responsabilidades aumentaram até o dia em que sua mãe
injetou mais do que seu corpo frágil podia suportar. Do nada,
seus avós ressurgiram, jurando que agora que ela falecera, eles
o tirariam de lá.
Mudando-se para Indiana, eles pagaram por sua
faculdade, onde ele estudou Análise de Dados. Neal pegou o
que aprendeu fazendo apostas e contando dinheiro e o
transformou em uma educação valiosa.
Havia um garoto alguns anos mais novo que Neal, que ele
ajudou ao longo dos anos. Embora não fossem parentes de
sangue, eles se chamavam de irmãos.
A mãe de Joey tinha a mesma profissão que a mãe de
Neal. Sua luta com drogas terminou mais cedo.
Neal fez tudo o que pôde para ajudar Joey enquanto eles
eram jovens, trabalhando para mantê-lo no lado mais leve do
mundo sombrio deles. Neal não tinha me contado os detalhes,
mas, de acordo com meu marido, usar drogas, vender para
crianças ou ajudar no jogo dos bastidores era a melhor opção.
Outras eram muito piores. O problema era que, à medida que
envelhecia, Joey fazia mais do que trabalhar nas apostas. Ele
vivia perdendo dinheiro assim que ganhava e, finalmente,
roubando.
Quando Neal e eu nos encontramos na Universidade de
Purdue, não tinha ideia do seu passado. Casamos no último
ano. Foi após a formatura que ele descobriu a dura verdade.
Ele poderia ir além de trabalhar duro para Allister Sparrow,
mas deixar o grupo era impossível.
A afiliação de Neal o precedeu, tornando impossível o
emprego longe de Chicago. A única maneira de ser contratado
em Chicago ou nos arredores era passar por Sparrow. A
maneira como Sparrow viu foi que Neal havia começado com a
equipa de Sparrow. Neal teve a escolha de empregos, desde que
beneficiassem a Sparrow Enterprises.
O sonho do meu marido era aeroespacial e não
imobiliário.
Quando voltamos para Chicago após a faculdade e o
casamento, Sparrow mandou Neal trabalhar nos dois lados da
lei. O trabalho que Allister ofereceu a Neal na Sparrow
Enterprises era simplesmente um gancho legal para mantê-lo
no grupo ilegal de Sparrow para sempre.
— Não sei se há algum problema. — Disse Neal.
— O bebê deve nascer em breve. Temos que nos tornar
pessoas novas, mesmo fisicamente. Ele tem algumas pessoas
que podem fazer algumas dessas coisas. Não sei o que isso
inclui, cirurgias no nariz e maçãs do rosto ...
Apertei meus lábios.
— Cirurgia? Por quê?
— Ele quer que nos escondamos à vista de todos.
— Nós poderíamos nos mudar de Chicago.
— Becks, ele resolveu tudo isso rapidamente.
A chaleira no fogão começou a assobiar, como o alarme
estridente do relógio de Allister Sparrow. Nosso tempo acabou
e precisávamos tomar uma decisão.
De pé novamente, retirei a chaleira do queimador,
apaguei a chama e abri o armário frágil acima, removendo
duas canecas. Meus passos pararam quando a janela acima
da pia chamou minha atenção. Além dos vidros escuros, havia
o mundo em que vivíamos, telhados com chaminés e paredes
de tijolos. O céu estava cinzento, cheio de nuvens de neve no
início de março. Peguei do balcão enquanto os pratos da pia
chocalhavam, e o trem das seis e quinze passava correndo nos
trilhos próximos.
— E se dissermos não?
— Eu não tenho certeza. Veja o que aconteceu com Joey.
No ano seguinte à nossa formatura, o corpo de Joey, ou o
que restou dele, foi encontrado flutuando em um tambor de
ácido de cinquenta e cinco litros atrás de um armazém no sul
de Chicago. Desde então, Neal é responsabilizado pelo dinheiro
que Joey gastou. Com o juros acumulado, é uma dívida que ele
nunca poderia pagar.
— Se dissermos que sim? — Eu perguntei.
— Eu ligo para ele hoje à noite. Eles virão nos buscar. —
Ele gesticulou pela sala.
— Deixaremos tudo isso para trás. O Sr. Sparrow disse
que poderíamos fazer uma cirurgia hoje à noite ou amanhã. A
seguir, nossas identidades: novos nomes, uma casa, um
emprego e uma vida fora deste apartamento sombrio.— Ele
virou meus ombros em direção a ele.
— A vida que você merece.
— E o meu trabalho agora e o seu? E os amigos e minha
família? —Não era como se tivéssemos muito. Neal não tinha
família e tudo que eu tinha era uma irmã que morava em
Evansville, Indiana, com o marido e dois filhos.
— Temos que desaparecer, desaparecer no ar. Imagine
uma menina em seus braços. Nós seremos uma família.
Eu respirei fundo.
— Se dissermos não, o que acontece com ela, a bebê?
Neal encolheu os ombros.
— Eu não posso dizer. Honestamente, eu não sei.
Minha mente se encheu dos horrores dos Sparrow. O que
aquele homem faria com um bebê? Eu não podia nem pensar
nisso. Virei-me para Neal.
— Então, sim.
— Eu amo você, Rebecca Curry. Estou dizendo isso agora,
porque tudo o que sei é que amanhã seu nome terá mudado.
Era demais para processar.
— Você sabe qual será meu nome?
— Eu não deveria, mas eu vi na mesa dele. Você será
Josey Marsh.
— Você?
— Byron Marsh.
Araneae
Embora minha cabeça ainda estivesse latejando no meio
da tarde quando Patrick e eu chegamos ao apartamento, meu
comportamento mudou no momento em que ouvi atividade na
cozinha. Passava um pouco das três e, pela primeira vez,
cheguei em casa antes de Lorna terminar de cozinhar.
Com os fones de ouvido firmemente no lugar, ela não nos
ouviu entrar na cozinha enquanto espalhava ingredientes
sobre o balcão. Colocando minha mochila no chão, me
aproximei.
— Oh! Araneae, você quase me matou de susto. O que
você está fazendo em casa? — Ela olhou para cima quando
Patrick entrou atrás de mim.
— E eu vejo que você trouxe Patrick.
— Tecnicamente, ele me trouxe porque, como você sabe,
eu não posso fazer o maldito elevador funcionar. — Eu olhei
para Patrick.
— Ou dirigir ou ... tenho certeza que, se continuar, há
várias outras coisas que não posso mais fazer.
Patrick sorriu.
— O dinheiro está com você, mas não se esqueça, eu vou
negar.
— Obrigada.
— Você teve um longo dia. Você está bem? Você precisa
de alguma coisa antes de eu ir lá embaixo? — Perguntou.
Eu balancei minha cabeça.
— Não de você. Eu acho que sim de Lorna.
Seus grandes olhos verdes olharam na minha direção.
— De mim? O quê?
— Deixe-me te dar a noite de folga da cozinha. Eu gostaria
de fazer isso.
— Você tem certeza? Patrick acabou de dizer que seu dia
foi longo. Você poderia subir e tomar um banho ou algo assim.
— Você já teve um dia em que está cansada de pensar
nisso? — Perguntei.
— Um dia em que você quer algo mais em sua mente?
— Oh, garota, eu tive...
Fiz um gesto em direção a todos os itens no balcão.
— Eu acho que você tem a solução perfeita.
— Eu posso ajudá-la. — Ela ofereceu.
Chutei os sapatos e andei de meias pelo chão de
mármore.
— Não. Obrigada mesmo assim. Eu não tenho ideia do
que vou fazer, mas quero fazer. — Coloquei minha mão sobre
o ombro de Lorna.
— Por que você não fica de molho em uma bela banheira?
Eu tenho sais de banho no andar de cima, você pode usar.
Ela riu.
— Quem você acha que faz as compras? Eu tenho um
generoso suprimento no térreo.
— Ótimo. Fico feliz em ouvir isso.
Lorna olhou do balcão para mim.
— Você tem certeza?
Acenei com a mão na direção do elevador particular.
— Positivo.
Ela estendeu a mão e cobriu minha mão com a dela.
— Você parece ... mais segura por estar aqui.
Minhas bochechas subiram.
— Lembra quando você me disse que o amor não era algo
que pode ser controlado?
— Sim...
— Eu sei que não estou aqui nem com Sterling há tanto
tempo. No entanto, parece que sempre estivemos juntos. É
difícil de explicar.
— E...
Eu ri, apreciando como era fácil falar com Lorna. Eu disse
a Louisa e Winnie que amava Sterling. Parecia que se Lorna
fosse minha nova amiga, eu não deveria deixá-la de fora.
— E eu estou me apaixonando por ele.
— Apaixonando...?
— Eu caí de cabeça para baixo. Ele pode ser
absolutamente irritante. — Senti-me catártica por estar
conversando com alguém que o conhecia.
— Ele é superprotetor e autoritário. — Sorrindo, lembrei-
me da adição de vontade ao seu pedido para que eu ir para
casa.
— E ele está tentando fazer melhor. Eu acho que minha
maior barreira é a confiança.
Lorna assentiu.
— Você confia nele?
Confio, mas queria a resposta dela.
— Você o conhece há mais tempo. Ele é confiável?
O lábio inferior desapareceu atrás dos dentes da frente.
— Você disse na outra manhã que todos os três homens
partilhavam um cérebro.— Ela zombou novamente.
— Eles compartilham mais do que isso. Um para o outro,
são severamente honestos. Não tenho certeza de que haja algo
que eles não digam. — Suas bochechas ficaram rosas.
— Ok, eu pensei em uma coisa. Esses homens todos
respeitam as mulheres demais para compartilhar nossos
segredos íntimos. Quando se trata de qualquer outra coisa,
sua honestidade não conhece limites.
— Por que eu sinto que há um mas por vir?
— É mais um esclarecimento. Acredito em tudo o que
Reid me diz, e
tudo o que Patrick e Sparrow me dizem também. Sei
também que existem coisas que eles fazem, veem ou sabem
que não me dizem. Acredito que será o mesmo com você. — Ela
encolheu os ombros.
— Alguns veem isso como omissão. Espero que não.
Espero que você opte por entender como eu, proteção.
Exalei.
— Eu ouvi muito essa palavra desde que tudo isso
começou.
— Araneae, eles acreditam nisso em sua essência.
Lembrei-me do que Sterling havia dito sobre dizer a
verdade.
— A omissão não seria considerada uma meia-verdade?
— Sparrow lhe disse onde os três se tornaram amigos,
certo?
— Treinamento básico e, em seguida, eles foram postados
junto com alguém chamado Mason.
Lorna respirou fundo.
— Ele contou a você sobre Mason?
— Não muito, por quê?
Ela balançou a cabeça.
— Não é a minha história para contar.
Foi o mesmo que Sterling disse sobre Jana.
— Sinto que há mais.
— Querida, se ele lhe disse isso tão rápido, ele confia em
você. Isso deveria significar alguma coisa.
Eu assenti. Isso significava alguma coisa.
— Então. — Lorna disse.
— De volta ao Exército. Ele disse que eles fizeram duas
temporadas juntos.
Ela realmente não fez uma pergunta, mas eu assenti.
— É uma meia-verdade se ele não compartilhou o que eles
fizeram, o que viram, o que experimentaram? Você precisa de
tudo isso para que seja a verdade?
Pensei sobre isso.
— Não, eu não. Se ele precisar compartilhar, eu ouviria,
mas seria muito fora do meu domínio de conhecimento.
— Exatamente. Voltando à sua pergunta, eu acho que
ele é confiável? Penso que posso acreditar cem por cento do
que Sparrow, Patrick ou Reid dizem. Também sei em meu
coração que só contei talvez sessenta por cento do que eles
sabem.
— E você está bem com isso? — Perguntei.
— Eu estou. A vida é muito curta para passar o tempo
preocupada com as coisas que não quero saber. Se é
importante para mim, Reid vai me dizer. Caso contrário, eu
prefiro gastar meu tempo com o meu homem fazendo outras
coisas.
Isso me fez sorrir.
Ela bateu levemente no meu braço.
— Eu estava falando de xadrez. Para onde foi sua mente?
— Definitivamente xadrez.— Dei de ombros.
— Talvez damas?
Lorna e eu rimos.
— Última chance para ajuda com o jantar. — Disse ela.
— Não, eu faço isso.— Olhei para a despensa.
— Alguma chance de haver uma caixa de macarrão com
queijo lá?
Seus olhos se arregalaram.
— Diga-me você está brincando ou não vou sair.
— Estou brincando.
— Divirta-se. A propósito. — Ela disse.
— Eu espanei o escritório de Sparrow. Já reparei seu
tabuleiro de xadrez e nenhuma das peças se moveu.
Minhas bochechas esquentaram quando senti o brilho
nos meus olhos.
— Hmm.

Com saladas na geladeira, lasanha de legumes caseira


no forno e um pão fresco pronto para assar, subi as escadas
para finalmente mudar minhas roupas de trabalho. Eu não
podia acreditar que tinha acabado de cortar e misturar e criei
uma refeição vestida com o mesmo vestido caro que eu usava
no escritório.
Minha mente estava muito consumida com a refeição
para pensar em minhas roupas.
Enquanto eu contemplava algo confortável, meu olhar foi
para a parte do armário com vestidos chiques demais para o
trabalho, mais para jantares ou celebrações.
Correndo os materiais luxuosos pelos meus dedos, pensei
momentaneamente em Sinful Threads e Winnie. Balançando a
cabeça, me recusei a pensar nisso agora.
Liguei para Louisa e disse a ela que Winnie estava a
caminho de casa, ela tinha dado certo e poderíamos discutir o
arranjo depois do bebê nascer. E então enviei uma mensagem
para Winnie perguntando se a viagem de volta a Boulder estava
marcada. Ela respondeu dizendo que sim.
Sabia que podia ligar para Patrick e saber os detalhes,
mas agora, estava exausta de lidar com outras pessoas. Eu
estava pronta para uma noite que incluía apenas uma pessoa.
Depois de um banho rápido, refiz minha maquiagem e,
em vez de arrumar meu cabelo, passei a escova. De estar em
um coque o dia todo, as longas madeixas corriam pelas minhas
costas em ondas loiras.
Com meias frescas na altura da coxa como minha única
roupa de baixo, vesti o vestido vermelho que vi pela primeira
vez no avião de Sterling, sim, tinha sido lavado a seco. Depois
de uma rápida visita à gaveta de jóias no armário, adicionei os
brincos de diamante e o longo colar de platina. O único outro
acessório daquela primeira noite foi o par de sandálias de
couro vermelho Saint Laurent.
Com a mistura de pão e óleo e os temperos na mesa,
nossos dois talheres prontos, incluindo copos de vinho e a
lasanha esfriando no fogão, esperei o som de passos.
Eram quase sete horas quando, em vez de passos, o som
característico da porta do elevador me alertou sobre a chegada
de Sterling. Acendendo as velas sobre a mesa na cozinha
escura, esperei enquanto o sol se punha mais baixo sobre o
horizonte, enchendo o céu com tons de vermelho e roxo.
Sterling
Com minha mente disputando entre a reunião com os
empreiteiros e minha ligação com a juíza Landers, a última
coisa que eu esperava era o elevador parar no segundo andar.
Quando isso aconteceu, soltei um longo suspiro e fui até o
sensor que se abriria ao nosso centro de comando.
— Eu deveria mesmo perguntar? — Disse quando fui
recebido por Patrick.
— Onde está Reid?
— Isso não vai demorar muito. Acabei de ver.
— O que?
Ele inclinou a cabeça para a tela do computador.
— Reid tem certas câmeras de trânsito definidas para
vigilância.
Olhei para cima.
— Essa é a casa da juíza Landers.
— Sim, e Rubio McFadden está lá com ela.
Balancei minha cabeça.
— Porra, queria acreditar nela.— Eu informei Reid e
Patrick das minhas conversas matinais.
— Não tenho certeza de que você não possa.
— Existe alguma maneira de ouvir? — Perguntei.
— Não, ela é excessivamente cuidadosa.
— Excessivamente?
Patrick riu.
— Sim, é como se ela morasse nesse mundo e soubesse
que a tecnologia mais comum é vulnerável.
— Alguma ideia do que está acontecendo lá dentro?
— Pelo olhar em seu rosto, ele não está lá para uma
trepada.
— Envie Sparrows para lá. Diga-lhes para ficarem nas
sombras. — Passei a mão pelos cabelos.
— Isso é ridículo, mas se ela vai acabar significando algo
para Araneae, McFadden não vai fazer nada com ela sob minha
vigilância. Tenho certeza que ele ouviu de Pauline sobre a
reunião em Sinful Threads.
— Se ele sabe que Annabelle veio para a Sparrow
Enterprises, ele pode estar infeliz... —
— Vou enviar. — Disse Patrick.
— Qual é o limite?
Respirei fundo.
— Você saberá quando ele cruzar.
Patrick assentiu.
— Suba as escadas
Meus lábios se curvaram para cima.
— É onde eu estava indo.
— A propósito, Winnie embarcou em seu voo. Estará
decolando em vinte minutos.
Exalei.
— Não sei como me sinto sobre ela. Se ela não estivesse
tão intimamente ligada a Araneae, seria eliminada.
Patrick ficou mais alto.
— Diga-me o que você está pensando.
— Eu não sei, porra. — Ele disse.
— Na minha observação, ela é tão teimosa quanto Lorna
e Araneae. Eu acho que Hunter jogou com ela. Ele se
aproveitou de nós.
— De nós?
— Ele viu uma fraqueza, o fato de Araneae, desculpe,
Kennedy, não estar se comunicando. Ele usou isso. Não posso
culpar Winnie por isso. É a mesma coisa que você fez com
Araneae, aproveitando as amigas dela. Pelo que vi, Winnie vive
e respira seu trabalho na Sinful Threads. Ela está perto de
Louisa e Kennedy. Eu tenho que pensar que ela não fez de
proposito para magoar Kennedy. Ela pensou que estava
ajudando.
— Você acredita nisso? — Perguntei.
— Chefe, tento pensar em como os outros veem o mundo.
Se não, não consigo entender as suas decisões. Você, eu e Reid,
vemos todos como uma ameaça em potencial. Até Lorna está
cansada por uma boa causa. Pessoas como Winnie e Araneae
veem o mundo de maneira diferente. — Um sorriso surgiu em
seu rosto.
— Hoje Araneae me disse que estava feliz por eu ser
assustador. — Ele zombou.
— Perguntei se ela pensava que eu era e ela não disse. É
uma confiança nos outros que você e eu nem imaginamos.
Balancei minha cabeça. Eu tinha esse tipo de confiança
em duas pessoas. Eu queria ter em três, mas poderia? Ela
tinha provado isso hoje com a forma como reagiu a esse
agente?
— Fique de olho em Winifred. — Eu disse.
— Talvez você e Araneae estejam certos e ela estivesse
simplesmente tentando ajudar. Não estou convencido.
Ele assentiu.
— É por isso que Sparrows permanece no topo. Exigimos
provas.
— Se ela tiver mais contato com Hunter, quero saber
sobre isso.
— Claro, chefe.
Quando as portas do elevador se fecharam, fiz um resumo
mental do dia.
Um maldito agente do FBI havia oferecido a Araneae a
chance de ser uma informante.
Embora ela tenha sido honesta e tenha me falado sobre
isso, além de recusado, eu não pude deixar de me preocupar
com os pensamentos dela. Ela até disse que ele insinuou que
eu usaria Sinful Threads para atividades ilegais. Eu não. Se
isso importava para ela, importava para mim.
O que algo assim fez com ela, mentalmente?
Isso plantou dúvidas em sua mente sobre mim?
Ela se perguntou se ele estava certo?
Eu queria acreditar que ela não acreditava, que ela quis
dizer o que disse sobre o que sentia.
Um sorriso estúpido flutuou no meu rosto.
Ela disse que me amava.
Porra, eu deveria ter dito isso antes ou mais cedo. A
verdade é que fiquei tão chocado quanto qualquer um. Quem
sabia que Sterling Sparrow era capaz de amar?
O aroma delicioso de algo no ar me encontrou quando as
portas do elevador se abriram para a cobertura, me lembrando
que eu havia deixado a maior parte do meu almoço no
escritório de Araneae. Embora tenha pensado em subir pela
primeira vez, um leve lampejo de luz me chamou em direção à
cozinha.
Uma mariposa para uma chama?
Não, eu era um pássaro, um Sparrow.
No entanto, quando virei a esquina final, fiquei mais uma
vez chocado com a visão diante de mim, a visão que lavou
minhas preocupações anteriores e fez meu coração bater mais
rápido.
Eu nunca admitiria isso a ninguém, exceto ela, mas uma
aranha, não, a aranha, poderia colocar esse maldito pássaro
de joelhos.
Araneae estava extremamente linda, de pé perto da mesa
naquele maldito vestido vermelho, seus cabelos dourados
escorrendo pelas costas, seus seios arfando enquanto ela me
observava sem palavras com um sorriso vermelho brilhante.
Eu olhei para baixo. O decote do vestido mostrava metade de
seus seios perfeitos. E então, em volta da cintura, havia um
avental, um maldito avental dos anos 50, e mais abaixo, as
pernas bem torneadas estavam cobertas de seda e os pés
naqueles saltos altos.
Puta merda.
A matriz de pensamentos sujos que passava pela minha
cabeça agora era um resultado de quão incrivelmente sexy ela
estava. Esta mulher que dirigia Sinful Threads como um CEO
da Fortune 500, que denunciou Pauline McFadden e também
um agente do FBI, estava fazendo todo tipo de coisas para mim,
vestida como uma dona de casa recatada e sexy.
Meu pau estava crescendo a cada segundo.
Enquanto eu andava em sua direção, lutei contra o
sorriso que ansiava por chegar aos meus lábios, fazendo o meu
melhor para ser o predador e não a presa, porque era isso que
ela fazia de mim. Eu disse repetidamente que ela me pertencia.
Era justo mencionar que funcionava nos dois sentidos. Eu
estava absolutamente cativo sob o feitiço dessa mulher linda,
forte e inteligente.
Os lábios pintados de Araneae se abriram com um
suspiro quando minha mão espalhou sobre a parte inferior de
usas costas, puxando suas curvas sensuais em minha direção,
não parando até que minha ereção pressionou contra seu
abdômen e seus seios esmagaram contra o meu peito.
Esta mulher em meus braços era tudo o que eu queria
neste mundo maldito.
Seus olhos de chocolate claro brilhavam com o reflexo das
velas enquanto ela olhava para mim.
— Você está deslumbrante pra caralho. — Era um
eufemismo, se é que eu já disse um.
Suas bochechas subiram.
— Você é meio que bonito.
De uma só vez, levantei sua bunda até o final da barra de
café da manhã e, puxando suas pernas afastadas, me
aproximei.
— Uau, Sterling. Eu tenho o jantar à espera. — Ela disse
com uma risada divertida em sua voz.
Levantei uma sobrancelha.
— E eu pretendo comer. — Eu levantei a bainha do
vestido, expondo a parte de cima das meias sensuais.
Inclinando a cabeça, perguntei em meu tom mais profundo.
— Diga-me o que vou encontrar aqui embaixo.
Seu lábio pintado de vermelho, da mesma cor do vestido,
desapareceu por um momento antes de sua língua disparar e
lamber.
— S-Sterling ...
Eu mexi meus dedos mais acima.
— Isso não é uma resposta, luz do sol.
Com um movimento da minha mão, limpei o balcão atrás
dela, o conteúdo se movendo para trás enquanto deslizava
meus dedos sobre a pele exposta entre seus seios e a empurrei
até que ela estivesse de costas contra o balcão de granito, seus
cabelos loiros derramando ao seu redor em uma auréola
emoldurando seu lindo rosto quando seus olhos se
arregalaram.
— Não se mexa, quero você assim e preciso de minhas
mãos para outra coisa.
— Oh ... Sterling ...
Eu nunca pensei muito no meu nome. Era o que era, um
nome, um escrito em papel timbrado e no topo de edifícios
altos. No entanto, cada vez que vinha em um sussurro ofegante
de seus lábios, era como um maldito Viagra.
Um choque de vida no meu pau.
Eu levantei cada um de seus pés, até que os saltos altos
estavam no balcão e tive a visão ideal da resposta à minha
pergunta, sua perfeita buceta descoberta rosa.
Meus lábios se curvaram.
— Boa menina.
Puxando os quadris em minha direção, os saltos altos
deslizaram na superfície dura.
Ela era perfeita quando suas respirações e gemidos
encheram a cozinha, isto foi quando minha língua encontrou
suas dobras que ela gritou, suas pernas bem torneadas
envolvendo os meus ombros.
— Oh, Sterling ...
Suas mãos se agitaram quando ela alcançou qualquer
coisa para lhe dar vantagem.
Porra, não.
Este era o meu show. Ela pode ter organizado, mas
caramba, eu não pude resistir a assumir.
Minhas lambidelas se tornaram beliscões, pequenas
mordidas em suas coxas, enquanto eu a segurava no lugar.
Seus quadris se contraíram quando eu deixei meus dedos
se juntarem ao ataque. Enrolando-a cada vez com mais força,
eu a trabalhei até o limite e a afastei de novo, de novo e de
novo, até precisar de liberação tanto quanto Araneae.
Recuando, nossos olhos se encontraram.
— O que acontece com boas meninas?
Seus seios arfaram quando ela se apoiou à frente nos
cotovelos.
— Não seja um idiota, Sterling.
Meu sorriso voltou quando ofereci minha mão e a ajudei
a deitar no chão.
Girando-a em direção ao bar, novamente empurrei a
parte superior do corpo em direção ao balcão, as costas
dobradas, os seios achatados e as pernas esticadas quando ela
se moveu na ponta dos pés naqueles sapatos vermelhos
sensuais.
Ela olhou para mim por cima do ombro.
— O que você vai fazer?
Levantei a saia do vestido, como havia feito no avião, e
passei a mão sobre sua bunda bem torneada, mergulhando
meus dedos em sua umidade e depois novamente esfregando
minha palma sobre sua pele quente.
Debrucei-me sobre ela, meus lábios perto de sua orelha e
sussurrei ameaçadoramente.
— Sua escolha, luz do sol. Você não deveria ter entrado
naquele quarto sozinha.
— Eu-eu ...
De pé, tirei o paletó, soltei o cinto e abri o zíper, deixando
meu pau endurecido saltar. Porra, eu estava em agonia. Bolas
azuis e um pau vazando tinham que ser o pior castigo de todos
os tempos, mas eu tinha um argumento a provar.
Seu lábio novamente desapareceu atrás dos dentes.
— Eu-eu quero gozar.
— Então o que isso significa?
Ela deitou a bochecha contra o granito enquanto seus
braços descansavam em ambos os lados da cabeça.
— Porra, me castigue, desde que eu possa gozar.
Droga, eu diria isso de novo. Araneae era a mulher ideal.
Soltando cada um dos meus botões do punho, a deixei
esperar e contemplar a decisão que ela tomou. Seus pés se
mexeram em antecipação enquanto eu arregaçava as mangas,
mas ela permaneceu no lugar. De repente, a cozinha se encheu
com o som de seu grito misturado com o tapa da minha palma
entrando em contato com sua bunda. Inclinei-me para trás
para admirar a representação perfeita da minha mão, sua pele
subindo e ficando avermelhada enquanto minha palma
formigava. Outro para o outro lado e outro. Quando sua bunda
ficou mais vermelha, meu desejo por prazer anulou a
necessidade de fazer cumprir minhas regras.
Puxando seus quadris em minha direção e agarrando
meu pau endurecido, encontrei meu caminho de casa.
— Sterling!
— Você está tão molhada. — E apertada. Sua vagina
estava me estrangulando e foi incrível.
Araneae gemia enquanto empurrava para trás, levando-
me completamente.
Entrando e saindo, eu me inclinei sobre ela novamente.
Plantando um beijo em seu pescoço, eu brinquei.
— Você está ensopada. Eu acho que você pode ter gostado
muito dessa punição.
Ela esticou o pescoço para trás enquanto um sorriso
brotava em seu rosto, dos lábios até os brilhantes olhos
aveludados.
— Se eu nunca admitir isso, você vai continuar fazendo
isso.
Porra mulher perfeita, feita para mim.
A cada impulso, Araneae empurrava para trás, seu corpo
convulsionando e pulsando à minha volta. Chegando à frente,
encontrei seu clitóris. A cozinha se encheu de gemidos quando
nos enrolamos mais alto. Os sons não eram apenas dela; nós
dois estávamos fazendo barulhos, primordiais e selvagens. A
necessidade de não apenas encontrar prazer, mas, satisfazer o
outro me dominou, quando a névoa da nossa conexão ficou
mais forte, girando como um ciclone ao nosso redor.
Não foi até nós dois encontrarmos nossa libertação que
acalmei, nossos corpos ainda estavam conectados e deitei
minha parte superior do corpo sobre a dela. Com meu coração
batendo muito rápido, tirei um pouco de seus longos cabelos
longe de seu lindo rosto.
— Eu amo você.
— Eu também amo você. E eu gosto de dizer isso.
Beijei seus lábios.
— Eu gosto de mostrá-lo.
Ela mexeu debaixo de mim.
— Eu gosto disso também.
Quando finalmente rompemos nossa união, fui até a pia
e umedeci uma toalha de papel. Trazendo de volta, estendi a
Araneae. Quando terminei, olhei em volta da cozinha e
perguntei.
— O que Lorna nos preparou?
Depois de levantar e alisar a saia do vestido, as mãos de
Araneae pousaram nos meus ombros e ela me olhou nos olhos.
— Nada.
O que?
— Mas eu posso sentir o cheiro...
— Eu fiz isso. Cheguei cedo em casa e convenci Lorna a
me deixar cozinhar. E agora, depois da sua pequena recepção
de boas-vindas, estou faminta.
— Pequena?
Ela riu.
— Dificilmente.
Baixei a testa na dela.
— Duvido que o quer que seja vai ser tão bom quanto o
que eu acabei de comer ... — Deixei o sorriso se espalhar pelo
meu rosto quando as bochechas de Araneae ficaram rosa.
— Mas mal posso esperar para experimentar. Está
pronto?
Recostando-se, ela se levantou na ponta dos pés e beijou
minha bochecha. Com os olhos velados, ela disse as palavras
que nunca pensei ir ouvir dela.
— Sim, Sr. Sparrow.
Araneae
Os braços fortes de Sterling vieram ao corrimão enquanto
o calor de seu corpo irradiava atrás de mim, aquecendo minhas
costas cobertas com meu vestido de verão. Suspirando contra
o meu pescoço, o queixo espinhoso aninhou em meu ombro
enquanto o aroma de protetor solar misturado com água de
colônia substituiu o aroma fresco de água.Diante de nós o
interminável azul do Lago Michigan, a superfície brilhando
como diamantes ao sol, enquanto o iate cruzava através das
ondas, levando-nos de volta para o sul de Chicago.
Eu me inclinei contra o peito sólido, absorvendo a beleza
do vento que soprava meu cabelo e o tecido leve do vestido de
verão cobrindo meu biquíni.
— Você está quieta. O que você está pensando? — Ele
perguntou, suas palavras fazendo cócegas no meu pescoço.
Em vez de responder, eu dei de ombros.
— Eu vou dizer a você o que eu estou pensando. — Ele
ofereceu.
Girando dentro da gaiola de seus braços, eu envolvi meus
braços ao redor de seu torso nu tonificado. Olhando para cima,
eu substituí meu ponto de vista das águas azuis para os mais
sombrios olhos castanhos.
— O que você está pensando?
— Da próxima vez que estivermos em um iate, teremos
menos membros de tripulação.
Meu rosto foi beijado pelo sol quando minha cabeça
balançou.
— Estou muito decepcionada com minhas marcas de
bronzeado. Eu prometi que não haveria nenhuma.
Inclinando-se para longe, ele chegou por trás do meu
pescoço onde o meu top do biquíni estava amarrado e puxou o
nó.
— Eu também.
Eu não protestei quando o nó se soltou, sabendo que
Sterling não iria me expor aos outros que estivessem perto.
Essa foi a razão da nossa nudez não ter se estendido às
múltiplas plataformas deste iate gigante; em vez disso, limitou-
se a nossa cabine privada, mais especificamente a suíte
master. Meu sorriso se tornou sensual quando sob o vestido
de verão, a parte superior do meu biquíni caiu, agora só preso
ao redor por uma corda nas minhas costas.
— Faça que não haja uma tripulação. — Disse ele.
— Eu gosto disso. Pode ser um veleiro?
— Se você quer um veleiro, teremos um veleiro.
— Você sabe velejar?
Ele passou o dedo sobre a meu rosto.
— Você encontrou alguma coisa que eu não posso fazer?
— Ainda não. Vou continuar tentando. — Eu olhei para
seus traços esculpidos enquanto ele olhava para além de mim,
para a água.
— Isso, um veleiro ...— Eu disse.
— Algo pequeno apenas para nós dois.
Este iate era maior do que eu imaginava, como tudo com
Sterling Sparrow, seu avião, sua cabana, seu apartamento e
agora este iate fretado. Em quase trinta metros de
comprimento, o nível principal da cabine era maior que o meu
apartamento em Boulder, duas vezes meu apartamento.
Às vezes era fácil esquecer que tínhamos viajado de
Chicago para Mackinac. Enquanto o capitão disse que poderia
ser feito mais rápido, Sterling optou por deixar-nos desfrutar
da solidão de um com o outro e uma tripulação de doze.
Sim doze.
A expressão de Sterling escureceu.
— Você sabe que não podemos ser apenas nós.
Eu balancei a cabeça. Mesmo neste iate, tínhamos
membros de sua segurança como parte dessas doze pessoas
cobrindo nossa retaguarda, certificando-se que estávamos
protegidos.
— Eu odeio que tiramos férias, mas outros precisam
trabalhar.
— É assim que o mundo funciona.
— Você já está cansada da constante vigilância? —
Perguntei.
— Eu não penso nisso, além de saber que está lá, e então
há lugares onde eles são menos invasivos.
— Como a nosso lar.
Ele assentiu.
— Eu adoro ouvir você chamá-lo assim.— Ele levantou
meu queixo.
— Você se divertiu em nossa fuga?
— Eu gostei de cinco dias ininterruptos de sol e sexo?
— Você gostou? — Ele perguntou com seu sorriso
crescendo quando seus olhos escuros brilharam.
Eu levantei meus braços para seus ombros largos.
— Sim, Sr. Sparrow.
— Você sabe que cada vez que você diz isso, eu fico duro?
— Eu acho que a resposta seria a mesma. Sim, Sr.
Sparrow. — Virei-me em direção à água.
— E Mackinac Island.— Eu coloquei minha mão sobre a
dele no corrimão.
— Foi divertido ser pessoas normais.
— Luz do sol, havia segurança.
— Não me diga isso. Deixe-me pensar que por um dia
estávamos livres.
Seu peito retumbou de tanto rir.
— Vamos apenas dizer que a alteração em nossos planos
não foi tão agradável para alguns.
Sorrindo, balancei minha cabeça e lembrei daquele dia.
Eu nem sequer suspeitava que estávamos sendo vigiados. Eu
pensei que era a única vez que estávamos sozinhos, sozinhos
na multidão. O iate parou um pouco além da única ilha onde
fomos recebidos por uma embarcação menor que depois de
cruzar a ilha, ficou ancorada em uma marina particular.

Três dias antes


Mackinac Island era como voltar no tempo. Sem carros
ou veículos motorizados que não fossem carros de bombeiros,
foi uma experiência verdadeiramente memorável, as únicas
opções de transporte eram cavalos ou bicicletas. Eu ouvi falar
desta ilha, mas ver isso foi inesperado e emocionante.
Com a minha mão na de Sterling, andamos pelas
calçadas da histórica cidade, paramos em lojas, e comemos um
fudge incrível. Nós visitamos Fort Mackinac. Em uma
carruagem puxada a cavalo, subimos uma colina até a enorme
varanda da frente do Grand Hotel onde uma mesa estava
esperando para o nosso jantar. As cadeiras com listras verdes
e garçons elegantemente vestidos eram como nada que eu já
vi, clássico, não o brilho e glamour de Chicago ou Nova York.
Depois do jantar, estávamos indo de volta para a marina,
eu puxei a mão de Sterling.
— Temos uma programação? — Eu perguntei.
— Não, o próximo na agenda é levá-la de volta à cabine
do iate e fazer amor com você sob as luzes da Mackinac Bridge.
Isso fez alguma coisa comigo quando Sterling usou as
palavras fazer amor, um calor, uma sensação confusa que
zumbia através da minha circulação, formigando minha pele e
torcendo meu núcleo. Não era a mesma adrenalina de quando
ele disse que queria transar.
Isso foi intenso, uma carga elétrica nas minhas partes
femininas, como a configuração mais alta no vibrador que
Sterling havia descrito antes de nosso primeiro encontro, o que
até agora nós brincamos apenas na privacidade do nosso
quarto.
Ambos as descrições trouxeram um sorriso ao meu rosto.
Este era quem Sterling Sparrow era, um homem que poderia
me fazer querer qualquer lado do sexo que ele oferecesse e,
aparentemente, um brinquedo decadente ou dois.
Para o registro, o plug anal vibrando ainda era um não
sólido.
O calor encheu minhas bochechas enquanto eu
contemplava seus planos: o balanço suave do iate, as luzes da
famosa ponte suspensa pela janela e Sterling monopolizando
todos os meus pensamentos enquanto ele trazia prazer ao meu
corpo.
— Eu gosto disso. — Eu disse.
Ele parou de andar e olhou para mim.
— Eu estou ouvindo alguma hesitação.
— Não sobre o seu plano. É que ... eu não sei se você
quer fazer o que eu quero fazer primeiro.
— Luz do sol, você nunca saberá se você não pedir.
Apontei minha cabeça em direção a uma loja de aluguel
de bicicletas.
Os olhos de Sterling se arregalaram.
— Bicicletas? Você quer andar de bicicleta?
— Uma bicicleta. — Eu corrigi, largando a mão e
apontando para uma bicicleta com dois assentos, um atrás do
outro. Quando olhei para ele, vi as rodas girando em sua
cabeça.
— Você pode dizer não.
Seu peito inflou quando ele respirou profundamente.
— Só estou um pouco preocupado com você, pois não
manterá sua parte no acordo e acabarei pedalando por nós
dois.
— Por toda a ilha. — Eu interrompi com um sorriso.
— Eu ouvi a família ao nosso lado no restaurante falar
sobre isso.
Um jovem na loja saiu.
— Posso ajudá-los?
Sem esperar por Sterling, perguntei.
— Quanto tempo leva para percorrer todo o caminho pela
ilha de bicicleta para dois?
O jovem encolheu os ombros e observou Sterling.
— São 13 quilômetros. Com ele pedalando,
provavelmente pode fazê-lo em menos de uma hora, mas se
vocês pararem, leva mais tempo.
Bem, isso pareceu uma advertência óbvia.
Virei-me para Sterling e inclinei a cabeça,
silenciosamente fazendo o meu apelo.
Com um suspiro, ele pegou sua carteira.
— Quanto para a tandem?
Sim, era assim que a bicicleta para dois era chamada:
tandem.
Nas duas horas seguintes, passeamos pela ilha na M-185
pavimentada, a única rodovia estadual no país que proíbe
carros. Enquanto a ilha era linda, minha visão de Sterling às
vezes era difícil de resistir. Não estávamos tão perto quanto
estava no ATV, e ainda com seus ombros largos e bunda bem
na minha frente, mais de uma vez, meus pensamentos
passaram para o próximo item da nossa programação.
Enquanto andávamos de bicicleta, às vezes estávamos
sozinhos, as vezes cercados por outras pessoas, casais e
famílias. Fizemos como o jovem havia dito e paramos para ver
alguns dos pontos turísticos que, de outra forma, teríamos
perdido, incluindo penhascos com vista para a água e
formações naturais como Arch Rock.
À medida que a viagem avançava, fiquei muito agradecida
pelo assento largo e pedalei mas não tanto quanto Sterling.

De volta ao presente

— Então, por minha causa, um pobre guarda-costas teve


que andar de bicicleta.
Sterling zombou.
— Dois na verdade. Eu contei a Patrick sobre isso, e ele
disse que estava feliz por ainda estar em Chicago.
Eu balancei minha cabeça.
— Gostei de não saber que eles estavam lá. — Eu virei
para ele, minhas costas contra o corrimão.
— Você perguntou o que eu estava pensando antes. Eu
tenho um sentimento estranho. Eu acho que estou com medo
de voltar para Chicago.
Erguendo meu queixo novamente, Sterling trouxe meu
olhar para ele.
— Não.
— Não?
— Isso é algo que pode controlar e fazer. Você está segura.
Você está tão segura lá como você está aqui. — Seus lábios se
curvaram.
— Como você estava nesse passeio de bicicleta.
Eu exalei.
— Não é isso que eu quero dizer. Eu sei que você e Patrick
... — Olhei por cima do ombro.
— E qualquer uma dessas outras pessoas vão me manter
segura. É só que ... eu não sei. Talvez medo não seja a palavra
certa. Eu estou tentando decidir por que me sinto... ansiosa.
Eu acho que é porque eu preciso falar com minha... mãe. Eu
estive pensando sobre isso toda a viagem e bem, é hora de
enfrentá-la. Encará-la.
— Eu estarei com você, se quiser.
Mordi meu próprio lábio quando eu pensei sobre isso. Eu
não sabia se era a resposta certa; em seguida, novamente, se
eu descobrisse alguma coisa, Sterling tinha prometido estar
comigo. Evitando uma resposta, perguntei.
— Devo ir até ela ou ela deve vir a mim? — Meus olhos se
arregalaram.
— Talvez devêssemos nos encontrar em um ponto neutro.
Um café ou algo assim?
A cabeça de Sterling balançou.
— Nenhum lugar neutro.— Seu dedo acariciou minha
bochecha.
— Eu quero confiar nela, por você. No entanto, sob
nenhuma circunstância, eu confio em McFadden. Onde quer
que vocês se encontrem, eu preciso saber que é seguro.
Eu virei para trás, de frente para o parapeito.
— Quanto tempo até estarmos de volta em Chicago?
— Neste momento, estamos nos movendo em
aproximadamente vinte nós.
— Será que isso quer dizer alguma coisa?— Eu apontei
para a água.
— Se eu pudesse ver a terra, onde estaríamos?
— Como você não pode ver a terra, estamos no Lago
Michigan. Temos estado o tempo todo, exceto quando
estávamos no Estreito de Mackinac.
— Você está sendo um idiota.
Ele apontou para onde eu tinha apontado.
— Wisconsin está ali. Se nós formos para o outro lado, é
Michigan.
Eu balancei minha cabeça.
— Sério, Sterling, o sol está se movendo dessa forma. Eu
sei que é oeste. Sei também Geografia. Dê-me uma cidade.
Ele girou-me para me encarar.
— Eu disse, Araneae. Chicago é sua.
Um sorriso veio aos meus lábios.
— Você tem sorte que você é bonito.
— Aproximadamente, ao sul de Milwaukee, a oeste. —
Disse ele.
— E ao sul da Holanda ou Grand Rapids a leste.
— Obrigada.
— Em milhas náuticas estamos a setenta e cinco de
Chicago.
— E a vinte nós, devemos estar de volta ao clube náutico,
em... — Deixei a frase inacabada.
— Três horas.
Eu subi na ponta dos pés e beijei sua bochecha.
— Bem, eu estou indo para a cabine para retirar meu
biquini.
O olhar de Sterling escureceu quando ele balançou a
cabeça lentamente.
— Não, Luz do Sol. Quando eu chegar na cabine, eu vou
desatar o resto dos nós bonitinhos até que eu tenha suas
curvas sensuais e cada centímetro de seu corpo tentador à
minha disposição.
Com o meu coração batendo mais rápido, eu olhei o
homem diante de mim, de cima a baixo, tendo tempo para
visualizar o que estava sob sua sunga.
— Eu acredito que meu negócio era que eu concordaria
somente se você estivesse vestido de acordo.
Ele pegou minha mão, puxando-me para a porta da
cabine.
Como ele estava abrindo a porta, um senhor vestido todo
de branco chamado Willis veio perto do convés. Ele tinha sido
muito atento durante todo o cruzeiro.
— Sr. Sterling.
Algo parecido com um grunhido veio da garganta de
Sterling, trazendo um sorriso ao meu rosto.
— Willis, mencionei que não gostaríamos de ser
perturbados.
— Senhor, eu entendo. É isso...
Sterling levantou a mão de uma forma que iria parar a
maioria das pessoas.
Assentindo, Willis recuou.
— Senhor, eu pensei que você gostaria de saber que o Sr.
Murray está na rede segura. Ele disse que é importante.
Araneae
Nossos cinco dias de felicidade foram lavados com as
notícias de Sterling, até mesmo antes. A partir do segundo que
ele voltou depois de falar com Reid, eu sabia que algo estava
errado.
— Eu disse ao capitão para ir tão rápido quanto possível.
— Disse Sterling, de pé, ainda vestindo sua sunga em nossa
suíte no iate.
Andei para frente e para trás, torcendo minhas mãos
enquanto eu tentava compreender as suas palavras. Elas
estavam tocando repetidamente na minha cabeça, mas eu não
conseguia acreditar que elas eram verdadeiras. Isto não podia
estar acontecendo.
Sterling continuou a falar.
— Vamos estar de volta em Chicago em cerca de uma
hora. — Seu tom era tranquilizador, embora pela sua
expressão, o tom foi exclusivamente para meu benefício, como
se algo pudesse me tranquilizar.
— Eu poderia ter um helicóptero enviado para nós, mas
no momento em que chegar aqui e voltar, ele não iria fazer
muita diferença.
Meus joelhos cederam quando eu afundei até a borda da
cama grande, e minha mente cheia de lembranças.
— O-onde ela poderia estar? — Eu olhei para Sterling.
— Você me disse que ela estava segura.
— Ela estava. Reid e Patrick estão tentando descobrir o
que aconteceu. Eles mandaram os outros lá ou estão a
caminho. Eu lhe disse que estava vigiando as pessoas que você
gosta. Eu estava. Eu não tenho todas as informações. Louisa e
seu marido foram vistos pela última vez por volta das oito
horas da noite passada, no horário de Boulder.
— Reid disse esta manhã que Winnie foi despertada por
um entregador. Dentro do pacote havia um bilhete dizendo-lhe
para não entrar em contato com a polícia, de qualquer tipo. O
bilhete dizia que sabia que ela tinha estado em contato com o
FBI. Ele também disse que Louisa não seria prejudicada se
Winnie seguisse as instruções e aguardasse por mais
instruções .
Quem além de nós sabia sobre o FBI?
Minha cabeça estava tremendo enquanto meu estômago
torcia em revolta. Lágrimas picando a parte de trás de meus
olhos.
— E Jason? E sobre o bebê?
— Araneae, eu não falei com Reid muito tempo. Depois
do que ele me disse, eu queria voltar para você. — Ele soltou
um longo suspiro.
— Pelo que eu entendo, imediatamente após Winnie
receber o pacote, ela tentou ligar para Louisa e Jason. Então
ela pensou em ligar para Patrick.
— Eu não sabia que ele havia lhe dado o número dele.
— Disse-lhe para entrar em contato com ele, se o agente
Hunter ligasse novamente.
Eu assenti.
— Patrick disse a ela para ficar parada. — Disse Sterling.
— Ela não ficou. Ela foi à casa de Louisa. Estava vazia.
— Vazia? Como sem todas as suas coisas?
— Não, significa que não havia ninguém. O bilhete não
mencionou Jason, somente Louisa.
— Eu poderia tentar ligar para ele.
— Até agora, todas as chamadas para qualquer um dos
Toneys foram para o correio de voz.
Meu estômago revirou quando meu corpo tremeu,
tremendo incontrolavelmente das minhas mãos até os dedos
dos pés. Eu segurei minha própria mão, tentando fazer o
tremor parar, mas era como se a temperatura na cabine tivesse
caído vinte graus.
— Deus, ela está grávida. Alguém a levou? Quem faria
isso? — Eu encontrei forças para ficar em pé mas a aceleração
do iate me impulsionou para a frente, fazendo-me perder o
equilíbrio e cair nos braços de Sterling. Imediatamente, eu
recuei com a cabeça balançando.
— Será que eles vão machucá-la? É sobre mim? É sobre
você? E sobre Sinful Threads? — Dei mais um passo para trás.
— Isso não... — Eu balancei a cabeça.
— Não ... me diga que não foi você.
Sterling cambaleou para trás como se as minhas palavras
o tivessem ferido fisicamente. Seus olhos escuros enviaram
relâmpagos em minha direção assim como seu queixo ficou
apertado.
— Você acredita que depois de tudo, que eu machucaria
a sua melhor amiga ou mandaria machucá-la?
Eu não tinha certeza do que pensar.
— Eu-eu não sei. — Lágrimas estavam agora escorrendo
dos meus olhos.
— Você as ameaçou.
A mão de Sterling correu por seu cabelo.
— Porra, Araneae, eu me importo com quem você se
preocupa. Não foi uma ameaça, estava usando a sua fraqueza
para chegar a você. Eu falei isso para você. Eu não faria... —
Como um leão enjaulado ele virou um pequeno círculo como
as cordas em seu pescoço esticadas.
— Sterling, você é o único que continua me dizendo que
você faz coisas ruins. — Eu disse.
— Quem sequestrou minha melhor amiga grávida está
fazendo uma coisa ruim.
Ele assentiu.
— Sim. É por isso que nós vamos trazê-la de volta.
Comecei a pensar sobre o que ele me disse.
— Espera. Winnie acordou com a primeira mensagem?
Sterling assentiu novamente.
— É noite. Há apenas uma hora de diferença. Por que
estamos descobrindo isso apenas agora?
— Patrick já está em Boulder. Reid esperou para
contatar-nos até que eles soubessem mais.
— Será que eles... — Eu perguntei com expectativa.
— Sabem mais?
— Mais do que esta manhã. É por isso que ele nos
contatou. Quem está com Louisa enviou uma nova mensagem:
eles querem falar com você, Kennedy Hawkins.
— Comigo?— Eu olhei para os traços duros com o meu
pulso aumentado, meu sangue fluindo muito rápido, fazendo
o quarto vacilar.
— Ok. Se isso vai ajudá-la, eu vou fazer isso.
— Não, porra.
Dei um passo em sua direção.
— Sterling, este não é o momento para você ser super
protetor.
— O diabo que não é. É exatamente o tempo para eu ser
super protetor. Alguém sequestrou Louisa. Jason está sumido.
Patrick está com Winnie que quer chamar a polícia. Ele a
convenceu a não fazer isso ainda. Shelly, a pessoa que deveria
estar observando todo mundo, está procurando por Louisa.
Eu balancei minha cabeça.
— Eu me lembro deste nome, Shelly. Ela me levou. Ela é
a única que ajudou Jeanne Powell. — Eu estendi a mão,
colocando a mão no braço de Sterling, lembrando dos gatos e
do novo lugar de Jeanne para viver.
— Eu sinto muito. Eu sei que isso não foi você, mas tem
que ter algo a ver comigo, se quiserem falar comigo.— Eu
balancei minha cabeça.
— O fato de que eles pediram por Kennedy e não Araneae,
é uma pista? Eu vou fazer o que quiserem.
— É uma pista ou uma cortina de fumaça. Quando
chegarmos em casa, vamos saber mais.
— E sobre Lucy e Calvin, os pais de Louisa, e Lindsey, a
irmã dela?
— Nós vamos perguntar. Reid não os mencionou.
Minha cabeça caiu para frente enquanto mais lágrimas
vieram.
— Eu tenho sido uma péssima amiga. Ela vai ter um bebê
em breve, e eu estou navegando por todo o lago Michigan. Eu
deveria estar em Sinful Threads. Eu deveria estar em Boulder.
Eu não entendo... — Minhas palavras vieram em partes de
memórias de Louisa e eu como em um loop, desde o tempo do
colégio, a faculdade, a Sinful Threads. A última vez que a vi foi
semanas atrás quando deixei Boulder. Vieram memórias de
seu casamento, ela falando sobre os nomes de seu bebê
Kennedy, e os momentos com sua família.
— Se Reid e Patrick sabiam, eles deveriam ter nos
alertado. Já poderíamos estar de volta em Chicago.
Os braços de Sterling vieram ao meu redor, me segurando
perto de seu peito nu e me cercando. Desta vez, eu não recuei.
Demorei-me, apreciando a forma como a sua gaiola de proteção
a minha volta me fez sentir.
— Só posso supor que Reid e Patrick pensaram que
poderiam lidar com isso. — Suas palavras reverberaram
através de mim, não apenas ouvi, mas senti.
— Eu estendo muita margem de manobra quando se trata
de Reid e Patrick, mais do que com qualquer outra pessoa. Eu
confio neles para tomar as decisões corretas. Eu acredito que
eles pensaram que era certo adiar nos dizer.
Inclinei meu queixo para cima e olhou para suas belas
feições, com o pescoço esticado, mandíbula cerrada, e testa
franzida.
— Sterling, tem mais que você não está me dizendo.
Ele acenou com o queixo acima da minha cabeça.
— Eles também estavam se certificando que estávamos
seguros, que você estava segura.
Eu exalei.
— Neste momento, tudo o que importa são Louisa, Jason,
e o bebê Kennedy. Farei o que Louisa precisar. Vou dizer para
eles me pegarem e a soltarem.
Seu abraço se apertou.
— Eles não são todos que importam. Você é a primeira da
lista nisso. Sempre há uma preocupação de que quando algo
ultrajante acontece, como isso, seja uma distração para baixar
a guarda. E quanto a mudar de lugar, a resposta é não, inferno.
Eu não vou permitir que você faça isso. Nós vamos descobrir
isso. Se é dinheiro que eles querem, não é preciso dizer...
— Eu não posso pedir para você...
— Você não pediu.
Deitando minha cabeça contra o peito dele, o ritmo de seu
coração e aroma de sua pele aliviou um pouco da tensão
enquanto o nosso iate acelerava para o sul.
Olhei para trás quando Sterling continuou seu abraço.
— I-isso tem que ter algo a ver comigo.
— Nós não temos respostas ainda.
Minha testa franziu.
— Estou surpresa que você estaria disposto a fazer um
acordo. Eu acho que eu pensei que você, Reid, e Patrick eram
mais o tipo de armas de fogo.
Ele pegou minha mão e me levou até a cama onde ambos
sentamos.
— Respire. — Ele disse.
— Reid acredita que esta é uma declaração para chamar
sua atenção.
Deixei escapar um longo suspiro.
— Porra, envie-me um texto. Não sequestre minha melhor
amiga.
A ponta do seu polegar passou suavemente por cima da
minha mão.
— Vamos confirmar que ela está segura, e então vamos
descobrir o que eles querem.
— Você acha que é o meu tio?
— Você sabe que eu não sei.
Josey

Vinte e seis anos atrás

O choro da criança veio através do monitor do bebê, me


acordando, quando o relógio sobre o criado-mudo marcava
2:40. A escuridão além das janelas confirmou que era o meio
da noite, ou talvez mais precisamente, o início da manhã.
Com duas semanas de idade, Renee acordava a cada
quatro a cinco horas, e embora eu estivesse exausta, o bebê no
quarto ao lado do nosso quarto já tinha roubado meu coração.
Saindo da cama, deixei Byron, usar nossos novos nomes foi a
parte mais difícil deste trabalho, dormindo em nossa cama e
segui até o quarto do bebê.
Nossa nova casa era tudo o que nos foi prometido e muito
mais. Com três quartos e dois banheiros e meio, situado em
um tranquilo beco sem saída em um perfeito bairro, era um
sonho. Morando em Mount Prospect, Illinois, noroeste do
subúrbio de Chicago, um subúrbio com o lema ‘Onde a
amizade é uma maneira de vida’, não era nada como nosso
apartamento no sul de Chicago.
Enquanto ainda era março e fazia frio, havia vizinhos por
aí, passeando com cães e limpando as calçadas. Muitos
chegaram à nossa porta para nos dar as boas-vindas no bairro.
Minhas maçãs do rosto ainda doíam com a cirurgia
estética, assim como meus olhos.
Felizmente, agora era mais fácil de controlar e mais fácil
de esconder. Meu cabelo foi alterado de marrom para preto
mais escuro e cortado em um estilo popular, mais longo na
frente e mais curto atrás. Senti falta do meu cabelo comprido,
mas reconhecidamente com um recém-nascido, esse estilo era
mais fácil de gerenciar.
As últimas duas semanas e meia foram um turbilhão.
Renee nasceu antes do que o esperado, em um pequeno
hospital na zona rural de Wisconsin. Eu tentei não pensar
também muito sobre o que aconteceu, como eles convenceram
a mulher que sua filha faleceu, ou mesmo onde eles
arranjaram o corpo de uma criança para ela segurar.
Quando me aproximei do berço, a pulseira de ouro no
meu pulso refletia a iluminação da luz noturna no canto. Eu
não conseguia explicar o que me fez usar a pulseira. Talvez
fosse uma homenagem à mulher, uma maneira de me sentir
conectada a ela e ela a Renée. Ela queria que fosse enterrada
com a filha. E parecia certo mantê-la perto de sua filha.
— Não, não, minha doce Renee. Mamãe está com você. —
Eu murmurei, levantando seu pequeno corpo no meu peito e
apoiando sua cabeça pequena. Meus dedos correram
suavemente sobre sua suave auréola de penugem loira, tão
leve que era quase invisível.
— Você é tão forte. — Ela arqueou as costas e levantou
a cabeça antes de permitir que ela caísse de volta para mim.
Em segundos, ela relaxou, não mexendo mais enquanto
eu cantarolava uma canção de ninar que eu lembrava.
Deitando-a sobre o trocador, continuei falando, dizendo a ela
o que não queria esquecer, o que sabia que não poderia dizer
quando ela fosse mais velha.
— Renee, seu nome verdadeiro é Araneae. Estamos
chamando você de Renee, para abreviar. Eu não sei
exatamente por que nós recebemos você, além de você ser um
presente, mas eu acredito que foi para protegê-la. Um dia, você
será mais forte e inteligente. Você não vai precisar de nós, mas
antes desse dia, doce menina, eu estarei aqui e seu pai
também. Sempre saiba que você é amada. — Eu lutei contra a
vontade de chorar, pensando na mulher que nunca iria segurá-
la. Eu não poderia mudar isso, mas eu poderia deixar Renee
saber que ela era querida e amada.
Byron conseguiu reunir alguns fatos.
Não era segredo que algo grande havia acontecido com
um advogado em Chicago, que trabalhou para Allister Sparrow
e Rubio McFadden. Estava em todos os noticiários. O FBI
invadiu seu escritório e casa. O seu nome, Daniel McCrie, rolou
ao longo da parte inferior da tela da TV.
E, em seguida, vimos o obituário.

Os McCries, Daniel McCrie e esposa, a Excelentíssima


Juíza Annabelle Landers, lamentam anunciar a lamentável
perda de sua filha, Araneae McCrie. A criança faleceu menos
de uma hora após o nascimento. A família decidiu que não
haverá serviços públicos. Condolências podem ser feitas na
forma de doações em nome de sua filha para a Universidade
de Chicago School of Law.

Era o nome, o mesmo nome que a mulher no hospital


disse que tinha dado à filha. Não era comum, como Mary ou
Susan. Um nome como esse não era comum. O nome Araneae
tinha sido o que a mulher no hospital tinha dito. Não havia
nenhuma maneira disso ser uma coincidência. O bebê em
nossos cuidados pertencia a um advogado e uma juíza que
moravam em Chicago.
Por que Allister Sparrow tinha se esforçado para manter
este bebê escondido à vista de todos, ainda nos escapava. Tudo
o que sabíamos era que tínhamos sido puxados para esta teia.
O presente de manter a menina segura e criá-la, tinha sido
concedido a nós.
As perninhas de Renee chutavam alegremente enquanto
eu trabalhava para colocá-las de volta em sua pequena manta
cor-de-rosa. Seus suaves olhos castanhos olharam para cima,
enquanto eu a embrulhava, mantendo-a aquecida nesta
manhã fria de primavera. Levantando-a, eu aconcheguei-a
contra meu peito e fui até a cozinha.
Quando eu virei a esquina, Neal, não, Byron, já estava lá.
— O que você está fazendo? Você tem que começar a
trabalhar em breve. Você precisa dormir. — Ele tinha mais um
descanso, o tempo para suas cirurgias curarem.
Um sorriso veio aos meus lábios.
— Eu estou esquentando uma mamadeira.
— Você está?
Ele se aproximou e deu um beijo gentil na cabeça de
Renee e depois um nos meus lábios.
— Nós somos uma equipe. Nós vamos fazer isso e salvá-
la de tudo o que seus pais fizeram.
Um nó se formou na minha garganta.
— Você acha que podemos?
— O trabalho real, aquele na Boeing, vem com dinheiro
real. — Ele olhou em volta.
— A casa está paga. Agora, a nossa única obrigação com
Sparrow é mantê-lo atualizado sobre Renee. Se ele pode nos
transformar em novas pessoas, um dia, podemos fazer o
mesmo.
Eu coloquei Renee volta na dobra do meu braço.
— Você ouviu isso, doce menina? Vai dar tudo certo.
O forno de microondas tocou e Byron abriu a porta,
levantando a mamadeira e apertando suavemente para sentir
o interior.
— Parece boa.
Comecei a sentar-me na cadeira na sala de estar quando
eu parei.
— Você quer alimentá-la? — Perguntei.
Os olhos de Byron se arregalaram.
— Você não vai quebrá-la, eu prometo.
O pomo de adão balançou quando se sentou e estendeu
as mãos. Quando ele a colocou na dobra do seu braço e levou
a mamadeira aos lábios prontos, meu peito doeu, sabendo que
finalmente recebemos o que sempre quisemos, sabendo que o
nosso presente foi à custa de outros.
Sterling
— Nós precisamos de confirmação de que Louisa está
segura. — Eu disse ao meu telefone enquanto Garrett levava
Araneae e eu em direção ao apartamento longe do iate clube.
Olhando para a minha esquerda, vendo o medo nos olhos
de Araneae desde que eu disse a ela o que estava acontecendo
tinha me preparado para pular para fora da minha própria
pele. Eu estendi a mão e cobri sua mão com a minha,
controlando minha raiva e tentando oferecer a ela o que ela
precisava. Seus olhos de chocolate viraram na minha direção,
vidrados de tanto chorar.
— Tudo ficará bem. — Eu murmurei.
— Como as mensagens foram enviadas por um
mensageiro, pessoas reais e não tecnologia, nós ainda não
temos uma maneira de responder. — Disse Patrick através do
meu telefone.
— Reid rastreou cada pacote, mas as informações do
remetente são variadas e leva a becos sem saída.
— De onde elas vêm?
— Denver.
Suspirei.
— Isso é um bom sinal de que eles não a levaram para
longe.
Os olhos de Araneae se arregalaram quando ela olhou na
minha direção.
— O quê? — Eu perguntei a ela.
— Oh, Deus, Sterling, eles não podem levá-la longe. E se
ela entrar em trabalho de parto?
— É por isso que estamos trabalhando nisso. — Eu
respondi, e, em seguida, de volta ao telefone, perguntei Patrick.
— Winnie que está com você?
— Sim. — Sua voz baixou em volume.
— Eu tenho medo de deixá-la sozinha, ela pode fazer algo
para piorar as coisas.
— Eu quero falar com ela. — Disse Araneae.
— Coloque-a no telefone. Araneae quer falar com ela.—
Houve uma hesitação em sua resposta.
— Patrick, ela sabe o que está acontecendo. Ela só quer
ter certeza de que, pelo menos, uma de suas amigas está bem.
— Você é o chefe.
Eu entreguei o telefone para Araneae. Enquanto eu
entregava, o carro em que estávamos avançou, enviando nós
três para a frente, apenas para sermos puxados de volta pelos
cintos de segurança.
— Que porra foi essa?
O eco da derrapada dos pneus veio através do vidro de
proteção de nossas janelas.
Garrett ficou pálido.
— Desculpe senhor. Aquele carro.
Minha cabeça se moveu de um lado para o outro
enquanto um SUV preto corria a rua perpendicular com
fumaça saindo dos pneus. O semáforo diante de nós estava
verde e o tráfego atrás de nós era um coro de buzinas.
— Ele não parou no semáforo, apenas avançou. — Disse
Garrett.
— Porra. — Eu disse.
— Você viu a placa?
— Não. — Ele respondeu, movendo-nos para a frente.
— Eu vou dizer a Reid as ruas transversais, e ver se ele
pode pegá-lo mas câmeras de trânsito.
— Eu vou mandar uma mensagem imediatamente. — Eu
olhei para Araneae ainda falando no meu celular.
Inferno, em Chicago, não era incomum que os motoristas
acelerassem, evitando parar em semáforos quando as
condições o permitiam, quando o tráfego não estava parado.
Por outro lado, com tudo acontecendo, tive dificuldade em
aceitar que o que acabara de ocorrer foi uma coincidência.
— Nada, apenas algo com o tráfego. — Araneae estava
dizendo, com os nós dos dedos pálidos enquanto ela segurava
o meu telefone.
— Por favor deixe Patrick ficar com você. Precisamos
saber que você está segura.
Conversar com Winnie parecia acalmar Araneae, dando-
lhe uma sensação de controle que nós dois precisávamos.
Depois que ela se despediu, prometendo ver Winnie em breve,
ela devolveu meu telefone.
— Eu disse a ela que estaríamos lá hoje à noite.
Eu balancei a cabeça, sabendo que ela não ficaria feliz
com o plano que Patrick, Reid, e eu tínhamos inventado.
— Nós estamos indo para casa primeiro. Eu preciso ver
Reid. Em seguida, o avião estará pronto.
— Prefiro ir agora. Eu quero estar com Winnie e se quem
quer que seja quer falar comigo, preciso chegar o mais rápido
possível.
— Reid em primeiro lugar, não é negociável.
Ela deixou escapar um longo suspiro e se voltou para a
janela.
Se isto fosse obra de McFadden, eu estava certo de que
seu pessoal estaria observando as companhias aéreas, bem
como meu avião privado.
— Se isso é o que nós pensamos, nós provavelmente
estamos sendo observados agora. O único lugar
verdadeiramente seguro é no apartamento.
Ela se virou na minha direção.
— Não há torres de vidro. Este é a minha melhor amiga.
Vou para Boulder.
Estendi a mão para sua bochecha.
— Luz do sol, o avião está sendo abastecido. Se você
quisesse ir por meios normais, que você não pode, em
companhias aéreas comerciais você não iria chegar lá tão
rápido quanto o avião Sparrow mesmo com a parada em casa.
Ela suspirou.
— Eu estou ... Eu não posso nem pensar. Que tipo de
pessoa doente sequestra uma mulher grávida e onde está
Jason? Oh, se alguma coisa ...— As lágrimas novamente fluíam
por suas bochechas.
Sua tristeza foi o ponto de partida para o fogo furioso
dentro de mim, o que eu estava fazendo o meu melhor para me
manter contido. Expressar minha raiva e preocupação que
Louisa estava desaparecida por quase vinte e quatro horas não
ajudaria Araneae.
Recentemente, tínhamos conseguido a confirmação de
uma van branca estacionada na entrada da garagem dos
Toneys quase às onze da noite anterior. Reid encontrou as
imagens de um câmera de vídeo do vizinho, que era ativada
com o movimento. O trecho da gravação durou apenas alguns
segundos. Não há nenhum registro de alguém sair ou entrar
na van. A próxima gravação mostra a van saindo, quinze
minutos mais tarde. Reid explicou que as câmeras estão
definidas para a sensibilidade de movimento. Da distância do
outro lado da rua, apenas o movimento da van a ativou. Não a
circulação de pessoas.
Se isso estivesse ligado a McFadden, eu teria grande
prazer em expor sua conexão, depois de termos assegurado
que Louisa e Jason estivessem seguros. Digitei uma mensagem
de texto para Reid, contando a ele sobre nosso quase acidente
com o SUV, informando-lhe as ruas transversais e pedindo-lhe
para encontrar e verificar as placas.
— Quanto tempo para partirmos? — Perguntou Araneae.
— Não tenho certeza. Depende da informação que Reid
encontrar. Por quê?
Ela olhou para o vestido que ela estava usando, o mesmo
que cobria o que eu não consegui desatar.
— Eu faria no avião, mas se eu tiver tempo, acho que vou
tomar banho e arrumar algumas coisas para Boulder. Eu
preciso ligar para Jana e dizer a ela que eu não estarei no
escritório na segunda-feira.
— Não sabemos nada disso ainda.
— Sterling, é sábado à noite.
— Muita coisa pode acontecer em vinte e quatro horas.—
Isso é o que me preocupava.
Meu telefone tocou com Patrick na tela.
— Ela está vindo. Eu acho que isso vai funcionar. Como
eu disse antes, a semelhança é incrível.
Eu mandei uma mensagem de volta.
— Mantenha-a em sigilo até eu chegar aí. Garanta que
haverá observadores. Vamos fazer com que pareça que ela está
comigo.
Patrick.
— Avise-me a hora de sua chegada. Marianne tem o plano
pronto. E Jana concordou em estar a bordo com você.
Eu mandei uma mensagem de volta.
— Onde ela está?
PATRICK:
— Sala de conferência 1.
Isso tinha que funcionar.
Olhei para Araneae enquanto ela olhava pela janela,
linhas de preocupação em sua testa. Eu tiraria tudo isso, se
pudesse. Uma coisa era certa. Eu com certeza não iria deixá-
la cair em uma armadilha. Enquanto eu só tinha visto fotos da
mulher que Patrick havia contratado para ser o chamariz de
Araneae no avião na noite em que o 737 pousou em Iowa, eu
poderia concordar que ela se parecia muito com Araneae, ou
mais precisamente, Kennedy Hawkins.
Além de sua semelhança, ela trabalhava para Sparrow.
Ela entendeu o perigo e poderia lidar com ela mesma de uma
maneira que eu nunca permitiria a Araneae tentar.
Eu mandei uma mensagem de volta.
— Quando deixarmos Araneae no apartamento, eu vou
buscar Jana e vamos decolar.
Garrett parou o carro em nossa garagem em frente ao
elevador. Eu não esperei por ele para abrir a porta antes que
eu saísse e Araneae estava logo atrás.
— Leve nossas malas ao primeiro pavimento, depois que
subirmos para a cobertura.
Os olhos de Araneae se arregalaram, embora ela não
tenha dito uma palavra quando eu peguei sua mão e puxei-a
em direção ao elevador. Colocando minha mão no sensor, nós
esperamos em silêncio. Eu meio que esperava outro
comentário sobre sua capacidade de chamar o elevador.
Quando ela não fez, soltei sua mão e passei meu braço em volta
dela, puxando seu corpo para perto do meu.
— Vai ficar tudo bem. Você precisa confiar em mim que
estamos fazendo o que é melhor.
Seus olhos castanhos olharam em minha direção.
— Eu sei. Eu estou com medo.
O elevador abriu. Depois que entramos e nos viramos, eu
balancei a cabeça para Garrett.
Quando as portas se fecharam, ela perguntou.
— Quanto tempo até eu ter minhas malas?
— Não muito.
— Você está falando sério sobre não deixar os outros
entrarem na cobertura. Você não confia nele?
— Luz do sol, não confio em muitas pessoas. Ele provou
ser confiável o suficiente para me conduzir, e agora você.
Ninguém entra na cobertura, nem mesmo com as malas. O
andar é acessível a funcionários de confiança. Ele vai levar as
malas lá e Reid ou Lorna vão trazê-las para cima.
Sua cabeça balançou.
— Isso é como um filme de espionagem.
— Não, é a vida real. E com a vida real, eu não corro riscos
desnecessários. — Estendi a mão para o seu queixo e trouxe
seu olhar para o meu.
— Lembre-se disso. É para o seu próprio bem.
— Sterling, eu quero ajudar minha amiga.
Beijei seus lábios quando o elevador parou em P.
— Eu sei.
Araneae
— Você não deveria ir até Reid? — Perguntei enquanto
Sterling me acompanhava pelas escadas em direção ao nosso
quarto.
— Vou mudar de roupa também.
Olhei para baixo. Embora ele vestisse uma camiseta e
calçasse seus pés em sapatos de lona, ele ainda estava
vestindo calção de banho. Eu balancei minha cabeça.
— Eu acho que isso mostra que a minha mente não está
aqui. Eu quase me esqueci que estávamos no iate aproveitando
o sol há poucas horas.
Seus lábios roçaram meu cabelo.
— É compreensível. Acredite, nós estamos trabalhando
nisso.
— Eu só quero chegar a Winnie e abraçar Louisa.
— Você irá.
Eu gostaria de partilhar a sua confiança. Embora não
tivesse, eu fiquei me lembrando que Sterling era melhor
versado nestes tipos de situações. Era outro caso que estava
fora da minha compreensão. Mas sequestro não é algo que a
maioria das pessoas não compreende?
Quando estávamos dentro do quarto com a porta fechada,
pensei em nossas malas, mas não perguntei novamente. Lorna
mantinha nosso banheiro tão bem abastecido que não havia
realmente nada naquela bolsa que eu precisasse, para me
preparar para viajar para Boulder.
— Vou tomar um banho rápido. Eu posso estar pronta
para ir assim que você me avisar. — Sterling saiu do closet,
sem seus calções de banho com um jeans no lugar deles. A
camiseta preta de antes havia sido trocada por uma cinza
fresca com um decote em V que se encaixava bem sobre o
tronco tonificado e os bíceps protuberantes. Seu cabelo escuro
estava despenteado e ele ainda não tinha se barbeado,
deixando o queixo e as bochechas com uma sombra escura. No
meio, como ele chamava, da tempestade de merda que agora
era minha vida, vê-lo tão casual me deu força. Tirei meu
vestido, ficando em pé no nosso quarto, apenas de biquíni.
Quando nossos olhos se encontraram, ele caminhou em minha
direção, seus pés descalços agarrando o chão enquanto seus
passos poderosos me encontravam perto da entrada do
banheiro. Com um braço em volta da minha cintura, ele me
puxou para perto. O perfume limpo de suas roupas combinava
com a mistura de água do lago, água de colônia e protetor
solar.
— Sterling.
— Eu amo você. — Disse ele, seus olhos escuros olhando
para mim. Eu me inclinei em seu peito.
— Eu sei. Eu também amo você. Só não quero que essa
nova vida machuque minhas amigas. — Ele levantou meu
queixo.
— Eu quero que você saiba, estamos fazendo tudo o que
podemos. — Suspirei.
— Eu acredito em você. — Ele se inclinou para trás
quando seu olhar me examinou, aquecendo minha pele
enquanto passava dos dedos dos pés para os olhos, demorando
entre os lugares sensuais.
— Quando isso acabar, desamarrarei esses nós sensuais.
Eu balancei a cabeça.
— De acordo.— Eu dei um passo para trás.
— Agora vá até Reid para que possamos sair.
Segurando minhas bochechas, seus lábios bateram nos
meus, me levantando na ponta dos pés com sua atração
possessiva. Quando voltamos à terra, ele se afastou, mas seus
olhos permaneceram fixos nos meus.
— Eu a trouxe aqui. Eu vou fazer isso direito.
Eu concordei e ele se virou em direção à porta.
Por que parecia que ele estava se despedindo?
Afastei o pensamento, reconhecendo que estava
simplesmente emocionada com o que poderia estar
acontecendo com Louisa. Sterling desapareceu atrás da porta
do quarto quando eu entrei no banheiro. Desamarrando o nó
atrás da nuca e nas costas, tirei a parte de cima do biquíni e
deslizei para baixo. Quando puxei o laço do meu rabo de
cavalo, meu cabelo caiu sobre meus ombros. Nos poucos dias
passados no lago Michigan, minha pele estava bronzeada e os
cabelos clareados.
Eu estava me tornando uma pessoa diferente, como
Winnie havia dito? Recusando-me a insistir nisso, liguei a água
quente do chuveiro. Entrando, eu fiquei embaixo do spray.
Enquanto a água caía sobre mim, mais lágrimas se formaram,
quebrando meu corpo como uma marreta enquanto soluços
irrompiam como nuvens de cogumelo dentro do meu peito e
garganta, cada um florescendo cada vez maior à medida que a
realidade do que estava acontecendo me dominou.
Muitas perguntas.
Onde ela estava?
Onde estava Jason?
Ela estava segura?
Foi ele?
Ela estava com medo?
Como estava o bebê Kennedy?
Meus joelhos dobraram quando caí no banco e a água
continuou a derramar sobre mim.
— Sinto muito, Louisa. Sinto muito. — Falei em voz alta,
meus ombros tremendo ao admitir o que sabia, o que Sterling
havia tentado me proteger.
— Lou, isso é culpa minha. Trouxe você para esta vida,
não para protegê-la, porque veja o que está acontecendo. Fiz
isso egoisticamente por causa da minha curiosidade. Eu sei
que você não entende, mas Sterling me ofereceu mais do que
uma nova vida. Ele me ofereceu minha vida, aquela em que
nasci para viver. Eu nunca quis que isso a machucasse.
Eu funguei e me sentei mais alto.
— Pare com isso, Araneae. Você é mais forte que isso. —
A emoção não iria ajudar Louisa. Não, mas eu ajudaria.
Levantei-me novamente, determinada a me encontrar com
quem quer que fosse essa pessoa. Winnie disse que eu parecia
diferente. Talvez fosse o caso com Sterling, mas não
inteiramente. Estar com ele, tê-lo me amando e eu o amando
em troca, me deu uma nova força. Eu levantei meu rosto para
o spray. Não tinha medo de fazer o que os sequestradores
pediram porque sabia que Sterling, Patrick e Reid me
manteriam a salvo. Eu sabia disso em meu coração e alma. Eu
não ligo para o que o agente Hunter disse. Sterling foi honesto
comigo e eu com ele. Faríamos o que fosse necessário para
salvar Louisa e Jason ... e o bebê Kennedy.
Não. Não há mais emoção.
Depois de lavar e enxaguar rapidamente os cabelos e usar
um pano macio coberto com água para limpar o filtro solar,
desliguei a água com um novo senso de determinação.
Enrolando uma toalha felpuda em volta de mim e passando
outra sobre meus cabelos molhados, à distância, ouvi o toque
do meu celular.
Prendendo a toalha sobre meus seios, corri para a suíte
do quarto. Lá na cama estava a bolsa que eu trouxe do iate.
Chegando lá dentro, peguei meu telefone celular.
STERLING estava na tela.
— Você está pronto? — Eu perguntei assim que apertei o
ícone verde.
— Estarei aí embaixo em cinco minutos. — Gostaria de
me preocupar com tudo o mais no avião. Tudo que eu
precisava fazer era vestir roupas e sapatos.
— Shelly encontrou Jason. — Sua voz estava fria como
uma pedra. Na minha mente, vi seus traços de granito e
expressão sombria, ouvindo-os pingar da simples declaração.
Meu estômago caiu quando comecei a andar, minha
cabeça ficando fraca enquanto minha circulação acelerava.
— Oh, por favor me diga que ele está bem.
— Ela o encontrou a tempo.
Segurei o telefone com mais força enquanto meus passos
paravam.
— O que isso significa?
— Araneae, ele estava inconsciente e desidratado ... —
Sterling respirou fundo.
— E um pouco machucado. Ele estava trancado em um
contêiner de transporte na propriedade de sua instalação de
design. — Meu pulso acelerou quando eu caí na beira de uma
das cadeiras estofadas perto das grandes janelas. A visão das
luzes de Chicago ganhando vida nem estava registrando.
— Ele está no hospital?
— Não podemos arriscar isso. Ele ainda está
inconsciente, mas Patrick disse que seus sinais vitais estão
melhorando.
— Melhorando ?! — Minha voz gritou.
— Jason precisa de ajuda médica. Ele precisa acordar
para nos contar o que aconteceu e onde Louisa está.
— Ouça-me. Vamos procurar assistência médica, mas até
encontrarmos Louisa, não podemos arriscar a polícia.
Eu balancei a cabeça, tentando me manter calma.
— Tudo certo. Eu quero vê-lo. — Você irá.
— Shelly procurou em todas as propriedades da Sinful
Threads em busca de Louisa? — Em minha mente, pensei em
todos os lugares: o centro de design, os escritórios e as
instalações de armazenamento.
— Ela procurou. Ela tem ajuda. Eles estão investigando.
Atualmente, é uma agulha no palheiro enquanto aguardamos
outra mensagem.
Balancei a cabeça.
— Reid encontrou o entregador?
— Empresa legítima. Funcionários legítimos. Um
diferente a cada vez. Patrick mandou alguns homens
questioná-los. Eles estão empregados há anos. Reid
confirmou. Ele está tentando ver os clientes nas imagens de
segurança. Também temos pessoas observando todos os
entregadores. Parece que os clientes são dois homens
diferentes, ambos com o rosto obstruído da câmera. Claro, eles
pagaram em dinheiro. — Eu balancei minha cabeça.
— Ele vai conseguir alguma coisa. Você e Lorna
continuam me dizendo como ele é ótimo.
— Ele vai.
— Encontro você lá embaixo em cinco minutos. — Falei,
de pé, vendo meu próprio reflexo agora na grande janela e
pensando que, apesar do sol da semana passada, eu estava
quase tão pálida quanto a toalha branca em minha volta.
— Isso não será necessário. — Disse Sterling.
— O que?
— Estamos prestes a decolar.
— Eu não entendo o que você está dizendo.
— Araneae, você está segura em casa.
— Que diabos, Sterling? — Minhas mãos começaram a
tremer.
— Você não pode ficar sem mim. As pessoas querem falar
comigo.— Minhas frases estavam chegando cada vez mais
rápido.
— Não se atreva a fazer isso.
— Ligo para você com mais notícias. Não ligue para
Winnie. Há uma boa chance do telefone dela estar grampeado.
Nenhum e-mail também. Reid já passou pelos e-mails enviados
a você ou a Louisa. É melhor ficar offline para que você não
apareça nas pesquisas dele. — Agora, todo o meu corpo tremia,
enquanto as lágrimas voltavam.
— Seu imbecil. Você não pode me deixar aqui e pedir para
eu ficar quieta são minhas amigas.
— Eu posso. Acabei de fazer.
Minha inquietação de antes se aqueceu e uma raiva
fervente rolou através de mim.
— Droga, Sterling! Você prometeu estar comigo.
— Também prometi cuidar disso e mantê-la segura. Esta
é a melhor maneira. Eu ligo para você, Araneae. Nem pense em
sair do apartamento. Você está no lugar mais seguro agora.
Oh, meu Deus. Minha mente era um ciclone de
pensamentos, a maioria errática e desconexa.
— Eu não posso sair. Você me trancou em uma maldita
torre de vidro. — Antes que ele pudesse responder, continuei.
— Como? — Minha mão livre bateu na minha coxa
coberta de toalha enquanto eu andava entre o sofá e a cama.
— Como você pode fazer isso sem mim se eles me
querem?
— Temos um plano. Eu amo você.
O telefone ficou mudo.
— Ah, não, você não vai. — Apertei o ícone verde para
ligar de volta. Assim que se conectou, seu correio de voz
respondeu.
Com as mãos trêmulas, eu escrevi um texto.
Sterling
Expirando, eu olhei para a tela do meu telefone. Uma
chamada perdida e uma mensagem de texto. ARANEAE na
tela.
— NÃO FAÇA ISSO! Você não pode me segurar em
cativeiro em uma maldita torre de vidro. LOUISA é minha
melhor amiga. Volte e me pegue ou eu juro por Deus, eu vou
encontrar um jeito de sair daqui. Sempre existe a maldita porta
da frente.
Enviei uma resposta.
— Eu sugiro que você fique longe daquela porta da frente.
Não vai funcionar de qualquer maneira. É monitorada. Se você
tentar, você vai se arrepender. Vamos cuidar disso. É o que
fazemos. Você fique segura.
Expirando, eu olhei para cima quando a porta ao avião se
fechou. Marianne estava na cabine e Keaton estava a bordo.
Embora não fosse mais seu trabalho, Jana também estava.
— Sr. Sparrow. — Disse ela.
— Posso pegar uma coisa para você? — Ela retirou a
peruca loira no minuto em que embarcamos no avião, no
entanto, ela ainda estava usando as roupas que Reid havia
fornecido. Embora ela não fosse do tamanho de Araneae, ele
conseguiu um belo vestido e sapatos de grife, como o que
estava estocado no armário de Araneae. Enquanto estava no
carro com Garrett e eu, Jana fez o possível para imitar
Araneae, sua linguagem corporal e trejeitos. Por trabalharem
juntas nas últimas semanas, ela fez um bom trabalho em
algumas. Jana se assemelhava a Araneae de longe, mas
esperançosamente seria suficiente se estivéssemos sendo
vigiados.
— Jana. — Eu disse.
— Sente-se. Agradeço por nos ajudar a qualquer
momento. Patrick organizará um voo de volta para Chicago e
você voltará para seu marido e filho de manhã. Se o garoto
dormir, ele mal saberá que você saiu.
Um sorriso apareceu em seus lábios.
— Obrigada. Você sabe que eu faria qualquer coisa que
você ou Patrick pedisse. Falei com a sra. Toney por telefone. —
Ela hesitou.
— Não sei o que está acontecendo, mas se fingir ser a
Srta. Hawkins por alguns minutos ajuda, fico feliz em fazê-lo.
— Obrigado, Jana. — Ela olhou para as roupas.
— Vou devolvê-las a Patrick na próxima semana.
— Não. Elas são do seu tamanho. Considere as roupas
como um bônus além do que você receberá.
— Eu não posso. Elas são legais demais.
Inclinei minha cabeça em direção à área na parte traseira
de onde estava sentada.
— Se você me der licença.
— É claro. — Disse ela, começando a se afastar.
— Jana? — Ela voltou para mim.
— Sim?
— Lembre-se de que você é uma convidada deste avião
para esta viagem. Relaxe. Eu só preciso que você desembarque
comigo quando pousarmos. E então você saberá com Patrick
quando puder voltar para casa.
O sorriso dela voltou.
— Obrigada. — Quando ela se virou para a partição,
apertei o botão na mesa redonda, levantei a tela do computador
e, encontrando o teclado, dei vida a ele. Quando estava
sozinho, comecei a analisar todas as descobertas de Sparrow.
Ninguém estava levando isso levianamente. Reid tinha uma
equipe sobre ele, bem como Patrick. Enviei uma mensagem a
Reid.
— Monitore o elevador da frente. Ninguém sobe ou desce.
Totalmente bloqueado para lidar com isso. Precisamos saber
que todos estão seguros.
Reid apareceu na tela.
— Elevador de trás? Lorna?
Minha decisão não seria popular, mas a popularidade não
era minha meta. Eu respondi.
— O apartamento está totalmente abastecido. Prefiro não
correr riscos. Verificação dupla em todos também. Você sabe
disso melhor do que eu, mas o caminho para nós é através
daquelas mulheres. Eu as quero seguras.
Além disso, eu acreditava que Araneae demoraria mais no
apartamento se tivesse companhia. Isso não aliviaria a bronca
que ela me daria quando eu voltasse. Eu aceitaria. Eu aceitaria
que ela me xingasse de tudo, desde que ela estivesse segura.
Mensagem de Reid.
— Eu vou passar a mensagem. Felizmente, isso será
resolvido em breve.
Eu rolei minhas mensagens seguras até encontrar a foto
de Bridget Anderson. Tinha vinte e sete anos, um ano mais
velha que Araneae e era da Califórnia, mas a semelhança era
incrível. Isso pode funcionar.
Mensagem para Patrick.
— Mantenha Bridget a par de tudo. Se ela precisar falar
com alguém, ela precisa ter algum conhecimento.

Patrick respondeu.

— Enquanto falamos ... WINNIE está ajudando.

Eu me inclinei para trás na cadeira, finalmente


percebendo que estávamos fora do chão. O céu além das
janelas estava escurecendo, ainda estaríamos indo para o
oeste, perseguindo o pôr do sol. Expirando, minha mandíbula
se apertou com a mensagem de Patrick. Esta foi uma das vezes
eu tive que confiar no instinto de Patrick. Ele estava certo sobre
Jana. Eu tinha que acreditar que ele estava certo sobre Winnie
também. Bridget precisava ser bem versada em Sinful Threads
e Kennedy Hawkins. Ela também precisava saber que ela não
estava limitada a um nome. Ela também era Araneae McCrie.
A equipe de McFadden certamente sabia disso. Em poucas
palavras, Bridget tinha que convencer quem a questionasse
que ela era Kennedy / Araneae.
E então havia Jason. Se ele acordasse, poderia esclarecer
mais sobre o que aconteceu.
E o bebê?
Lembrei que há quase uma semana ela havia mandado
uma mensagem para Araneae sobre dilatação. Eu sabia menos
sobre parto do que quase qualquer outra coisa no mundo. Eu
podia falar de propriedades imobiliárias, arquitetura,
investimentos, lavagem de dinheiro e jogos de azar e até
mesmo tráfico de pessoas. No entanto, com algo tão natural
quanto o parto, eu não sabia nada.
O que eu sabia era que, se acontecesse alguma coisa com
Louisa ou o bebê, Araneae se culparia. Eu me recuso a deixar
isso acontecer. Porra, minha mente estava em todo lugar.
Vinte e quatro horas eram significativas em sequestros.
O que tínhamos que ter em mente era que não se tratava de
um sequestro estereotipado. Pode se encaixar no padrão. As
mulheres eram sequestradas mais que os homens. Mais de
sessenta por cento dos sequestros de mulheres adultas
resultam em agressão sexual ou extorsão. Eu estava ciente
dessas estatísticas e também das crianças. As coisas eram
diferentes com Louisa.
Reid, Patrick e eu concordamos, isso não foi aleatório. Era
para chamar a atenção de Araneae. Esse pouco de
conhecimento nos deu esperança. Se Bridget conseguir que
eles joguem em nossas mãos, esperamos descobrir mais. Com
apenas duas mensagens, não tínhamos muito o que continuar.
Uma barra de mensagens apareceu no lado da minha tela com
o nome Patrick.

— Jason está melhorando.

Suspirei.
— Sr. Sparrow. — Disse Keaton, entrando na área do
avião onde eu estava trabalhando.
— Keaton.
— Posso lhe oferecer alguma coisa? Algo para comer ou
beber?
— Água.
Assentindo, ele se virou.
Eu deveria estar com fome. Araneae e eu fizemos uma
refeição ao meio-dia no iate.
Porra. Isso parece dias atrás.
A lembrança me fez querer mandar uma mensagem para
ela e dizer para ela comer; no entanto, eu tenho que confiar
que ela fará isso sozinha. Abrir uma linha de comunicação
agora era sem dúvida um plano ruim. Eu ouviria seu discurso
depois que Louisa estivesse em segurança.
Com o passar do tempo, decidi que trabalhar em qualquer
coisa para a Sparrow Enterprises era uma perda de tempo.
Felizmente, eu mantive tudo durante nossa fuga. Agora, minha
mente não conseguia se concentrar em contratos, perspectivas
arquitetônicas ou até mesmo ofertas de emprego. Tudo o que
eu conseguia pensar era em Louisa. Eu não a conheci, mas já
vi fotos suficientes que senti como se tivesse. Ela era
importante para Araneae, então era importante para mim.
Passei a mão pelo cabelo.
Como diabos nós estragamos tudo?
Era simples. Subestimamos o McFadden. Nós protegemos
Araneae contra uma falha. Ele sabia que não poderia alcançá-
la, então procurou alguém mais vulnerável. Patrick tinha
Shelly observando quatro pessoas em Boulder e outros
funcionários da Sinful Threads. Havia várias pessoas
observando Araneae além da presença constante de Patrick ou
minha. Permitimos que a cobertura fosse muito escassa para
as amigas de Araneae.
Com o nosso destino se aproximando, voltei para o quarto
e tomei banho. Depois de um barbear rápido, vesti-me menos
casualmente, calças e camisa de botão sem gravata. O traje
adequado para a maneira como as duas sósias de Araneae
estavam vestidas. Voltei ao computador e continuei
monitorando a situação.
Duas horas e meia depois as rodas do avião Sparrow
pousaram, taxiando numa pista em Boulder. Passando das dez
da noite em Boulder, o céu estava escuro, mas havia luzes na
pista.
Nós estaríamos visíveis.
Quando o avião parou, Jana voltou para onde eu estava
sentado. Mais uma vez usava a peruca loira e uma jaqueta
longa e leve por cima do vestido. Os colarinhos apontados
sobre as bochechas obstruíam parte do rosto.
Eu a olhei de cima a baixo.
— Mais uma vez, obrigado, Jana.
Ela assentiu.
— Posso descansar minha mão nas suas costas quando
deixarmos o avião? Pareceria mais natural.
Ela engoliu em seco e ergueu o queixo.
— Obrigada por perguntar em primeiro lugar.
Passei muito tempo com homens e mulheres que
sofreram horrendas dificuldades que eu só podia imaginar.
Com o tempo veio o conhecimento. Ajudei inúmeros indivíduos
a encontram educação, emprego e carreira. O que eu não
poderia dar a eles era paz de espírito. Isso dependia de cada
um individualmente. Eles tinham que escolher isso. Eu
simplesmente fazia o que podia para abrir o caminho.
Ao longo de todos os anos que Jana havia trabalhado para
mim, eu nunca nem a tocaria em circunstâncias normais. Ela
tinha que saber que ela tinha seu próprio espaço pessoal.
— Posso? — Perguntei novamente quando a porta bateu,
o lacre quebrou quando as escadas começaram a descer.
— Sim. — Respondeu ela.
Olhei para o meu telefone.
— Há um carro esperando. Mantenha o seu rosto para
baixo e depois que entrarmos e sairmos do carro, sua parte
estará concluída.
Ela assentiu com a cabeça enquanto se movia para a
porta, com o rosto para baixo, observando os saltos altos
descer as escadas com a minha mão a guiando.
Araneae
Através da névoa da minha desolação, ouvi uma batida
na porta do quarto. Estava lá, batendo à distância, mas eu não
queria ouvir. Com o telefone seguro entre as mãos, rezando e
esperando uma ligação ou uma mensagem de texto, fiquei com
muita raiva de responder às batidas que continuavam.
Não, raiva não era a palavra certa.
Zangada nem sequer chegava perto de descrever meus
sentimentos, minha onda de emoções.
Furiosa.
Irritada.
Indignada.
Minha lista continuou enquanto eu ignorava as batidas.
Magoada.
Decepcionada.
Inconsolável.
— Araneae. — A voz de Lorna veio do outro lado da porta,
aumentando a batida. Eu chorei um balde de lágrimas, me
preocupando com o que estava acontecendo em Boulder, e
embora parecesse que não havia mais nada, veio mais quando
eu finalmente me levantei, minha cabeça latejando e meu
corpo drenado. Nas últimas horas, tentei pensar em maneiras
de escapar.
Como estava a minha melhor amiga e era eu quem
precisava escapar?
Eu queria jogar alguma coisa através de uma das janelas
gigantes, mas mesmo que isso se quebrasse, o que eu duvidava
que acontecesse, eu estaria olhando para Chicago a partir de
noventa e sete andares de altura. Eu precisaria de um maldito
paraquedas para chegar ao chão.
Eu contemplei os elevadores. Não precisava testar o que
estava na porta da frente, o que Genevieve Sparrow havia
usado, para saber que não funcionaria. Sterling me disse isso
em uma mensagem de texto. Suas palavras de semanas atrás
sobre deixar o apartamento, voltaram para mim.
— ‘Não pode. Ou seja...incapaz, não apenas proibida,
mas fisicamente incapaz. Isso está explicado o suficiente para
você? Obviamente, seguir regras voluntariamente não é o seu
ponto forte. A escolha de você ir contra a minha vontade em
deixar o apartamento, foi tirada de você.’
Presa.
O peso desta realidade era insuportável.
Se eu me sinto assim, como Louisa estava se sentindo?
— Araneae, por favor. Eu sei que você está aí.
Andando da espreguiçadeira onde eu estava sentada
perto da janela, me arrastei pelo quarto enorme, minha prisão,
em direção às portas do quarto. O fardo da minha captura
dificultou o movimento na direção da voz de Lorna, como o
processo de caminhar por águas profundas até os joelhos, em
um lago com um fundo sujo. Cada passo era mais difícil que o
anterior, me puxando para baixo.
Com a minha última gota de energia, embora soubesse
que estava andando, conversando e chorando, abri uma das
portas enquanto mantinha o queixo baixo. Eu abri para ela,
isso não significava que eu queria olhar para ela. Ela era uma
delas, uma das pessoas em quem eu confiava e que agora me
mantinha presa.
Eu não me importava em como o apartamento de Sterling
era bonito. Uma gaiola dourada ainda era uma gaiola. Evitando
os olhos de Lorna, mantive meu olhar apontado para baixo,
concentrando-me em seus tênis coloridos. Eles eram rosa
brilhante com roxo. Mesmo o turbilhão de cores não poderia
aliviar meu estupor.
— Eu pensei ... — Ela começou antes de expirar.
— Como você está?
— Eu-eu estou ... — Eu não tinha certeza de como eu
estava.
Abandonada.
Humilhada.
Uma maldita criança de castigo neste apartamento
enquanto sua amiga estava em perigo. Uma pessoa que abriu
sua vida a possibilidades apenas para que ela fosse arrancada
pelo preço angustiante de tudo: minha melhor amiga, minha
empresa e minha liberdade.
Balancei minha cabeça.
Como eu fui tão idiota?
A razão pela qual eu não conseguia olhar para cima e
encarar o olhar de olhos verdes de Lorna era porque não
precisava contar a Lorna nenhuma dessas coisas. Ela sabia.
Ela sabia o que eu era. Ela sabia e tinha ajudado. A forte e
determinada CEO da Sinful Threads estava reduzida a
escombros, e ela sabia.
Doeu de uma maneira que as palavras não podiam
descrever. Parada ali olhando para mim, Lorna era uma
testemunha do meu sofrimento.
Era isso que ela era.
Foi ruim o suficiente para eu experimentar os destroços
do que era minha vida, eu não queria nenhuma testemunha.
Balancei minha cabeça novamente quando comecei a fechar a
porta.
— Não é só você. — Disse ela, chamando minha atenção
para seu lindo rosto quando ela estendeu a mão, bloqueando
o fechamento da porta. Nesse segundo, houve um lampejo de
algo diferente.
— O que não sou só eu?
Lorna inclinou a cabeça.
— Posso entrar ... não, se você não quiser eu vou embora.
Eu nunca estive presa com alguém antes. Você nunca sabe
quanto tempo o bloqueio vai durar e os homens ficam todos
inacessíveis. São ... tantas emoções.
— Bloqueio?
Ela assentiu.
Eu dei um passo para trás, permitindo a entrada dela na
minha cela. Quando ela cruzou o limiar, notei que, além do
tênis que Lorna usava, e eu só usava meias, estávamos
vestidas da mesma maneira, calças de ioga e camisetas.
Aparentemente, não havia necessidade de traje formal durante
um bloqueio.
— Você já passou por isso antes?
Ela continuou andando até chegar à mesinha e puxar
uma cadeira. Sentada, ela olhou para mim.
— Eu sei que tudo isso é novo para você, mas eu avisei.
— Ela encolheu os ombros.
— Não sei se você lembra, mas mencionei na primeira
manhã na cozinha. Eu disse que eles desapareceriam por dias
a fio. Às vezes, coincide com coisas que sabemos, assim ... —
Ela gesticulou.
— Outras vezes, eles somente saem.
Sentei-me do outro lado da mesa. Na janela atrás dela
estava o meu reflexo. Minhas emoções foram transmitidas pelo
meu rosto, escritas em faixas de lágrimas, olhos inchados e
manchados.
— Não acredito que ele fez isso. Ele nem teve coragem de
me dizer. Ele me deixou. Eu pensei que fosse junto. É minha
melhor amiga que está com problemas.
A cabeça de Lorna tremeu.
— Ele disse que você iria junto?
— Sim ... — Eu pensei sobre isso.
— Eu acho que ele insinuou. — Minha palma bateu na
mesa com menos força do que teria horas antes.
— Porra, eu não sei. Eu pensei que eu iria. Talvez tenha
sido apenas eu. Ele continuou dizendo coisas assim, que eles
estavam cuidando disso. Ele disse que tinha que conversar
com Reid, e o avião estava quase pronto. Ele disse que me
amava. — Com os cotovelos na mesa, abaixei a cabeça nas
mãos.
— Eu não me sinto amada. Eu me sinto abandonada.
Sinto ...
— Como uma criança trancada em seu quarto. — Disse
Lorna, completando minha frase.
Eu olhei para o seu olhar esmeralda.
— Sim. — Meu lábio inferior começou a tremer quando
lágrimas salgadas queimaram meus olhos doloridos.
— Eu-eu não posso fazer isso.
Ela estendeu a mão para pegar minha.
Timidamente, eu a entreguei, mas rapidamente a peguei
de volta.
— Eu também não sei se posso confiar em você. — Meu
filtro se foi.
— Eu acho que ele a enviou até mim, como se você
estivesse aqui para resolver isso para ele. Sterling não merece
que você faça isso. Ele estragou tudo. A vida da minha amiga
e seu bebê estão em risco.
Ela assentiu.
— Acho que pode parecer assim, mas não é por isso que
estou aqui. Minhas intenções foram o que eu disse: fico feliz
que você esteja aqui.
Eu exalei, querendo acreditar nela.
— Cinco dias.
— O quê? — Eu perguntei.
— Cinco dias foram os mais longos. Eu não tive
comunicação com nenhum deles. Este lugar era tão seguro
quanto é agora. Sempre estamos bem abastecidas de comida.
Merda, se eu fiz um jantar para os três, eu poderia viver disso,
três refeições por dia durante cinco dias. Mas o isolamento e a
incerteza eram insuportáveis. Eu vi algumas coisas que
ninguém deveria ver, mas o desconhecido é o pior.
Concordei, sentindo atualmente o medo e o isolamento
total que ela estava descrevendo.
— Sterling disse que ligaria, mas não ligou.
— Reid e eu tivemos uma briga séria, titânica quando eles
chegaram em casa pela primeira vez. Ele estava alheio, não
vendo meu ponto de vista. Era tudo sobre segurança e
proteção.
Meu estômago revirou.
— Você sabe o quanto estou enjoada por ouvir essas
palavras?
Um pequeno sorriso passou por seus lábios.
— Eu tenho uma ideia. — Lorna continuou sua história.
— Bem, eu disse a ele que o amava e, se ele me amasse,
nunca mais me colocaria nisso. Eu precisava de comunicação.
— Ela respirou fundo e se recostou.
— Isso foi logo depois que nos casamos. Essa vida era
nova para mim. Eu juro, pensei que era um animal enjaulado.
Passei cinco dias com medo de que ele estivesse morto, Patrick,
Sparrow ou todos eles. Preocupava-me que, se isso fosse
verdade, nunca sairia daqui.
— Mas você tem a coisa da impressão da mão, certo?
— Sim, mas eles podem mudar, fazendo com que
ninguém, exceto eles, possam subir e descer. Quero dizer, e se
algo acontecesse com eles e eu estivesse presa?
— Então agora?
Ela balançou a cabeça.
— Não, eu também não posso fazer isso funcionar. O
bloqueio significa que esses dois andares e o nível do
apartamento são os únicos acessíveis. Sem garagem e sem
batcaverna.
— Batcaverna? — Eu perguntei.
— É onde Reid passa a maior parte do tempo. Quando ele
sai daqui, sei que as coisas estão ruins. Ele geralmente dirige
as coisas por dentro, enquanto Sparrow e Patrick vão para as
ruas.
— Onde ele está agora?
— Eu realmente não sei. Estou dizendo a mim mesma que
ele está na batcaverna dois. — Ela tirou o telefone do bolso na
lateral da calça e o colocou sobre a mesa.
— Ele me prometeu uma ligação ou mensagem de texto.
É o que fazemos agora. Mesmo se ele estiver na dois, se o
mundo estiver em emergência ou em um bloqueio, talvez eu
não o veja por dias.
Suspirei.
— Lorna, eu não sei como você faz isso.
— Eu diria que você se acostuma. Eu poderia dizer que
esses homens atenciosos são idiotas superprotetores e você se
acostuma, mas honestamente, não é assim tão fácil.
— Idiotas superprotetores. — Isso fez as pontas dos meus
lábios se moverem para cima até que caíram novamente.
— Minha amiga está ... desaparecida.
— Eu não sabia ao certo. Reid apenas me disse que tinha
a ver com Boulder. Eu sei que é de onde você é.
Engoli as lágrimas se formando.
— O nome dela é Louisa. Somos amigas desde o
colegial... — Durante a próxima hora ou mais, continuei
contando a Lorna tudo sobre Louisa, ensino médio, faculdade
e Sinful Threads. Eu falei sobre sua família, seus pais e irmã.
Eu contei a ela sobre Jason e como eles se conheceram.
Inclusive incluí como, desde que Sterling entrou em minha
vida, eu fui uma péssima amiga. E com isso agora, acredito
que é por minha causa que ela foi levada.
Depois que terminei, Lorna se levantou e veio à minha
cadeira.
— Eu gostaria de abraçá-la.
Eu balancei a cabeça, de pé enquanto deixava minha
nova amiga me dar apoio por minha querida.
— Ei. — Ela disse depois de dar um passo atrás.
— Procurei sua empresa depois de saber o que você faz.
Porra, vocês são boas.
— Obrigada. Era nosso bebê, para nós duas.
Nós ainda estávamos de pé.
— Meu Deus, é quase uma da manhã. — Disse Lorna.
— Mas você gostaria de ir à cozinha e pegar alguma
coisa?
Eu estreitei meu olhar.
— Isso parece com Sterling.
Ela levantou as mãos.
— Não, sou eu. Estou chateada desde que Reid me
informou do bloqueio. Eu adoraria uma taça de vinho. Talvez
um pouco de queijo e frutas.
Eu estava cansada, mas com o choro e a preocupação,
também cansada demais para dormir.
— Você tem uma cozinha além da que está lá embaixo?
— Eu perguntei.
Os olhos dela se arregalaram.
— Eu tenho. Você gostaria de conhecer?
— E sair desses dois andares, sim inferno.
— Não tenho certeza se.. — Ela parou e ergueu os ombros.
— Danem-se eles. Vamos lá.
Não era uma rebelião, mas eu aceitei.
— Deixe-me pegar meu telefone. Estou esperando uma
ligação.
Sterling

Poucas horas antes

As notícias chegaram assim que Jana e eu entramos no


carro seguro. Não estávamos nos arriscando. Como a maioria
dos nossos veículos em Chicago, aquele em que estávamos
andando tinha janelas reforçadas de metal e à prova de balas.
O motorista era um homem que reconheci de nossa equipe de
Chicago e sabia que Patrick havia providenciado sua mudança
temporária, assim como para outros de nossa equipe.
Patrick também contatou uma equipe, um cartel, em
Denver. Isso nos custaria, mas eles estavam ajudando no
resgate. O acordo era sobre permitir que uma porcentagem de
heroína fosse vendida nas ruas de Chicago.
Quid pro quo.1
Era assim que este mundo funcionava. Patrick negociou
o acordo e eu o autorizei.
— Um novo pacote acabou de chegar. — Disse Patrick por
telefone.
— Há um telefone celular nele. Kennedy deveria ligar para
o número programado.

1
É uma expressão latina que significa ‘tomar uma coisa por outra’.
— Merda. Bridget se parece com ela; ela parece como ela?
— Eu perguntei.
— Com certeza espero que sim.
— Ela não está com você?
— Ela está. — Ele disse.
— E para mim ela não, mas eu conheço Araneae. Para
outra pessoa, talvez.
Porra.
— E o entregador?
— Ele era legítimo, mas o cliente ... — Sua voz sumiu
como se estivesse distraído.
— O quê? — Eu perguntei, minha ira aumentando.
— Os homens de Carlos o seguiram até um trailer antigo
no meio do nada, nas montanhas.
Carlos era o líder do cartel de Denver que agora era bem-
vindo a vender drogas na minha cidade. Não drogas, heroína,
uma droga. Eu tinha algumas gangues e traficantes chateados,
mas isso não importava. Minha cidade, minhas ruas. Eles
lidam comigo ou não vendem. Pelo menos, se eles tivessem
encontrado o local onde estavam escondendo Louisa, o acordo
com Carlos estava dando resultado.
— Qual é a logística? — Perguntei.
— Quais são as chances de eles terem Louisa?
— A logística é péssima. É alto o suficiente nas
montanhas que as árvores são poucas. Não há outra maneira
de surpreendê-los além de apressarem as coisas. As chances
de que ela esteja lá são boas. Reid está procurando vistas
aéreas. Ele acessou alguns satélites em tempo real e, de acordo
com o que está vendo, há apenas uma estrada de acesso.
Carlos tem drones capazes de ver se a estrada está protegida,
então eles vão se preparar. Seus drones também sentem a
temperatura. Em breve saberemos quantas pessoas estão no
trailer.
Porra, drones? Eles não os ouvem?
— Ele diz. — Continuou Patrick.
— Que eles costumam observar o DEA e o ICE o tempo
todo. Diz que eles são tão comuns nas montanhas e áreas
desérticas por aqui, que as pessoas estão acostumadas ao
zumbir como os malditos mosquitos. Palavras dele, não
minhas.
— A ligação não pode ser feita até que estejamos lá.
Lembre-se Araneae... — Olhei para Jana sentada ao meu lado.
— Está comigo.
— Nós sabemos. Eles também. A nota dizia que, assim
que ela chegar, ela precisa ligar.
— Você está sendo vigiado. — Eu odiava ter um apego
emocional a esta missão. Era uma responsabilidade, e
McFadden estava capitalizando sobre isso. Eu olhei os mapas
no meu telefone.
— Devemos estar lá em menos de vinte minutos.
Nenhuma notícia para as mulheres até que tenhamos certeza,
até que tenhamos Louisa sã e salva.
— Vou passar isso para Reid. Neste momento, ele está
muito ocupado comparando imagens e observando para dizer
uma palavra.
— Não quero decepcionar Araneae. — Eu falei.
— Porra, precisamos fazer isso hoje à noite.
— Vejo você em vinte minutos.
Virei-me para Jana.
— A casa de Winnie está sendo vigiada. Vou precisar que
você entre na casa comigo.
Ela assentiu e soltou um longo suspiro.
— Você estará segura. — Eu disse.
— Eu acredito em você.
Passei o resto do caminho olhando as imagens que Reid
enviou, além de me corresponder com ele e Patrick. Embora a
resolução nas imagens de satélite não tenha sido ótima, era
interessante ver o quão perto do solo um satélite no espaço
poderia se concentrar. Essas imagens não eram nada
comparadas aos drones. Os regulamentos da FAA limitavam a
altitude do drone a não mais de cento e vinte e um metros.
Mais alto que isso, eles interfeririam no espaço aéreo nacional
e potencialmente acionariam alarmes. Não precisamos deixar
isso acontecer. O problema era que a linha das árvores ou as
linhas de madeira nas montanhas rochosas variavam de 3.300
a 3.600 metros.
O trailer em questão estava em uma área isolada e pouco
povoada, fora do parque nacional.
PATRICK apareceu na minha tela.

— Reid apenas confirmou três pessoas no trailer. Um é o


indivíduo malcheiroso que seguiu o entregador.
Eu mandei uma mensagem de volta.
— Que confirmação temos no local de McFadden?
Patrick respondeu.
— Visto na noite de sexta-feira em Washington DC em um
jantar com sua esposa.
Eu duvidava que Rubio estivesse aqui em Boulder. Sujar
as mãos não era o seu modus operandi. Isso não significa que
ele não havia encomendado. Minha pele coçou com
determinação, a necessidade de retaliação. No entanto, eu não
queria fazê-lo na frente de Louisa. Ela não precisava ver isso
mais do que Araneae.
Enviei outra pergunta.
— Estamos prontos para invadir o trailer?

Patrick.

— Sim.

O carro parou em frente a uma casa simples em South


Boulder. Nas pesquisas anteriores, sabíamos que a casa de
Winifred Douglas era de aluguel. Ela viveu nela desde antes de
ser contratada pela Sinful Threads. As finanças eram todas
sólidas. South Boulder, onde ela morava, ficava ao sul e leste
de Boulder, enquanto o trailer em questão ficava a oeste, nas
montanhas.
Correndo com a mão novamente nas costas de Jana,
praticamente corremos para dentro de casa. Como
combinamos, ela manteve o rosto baixo, as bochechas cobertas
com o casaco, colarinho e sua longa peruca loira presa em um
rabo de cavalo semelhante a um que Araneae usaria.
A porta se abriu imediatamente para Patrick, e nós
corremos para dentro, a porta se fechando atrás de nós quando
entramos na casa cheia de pessoas. Este havia se tornado o
centro de comando de Patrick, mas, do lado de fora, não
parecia assim. Os carros para todas essas pessoas estavam
escondidos para não alertar os sequestradores. Rapidamente,
Patrick fez apresentações. A maioria das pessoas era de
Chicago, Patrick garantiu sua lealdade. Apenas um homem
presente era um do cartel de Carlos.
— Onde está Winnie? — Eu perguntei.
— Ela está no quarto dela com Jason.
Olhei para o meu pulso.
— São quase onze horas. Você tem certeza de que eles
estão seguros?
— Sim, Jason acordou. — Patrick inclinou a cabeça para
uma mulher sentada no sofá que ele havia apresentado como
médica.
— Dr. Moore está observando-o.
A mulher assentiu.
— Ele não se lembra de nada do que aconteceu. —
Continuou Patrick.
— Ela teve que dar algo para acalmá-lo. Agora ele está
grogue e fica perguntando por Louisa.
Eu balancei minha cabeça.
— Quero levar os dois de volta para casa com um guarda-
costas vinte e quatro horas por dia e deixá-los pensar que foi
um pesadelo.
Isso tornaria nosso trabalho muito mais fácil.
Patrick assentiu e me entregou o último pacote.
— Aqui está o que chegou.
— Sr. Sparrow.
Eu olhei para a voz desconhecida. Ela não estava
presente durante as apresentações. Seus olhos eram de um
castanho mais escuro e havia algo diferente em seus lábios,
mas eu tinha que concordar: a semelhança dessa mulher com
Araneae era surpreendente.
— Bridget, eu presumo.
— Sim, senhor. Prazer em conhecê-lo. Sinto muito pelas
circunstâncias.
— Se você fizer isso, será bem recompensada.
Ela respirou fundo.
— Passei horas com Winnie e Patrick, tentando saber a
resposta para qualquer pergunta proposta.
— Onde você nasceu? — Eu perguntei.
— Foi-me dito Chicago, mas recentemente eu descobri
que era Wisconsin.
— Seu nome? — Nasci Araneae McCrie, criei-me como
Renee Marsh e, aos dezesseis anos, tornei-me Kennedy
Hawkins.
— Família? — Continuei fazendo perguntas básicas.
Depois de responder com conhecimento dos Marshes e
conhecimento limitado dos McCries, mencionou os Hawkinses
fictícios, mortos em um acidente de carro.
— Louisa?
— Minha melhor amiga desde o colegial. Grávida do
primeiro filho.— Quando ela respondeu, sua voz falhou de
emoção.
— Sua voz é muito profunda. — Eu disse.
— Tente novamente.
— Minha melhor amiga.
Eu levantei minha mão.
— Muito melhor. Lembre-se disso.
— Sim, senhor. — Ela disse, seu tom mais próximo do de
Araneae.
— Eventualmente, eles vão querer se encontrar com você
pessoalmente. Vá junto com o que eles dizem. Precisamos
saber o plano deles. Mesmo se pegarmos Louisa hoje à noite,
precisamos entender o que eles querem.
Ela assentiu.
— Muito bom. — Voltei-me para Patrick.
— Eu concordo, durante a ligação é a hora de fazê-lo.
Teremos olhos e ouvidos no trailer se eles permitirem que
Louisa fale.
Ela era o nosso curinga. Se eles permitissem que ela
falasse, ela brincaria com Bridget fingindo ser Kennedy? Foi
por isso que decidimos apressar o trailer mais cedo ou mais
tarde.
— Os homens de Carlos estão prontos? — Eu perguntei.
— Estamos. — Disse Mandy, o homem do cartel. Ele era
mais baixo que a maioria dos meus homens, mas de forma
alguma diminuiu sua aura de poder. Este não era Carlos, o
chefe do cartel, mas ele era um associado de confiança.
Patrick assentiu, com os olhos no tablet na mão e um
laptop aberto sobre a mesa. Ele está aqui há quase um dia. Eu
tinha fé em seu comando da operação.
— Seus homens estão prontos. — Disse Patrick.
— E nossos homens estão esperando para levá-la depois
que Carlos a tirar daqui. Seus homens conhecem melhor essa
área.
Meu coração estava batendo incrivelmente rápido,
embora no exterior eu parecesse tão calmo quanto Patrick.
— Avise-os.
— Sr. Sparrow?
Virei-me para ver Winnie em pé em um corredor estreito,
olhando para sua sala e cozinha que estavam cheias de
pessoas. Sua pele empalideceu quando ela se aproximou.
— Eu queria lhe dizer que sinto muito pelo que aconteceu
em Chicago. Se alguma coisa disso com Louisa é minha culpa
...
— Douglas, quando passarmos hoje à noite, tudo será
esquecido. — Engolindo, ela assentiu.
— Eu quero esquecer tudo. — Seus olhos vidrados
passaram de mim para atrás de mim.
Olhando para o outro lado, vi Jana, ainda usando a
peruca loira, parada em silêncio enquanto estava encostada na
parede. Inclinei minha cabeça de Jana para Winnie. Jana
assentiu enquanto se movia pela sala e se dirigiu a Winnie.
— Que tal uma xícara de chá? — Perguntou Jana,
envolvendo o braço em torno de Winnie.
— Se pudermos entrar na cozinha. — Ela respondeu.
Eu me virei para Patrick e Bridget.
— Vamos fazer isso. — Falei diretamente com Bridget.
— Lembre-se, tente falar com Louisa. Se você o fizer,
teremos a confirmação de que ela está lá e viva. — Eu odiava
dizer essas palavras, de admitir dúvidas. Era por isso que não
era Araneae na minha frente, mas uma profissional.
Josey

Vinte e três anos atrás

Recostei-me no balcão da cozinha enquanto Byron


encolheu os ombros em resposta à minha pergunta. Eu estava
começando a me acostumar com seus cabelos loiros e o
formato de seu nariz. O velho Neal havia sido atingido no nariz
quando era mais jovem, tornando-o mais amplo e menos
definido. Os cirurgiões plásticos o endireitaram e afinaram.
Notavelmente, deu-lhe um olhar completamente diferente. O
que nunca mudaria eram seus olhos verdes, quase dourados.
Não sei o que diria se eles tivessem falado sobre mudar a cor
dos olhos.
Provavelmente nada.
Não era como se tivéssemos uma voz no que foi feito.
Eles até colocavam facetas nos dentes, dando à boca um
formato diferente.
Três anos atrás, quando tudo aconteceu, nós dois
perdemos dias, talvez uma semana.
Grande parte da cirurgia, oral e facial, foi realizada
enquanto estávamos sob anestesia.
Nós literalmente acordamos como novas pessoas.
Às vezes era fácil esquecer, cair na rotina em que nossas
vidas se tornaram.
Era como se tivéssemos acordado em um conto de fadas
na América suburbana, a família quase perfeita. Não tínhamos
2 ou 5 filhos, apenas uma, nossa Renee. No entanto, no ano
passado, adicionamos um gatinho cinza à nossa família. Renée
o nomeou Kitty. Não era o nome mais masculino para o nosso
gato, então adicionamos um mister à frente. Mr. Kitty veio a
seu nome tão prontamente quanto nós três nos adaptamos aos
nossos novos nomes. Mais importante, Renée o adorava. E
mesmo sendo um gato grande, ele tolerava o seu carinho até
demais
Sim, eu poderia entrar na segurança trazida por nossos
novos nomes e vidas.
E então algo aconteceu, algo aparentemente inócuo que
fez meu coração disparar e trouxe uma camada fria de suor à
minha pele.
Hoje um homem veio à nossa porta dizendo que estava
fazendo uma pesquisa para o próximo censo.
No começo, eu estava bem, nenhum alarme soou, até que
Renee veio correndo atrás de mim e olhou para ele por trás das
minhas pernas. Embora a tela da porta estivesse entre nós,
meu pulso acelerou quando o homem sorriu, um sorriso que
torceu meu estômago em nós. Ele se abaixou e falou
diretamente com Renee.
— Qual é o seu nome, linda?
Ela olhou para mim com seus olhos cor de chocolate
quando eu balancei minha cabeça negativamente.
— Vamos lá, querida. — Disse ele.
— Você pode falar comigo. Sua mãe estava falando
comigo.
Passei a mão por seus cabelos macios e sedosos. Estava
em duas tranças, lembrando-me da criança mais nova em um
programa que assisti quando criança. Nós a chamávamos
provocativamente de Cindy quando seu cabelo era assim, eu
pela filha de Brady Bunch e Byron, porque ele pensou que isso
a faria parecer com Cindy Lou Who, do Dr. Seuss, alguns de
seus livros favoritos para lermos.
Coloquei-a atrás de mim.
— Estamos ensinando-a a não falar com estranhos. —
Eu disse, meu pescoço se endireitando enquanto olhava para
o homem que ainda olhava para nossa filha.
Finalmente, quando ela não respondeu, ele se levantou.
— Ela é realmente bonita, senhora.
— Obrigada. Acredito que terminamos sua pesquisa.
Ele olhou para sua prancheta.
— Só vocês três morando aqui?
— E o Mr. Kitty. — Renee disse em sua voz doce de três
anos de idade.
Ele se abaixou.
— Você tem um gatinho?
Renee assentiu.
— Esse é o seu nome.
— Kitty é o nome de seu gato?
Ela assentiu novamente, movendo-se mais uma vez atrás
das minhas pernas.
Ele se levantou novamente.
— Acredito, senhora Marsh, que é tudo, por agora.
Comecei a dar um passo e fechar a porta sólida quando
ele parou.
— Vocês todos estão seguros.
Meu estômago revirou, nós em cima de nós, minhas mãos
tremiam enquanto eu me atrapalhava com a porta sólida e
fechadura. Tentando não alarmar Renee, eu andei
casualmente pela casa. Porta por porta, mudei-me até
confirmar que cada porta externa estava trancada.
— Mamãe, Mr. Kitty está lá fora. — Disse Renee,
apontando para o quintal.
— Memeba, você o deixou sair?
Olhei para além da cortina branca e esticada que obstruía
as janelas da porta dos fundos. Com certeza, esparramado na
varanda dos fundos, deitado ao sol, estava Mr. Kitty. Eu disse
a mim mesma que ele ficaria bem. O quintal era cercado, uma
cerca de madeira de um metro e oitenta de altura e os portões
estavam sempre fechados e trancados.
— Vá buscá-lo. — Disse ela, seus olhos implorando.
— Eu não o quero lá fora com esse homem.
Olhei novamente para a varanda. Mr. Kitty não se mexeu.
Apoiando meu pescoço e ombros, destranquei e abri a porta. A
cabeça do Mr. Kitty virou na minha direção enquanto meu
olhar vasculhava o quintal além da varanda até o conjunto de
balanço e a caixa de areia de Renee.
— Venha, Mr. Kitty. — Disse, conversando com ele
enquanto observava. Quando me abaixei para levantá-lo, vi
pelo canto do olho. O portão lateral estava aberto.
Carregando Mr. Kitty e empurrando Renee de volta para
casa, novamente tranquei a porta.
— Por que você disse que não o queria com aquele
homem? — Perguntei, imaginando o que ela tinha visto.
— Porque ele era um estranho.
Isso não respondeu à minha pergunta, embora eu hesitei
em pressioná-la, para alarmá-la de alguma forma.
Agora, estava aqui com Byron, querendo que ele
compartilhasse meu alarme, enquanto Renee estava na sala
cantando e dançando com uma de suas fitas de vídeo da
Disney.
Ele deu de ombros novamente.
— Eu não sei, Josey. Eu poderia ter deixado aberto depois
de cortar a grama.
— Você nunca o deixa aberto. E se Mr. Kitty tivesse saído?
— Eu não tenho uma resposta.— Ele alcançou meus
ombros e beijou minha testa.
— Entendo por que você se preocupa, mas não há com o
que se preocupar.
Abaixei a voz.
— Você sabe isso? Você já falou com o Sr. Sparrow?
— Não, Neal Curry está morto para a equipe. Não posso
simplesmente ligar para ele. Você sabe que temos instruções
muito específicas sobre o envio de informações sobre Renee.
Não posso aparecer na Sparrow Enterprises. Lembre-se,
também saí do meu trabalho lá.
Eu levaria um tiro se me aproximasse da casa.
— E se aquele homem fosse de Sparrow?
— Então ele viu o que deveria ver. Renee ainda está aqui.
Nós também. Estamos fazendo como nos foi dito.
— Eu não gosto disso. Talvez possamos fugir mais cedo
ou mais tarde? — Perguntei.
— Precisamos economizar dinheiro. Eu estou fazendo
isso, mas isso leva tempo.
— E se o Sr. Sparrow souber do dinheiro? E se aquele
homem fosse um aviso? — Fiquei mais ereta.
— Ele nos disse para ficarmos seguros. Quem faz isso?
— Talvez um cavalheiro gentil que queira que as pessoas
fiquem seguras.
— Vi McCrie no noticiário outro dia. Ele voltou a trabalhar
para McFadden.
Byron sacudiu a cabeça.
— Querida, essa vida acabou para nós. Não se apegue a
isso.
— Ainda não entendo por que, se McCrie trabalha para
McFadden, se sua irmã é casada com Rubio, por que McCrie
iria providenciar para Allister Sparrow vigiar sua filha.
Byron abriu a geladeira e pegou uma cerveja.
— Quando é o jantar?
Fechei os olhos.
— Pense nisso.
— Eu penso. — Disse ele através de um maxilar cerrado.
— Passei três anos pensando nisso.
— E o que você decidiu?
— Talvez ele não tenha pedido a ajuda de Sparrow.
Eu balancei minha cabeça.
— Não sei o que você quer dizer.
— O jornal disse que ...eles anunciaram a morte de sua
filha. Talvez nem McCrie nem sua esposa saibam que ela está
viva. — Ele deu de ombros.
— Quer dizer, eu não sei.
— McCrie estava no hospital. Eu acho que ele sabia.
— Você foi ao hospital? Por que você nunca me contou?
— Sua mão foi para o seu cabelo.
— Oh meu Deus, Josey, e se Sparrow tivesse descoberto.
— Foi ele quem me enviou. — Dei de ombros.
— Um dos seus. Deveria pegar Renée. Não conseguia
imaginar desistir de um filho. Tive que falar com a mãe. — As
lágrimas vieram aos meus olhos.
— Ela não sabia. Queria tanto contar a verdade a ela,
para aliviar um pouco sua dor. Mas o que poderia dizer? Sua
filha não está morta, mas tenho que levá-la. — Espiei na
esquina da sala, confirmando que o interesse de Renee estava
na televisão e não em nós. Levantei meu braço direito.
— Ela me deu essa pulseira, dizendo-me para, por favor,
enterrá-la com sua filhinha, Araneae.
— Araneae? É por isso que você queria que o nome dela
fosse Renée?
Assenti.
— Esperava que o único pedido pudesse ser atendido pelo
pessoal de Sparrow, aqueles com os documentos.
— Pensei que fosse uma pulseira antiga, que você disse
que não queria deixar para trás.
— Eu não menti para você, Byron. Isto é.
Ele levantou meu pulso e olhou para os encantos
pendurados nos elos de ouro.
— O que você vai fazer com isso?
— Não sei. — Disse sinceramente.
— Imagino um dia dando a Renee, dizendo a ela que era
de sua mãe biológica e que ela também a amava, como nós,
tanto que ela sabia que entrega-la a nós era melhor, mais
seguro.
Byron sacudiu a cabeça.
— Você não pode contar a ela nada disso. Ela não sabe
como a pegamos.
— Ela sabe que não cresceu na minha barriga. Quando
ela perguntou sobre Patricia, na porta ao lado, e por que sua
barriga estava ficando maior, disse a ela que os bebês crescem
na barriga das mamães. Ela fez a suposição natural. Disse a
ela que, embora ela não crescesse dentro de mim, nós a
amávamos muito e ela era nosso presente.
— Ela tem três anos.
— E ela aceitou. Não houve mais perguntas.
Ele respirou fundo.
— Da próxima vez, fale comigo antes de dizer a ela
qualquer coisa que possa voltar a machucá-la.
— É isso que estou tentando evitar, magoá-la. Estou
sendo o mais honesta possível. Ela é esperta. Ela faz
perguntas. Ela observa e vê. É por isso que tenho medo que ela
tenha visto aquele homem em nosso quintal.
— Você não sabe disso. — Disse Byron.
Não respondi.
— Vou comprar novas fechaduras para os portões.
— Obrigada.
Sterling
O bilhete no pacote com o celular tinha instruções para
Kennedy ligar assim que ela chegasse de Chicago. Se
estivéssemos certos e a casa estivesse sendo vigiada, nosso
tempo estava quase acabando. A casa inteira silenciou,
segurando uma respiração coletiva, enquanto Bridget colocava
o telefone no viva-voz e pressionava o botão de chamada.
Eu balancei a cabeça para Patrick e Mandy, dizendo-lhes
para enviar os homens de Carlos. Patrick tinha posto esta
operação em movimento, mas agora que eu estava aqui, eu
estava no comando. Ambos os homens assentiram enquanto
enviavam suas mensagens. As únicas instruções para os
homens do cartel eram resgatar Louisa. Se possível, eu queria
a chance de questionar os sequestradores, mas não tanto
quanto eu queria que Louisa estivesse segura. Se o cartel
conseguisse expulsar os homens de McFadden, eles poderiam
fazer isso. Reid poderia rastrear todos os seus eletrônicos para
confirmar sua conexão com McFadden. Se não fosse ele,
estaríamos de volta à estaca zero.
— Senhorita. Hawkins? — Uma voz profunda no alto-
falante do telefone perguntou.
— Kennedy Hawkins?
Calafrios familiares de antecipação percorreram minha
espinha. Esta vida não era para os fracos de coração. Eram
necessários os homens e mulheres certos para encarar a morte
e sair ilesos. Enfrentar de bom grado uma e outra vez era
insanidade ou fortaleza incrível. Todos nós reunidos aqui
estávamos de pé na beira de um penhasco, o local em que a
adrenalina aumenta o pulso e os dedos empalidecem quando
apertam em punhos. Era o instinto de luta ou fuga que em
pessoas como nós estava com defeito.
Não havia fuga, apenas luta.
Nada de recuar. Não há recuo nos esconderijos.
Era matar ou ser morto.
Embora eu possa dizer que pessoas como Reid, Patrick e
eu, assim como outras pessoas de minha equipe, adquiriu essa
resposta psicológica no Exército ou em outros ramos das
Forças Armadas, não seria completamente preciso. Com nós
três, eu acredito que a aperfeiçoamos no Exército, no deserto
e em cidades dizimadas.
No entanto, permanecer verdadeiramente alto e
inabalável e encarar o tempo do ceifador após tempo, esse
instinto defeituoso tinha que ser ligado ao seu DNA. Somente
homens e mulheres com corações gelados poderiam fazê-lo e
voltar para mais.
Nós éramos uma raça única, uma irmandade quando
trabalhamos juntos, inimigos mortais quando não.
Para a maioria nesta pequena casa, nos qualificamos e
hoje éramos irmãos trabalhando por uma causa.
Talvez esse DNA fosse outra coisa pela qual eu deveria
agradecer ao meu pai.
Talvez sim, quando nos encontramos no inferno.
Para outros, essa vida, esse negócio, era inacreditável,
insondável.
Não podia me preocupar com Winnie ou a médica e como
elas lidariam com as consequências. Patrick havia encontrado
a médica através do cartel. Ela seria bem paga e, se falasse,
morreria. Era a verdade simples que ela entendia bem. Se ela
não entendesse isso, ela não trabalharia para eles.
Quanto a Winnie, e espero que Louisa se ela sobrevivesse,
seus óculos cor de rosa nunca mais se encaixariam. Era a dura
realidade.
Meus olhos foram para Patrick, me perguntando se ele
achava a voz no telefone familiar. Não havia sotaque distinto
ou característica única.
Enquanto fazia sua pergunta.
— Senhorita Hawkins? Kennedy Hawkins?
Através das bases de dados de minha mente, sua voz
soava como todo homem, ao mesmo tempo que ninguém que
eu conhecia.
Felizmente, Reid estava fazendo a mesma coisa que eu,
mas não mentalmente, tecnologicamente. Ele estava
executando a voz no telefone, através de uma conexão no
laptop de Patrick, através de milhares de padrões de voz,
procurando uma correspondência.
— Sim, é ela. — Bridget respondeu a sua pergunta.
Eu apontei para cima. Seu tom precisava ser mais alto.
Bridget pigarreou, o que eu esperava que soasse como
nervos e não o que era.
— Posso falar com Louisa, por favor? — Perguntou
Bridget, sua voz tremia de maneira apropriada com uma pitada
de medo.
— Num minuto. — Ele respondeu apressadamente.
— Primeiro, vou lhe dizer exatamente o que você precisa
fazer para ver sua amiga novamente, e não quero dizer na
morgue.
Concordei, incentivando Bridget a chegar a Louisa.
Seus olhos estavam arregalados em mim enquanto ela
ouvia e falava.
— Quero ter certeza de que ela está bem. Por favor deixe-
me...
— Responda a minha pergunta. Quem é sua mãe?
Meu estômago se apertou. Essa não era uma resposta
simples.
— Minha mãe biológica ou a mulher que me criou?
— A mãe de Kennedy Hawkins.
— Na minha certidão de nascimento como Kennedy, diz
Debbie Hawkins.
Exalei.
— Agora, por favor. — Bridget continuou.
— Meu cliente. — Ele interrompeu
— Quer a informação, a evidência que seu pai biológico
escondeu.
Ela deve ter respondido a pergunta da maneira que ele
queria.
Espere? Cliente?
— Não tenho nenhuma informação. Essa é uma história
de conto de fadas. — Ela disse imediatamente enquanto eu
agradecia silenciosamente a Patrick por seu trabalho completo
com Bridget.
— Ele acha que sim. — Disse o homem.
— Ele acha que você tem a chave. Pare de mentir e me dê
as provas. Depois de fazer isso, você vai me ligar por telefone e
marcar uma troca. Esses CDs pela Sra. Toney.
CDs?
— Eu preciso ouvir...
Ele continuou a falar.
— Nós temos olhos. Sabemos que Sparrow é sua maldita
sombra; ele não vai deixar você fora da vista dele ou de Kelly.
Caso contrário, seria você aqui em vez de sua amiga. Você pode
viver com você mesmo se você deixá-la levar a culpa.
— Por favor.
Porra, minhas mãos apertaram mais, ansiosas para
atacar. Queria atravessar o maldito telefone e matar esse cara.
No momento, não me importava se estava na frente de Louisa
ou não, apenas o observar sangrar pelo jeito que ele estava
falando com Araneae, mesmo que não fosse ela.
— Melhor se apressar... — Ele riu.
— E peça a Sparrow para ajudá-la, porque esta senhora
aqui está prestes a ter um filho, como a qualquer momento.
Nós estamos preparados para bebês... Odeio ter que matar
duas pessoas porque você não pode seguir as instruções.
Respirei fundo e olhei para Patrick. Queria ouvir comoção
do outro lado desta linha.
Onde estavam os homens de Carlos?
— Por favor. — Bridget implorou novamente.
— Deixe-me falar com ela. Eu preciso saber... Ela é minha
melhor amiga ... Posso vê-la?
Era arriscado ela iniciar uma ligação visual, mas mantê-
lo na linha e confirmar a segurança de Louisa eram as
prioridades.
— Depois que você obtiver as evidências. — Disse ele.
— Você, não seu guarda-costas ou Sparrow, me trará.
Suponho que você saiba não entrar em contato com a polícia
ou com os federais. Se eu ouvir um boato de que você falou
com os federais novamente...— As palavras dele sumiram
antes de voltar mais alto.
— Que porra é essa?
A linha ficou em silêncio, mas não antes do grito distante
de uma mulher e o crepitar e estalar de tiros irromperem do
outro lado. Parecia que alguém havia disparado um pacote de
fogos de artifício.
Respirei fundo.
A mão de Bridget tremia enquanto olhava para a tela que
indicava que a ligação havia terminado.
— Foi isso? Não conversamos com Louisa. — Disse ela,
com lágrimas nos olhos.
— Eu nem a conheço.— Ela olhou para mim.
— Sinto muito, Sr. Sparrow.
Winnie e Jana estavam olhando para Bridget, os olhos
também úmidos de emoção enquanto seguravam as mãos uma
da outra para conforto.
Minha mente girou, querendo respostas, preocupado com
Louisa e imaginando a tarefa inimaginável de contar a Araneae
notícias que partiriam seu coração.
— O homem na linha disse que a deixaria falar. — Disse
Patrick, quebrando o silêncio condenatório.
— Isso significa que ela está lá. Isso também significa
que, a alguns segundos atrás, ela conseguiu conversar e que
... — Ele se virou para Mandy.
— Seus homens estão no lugar certo.
— Eu quero respostas. — Declarei para o quarto.
— Estamos sendo vigiados. Esta casa precisa ser
protegida.
Sob a cobertura da noite, três homens da nossa equipe
saíram pela porta dos fundos e nas sombras. South Boulder
não estava pronta para um tiroteio em uma vizinhança calma,
mas se fôssemos abordados, aconteceria um.
O tempo passava. No entanto, o tempo parou enquanto
as paredes da casa de Winnie figurativamente fecharam a
nossa volta.
Araneae
Era bom sair do apartamento, mesmo que fosse no andar
de baixo. O elevador se abriu para uma área aberta, uma sala
de estar comum com sofás e cadeiras, lembrando-me o saguão
de um hotel.
— Você usa muito essa área?
— Não. — Disse Lorna.
— Apenas outro lugar para limpar.
— Sinto muito. Eu deveria fazer mais lá em cima. Não é
justo para você.
Ela acenou com a mão.
— Não me importo. Também estou chateada com o
bloqueio. Espero que seja resolvido e sua amiga esteja segura.
Estou bem com o que faço. Não tenho uma casa de projeto de
moda de seda incrível para administrar.
Minha mente foi para Sinful Threads e depois para
Louisa, Jason e o bebê Kennedy.
— A última vez que conversei com Sterling, ele disse que
o marido foi encontrado e deve ficar bem.— Olhei para o meu
telefone.
— Não acredito que não ouvi outra palavra dele.
— Você ligou ou mandou uma mensagem?
— Um milhão de vezes logo depois que ele saiu. Agora,
estou tão brava quanto curiosa. Espero que ele, Patrick ou Reid
me digam o que podem, quando puderam.
Ela me levou até a porta à direita.
— Entre. Bem-vinda á casa de Reid e minha.
Isso me fez sorrir, pensando que todos vivíamos juntos,
mas Lorna pôde considerar esse espaço deles.
— Você se importa de eu estar aqui? Não quero me
intrometer.
— Não. — Ela disse com um sorriso.
— Gosto disso. Como você pode imaginar, essa vida não
permite muitos visitantes. Tê-la aqui me faz sentir como... —
Ela encolheu os ombros.
— Como se eu tivesse uma amiga para tomar vinho.
— E queijo. — Eu disse.
— Você mencionou queijo.
Quando ela abriu a porta, eu pisei atrás dela e olhei em
volta a casa deles.
— Oh Deus. Eu amo isso. É tão diferente do andar de
cima e ainda é tão espaçoso e tão você.
— Eu?
Eclético, um pouco moderno chique, e ao mesmo tempo
caseiro.
Eu estava na porta, vendo a grande sala de estar
conectada a área de jantar de sua cozinha. A parede à direita
e a parede oposta eram feitas de vidro, as mesmas janelas altas
do andar de cima. A sala era elegante com cores, pinturas,
muitas como as do escritório de Sterling. Os sofás e cadeiras
cinza estavam cheio de almofadas e mantas de cores variadas,
combinando com as pinturas.
Dei um passo em direção a uma das pinturas na parede.
A assinatura era de Jean-Michel Basquiat.
— Sterling tem um desses em seu escritório.
Ela assentiu.
— Eu gostei do dele, então Reid me surpreendeu com
este. Não acredito que possuímos algo semelhante ao que eles
penduram nos museus. Ele é bom em entender o que eu gosto
e o que não gosto.
— Como xadrez?
Seu sorriso se alargou.
— Hmm.
— Acho que é mais fácil pensar nisso do que ficar sozinha
por cinco dias. — Disse melancolicamente, esperando e
rezando para que não passassem cinco dias. Cinco horas
foram insuportáveis o suficiente.
Lorna acendeu as luzes e, apertando outro botão, ligou a
lareira.
— Eu sei que é verão, mas quando estou chateada, um
fogo com vinho faz-me sentir melhor.
Observei as chamas por um momento, tentando entender
que era agora domingo de manhã e apenas vinte e quatro horas
atrás, Sterling e eu estávamos em um iate no lago Michigan, e
agora, Lorna e eu estávamos em uma realidade estranha onde
algo chamado bloqueios não apenas existiam, mas nos
removiam do mundo real.
Afastei-me das chamas e segui atrás dela até a cozinha.
— Eu gosto do fogo. É uma boa ideia.— Quando saí da
sala de jantar, parei e entrei na cozinha de Lorna. Embora não
fosse tão grande quanto o andar de cima, possuía os mesmos
aparelhos sofisticados e balcões de superfície dura. Uma
diferença foi o backsplash2. Era um azulejo colorido que trazia
faíscas de vermelho, amarelo e laranja às paredes. Quando ela
apertou outro interruptor, as luzes LED fizeram o azulejo
brilhar, como se como a lareira, tivesse fogo real. Pendurados
em cordas sobre a ilha havia mais luzes. Estes tinham a forma
de chamas com lâmpadas dentro deles que piscavam
suavemente.
— Você gosta de fogo. — Eu disse.
— Gosto de calor. Odeio estar com frio.
— Você cozinha aqui também?
— Ás vezes. Depende. Um dia eu cozinho aqui e levo a
comida lá em cima. Outro dia, o oposto. — Ela encolheu os
ombros.
— Depende do meu humor e isso muda as coisas.—
Virando, ela abriu uma geladeira de vinho embutida no
armário e me perguntou o que eu gostaria.
— Moscato, branco, se você tiver.
Lorna sorriu.
— Como eu disse, eu faço as compras. Eu nos mantenho
bem abastecidos.
Olhei para o tamanho do refrigerador do vinho.
— Se isso durar cinco dias, pode ficar sem.

2 Painel atrás de uma pia ou fogão que protege a parede contra salpicos
— Oh, também há muito no andar de cima.
Depois que ajudei Lorna a cortar alguns queijos
diferentes e levar o prato para sala, peguei a garrafa de
Moscato e um copo e voltei para um dos sofás. Quando me
sentei, peguei meu telefone novamente do meu bolso e coloquei
sobre a mesa.
Na tela, vi o ícone indicando que havia perdido uma
ligação.
Sterling na tela.
— Oh meu Deus. Como eu perdi isso?
— O quê? — Perguntou Lorna, saindo da cozinha com sua
própria garrafa de vinho e um copo.
Minhas mãos tremiam quando levantei o telefone. Já
passava das duas da manhã, e não tinha certeza de poder ouvir
uma mensagem. Eu não sabia se poderia lidar com a notícia.
E se fosse ruim?
Sterling me prometeu que estaria comigo quando eu
soubesse coisas boas ou más
Ele fez essa promessa sobre minha família, mas Louisa
se qualificava como família.
Durante anos, os Nelsons eram tudo que eu tinha.
— O quê? — Lorna perguntou novamente.
Apontei para o telefone em cima da mesa.
— Perdi uma ligação de Sterling.
— Como? Você esteve com seu telefone o tempo todo. —
Quando eu só a olhei de olhos arregalados e voltei ao telefone,
continuou.
— Ele deixou uma mensagem? Você vai ouvir?
Tentei engolir.
— Estou com tanto medo. Queria que ele estivesse aqui.
— Olhei para Lorna enquanto ela se sentava ao meu lado.
— Não me entenda mal. Estou chateada pra caramba com
ele, eu quero gritar com ele, chamá-lo de todos os nomes que
eu possa invocar, xingar como um marinheiro e bater meus
punhos contra o seu peito.
Lorna assentiu.
— E então você quer que ele a envolva nos braços e diga
que está tudo bem. Sua amiga, o marido e o bebê estão seguros
e saudáveis.
— Você quer que lhe diga que ele, Patrick e Reid estão
todos em casa e seguros. Você quer que ele lhe diga que a vida
continuará.
Lágrimas estavam novamente chovendo em minhas
bochechas.
— Sim. Eu quero tudo isso.
— Ei, enquanto você fizer exigências, não se esqueça da
mão no sensor. Eu apostei dez dólares nisso.
O latejar nas minhas têmporas recomeçou.
— Eu preciso ouvir a sua mensagem.
Peguei o telefone como se fosse uma cobra capaz de
injetar veneno e toquei na tela.
— Há quanto tempo ele ligou? — Ela perguntou.
— Apenas cinco minutos atrás. Não entendo como a
perdi. — Verifiquei o toque.
— Não faz sentido. O toque está ligado e deveria ter
vibrado.
— São 2:22 aqui. — Disse Lorna, abrindo as garrafas de
vinho.
— Boulder está apenas uma hora atrás, certo?
Eu balancei a cabeça enquanto meu coração batia
loucamente como um tambor vibrando no meu peito, as
pulsações reverberando em minhas mãos e as fazendo tremer.
Mirando, eu toquei no ícone do correio de voz e levei o telefone
ao meu ouvido.
A voz profunda de Sterling veio pelo telefone.
— Espero que você esteja dormindo. Vamos voltar para
casa em uma hora. Sei que prometi estar com você quando lhe
desse notícias.
Mais lágrimas se formaram ao som de sua voz.
— Eu sei que você está chateada comigo, mas nosso plano
funcionou.
Funcionou? O que isso significa?
— Acho que desta vez posso quebrar minha promessa.
Acho que você precisa saber mais cedo ou mais tarde. E se você
acordar e ouvir esta mensagem, não quero mais que você se
preocupe. Louisa e Jason estão seguros. Ela está a caminho
do Centro Médico Luterano nos arredores de Denver, de
ambulância. Não porque é uma emergência. Esse hospital é
onde eles têm o principal departamento de UTI neonatal do
local. Ela não está em trabalho de parto. Isso é estritamente
para prevenção. Vou lhe contar mais de manhã. Eles não
apenas estão seguros, mas também organizamos vigilância
individual vinte e quatro horas por dia, até que tudo esteja
resolvido.
O que precisa ser resolvido?
— Preciso ir. Temos algumas coisas para concluir.
— Luz do sol, você pode me odiar, mas eu precisava me
concentrar em Louisa e saber que você estava segura. Você
pode me odiar, mas isso não me impede de amar você.
O correio de voz terminou.
Minhas bochechas estavam cobertas de lágrimas e meu
nariz estava escorrendo. Eu estava tão longe quanto poderia
estar da imagem de realeza que Sterling me disse para ter no
clube, o que parecia um milhão de anos atrás. Colocando o
telefone no meu colo, virei-me para Lorna.
— Ela está segura. Eles conseguiram.
Ela se inclinou para a frente e deu-me outro abraço.
— Louvado seja.
Assenti.
— Ainda estou brava com ele.
— Não culpo você.
— Mas acho que entendo.
Lorna derramou Moscato no meu copo e depois algo
vermelho no seu. Depois de entregar o meu para mim, ela
levantou o dela e disse.
— Para Louisa.
Nossos copos tilintaram antes de cada uma tomar um
gole.
— Você acha que ainda estaria tudo bem para eu fazer
todas as coisas que disse?
— Gritar, bater, xingar ...? Essas coisas? — Lorna
perguntou.
Assenti, tomando outro gole mais longo.
— Eu diria, depois de abraçá-lo e dizer como você está
agradecida por Louisa e o bebê estarem a salvo.
Dei de ombros.
— Parece que está na ordem errada.
Lorna piscou.
— Vai mantê-lo em alerta.
Araneae
Pouco depois das três da manhã, Lorna subiu no elevador
comigo para o primeiro andar, no apartamento de Sterling e
meu. Quando as portas se abriram, ela sorriu.
— Será melhor pela manhã.
— Agora que sei que Louisa está segura, quero fazer isso.
— Disse, apontando para o sensor.
— Dez dólares em você.
As portas do elevador se fecharam, me deixando sozinha
na vastidão da cobertura.
Meus pés de meia deslizaram no chão de mármore
enquanto caminhava para as escadas. Com a mão no
corrimão, parei e me virei em direção aos arcos para a sala de
estar e a sala de jantar. Com a única iluminação onde o brilho
da lua vinha das janelas, o apartamento assumiu um tom
prateado.
Embora nada na cobertura tivesse mudado desde que fui
ao apartamento de Lorna e Reid, parecia diferente, em um bom
sentido.
Ainda não conseguia fazer o elevador funcionar, mas
sabia que estava segura. Sabia que Louisa e Jason estavam
seguros. Por mais errado que o mundo e minha vida podiam
estar, estava certo.
Eu estava em casa.
Subindo as escadas em direção ao nosso quarto, sorri,
lembrando a conversa de Reid e Lorna. Ocorreu minutos
depois de ouvir a mensagem de Sterling. Reid não apenas deu
a Lorna a mesma informação, como a deixou saber que o
bloqueio terminaria depois que Patrick e Sterling retornassem.
A parte que me fez sorrir foi quando ele também mencionou
que sabia que eu estava no apartamento deles. Lorna apenas
riu. Quando ela desligou, repetiu o que ele havia dito e me
lembrou novamente que, quando se tratava desses três, eu
deveria aceitar que eles sempre saberiam nosso paradeiro.
Parecia avassalador, arrogante e até exagero, mas
sabendo que não estava sozinha, que Reid era igual com Lorna,
de alguma forma me deu a vontade de aceitá-lo pelo que era.
Sterling disse repetidamente que o mundo em que ele me
trouxe, aquele em que nasci, era perigoso.Enquanto ele,
Patrick e Reid foram capazes de salvar Louisa, minha prisão
momentânea na gaiola dourada parecia menos perturbadora.
Nosso quarto estava silencioso quando acendi algumas
luzes, transformando as janelas gigantes em espelhos. Como o
apartamento como um todo, o quarto não parecia mais uma
cela de prisão. Era onde eu queria estar até Sterling voltar e
saber mais sobre Louisa e Jason.
Na mensagem de Sterling, ele disse que eu poderia odiá-
lo, mas ele continuava me amando.
Esse sentimento tocou repetidamente na minha cabeça
enquanto me preparava para dormir, lavando o rosto e
escovando os dentes. Quando puxei uma camisola longa de
cetim sobre a cabeça e deslizei pelo meu corpo, decidi que
poderia fazer as duas coisas. Podia. Fiquei chateada, irada.
Odiei-o naquele momento e nos momentos que se seguiram.
Isso não significava que eu parei de amá-lo.
Ouvi dizer que amor e ódio eram os lados opostos da
mesma moeda, tão intimamente relacionados que você não
podia experimentar um sem o outro.
Subindo na nossa grande cama, acomodei-me com uma
sensação de contentamento que algumas horas antes não
imaginava ter. Puxando o travesseiro de Sterling para o meu
peito, inalei seu perfume persistente, a combinação de banho
tomado e sua colônia.
A percepção de que minha moeda havia caído veio quando
seu aroma me confortou.
Antes que pudesse pensar mais, o sono rapidamente
assumiu.
Acordei com o ritmo da respiração de Sterling, seu corpo
quente e duro enrolado no meu, minhas costas em sua frente,
seguras em seus braços. Não o ouvi entrar no quarto ou na
cama. Piscando, concentrei-me no quarto cheio de luz solar,
sem ter ideia de que hora do dia era ou por quanto tempo
dormi. O céu além das grandes janelas era azul com grandes
nuvens brancas ao longe. Quando comecei a me mexer, seu
abraço se apertou, me puxando para mais perto.
— Eu não vou deixar você sair. — A gravidade do sono se
infiltrou em seu conteúdo profundo enquanto seu hálito
quente contornava meu cabelo.
Lembrei-me de todas as coisas que queria dizer, do jeito
que queria lutar pelo que ele havia feito, mas, por algum
motivo, nada disso saiu. Em vez disso, fiquei maravilhada por
ele estar aqui, ainda dormindo comigo quando acordei.
Quando me acomodei contra ele, minhas emoções saíram em
lágrimas salgadas.
Sterling rolou-me na direção dele, minha frente na dele,
enquanto gentilmente enxugava uma lágrima da minha
bochecha.
— Ela está segura. Chega de chorar.
Balancei a cabeça, deixando minha testa cair contra seu
peito, mas as lágrimas continuaram. Minha voz estava abafada
quando engoli as lágrimas.
— Obrigada pelo que você fez por ela.
— Patrick e Reid devem receber a maior parte do crédito...
Olhei para cima para seu olhar.
— Eu quero ir até ela, vê-la e Winnie. Não consigo
imaginar o que elas passaram.
— Winnie viu de fora. Ela entende o que aconteceu e a
importância de ficar quieta. Jason não se lembra de nada.
Louisa sabe que ela foi sequestrada, mas ela não viu seu
captor. Ela não tem ideia do por que aconteceu. Nós os
convencemos a manter a polícia fora disso. Depois que levamos
Louisa para a casa de Winnie, chamamos a ambulância e ela
foi levada para o Lutheran Medical Center, nos arredores de
Denver para consulta. Ela disse aos paramédicos que ela não
estava se sentindo bem. Eles vão mantê-la em observação. Se
tudo estiver bem hoje, ela provavelmente irá para casa.
— Sterling, eu quero vê-la pessoalmente.
Ele assentiu.
— Eu sei. Você irá.
— Ela está segura?
— Serei completamente honesto com você. Isso ainda não
acabou. É por isso que temos Sparrows observando todos.
Antes, observam Jason, Louisa e os pais dela.— Ele balançou
a cabeça.
— Agora todos eles têm um, incluindo Lindsey, em
Boston.
— Eles sabem? — Perguntei.
— Louisa e Jason sabem. Ela pediu que aqueles que
observassem os seus pais e irmã ficassem escondidos. Ela
estava com medo que fossem perturbar sua mãe. A mãe de
Lindsey não é nova.
Assenti.
— Isso vai acabar?
— Acredito que sim. Você tem que confiar em mim, confie
em nós.
Finalmente, levantei meu queixo, procurando a
segurança de seu olhar sombrio. Eu confiava nele, mas
também precisava ser honesta.
— O que você fez me magoou.
Ele assentiu, me puxando para perto.
— O que fazemos não é algo que quero que você veja, que
saiba.
— Mas isso não era uma situação aleatória. Era a minha
melhor amiga.
— O que, se não tivesse dado certo, teria piorado as
coisas. Não vou esperar e permitir que a luz do sol em seus
olhos desapareça. Sempre saiba que tudo o que faço é para sua
segurança.
Antes que eu pudesse responder, ele colocou seu dedo
sobre meus os lábios e continuou.
— Estou certo de que você está cansada de ouvir isso,
mas não vou parar de dizer. Araneae, você é minha. Manter
você segura, proteger você ... será sempre minha primeira
prioridade, sempre.
— Não sou uma criança. Preciso ser informada e
consultada. Não estou dizendo que não ficarei brava.
Provavelmente, vou. — Meu punho chegou ao seu ombro,
embora meu soco não fosse o que tinha imaginado, uma batida
contra a maior parte de seu músculo duro.
— Não faça isso de novo. Se precisar ficar presa
novamente, seja homem o suficiente para me dizer na cara.
Não quero mais passar pelas emoções que tive ontem à noite.
Pensei que ia com você.
Erguendo meu queixo com o polegar, ele observou meus
olhos. Em seus olhos castanhos, eu vi um milhão de emoções
lutando pela supremacia, pelo direito a ser dito e pelo direito
de ser ouvido. Eu sabia que Sterling Sparrow seria a única voz,
a única que ganhava.
Por fim, ele respondeu.
— Não prometo o que não posso cumprir. Ontem à noite,
quebrei uma e não vou fazer outra que precise ser quebrada.
Inclinei-me para longe.
— Então você está dizendo que não promete não me
deixar aqui contra a minha vontade?
— Araneae, diga-me. Você está aqui contra a sua
vontade? No nosso apartamento? Na nossa cama? Nos meus
braços? Você está aqui contra a vontade?
Suspirei.
— Não.
— Não posso fazer a promessa que você quer ouvir,
porque acontecem coisas que estão além do meu controle.
Prometo que, se for possível contar pessoalmente, o farei.—
Sua cabeça balançou.
— Você está certa sobre ontem. Deveria ter lhe contado,
no entanto, nunca disse que você iria. Você presumiu isso.
— E você me deixou.
— Fiz porque não queria brigar com você. Precisava saber
o que Patrick e Reid sabiam. Louisa já estava desaparecida há
muito tempo. Tinha que pular para a situação com os dois pés.
Posso fazer muitas coisas, mas com você é diferente.
— Como? — Eu perguntei.
— Você me fez querer o que nunca desejei antes. Eu
nunca dei a mínima para o que as pessoas pensavam ... — Seu
ombro encolheu.
— Com exceção das pessoas neste apartamento. Dito isto,
tomo decisões com base no que é melhor para Sparrow e para
a Sparrow Enterprises. Descubro os fatos e parto disso. Não é
sobre emoção. A emoção é uma fraqueza no meu mundo que
não posso pagar. A emoção muda as coisas e desfoca o
objetivo. Fatos concretos frios, intuições íntimas, é isso que
promove o sucesso. Depois que minhas decisões são tomadas,
elas são executadas. Não me afundo nas consequências. Sigo
em frente.
— Com você, eu me importo com o que você pensa. Não
quero que veja o meu lado que entrou em ação ontem à noite.
Quero que você veja um homem que a ama e que você me olhe
como agora. — Seu dedo mudou-se novamente sobre a minha
bochecha.
— Eu quero que esses seus lindos olhos de chocolate
claro vejam um homem que fará qualquer coisa no mundo por
você, para não ver o que isso significa.
— Eu vejo aquele homem. Ontem à noite ...— Procurei as
palavras certas.
— O que você fez ... posso entender, mas estava além da
raiva. Não gosto de me sentir fora de controle ou como uma
criança que foi punida. Eu amo você. Isso não parou nem
quando estava odiando você. Um dia, quando isso estiver
resolvido, preciso que você prometa que me permitirá mais
controle.
— Sempre haverá perigos.
— Sim, é por isso que preciso ter algum controle.
— Quando isso acabar. — Disse ele.
— Eu prometo.
Suspirei, derretendo contra ele, minha suavidade contra
sua dureza. Éramos opostos de muitas maneiras, mas nos
encaixávamosperfeitamente quando nossos corações batiam
como um.
Araneae
As grandes mãos de Sterling espalharam-se pela minha
região lombar, movendo-se para baixo sobre o meu traseiro
enquanto ele me puxava para mais perto. Meus mamilos
ficaram apertados debaixo do cetim da minha camisola, e sua
ereção crescente pressionou contra minha barriga.
Um suave gemido escapou dos meus lábios enquanto ele
subiu a minha camisola, seus dedos se arrastando sobre a
minha pele, puxando o material para cima até eu ceder,
permitindo-lhe puxá-lo sobre minha cabeça e me deixando
nua.
Sterling me deixou mais alta, me levantando, centímetro
por centímetro. Eu levantei as minhas mãos sobre minha
cabeça a medida que o desejo nos seus olhos escuros
queimavam a minha pele exposta. Seu olhar se moveu do meu
rosto para baixo. O tempo passou dolorosamente lento,
enquanto a minha carne firme se arrepiava com o calor do seu
olhar. Quando ele voltou seus olhos para os meus, minha
respiração era rasa e meu núcleo molhado.
Era o que Sterling Sparrow podia fazer, sem uma palavra
ou um toque. Ele me fez querer o que só ele podia me dar,
tomando o que ele queria e dando muito mais. Meu corpo
estava preparado e só tinha começado. Esfregando o seu rosto
no meu pescoço, ele enviou um arrepio através dos meus
nervos, pela minha espinha.
— Você é tão linda. — Disse ele, as suas calorosas
palavras provocando ondas de calor na minha pele queimada
enquanto ele esfregava seu queixo espinhoso contra minha
clavícula. Executando meus dedos sobre seus ombros, minhas
costas arquearam quando seus beijos se moveram mais baixo,
colocando um mamilo em sua boca, puxando-o esticado,
enquanto acariciava o outro com seu dedo talentoso.
Em suas mãos eu era um instrumento premiado e ele era
o músico. Juntos criávamos uma bela melodia que tocava
através do nosso quarto com as suas palavras de adoração e
meus sons de êxtase.
No momento em que seus dedos encontraram meu núcleo
eu queria mais.
— Por favor...
Não era assim que devia ser.
Como simplesmente o instrumento, eu estava à sua
disposição. Era o músico que orquestrava a música. Eu era
dele para tocar, e como aquele instrumento premiado nas
mãos de um músico talentoso, ele me tocou, me sintonizou,
me apertou mais e mais até que eu estava a seu dispor. Sterling
me colocou de joelhos. Com meu peso para frente, em nossos
travesseiros, e minha bunda no ar, ele abriu minhas pernas,
mergulhando seus dedos, enquanto eu me contorcia sob seu
toque.
— Eu amo sua bunda sexy.
Provocando um oponente que eu nunca poderia vencer,
eu balancei para frente e para trás.
— Isso é meu. — Ele disse, com um leve tapa na bochecha
da minha bunda.
— E isso. — Disse ele, novamente mergulhando seus
dedos dentro de mim.
— Diga.
Eu levantei minha cabeça enquanto meus seios
balançavam e minha voz veio sem fôlego.
— Sim, Sterling. É seu.
Outra massagem na minha bunda enquanto ele
continuava a tortura.
— O que é meu? — Ele perguntou, inclinando-se sobre
mim com uma mão no meu abdômen para me manter na
posição.
— Eu, eu sou sua.
Mais uma vez, seus dedos dedilhavam o meu núcleo,
enquanto eu adicionava mais notas para a nossa música.
— Esta boceta.— Ele corrigiu.
Eu balancei a cabeça.
— Diga.
Oh Deus. Eu o queria dentro de mim.
— Sim, minha boceta é sua.
Meu corpo inteiro ficou tenso quando ele pegou minha
essência, movendo o dedo para um lugar que eu nunca tinha
sido tocada.
— Sterling.
— Relaxe, sol. Feche os olhos e sinta. Não pense.
— Eu-eu... — Eu fiz o que ele disse, meus olhos se
fechando enquanto eu me concentrei em seus movimentos.
Ao redor e em volta ele atormentou até que meu corpo
inteiro estava sentindo a sua ação. Não apenas onde ele estava
tocando, mas em toda parte, como se meu anel apertado de
músculos estivesse conectado aos nervos por todo o meu ser.
A minha respiração ofegava e os pelos dos meus braços e
a parte de trás do meu pescoço estavam arrepiados, prontos
para a ação seguinte.
— Isto é meu também. — Declarou ele.
Enquanto lutava contra a ansiedade criada por sua
proclamação, a cama se moveu. Eu me virei para ele, sentindo
a perda de sua presença atrás de mim.
— O que?
Ele abriu a gaveta da mesa de cabeceira, onde ele
mantinha o vibrador que já tínhamos experimentado. Os meus
olhos se arregalaram e o batimento cardíaco acelerou quando
ele tirou uma caixa diferente. Ele não precisava me dizer o que
era, porque assim que ele o tirou do interior de cetim eu
reconheci.
— Sterling ... Eu não ...
— Confie em mim.
Balançando a cabeça, eu abaixei minha testa de volta
para os travesseiros, nervosa sobre o que ele ia fazer, ainda
confiando nele para fazê-lo. Novamente a cama se mexeu
enquanto algo gelado era despejado sobre meu traseiro.
Usando um dedo, ele retomou o dedilhar.
— Relaxe, Araneae. Você está quase lá. Eu lhe disse que
você é minha, inteira. Isso faz parte de você.
Deixei escapar um suspiro enquanto me concentrava em
seus movimentos. Mais lento e mais lento ele circulou,
aquecendo o gel sob seu toque até que eu engasguei quando
ele violou o anel de músculos.
— Tão apertado. Eu não posso esperar para o meu pau
sentir isso.
— Eu-eu ... — As palavras não estavam se formando.
— Hoje não, raio de sol. Vamos começar com um plug
anal. Você precisa alongar antes que você possa me receber, e
eu quero que isso seja tão bom para você quanto para mim.
As palavras de Sterling me tranquilizaram enquanto mais
uma vez o músculo era violado. Desta vez, eu sabia que não
era o seu dedo, mas o brinquedo que eu o vi retirar da caixa.
— Como você está se sentindo? — Ele perguntou.
— Eu não sei.
Ele empurrou lentamente, pouco a pouco, em
movimentos suportáveis.
— Eu...parece... diferente.
— Está todo dentro. — Disse ele.
— Você pode mantê-lo aí?
Meu núcleo apertou com a estranha sensação.
— Eu acho que sim.
Eu soltei um som estridente quando o plugue dentro de
mim começou a vibrar.
— Ah, porra, Sterling ...
Ele não respondeu quando se inclinou sobre mim,
beijando meu pescoço e ombros. Seus lábios se moveram pelas
minhas costas, criando uma trilha na minha espinha,
enquanto o brinquedo continuava a vibrar. Com pequenas
explosões em todo o meu sistema nervoso, eu estava perdendo
todo o sentido do que estava acontecendo.
Quando o pau de Sterling entrou na festa, eu empurrei
para trás, querendo que ele me preenchesse.
Tão cheia.
Meus pulmões lutaram por respirar quando ele parou,
deixando-me ajustar ao seu tamanho com o brinquedo, que
continuava a vibrar.
— Oh Deus. Isso é... — Não conseguia encontrar palavras
adequadas para descrever a sensação.
— Puta merda. — Disse ele, segurando meus quadris.
— Porra, Araneae. Está vibrando no meu pau.
Impulso por impulso, caímos em nosso próprio ritmo.
Minha pele umedeceu como a transpiração, mas minha mente
estava centrada no que ele e o brinquedo estavam fazendo, me
elevando além do nonagésimo sétimo andar até as nuvens. Seu
aperto dos meus quadris aumentou, quando ele bateu em mim
uma e outra vez. De repente, meu núcleo apertado e fogos de
artifício detonados atrás dos meus olhos fechados. Completa
aniquilação. Como nenhum outro orgasmo antes dele, meu
mundo desapareceu enquanto meu interior convulsionou e eu
gritei o seu nome.
Reduzido a nada, o meu corpo desabou.
Levantando-me e me rolando de costas, Sterling beijou
meus lábios enquanto trazia o meu corpo lentamente de volta
à vida. O brinquedo ainda estava no seu lugar, no entanto, era
o homem a fazer amor comigo que tinha toda a minha atenção.
Espiando o seu rosto bonito, fiquei maravilhada com sua
intensidade. Os músculos da sua mandíbula apertavam bem
como seus bíceps inchavam sob a tensão. Minhas mãos
percorreram os ombros largos e peito, seguindo os recortes de
sua definição a medida que, mais uma vez meu núcleo
apertava.
Eu não podia acreditar que eu poderia ter outro orgasmo,
não após o último e não tão cedo.
E então, quando o quarto se encheu de seu rugido
gutural, os fios do pescoço tenso e seus quadris pararam,
minhas costas arquearam quando uma nova onda passou por
mim. Não foi tão intenso quanto o anterior, mas este
permaneceu enquanto o pênis de Sterling pulsava e meu corpo
o segurou firme.
Um sorriso apareceu em ambos os nossos rostos
enquanto nos separamos e ele parou a vibração do plug e o
retirou. Levando-o para o banheiro, ele voltou com um pano
molhado e cuidou de mim. Depois que ele terminou, eu passei
meus braços em volta do seu pescoço e puxei-o de volta para
a cama.
— Isso foi ... — Meu sorriso cresceu.
— Melhor do que eu imaginava. — Disse ele.
— O que? Você nunca fez isso?
Seu sorriso cresceu enquanto seu olhar sombrio brilhava
na minha direção.
— Não. Eu idealizei-o para o nosso encontro.— Ele deu
de ombros.
— Mas uma vez que a ideia foi definida, não consegui tirá-
la da minha mente.
Havia algo sobre ser a primeira a experimentar isso com
ele que encheu meu peito com calor e orgulho. Ainda assim,
eu queria ser clara.
— Eu nunca usarei isso fora deste quarto. Então tire essa
ideia de sua cabeça.
— O outro vibrador?
Ele estava falando sobre aquele com o controle remoto.
Dei de ombros.
— Sem promessas.
— Isso é melhor do que um não assertivo.
Meu nariz franziu.
— E eu não sei sobre a outra coisa. Você é meio grande.
Seu dedo acariciou minha bochecha novamente.
— Luz do sol, temos a eternidade. Não temos pressa.
— Você vai me dizer mais sobre a noite passada? — Eu
perguntei.
Sterling assentiu.
— Sim. Vamos tomar banho e almoçar em primeiro lugar.
Eu estou com fome.
— Almoçar? — Eu olhei para o relógio.
— Oh, caramba. É quase meio-dia.
Ele me ofereceu sua mão para levantar da cama.
— É por isso que eu disse almoçar.
Sterling
Fiquei impressionado com a realidade de que nós cinco
estávamos de volta na cozinha comendo sanduíches e saladas,
como se o mundo inteiro não estivesse pronto para implodir na
noite anterior. Araneae e Lorna estavam dizendo algo e
sorrindo. Reid disse-me que Lorna tinha levado Araneae para
o apartamento deles na noite passada. E embora eu não tivesse
certeza de como me sentia sobre isso, eu gostei que ela não
estivesse sozinha. Lembrei-me da primeira vez que deixamos
Lorna bloqueada. Ela era uma mulher forte, mas nós não
tínhamos considerado seu medo. Para nós, ela estava segura.
Desde então, Reid fez o seu melhor para mantê-la conectada
quando as coisas dessem errado.
As duas senhoras estavam falando algo sobre xadrez. Eu
preciso perguntar Araneae se ela joga.
O pensamento trouxe uma sombra escura aos meus
pensamentos mais leves. Parece estranho comprar um novo
tabuleiro para o nosso quarto, se ela quisesse jogar, mesmo
que eu tivesse um no meu escritório? Eu precisaria dizer a ela
por que não poderia mover essas peças no tabuleiro do meu
escritório? Era um jogo em andamento com Mason, e desde ele
faleceu, as peças não se mexeram. Por quase seis anos elas
ficaram exatamente como estavam. O espanador de Lorna era
a única coisa que tocava neles.
Eu me preocuparia com isso depois deste acordo com
McFadden fosse resolvido.
Depois que os homens de Carlos dispararam no trailer,
confirmaram que os homens lá dentro não faziam parte do
cartel, e entregaram Louisa aos Sparrows, dois Sparrows
voltaram para o trailer para a limpeza. Deixar mortos ou quase
cadáveres por aí nunca era bom. Em Chicago, eles poderiam
ser facilmente movidos para um local confiável, adicionando-
se o véu do engano que existia para criar a falsa sensação de
segurança aos moradores de Chicago.
Boulder era diferente.
Quando nossos homens chegaram, o homem que falava
ao telefone estava morto, um ferimento de bala na têmpora,
seu telefone destruído e uma arma na mão sem vida.
O cartel era bom. Talvez eles não tenham sido tão bons
porque, de alguma forma, ele encontrou uma arma e tirou a
própria vida. Era um sinal claro de que ele preferia morrer
pelas próprias mãos do que enfrentar nosso questionamento
ou o castigo de McFadden por perder Louisa.
O garoto que estava indo até os Correios não era tão
engenhoso.
De acordo com sua identidade, seu nome era Ricky. Ricky
foi baleado nos dois joelhos, então mover-se era impossível. No
entanto, ele estava vivo. Há algo sobre o pensamento de estar
deitado no deserto, seu corpo uma miscelânea para ratos e
outros vermes, que ajudava você a fazer o que podia para
sobreviver e escapar.
Que pena, ele pensou que isso aconteceria com sua
cooperação.
Os Sparrows não precisaram de muita persuasão para
fazer Ricky falar. Ele não sabia o nome do cliente, apenas suas
instruções através do seu parceiro. O garoto tinha ajudado a
prender os Toneys, atirando em ambos com um tranquilizante,
depois de colocar um pano com clorofórmio sobre suas bocas
para dormirem.
Isso foi parte do motivo pelo qual insistimos em
transportar Louisa para o hospital. Embora o Dr. Moore tenha
avaliado que ela e o bebê ficariam bem, ambos com batimentos
cardíacos fortes, não estava disposto a arriscar que os
medicamentos causassem prejuízo.
O tranquilizante foi o motivo pelo qual Jason não se
lembrava do sequestro, a temperatura na unidade de
armazenamento causou sua desidratação. Parecia realmente
que ele era tão sortudo quanto Louisa. Se ele tivesse ficado
naquele recipiente por mais tempo, seu corpo teria desligado.
Ricky disse que entraram na casa dos Toneys perto das
onze da noite para droga-los. A van chegou um pouco mais
tarde, a que Reid viu no vídeo da câmara vizinha. O cliente
instruiu-os a abandonar o marido, dizendo que estava apenas
interessado na mulher.
Ricky não tinha certeza do nome de seu parceiro. O
homem só o contratou para este trabalho, mas ele se lembrou
de ouvir alguém ao telefone chamá-lo de Sly.
Enquanto o garoto não estava mais vivo para
experimentar a invasão de vermes, isso não mudou o fato de
que, enquanto almoçávamos, Ricky agora estava alimentando
a vida selvagem do Colorado. Provavelmente começaria com
presas maiores: pumas, ursos pretos ou gatos selvagens. Como
espécie, os felinos eram mais carnívoros do que os ursos, mas
carne era carne. Finalmente, os vermes e insetos menores
terminariam o processo.
Não seria diferente do que teria acontecido com ele se o
trabalho tivesse sido feito do jeito que Sly planejou. A única
razão para contratar um desconhecido em outra cidade era
para prepará-los para a queda e silenciá-los antes que eles
tivessem a chance de denunciá-lo. O futuro de Ricky foi
definido no minuto em que ele concordou em trabalhar com
Sly.
Como regra geral, não se deve aceitar cometer um crime
por dinheiro prometido por um estranho. É uma boa regra a
seguir.
Com o telefone do garoto e de Sly, embora ele tenha sido
destruído, Reid tinha certeza de que poderia confirmar a
conexão com McFadden. Ele já tinha conseguido uma pista
com a voz do homem no telefonema: Sylvester Hicks, um capo
de McFadden.
Isso significava que o cliente mencionado por Sly era
McFadden, e ele não deixaria essa entrega até Araneae
produzir as evidências.
— Falei com Louisa. — Disse Araneae a Lorna.
— Ela está confusa, mas saudável. Eu me senti mal por
não ter dito a ela que isso aconteceu por minha causa. Ela não
sabe o motivo de ter sido sequestrada e é eternamente grata a
vocês... — Ela olhou em volta da mesa para Patrick, Reid e eu.
— Por serem capazes de ajudar. — Ela se virou para mim.
— Eu disse a ela que iria lá em breve.
Eu respirei fundo, não respondendo, e pela expressão em
seu rosto, se estivéssemos sozinhos ela iria pressionar o
assunto. Não era que eu discordasse. Era que primeiro
precisávamos terminar com o conto da carochinha.
— Acho que está na hora de conversar pessoalmente com
McFadden. — Eu disse, confiante de que todos ouviriam.
Os olhos de Araneae se arregalaram.
— Não, se for perigoso, você não vai.
— Luz do sol, é como gasolina e fósforos, mas não
podemos continuar agarrados em palhas. Na noite passada
nós descobrimos que ele acredita que você tem a evidência de
seu pai. Você sabe que não. Eu sei que você não. — Fiz um
gesto em volta da mesa.
— Nós todos sabemos disso. O assunto chegou até sua
mãe. Ela disse que não acredita que isso exista. Isso nos deixa
McFadden. Eu preciso descobrir por que ele é tão obcecado por
isso.
Lorna deu de ombros.
— Eu aposto que tem algo a ver com a sua candidatura à
presidência.
Todos nós olhamos sua direção.
— O que? Eu sou mais do que um rosto bonito. — Disse
ela.
— Eu escuto. Eu também tenho aplicativos de notícias
que eu sigo. Há especulações de que ele estará anunciando em
breve.
Reid sacudiu a cabeça.
— Você é definitivamente um rosto bonito, mas, querida,
estamos no fim de agosto. As candidaturas são em novembro.
Ninguém anuncia tão cedo. Seria mais de dois anos antes da
eleição.
— Eu estou apenas dizendo o que as pessoas estão
falando. — Disse ela.
— Eu não posso sair muito, mas eu mantenho-me
informada. O senador quer sair na frente. Não haverá um
encarregado na próxima corrida. Seu gerente de campanha
vazou que é hora de McFadden .
Reid, Patrick e eu nos entreolhamos enquanto as rodas
giravam em nossas cabeças.
— Faz sentido. — Patrick disse finalmente.
— Ele quer confirmação se a evidência existe ou não
antes do anúncio.
Passei a mão pelo meu cabelo ainda úmido, do nosso
banho mais cedo, e virei-me para Araneae. Seus longos cabelos
amarelos também estavam úmidos e trançados sobre um
ombro. Com muito pouca maquiagem e os restos do bronzeado
do sol iate, ela estava absolutamente radiante.
Tínhamos que descobrir isso antes que McFadden fizesse
outra jogada de poder. Olhei para Patrick e Reid.
— Depois que terminarem de comer, vamos descer e
discutir ideias. Eu acho que Lorna descobriu algo.
Araneae virou em minha direção.
— Nós também precisamos conversar sobre a próxima
entrevista.
Eu balancei minha cabeça.
— Eu me perdi.
— Com a minha ...— Ela soltou um suspiro.
— Mãe.
Olhei para Patrick.
— Precisamos de um local seguro. Ou no meu escritório
ou no dela.
— Olá. — Disse Araneae.
— Vocês dois estão fazendo isso novamente. Não tomem
minhas decisões por mim.— Quando ninguém respondeu, ela
acrescentou.
— Talvez eu pudesse convidá-la para vir até aqui?’
Minha mandíbula apertou. Havia muitos incêndios
acontecendo.
— Não. — Araneae disse, voltando-se para Lorna.
— Eu não posso, porque eu não posso operar maldito
elevador.
Lorna virou na minha direção.
— Se você não der a ela acesso ao elevador em breve, ela
vai apunhalá-lo enquanto dorme.
Araneae riu, cobrindo os lábios. Eu quase cuspi minha
salada.
Alcançando debaixo da mesa, eu apertei seu joelho.
— Eu acho que estou seguro.
— Que tal acessar A?— Lorna pressionou.
— Lorna. — Reid disse em um tom que eu reconheci.
— Não é sua batalha.
— Como o inferno. Tenho dinheiro apostado nisso.
— O quê? — Eu perguntei.
— Nada. — Todos disseram em coro.
— Não para a garagem até que isso seja resolvido com
McFadden.— Eu disse, olhando diretamente para Araneae.
— Você ficará sempre com um de nós quando sair deste
apartamento. — Virei-me para Lorna.
— A é o seu andar, todo seu. Vou deixar isso para vocês,
mas os três têm que concordar.
Lorna voltou-se para Araneae.
— Você tem um sim de mim.— Ambas as mulheres se
voltaram para Reid.
— Olhe para vocês duas se unindo. — Reid provocou.
— Eu não tenho uma maldita escolha nisso, não é?
Lorna sacudiu a cabeça.
— Por mim tudo bem. — Disse ele.
Todos nos viramos para Patrick quando suas mãos foram
para o ar.
— Oh, infernos, não.
— Não? — Lorna e Araneae questionaram juntas.
— Oh inferno não, eu não vou me opor. — Patrick
esclareceu.
— Eu tenho que passar a maior parte do dia com a Srta.
Hawkins. Tê-la brava comigo é assustador.
Araneae sorriu, inclinando a cabeça com toda a doçura
que pôde reunir.
— Você é assustador.
Patrick sorriu.
— Eu não acho que você conheceu a mulher que pensou
que eu a enganei para ir ao centro de distribuição. Ela é um
osso duro de roer.
— Então está resolvido. — Disse Araneae.
— Minha torre de vidro aumentou um pouquinho.
— Isso é tudo até...
— Eu sei. — Disse Araneae, interrompendo-me. Seus
olhos castanhos suaves apontaram em minha direção.
— Até isso acabar. — Ela agitou as mãos em direção à
porta.
— Então vão, vocês três, descobrir isso. Eu quero acabar
com isso.
— Veja. — Patrick disse enquanto ficamos todos de pé.
— Assustadora e mandona.
— Está certo. Lembre-se de quem está no comando. —
Araneae gritou enquanto nos dirigíamos em direção ao
elevador.
Josey

Vinte e um anos atrás

Quando chegamos ao ensino fundamental, eu me forcei a


manter a calma. Nós sabíamos que este momento viria, ainda
que isso não o tornava mais fácil. Quando Byron se virou com
um sorriso cansado, o carro parado num estacionamento local.
O edifício de um andar apareceu diante de nós. Para pais
normais, isso era provavelmente bonito, uma escola
construída recentemente com todas as comodidades, incluindo
um chão coberto de borracha para o parque infantil, um
pequeno recuo e campo de jogos de bola, e um campo de
futebol com gols do tamanho das crianças em cada
extremidade.
A coisa era que eu não estava preocupada com um joelho
esfolado no parque infantil ou se Renee iria gostar do recreio.
Meu estômago deu um nó quando verifiquei o espaço aberto
em torno da escola e as cercas de arame. Meu olhar correu
para as ruas circundantes.
— Você está pronta para me mostrar a sua nova escola?
— Perguntou Byron, olhando para Renee no espelho retrovisor.
— Sim!— Renee respondeu, saltando no banco de trás.
Byron se aproximou e pegou minha mão.
— Ela vai ficar bem.
— É tão aberto aqui. E se eles a estiverem observando?
— Perguntei em voz baixa.
Desfazendo o cinto de segurança, Renee deslizou em
direção à porta dos fundos.
— Vamos. Eu quero ver minha classe novamente. Oh, e
minha professora, pai, ela é muito bonita. O nome dela é Miss
Macdonald... — Ela olhou para mim.
— Certo, mamãe?
Eu sorri. Nós estávamos trabalhando em aprender o
nome de sua professora desde o dia em que ela veio ao seu
encontro. Isso foi uma semana atrás. Senhorita Macdonald era
jovem com cabelos escuros e um sorriso contagiante. Ela havia
recebido cada criança abaixando-se, falando diretamente para
eles, e chamando-os pelo nome. Ela tinha visto as suas
fotografias e prometido saber todos os nomes até hoje à noite.
A escola começa amanhã.
— Ela está animada. — Disse meu marido.
— Deixe-a ficar animada.
Inspirei e expirei, tentando viver o momento e, pela
primeira vez, não deixar a sombra de Sparrow assombrar o que
deve ser um marco agradável na vida de Renee.
Com Renee segurando minha mão de um lado e a de
Byron do outro, nós entramos na escola cercada por outros
pais e filhos.
— Você se lembra da direção para sua sala de aula? —
Perguntou Byron.
Eu estava ocupada olhando a entrada. Era grande e bem
decorada com portas de vidros que davam para o exterior e
uma rede de corredores.
— Por aqui. — Renee disse animadamente enquanto nos
puxava.
Byron olhou para mim por cima da cabeça.
— Fique animada por ela. — Ele murmurou.
— Eu me pergunto se eles trancam a escola durante o
dia. — Perguntei em voz baixa.
— Olhe em volta para todos esses alunos. — Ele
respondeu.
— Eles sabem o que estão fazendo aqui. Esta é uma das
mais recentes escolas da região.
Renée continuou puxando até chegarmos à porta da sala
de aula. Na parede, ao lado da porta havia um quadro de avisos
colorido coberto de papel de construção para parecer uma
macieira gigante.
— Olhe! — Disse ela.
— Sou eu.
Com certeza era.
Na árvore, havia recortes de maçãs e em cada maçã havia
uma foto de criança com o nome escrito abaixo.
— Aqui diz Renee Marsh. — Disse ela, apontando para o
nome.
— Esta sou eu.
— Sim, querida. — Byron respondeu.
— É você. Agora onde está essa senhorita MacDonald?
— Não, papai. É Macdonald como a música, não o
restaurante.
Eu sorri. Era assim que tinha praticado, cantando ‘Old
Macdonald tinha uma fazenda’.
— Você está certa. — Disse ele com uma risada a medida
que ela nos puxava pela porta.
— Oh. — Ela suspirou enquanto seus olhos castanhos se
arregalaram, enquanto olhava em volta da sala de aula.
Na última semana, a senhorita Macdonald transformou a
sala relativamente simples em uma alegria do jardim de
infância. Havia pequenas mesas todas em grupos de quatro e
mais uma escrivaninha, com um grande crachá colorido.
— Olá, Renee. — Senhorita Macdonald disse nos
cumprimentando.
— Oi. — Ela respondeu timidamente com um sorriso.
— Eu consigo encontrar minha mesa?
— Eu posso. — Eu corrigi.
Senhorita Macdonald sorriu na minha direção e voltou-se
para Renee.
— Sim, você pode. Veja se você pode encontrar o seu
nome.
Deixando de lado nossas mãos, nossa filha correu para
os vários agrupamentos de mesas enquanto Miss Macdonald
se virava para nós.
— Sr. e Sra. Marsh, ela vai ser maravilhosa. É óbvio o
quanto você trabalhou com ela.
— Ela adora ler. — Eu disse, observando como ela
apontava para o topo da sua mesa. Voltei para ao professora.
— Nós lemos para ela, mas ela pode ler algumas coisas
também.
A professora assentiu e inclinou a cabeça em direção a
um canto acolhedor da sala.
— Lá temos uma estante cheia de livros, dos níveis um ao
três. E lá... — Ela apontou outra direção.
— Nós temos os nossos centros de trabalho onde os
alunos vão aprender sobre letras e números. Nesta idade as
suas mentes estão abertas a novas descobertas.
Eu tentei sorrir.
— Você parece apreensiva. — Ela me disse.
— Eu estou...
Byron colocou o braço em volta de mim.
— Renee sempre estudou em casa. Josey está tendo um
pequeno problema com a ideia dela estar longe de nós.
— Eu estou sempre aberta para pais ajudantes.
Meus olhos se arregalaram.
— Eu adoraria fazer isso.
— Ótimo, deixe-me obter suas informações de contato.
Eu sei que isso é difícil, mas é parte do crescimento. Eu
adoraria ter sua ajuda depois das duas primeiras semanas.
— Eu posso ajudar amanhã. — Eu me ofereci.
Ela sorriu.
— Nós achamos que é melhor nas duas primeiras
semanas, as crianças e os pais fazerem uma ruptura durante
o dia escolar. Essa ruptura permite que os alunos se
acostumem com a rotina. Depois disso, quando os pais
chegam, as crianças geralmente não têm um problema com a
separação.
Eu concordei e olhei para cima para ver Renee falando
com outra menina.
— Ela parece social para quem estava em casa. — Disse
a senhorita Macdonald.
— Estamos envolvidos em grupos de brincadeiras e
vamos para a biblioteca.
Ela estendeu a mão para o meu braço.
— Sra. Marsh, você fez um ótimo trabalho. Eu não posso
esperar para conhecer Renee melhor.
— Ela também é muito criativa. Ela desenha roupas para
suas bonecas e cria padrões. Eu faço a costura, mas ela quer
costurar. — Eu não estou pronta para que ela tenha agulhas
afiadas.
— Essa é uma ótima maneira de incentivar sua
imaginação.— Senhorita Macdonald disse antes de
acrescentar.
— Agora, se você me dá licença.
Byron me abraçou enquanto observávamos Renee e sua
nova amiga a fazerem descobertas em torno da sala de aula.
— Ela estará segura. — Disse ele.
— Eu estava procurando também. Vi câmeras no
corredor.
Respirando profundamente, eu exalei.
— Há também uma porta para o exterior no final do
corredor. Alguém poderia...
Ele balançou sua cabeça.
Eu sabia que ele estava certo. Eu estava sendo cautelosa.
Eu considerei educação em casa, mas concordamos em tornar
a infância dela o mais normal possível. Eu fingi um sorriso.
— Serei voluntária pelo menos uma vez por semana, mais
se poderem me usar.
— Claro, você pode. — Disse ele com um sorriso.
Quando nós e outros pais estávamos saindo, um
sentimento de paz já resolvido, principalmente incutido pela
inocente antecipação de Renee. Ajudou que nos conhecemos
alguns dos pais de seus novos colegas de classe, trocando
números de telefone e concordando em reunir as crianças fora
da escola.
Quando entramos no corredor, olhei novamente para o
quadro de cortiça, prestes a pedir a Renee para ela encontrar
fotos de seus novos amigos quando meu estômago caiu.
Puxando sua mão, perguntei-lhe os nomes enquanto nos
apressávamos.
A árvore não era a mesma de quando entramos.
A foto e o nome de Renee sumiram.
Sterling
— Ele ainda está em Washington DC. — Patrick disse
enquanto nós três nos reuníamos no 2.
— Se Lorna estiver certa, isso não pode continuar. E eu
não vou mais me arriscar com os amigos de Araneae. — Eu
disse, girando numa das cadeiras, parando, e inclinando-me
para trás.
— E a Juíza Landers? — Perguntou Reid.
— Araneae disse que quer se encontrar com ela.
Eu balancei a cabeça.
— Sim, quando a juíza se encontrou comigo, ela pediu
para falar com Araneae.
— Eu não gosto. — Respondeu Patrick.
— Parece errado.
Intuição. Instinto.
Às vezes, era mais preciso do que todos os programas de
computador que Reid podia executar.
Passei a mão pelo cabelo.
— É por isso que eu estou fodido. — Eu admiti isso para
as únicas pessoas para quem eu podia admitir falhar. Quando
os dois olharam minha direção, eu continuei.
— Com Araneae, eu estou fora do meu jogo. Concordo que
Landers é uma responsabilidade. Seu relacionamento com
Rubio faz dela uma. Mas porra, é a mãe de Araneae. A mulher
a quem foi dito que seu bebê estava morto. Alguém realmente
lhe entregou um bebê morto, para ela segurar. Ela não sabia.—
Eu estava de pé, empurrando a cadeira longe quando meus
passos começaram. Havia algo nesse movimento que me
ajudava a pensar melhor.
Olhei para Reid e, em seguida, para Patrick e balancei a
cabeça.
— Se Landers mentiu para mim, a mulher merece um
maldito Emmy. Ela internou-se numa ala psiquiátrica. Ela
pensou que sua filha tinha morrido. Ela viveu com isso por
vinte e seis anos. Conexão com Rubio ou não, ela quer saber
da sua filha.
— Você está ferrado, porque você não está olhando para
isso como o chefe do grupo Sparrow. — Disse Reid.
— Você está olhando para isso como o homem de
Araneae.
Seu homem? E aqui eu pensei que ela pertencia a mim.
Talvez também tenha sido ao contrário.
Meus pés ainda estavam se movendo.
— Se fosse Lorna?
— Eu estaria fodido também. — Respondeu Reid.
Apreciei sua honestidade. Foi por isso que eu poderia ser
totalmente aberto com estes dois.
— Eu disse a Araneae que deixava a decisão de se
encontrar com Annabelle para ela. Ela quer fazê-lo. É nosso
trabalho garantir que o encontro seja seguro. Temos sempre
que o manter cercado por Sparrows. Eu disse a Annabelle que
não há nenhuma maneira de eu aprovar Rubio ou Pauline.
Pauline teve sua chance.
— Eu penso que Sinfull Threads é onde o encontro
deveria acontecer. — Disse Patrick.
— Reid tem todo o lugar coberto de câmeras de
segurança. O escritório é pequeno, menos de um décimo do
tamanho dos escritórios das empresas Sparrow. É mais fácil
de gerir.
Eu balancei a cabeça.
— Concordo. Agora cabe a Araneae e Annabelle decidirem
quando isso vai acontecer.
— Eu gostaria que isso acontecesse enquanto McFadden
está em Washington. — Disse Reid.
— Então, realmente, ele estava em Washington quando
os Toneys foram sequestrados. Como se ele propositadamente
encomendasse essa merda enquanto estava fora. — Eu disse.
— Bem-vindo de volta. — Disse Patrick com um sorriso.
— Reid. — Eu disse.
— Faça login no computador de Stephanie. Verifique o
meu horário para amanhã. Caso seja viável, vou para
Washington.
— Ele não vai querer se encontrar com você lá. Muitas
perguntas se Sterling Sparrow entrar no escritório do senador
McFadden.
— Eu não dou a mínima para a reputação dele.— Meus
pés pararam de se mover quando me virei para Reid e Patrick.
— Mas você está certo, ele dá. Reserve-me uma suíte em
algum hotel de luxo, mas não em meu nome. Não quero que
ele tenha nenhum aviso.
Quando estivermos lá, daremos a ele a opção de vir até
nós. Se ele não vier, nós iremos até ele e levo a maldita
imprensa, se for necessário. Eu estou farto dessa merda, eu
quero que Araneae tenha uma vida aqui em Chicago. Não me
importo que você a proteja. — Assenti para Patrick.
— Na verdade, não vejo isso parar a qualquer momento
em breve. No entanto, não quero que ela se preocupe com seus
amigos. Quero que ela sinta como se ela pudesse ir a uma
maldita padaria.
Ambos os homens olharam para mim.
— Porque uma padaria? — Perguntou Patrick.
— Nada, é apenas algo que ela disse uma vez. O ponto é
que sempre vamos ter inimigos. Isso é bom. Eles são meus. O
sequestro de Louisa foi um ataque direto a ela. Sylvester disse
isso ele mesmo. Ele disse que teria tomado Araneae se pudesse
ter chegado até ela. Esse filho da puta está morto, mas
McFadden tem dez prontos para tomar o lugar dele.
— Mas. — Disse Reid.
— Sylvester disse que queria a evidência. Não há
nenhuma evidência. Você disse que mesmo Annabelle
concordou.
— Então porque que McFadden tem tanta certeza de que
ela existe? — Perguntou Patrick.
— Isso é o que eu pretendo descobrir. Porra, se isso
acontecer, eu consideraria um acordo.
— Isso poderia arruiná-lo. — Disse Patrick.
— Ou isso pode salvar Araneae.
Reid se virou para o computador.
— Você tem dois compromissos relativos a futuras
licitações na parte da manhã e uma reunião com o prefeito no
período da tarde.
— Reprograma com o prefeito. Ele vai esperar. — Eu
disse.
— Tenha o avião pronto para assim que as licitações
terminarem. Uma vez que estivermos no hotel, nós entraremos
em contato com Hillman e marcaremos o encontro com Rubio.
Dessa forma, estamos prontos. — Eu me virei para Patrick.
— Eu gostaria que você fosse, mas se você estiver lá, as
mulheres estão em bloqueio novamente.
— Eu vou. — Disse Reid.
— Faz-me bem sair.
Eu sorri.
— E traga uma equipe. Eu quero a suíte vigiada e
protegida. Nós não estamos dando nenhuma chance.— Eu
virei especificamente para Reid.
— Você está bem com Lorna estar aqui sem você?
— Eu estou em Sinful Threads. — Disse Patrick.
— E podemos ter uma equipa pronta se ela ligar.
— Isto é uma chance. — Eu disse.
— Amanhã eu estarei pessoalmente com Rubio. Esta
merda vai acabar.
A Suíte Thomas Jefferson dentro do Jefferson Hotel tinha
um bom tamanho para os padrões comuns. Com uma entrada
majestosa, uma cozinha, sala de jantar com uma mesa para
dez, vários assentos, a maior janela com uma vista do
monumento de Washington, e dois quartos, havia muito
espaço para Reid configurar a vigilância, bem como alguns dos
nossa equipe para estarem presentes, no entanto escondidos.
— Hillman não está satisfeito. — Eu disse a Reid, mesmo
que ele tivesse estado a ouvir a minha ligação.
— Ele disse amanhã, porque ele está de volta em Chicago.
O Senado está em sessão especial. Ele afirma que McFadden é
necessário numa reunião do comitê para a votação de algo esta
tarde, e não há nenhuma garantia de que vai ser resolvido em
breve.
Reid sorriu.
— Ele não pareceu mais feliz com a segunda opção.
Eu me inclinei no sofá e desabotoei meu paletó. Era tudo
parte do jogo de poder. McFadden iria entrar aqui vestido para
o Senado. Eu não ia parecer que havia acabado de fazer
exercício.
— Não. Minha oferta de aparecer em seu escritório no
Hart Building não foi bem recebida.
Eu olhei para o meu relógio. Eram quase três horas. Com
o voo de duas horas e Reid chegando à frente para obter a
tecnologia e configurar a equipe, estávamos bem dentro do
horário. O senador deveria chegar na próxima meia hora.
Aparentemente, a votação não era tão importante quanto me
manter afastado da imprensa no Hart Building.
Quinze minutos mais tarde, os nossos olhos no saguão
viram Rubio entrando com outro homem.
— Ele chegou cedo. — Reid disse enquanto seus dedos
voavam num teclado.
Ele estava fazendo reconhecimento facial do homem com
Rubio. Mais do que provável conversaríamos sozinhos. Se ele
trouxesse esse outro homem, Reid se tornaria visível. Se
McFadden entrasse sozinho, Reid ficaria escondido.
Ao longo dos anos, eu me encontrei com Rubio e ele se
encontrou comigo. Como minha mãe disse na semana
passada, meu pai foi até ele depois que Daniel McCrie foi
morto. Nós podemos não gostar ou confiar um no outro, mas
houve momentos em que nosso poder combinado foi melhor do
que qualquer um de nós. Isso não significava que não nos
mataríamos em um segundo, nós faríamos. Essa era a vida que
vivíamos, o limite da legalidade, a tênue linha entre poder e o
mal.
Também alcançamos ganhos significativos em nossos
mais legítimos empreendimentos. Por esse motivo, era
importante manter nossas atividades no submundo nas
sombras. No entanto, se houvesse outro ataque a alguém
conectado a Araneae, eu estava pronto para puxar o véu.
Também tínhamos um capanga atrás da porta e
alugamos o quarto ao lado. Eu não permitiria que mais de uma
pessoa entrasse com McFadden ou esperasse do lado de fora.
Se necessário, quaisquer extras poderiam ficar na sala ao lado.
Tendo vários capangas parados fora da porta, dispararia
alarmes com a segurança do hotel.
Nós dois ficamos mais tensos quando uma batida ecoou
da porta. Acenando para mim, Reid pegou seu laptop e foi para
o quarto, fechando a porta.
Alguns segundos depois, Derek, o capanga na porta,
abriu a entrada principal enquanto eu permanecia sentado.
Empurrando a porta para dentro, Rubio entrou sozinho.
— Sparrow, eu não estou sozinho.— Ele olhou em volta
da suíte. Eu era o único visível.
— Eu pensei que nós poderíamos discutir este assunto
em particular.
Ele assentiu.
— Ele pode esperar lá fora com o seu homem.
Quase trinta e cinco anos mais velho, Rubio McFadden
tinha perdido altura desde que eu era um menino. É verdade
que eu era agora mais alto, mas ele era definitivamente mais
baixo. Seu cabelo outrora escuro estava agora mais branco do
que era preto, e seu corpo uma vez definido tinha perdido a
sua definição. Em suma, Rubio McFadden tinha envelhecido.
Se meu pai ainda estivesse vivo, eu prefiro acreditar que ele
teria envelhecido melhor. Se ele estivesse vivo, ele seria um ano
mais velho do que Rubio.
Se meu pai ainda estivesse vivo, este encontro iria incluí-
lo, não a mim.
Meu pai estava morto.
— Sente-se. — Fiz um gesto em direção à grande mesa
de jantar oval.
Ele olhou ao redor da suíte e para fora das grandes
janelas antes de tomar o assento na cabeceira da mesa.
— Isso é altamente incomum. Quando seu pai era vivo...
— Nós não estamos aqui para discutir sobre meu pai.
— Ele tinha mais decoro do que ambição...
Soltei uma risada, interrompendo-o novamente quando
me sentei de costas contra a parede, capaz de ver os dois
quartos inteiros
— Meu pai está morto, mas ele definitivamente não era
conhecido por seu decoro. Agora, vamos seguir em frente. Eu
mal acredito que eu sou o único que você emboscou, Rubio.
Fique longe de Araneae. Eu deixei isso bem claro no clube.
Talvez Hillman não tenha repassado a informação direito.
Ele recostou-se na cadeira de encosto alto e balançou a
cabeça.
— Eu acho que você está enganado, meu filho. Estava
aqui em DC.
Eu não era seu filho nem eu apreciava o jogo de poder,
mas não era a minha preocupação no momento.
— Eu sei onde você está e onde você estava. Também sei
onde Sylvester Hicks estava.
— Eu não conheço um Hicks. — Ele disse.
— E quanto a essa mulher, Pauline tem certeza que ela é
uma impostora.
— Então por que você sequestrou sua amiga e procura
evidências de McCrie?
Ele balançou sua cabeça.
Eu me inclinei para a frente com as mãos sobre a mesa
brilhante, uma segurando a outra enquanto os meus cotovelos
se endireitavam.
— Eu marquei esta reunião para esclarecer esta merda.
Você está com medo de que os contos de carochinha sejam
verdadeiros e Araneae tenha provas de McCrie. Estou aqui
para dizer a você que pensei que poderia ser verdade. Eu
estava errado. Ela não tem nada. Ela nem sabia seu nome e
muito menos tem evidências de décadas.
— Então seu pai morto mentiu para você ou nunca disse
a verdade. — Disse ele com um sorriso de merda.
— Eu não sei o que você sabe daqueles dias, mas eles
terminaram. Eu vou anunciar minha candidatura à
presidência no Dia do Trabalho. Eu não quero nenhum
fantasma do passado voltando à vida. Ela é um maldito
fantasma e se você se preocupa tanto com ela, você a teria
deixado morta.
Minha mandíbula apertou à medida que também
apertava as minhas próprias mãos.
— Ela está fora dos limites. Qualquer um associado com
ela está fora dos limites.
— Sua mãe acha que é ela. É uma pena.— Ele balançou
a cabeça em simpatia simulada.
— Vai quebrar o seu coração perder sua filha uma
segunda vez, vê-la morta. Você devia tê-la deixado dessa
maneira.
— Ela nunca esteve morta. — Disse eu, meus dentes
doloridos do aumento da pressão.
— Ela esteve para nós. Tinha acabado. McCrie
simplesmente não conseguiu esquecer. Ele me deu seis discos
CD-ROM e seis para o seu pai, mas antes de Daniel morrer,
descobrimos que ele tinha feito cópias. Filho, esses CDs vão
prejudicar os Sparrow tanto quanto os McFadden.
— Eu não estou concorrendo à presidência. — Eu disse.
— Não, mas eu estou. E eu não quero que as provas
prejudiquem os Sparrow. Tão atraente quanto isso possa
parecer. — Disse ele, inclinando-se para a frente.
— Minha carreira política está ligada a Illinois, em
Chicago. Ela não precisa de uma história como esta para
acabar. Você acabou com a aliança de Sparrow. — Sua cabeça
balançou.
— Muito rápido, se você me perguntar, mas você não
perguntou e você se safou. Nenhuma das alianças existentes
estão ligados a mim ou ao meu grupo, não de uma forma que
eu possa ser ligado. Como eu disse, deixe os mortos ficarem
mortos ou mate-os se necessário.
— Por que você acredita que existem as cópias? Perguntei
à Juíza Landers e ela disse que não acreditava em contos da
carochinha.
— Não há contos das carochinhas. — Disse Rubio.
— Eu sei o que ela diz. Eu mantive essa mulher perto,
esperando o dia em que ela descobrisse o que McCrie fez. Até
agora nada.
— Mais uma vez, então por quê?
— Daniel me disse, segundos antes de seu último suspiro.
Eu zombei, quase ri.
Não me surpreendeu que o maldito Rubio McFadden
tenha sido o único a matar Daniel McCrie. Surpreendeu-me
que ele tenha admitido isso.
— Não me diga. — Disse ele.
— Que está chocado que alguém matou alguém de sua
própria família, se isso servisse a um propósito.— Ele olhou
diretamente o meu anel, o anel do meu pai.
— É preciso muito para me chocar. — Recostei-me
novamente, abaixando minhas mãos para os braços
ornamentados da cadeira.
— Fique longe de Araneae e de qualquer pessoa ligada a
ela. Ela não tem a prova. Ela não sabia nada sobre isso, mas
se você tem certeza que ela existe, vou tentar encontrá-lo.
— Eu estive procurando por dez anos, desde que McCrie
morreu. Ele me disse que ela tinha a chave.
Eu balancei minha cabeça.
— Ela não tinha nenhuma conexão com ele. Ela não o
conhecia.
Rubio colocou suas mãos sobre a mesa.
— Moribundos não mentem. Você deveria ter feito mais
perguntas para Allister. O Dia do Trabalhador está chegando
em uma semana.— Ele se levantou.
— Eu respeito você e as coisas que você fez, Sparrow. Nós
poderíamos fazer este trabalho: coexistir em Chicago enquanto
fico com a grande casa branca na Pennsylvania Avenue. De
alguma forma, essa garota tem a chave, e eu não vou deixar
ela me derrubar. Eu não vou deixar você me derrubar.
Eu também me levantei.
— Uma maldita semana. Você quer que eu encontre em
uma semana que você não conseguiu encontrar em vinte e seis
anos.
— Dez. — Ele corrigiu.
— Eu tinha ouvido rumores, mas não foi até que McCrie
estivesse às portas da morte que descobrimos com certeza que
ela estava viva. Seu pai veio até mim. Nós fizemos um acordo.
— Eu pensei que meu pai foi até você para dizer-lhe que
ele não contratou o atirador de McCrie.
— Ele veio até mim porque sabia que Daniel tinha falado,
e ele não queria a Terceira Guerra Mundial. Eu não estou
interessado na Terceira Guerra Mundial. Estou interessado na
presidência agora. Você me encontra essa evidência e pode
ficar com a garota.
Eu fiquei em pé, elevando-me mais alto do que
McFadden.
— Eu estou mantendo-a, não importa o quê. Você está se
afastando, porque se não o fizer, vou transformar Chicago em
uma zona de guerra e sua campanha será a primeira coisa que
seria destruída.
— Você é quem estava decidido a salvar as crianças. —
Disse ele como se fosse uma coisa ruim.
— Inferno, metade delas veio do nada. Pelo menos
conosco, eles tinham um teto sobre suas cabeças e comida em
suas barrigas.
— Não justifica, porra, o que você fez. — Eu estreitei meu
olhar.
— Suas vidas foram um inferno.
— Você salvou-as, muitas delas. Eu vou melhorar a
oferta. Você me traz a evidência. Deixamos isso para trás para
sempre. Eu não dou a mínima se ela é realmente Araneae
McCrie ou não, minha sobrinha ou não. Como eu disse, uma
conexão familiar nunca impediu qualquer um de nós de se
livrar das pessoas no passado.
— Traga-me a evidência, e ela vive e seus amigos
permanecem seguros, desde que eles fiquem longe dos
federais.
— Ele estava em seu grupo, o federal.
As bochechas de Rubio subiram.
— Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais
perto ainda.
— Você sabia?
Ele não respondeu; ao invés disso ele continuou.
— E para melhorar mais ainda, eu vou ter certeza que
todas as alianças que tratam de mercadoria preciosa ou em
torno de Chicago, que eu puder encontrar sejam também
encerradas. — Ele balançou a cabeça.
— É uma proposta em que ambos ganhamos. Talvez
possamos até nos reunir, dois pilares de uma das maiores
cidades do nosso país, para acabar com a exploração infantil.
Seremos heróis, e eu vou me mudar para a Casa Branca.
— Eu não posso prometer uma semana.
Ele começou a sair, mas voltou.
— O tempo está se esgotando, Sparrow. E não volte aqui
para Washington. Nós não estão prontos para tirar fotos ainda.
Contacte Hillman quando tiver os CDs. Eu estarei de volta em
Chicago, logo que eu puder.
— Araneae e seus amigos estão seguros. — Eu disse
novamente.
— Até o Dia do Trabalhador. Tchau. Estaremos
conversando de novo, em breve.
Araneae
Terça de manhã quando entrei na cozinha, os meus
passos pararam, surpresa ao ver Sterling ainda presente. Eu o
observei falando com Reid, de costas para mim, a análise de
suas longas pernas cobertas em calça de terno, sua cintura em
forma, e a forma como a sua camisa de mangas compridas se
ajustava sobre os ombros largos. Havia algo sobre vê-lo vestido
para o trabalho que torcia meu interior, talvez fosse porque eu
estava ficando muito acostumada ao que ele estava
escondendo sob aquele terno caro.
Ele virou.
Seu olhar sombrio me manteve cativa, enquanto ele,
flagrantemente fazia o mesmo que eu acabara de fazer, seus
olhos passando dos meus sapatos de salto alto para o topo da
minha cabeça. Graças a Deus eu estava usando um sutiã
acolchoado sob esta blusa de seda, porque sob o calor do seu
olhar, meus mamilos estavam tão duro quanto os diamantes
em minhas orelhas.
— Eu deveria ficar mais por aqui de manhã. — Disse ele,
caminhando em direção a mim e envolvendo um braço em volta
da minha cintura. Não importava que a cozinha estava cheia
com os nossos amigos quando ele me puxava para ele.
— Você é linda. Eu acho que eu deveria reconsiderar este
escritório da Sinful Threads em Chicago.
As pontas dos meus lábios se moveram para cima
enquanto eu estava cercada por mais do que o seu abraço, mas
também a nuvem de sua colônia picante. Seu tom brincalhão
me fez ficar intrigada depois de tudo o que ele me contou sobre
McFadden na noite anterior.
— Por que é assim?
— Você parece muito bem para estar lá fora com outros
homens. Estou pensando que um bloqueio permanente deve
ser considerado
— Eu vou apunhalar você durante seu sono.— Eu olhei
para além de seus ombros largos.
— Além disso, eu acho que é por isso que tenho Patrick.
Seu sorriso cresceu quando ele se virou para Patrick.
— Lute com eles com um pau.
Patrick sorriu.
— Estou falando sério. — Sterling continuou.
— Use sua arma, se for preciso.
— Eu estou achando. — Disse Patrick.
— A indústria da moda de seda é um negócio
principalmente orientada para mulheres.
— Sim, não há muitos tiroteios. — Eu adicionei.
Sterling beijou minha bochecha e se afastou.
— Nunca é demais termos muito cuidado. As mulheres
são tão perigosas quanto os homens.
Lorna e eu trocamos olhares.
— Veja. — Disse Reid.
— Olhe para as duas planejando.
— Ei, trabalhando juntos me levou a seu nível. — Eu
disse com uma risada, enquanto eu derramava café em uma
xícara.
— Por que você está aqui? — Perguntei a Sterling.
— Fora isso, é onde eu vivo?
— Sim, além disso.
— Nós três trabalhamos no que McFadden disse. Nós
precisamos de mais. Eu gostaria de estar com você quando
Annabelle chegar ao seu escritório. Talvez ela saiba mais do
que ela percebe. Estamos ficando sem tempo.
Mordendo meu lábio inferior, eu balancei minha cabeça.
— Estou com medo de vê-la, mas eu sinto que eu preciso
fazer isso sozinha. — Olhei para Patrick.
— Não é como se eu estivesse sozinha. Patrick e Jana vão
estar lá.
— Se não estivéssemos em cima da hora, eu concordo. —
Sterling respondeu.
— Isto não pode esperar.
Eu soprei o topo da minha caneca de café.
— Eu poderia perguntar a ela o que você quer saber.
Sterling chegou mais perto.
— Você ainda não falou com ela.
Ele estava certo. Jana havia marcado a reunião para
mim. Minhas mãos estavam muito trêmulas enquanto eu
segurava o cartão que ela havia dado a Sterling e tentei ligar.
Eu não tinha dúvida que eu seria uma avalanche de emoções
quando conversássemos. Tendo Sterling haveria apoio,
suporte; no entanto, por dez anos eu fui forte por conta
própria. Estar em um relacionamento com ele não significava
que eu não era mais forte. Isso significava que eu poderia me
apoiar nele, e às vezes seria melhor se eu não fizesse.
Eu balancei minha cabeça.
— Eu sei, mas por favor, eu preciso fazer isso.—
Colocando o café no balcão, segurei suas bochechas macias.
— Esta reunião não seria possível sem você.
Ele pegou minhas mãos e beijou cada palma.
— Eu não quero estragar isso para nenhuma de vocês,
mas ela estava lá. Ela me contou sobre o seu nascimento.
Precisamos descobrir o que ela lembra e talvez até pistas sobre
o tempo mais próximo de quando seu pai morreu.
Eu exalei enquanto recuperava meu café.
— Ela vem ao meio-dia. Deixe-me ter algum tempo com
ela e então você pode chegar.
— Quanto tempo você acha que ela estará lá?
— Eu a convidei para almoçar. Imaginei que, mesmo se
não comermos, isso ajudará a diminuir a tensão.
Ele balançou a cabeça quando alcançou meu pulso,
aquele que não estava segurando a caneca.
— Você está usando a pulseira.
Engoli o caroço que se formava na garganta enquanto
pegava meu pulso e me sentava em a mesa onde Lorna tinha
frutas e um bolinho esperando.
— Eu não consigo explicar. — Eu olhei para os amuletos.
— Acho que às vezes sinto que um relacionamento com
Annabelle está traindo Josey. — Dei de ombros.
— E talvez até Lucy, mãe de Louisa.
— Usá-la, essa é minha conexão com todas elas, minha
maneira de incluí-las nisso. Lembre-se, Josey me disse que ela
e Annabelle eram amigas ... e Lucy acrescentou os amuletos.
Sterling balançou a cabeça quando se sentou ao meu
lado.
— Mas isso não é verdade. Annabelle não lhe deu os
Marchs. Ela acreditou que você morreu.
— Espero que ela possa preencher esses espaços em
branco para mim.
— Luz do sol, estamos tentando fazer isso, mas agora
precisamos nos concentrar em encontrar essa evidência.
Um desconforto familiar tomou cinta de mim.
— Por que McFadden não acredita que eu não tenho? Eu
não quero isso. Eu quero seguir em frente.
Linhas de preocupação se formaram na testa de Sterling.
— Ele disse que seu pai disse que você era a chave.
— Eu não sei o que isso significa.
— Talvez Annabelle saiba.
Olhei para além Sterling: a sala tinha esvaziado.
— Onde está todo mundo?
Seus lábios se voltaram para cima enquanto seus olhos
escuros brilhavam.
— Eu acho que eles queriam dar-nos um momento.
Inclinando-me para a frente, eu rocei meus lábios nos
dele.
— Eu amo você. Eu não sinto muito que você me trouxe
para Chicago, para você... — Eu olhei em volta da cozinha,
agora vazia, com a visão além das janelas.
— E para isto. Estou começando a amar todos aqui. Só
estou preocupada que mais pessoas se machuquem por minha
causa.
— Não sob nossa vigilância.

Torcendo as mãos, passei o comprimento em frente à


minha mesa até as janelas e de volta quando o relógio se
aproximava ao meio-dia. Jana pegou o almoço em uma
lanchonete local não muito longe do nosso escritório.
Enquanto ela e Patrick comeriam o deles na sala de
conferência, eu tinha o da minha mãe, era difícil dizer, e a
minha estava pronto em cima da mesa do meu escritório. As
lembranças do encontro com Pauline continuaram a se repetir
na minha cabeça.
Sterling disse que Annabelle queria se encontrar comigo.
Eu ficava me dizendo para acreditar nele. Ele não teria
encorajado essa reunião se terminasse mal.
Para ser honesta, não tinha certeza do que faria se isso
terminasse da maneira como a reunião com Pauline terminou.
Pela minha porta entreaberta, ouvi a abertura da porta
do escritório de Jana. Meus passos pararam quando meu
estômago torceu, adicionando nós em cima de nós. Fechando
os olhos, eu ouvi.
— Desculpe. Tenho um horário com ... Araneae McCrie.
Lágrimas encheram os olhos ao ouvir o som do meu nome
verdadeiro. Annabelle pronunciou de forma diferente do que
eu estava acostumada a ouvir. Ela pronunciou, uh-ron-e-eye,
como a aranha.
Respirei fundo e desejei que meus pés se movessem, para
encontrá-la no meio do caminho. Parecia como os dez pés mais
difíceis que já andei. Meus membros ficaram formigando e
minha cabeça fraca. Minha circulação estava acelerando, mas
não cumpria sua função de entregar oxigênio para minhas
células. Com meus nervos acelerando, respirei profundamente
e alcancei a maçaneta da porta.
Jana ainda estava sentada em sua mesa enquanto
Patrick estava escondido na sala de conferência, a porta
entreaberta. Nada disso importava. Minha concentração
estava apenas na outra pessoa na sala.
Quando meu olhar encontrou o de minha mãe, o resto do
mundo desapareceu.
— Que seria eu. — Eu disse, minha voz trêmula.
Araneae
Annabelle Landers não se moveu, olhando para mim
como se eu pudesse ser uma aparição fantasmagórica, capaz
de desaparecer a qualquer momento.
Não foi a primeira vez que vi a mulher que me deu vida.
Eu a vi refletida no espelho dentro do banheiro do clube.
Eu pesquisei na internet para saber mais sobre ela. No
entanto, nada me preparou para este segundo encontro, para
a forma como o meu coração batia no meu peito, minha
circulação martelava em meus ouvidos, ou a minha mão
tremia na maçaneta da porta.
A mulher diante de mim era alta e esbelta, com um ar
real. Talvez fosse melhor a palavra imponente. Vê-la em pé aqui
no meu escritório, segurando sua bolsa como um escudo, os
ombros para trás e o pescoço reto, eu a imaginei presidindo
sessões vestindo uma túnica preta sobre seu lindo vestido. Seu
cabelo loiro estava torcido atrás da cabeça, permitindo que o
pescoço pareça longo com um simples colar de pérolas.
Ela era eu. Eu era ela. Sterling disse que tinha DNA
mitocondrial para confirmar minha identidade e meu
relacionamento com essa mulher. Ao nos olharmos, essa
verificação científica não era necessária.
— Oh.— Annabelle ofegou quando os dedos de uma mão
veio aos lábios.
— Você é tão bonita.
Embora as lágrimas escorressem, minhas bochechas se
moveram mais altas enquanto meu peito subia e descia
enquanto eu lutava para encher meus pulmões.
— Eu-eu...pareço você.
Eu parecia.
Se eu pudesse ver o futuro quando tivesse a idade de
Annabelle, acredito que seria sua gêmea. Eu li na internet que
ela tinha sessenta e sete anos. Eu achei fatos, como ela se
casou com Daniel McCrie após sua graduação na Faculdade
de Direito da Universidade de Chicago. Annabelle Landers
começou a trabalhar para o procurador do Estado antes de ser
eleita para o Circuit Court Illinois. Ela teve um filho, uma filha
falecida. Mais tarde, foi nomeada para o governo federal; sua
nomeação havia sido liderada pelo senador Rubio McFadden.
Seu marido faleceu há dez anos.
Era tudo informação, mas nada disso era como olhar nos
meus próprios olhos, tão úmidos quanto o meu.
Annabelle também estava chorando.
— Você se parece comigo. Eu sempre pensei que
pareceria.
Minha cabeça inclinada.
— Eu não sei o que fazer agora.
Annabelle deu um passo mais perto.
— Posso ... — Ela engoliu em seco.
— Posso abraçá-la?
Era quase demais.
Eu balancei a cabeça quando nós duas demos outro
passo mais perto.
O suave aroma de baunilha encheu meus sentidos
enquanto ela envolvia meus ombros no seu abraço. Por um
momento, ficamos ali, seus braços em minha volta e os meus
segurando os dela.
Como você cumprimenta a mãe que você nunca
conheceu?
Como você cumprimenta a filha que pensou ter morrido?
Com lágrimas e sorrisos parecia ser a resposta para
ambas as perguntas.
Quando finalmente nos afastamos, gesticulei para o meu
escritório.
— Podemos entrar aqui. Eu trouxe o almoço.
Ela assentiu com a cabeça.
— Obrigada por concordar em me ver.
Quando fechei a porta, eu apontei para a mesa.
— Eu pensei que poderíamos comer.
Seu sorriso ficou triste.
— Araneae, você tem que saber que eu não sabia.
— Sterling me disse.
Sentamos, cada uma olhando mais um para a outra, do
que em direção à comida.
Finalmente, ela falou.
— É difícil para eu entender como você e Sterling Sparrow
tornaram-se... No clube, você disse que vocês dois estão
comprometidos?— Ela olhou para minha mão esquerda.
Eu balancei minha cabeça.
— Não é verdade. Nós estamos namorando ... — Um
sorriso flutuou no meu rosto, ao lembrar da nosso único
encontro oficial.
— Temos muito acontecendo agora. Eu disse isso porque
você estava olhando para mim. Eu não sabia quem você era, e
bem, parece que Sterling tem uma reputação. Pensei que dizer
que ele era meu noivo, me protegeria.
— Eu nunca pensei que diria algo como isso sobre um
Sparrow; no entanto, quando se encontrou comigo, eu
acreditei nele. Ele cuida de você e se importa com você. Embora
eu nunca teria escolhido um Sparrow para a minha filha .... —
Suas bochechas subiu mais alto.
— Eu gosto de dizer a minha filha ... Eu quero que você
seja feliz e vê-lo e tendo conversando com ele, eu espero que
você seja.
— Eu sou.
Nós duas pegamos nossos guardanapos, colocando-os no
colo.
Annabelle inclinou a cabeça.
— Há tantas coisas que quero lhe perguntar... — Ela
pareceu engolir suas palavras.
— Como foi sua infância ...? — Ela respirou fundo.
— Eu sinto muito. Eu não sei o que aconteceu.
— Minha infância foi boa. Fui criada por pais amorosos.
Sua cabeça balançou novamente.
— Eu não entendo. Foi isso...? Tudo o que posso pensar
é que eles a colocaram no programa de proteção de testemunha
por causa de Daniel sem me dizer.
Meus olhos se arregalaram.
— Se for esse o caso, nunca me disseram.
— De que outra forma eles poderiam tirá-la de mim?
— Quem são eles? — Eu perguntei.
— Quem teria me levado e me colocado no programa de
proteção de testemunha? — Minha mente se encheu de cenas
da minha infância. Este cenário não era um que eu já tinha
considerado.
— Eu presumo que o FBI. Eu venho pensando desde
aquela noite no clube. Eu ... — Ela olhou para a comida.
— Nós duas fomos enganada durante vinte e seis anos.
Quando Annabelle pousou o garfo, suas mãos tremiam
visivelmente. Eu estendi a mão e colocou a minha em cima da
dela.
— Como posso chamá-la? — Eu perguntei.
Seus olhos castanhos claros, os mesmos que os meus,
espiaram para longe da salada, em cima da mesa na frente
dela. Sua atenção permaneceu na minha mão e pulseira, antes
de retornar à minha pergunta.
— Eu sei do que gostaria, mas não posso pedir isso a
você.
Ela virou a mão para que ficássemos agora palma com
palma, a dela envolvida na minha e a minha na dela.
Eu apertei a dela.
— Eu tive uma boa mãe. — Respirei fundo.
— Uma ótima mãe. Eu não mancharia sua memória. Isso
não significa que não quero conhecer minha mãe.
Ela virou a mão e agora nós estávamos palma com
palma.
— Eu vou responder do jeito que você escolher para me
chamar. — Disse Annabelle.
— Como você provavelmente sabe, meu nome é
Annabelle. — Seu sorriso voltou enquanto nossas mãos
permaneceram unidas.
— O nome da minha mãe, sua avó, era Amélia. Quando
eu encontrei o seu nome, eu estava à procura de algo único,
forte e resistente que também começasse com a letra A.
— Eu não sabia sobre a minha avó. Ela é...?
Annabelle sacudiu a cabeça.
— Não, ela faleceu antes de você. Quer dizer, antes de
você nascer.
— Eu ouvi essa história sobre por que você me chamou
de Araneae, da minha mãe.
— Como? Como ela saberia?
Eu exalei.
— Eu não sei. Ela disse que vocês eram amigos desde a
infância e que meu pai biológico havia feito algo que achava
certo, mas isso me colocou em perigo, então você pediu que ela
me levasse, me mantivesse a salvo.
— Sinto muito, Araneae. Eu não era tão altruísta. Eu
queria você. Jurei proteger você.
Houve uma mudança na energia, mas antes que eu
pudesse processar, um profundo tenor encheu a sala.
— Então precisamos de sua ajuda.
Embora eu sentisse a presença de Sterling, não o ouvira
entrar e, pela aparência em seu rosto, nem minha mãe.
Annabelle e eu nos viramos para encarar Sterling.
Sterling
Interromper esta reunião não era meu objetivo. Salvando
Araneae, ela estava livre de McFadden.
Araneae se levantou e veio em minha direção.
— O relógio está correndo. — Eu disse enquanto ela
colocava sua mão delicada no meu braço e virou-se para
Annabelle.
— Eu pedi a Sterling para nos dar algum tempo
sozinhas.— Sua cabeça inclinou.
— Espero que possamos ter mais no futuro.
Annabelle assentiu.
— Eu gostaria que tão bem.
Levei Araneae de volta à sua cadeira e a ajudei a sentar
antes de sentar em uma em frente à juíza Landers.
— Eu me convidei aqui hoje. Você foi honesta comigo
quando você veio ao meu escritório. É a minha vez.
— Espero, pelo bem da minha filha, que possamos
sempre ser honestos um com o outro.
— Você me disse. — Eu comecei.
— Que não acreditava na história da carochinha, de seu
marido passando provas para Araneae. — Olhei para Araneae.
— Ela não tem ideia sobre nada disso. Preenchi o máximo
de espaços em branco que pude. Ela sabe o que Daniel sabia e
quem ele envolvia.
A juíza Landers levantou a mão.
— Eu não.
— Juíza Landers, você pode realmente dizer isso? Você
pode declarar isso quando a vida de sua filha está em risco?
Ela empalideceu visivelmente.
— Você está ameaçando Araneae, aqui na minha frente?
A mão de Araneae voltei ao o meu braço.
— Não, ele não está ...— Ela se sentou mais alto.
— Mãe. — O título parecia sair inquieto de seus lábios,
mas ela dizendo isso conseguiu a atenção da juíza Landers.
— Sterling tem sido brutalmente honesto comigo. Você
mesmo disse que me nomeou para ser forte e resistente. Eu
sou. Eu sou desde os meus dezesseis anos.
Annabelle ofegou audivelmente.
— Por quê?
— Nós não sabemos. — Eu respondi.
— Tudo coincide com a morte de Daniel.
— Antes disso, como eu disse. — Araneae continuou.
— Eu fui criada por ótimos pais. Fui criada como Renee
Marsh.
Os olhos de Annabelle se estreitaram.
— Disseram-me que você se chamava Kennedy Hawkins.
— Quando eu tinha dezesseis anos, minha mãe ... — Ela
hesitou.
— Meu pai, aquele que eu conheci, tinha morrido em um
acidente de automóvel. Minha mãe me levou para o aeroporto
e me deu uma nova identidade. Ela me disse que Chicago não
era segura, e que eu nunca mais voltasse.
— Aos dezesseis anos? Você foi abandonado aos dezesseis
anos?— Havia novas lágrimas nos olhos.
— Não abandonada. — Disse Araneae.
— Mandada embora, para minha proteção. Foi o que me
disseram.
— Nós acreditamos. — Disse eu.
— Que Josey Marsh acreditava que ela estava fazendo o
que era melhor para Araneae.
— Foi quando ela me disse que você me chamou de
Araneae, e você me deu a ela por segurança. Ela disse que
havia pessoas más atrás de mim, e eu precisava fugir de
Chicago e nunca mais voltar.
— Ela lhe contou quem? — Perguntou Annabelle.
Sentei-me reto.
— Ela a alertou sobre o nome Sparrow, meu pai e eu.
— O que? E então você procurou por ela?
— Deveria ser óbvio. — Eu disse.
— Minha intenção é para ajudar Araneae. Sim, encontrei-
a para prejudicar Rubio, para conseguir essa evidência, mas
agora... — Eu estendi a mão e cobri a mão de Araneae.
— Eu vou fazer o que for necessário para protegê-la.
Quando eu entrei aqui, você disse que sua intenção era ficar
com ela. Você me disse que alguém tirou essa oportunidade de
você. Hoje você tem a oportunidade novamente. Precisamos
encontrar essa evidência.
— Para prejudicar Rubio? — Perguntou Annabelle.
— Se eu disser que sim. — Eu perguntei, meu tom se
aprofundando.
— Você escolheria ele sobre Araneae?
Annabelle mudou seu olhar de mim para Araneae e de
volta.
— Não. Eu escolheria a minha filha. Eu faria a escolha
que nunca me foi permitido fazer há vinte e seis anos. No
entanto, se for o caso, posso precisar da sua ajuda, a ajuda de
um Sparrow.
Os grandes olhos castanhos claros de Araneae viraram
na minha direção.
— Se você precisar. — Eu disse.
— Você tem. Agora, precisamos encontrar as evidências
para ele.— Eu me inclinei para trás.
— Ele disse que tinha uma cópia e meu pai também. Ele
também disse que viu e sabe que existe. Daniel disse a ele ...
— Eu não ia contar a Annabelle Landers que Rubio McFadden
matou seu marido.
— Perto do final de sua vida que ele fez outra cópia. Ele
disse a Rubio que Araneae era a chave.
A cabeça de Annabelle balançou frente e para trás.
— Você está dizendo que Daniel sabia que nossa filha
estava viva? E Rubio sabe há dez anos?
Soltei um longo suspiro.
— Eu não posso responder sobre Daniel com cem por
cento de garantia. Meu pai sabia, ele me mostrou a foto dela ...
— Tecnicamente, eu achei a sua foto.
— Quando eu tinha treze anos. Nessa foto, Araneae tinha
sete anos. Todos os anos me mostravam uma foto atualizada.
Meu pai me disse que ela era minha.
— Eu não entendo. Seu pai a estava observando? Ele
planejou sobre vocês dois ... por quê?
— Tudo o que sei é que ele estava recebendo pelo menos
atualizações anuais. — Eu esclareci.
— Eles terminaram quando Renee Marsh se tornou
Kennedy Hawkins, eu estava na Universidade de Michigan na
época, mas eu tive ajuda. Nós a encontramos novamente. Até
que eu atrai Araneae de volta para Chicago, Araneae, sem o
seu conhecimento, estava sob proteção Sparrow. Minha, não
do meu pai.
Annabelle recostou-se na cadeira. A mesa estava cheia
com o almoço que Araneae tinha arranjado. Fora das janelas,
a vida estava ocorrendo, a forma como sempre fez. Sparrow
Enterprises estava fazendo dinheiro. Sparrows estavam ao
redor da cidade fazendo o que eles faziam. No entanto, dentro
deste pequeno escritório, era hora de confessar e descobrir o
que podíamos.
— O que você quer de mim? — Perguntou Annabelle.
— Eu nunca vi as evidências.
— Então por que ele iria dizer que eu era a chave? —
Perguntou Araneae.
A cabeça da juíza balançou.
— Eu nunca entendi por que Daniel fez tudo o que ele
fez.— Ela olhou de volta para Araneae, seu olhar indo para
seu pulso.
— Ele me deu a pulseira que você está usando logo antes
de você nascer.
Araneae ergueu o punho.
— Isso veio do minha ... outra mãe. Ela me deu antes de
me mandar embora no avião.
— É a mesma pulseira. Eu não podia acreditar quando vi
no clube. Eu não sei como isso aconteceu. — Ela inclinou a
cabeça em direção ao bracelete.
— Você mudou a foto no medalhão?
Enquanto Araneae lutava com o medalhão, estendi a mão
e a abri.
— Está desbotada. — Eu disse.
— Eu não consigo ver o que é.
— Era uma foto da igreja onde nos casamos.
— Como minha mãe conseguiu? — Perguntou Araneae.
— Daniel me deu apenas um dia ou dois antes de você
nascer. Estávamos em Wisconsin ... — Ela suspirou.
— Culpei-o pelo que aconteceu com você. Eu não deveria
ter saído de Chicago. Uma manhã, enquanto eu deveria estar
na cama, ele me levou para lá. — Seus olhos se fecharam como
se ela estivesse vendo a cena do passado.
— Eu estava com medo de entrar em trabalho de parto.
As estradas estavam quase intransitáveis. Tínhamos parado
neste pequeno hotel fora do caminho. Eu não entendi por que
ele faria isso. Ele começou a me dizer o que tinha feito e porque
estávamos em perigo. Eu me recusei a ouvir. Eu era juíza. Eu
não poderia ser obrigada a testemunhar contra o meu marido,
mas se eu soubesse ... — Sua frase foi sumindo.
Araneae e eu assentimos.
— Ele me deixou lá.
— Sozinha em uma tempestade de neve? — Perguntou
Araneae.
— Ele não estava agindo como ele. Mas quando ele voltou,
ele estava mais calmo. Foi quando ele me deu a pulseira. No
entanto, naquela época, havia apenas dois amuletos. — Ela
tocou os amuletos.
— Onde você conseguiu a tesoura e o diploma?
— De alguém muito especial. O diploma foi quando eu
terminei o ensino médio. As tesouras foram comemorar o corte
da fita da Sinful Threads.
— Estou muito orgulhosa de tudo que você fez.
Araneae brilhava com o elogio de Annabelle.
— Naquela época. — A juíza continuou.
— Quando você nasceu, ele tinha apenas o medalhão e
chave.
Araneae e eu nos entreolhamos enquanto pegava seu
pulso e levantava o amuleto, aquele que parecia uma chave
antiga. Era menor que um chave mestra padrão para uma
porta. A casa da minha mãe ainda tinha portas interiores que
tinham as chaves mestras. O da pulseira tinha menos da
metade do tamanho, um pouco do ouro havia se lascado,
expondo o metal embaixo.
Virando-se para mim, Araneae perguntou.
— Ele disse que eu sou a chave ou eu tinha a chave?
— Porra. Não pode ser. Onde é que isso leva? O que
poderia abrir?
Nós dois viramos para Annabelle.
— O ministro que nos casou. — Ela disse.
— Deu a Daniel a pulseira para nossa filha. Foi o que
Daniel me disse. Pertencia à esposa do ministro. Eles não
tinham filhos. Casamos em uma pequena igreja em
Cambridge, Wisconsin. Nós nunca fomos muito religiosos,
ainda me lembro quando Daniel voltou de visitar o ministro,
eu percebi que ele estava mais calmo. Ele concordou em voltar
para Chicago.
— Será que o ministro ainda está vivo? — Eu perguntei.
Annabelle sacudiu a cabeça.
— Eu não sei. Eu duvido.
Araneae estendeu a mão para a juíza.
— Pode ser um tiro no escuro, mas existe qualquer coisa,
um cofre, um ... — Sua cabeça tremia.
— Caixa de jóias, qualquer coisa que você acha que meu
pai poderia ter usado para esconder os CDs que Rubio acha
que eu tenho?
— Eu não consigo pensar em nada. Eu me mudei depois
que ele morreu. A casa era muito grande e solitária. Tudo foi
limpo. Muito foi doado.
— Será que Rubio ...? Ele estava por perto quando você
se mudou? — Eu perguntei.
Ela assentiu com a cabeça.
— Sim, ele tinha pessoas para ajudar.
Olhei para Araneae e balancei a cabeça.
— Então não estava lá. Ele saberia.
Seus suaves olhos castanhos rodavam com ideias. Ela se
virou para Annabelle.
— Ele foi para a igreja e depois ele ficou mais calmo?
— Sim, bem, ele disse que conversou com o ministro. Eu
presumi que estava na Igreja.
— Mãe, você pode nos dizer o nome do ministro e da
igreja?
— Eu adoro ouvir você me chamar assim.— Ela se sentou
mais reto em sua cadeira.
— O nome do ministro era Watkins, Kenneth Watkins. A
igreja era ...— Ela estendeu a mão para Araneae.
— É onde está enterrada.
Josey

Onze anos atrás

Enrolando minha jaqueta a minha volta, afastando o frio


do ar de primavera, eu olhei para a pista onde os membros da
equipe feminina de atletismo estavam reunidos. O céu estava
azul, mas o sol do início de abril continha pouco calor. Pelo
menos não estava nevando, eu pensei, enquanto observava a
grama verde. Nas árvores estavam começando brotar flores e
folhas.
Muitas vezes Byron organizava sua agenda para assistir
o treino de pista de Renee. Hoje não era um desses dias. Eu
sorri para os pais que reconheci e acenei com a cabeça, alguns
carregavam cobertores. Ao longo dos anos houve
tranquilidade, pois muitas das crianças que se conheceram no
jardim de infância ainda estavam juntas.
Embora com interesses variados, elas permaneceram
amigas.Quando Renee ficou mais velha, eu tornei-me uma
líder escoteira e ativa no INPI. Byron ficou preocupado achando
que eu estava chamando muita atenção para nós, mas em
minha mente, era a minha maneira de ficar envolvida e
proteger Renee estando dentro.
Essas garotas, incluindo Renee, que estavam
programadas para a próxima corrida, estavam tirando o
moletom e puxando-o sobre a cabeça. Como muita de suas
colegas de equipe, o cabelo de Renee estava preso em um rabo
de cavalo alto. Jogando o moletom ao lado da pista, ela
estendeu a mão e apertou o laço do rabo de cavalo. Eu sabia
por experiência que quando ela corria, seu cabelo balançava
para frente e para trás.
Minhas costas endureceram quando um homem
vagamente familiar se sentou perto de mim na arquibancada.
Minha mente tentou colocá-lo como pai de uma das colegas de
Renee. Não cheguei a nenhuma conclusão. Por outro lado, os
pais de todas as escolas participantes estavam sentados
juntos. Talvez fosse o pai de uma das adversárias.
Minha pele formigou com uma sensação desconfortável
quando ele se aproximou.
Eu queria poder perder a sensação de pavor que me
acompanhava noite e dia nos últimos quinze anos. Eu queria
aproveitar a vida que criamos e não temer que a qualquer
momento poderia ser arrancado de nós.
Como seria não acordar várias vezes por noite suando frio
com imagens de Allister Sparrow na minha cabeça?
Depois de todo esse tempo, eu não conseguia imaginar.
O Sr. Sparrow não nos visitou pessoalmente ao longo dos
anos, mas ele enviava mensagens sutis, o suficiente para nos
informar que ele estava observando. Continuamos a fazer
como ele instruiu, enviando a foto da escola de Renee todos os
anos para uma caixa de correios. O endereço era o mesmo de
quando ela nos foi dada, assim como a nossa.
Morávamos na mesma casa.
O homem sentado ao meu lado apontou para a pista onde
as meninas estavam se preparado nos blocos de partida. Renee
estava na pista mais próxima do campo, atrás das suas
companheiras e adversárias. Era uma ilusão de ótica a forma
como as diferentes faixas apareciam.
— Uma dessas é sua? — Ele perguntou.
Eu estremeci quando, no mesmo momento em que ele
falou, a arma de partida soou, ecoando através do ar frio, e as
meninas começaram a correr.
— Desculpe-me? — Eu respondi, minha mente em Renee
quando ela partiu, suas pernas se estirando em seus shorts de
corrida, esticando os braços com um bastão em sua mão.
Era Chicago na primavera. Parecia que uniformes de
pista poderiam ser mais quentes.
— Ela cresceu bastante. — Disse o homem, seus olhos
também na pista.
Eu me virei para ele.
— Desculpe-me, nós nos conhecemos. Eu não estou
lembrada.
Levantei-me e aplaudi quando Renee deu a volta na pista
e passou o bastão para sua companheira de equipe.
Respirando pesadamente, ela olhou para as arquibancadas e
sorriu. Seus suaves olhos castanhos brilhavam de orgulho. A
transferência do bastão era a parte mais difícil para ela, e ela
fez isso perfeitamente. Sua companheira de equipe estava
significativamente à frente do pelotão.
O último corredor em um revezamento era geralmente o
mais rápido. Como a primeira, o trabalho de Renee era mantê-
las na corrida. Sem trocadilhos.
Quando me sentei, o homem virou-se para mim.
— Qual era o nome do gato?
Meu estômago se retorceu quando um calafrio correu
através de mim.
— Senhor, eu tenho certeza que está enganado.
— Kitty. — Disse ele com um aceno.
— Um cinza grande.
A próxima passagem tinha acontecido, mas meus olhos
não estavam mais na pista. Eu virei-me para o homem, meu
sangue fervendo.
— Se você tem algo a dizer ou uma mensagem para
entregar, faça e vá embora.
— Só observando. Ela está ficando muito bonita. Há
sempre oportunidades para ela, você sabe, se as coisas não
derem certo.
Outra entrega perfeita, mas eu não estava vendo o
revezamento com meu estômago revoltado com a sua sugestão.
Meu pescoço se endireitou quando minha mente foi
assolada por lembranças de Neal, histórias de infância. Não
era preciso ser um gênio para saber que sua mãe havia falado
de suas habilidades em matemática e outros atributos para
mantê-lo fora do que poderia acontecer com crianças no grupo
de Sparrow. Eu não estava falando sobre os filhos das pessoas
do grupo. Eu quis dizer as crianças que eles adquiriram.
Vender o filho de uma prostituta não estava abaixo deles e ela
sabia disso.
A corrida terminou, o quarteto de Renee foi o vencedor.
Depois de ficar em pé e bater palmas, sentei-me
novamente e virei na direção desse homem. Com meu queixo
cerrado, olhei para esse homem, meu olhar sem piscar.
Quando o fiz eu o reconheci. Ele era o recenseador quando
Renee era jovem.
— As coisas estão funcionando muito bem. — Eu disse.
— Deixe-nos em paz.
— Só estou fazendo o meu trabalho, senhora. — Ele
puxou um palito de dente do bolso e colocou entre os dentes.
— Observando o pai dela também. Há muitas peças em
movimento. Às vezes eles caem.
— Byron está fazendo tudo o que lhe foi dito.
— Não estou falando sobre isso.
Eu balancei minha cabeça.
— Então me diga, qual é o seu trabalho? É para me
intimidar? Faz isso para me assustar? Como eu disse, meu
marido e eu estamos fazendo tudo o que nos disseram para
fazer. Ela é amada e cuidada. O que outra pessoa faz não
depende de nós. Se seu chefe tem uma preocupação, expresse-
a. Caso contrário, deixe-nos em paz.
Ficamos em silêncio por alguns minutos até eu me virar
para ver Renee, agora vestindo calças compridas e moletom da
equipe, vindo em minha direção, subindo mais alto e mais alto
entre as pessoas quando suas chuteiras estalavam nas
arquibancadas de metal. Ela já era mais alta que eu por alguns
centímetros e quase tão alta quanto Byron.
— Vá embora agora, ou eu vou gritar. — Eu sussurrei
para o homem.
— Não é uma boa ideia.
Tomando uma bebida em uma garrafa de água, Renée
sentou do meu outro lado.
— Você me viu passar o bastão?
Eu coloquei minha mão em seu joelho.
— Claro que sim. Foi perfeito. Você foi muito bem. Bom
trabalho. Sabe qual foi o seu tempo? — Eu estava falando
rápido, tentando manter sua atenção em mim.
— Não, o treinador disse que vai nos passar mais tarde.
— Ela se inclinou para frente, olhando para o outro lado.
— Oi.
O homem assentiu.
— Prazer em vê-la novamente.
— Este homem estava de saída. — Eu disse.
Ele se levantou.
— Até a próxima vez. Fique segura.
Quando ele se foi, Renee se inclinou mais perto e
sussurrou.
— Quem era ele? Ele parecia meio assustador.
— Se você vê-lo novamente, me avise.
— Eu não lembro de tê-lo visto antes. — Disse ela.
— Ainda assim, você promete?
— Claro, mãe. — Ela sorriu novamente.
— Eu preciso voltar para a equipe.
Peguei a sua mão.
— Sério, Renee, sua passagem foi ótima.
Um brilho rosa cobriu seu rosto, uma mistura de ar
fresco, sol, e sua reação ao meu elogio.
— Obrigada, mãe.
Araneae
Lorna e eu nos sentamos juntas na cozinha, esperando
os homens retornarem do que ela chamava de batcaverna.
Depois que comermos juntos, só para variar, os três
desapareceram. Além de Patrick, que estava o dia inteiro
comigo, eu tinha a sensação de que Sterling e Reid tinham
trabalhado nisso desde que ele e minha mãe deixaram o meu
escritório.
— Eu sinto que há uma esperança. — Eu disse,
bebericando um copo de vinho, coisas doces que Sterling não
gostava.
Lorna também tinha um copo de vinho tinto na sua
frente, mais espesso e encorpado do que o meu. Ela girou a
taça, observando escorrer o líquido.
— Eu não posso imaginar todas as mudanças que você
passou.
— No último mês ou toda minha vida?
— Ambos, eu acho. — Disse Lorna com escárnio.
— O último mês tem sido ... esmagador. Estou feliz que
Sterling tem estado comigo ...— Eu sorri para ela.
— E todos vocês. Eu realmente me sinto confortável aqui,
mais do que eu poderia ter imaginado.
— Você sabe, ele a observou por anos. Eu não deveria
saber, mas depois de anos investigando sua vida, seu nome
surgiu com Reid ocasionalmente. Quando Sparrow decidiu que
era a hora certa, fiquei preocupada.
— Com o quê? — Perguntei.
Ela inspirou e expirou, seus olhos verdes se afastando do
copo e em direção às janelas agora escuras com as luzes de
Chicago abaixo.
— Nós temos uma dinâmica que não consigo explicar. Eu
não tinha certeza de como a adição de uma pessoa poderia
funcionar, alguém que Sparrow queria e que não sabia que era
procurada, como seria.
— Sempre foram vocês quatro desde que você e Reid se
casaram?
— Havia alguma tensão no começo. Eles não estavam
acostumados a ter uma mulher por aqui e depois com Mason
...
Meu peito se apertou com a menção do amigo que Sterling
me contou um pouco, quando ele explicou o lado sombrio de
Sparrow e McFadden.
— Eu não sei muito sobre ele realmente. Eu sei que ele
esteve com Reid, Patrick, e Sterling no Exército.
— E um tempo depois também. — Ela estendeu a mão e
cobriu a minha.
— É por isso que eu sempre digo para Reid que eu o amo.
As coisas podem acontecer em um piscar de olhos. Estes três
...— Ela levantou a mão quando seus olhos ficaram perdidos...
— Sempre, desde que os conheço, são inseparáveis. Três
é uma dinâmica diferente de quatro. Quando eram quatro,
muitas vezes se dividiam em duas duplas. Era normalmente o
seu homem com Mason e o meu com Patrick. — Ela balançou
a cabeça.
— Isso não quer dizer ...
Meu pulso acelerou.
— O que posso presumir sobre Mason?
— Nada. Essa é a história de Sparrow.
Levantando-se, ela saiu pelo arco em direção ao elevador
de trás. Quando ela voltou, sentou-se novamente.
— Eu sei o que eles querem que eu saiba. Um dia se
Sparrow quiser que você saiba os detalhes, depende dele. Eu
não deveria ter mencionado isso. O nome dele é meio fora dos
limites por aqui. Eu estive pensando sobre mencioná-lo há um
tempo. Você sabendo disso, significa que Sparrow confia em
você mais do que você imagina.
— Durante anos ele carregou essa nuvem. — Ela piscou
para afastar a umidade dos seus olhos quando um sorriso
floresceu.
— Se foi desde que você chegou, não diminuído, não
intermitente. Estamos todos mais felizes por ele do que você
pode imaginar. Eu sei que este lugar fica estranho. Entendo
melhor do que ninguém como você se sentiu na outra noite.
Eu só quero que você saiba que tê-la aqui ... a primeira vez que
eu a vi, soube imediatamente que não precisava me preocupar.
É como se você sempre estive destinada a estar conosco, com
ele.
Eu respirei.
— Não sei explicar, mas também me parece o mesmo.
O som do biombo nos fez virar em direção ao arco onde
Lorna acabara de estar.
Um a um, a cozinha ficou mais cheia quando os três
homens entraram. Não estavam mais usando ternos, todos
estavam casuais. Era aquele de calça de moletom cinza e
camiseta carvão quem me chamou a atenção, aquele que
olhava para mim como se não tivesse recentemente comido e
eu fosse o seu jantar.
— O que você descobriu e decidiu? — Perguntei,
ignorando a maneira como meu corpo se contorcia e os
mamilos endureceram sob seu olhar.
Pare com isso, Araneae. Você está em uma sala cheia de
pessoas.
Isso não deveria acontecer, mas aconteceu.
— Podemos estar envolvidos em alguma coisa. — Disse
Sterling.
Reid estava segurando a chave, não mais presa à minha
pulseira. Em sua grande mão por outro lado, parecia ainda
menor.
— Isso é bronze, coberto com uma imitação de ouro. É
por isso que parecia estar descamando.
— Você acha que pode abrir alguma coisa? — Perguntou
Lorna.
— Eu acho. Pesquisei chaves e cofres à tarde e à noite.
Há muitos que têm uma chave semelhante. A maioria é antiga
ou feita para parecer Antiguidade. Com base no tamanho, acho
que o cofre é pequeno, do tamanho de uma caixa de correio.
— Então, minha mãe ajudou? — Perguntei.
— Esperamos que sim. — Disse Sterling, sentando-se à
mesa conosco. Alcançando meu copo de vinho, tomou um gole
e imediatamente seus lábios e nariz franziram.
— Ugh. Como você bebe isso?
Peguei de volta.
— Eu gosto de coisas doces.
— Esse tamanho de caixa. — Disse Patrick.
— Uma que não dava para abrir, se fosse em uma igreja
poderia facilmente ter sido movida ou descartada. A única
maneira de saber é olhando. Amanhã, a igreja será revistada.
— Sério? — Perguntei animadamente.
— Eu quero ir.
Sterling tocou meu joelho debaixo da mesa. Semelhante
à outra noite, eu estava vestindo calças de yoga, uma camiseta
e meias macias. Ele apertou suavemente com sua mão grande.
— Falaremos sobre isso lá em cima.
Meus lábios se uniram, me impedindo fisicamente de
discutir, mas as palavras estavam ali. Eu entendi que ele não
queria fazer isso na frente dos outros, mas por Deus,
estaríamos discutindo isso.
Menos de uma hora depois, em nosso quarto com a mão
na cintura, declarei.
— Eu vou com você.
— Você é quem nunca quer deixar a Sinful Threads. —
Disse Sterling.
— Sempre preocupada em não ficar longe.
Tirei minha camiseta, puxei-a por cima da cabeça e tirei
minha calça de yoga. A camiseta de Sterling estava no chão do
nosso closet, juntando-se à pilha de roupas descartadas.
Meus olhos foram para ele, a maneira como suas calças
de moletom estavam baixas, a trilha de cabelos escuros
descendo para o V criado por sua cintura fina e ossos do
quadril. Fazendo um esforço combinado, mudei meu olhar
mais alto até encontrar o dele.
— Não jogue minhas próprias palavras de volta para mim.
Isso é sobre mim. Além disso, é uma igreja em uma pequena
cidade pitoresca em Wisconsin. Não é como quando você
estava indo para Boulder no meio de um sequestro. Podemos
sair de manhã e voltar antes da tarde. Nós dois podemos
trabalhar se não encontrarmos nada.
— Vou avisar Jana.
Sterling sacudiu a cabeça.
— Não diga nada a Jana ainda. E não vamos dirigir. São
apenas duas horas e meia, mas estamos preocupados ... — Ele
parecia pesar suas palavras.
— Com o que? — Eu perguntei, vestindo apenas meu
sutiã e calcinha enquanto caminhava para o banheiro pronta
para dormir.
— O que a sua mãe disse, poderia ter sido plantado. —
Disse ele me seguindo.
— Para nos despistar. Ou pode ser uma armadilha. Há
muitas possibilidades. — Ele veio atrás de mim, seus olhos
escuros olhando por cima da minha cabeça para o nosso
reflexo enquanto ele passou os braços na minha volta. Sua
mandíbula estava firme e a testa franzida, a expressão
adicionando mais aviso às suas palavras.
Eu girei em seu abraço, meus olhos chegando ao seu
peito nu. Colocando minhas mãos nos ombros largos, olhei
para cima.
— Esta não é uma situação de bloqueio.
— Luz do sol...
— Não. — Eu interrompi.
— Absolutamente não. Se é isso que você está pensando,
tire isso da sua mente agora.
Seu peito inflou quando ele inalou.
— Você tem que confiar.
Coloquei um dedo sobre seus lábios.
— Eu confio em você. Eu confio em você, Reid e Patrick,
apenas como você me disse para fazer quando estávamos na
cabana. Demorei um pouco, mas eu entendi o que estava
acontecendo quando você foi para Boulder. Eu não gostei
daquilo, era uma situação perigosa. Aqui é onde meus pais se
casaram. Eu quero conhecer.
Ele beijou meu dedo.
— E a outra coisa que sua mãe disse?
Que também é onde eu fui enterrada..
— Eu também tenho pensado nisso. Eu quero ver. —
Quando ele não respondeu, eu continuei.
— Eu quero ver isso com você. Provavelmente será
emocionante, mas lembre-se, você prometeu estar comigo
quando souber o bem e o mal. Eu não estou realmente
enterrada lá, mas uma criança está. Isso me deixa triste.
— Nós três conversamos sobre o bloqueio. — Ele admitiu.
Minha cabeça balançou.
— Eu quero confiar em sua mãe.
— Eu também.
Ele passou a mão pelos cabelos enquanto dava outro
passo.
— Se ela está nos enviando para uma busca inútil,
poderia ser para torná-la vulnerável.
— Você disse que McFadden concordou que eu estava
fora do alcance até o Dia do Trabalho. Nós ainda temos cinco
dias. — Eu o segui de volta para o quarto.
— Não estarei mais segura com você?
Ele girou em minha direção, as janelas altas atrás dele.
No reflexo escuro do vidro, vi a forma como os músculos de
suas costas se contraíam. Diante de mim, seu olhar
escurecido, varrendo meu corpo, partes expostas e não
expostas, aquecendo minha pele. Mais baixo, uma ereção
estava ganhando vida.
Um sorriso veio aos meus lábios.
— Não estou?
— Agora não. — Disse ele com naturalidade.
Minhas bochechas subiram.
— Você não me assusta, Sr. Sparrow.
Ele chegou mais perto, passando um dedo na minha
bochecha.
— Eu não quero que você tenha medo. Eu quero que
saiba que está segura. — Ele estendeu a mão para minha
cintura e me puxou para mais perto que sua ereção crescente
pressionou meu abdômen.
— O único que toca em você sou eu.
Estiquei o pescoço, olhando para ele.
— Você é o único que quero tocando em mim. No entanto,
se você não concordar que eu vá com você amanhã, vou dar-
lhe uma dose de seu próprio remédio.
— Oh, sim? O que seria?
— O que é bom para as meninas é bom para os meninos.
— Luz do sol, eu não sou um menino.
— Não, você é muito mais homem. Eu também não sou
uma menina; No entanto, se você não for bom ...— Deixei a
frase em aberto.
Ele chegou por trás de mim, abrindo meu sutiã.
— Sterling.
— O que você deve saber por agora, é que eu sou sempre
bom.
Dei um passo para trás.
— Prometa-me que eu vou para Cambridge, Wisconsin.
Logo eu gritei quando ele me levantou, colocando-me na
beira da nossa cama.
— Isso não é uma promessa. — Eu disse, tentando
ignorar o que seus lábios estavam fazendo, como ele estava
beijando e beliscando o lado do meu pescoço por trás da minha
orelha até a minha clavícula.
— Sterling.
Ele deu um passo para trás, fechando os olhos escuros e
abrindo novamente.
— Esteja pronta às seis. Queremos chegar à igreja antes
que as pessoas estejam lá.
Minha cabeça inclinou enquanto eu sorria sob as
pálpebras fechadas.
— Agora, onde estávamos?
Sua resposta não foi verbal, embora envolvesse sua boca,
tudo. Seus lábios, língua e dentes.
Araneae
O avião de Sterling aterrissou em Madison, Wisconsin,
em um aeroporto particular. Quando Sterling disse para estar
pronta às seis da manhã, ele quis dizer até às seis. Eu não me
importava. Eu quase não tinha dormido pensando o que
poderíamos encontrar. Se nós não encontrássemos a evidência
que Sterling tinha citado em nossas conversas, estávamos de
volta a estava zero. Se acontecesse isso, eu não quero saber.
Eu queria os óculos cor-de-rosa que ele descreveu.
Já era difícil saber que além das histórias como
exploração infantil, homens e mulheres colocaram cifrões
acima da vida de crianças, e que havia realmente pessoas por
aí que pagavam para realizar fantasias doentias. Isso era o
suficiente para revirar meu estômago. Eu não podia ver isso.
O voo de Chicago para Madison durou menos de uma
hora, no entanto, a tensão no ar era palpável, passando de
Patrick à Sterling em ondas grossas reverberantes através do
ar. Após a saudação inicial, Keaton ficou longe de nós três,
consciente do nosso humor. Havia muita coisa nessa teoria e
nós todos sabíamos disso.
Sterling me tranquilizou inúmeras vezes que não importa
se havia evidência para encontrarmos ou, se não a
encontramos, eu estava segura. Ele prometeu dupla segurança
sobre meus amigos. Eu não queria acreditar que a evidência
existia ou que meu tio ou o pai de Sterling estavam envolvidos,
mas ao mesmo tempo, eu queria saber. Eu queria não ter medo
pelos meus amigos. Eu queria uma vida como a nossa no
Canadá ou no lago Michigan. Eu queria não precisar olhar por
cima do ombro ou medo de ficar sem Sterling ou Patrick. Eu
queria talvez um dia descer a Michigan Avenue ou Lake Shore
Drive sozinha e apreciar a paisagem.
Patrick disse que haveria um carro esperando por nós
três no aeroporto de Madison. Reid estava de volta a Chicago
para monitorar a partir dos limites de seu lar, vigiando Lorna
e o resto de Sparrow.
Lembrei-me do que Sterling havia dito, que isso poderia
ser um ardil para focar nossa atenção em outros lugares,
deixando partes do Sparrow vulneráveis. Ou isso poderia ser
uma armação. Eu não queria acreditar em nenhuma dessas
opções porque significava que Annabelle, propositadamente
nos levou até Rubio.
Junto com minhas fantasias de andar pelas ruas
principais de Chicago, imaginei um relacionamento com minha
mãe biológica, onde nos encontramos para almoçar em um
café ou desfrutamos da companhia uma da outra, enquanto
andávamos nas lojas ao longo da Lake Shore Drive
Todos nós respiramos fundo quando a porta do avião se
abriu. No alto, o céu estava cheio de roxo e rosa que seguem
um nascer do sol. Era de manhã cedo, quarta-feira e parecia
que Madison estava em silêncio, esperando a agitação do dia
de trabalho para começar.
Sterling colocou a mão na parte inferior das minhas
costas, com Patrick um passo à frente.
— Vamos, sol. Eu não vou deixar você fora da minha
vista.
Eu balancei a cabeça, imprensada entre as duas
montanhas de homens quando corremos pela pista, pelo
pequeno aeroporto para o carro em espera.
Vestindo calça jeans e uma camiseta simples, Sterling e
eu estávamos casuais. Patrick continuou com seu papel como
guarda-costas em um terno escuro, se sentou na frente com o
motorista contratado, Sterling e eu sentamos no banco de trás.
O carro era um sedan preto simples, discreto. A viagem de
Madison a Cambridge durou cerca de trinta minutos, Sterling
procurou no telefone mais informações sobre a igreja onde
meus pais se casaram.
— É a Igreja Metodista Scandinavian mais antiga do
mundo, construída em 1851. — Disse ele.
— O prédio é protegido sob o Registro Nacional de Prédios
Históricos.
Se meu pai, Daniel McCrie, escondeu a evidência aqui, foi
uma jogada inteligente. Ele provavelmente estava confiante de
que o prédio teria que permanecer de pé, e como um bônus,
não haveria nenhum registro, como um cofre ou recipiente de
armazenamento.
Deixei escapar uma respiração profunda.
— Como é que vamos entrar e onde é que vamos
procurar?
— Entrar não será um problema. Não há nenhum sistema
de segurança. — Disse Patrick.
— E as fechaduras são muito velhas.
— Como você sabe disso? — Eu perguntei e, em seguida,
acrescentei.
— Não importa. Eu deveria aprender a não duvidar de
você.
Ele continuou.
— A estrutura original tem uma capela, um porão, uma
torre com um sino. Mais recentemente, houve uma adição ao
edifício, mais um porão. A partir da planta que eu acessei, a
mais recente seção é subdividida em uma cozinha e salas de
aula. O primeiro andar da mais recente obra tem salas de
reuniões, mais salas de aula e escritórios. O edifício original é
o lugar onde os serviços da igreja ainda são mantidos.
— Você está pensando no porão do prédio original? —
Perguntou Sterling.
— Isso ou a torre. — Respondeu Patrick.
— Meu palpite é que o porão original não seja adequado
para uso hoje como parte do edifício. Faz sentido que seja uma
boa área de armazenamento.
Meu pulso acelerou quando passamos a entrada de
Cambridge.
A cada minuto, o céu estava mais claro. De repente, eu
me preocupei em ser vista.
— Nós vamos sair por aqui na volta. Há uma porta de
acesso que vai diretamente para o nível do porão. Leve o carro.
— Disse Patrick ao motorista.
— E espere em outro lugar onde você não seja visto. Volte
quando um de nós ligar ou enviar mensagem de texto.
— Sim, senhor. — Disse o motorista, indo para o
estacionamento de trás.
A igreja em si era pequena pelos padrões de hoje, mas as
paredes de pedra e as altas torres, combinada com os vitrais,
tinha um charme romântico. Eu alcancei a mão de Sterling,
quando uma pequena área cercada ao lado da igreja entrou a
vista.
Ele seguiu meu olhar.
— Você pode ficar no carro. Você não precisa sair.
Engoli as lágrimas borbulhando na minha garganta,
formando uma bola pronta para entrar em erupção, e balancei
a cabeça.
— Eu quero ficar com você. Vamos entrar na igreja pela
primeira vez.
Sterling assentiu, me puxando para mais perto e dando
um beijo na minha testa.
— Você é tão forte. Estou impressionado.
— Você não diria isso se você pudesse ler meus
pensamentos. Estou uma bagunça.
Ele beijou minha testa novamente e forçou um sorriso.
— Então você é o meu tipo favorito de confusão.
O carro parou no estacionamento perto de uma pequena
calçada, aquele espaço era cercado por uma cerca de ferro
forjado. Nós três saímos do carro, olhando em todas as
direções para qualquer testemunha do nosso arrombamento e
invasão. Momentaneamente, o meu olhar permaneceu na área
cercada, com uma variedade de diferentes tamanhos de
lápides.
A escada onde tínhamos sido deixados descia abaixo do
solo para uma velha porta de madeira com uma janela suja. A
grama em ambos os lados da calçada estava coberta do orvalho
da manhã quando o ar de verão começou a aquecer com o
nascer do sol. Algumas folhas tinham caído das árvores,
soprando em pequenos ciclones sobre o piso; no entanto,
quando descemos pela escada, a brisa deixou de nos
encontrar.
Com Patrick à nossa frente, minha mão tremia na mão de
Sterling.
Esse tipo de atividade podia não ser incomum para estes
dois, mas era minha primeira vez, e eu estava tão nervosa por
ser pega quanto por encontrar a evidência.
Como se ele tivesse uma chave, Patrick fez algo na
fechadura e virou a velha maçaneta de latão manchado. Após
um pouco de viscosidade, provavelmente causada por tinta
velha combinado com uma porta raramente usada, um
empurrão de seu ombro moveu a porta para dentro.
Mofo encheu meus sentidos quando entramos no
pequeno retângulo de concreto, abrangendo todo o
comprimento e largura da capela acima.
Levantei minha mão livre ao meu nariz enquanto nossos
sapatos no cimento causavam redemoinhos de poeira. A
iluminação da janela e o telefone de Patrick trouxeram luz onde
só havia escuridão. Ao olhar o porão, a adição de luz revelou
um mundo perdido habitado principalmente por poeira, teias
de aranha, os seus intrincados desenhos pendurados em vigas
como se para suportar essas vigas.
— Eu não acho que eles venham para cá muita
frequência. — Disse Sterling enquanto contemplava todo o
porão.
— Há tantas caixas. — Eu disse.
— Como vamos encontrá-lo se ela estiver aqui?
Patrick entregou a cada um de nós um par de luvas de
látex azul, que estava no bolso de seu paletó, porque ninguém
se preocupou com isso. Nós as colocamos em nossas mãos e
nos espalhamos, pegando e abrindo caixas. Algumas eram tão
velhas que ao tocá-las o papelão se desintegrava. Roupas de
coro que estavam atrás dos hinários e tinham o mesmo padrão
estavam entre nossas descobertas. Outros achados incluíam
arquivos cheios de registros esquecidos em uma escrita que
não estava mais legível, muitas caixas cheias de mofo e
ferrugem das prateleiras de metal.
— Eu vou até a torre. — Patrick disse finalmente.
— Eu posso ver a capela? — Eu disse para Sterling, tanto
pedindo quanto afirmando.
Ele balançou sua cabeça.
— Eu tinha tanta certeza de que era isso. Eu sinto muito.
Eu pensei ... — As palavras desapareceram quando a decepção
se infiltrou em seu tom.
— Por favor, antes das pessoas chegarem aqui. Quero ver
onde meus pais se casaram.
Dando uma última olhada no passado decadente desta
igreja, ele assentiu e segurou minha mão, nossas luvas de látex
ainda estavam no lugar quando ele subiu os degraus de
madeira. Seu peso fez a madeira ranger, assim como as solas
de borracha do meu tênis rangiam no silêncio. Passo a passo,
subimos a estreita escadaria.
Mais de uma vez as escadas giraram até que finalmente
chegamos a um patamar. Acima deste patamar, havia mais
escadas. Eu olhei para cima na escuridão, sabendo que era
para onde Patrick tinha ido. No patamar, Sterling pegou a
velha maçaneta decorativa e puxou a porta de madeira em
nossa direção.
A porta se abriu para o vestíbulo da capela.
Juntos, saímos para o ar mais fresco.
O velho piso de madeira estava bem gasto, mas muito
bem conservado. Acima das portas para o exterior tinha um
vitral impressionante, o sol da manhã enviava cores lindas
para as paredes brancas de gesso.
Mais um conjunto de portas duplas e nós estávamos
dentro da capela.
Eu respirei fundo quando Sterling apertou minha mão.
— É adorável. — Eu disse, meu olhar procurando em
todos os lugares, desde as fileiras de bancos de madeira até as
janelas altas ao longo do lado e a enorme janela de vitral acima
do altar. O púlpito do ministro estava ao lado e um lugar para
um coral, estava isolado com guarnição de madeira mais
bonita. Para o outro lado estava um grande piano.
Virei-me para Sterling com lágrimas nos meus olhos.
— Obrigada.
Ele balançou sua cabeça.
— Parece que esta viagem foi uma perda de tempo.
— Não, você não vê? Se não fosse por você, eu não estaria
aqui, vendo isso. Eu sei que meu pai fez coisas ruins. Eu sei
que o casamento deles não foi perfeito, mas eles me fizeram.
Eles se amavam quando estavam aqui. E eu teria vivido minha
vida inteira sem saber disso, sem ver isso. Tudo é possível por
sua causa.
Deixando de lado a minha mão, ele passou o braço em
torno de minhas costas e me puxou para o seu lado.
— Um dia, eu gostaria de dizer que sim.
Sua declaração lavou um pouco da minha tristeza.
— Sr. Sparrow, se isso é uma proposta, você vai precisar
fazer melhor. Lembra-se da parte que pergunta?
Seu dedo passou pelo meu rosto, o cheiro das luvas
predominando, mas o sentimento ainda está lá.
— Está certo. Quais eram essas palavras?
Eu me ergui em meus dedos dos pés e beijei sua
bochecha.
— Quando você se lembrar, me avise. — Inclinei a cabeça
para o lado da igreja.
— Antes do motorista chegar eu gostaria de ir ver ...
— Tem certeza? — Perguntou.
— Eu tenho.
Sterling
— Ok, luz do sol, mas primeiro, vamos voltar lá. —
Inclinei a cabeça na direção da escada.
— E esperar por Patrick. Espero que ele encontrado
alguma coisa.
Araneae olhou para o relógio.
— Passa um pouco das oito e meia. Que horas as pessoas
começam a trabalhar?
— Os escritórios abrem às nove. Eu gostaria de ter ido
embora há muito tempo.
Nós deslizamos de volta pela porta na direção que viemos,
minha mão enrolou-se firmemente ao seu redor, quando
passos de cima se aproximaram. Eu não precisava perguntar.
Pude perceber pela expressão no rosto de Patrick que sua
excursão tinha sido tão frutífera quanto a nossa no porão. Ele
simplesmente balançou a cabeça ao descer os degraus de
madeira à nossa frente. Com Araneae presa entre nós, peguei
a retaguarda.
Diminuindo nossos passos, espiamos uma última vez
pelo porão, observando restos deixados ao longo dos séculos,
de memórias, toras e lembranças. Estes eram itens, ou o que
restava deles, que alguém pensou em salvar. Ou talvez fossem
coisas que ninguém se importava em descartar.
Independentemente disso, nós não nos demos tempo suficiente
para pesquisar minuciosamente todos os cantos e fendas.
Precisávamos sair desta igreja agora. E ainda, pela
magnitude de detritos, duvidava que uma semana fosse longa
o suficiente para pesquisar.
Nós não tivemos uma semana.
Nosso tempo estava acabando.
Nós tentamos e não achamos nada, mas eu não estava
disposto a aceitar a derrota.
Uma vez do lado de fora, Patrick trancou a porta e
mandou uma mensagem para o motorista enquanto eu
guardava as luvas de Araneae e minhas luvas azuis de látex
em um dos bolsos da minha calça jeans e novamente segurei
sua mão. Juntos, caminhamos em direção ao pequeno
cemitério.
Mais uma vez, sua pequena mão tremia ao meu alcance.
Esse era seu único sinal externo de apreensão. Com o pescoço
reto e os ombros para trás, ela foi determinada em direção ao
cemitério fechado. Soltando minha mão, ela alcançou a trava.
— Araneae. — Eu disse, parando-a.
— Eu nunca quis trazê-la aqui.
Ela olhou para cima com seus olhos suaves de chocolate,
cheios de uma magnitude de emoções.
— Estou feliz que sim.
Tão forte.
A admiração simplesmente não chegou nem perto de
descrever o que eu sentia por essa mulher bonita e resistente
ao meu lado. Eu estava errado quando disse que ela era frágil.
Essa descrição não lhe dava o crédito que merecia por tudo o
que ela suportou nos últimos 26 anos ou pelo que a sujeitei no
último mês.
A meu ver, a sua força superou a minha ou mesmo a de
Patrick ou Reid.
Sim, cada um de nós três poderia olhar a morte na cara
e ir embora incólumes. Isso exigia uma espinha dorsal de aço
e um coração morto, que não funcionava.
Araneae enfrentou desafios incontáveis e os enfrentou
com amor e emoção, descobrindo a si mesma de uma maneira
que me assustou. Ela enfrentou a perda dos pais e então a
possibilidade de uma família, apenas para Pauline jogar na
cara dela, e ainda ela não parou.
Ela se abriu para Annabelle.
Ela estava disposta a arriscar tudo por Louisa.
Ela pegou um homem, um com nem todos os motivos
puros, e permitiu que ele visse que há mais na vida do que
sucesso, dinheiro e vingança.
Eu puxei a mão de Araneae quando ela começou a entrar.
— Eu a amo muito.
Sua pequena mão foi ao meu rosto.
— Sterling, eu também amo você. Obrigada mais uma vez
por manter sua promessa, estar comigo nas horas boas e
ruins, e por me trazer aqui. Sinto muito não encontrarmos o
que queríamos. — Continuou ela.
— Mas eu sinto que encontrei muito mais do que alguns
CDs. Cada dia desde que seu caminho lhe levou à minha vida,
estou achando mais de mim.
Eu beijei o topo de sua cabeça, seu cabelo loiro sedoso
sob meus lábios enchendo meus sentidos com seu shampoo e
cheiro.
Respirando fundo, entramos com cuidado entre as
lápides. Enquanto examinava o que estava escrito, vi que havia
alguns túmulos que datam de 1800. Poucos eram da segunda
metade dos anos 1900, e depois chegamos a um que era
apenas alguns centímetros de altura na frente, um pouco mais
alto na parte de trás. Uma pequena pedra retangular.
Esculpido na superfície um pequeno anjo, um com corpo e
rosto de um bebê.

Araneae McCrie
Do nascimento para o céu
Nosso anjo, que ela saiba que era e sempre será amada,
até que nos encontremos novamente.

Soltando minha mão, Araneae caiu de joelhos enquanto


passava os dedos pela pedra gravada. Sem erguer os olhos, ela
falou, sua voz falhando ainda cheia de determinação
exclusivamente dela.
— É surreal ver meu próprio nome.
Mudei de lado, envolvendo um braço à sua volta,
enquanto o sedan entrava no estacionamento.
— Nós devemos ir.
Ela olhou para mim.
— Você acha que poderíamos descobrir quem é e dar-lhe
um enterro apropriado?
Eu balancei minha cabeça enquanto me abaixava.
— Não, o caixão está vazio.
— O quê? — Ela perguntou, ainda de joelhos no chão.
Ofereci-lhe a minha mão e a ajudei a ficar de pé.
— Pelo que entendi, havia um corpo. Rubio e meu pai o
exumaram.
Sua expressão mudou, transformando-se em choque
enquanto se levantava e limpava os joelhos.
— Por quê? Por que eles fariam isso?
Eu balancei minha cabeça.
— Meu pai nunca me disse. Minha mãe mencionou na
semana passada e McFadden confirmou. Mamãe disse que era
para fazer testes de DNA, e Allister disse-lhe que ele tinha
mentido. Ele disse que o bebê era você.
— Não, você disse ...
Estendi a mão para seus ombros.
— Eu disse que você ...— Eu enfatizei a palavra.
— Araneae McCrie está segura. O DNA mitocondrial
aponta isso. Sentada em uma mesa com você e Annabelle, não
só a sua aparência, mas seus trejeitos confirmaram. Você é
Araneae McCrie. Meu pai mentiu. Foi o que ele fez.
— Fico triste em pensar que um bebê morreu e nunca foi
devidamente honrado.
Minha mente não foi para um bebê, mas dezenas, não,
centenas de crianças que nunca foram devidamente honradas:
aqueles que viveram o inferno do grupos Sparrrow e de
McFadden.
Eu peguei a mão de Araneae. Enquanto passávamos
cuidadosamente pelas lápides e sepulturas, abrindo caminho
para o portão de ferro, outro carro entrou no estacionamento.
Encostado no sedan que nos esperava, Patrick olhou para
cima, sua mão se movendo debaixo do paletó, enquanto
observava o carro que estava vindo ao nosso encontro.
Merda.
— Nós precisamos ir. — Eu sussurrei.
Araneae assentiu enquanto nós fechamos o portão e
corremos para o sedan.
A recente adição ao estacionamento era um modelo antigo
Buick, não preto como o nosso sedan, mas um tom de
vermelho mais perto do marrom. Enquanto nos apressávamos
em direção ao sedan, a porta do motorista se abriu e uma
mulher com cerca de cinquenta anos saiu.
— Posso ajudá-los? — Perguntou ela.
Nossos pés pararam por um momento, permanecemos
em silêncio.
— Eu sou Jackie Fellows. — Disse ela.
— Eu sou a ministra sênior aqui. Você está procurando
alguém?
— Não. — Eu respondi.
— Nós estávamos saindo.
Ela deu um passo em nossa direção, olhando mais de
perto para Araneae do que para mim.
— Senhorita, você está bem? Gostaria de falar com
alguém?
— Eu estou bem, obrigada. — Araneae respondeu.
— Você parece triste.
O olhar de Araneae passou de Patrick para mim e de volta
para a ministra.
— Eu vim para ver um túmulo, e agora, estou ... mais
emocionada do que eu esperava.
A mulher deu mais um passo mais perto.
— Eu não tenho reuniões até mais tarde. — Ela
finalmente olhou para mim e forçou um sorriso.
— Por favor, entre na igreja e nós podemos conversar.
Araneae
A mulher começou a caminhar em direção à igreja. Olhei
para cima na expressão de Sterling, sabendo que entrar na
igreja e falar com essa mulher não era o que ele queria.
— Talvez ela possa ajudar. — Eu sussurrei.
— Eu não gosto disso. — Seu tom profundo deixou pouco
espaço para refutação.
Eu soltei sua mão.
— Então fique com Patrick. Eu vou sozinha.
— Claro que não. — Ele rosnou, recuperando minha mão
enquanto passávamos por Patrick e o sedan preto, seguindo
Jackie Fellows, não no porão onde estivemos, mas em uma
entrada que nos leva a uma ala mais ampla e mais moderna.
O gramado externo era verde escuro e, acima do caminho,
folhas recentemente caídas, eram sopradas pela leve brisa. O
ambiente tranquilo era contrário ao dilema dentro da minha
mente.
Depois que a pastora Fellows abriu as portas duplas de
vidro, ela nos pediu para segui-la através de uma entrada larga
e por um corredor. A parede estava revestida com um quadro
de aviso, repletos de anúncios de todos os tipos e bordas com
papéis coloridos, lembrando-me da minha escola primária.
O escritório onde ela parou tinha uma placa de
identificação perto da porta: Pastor Jackie Fellows. A próxima
linha dizia: Ministra Sênior.
Respirei fundo quando entramos em seu pequeno
escritório enquanto ela acendia as luzes e abria as cortinas. A
vista através da janela era para a rua em frente da igreja, não
para o estacionamento ou o cemitério.
— Posso pegar algo para vocês dois beberem? Café ou
água?
— Não, estamos com pressa. — Sterling respondeu.
— Não, obrigada. — Eu corrigi, pegando no braço de
Sterling.
— Como eu disse, isso foi mais emocionante para mim do
que eu planejava.
— Por favor, sente-se ...— Ela apontou para duas
cadeiras em frente a uma mesa simples.
— Minha secretária estará aqui em breve, mas podemos
manter isso em particular, se você preferir. Em primeiro lugar
...— Ela se inclinou para frente em sua cadeira enquanto
Sterling e eu nos sentávamos.
— Como eu disse, eu sou Jackie. E você é?
— Eu-eu sou ...— Eu comecei primeiro.
— Kennedy Hawkins.
— Sra. Hawkins?
— Senhorita. — Eu respondi.
— E meu...
— Kennedy e eu estamos namorando. — Sterling
respondeu.
— Eu sou o namorado dela.
Eu segurei um sorriso, ainda insegura sobre esse título.
Como ele mencionou na noite passada, Sterling Sparrow
definitivamente não era um garoto. Também ficou claro que ele
não iria dizer seu nome.
— Kennedy. — O tom de Jackie era suave, apesar do ato
assustador vindo do homem ao meu lado.
— Você gostaria de conversar sozinha?
— Não. — Eu respondi rapidamente.
— Ele está me ajudando a descobrir alguns segredos de
família. Veja bem eu fui adotada, e agora eu estou tentando
entender esse desconhecido histórico familiar.
Minha resposta quase verdadeira pareceu relaxar um
pouco a pastora.
— Bem, como você provavelmente já sabe. — Ela
começou.
— Esta é uma igreja muito antiga. Nossa capela remonta
a 1851. O que poderia ter em nossa igreja ou em nosso
cemitério que você acredita que está ligado à sua história
familiar?
— Pelas histórias que pude reunir. — Eu respondi.
— No passado, meu pai era próximo de um ministro aqui.
Eu acredito que o nome dele era Kenneth Watkins.
Jackie assentiu.
— Ele foi o ministro sênior aqui por um bom tempo.
Enquanto muitos ministros gostam de se mudar, eu entendo
por que ele esteve aqui por tanto tempo. Eu devo admitir que
presidir esta igreja é uma joia.
— Ele está ... eu posso entrar em contato com ele? —
Perguntei.
— Não, me desculpe. Ele faleceu. Eu sou a ...— Ela
parecia estar pensando.
— Terceira pastora sênior desde o Ministro Watkins.
Deixei escapar um longo suspiro em outro beco sem
saída.
— Kennedy, o que você estava esperando encontrar?
Dei de ombros, olhando da pastora para Sterling e de
volta. Seu olhar escuro estava fixo em mim e sua mandíbula
apertada. Não era segredo que ele estava desconfortável e
queria ir embora.
— Eu realmente não sei. — Respondi honestamente.
— Há uma velha história...
Sterling sentou-se mais alto, cada célula de seu corpo
emitindo sua desaprovação pelo que eu estava dizendo.
Engoli.
— Supostamente, meu pai era próximo do Ministro
Watkins e meu pai deixou algo com o ministro. Eu nem sei o
que seria, mas eu sei que eu devo encontrá-lo.
— Isso é uma história e tanto. Um tesouro escondido?
Um sorriso veio ao meu rosto.
— Eu sei que parece besteira. Está tudo bem. — Comecei
a me levantar.
— Obrigada pelo seu tempo. Nós podemos...
— Kennedy ...
Eu parei.
— Você pode me dar mais alguma informação sobre este
tesouro escondido?
Olhei para Sterling e abri minha mão na direção dele.
— Eu tenho essa chave.
A contragosto, Sterling enfiou a mão no bolso de seu jeans
e tirou a chave pequena, colocando-a na minha mão.
Jackie Fellows suspirou e recostou-se na cadeira.
— Isso é altamente incomum.
— Eu sei. Sinto muito desperdiçar...
— Você pode me dizer qual túmulo você estava visitando?
Eu não queria contar sobre o meu. Em vez disso, minha
mente procurou por nomes que eu li nas lápides. A verdade é
que eu não tinha prestado tanta atenção a qualquer um, exceto
o meu. E então me lembrei de um nome que tinha lido.
— Valentine Shadows. — Eu respondi.
— Eu sei que é um tiro no escuro, mas eu li esse nome
em uma Bíblia da família.
— Os Shadows eram uma família bem estabelecida em
Cambridge antes de seus filhos se mudassem para a cidade
grande. Se precisar de mais ajuda com informações sobre eles,
eu ficaria feliz em ajudá-la.
Levantei-me assim como Sterling.
— Obrigada novamente.
— Kennedy. — A pastora Fellows disse.
— Mais uma coisa. Eu não tenho certeza se isso vai
ajudá-la ou não. No entanto, estando conectado à Shadows ...
bem, eu sempre fui curiosa. O ministro sênior antes de mim
me disse algo. Ele também não sabia o que era. No entanto,
durante anos mantivemos isso.
Meus olhos se arregalaram quando olhei novamente entre
Jackie e Sterling.
— O que?
Ela se levantou e foi até uma grande estante atrás de sua
mesa, uma enchendo a extensão da parede quase até o teto.
As lombadas de muitos dos livros parecia velha enquanto
também havia edições mais recentes. Andando pelo
comprimento do prateleira e de volta, ela murmurou para si
mesma. Ela estendeu a mão, e ficou na ponta dos pés para
pegar algo de uma prateleira mais alta e menos acessível.
— Posso ajudá-la? — Sterling ofereceu.
— Obrigada. É esse...— Ela apontou.
— Com a lombada de couro gasta.
Sterling alcançou acima dela, pegando o livro. Ao fazê-lo
seu pescoço se endireitou.
Ele baixou o livro. Girando-o em suas mãos grandes, ele
revelou uma fechadura onde as páginas deveriam estar.
— Este não é um livro.
O Ministro Fellows pegou-o da mão e virou-se para mim.
— É algo que foi transmitido entre altos ministros por
anos. Houve alguma discussão sobre quebrar a fechadura,
mas parecia que o mistério suplantou a necessidade de
descobrir o seu conteúdo. Kenneth Watkins era um pilar, um
homem altamente considerado nesta comunidade. Espero que,
para a sua memória, se sua chave se encaixar, você respeite a
lealdade dele ao seu pai. Eu ... bem, ninguém quer acreditar
que o pastor Watkins iria estar escondendo qualquer coisa que
traga vergonha ao seu nome ou a esta igreja.
Ela me entregou o cofre.
Meu pulso acelerou quando eu segurei a caixa que
parecia à distância ser uma livro encadernado em couro. Ao
meu alcance, era consideravelmente mais leve que um livro do
seu tamanho deveria ter. Engoli de volta a emoção enquanto
algo chacoalhou dentro.
— Obrigada.
— Você quer ver se sua chave serve? — Ela perguntou.
Minhas mãos estavam mais uma vez tremendo.
— Eu-eu acho ... se você não se importa. Eu gostaria de
fazer isso em particular.
Ela assentiu e contornou a mesa.
— Vou dar a vocês dois um momento. Se a chave
funcionar, é seu. Se não, deixe-o na minha mesa e talvez outro
dia o mistério seja resolvido.
Depois que a porta se fechou, coloquei o cofre na mesa da
ministra e me virei para Sterling. Seu olhar estava sombrio,
mas sua expressão havia mudado de preocupação e irritação,
enquanto eu estava falando com a ministra, para expectativa.
— Porra. — Ele rosnou baixinho.
— Pode ser isso.
Eu me atrapalhei com a chave, finalmente entregando a
ele.
— Por favor abra. Você está comigo. Isso é tudo o que eu
quero. Eu não consigo abrir. Eu não quero olhar se tiver fotos.
— McFadden disse CDs.
Eu estendi minha mão com a chave.
— Por favor, Sterling.
Talvez o homem ao meu lado não fosse o vilão, mas o
Príncipe Encantado, e em vez de um sapatinho que precisava
caber, era uma chave.
Seu peito expandiu e contraiu. Com seu olhar fixo em
mim, assenti novamente.
Pegando a chave da minha mão, ele a inseriu na
fechadura e virou ...
Josey

Dez anos atrás

Byron fechou a porta do nosso quarto, isolando-nos para


longe do mundo, nosso lugar seguro que não era mais seguro.
Renee e uma amiga estavam no fim do corredor em seu
quarto fazendo lição de casa e ouvindo música. Normalmente,
eu pediria para elas abaixarem a música, mas no momento, a
música alta era uma barreira para manter Byron e minha
conversa em particular.
Enquanto o vento de janeiro espalhava neve no ar fora da
nossa casa, o gelo corria em minhas veias. Fui até a janela e
fechei as cortinas, não estava mais confiante em nossa
segurança.
Não eram mais ameaças veladas, mas avisos diretos.
Nossas vozes eram sussurradas, mas urgentes.
— Chegou a hora. Eu sei disso. Temos que nos mudar
agora. — Eu disse.
Os olhos dele se fecharam.
— Eu posso tentar falar com ele.
— Você está morto. Neal estava morto. Você me disse isso
há anos. O que faz você pensar que Allister Sparrow vai falar
com você agora?
Byron pegou meus ombros.
— Nós não vamos deixá-los tê-la, não vamos deixá-la.
Meus olhos se fecharam com a realidade do meu maior
medo, meu maior pesadelo se tornando real.
— No telefone disseram... — Eu engoli de volta a saliva e
a bile borbulhava no meu intestino.
— Que seu pai biológico mentiu. Ele foi encontrado
morto. A história é que ele se enforcou. O homem ao telefone
disse que seu tempo acabou e que era para aguardar
instruções. — Lágrimas derramaram dos meus olhos cinzentos
enquanto eu tentava, sem sucesso, conter o medo e a
frustração.
— Nós fizemos tudo o que ele pediu. Nós cumprimos e
agora ele sabe onde estamos, onde você trabalha, onde ela
estuda. Ele sabe de tudo. Nós obedecemos e, ao fazê-lo,
ficamos em suas mãos.
— Ele não sabe de tudo. — Disse Byron.
— O que você quer dizer?
— Eu lhe disse desde o início que eu estive planejando e
economizando. Poderíamos ... desaparecer.
— Nós três?
Ele assentiu.
Eu soltei um suspiro e sentei na beira da cama.
— Vai ser seguro para ela?
— Eu fiz uma ligação. Ele não vai contar a ninguém. Ele
não trabalha para o grupo. Ele é da Boeing. Ele ganha dinheiro
extra com contratos com o governo e bem, ele sabe coisas,
como fazer as coisas parecerem legítimas. Ele pode ajudar.
Eu balancei minha cabeça.
— Eu estou tão cansada de mentir. Eu quero ir embora.—
Olhei para cima.
— Talvez o estado de Washington ou Montana, algum
lugar remoto, em algum lugar sem crimes.
— Querida, esse lugar não existe.
— Nós temos que sair de Chicago. — Eu implorei.
— Se você acha que nós três podemos entrar em um
carro, avião ou trem e desaparecer no pôr do sol, receio que
você esteja errada.
Eu olhei para o meu marido, realmente vendo o que os
últimos dezesseis anos tinham feito a ele, como eles o
envelheceram. As linhas em seu rosto eram mais profundas.
Suas costas caídas, curvando o que antes era altivo, o
resultado físico de carregar o fardo de nossos enganos.
— Mas você disse que nós três...
— Este homem. — Byron interrompeu.
— Contei a ele algumas de nossas necessidades, não
todas. Ele acha que a melhor chance para Renee é se separar
de nós. Sparrow estará olhando para três, não para um.
Minha respiração ficou presa no meu peito.
— Não. Eu não posso fazer isso. Eu não posso. Ela tem
dezesseis anos. O que vamos fazer, deixá-la? Eu não
poderia...— Me levantei.
— Eu não vou.— Lembrei-me das ameaças veladas das
visitas recorrentes daquele homem, o recenseador e o
espectador na pista de atletismo.
— Byron, você sabe o que vai acontecer com ela se eles a
encontrarem. Você sabe. — Coloquei minha mão na frente de
sua camisa.
— Aqui. Em seu coração, você sabe. Eu morreria antes de
permitir que ela entrasse nessa vida. Se Sparrow está furioso
com seu pai biológico, ele pode querer descontar nela.
O queixo de Byron se contraiu quando seu olhar
desapareceu por um momento atrás dos olhos fechados.
Quando seus olhos se abriram, ele fez uma declaração que eu
nunca esperava.
— Eu tenho que morrer no lugar dela.
Engoli em seco, dando um passo para trás.
— O que? Não. Eu não quero perder nenhum de vocês.
Ele balançou sua cabeça.
— Escute, Josey. Existe um plano. Nós não podemos
viajar todos juntos. Segundo a minha fonte, ele sugeriu fazer
uma ruptura clara. Eu vou morrer, desaparecer primeiro.
— Você vai nos deixar?
— De jeito nenhum. Eu vou em frente e arranjo algo para
nós. Meu contato pode ajudar. Se Sparrow acreditar, talvez
isso o satisfaça, impedindo-o de procurar.
Andei, dando alguns passos como um animal enjaulado.
— E depois?
Byron foi até o armário e empurrou a porta deslizante.
Dentro havia anos e anos de acumulações de uma vida: roupas
que não serviam mais, sapatos que não estavam mais na
moda, bem como caixas de fotos descrevendo nossa família
feliz. Debaixo de uma pilha de caixas de sapato, ele pegou um
envelope pardo, que eu não conseguia lembrar de ter visto
antes.
Ele estendeu na minha direção.
— O que é isso? — Perguntei, não tendo certeza de que
queria saber.
— Nele contém identificações falsas para nós três.
Abrindo a borda do envelope, joguei o conteúdo de dentro
para a colcha da nossa cama. Certidões de nascimento,
passaportes e quatro identidades se tornaram visíveis. Eu
peguei uma com a foto de Renee e depois outra.
— Por que ela tem dois?
— Porque ela tem dezesseis anos. Algumas companhias
aéreas permitirão que ela voe sozinha, mas não todas. Ele disse
que é uma rede de segurança.
Eu li o nome: Kennedy Hawkins. A realidade me atingiu
como um soco no meu estomago, uma perda momentânea de
ar quando o medo fluiu através do meu corpo.
— Eu-eu não posso...— Peguei aquele com a minha foto.
— Por que nossos nomes são diferentes?
Byron pegou minhas mãos e me fez sentar na cama.
— É o melhor para ela e possivelmente a única chance. A
influência de Sparrow é abrangente. Vimos anos atrás, quando
tentei conseguir emprego em outros Estados. Se ele quiser nos
encontrar, ele vai. Temos poucas opções. Separar-nos, deixar
Renee ir, fará com que ela seja menos um alvo. Ele estará
procurando por nós três. Ele sabe o quanto cuidamos dela. Ele
nunca suspeitará que nos separamos.
— Eu-eu...— As palavras eram difíceis de formar.
— Mas eu a amo. Você a ama. — Eu procurei seus olhos.
— Diga-me que você também. Diga-me que nem tudo foi
uma encenação.
— Josey, eu a amo mais do que se ela fosse nossa.
Sempre soubemos que ela não era. Sempre soubemos que isso
poderia acontecer.
— Então, nós ...— Me levantei, eu virei em círculos.
— O que? Colocá-la em um avião e nunca mais a veremos
novamente? Onde ela vai morar? Como ela vai sobreviver? E se
eles a encontrarem?
— Eu disse a você que eu tenho economizado dinheiro.
Eu acumulei o suficiente para mantê-la em uma boa escola
particular até o ensino médio, e se ela escolher uma escola
estadual ou receber bolsas de estudo, irá cobrir a maior parte
de suas aulas e seus anos de graduação. Nós sempre quisemos
que ela fosse para a faculdade. Eu não estou dizendo que é o
ideal. Estou dizendo que esta é a melhor maneira de escondê-
la de Sparrow. Eu pesquisei escolas particulares. Encontrei
uma que se puderem estar convencidos da morte de seus pais,
providências serão tomadas para sua emancipação, e eles vão
permitir que ela fique lá.
Deixei escapar um longo suspiro.
— E nós?
Ele suspirou.
— Dar todo esse dinheiro a ela não vai nos deixar muito,
mas eu acho que tenho uma solução.
Minha cabeça estava latejando. Ele queria mandar Renee
embora. Ele queria dar ela tudo o que economizou, mas ele
achava que tinha uma solução.
— Qual é?
— É por isso que eu preciso ir na frente e conferir. Há
uma comunidade no Maine. — Ele forçou um sorriso.
— Você disse que queria um lugar remoto. Este lugar é
completamente fora da grade. Sem telefone. Sem internet. Sem
telefones celulares. Nada. Eles ajudam pessoas que precisam
de ajuda e todos trabalham juntos para manter a comunidade
autossuficiente. Será um lugar onde podemos desaparecer.
Meus olhos se arregalaram, encarando meu marido como
se ele fosse alguém que eu nunca conheci.
— Você quer ir para onde? Uma comunidade? Uma seita?
E mandar Renee para um internato particular, onde não
poderemos entrar em contato com ela?
— Josey, quero que nós três vivamos para ver o amanhã.
Eu não quero Renee vivendo em uma comunidade. Eu quero
que ela tenha uma vida, que ela tenha uma chance na vida.
Quero acordar ao seu lado pelos próximos trinta anos e não
compartilhar uma cova rasa. Isso é o que eu quero.
Araneae
Depois de agradecer a Ministra Fellows, Sterling e eu
saímos da igreja com o cofre a tiracolo. O mundo parecia um
novo lugar quando nós passamos por outros trabalhadores que
chegavam e o sol do final do verão continuou a queimar o
orvalho da manhã.
Patrick nos encontrou no sedan, seu olhar questionador
penetrando através da escuridão de seus óculos de sol, que
agora usava. Viajamos em completo silêncio até chegarmos ao
aeroporto e embarcarmos no avião. Uma vez a bordo com a
porta fechada, nós três éramos um coro de vozes perguntando
e contando.
— Não existem fotos. — Disse Sterling, sendo até agora o
único a olhar para dentro e ver o conteúdo.
— Existem CDs, mas bem mais do que McFadden disse.
Ele me disse que haveria seis. Eu não tive tempo para contar,
mas eu estimo que haja pelo menos uma dúzia. Há também
alguns disquetes e vários envelopes com documentos. Eu vou
arrumar um tempo para analisar isso de perto.
Eu balancei a cabeça, inclinando-me contra o encosto de
uma cadeira alta sentada à mesa redonda do avião de frente
para Patrick e Sterling.
— Então levamos tudo para McFadden e a vida continua?
— Não. — Os dois homens disseram em uníssono.
— O que? Eu quero que isso acabe.
— E nós também. — Sterling respondeu.
— Mas não estamos entregando informações que não
sabemos no que isso implica.
— Você vai fazer uma cópia, não é? — Perguntei
incisivamente, olhando para os dois homens.
— Você não vai deixar isso morrer.
— Nós vamos levá-lo para Reid e descobrir o conteúdo. —
Disse Patrick em seu tom calmo.
— E então você decide se vai ser compartilhado. —
Acrescentei.
— Vocês três.
— Não, Araneae. — Sterling respondeu.
— A única a tomar essa decisão será você.
— O que?
— É seu. Você pode não querer saber o que ela contém,
mas eu estive pensando em algo que você disse. Você me
perguntou se eu a encontrei, com o intuito de encontrar as
evidências para que eu estivesse no controle de sua divulgação.
Eu assenti, lembrando da conversa.
— Eu fiz. — Disse ele com naturalidade.
Meu peito ficou apertado com a confissão dele.
— E eu estava errado. — Ele continuou.
— Dito isto, encontrar você, Araneae, não foi errado. A
escolha é sua completamente com o que acontece com o que
quer que esteja nesta caixa. Primeiro, deixe Reid descobrir o
que ela contém.
Respirei fundo, olhando nos olhos escuros de Sterling e
de volta aos de Patrick enquanto minha mente rodopiava com
as implicações.
— Diga-me. — Eu declarei.
— Se houver evidências sobre Sparrow, sobre o
envolvimento de seu pai, o que isso significa para você, para
todos vocês? Esse agente do FBI, Wesley Hunter, ele quer
provas contra você. Ele quer que eu testemunhe. Eu não quero
saber o que tem aí. Eu não quero fazer isso.
— De certa forma. — Sterling disse.
— Isso foi o que sua mãe disse sobre não querer saber o
que seu pai fazia ou o que tinha.
— Ela disse que, mesmo se soubesse, ela não poderia ser
obrigada a testemunhar contra ele, porque ele era seu marido.
— Meu batimento cardíaco acelerou enquanto eu olhava para
Sterling.
— Você se lembra dessas palavras?
O avião agora estava alto no céu quando Sterling soltou o
cinto de segurança e veio na minha direção. Sua expressão
ficou subitamente sombria, mais escura do que a minha
pergunta deveria ter incutido. Com um puxão, meu cinto de
segurança se desfez. Eu hesitei quando ele me incentivou a
ficar de pé.
No entanto, quando eu fiquei, ele pegou meu pulso e sem
uma palavra me levou através da cabine principal e de volta
para o quarto.
Uma vez que a porta foi fechada, eu me vi presa contra a
parede, seu corpo sólido no meu e olhar penetrante e sombrio,
de tirar o fôlego.
— Sterling ...
Seus lábios vieram aos meus, exigentes, possessivos e
agressivos.
Seu peito duro pressionado contra o meu, achatando
meus seios enquanto seus braços criavam uma gaiola perto do
meu rosto. Quando finalmente nos separamos, eu olhei para
cima em expectativa, querendo ouvir as palavras.
— Você é minha. — Declarou ele, mas sua expressão não
era de adoração.
— Você tem sido por dezenove anos, porra. Na maior parte
desse tempo você não sabia, não entendia. Eu sabia que você
era minha. Agora eu sei muito mais. — Ele se inclinou para
trás, olhando para baixo sobre minha camiseta e jeans.
— Eu sei de cada maldita curva que você tem escondida
sob as roupas. Eu sei a maneira como seu corpo responde, não
apenas às minhas ações, mas também às minhas palavras e
até mesmo expressões. Porra, eu amo o quão molhada você
fica, o quão duro seus mamilos perfeitos se tornam e a maneira
como você diz o meu nome toda ofegante enquanto você
desmorona.
Meus seios se moveram contra seu peito, lutando por ar
para encher meus pulmões.
— Porra eu sei as palavras que você mencionou. Eu as
conheço porque uma mulher bonita, magnífica, inteligente,
amorosa, e incrível as ensinou para mim. — Seu dedo acariciou
minha bochecha.
— Ela me ensinou mais do que isso. Em pouco tempo, ela
me ensinou que eu era capaz de mais do que poder e violência.
Ela me mostrou que eu posso amar. Essa é a mulher que eu
quero compartilhar meu nome, minha vida, minha cama para
sempre.
Ele deu um passo para trás.
— Sterling?
Sua cabeça balançou.
— Eu não vou usar essas palavras, ainda não. Eu nunca
quero que você pense que eu lhe proporia para ficar fora da
prisão ou para manter o nome da família fora das notícias.
Araneae, você merece muito mais do que isso.
— Mas ... é uma solução.
— Não, luz do sol. É para sempre e quero gastá-lo com
você quando soubermos o que para sempre significa.
Ele se aproximou e deu um beijo casto em meus lábios.
— E se você tirar o meu controle assim de novo na frente
de Patrick ou qualquer um, sua bunda é minha.
Dei um passo mais perto e coloquei minhas mãos em seus
ombros, levantei meus tênis, até ficar na ponta dos pés.
— Sim, Sr. Sparrow.
Ele estendeu a mão enquanto seus dedos se espalhavam
sobre minha bunda.
— Já é minha. Mais uma coisa.
— O que?
— Bloqueio. Todos nós, até que isso seja resolvido. Até
mesmo Sinful Threads.
— O que?
— O escritório de Chicago. Jana pode tirar o resto da
semana de folga. Você pode lidar com os negócios da cobertura.
Pensei em argumentar e dizer a ele que meu negócio
estava fora dos limites de suas regras, mas, novamente, o
prazo de McFadden estava chegando. Hoje era quarta-feira.
O Dia do Trabalho era segunda-feira, em cinco dias.
Eu poderia seguir as regras da Sterling por mais cinco
dias se, quando terminassem, pudesse seguir em frente.
— Quando isso acabar. — Eu disse, repetindo algo que
discutimos antes.
— Você me prometeu mais controle.
Ele se inclinou para frente até nossas testas se tocarem.
— Quando acabar.
Eu sorri.
— Então, eu posso esperar.
Sterling
Eu quero saber o que Reid descobrir, e quando ele
descobrir. — Disse Araneae depois de me entregar o cofre,
enquanto nos acomodamos no banco de trás de um dos meus
SUVs blindados.
Após o quase acidente no outro dia com o SUV e o que
possivelmente descobrimos, não havia precauções que eu não
tomaria. Com Patrick na posição shotgun3 e Garrett dirigindo,
estávamos a caminho do apartamento onde Reid estava nos
esperando, praticamente nos roendo de ansiedade para colocar
as mãos sobre o conteúdo do cofre.
Peguei a mão de Araneae.
— Você quer saber?
O lábio inferior de Araneae desapareceu por um momento
enquanto eu observava seus pensamentos giravam por seus
olhos castanhos.
— Eu quero e não quero.
Minha cabeça balançou enquanto Garrett navegava pelas
ruas de Chicago, nosso veículo parava esporadicamente por
causa dos semáforos e tráfego, enquanto Patrick mantinha
continuamente um olho de águia à nossa volta. Era começo da

3
Posição de quem fica do lado da pessoa que dirige, essa pessoa vai armada em uma posição defensiva.
tarde na Windy City4, como sempre, o tráfego no centro da
cidade estava em seu impasse normal. Respirando, eu olhei
para os edifícios, alguns de seus andares superiores perdidos
no baixo banco de nuvens que recentemente se estabeleceu
sobre a cidade.
Desde nosso retorno, o céu se encheu de pesadas nuvens
cinzentas, a sinalização de uma frente fria vindo em nossa
direção. No calendário, o verão ainda tinha mais algumas
semanas, no entanto, muitos consideravam o feriado do Dia do
Trabalho o fim não oficial. Piscinas em todo a cidade estavam
fechadas. As escolas em todo o país reabriram, reduzindo o
número de famílias visitadas por seus filhos durante as férias
de verão.
Achei irônico que o mesmo prazo tivesse sido dado a nós.
O relógio estava correndo com muito em jogo no conteúdo
desta caixa. Tudo isso, combinado com o céu sombrio nos
deixava no limite. A tensão dentro do carro estava ficando mais
espessa a cada momento.
Olhando para o meu lado, Araneae estava olhando pela
janela. O seu olhar nublado, como se ela não estivesse vendo
os arranha-céus e as condições nubladas. Se eu pudesse
adivinhar, sua mente ainda estava de volta a Cambridge, na
igreja onde seus pais haviam se casado e o cemitério onde ela
estava supostamente enterrada.
Não era segredo que eu queria que deixássemos a igreja e
não estava satisfeito com sua decisão de conversar com a nova
ministra. A cada passo em direção à igreja e enquanto estava

4
Como também Chicago é conhecida, cidade dos ventos.
naquele escritório, meus pensamentos estavam em qual seria
a melhor forma de informar Araneae que eu desaprovava,
reconhecidamente, a maioria das minhas explicações incluíam
avermelhar sua bunda redonda e sexy. E depois...
Eu quase não pude acreditar nos meus ouvidos quando
a Pastora Fellows mencionou algo transmitido desde Watkins
ou possivelmente antes.
Agora, observando Araneae com aquele olhar distante, eu
queria tranquilizá-la de que encontraríamos nosso caminho,
que ela estava segura, e talvez até mesmo um dia pudéssemos
provar ao mundo que ela era a verdadeira Araneae McCrie.
Claro, notei que ela se apresentava como Kennedy
Hawkins.
Estendi a mão e segurei a dela.
— Você quer e não quer saber. — Eu disse, repetindo o
que ela havia acabado de me dizer.
Sua cabeça balançou como se suas emoções estivessem
começando a dominar nossa descoberta.
— Eu já disse o que eu acho que isso contém. — Eu disse
honestamente. Apertei sua mão.
— Eu fui sincero com você. Eu sabia que seria muita
informação de uma só vez, por isso levou tempo. Ainda assim,
você sabe mais do que eu gostaria. Não porque minha família
está envolvida, mas porque eu faria qualquer coisa para que
você pudesse viver sua vida inteira e nunca descobrisse que
essa feiura existe.
Patrick falou, redirecionando nossa atenção.
— Sparrow. Araneae.
Ambos os nossos olhares foram para o banco da frente.
— Falei com Jana. — Disse Patrick.
— Antes de desembarcarmos do avião. Ela acabou de me
enviar uma nova mensagem de texto. O escritório de Chicago
da Sinful Threads está trancado e seguro. Ela está voltando
para casa e está disponível para fazer o que puder para você
de lá.
— Ela está segura? — Perguntou Araneae.
Eu balancei a cabeça na direção de Patrick,
silenciosamente dizendo para ele enviar uma equipe de
Sparrows ao seu bairro e vigiá-la. Neste momento, eu não tinha
certeza de nada.
— Enviaremos olhos extra para vigiá-la. — Respondeu
Patrick.
— E seu filho e o marido. — Acrescentou Araneae.
Com um dedo da minha mão livre, virei o rosto bonito de
Araneae de volta para mim, passando a ponta do dedo sobre
sua bochecha. Inclinei-me mais perto, inalando o doce aroma
de sua loção e perfume.
— Isso ... isso ...— Eu comecei.
— É o que eu não queria. Não quero que você se preocupe
com a sua segurança e a de seus amigos.
— Eu não estou preocupado com a minha.
Eu amava sua confiança.
— Às vezes, eu gostaria de poder mantê-la em Ontário ou
em um iate, mantê-la afastada da escuridão.
— Sabe. — Ela respondeu com um sorriso.
— Acho que você vê o mundo de forma diferente do que
eu vejo.
Eu esperava que sim.

— Você vê de uma maneira. — Ela continuou.


— Mas, sério, Sterling, é multidimensional. Existe o ruim.
Existe o mau. Muito provavelmente, dentro dessa caixa vamos
encontrar provas disso. Você viveu com este conhecimento a
maior parte de sua vida. Você me deu um vislumbre disso,
porque preciso perceber que existe ...— Seus lábios voltaram
para cima.
— Para a minha segurança.
— Você finalmente está entendendo.
— No entanto. — Continuou ela.
— O que você parece não ver é que o mundo que você
descreve é um subconjunto de um lugar maior e muito mais
bonito. Quando eu olho para você, eu não vejo apenas
escuridão. Eu vejo um homem que está fazendo o seu melhor
para me ensinar sobre o mundo em que nasci e ao mesmo
tempo me proteger de sua feiura. E eu amo você por isso.
Então, voltando para a caixa. — Os seus ombros se
endireitaram.
— Eu quero saber o que ele contém. Eu quero uma
promessa sua de que vocês três vão me contar tudo, não
necessariamente em detalhes, mas não me proteja por minha
segurança, minha ingenuidade, ou qualquer outra coisa. Se
você pode me fazer essa promessa, eu não preciso estar lá
quando for descoberto.
Surpreendeu-me que ela pudesse me ver do jeito que ela
faz, que ela poderia me ver como mais do que um homem que
tomava decisões que afetavam a vida de outras pessoas, que
usava seu dinheiro e influência para buscar mais, e quem
mataria por ela.
— Eu quero protegê-la
— Eu sei. — Ela respondeu.
— Eu prometo que você vai saber de tudo.
— E você estará comigo quando isso acontecer?
— Sim.
O carro virou, passando pelo portão elevado antes de
descer nos túneis de nossa garagem. Enquanto isso, soltei um
longo suspiro, grata por estar dentro de nossa local seguro.
— Estamos todos aqui. — Eu disse.
Patrick voltou para mim.
— Menos Lorna.
Foi um soco no meu estômago.
— O que? Onde ela está? Estamos bloqueados.
— Ela foi às compras esta manhã antes de ter sido
avisada. Reid ligou e falou com ela. Ela disse que estaria em
casa, mas não voltou. Ele está tentando encontrá-la nos
últimos noventa minutos.
— Envie Sparrows. — Eu disse.
— E o rastreador no seu telefone?
— Os Sparrows já foram enviados. O rastreador indica
que ela está no South Loop Market.
— Ela tinha motorista? — Perguntei, minha mente cheia
de cenários.
— Não, ela pegou um dos carros da garagem.
— Acompanhe isso também.
— Reid está fazendo isso.
Quando Garrett estacionou perto do elevador dentro da
garagem, Patrick, Araneae, e eu saímos do carro. Inclinei-me
na janela de Garrett.
— Vá para uma vaga, e nós vamos informá-lo o que fazer
depois.
— Espere. — Disse Patrick, olhando para o seu telefone.
— O que foi? — Perguntei.
— Eles encontraram o carro que ela dirigia. Todos os
quatro pneus foram cortados. Quando o encontraram, um
caminhão de reboque já estava lá.
— Inferno. — Eu rosnei.
Patrick continuou passando o dedo na tela.
— Lorna acabou de dar um sinal no rastreador de
reforço.— Ele olhou para mim.
— O mercado não está longe daqui. Tenho certeza de que
Reid quer sair para procurar por ela, mas acho que seria
melhor se Garrett e eu fôssemos.
Os olhos de Araneae estavam vidrados enquanto sua mão
que agora tremia segurando com força no meu braço.
— Porra. — Eu disse com uma inclinação de cabeça.
— Se for ela ...
— Não é. — Assegurou Patrick.
— Lorna sabe. Ela não ligou para Reid de volta por uma
razão. Em vez disso, ela usou o rastreador em sua bolsa para
dar o sinal. Nós a encontraremos. Ela está evitando alguém ou
alguéns. Sparrow, vamos buscá-la. Vá até Reid. Diga a ele que
não voltaremos sem ela.
Eu inalei, querendo ir com Patrick consciente também
que a minha presença só iria complicar as coisas ainda mais.
Com um aceno rápido, eu disse.
— Vá. Traga-a de volta e se você descobrir quem está
atrás dela... — Eu não precisava terminar a frase.
Patrick assentiu quando ele abriu a porta e entrou no
carro com Garrett.
Colocando minha mão sobre a de Araneae, fiz o possível
para confortá-la, para apagar um pouco da preocupação em
sua expressão.
— Distração. É disso que se trata. McFadden tentou
encontrar essa informação por dez anos. Ele nos deu um prazo.
Agora ele está tentando nos distrair para que possa cumprir
sua ameaça.
— O que você quis dizer sobre o rastreador na bolsa dela?
— Ela perguntou.
Eu inspirei, tocando o sensor ao lado do elevador
enquanto a tela se iluminava.
— Eu tenho um rastreador comigo além do que está no
meu telefone? — Ela perguntou.
Eu não poderia mentir para ela.
— Eles estão costurados em todas as suas bolsas e
carteiras, bem como na sua mochila.
— Lorna sabia sobre isso e foi capaz de usá-lo para pedir
ajuda?
Eu concordei quando as portas do elevador se abriram.
Nós dois entramos.
— Sterling, uma vez que ela esteja segura, eu quero saber
tudo sobre isso. Eu entendo que você não quer me preocupar,
mas e se eu precisasse entrar em contato com você ou com
Reid e não pudesse usar o meu telefone? Se você me deu um
meio, eu deveria saber usar isso.
Eu estava determinado a não deixar isso acontecer.
Araneae McCrie não iria sair sozinha por aí. Ela não precisaria
ser localizada por Patrick ou por mim. Um de nós estaria
presente. Em vez de dizer tudo isso, perguntei.
— Você não está chateada porque existem os rastreadores
adicionais?
O elevador estava se movendo para cima, para o P.
— Suponho que deveria estar chateada. Caramba, eu não
sei o que devo pensar. Eu sei que manter todos nós a salvo é a
sua prioridade. Eu acho que também quero estar segura. Eu
quero todo mundo seguro. Se isso significa aprender sobre
espionagem com você e Reid, então eu quero saber como usá-
lo.
As portas do elevador se abriram no P para o nosso
tranquilo apartamento. De acordo com o aplicativo de
segurança no meu celular o elevador não tinha sido usado para
este andar desde que Lorna saiu, algum tempo depois que
saímos está manhã. Se eu não tivesse essa confirmação, eu
não seria capaz de beijar Araneae e voltar para o elevador.
— Espere. — Disse ela.
— Você vai me deixar trancada sozinha?
— Eu preciso levar isso para Reid. — Eu levantei a caixa
que estava segurando.
— Sterling?
Segurei a porta aberta com a mão livre.
— Luz do sol, eu nunca disse que isso seria fácil, mas
você é forte. Você consegue. Ligue para Jana. Não lhe diga
nada sobre a evidência. Converse com ela sobre o que você fará
no escritório. Você pode usar nosso escritório aqui no
apartamento. — Eu nunca o havia chamado assim antes, mas
gostei da maneira que soou. Eu gostava de compartilhar tudo
o que tinha com Araneae.
— Seu laptop ainda está lá em cima. Volto assim que
puder. Se precisar de mim, me ligue, e assim que eu souber de
algo sobre a Lorna, eu aviso você.
Seus seios se moveram mais alto quando seus lábios
formaram uma linha reta. Finalmente, ela concordou.
— Vá, faça tudo isso acabar.
Um sorriso triste flutuou no meu rosto.
— Isso com McFadden vai acabar, mas a vida vai
continuar com o nosso para sempre. — As portas começaram
a fechar quando a mão de Araneae se colocou entre elas,
fazendo com que se abrissem novamente.
— O que foi?
— Eu queria lhe dizer que amo você e por favor, fique em
segurança. — Ela deu um passo para trás e sorriu quando as
portas se fecharam novamente antes que eu pudesse dizer-lhe
o mesmo.
Droga, ela era incrível.
Puxando meu telefone do bolso enquanto o elevador
descia para o dois, digitei uma mensagem de texto rápida.

— Você me impressiona. Eu também amo você.


Araneae
A mensagem de texto do Sterling me fez sorrir enquanto
eu caminhava pelo apartamento vazio. Uma vez no nosso
quarto, eu estava momentaneamente hipnotizada pela visão do
lado de fora das janelas altas. Durante o mês passado, eu tinha
visto o céu azul brilhante, aspersões de nuvens e pores de sol
espantosos brilhando em tons de vermelho, roxos e laranjas.
Essa visão era diferente, de uma maneira estranha. Dei um
passo para mais perto do vidro.
Além das vidraças não havia nada.
Nada era uma má escolha de palavra.
Aproximei-me, colocando minhas mãos no vidro frio.
Inclinando-me para a frente, eu espiei para fora e depois para
baixo. A vista além da janela estava cheia de um redemoinho
branco e cinza, uma névoa suspensa, não caindo como chuva
ou subindo como vapor.
Exceto pela agitação, a umidade estava estagnada,
cercando nosso edifício em uma nova capa de invisibilidade.
Dando um passo para trás, fiquei mais alta. Recusando-
me a permitir que meus pensamentos fossem negativos,
escolhi ver a nebulosidade como o pensamento que acabara de
flutuar através da minha mente. Talvez em vez de melancolia,
fizesse parte da proteção infravermelha de Sterling.
Era assim que eu veria.
À medida que a tarde avançava, tentei fazer o que Sterling
sugeriu e manter minhas mente em Sinful Threads. Houve
outro problema não apenas com o armazém aqui em Chicago,
mas em Atlanta também. O meu lado analítico queria sentar e
correr os números, mas minha mente estava novamente em
um das minhas amigas, uma que poderia estar em perigo por
minha causa. Em vez de ir ao escritório de Sterling ou ficar em
nosso quarto, coloquei meu laptop na mesa de café da manhã
e fiz eu mesma um sanduíche.
Em quase quatro horas e meia, o meu telefone finalmente
tocou com o nome que eu estava querendo. Sterling estava na
tela.
— Olá? — Eu respondi.
— Patrick está com Lorna; eles estão a caminho de casa.
Deixei escapar um longo suspiro enquanto eu me
encostei no banco.
— Ela está bem?
Ele riu.
— Ela está bem, considerando que ela conseguiu
encurralar as duas pessoas que ela pensava que a estavam
seguindo. Eles não tinham ideia com quem estavam lidando.
Enquanto eles a seguiam até onde ela sabia que seriam
encurralados, ela enviou mensagens através de sua bolsa para
Patrick. Agora, ela está voltando para casa e digamos que os
dois suspeitos estão sendo levados para interrogatório.
— Para a polícia? — Eu perguntei, imediatamente
sabendo que não era o caso.
— Claro, luz do sol. Algo parecido.
— Eu não me importo, desde que Lorna esteja segura.
Isso era verdade?
Eu teria ficado tão acostumada a esta vida, o lado mais
sombrio de Sparrow, que eu poderia aceitá-la?
Deixando isso de lado, eu perguntei.
— Reid teve a chance de pensar sobre a caixa?
— Um pouco. Agora ele poderá dedicar mais tempo a isso.
— Obrigada, Sterling, por me informar sobre Lorna.
— Eu prometi.
Meu sorriso aumentou mais.
— Sim, você prometeu.
Desligando a nossa ligação, dei uma nova olhada pela
cozinha. As nuvens e a neblina estavam começando a perder
sua densidade. Embora a vista fosse principalmente branca,
parecia mais brilhante. Talvez a iluminação não tivesse
realmente mudado; a claridade foi provocada pelo
conhecimento de que Lorna estava a salvo.
O motivo não era tão importante quanto o fato de me
sentir mais leve.
O mundo estava mais brilhante.
Uma vez que eu achava que telefonar para entrega de
comida não era uma opção, com o meu novo sentimento de
segurança, eu decidi que era a minha chance de cozinhar para
todos. Depois do que tinha acontecido com Lorna, deveria ser
a sua vez de tomar um longo banho e relaxar. Antes que eu
começasse a minha busca na despensa, freezers, e geladeira,
eu mandei uma mensagem para Jana, Winnie, e Louisa
dizendo que eu estaria fora esta noite e estaria de volta na parte
da manhã.
Com música suave, eu me servi de um copo de vinho e
comecei minha busca por ingredientes. À medida que o líquido
doce cobria minhas papilas gustativas, eu tive uma ideia.
Eu estava mais uma vez sob bloqueio nesta gaiola
dourada, e, no entanto, no momento, eu não me importava.
O que tinha acontecido comigo ao longo das últimas
semanas, no último mês?
Eu não tinha certeza que eu sabia.
Se antes de conhecer Sterling Sparrow alguém me
dissesse que eu estaria ouvindo música, bebendo vinho,
lavando batatas, picando e refogando legumes e preparando
salmão para cinco pessoas, enquanto estava contente em um
apartamento de cobertura em Chicago, eu teria dito a eles que
eles eram certamente loucos.
No entanto, aqui estava eu.
Talvez eu que esteja oficialmente louca.
Enquanto eu colocava batatas vermelhas no forno, a
tampa do biombo do corredor chamou minha atenção.
Limpando as mãos na calça jeans, arrumando o avental
bonito, eu corri em direção ao elevador. Quando cheguei ao
corredor, Sterling estava saindo do elevador.
— Onde está Lorna? — Eu perguntei, decepção palpável
na minha voz.
Ele estendeu a mão para os meus ombros.
— Ela está no seu apartamento.
Minha expressão caiu.
— Eu-eu pensei em vê-la.
Ele me puxou para mais perto.
— Ela fez muito bem hoje. Isso não significa que ela não
esteja abalada. Reid está com ela.
Eu balancei a cabeça, olhando para o seu olhar.
— Eu fiz o jantar para todos. Posso ... ou Patrick pode
levar um pouco para eles?
Inclinando-se, ele beijou minha testa.
— Isso foi legal. Sim, eu vou avisá-los disso.
Enquanto suas mãos caiam na minha cintura, eu olhei
para cima.
— O que há de errado? O que você não está me dizendo?
— Sobre Lorna, nada demais. Ela está abalada. Ela
segurou bem, mas depois que estava com Patrick e a salvo, ela
desmoronou. Isso não é como ela. Ela já passou o suficiente
para que ela não seja facilmente abalada. Eu pediria para Reid
se concentrar nos CDs e disquetes, mas agora... — Suas
palavras se apagaram.
— Não, você está certo. Ele deve estar com Lorna. Ele
encontrou alguma coisa antes?
— Eles estão criptografados.
— Isso vai impedi-lo?
— Não, isso não vai impedi-lo. Isso o desacelerou, assim
como a situação com a Lorna.
Suspirei, encostando no peito de Sterling enquanto seus
braços fortes me cercavam, trazendo-me o conforto de seu
aroma picante, juntamente com o trovão de seu coração
debaixo do meu ouvido.
Eu olhei para a mandíbula apertada.
— Hoje é quarta-feira e já está quase acabando. Isso dá-
nos cinco dias.
— Reid vai tratar dos CDs antes disso.
Eu gostava da confiança de Sterling.
— Eu ainda preciso colocar o salmão no forno. Você vai
ficar comigo ou voltar lá embaixo?
— Patrick e eu somos bons no que Reid faz, mas há uma
chance de que, se mexer com os CDs, possa estragar os dados.
— Suas grandes mãos acariciavam minhas costas enquanto
ele falava.
— Eu tenho uma ligação que preciso fazer, mas se você
me der um minuto em meu escritório, nosso escritório.— Ele
corrigiu.
— Sozinho, eu prefiro ficar aqui com você.
Meu sorriso cansado cresceu.
— Eu gostaria disso. — Eu subi e beijei sua bochecha.
— Eu vou encher uma taça de vinho, não minhas coisas
doces, e você pode me encontrar na cozinha.
— Luz do sol, depois de hoje, eu acho que eu quero algo
mais forte. Eu tenho no escritório. — Depois de mais um beijo
na minha testa, ele continuou.
— Eu sairei assim puder.
Por um momento, fiquei de pé e observei Sterling
caminhar em direção ao seu escritório. Ele ainda estava
vestindo as roupas de nossa viagem a Cambridge, suas longas
pernas cobertas de jeans. Em seu torso tonificado e braços
fortes, estava a camiseta justa que ele usou o dia todo. Seus
passos eram determinados, seus ombros largos e retos. Não
importava o que estivesse acontecendo, ele ainda era Sterling
Sparrow, o governante de Chicago. Com esse título vinha o
peso das preocupações não só desta cidade, mas de nossos
amigos, e ainda havia algo poderoso e real em sua presença.
Ao mesmo tempo, senti uma fenda em sua armadura, algo que
nunca teria visto se não me fosse concedido o privilégio de
conhecer o homem por trás da máscara.
Esse instinto me fez querer ir até ele e confortá-lo de uma
maneira que só nós poderíamos confortar um ao outro.
Comecei a segui-lo pelo corredor quando a porta do escritório
se fechou atrás dele.
Você está sendo boba. — Eu disse a mim mesma.
Ele estava apenas preocupado com Lorna.
Concordando com o meu próprio raciocínio, eu mudei de
direção e fui em direção à cozinha, com a tarefa de acabar a
nossa refeição.
Sterling
A ligação estava concluída. Carlos do cartel em Denver
queria falar diretamente comigo. Ele enviou uma equipe de
reconhecimento para o Sul de Chicago, bem como algumas das
melhores áreas dentro da cidade propriamente dita, para a
venda de heroína. Seus batedores alegaram que havia outro
negócio na cidade, que eu não divulguei. Minha mente era um
borrão total, mas enviei as informações para alguns capos e
prometi voltar para Carlos com mais informações,
assegurando-lhe que nosso acordo estava seguro e logo ele
teria uma valiosa rede de heroína aqui em Chicago.
Eu olhei em volta do meu escritório em casa, sem ver
nada, pensando no cofre. Eu fui honesto com Araneae,
completamente honesto com tudo que eu disse. Os dados nos
CDs foram criptografados e Reid estava tendo dificuldades com
os formatos antigos. Se eles tivessem sido criados mais
recentemente, ele teria informações imediatamente. Parecia
que deveria ser o oposto, os mais novos deveriam ser mais
difíceis, mas não eram. Os programas obsoletos, que McCrie
tinha usado, não eram mais compatíveis com a tecnologia de
hoje.
Raios, a tecnologia de Reid não era de hoje. Era de
amanhã.
Obter as informações deles era como tentar ler hieróglifos
egípcios com um iPad. Esse podia ser um mau exemplo, pois
provavelmente havia um aplicativo para isso. A questão era
que Reid estava tendo dificuldade em trabalhar com os dados
antigos com a nova tecnologia.
Ainda não testamos os disquetes para ver o que eles
continham. Isso era uma nível mais baixo de tecnologia.
As informações sobre as quais eu não conversei com
Araneae, o conteúdo omitido do cofre, eram os documentos nos
envelopes. Eles continham contas e transferências,
informações para contas no exterior criadas com empresas de
fachada, bem como certificados de ações em nome de McCrie
com seus beneficiários nomeados como primeiro seu filho ou
filhos. No caso de nenhum filho, os ativos das ações seriam
legados a sua esposa, Annabelle Landers.
A tecnologia era a especialidade de Reid.
As finanças eram o meu repertório e do Patrick.
Enquanto ele estava resgatando Lorna, fui eu quem
descobriu os detalhes nos investimentos de Daniel McCrie.
Em vários momentos antes de Araneae nascer, Daniel
McCrie investiu mais de US $ 250.000 em ações da Apple e US
$ 300.000 em Walmart, a estranha combinação ainda assim
bem sucedida. As ações amadureceram, se dividiram,
cresceram, multiplicaram-se exponencialmente,
permanecendo intocadas por mais de vinte e cinco anos. Se
Araneae fosse capaz de provar que ela era filha de Daniel
McCrie, apenas no investimento em ações, a devida diligência
e o conhecimento financeiro renderiam a ela mais de cinco
bilhões de dólares em riqueza.
Esse valor não inclui o dinheiro que ele também escondeu
nas contas offshore. Esses investimentos podem ser mais
difíceis de acessar; no entanto, naquelas contas de lá também
eram certamente uma fortuna.
Eu me vi dividido entre ser feliz por ela e a realidade que
uma vez que ela soubesse de sua riqueza, ela não precisaria
mais de mim, para sua segurança. Embora ela fosse para
sempre minha, Araneae poderia contratar sua própria equipe
de segurança. Ela poderia construir sua própria fortaleza
segura. Ela poderia contratar investidores para transformar a
riqueza recém-descoberta em trilhões.
Ela poderia escolher me deixar e continuar com sua vida.
Não importava o que ela decidisse; Araneae estaria
sempre sob a proteção dos Sparrows. Eu fiz essa declaração e
a honraria, para um homem a palavra é sua ferramenta mais
valiosa ou sua arma mais respeitada. Mesmo se ela escolhesse
seguir seu próprio caminho, eu manteria minha palavra.
A ideia de perdê-la rasgou minha alma, me preparando
para uma perda que eu não estava confiante de que eu pudesse
sobreviver.
Desde o momento da minha descoberta, minha mente
estava cambaleando com o que aquele dinheiro poderia fazer
por ela, bem como pelo seu investimento e de Louisa na Sinful
Threads. Seus lucros agora eram decentes, mas nada como
esse tipo de riqueza para proporcionar expansão e exposição.
A realidade do meu achado roeu meu íntimo, lembrando-
me do aviso da minha mãe. Genevieve Sparrow me disse para
não encontrar Araneae, para deixar os mortos como eles
estavam. Ela me avisou que isso traria danos a mais do que
meus objetivo, Rubio McFadden. Isso destruiria nosso mundo.
Com o seu aviso correndo pela minha consciência, fui até
a cômoda alta, abri uma porta do armário e encontrei uma
jarra de cristal de uísque, Charbay Release III. Colocando dois
dedos no copo, ouvi a voz de minha mãe, tocando como um
sino na minha cabeça.
Ela estava certa
Maldito Rei de Chicago.
Eu poderia tirar a vida de um homem e não piscar um
olho. Eu poderia tirar dinheiro de uma empresa ou expulsá-los
de sua propriedade. Eu poderia parar pequenos traficantes e
abrir minhas ruas para um cartel de Denver. Os políticos
vinham me pedir apoio. Eu os subornava e eles me
subornavam. Meu reino tinha tudo que eu precisava ter, mas
eu queria mais.
Eu queria vingança.
Por anos, eu tinha antecipado que Araneae me levaria à
evidência. Eu tinha me preparado para o que esta descoberta
iria trazer, como liberá-la para a imprensa e, em seguida, eu
assistiria McFadden cair de seu maldito pedestal.
Eu cobiçava a mulher que era minha por quase duas
décadas.
Eu planejava reivindicá-la, levá-la e fazê-la minha. Meu
maldito plano perfeito. A única aniquilação seria a destruição
que eu controlava, McFadden.
E então meu plano mudou.
Levantando o copo de cristal, tomei um gole grande,
derrubando os dois dedos de uísque.
Derramando-me outro, continuei minha linha de
pensamento.
Araneae seria minha aquisição, possessão, a rainha
nascida neste mundo para caber no meu braço. Ela deveria
estar à minha disposição para os meus desejos e sentar-se em
um prateleira quando eu estivesse ocupado.
Aquele maldito arranjo foi esquecido no momento em que
eu vi seus olhos de chocolate, na noite em que prendi seu corpo
contra a parede do escritório naquele centro de distribuição
escuro. O fusível estava aceso, a explosão iminente, no
entanto, eu estava encantado demais para perceber.
Um maldito rei de Chicago.
Araneae McCrie não era minha posse ou aquisição.
Sim, eu a reivindiquei.
Isso não importa.
Em todos os sentidos, porra, Araneae McCrie me teve,
tudo de mim, incluindo um coração que eu não sabia que
possuía. Eu mesmo prometi seguir com seus planos com a
evidência, deixá-la decidir. Eu disse isso. Eu mantenho minha
palavra. Eu não iria voltar atrás.
A realidade era que se a evidência estivesse lá e ela
escolhesse, Araneae poderia assistir tanto McFadden como
Sparrow caírem. Ela poderia fazer isso e ir embora mais rica
do que ela jamais imaginou.
Eu fiz isso, através da minha persistência, dei a ela essa
capacidade.
Com a isca pendurada por anos na minha frente, eu caí
na armadilha do meu pai, fui enlaçado e agora estava prestes
a cair, afundando nas profundezas do meu próprio plano.
O plano de Allister de me matar na guerra não funcionou.
O plano dele para com o submundo Sparrow não teve sucesso.
Suas palavras agonizantes foram para me dizer que ele
não havia terminado, havia um plano em movimento.

Seis anos atrás

— Você não pode me matar. — Disse Allister Sparrow,


com as costas retas e os ombros quadrado.
— Eu sou seu pai.
— Este círculo que você criou tem que acabar. Eu avisei
para fechá-lo ou eu o faria. — Minhas palavras eram fortes e
minha mandíbula apertada, embora o meu sangue estivesse
circulando a uma velocidade incalculável, ameaçando os meus
nervos enquanto a antecipação dentro de mim crescia.
— Você não tem ideia do que está falando. É maior do que
você. Você não pode pará-lo.
Eu finalmente estava aqui. Cheguei no dia que imaginei
desde que era adolescente.
O vento de Chicago soprava a nossa volta, destacando
nossas posições precárias.
— Você ainda é um garoto.— Ele zombou.
— Você acha que meus homens irão segui-lo? Você está
mentindo para si mesmo. Sparrow é composto dos meus
homens, aqueles que escolhi. Eles vão se revoltar se algo
acontecer comigo. — Seu olhar sombrio se estreitou.
— Agora, afaste-se garoto, e pare de jogar jogos de
homens.
Ele cometeu o erro de me encontrar em um canteiro de
obras sob a supervisão da Sparrow Enterprises. Uma chuva
torrencial deixou o concreto fresco brilhante e a estrutura do
esqueleto do arranha-céu escorregadio.
A mensagem, transmitida pessoalmente, não por meio da
tecnologia, havia pedido que ele se reunisse três andares
acima. Havia uma preocupação com os rebites, um alarme
sobre o uso de suprimentos inferiores, alguém roubando da
Sparrow. Ele não resistiu a uma chance para me dizer que
estava exagerando, que não sabia do que estava falando. Eu
contava com sua atitude superior, sabendo que seria sua
queda.
Allister era mais velho e ele diria mais sábio, mas com a
juventude, eu tinha a força do meu lado. Havia mais do que
isso, eu possuía um ódio cujo DNA eu herdei, um ódio que
havia sido suprimido por muito tempo. Enquanto eu olhava
para seus olhos mortos, lembrei-me das fotos em seu
computador e dos abusos que ele infligiu. Eu ouvi seu riso
diante das dificuldades daqueles que não podiam se defender.
Eu lembrei das lágrimas da minha mãe. Vinte e seis anos de
memórias inundaram minha mente.
Quando criança, eu sofri sob a sua mão e suas palavras.
Eu nunca fui uma vítima.
Eu fui paciente.
Com o passar dos anos, eu estava confiante de que minha
vingança viria e quando viesse, seria doce.
Chegara a hora. Allister Sparrow anunciou recentemente
a possibilidade de concorrer a prefeito de Chicago. Com as
conexões de minha mãe e seu status de vereadora no Conselho
da Cidade e o sucesso comercial de meu pai, a palavra na rua
era que ele seria o vencedor.
Allister Sparrow não queria o cargo para ajudar a cidade.
Ele queria o cargo porque McFadden estava na política e ele
não suportava a ideia de Rubio ter a vantagem em qualquer
coisa. Quando McFadden era apenas um senador de Illinois,
Allister não se importava. Agora que Rubio McFadden era
senador dos EUA, meu pai queria um pedaço da torta. Como
prefeito, ele poderia aumentar o grupo Sparrow e esconder os
negócios ilegais.
Allister se afastou de mim, porra, virou as costas para
mim, e começou a caminhar em direção ao elevador de
construção que montamos até essa altura.
— Pai. — Minha única palavra fez com que ele voltasse
para mim.
Queria que ele testemunhasse sua própria morte,
observasse sua chegada.
Eu não mataria um homem pelas costas.
Allister Sparrow não seria morto por trás.
O queixo de meu pai se projetou para a frente enquanto
esperava presunçosamente minha próxima palavra, seu
casaco de lã comprido ao vento. Em vez de ser intimidado por
sua posição, eu segui em frente. Defensivamente, ele deu um
passo para trás, deslizando os pés enquanto balançava na viga
de aço quase quinze metros acima do solo. Alto o suficiente
para quebrar um crânio após o impacto, mas não alto o
suficiente neste espaço fechado para chamar a atenção de
alguém.
Com o manto do anoitecer e a ajuda do meu homem para
redirecionar a iluminação de segurança, nós dois Sparrows
éramos pássaros invisíveis para o resto de Chicago.
Na minha imaginação, eu tinha sido o único a espremer
a vida fora do meu pai, trazê-lo de joelhos, e ouvi-lo finalmente
reconhecer que eu era capaz de não só gerenciar a Sparrow,
mas fazê-lo melhor. Se o tempo prevalecesse, imaginei-o
desculpando-se pelas coisas que ele tinha feito, para a minha
mãe, o seu abuso, bem como as suas amantes. Para as
crianças nos círculos...
Algumas fantasias nunca foram feitas para acontecer.
Enquanto uma rajada de vento soprava ao nosso redor,
seu casaco comprido se tornou uma vela.
O sapato de sola dura de Allister deslizou para trás uma
fração de segundo antes de ambos os pés saírem da viga. Com
um grunhido, ele estendeu a mão. Seus longos dedos
agarraram a viga molhada, suspendendo seu corpo no ar.
— Sterling, me ajude.
Era a cena de O Rei Leão e eu era o Scar.
Ajoelhei-me e olhei em seus olhos escuros e mortos.

Meu pai era muito velho e fraco para levantar-se. Alívio


inundou sua expressão quando eu peguei sua mão. Ao
contrário do irmão leão da ficção, eu não ergui os dedos de
Allister da viga horizontal. Em vez disso, eu peguei o que era
meu, utilizando um alicate afiado que eu trouxe para a ocasião.
O osso velho no quarto dedo da mão direita se partiu
facilmente sob o meu alcance com não muita pressão do
alicate, seu corte quase inaudível sobre o fluxo de sangue
através de minhas orelhas.
Seu grito ecoou pelo céu à noite antes de ele rosnar suas
palavras finais.
— Eu não terminei, Sterling. Eu vencerei do túmulo.
Marque minhas palavras.
— Do inferno, pai. Do inferno.
Quando meu pai caiu no concreto brilhante abaixo, tirei
o anel de família de ouro de seu dedo sangrento antes de
envolver o que restava de seu dedo em um plástico e colocá-lo
no bolso até que eu pudesse descartá-lo adequadamente.
Algumas horas depois, dois membros do departamento de
polícia de Chicago me encontraram em meu escritório na
Sparrow Enterprises para entregar as tristes notícias. Eu
normalmente não trabalhava no escritório até tão tarde; no
entanto, como expliquei, eu estava esperando meu pai.
Ele pediu para se encontrar comigo. Reid também
recebeu a mensagem de texto do meu pai, bem como a minha
imagem na filmagem de segurança da Sparrow ao longo de
toda a noite.
Torcendo o anel de ouro na minha mão direita, reuni toda
a simpatia que poderia com a notícia do trágico acidente de
meu pai e sua morte precoce.

Presente

Terminei o segundo dois dedos de uísque e derramei um


terceiro.
— Você conseguiu, não é, papai? — Olhei para baixo, não
para cima.
— Você provavelmente está rindo de mim agora, seu filho
da puta.
Houve uma batida leve na porta quando Araneae a abriu,
seus olhos de chocolate se arregalaram.
— Sterling, você está bem?
Meu peito subia e descia com respirações enquanto eu
tentava endireitar a sala de girar.
— Longo dia, luz do sol.
Como se num sonho, ela veio até mim, colocando as mãos
pequenas no meu peito.
— Eu sei que nós estamos sob bloqueio, mas temos de ir
imediatamente.
O álcool estava me deixando confuso. Eu não bebia assim
normalmente. Eu também não tinha comido. Isso não era uma
grande combinação.
— Não. — Eu declarei definitivamente.
— Nós vamos ficar aqui. É isso que significa bloqueio.
— Não, eu liguei para Patrick. Ele está preparando o
avião.
Patrick. Porra.
Ele recebe minhas ordens, não dela.
Colocando o copo na cômoda alta, alcancei os ombros de
Araneae.
— Por quê você não pode fazer o que eu digo apenas uma
vez?
— Sterling, Louisa está em trabalho de parto.
Araneae
O olhar de Sterling flutuou sobre mim como se ele
estivesse tentando compreender as minhas palavras.
— O quê? — Ele perguntou, o cheiro de uísque forte em
seu hálito.
— Louisa está em trabalho de parto.
Ele deu um passo para trás e passou a mão pelo cabelo.
— Esse alimento que você disse que você fez?
— Está na cozinha.
Ele olhou em volta do escritório.
— Merda, eu sinto muito, Araneae. Pensei que ficaríamos
aqui a noite.
— Sterling, me diga o que há de errado.— Vi o copo vazio
com o restos de líquido âmbar. Pela visão de seus olhos
escuros, eu poderia imaginar que não era seu primeiro copo.
Seus lábios chegaram ao topo da minha cabeça.
— Como eu disse, longo dia. — Ele inalou.
— E parece que está ficando mais longo. Você disse que
ligou para Patrick?
Eu balancei a cabeça.
— Vamos comer primeiro. Alguns minutos não farão
muita diferença. Além disso, Marianne precisa voltar ao
aeroporto e eles precisam reabastecer o avião. — Quando ele
olhou para mim como se eu estivesse cheia de informações, eu
ri.
— Patrick me disse isso. Eu não saberia.
Depois de algumas respirações profundas, ele abriu a
porta do armário, revelando as pequenas geladeira e puxou
uma garrafa de água. Removendo a tampa, ele bebeu todo o
conteúdo, colocando a garrafa vazia no topo da cômoda ao lado
do copo vazio.
— Ok. Primeiro, sua culinária incrível e depois vamos
para Boulder.
Tomei seu braço.
— O hospital é em Denver.
— Está tudo bem? Não são efeitos de sábado passado,
não é?
Fiquei surpresa com seu tom de preocupação genuína,
como se o uísque tivesse removido uma camada de seu escudo
natural, aquele que escondia suas verdadeiras emoções na
maioria das circunstâncias.
— Tanto quanto eu sei ela está bem. Suas contrações
ainda têm cerca de cinco minutos de intervalo. Algumas são
fortes, enquanto outras não são. Ela me telefonou e assim que
desligou, Winnie telefonou.
Chegamos à cozinha, onde Sterling foi à geladeira e
removeu outra garrafa de água antes de sentar. Enquanto eu
colocava pratos na sua frente, perguntei mais uma vez.
— Algo está errado.
Sua mandíbula apertou enquanto ele olhava para mim
como se estivesse contemplando sua resposta. Depois de
esperar por sua resposta que não veio, eu me virei e comecei a
caminhar de volta para colocar a comida do fogão. Quando eu
o fiz, ele pegou minha mão e me puxou de volta na sua direção
me pousando entre suas coxas.
— Hoje, em Cambridge ...— Suas bochechas subiram
quando uma luz mais brilhante veio ao seu olhar.
— Sim?
Ele pegou as minhas mãos.
— Você é tão incrível.
— Inferno, se isso o leva a beber...
— Não. — Ele interrompeu.
— Eu não queria falar com essa ministra.
Foi a vez de meu sorriso florescer.
— Isso foi bastante óbvio, Sterling.
Sua cabeça balançou.
— Você não percebe.
— O que é que eu não percebo?
— Eu.
Eu entrelacei nossos dedos.
— Eu pensei que você tivesse dito isso. Fico com você para
sempre. Você mudou de ideia?
— De jeito nenhum. É que mais alguém saberia que eu
não queria entrar nessa igreja e teria dito a ela que não.
Meu ombro se moveu para cima e para baixo.
— Estou trabalhando nisso, responder: Sim, Sr. Sparrow.
— Não, luz do sol. Quero dizer, é sexy como o inferno e
me deixa instantaneamente duro, mas eu admiro sua
tenacidade. Não teríamos encontrado o que há dentro desse
cofre sem você.
— Você não teria necessidade de encontrá-lo sem mim.
Parece que eu trouxe toda a bagagem de conto da carochinha
de que sua mãe o advertiu.
O dedo de Sterling veio aos meus lábios.
— Eu não acredito nisso.— Ele inspirou e expirou.
— Não importa o que aconteça, não me arrependo de
encontrar você, Araneae. Você é a melhor coisa que já tive na
minha vida.
Movendo o dedo de meus lábios, eu rocei os meus contra
os dele, o nosso beijo foi suave.
— Estou feliz que você me encontrou. Agora, vamos comer
e entrar no avião.
Uma vez que ambos estávamos comendo, ele disse.
— Eu deveria tomar um banho.
— Vou fazer um acordo com você.
— Ah, sim ...? —Seu tom estava voltando não apenas ao
normal, mas ao seu tenor calculista e sexy.
— Sim.
— Que acordo seria esse?
— Coma e pediremos que Patrick ou Garrett nos levem ao
avião. Então uma vez estando no avião e a caminho de Denver,
vou tomar banho com você.
As bochechas de Sterling se levantaram.
— Quando eu era criança, minhas babás tentavam me
convencer a comer. Nunca houve um acordo como esse.
— Bem. — Eu disse com uma risada.
Balançando a cabeça, ele continuou a comer.

Embora apenas um pouco mais de uma hora tenha


passado desde o momento que eu entrei no escritório de
Sterling e o tempo que Garrett dirigiu o SUV, estacionando na
garagem do aeroporto particular onde já estivemos nesta
manhã e tarde, o céu noturno estava começando a escurecer.
As nuvens haviam desaparecido, deixando um ar frio no início
de setembro.
Quando o SUV parou, notei outros carros. Antes de
perguntar, eu olhei para Sterling e Patrick. Pelo agudo senso
de seus olhares, ficou claro que qualquer incômodo que
Sterling sentiu anteriormente foi esquecido, pelo menos
temporariamente, e eles tinha novos incêndios em mãos.
— Quatro Sparrows. — Disse Patrick.
— Eu não gosto deles andando no avião com a gente. —
Disse Sterling.
— Mas faz sentido. Tê-los com a gente, nós nunca
ficaremos sem proteção.
Antes que eu pudesse falar, sob as luzes do
estacionamento do aeroporto, as portas dos outros carros se
abriram e quatro homens bastante grandes saíram, cada um
parecendo um pouco mais assustador do que o outro.
— Será que esses homens trabalham para você? —
Perguntei, esperando que a resposta fosse sim.
— Eles devem se esperar lá. — Disse Sterling, apontando
para a parte traseira do avião, a parte pintada como a cauda
de um pardal.
— Eu vou levar Araneae para a cabine. Então, todos eles
se sentam em frente à mesa com você, as divisões fechadas. Só
porque eles a estão protegendo, isso não significa que eles
precisam estar perto dela.
Patrick assentiu conscientemente.
— Dê-me dois minutos.
— Por que você não quer...? — Comecei a perguntar.
— Estes homens não estariam neste voo se não
confiássemos neles. — Disse Sterling.
— Eles vão protegê-la com suas vidas. Isso não significa
que eu quero que eles estejam perto de você.
Eu assenti, sabendo que estava fora do meu alcance com
o que estava acontecendo, totalmente confiando nas decisões
de Sterling e Patrick.
— Ok.
O grupo de homens se encontrou com Patrick em um
pequeno círculo enquanto Sterling e eu subíamos as escadas
para a cabine do avião. Keaton e o nova atendente chamada
Millie nos encontraram na porta. Nós as vimos hoje de manhã.
— Sr. Sparrow. — Disse Keaton, acenando para Sterling.
Ele se virou para mim e sorriu.
— Senhora McCrie.
— Olá. — Eu olhei para as duas.
— Eu sinto muito por mudar seus planos novamente.
— Não é um problema. — Disse Keaton.
Eu sabia que era. Eu também sabia de Jana que ninguém
iria reclamar com Sterling, mesmo que pensassem que era um
inconveniente. Isso me fez pensar se todos essas pessoas
tinham passados que de alguma forma se entrelaçavam com
Sterling e sua cruzada para corrigir os erros de seu pai.
— Patrick e os outros associados devem permanecer na
frente do avião. — Sterling instruiu.
— Ajude-os se precisarem de algo, mas eles não devem
atravessar as partições.
— Sim, senhor. — Respondeu Keaton.
Os olhos de Millie estavam um pouco mais abertos. Eu
não estava certa de que ela estava tão acostumada a tudo isso,
como Jana tinha sido. Enquanto esse pensamento se instalava
na minha mente, eu esperava que sua inexperiência fosse uma
coisa boa. Alguns passos atrás, Millie nos seguiu em um arco
para a cabine principal, parando para fechar as partições de
ambos os lados.
Quando Sterling e eu nos sentamos nos assentos com o
cinto de segurança, ela se aproximou.
— Existe algo que eu possa trazer, Sr. Sparrow, Ms.
McCrie?
— Nós temos bagagem que deve ser levada para o quarto.
Confirme que esteja lá antes da decolagem. Uma vez que
estivermos em voo, não queremos ser perturbados.
— Sim, senhor. — Disse ela com um aceno de cabeça
antes de desaparecer em direção à parte de trás do avião.
Inclinei-me para mais perto.
— Então, isso significa ... sobre o banho?
Os olhos escuros de Sterling arderam com uma luz
ardente que eu senti falta no início da tarde.
— Você fez um acordo comigo.
— Eu fiz.
— Ninguém desiste de um acordo com Sterling Sparrow.
Meus lábios se curvaram para cima.
— Embora esse não tivesse sido meu plano, agora estou
subitamente intrigado sobre o que as consequências
resultantes podem acarretar.
Com um sorriso, Sterling sacudiu a cabeça.
— Você já teve notícias de Louisa?
Olhei para o meu telefone.
— Não recentemente. O mais atualizado foi um texto de
Winnie dizendo que ela está com a família de Louisa na sala de
espera e não há notícias .
A mão de Sterling cobriu a minha no braço.
— Ela vai ficar bem, assim como o bebê.
— Kennedy.
— Isso é certo? — Ele perguntou.
— Bem, isso foi antes de ela ser sequestrada por minha
causa.
— O que você acha disso? — Seu olhar escuro se fixou
em mim.
— O nome, não o sequestro.
Suspirei.
— Eu gosto que o meu nome vá continuar sem mim.
Ele pegou meu queixo e suspirou.
— Uma vez isso feito, estou certo de que podemos fazer
uma petição para a sua identidade. Com a ajuda de sua mãe e
os resultados de DNA, pode demorar um pouco, mas deve ser
possível.
— Reid não pode simplesmente apertar alguns botões?
— Ele poderia, mas se ele fizer isso, pode ser mais difícil
provar que você realmente é Araneae e não apenas alguém que
mudou seu nome.
Virei-me para ele.
— Por que isso importa? Eu não me importo o que alguém
pensa. Você acredita que eu sou eu. Minha mãe também. Eu
acredito. Ninguém mais importa.
Sterling inspirou e expirou.
— O quê?
— Luz do sol, vamos levar um dia de cada vez.
Ele estava certo.
— Pode chegar um dia em que você queira que o mundo
a reconheça como Araneae McCrie. Vou apoiar o que você
decidir.
Virei a mão até que nossas mãos estavam se tocando e os
dedos entrelaçados.
— Você fica dizendo isso.
Ele assentiu.
— Não é que eu duvide da minha capacidade de tomar
uma decisão. Isto não é sobre qual vestido produzir ou se
devemos diversificar a linha de roupa de cama
— Essa é uma ótima ideia. — Ele interrompeu com mais
entusiasmo do que eu esperava.
Eu sorri.
— Eu não falei com Louisa sobre isso ainda, mas eu
pensei nisso há algumas semanas. Quer dizer, as pessoas
gastam um terço de suas vidas na cama.
As pontas de seus lábios se curvaram para cima.
— Eu gostaria de aumentar essa porcentagem.
— De qualquer forma, como eu estava dizendo, essas
decisões ... sobre o que fazer com a evidência, dependendo do
que estiver lá e do meu nome ... eu sinto que eles têm
implicações de maior alcance.
— Pode ser.
— Então, eu estou pedindo o seu conselho.
Seu dedo tocou meu nariz.
— Sua decisão. Eu disse isso. Não vou voltar nisso, não
importa o que encontramos. Eu lhe dei minha palavra. A
palavra de um homem é ...
— Ou a ferramenta mais valiosa ou a arma mais
respeitada. — Eu disse, interrompendo e repetindo o que ele
disse várias vezes.
— Estou pedindo sua opinião. Isso não vai quebrar sua
palavra. Isso será mantê-la.
— Como você sabe?
— Desculpe.
Nós dois olhamos para Millie.
— Sim. — Disse Sterling.
— Suas malas estão no quarto. Quando estivermos no
voo, levarei um pouco de queijo e frutas e garrafas de água no
quarto, e então vocês não serão perturbados.
— Obrigada, Millie.— Eu disse antes que Sterling pudesse
corrigi-la pelo que ele consideraria ultrapassar. Afinal, ele
disse a ela que não precisávamos de nada.
— Eu adoraria alguns petiscos.
Seu sorriso se iluminou.
— Marianne disse que está pronto para decolar e todos os
senhores estão sentados.
Sterling assentiu. Uma vez que ela se foi, ele se voltou
para mim.
— Explique o que você acabou de dizer.
— Eu adoraria alguns petiscos?
Ele balançou a cabeça enquanto seu olhar escurecia.
— Araneae.
— Você me prometeu, Sterling Sparrow, que eu não iria
enfrentar qualquer coisa sozinha. Você já esteve lá com
Pauline, com minha mãe, falando com McFadden. — Eu
respirei fundo.
— Você estava lá em Cambridge quando vi meu túmulo.
Eu preciso de você ... não, eu quero que você esteja comigo, me
guiando, me ajudando, e isso é o que você fez. Você pode ter
invadido minha vida, mas você me apoiou através desse
labirinto louco. Por favor, não pare agora.
Nossos lábios se encontraram quando a velocidade do
avião aumentou, as rodas se levantando do chão enquanto
voávamos mais alto no céu escuro.
Josey

Dez anos atrás

— Hoje. — Disse Byron enquanto se preparava para sair


para o trabalho.
Meu peito doía, minha cabeça doía, e meu coração doía.
Olhei em volta do nosso quarto, o que compartilhamos
nos últimos dezesseis anos. Na frente havia um corredor que
levava a outros quartos, sendo um deles de Renee. A sala era
elegante e a cozinha acolhedora. No quintal onde tínhamos um
terraço, tínhamos adicionado uma varanda. Era
absolutamente adorável nos meses mais quentes. Passávamos
tempo juntos, sentamos e comíamos lá fora.
Agora não estava mais quente.
Os ventos do início da manhã de janeiro soprava uma
nuvem de neve recente em redemoinhos e ciclones sob as luzes
da rua, teias de aranha de geada decoravam os cantos das
nossas janelas.
— Beije Renee. — Eu consegui dizer enquanto as lágrimas
borbulhavam na minha garganta.
— Será a última vez.
— Josey, nunca saí de casa sem dizer a minhas duas
meninas o quanto eu as amava.
Suas palavras me quebraram quando eu caí em seu peito.
Ele passou os braços na minha volta, me segurando forte.
— Você consegue fazer isso. Temos que fazer isso por ela.
Seu amigo, aquele que fez as identificações, ajudou,
fazendo uma conexão com alguém da polícia do Estado. Mais
tarde esta noite ele faria uma visita domiciliar, uma para Renee
testemunhar e informar-nos de nossa perda. Hoje à noite,
seremos informados de que Byron Marsh morreu em um
acidente de carro na I-90, a caminho de casa para o trabalho.
Um motorista irresponsável desviou na pista para alcançar
uma saída que quase perdeu.
O motorista bateu em Byron, enviando-o para um divisor
de concreto. Byron morreu no impacto. O policial recomendará
que não vejamos o corpo, principalmente Renee.
O plano era manter Renee fora da escola e longe das
notícias e mídias sociais. Ela não saberia que não houve
relatos da morte de Byron ou que o acidente não ocorreu. Para
sua segurança, eu precisava ser convincente.
E depois que as passagens aéreas forem compradas, eu a
levarei ao aeroporto com sua nova identidade.
Byron conseguiu seu lugar em St. Mary of the Forest com
uma generosa doação, informações sobre a morte de seus pais
e certificação de emancipação. Ela estaria em Boulder,
Colorado, em um novo mundo, diferente de Chicago.
Ao mesmo tempo, o segundo plano estava em
andamento, a razão porque o tempo era essencial. Sparrow
enviaria um novo olheiro, alguém que poderia finalmente ser o
único a nós matar. Eu não sabia seu nome, mas Byron sabia.
Devo dizer Neal sabia. O olheiro tinha estado com o grupo
Sparrow a maior parte de sua vida, junto com seu amigo Joey,
o menino que Neal fez amizade, o homem cuja dívida custou a
vida de Neal e Becky.
Aquele homem de Sparrow deu a Neal, também conhecido
como Byron, uma semana para desaparecer, ser limpo do
mundo e da rede. Havia muitas coisas ruins sobre o mundo
onde Neal foi criado. Havia também honra na escuridão. Este
homem lembrou-se do que Neal havia feito por Joey. Ele viu
quando Neal nunca desistiu do homem que chamava de irmão.
Não tínhamos dúvida de que, uma vez que partimos, esse
homem, Neal não me diria o nome dele, seria creditado por
nossa morte. Nós não nos importamos desde que estivéssemos
todos a salvo.
Neal recebeu o ultimato dizendo que Sparrow queria que
todos nós partíssemos, mas ele queria que Byron fosse
primeiro. Embora não houvesse notícias do acidente, Allister
veria Renee e minha dor e saberia que seu homem havia
removido um de seus alvos.
Byron prometeu que Renee e eu também
desapareceríamos uma semana depois dele. Sabíamos que, se
não cumpríssemos, desapareceríamos e não seria do jeito que
queríamos.
Naquela noite, enquanto eu preparava o jantar, uma
batida veio à nossa porta da frente. Minhas mãos tremiam
quando coloquei a colher grande perto do fogão e fui até a
porta.
Eu escutei, sem realmente ouvir o que o homem de
uniforme estava dizendo. Depois de suprimir minhas lágrimas
o dia inteiro, caí no chão com um lamento, um grito pela vida
que estávamos todos perdendo.
Renee veio correndo atrás de mim.
— Mãe, o que é o problema?
Seus grandes olhos castanhos olharam de mim para o
oficial quando ela colocou um braço sobre meus ombros.
— Mãe? Mãe?
Meu coração se despedaçou quando me sentei de joelhos
e puxei minha filha de um metro e oitenta e cinco em meu
abraço, puxando-a também de joelhos.
— É seu pai.
— O quê? — Ela olhou para o oficial.
— Não, me diga que ele está bem. Talvez você tenha a
pessoa errada.
Ela era mais feroz do que eu, determinada a corrigir o mal
que esse homem estava reivindicando, para corrigir sua
mentira e descobrir nossos segredos.
— Renee. — Eu sussurrei, de pé e a envolvendo em meus
braços. Eu virei para o oficial.
— Podemos ... podemos vê-lo?
— Eu não recomendo isso, senhora. Podemos identificá-
lo através de pertences. Ele está ... bem, eu não recomendo vê-
lo.
Renee e eu esperamos enquanto o policial pegava uma
sacola plástica contendo a mala de Byron, sua carteira,
identificação e relógio. Eu segurei a bolsa em minhas mãos
trêmulas enquanto assentia com lágrimas escorrendo pelo
meu rosto.
— São dele.
— Senhora, teremos um relatório para sua companhia de
seguros em vinte e quatro horas se você puder ir até a
delegacia.— Suas palavras desapareceram quando minha
cabeça fervilhava de emoções.
Em algum momento, ele se foi.
Eu estava sentada no sofá, a cabeça da minha filha no
meu colo enquanto chorávamos.
Ela, pelo único pai que já conheceu.
Eu, por uma vida que nunca mais teria.
Em algum momento nas próximas horas ou dias, vi além
da minha bolha de desespero. Eu poderia ir ao túmulo odiando
Allister Sparrow, e certamente o faria.
No entanto, os últimos dezesseis anos foram mais do que
eu jamais sonhei em ter. Por mais de uma década e meia, vivi
mais do que algumas pessoas já experimentaram: um marido
e filha. Uma casa e uma vida.
Eu tive que ir embora, mas eu poderia fazer isso, sabendo
que Renée seria salva; ela estaria livre para continuar e
encontrar sua própria fatia da vida. Afinal, ela recebeu o nome
de uma aranha, Araneae. A filha que compartilhei com aquela
mulher no hospital, a juíza Landers, tinha se transformado em
uma bela, forte, resistente, vivaz e jovem mulher. A juíza lhe
deu o nome e nós a criamos.
Tínhamos que acreditar que juntos isso a levaria adiante.
Araneae
Ao pousar em Denver, meus pensamentos estavam em
Louise. Os mistérios cercando minha vida, bem como o
conteúdo possível do cofre foram momentaneamente
esquecidos. Tudo importava era chegar ao centro médico e ver
minha melhor amiga. Sterling segurou a minha mão
descansando nas minhas pernas vestidas com jeans. Depois
do nosso banho, nós dois colocamos um roupa casual, eu de
camiseta e calça jeans e uma jaqueta. Sterling com uma calça
jeans escura e uma camisa branca de botão. Com as mangas
arregaçadas e camisa desabotoada, ele voltou ao seu status de
modelo, não o CEO de uma empresa imobiliária mundial.
— É o meio da noite. — Disse ele.
— Você não está exausta?
Dei de ombros.
— Estou muito empolgada. Não acredito que finalmente
chegou a hora de Kennedy nascer.
— Alguma novidade? — Ele perguntou, inclinando a
cabeça em direção ao meu telefone.
— Não. Acabei de enviar uma mensagem para Winnie,
para que ela saiba que estamos aqui. Pelo que eu tenho ouvido,
o trabalho de parto pode durar horas. — Tentei ler os
pensamentos que passavam através do olhar sombrio de
Sterling.
— Você está preocupado com a semana passada?
— Não, como eu disse, nós estamos os protegendo. Estou
preocupado com a saúde de todos, mas o médico que tínhamos
na Winnie checou Louisa antes de mandá-la para o centro
médico. E então eles a liberaram. Tudo deve ficar bem. — Ele
respirou profundamente.
— Winnie se manteve fiel à nossa história. Jason e Louisa
não sabem exatamente tudo o que aconteceu, mas sei que eles
estão sendo protegidos. Eu estou mais preocupado que
pensem que meus motivos são mais altruístas do que são.
As pontas dos meus lábios se moveram para cima quando
eu peguei sua bochecha recentemente barbeada, com a palma
da minha mão livre e deixo meus dedos deslizarem sobre a pele
macia.
— Você é meu cavaleiro de armadura brilhante.
— Não, luz do sol. Minha armadura é preta como carvão.
— Isso não é verdade, Sterling.
Nós dois avançamos quando o avião parou. Pela janela, o
céu estava escuro, mas as luzes do aeroporto privado
iluminavam a pista e os hangares.
— Você me diria algo se eu perguntasse? — Pequenos
vincos se formaram ao redor dos olhos.
— Eu não vou mentir para você, Araneae. No entanto,
também há coisas que não discutirei.
Fiz que sim com a cabeça quando soltamos os cinto de
segurança, levantei-me e comecei a andar para frente.
— Espere. — Disse ele, parando o meu progresso.
— Até que os Sparrows estejam fora do avião.
Eu quase tinha esquecido os homens na sala à nossa
frente.
Envolvendo o braço em volta da minha cintura, Sterling
me puxou para perto, me circundando com seu perfume limpo
e picante. Sua voz era um sussurro baixo.
— O que você quiser perguntar, faça-o agora, antes que
haja outros para ouvir.
Olhando para os traços de granito que se formavam, a
expressão que ele usava quando estava perto de outras
pessoas, assumindo o controle, sorri da maneira que estava
começando a entender o homem muito complicado diante de
mim.
— A história de Jana. — Eu disse.
— Eu estava imaginando quantas outras pessoas
irremediavelmente devotadas a você, àquelas que se curvam à
sua programação e mostram lhe dão cobertura sem
questionar. Quantos deles têm histórias semelhantes?
— Como eu disse sobre Jana, essas não são minhas
histórias para contar.
— Mas existem outros?
Ele não respondeu.
Pressionei minha mão contra seu peito sobre os botões de
sua camisa.
— Você pode fazer o seu melhor para me convencer de
que você não é um cavaleiro, mas é. Você não é perfeito. — Eu
sorri.
— Às vezes você é um idiota de verdade.
— Já me disseram isso.
— Isso não nega o fato de você também ser bom. Espero
que um dia você veja isso.
Antes que Sterling pudesse responder, a partição se abriu
e Patrick assentiu em direção à porta para o exterior.
— Estamos prontos. O carro está esperando. — Disse
Patrick.
Quando Sterling pegou minha mão, a de seu peito, eu
disse.
— Obrigada por não brigar comigo sobre esta viagem. Eu
sei que você prefere ter todos nós em Chicago por trás da
tecnologia de infravermelho.
Soltando minha mão, ele colocou a dele nas minhas
costas. Endireitando seus ombros largos, ele me levou em
direção à porta e aos degraus. Balançando a cabeça para
Keaton, Millie e Marianne, seus olhos escuros examinaram a
pista. Alguns passos à nossa frente, Patrick estava fazendo o
mesmo, procurando além das luzes da pista de pouso o que
poderia estar escondido na escuridão.
Nossos passos se aceleraram quando fomos em direção
ao carro.
Uma vez que estávamos no banco de trás com um dos
homens grandes que estava dirigindo e Patrick como copiloto,
Sterling suspirou e sussurrou em seu profundo tom.
— Preferiria estar em casa.
Essa única declaração seria tudo o que foi proferido na
presença deste novo homem. Desde que eu não fui
apresentada, isso significava que Sterling queria que eu ficasse
quieta. Eu não me importava com todas as suas regras no
começo, mas com o tempo, elas se estabeleceram.
O que parecia ridículo há um mês era agora prática
comum.
O medo de sua punição não espreitava mais nos recessos
da minha consciência.
Eu percebi que gostava muito de algumas delas para
serem consideradas impedimentos. Foram mais do que
consequências que influenciaram minha vontade de ceder às
suas regras. Foi confiança e respeito pela missão de Sterling.
Eu era dele.
Eu agora aceitei isso sem questionar.
Ao fazer isso, ele o fez meu, e eu também gostei desse
pensamento.
Sterling protegia o que era dele. Ele me trouxe para um
mundo regido por regras diferentes. Ele também me mostrou
o homem por trás da máscara. Atualmente, seus recursos
eram difíceis e implacáveis. Este era o rosto que o mundo via.
No último mês, recebi o presente de ver quem o mundo
não via, o homem que era amoroso e compassivo, o homem
que carregava o peso de Chicago em seus ombros e ainda podia
emitir tanta paixão que irradiava como lasers de seus olhos
escuros.
Suspirando, eu me inclinei para trás. Enquanto o carro
se movia durante a noite, deixei minha mente fazer o que vinha
fazendo durante a maior parte da viagem de avião: pensar em
Louisa. Dez anos se repetiram na minha cabeça, encontrando-
a em St. Mary of the Forest, participando da mesma faculdade,
tornando-se o que eu suspeito que seria ser irmãs.
No inverno em que cheguei ao Colorado, o segundo
semestre já havia começado. Completamente sozinha, não
tinha certeza em quem confiar. Antes da minha chegada à
faculdade, tinha sido contada a história da morte de meus pais
em um acidente de automóvel, Phillip e Debbie Hawkins. Havia
um conselheiro lá, bem como a diretora da escola, que me
levou sob suas asas, me assegurando que eu estivesse segura
e cuidada.
Lembrei-me de não saber como isso funcionaria.
Tudo era estranho e desconhecido.
Tentei fazer o que Josey havia dito e ser forte, mas aos
dezesseis anos e sozinha, não tinha certeza de como fazê-lo.
Eu sabia que havia outras coisas, que aos dezesseis anos eram
muito piores do que ser colocada em um internato de elite.
Josey tinha me avisado que se eu fosse encontrada, meu futuro
seria incerto.
A vida em uma escola particular nas montanhas do
Colorado era totalmente diferente do que minha vida em Mount
Pleasant, Illinois. Foi-se a comunidade, as casas de meus
amigos e suas famílias, até seus animais de estimação. O gato
que eu tinha desde jovem faleceu com a idade madura de treze
anos. Ele foi um ótimo gato; no entanto, eu estava certa, se ele
estivesse vivo, eu não poderia trazê-lo para o Colorado.
O trajeto de ida e volta da aula era agora uma caminhada
em vez de um passeio de carro. Minha casa que compartilhava
com Josey e Byron também se foram, simplesmente uma
lembrança do que a vida tinha sido. Com exceção da foto e da
pulseira com amuletos, essa vida era como se nunca tivesse
existido. Até meu nome era diferente.
De vez em quando, eu me lembro da maneira como minha
mãe me ajudava com minha lição de casa, paciente e diligente,
e a maneira como ela me ensinou a costurar. Foi meu pai que
me ajudou com minha matemática. Enquanto Josey nutriu
minha criatividade em todos as coisas, Byron incutiu meu
amor pelos números. Essas memórias trouxeram um sorriso
ao meu rosto e lágrimas aos meus olhos.
Os primeiros dias em St. Mary's foram alguns dos mais
solitários da minha vida. Cada estudante, era uma escola só
para meninas, tinha seu próprio dormitório. Minha casa
passou de um rancho de três quartos nos subúrbios para um
único quarto contendo uma mesa, cama, armário e cômoda.
Cheguei sem posses, exceto as roupas na minha mochila. O
quarto que me foi designado tinha as necessidades básicas,
lençóis, travesseiros e cobertores na cama e toalhas e panos
para o banheiro comum.
No segundo dia, em vez de assistir às aulas, a Sra.
Shepherd, a conselheira, que eu encontrei no dia anterior, me
levou para Denver para comprar meus suprimentos
necessários.
De alguma forma, de acordo com Josey, Byron havia
criado um fundo fiduciário em meu novo nome, isso me
permitiu gastar dinheiro. Eu não estava confiante no que tinha
que gastar, apenas o que a sra. Shepherd me garantiu que eu
era capaz de comprar o que precisava.
Talvez isso tenha sido parte do meu raciocínio para
recusar a ordem de Sterling, aquela que veio na caixa vazia,
aquela que dizia para me mudar para Chicago sem nada. Eu
gostaria de ter feito isso antes, me mudar sem trazer
lembranças tangíveis. Sim as roupas e os cosméticos que ele
fornecia eram luxuosos. No entanto, eu não podia e não
perderia tudo de novo.
Era o terceiro dia no St. Mary's enquanto eu tomava o
café da manhã na cafeteria que eu conheci Louisa. Ela e duas
outras meninas da nossa idade sentaram-se comigo na mesa
vazia e se apresentaram. Fiquei surpresa, tão chocada e
solitária que, no começo, esqueci como responder além de
respostas educadas. Com o passar do tempo, descobrimos
mais e mais coisas que tínhamos em comum. Nas férias de
primavera daquele ano, Louisa me convidou para sair de férias
com sua família. Eu já conhecia seus pais e irmã durante os
tempos em que vinham ao campus e levavam Louisa para
comer ou às vezes que ela ia para casa por uma noite.
Os anos em minha mente ficam borrados quando penso
em como os Nelsons me aceitaram e me deram o que perdi,
pelo menos um pouco, de uma família. Se não fosse pelos
Nelsons, eu não consigo imaginar como seria. Entrando na
escola de meninas aos dezesseis anos de idade, sem conhecer
ninguém e não ter ninguém, sem dúvida foi o momento mais
assustador da minha vida.
Um sorriso veio ao meu rosto quando me virei para
Sterling.
Sterling Sparrow era intimidador e dominador, mas ele
não era assustador, não para mim.
Eu tive que me perguntar como todas as peças de minhas
múltiplas vidas, me prepararam para onde eu estava hoje, para
ser Araneae McCrie.
Araneae
Entrar em um hospital no meio da noite, ou devo dizer de
madrugada, não era nada como entrar nele durante o dia. A
grande porta giratória de vidro, girou até Sterling, Patrick e eu
estarmos dentro. O silêncio nos encontrou com o piso brilhante
em torno da área de espera, refletindo a iluminação esmaecida.
Dentro, o centro de pilares de dois andares de altura eram
grandes plantas e agrupamentos de cadeiras. Acima, para o
corrimão do segundo andar, os corredores estavam vazios. A
loja de presentes estava fechada, e piano de cauda branco
estava sem ninguém tocando. Não era como se precisássemos
da orientação de um voluntário. Nós tínhamos Patrick. Eu
nem pensei em questionar se ou não, ele sabia para onde
estava indo. Outra coisa que aprendi nos últimos meses era
para não duvidar de seu conhecimento. Sterling e eu o
seguimos em direção ao banco de elevadores. A cada passo,
Sterling continuava sua vigilância constante de nossos
arredores. Subimos em silêncio, pensando em Louisa,
enquanto os dois homens comigo estavam monitorando nossa
segurança. As portas do elevador se abriram para o andar
desejado sem parar em nenhum outro.
Aparentemente, a falta de visitantes neste momento era a
nossa vantagem. Depois de Patrick, foi Lindsey, irmã de
Louisa, quem eu vi primeiro.
Ao seu lado, havia um homem grande e bonito que eu não
reconheci; no entanto, assim que entrei, seus olhos se
arregalaram ao ver Sterling.
Provavelmente minha imaginação.
— Kenni! — Lindsey gritou quando pulou e correu na
minha direção, envolvendo seus braços em volta do meu
pescoço.
— Lindsey ... — Eu dei um passo para trás e a olhei de
seus longos cabelos escuros e olhos azuis, para seu corpo
atlético. Ela era uma cópia de uma Louisa mais nova.
— Como Lou está se saindo? — Olhei ao redor da sala,
acenando para Calvin, o pai de Louisa, e Winnie. Havia
também membros da família de Jason presentes. Eu os vi uma
ou duas vezes, mas não consegui lembrar os nomes deles.
Inferno, quando se tratava de nomes, ouvindo o que eles
estavam me chamando agora parecia estranho. Eu estava
acostumado a ser a Sra. Hawkins no trabalho, mas isso era
diferente.
— Ela está indo muito bem. — O nariz de Lindsey franziu.
— Eu acho que sim. Isso é tudo novo, mas eu sei que ela
está pronta.
Eu ri. Louisa estava me dizendo que estava pronta desde
o último mês.
— Quando você chegou de Boston? — Eu perguntei.
— Algumas horas atrás. — Ela apontou para o homem
bonito.
— Este é Marcel.
Marcel assentiu, seu olhar se movendo entre mim, Patrick
e Sterling.
— Estamos namorando há algumas semanas. — Disse
Lindsey.
— Olá Marcel. Prazer em conhecê-lo. Eu sou ... Kennedy
Hawkins. — Tentei não hesitar. Depois que terminei de
apresentar Sterling e Patrick ao nosso grupo íntimo, Winnie
avançou.
— Kennedy. — Ela se virou para Sterling.
— Sr. Sparrow.
Eu não tinha certeza de todos os detalhes do que
aconteceu aqui no último fim de semana em Boulder, que tipo
de entendimento Winnie e Sterling tinham chegado. Tanto faz,
a tensão parecia ondular no ar com um palpável desconforto.
— Senhora Douglas. — Disse Patrick, redirecionando sua
atenção. Quando ele o fez, Lucy, a mãe de Louisa entrou em
nossa área, vindo em nossa direção através de portas duplas.
— Kennedy. — Disse ela com um sorriso.
— Estou tão feliz que você conseguiu. Gostaria de entrar
e ver Louisa?
Lágrimas encheram meus olhos quando uma das muitas
mães que eu conhecia me abraçou.
Quando nos afastamos, perguntei.
— Posso? Está tudo bem?
Ela sorriu e acenou para Sterling e Patrick.
Assim como ela, comecei outro conjunto de
apresentações.
— Lucy Nelson, este é o meu namorado ... — Sim,
precisava haver um termo melhor.
— Sterling Sparrow e nosso amigo Patrick Kelly. — Não
me disseram para não apresentá-los ou usar seus nomes
verdadeiros, no entanto, havia algo fora do lugar em tê-los
aqui, minha nova vida na minha antiga vida.
Por outro lado, Marcel, o homem ao lado de Lindsey, tinha
o mesmo ar.
Você está sendo paranoica. — Eu disse a mim mesma.
— Prazer em conhecê-lo. — Disse Lucy com um aceno de
cabeça.
— O hospital permite apenas duas pessoas por vez à sala
de LDR, além de Jason. Acho que estamos perto de conhecer
Kennedy Lucille. — Ela sorriu para mim.
— Eu sei que Louisa quer ver você.
Sterling apertou minha mão, chamando minha atenção
de volta para ele. Uma pequena parte de mim hesitou em virar
em sua direção. Eu sabia que não importava, eu estava
passando por aquelas portas duplas para ver Louisa. Minha
experiência na igreja de Cambridge me ensinou que, embora
Sterling não faça uma cena aqui, ele certamente fará mais
tarde.
Por que me trazer aqui se eu não tinha permissão para
sair da vista dele?
Com uma respiração profunda, me concentrei novamente
no homem ao meu lado. Quando me virei, vi e ouvi o oposto do
que eu esperava.
— Diga-lhe olá por mim, luz do sol.
Um sorriso surgiu no meu rosto.
Sterling e Patrick provavelmente haviam pensado nesse
cenário. Inferno, conhecendo-os, havia Sparrows vestidos
como equipe médica além das portas. Decidi não deixar esse
pensamento apodrecer.
— Obrigada. — Falei na direção de Sterling antes de me
virar e seguir Lucy pelas portas duplas.
Uma vez sozinha, Lucy virou-se para mim.
— Kenni, eu tenho que perguntar. Você está segura?
Desde que a conheci, Lucy era parecida com Josey de
várias maneiras, uma era o jeito que ela sempre foi direto ao
assunto. Essa era uma qualidade que me encantava. Nesse
momento, sua franqueza era menos cativante e mais
alarmante.
Quando a pergunta dela encheu meus ouvidos, meus
passos pararam enquanto os mistérios da minha vida me
inundavam. Campainhas de aviso tocaram na minha cabeça.
— Por que você pergunta isso?
Ela pegou minha mão.
— Querida, nós amamos você. Nós sempre amaremos.
Mas eu não posso evitar, mas me preocupa. — Ela inclinou a
cabeça em direção à sala de espera.
— Aquele homem.
— Sterling. — Eu disse defensivamente, quase
acrescentando que ele estava no setor imobiliário.
— Estamos namorando. Ele me ajudou a chegar aqui
rapidamente.
Lucy soltou um longo suspiro, como se estivesse pesando
suas palavras.
— Kenni, o dia depois de você chegar a St. Mary of the
Forest ... — Ela engoliu.
Os cabelos na parte de trás do meu pescoço se
arrepiaram, quando os sinos de alarme soaram mais alto, o
anel deles agora é um guincho estridente.
— Conte-me.
— Sra. Gore. — A diretora de St. Mary of the Forest.
— Me chamou e me pediu para ir ao seu escritório. Ela
me contou sobre você e sua situação única.
— Ela ficou emocionada com tudo que você suportou e
queria ajudar. No entanto, o conselho de curadores tinham
regras estritas sobre a interação de professores e alunos. Então
ela perguntou se Calvin e eu ajudaríamos a cuidar de você e
recebê-la para St. Mary of the Forest e na cidade.
— O quê? — Minha mente estava tendo dificuldade em
acompanhar.
— Você está me dizendo que isso nada disso foi
verdadeiro? E-você ... Lou ...?
Lucy apertou minha mão, ainda em suas mãos.
— Querida, a senhora Gore me deu uma carta. Nela, dizia
que você poderia estar em perigo. Um nome foi mencionado.
Não um nome inteiro, mas um sobrenome.
— Isso foi há dez anos. — Minha cabeça estava
balançando.
— Por que você me quis perto, se você pensou que eu
poderia trazer perigo?
— Isso nunca foi uma pergunta. Temos duas filhas e
quando eu olhei você, eu as vi. Você precisava de alguém e
nosso coração estava aberto. Kennedy, nós aprendemos a
amar você. Pedi a Louisa para se apresentar. Eu nunca disse
a ela sobre o perigo.
— Você não pensou em me dizer?
— Eu queria acreditar que não era verdade. Eu não
queria assustá-la. E o nome não estava conectado ao primeiro
nome. Eu não sabia ao certo ...
Minha cabeça balançou.
— Não sei se você se lembra. — Continuou Lucy.
— Mas uma vez estávamos todos esquiando e os
elevadores pararam. Depois que conseguimos voltar ao
condomínio, tinha sido arrombado. Sabíamos que havia um
risco em concordar, mas você valia a pena.
— Eu me lembro disso. — Pisquei quando as lágrimas
formigaram na parte de trás dos meus olhos.
— Mas você mentiu para mim. A coisa toda, me fazendo
sentir como se eu fosse parte da família, tudo era mentira.
— Não. Nós nunca mentimos para você. Pedi a Louisa
para se apresentar; o resto foi verdadeiro. Vocês duas foram
feitas para serem amigas. Como eu disse, Louisa nunca soube
que a Sra. Gore nos pediu para ajudar. Ela não sabe agora.
Eu trabalhei para engolir o nó na garganta.
— Então por que você escolheu agora para me dizer isso?
— Porque eu estou preocupada com você com ele.
Minhas emoções estavam por todo o lugar enquanto eu
olhava nos olhos de Lucy.
Demorou um momento enquanto estávamos no corredor
silencioso, a alguns metros do posto de enfermagem com
pessoal escasso. Finalmente, ficando mais alta, encontrei
minha voz.
— Eu posso dizer com cem por cento de certeza que
Sterling Sparrow foi a pessoa mais honesta na minha vida. Ele
foi aberto comigo. — De certa forma, você aparentemente não
foi. — Eu não disse a última parte, embora meu coração
partido tenha me dito que era verdade.
— Winnie mencionou que o outro homem está sempre
com você. —Disse Lucy.
— Sterling é superprotetor.
— Você sabe que pode me dizer se há mais. Eu farei o
meu melhor para ajudá-la. Esse sempre foi meu objetivo.
Respirei fundo, lutando contra a sensação de que acabei
de perder outra mãe.
Talvez ela esteja sendo honesta. Talvez Lucy estivesse
cuidando de mim, mas com sua confissão, eu ouvi mais. Eu
tinha ido longe demais no último mês para deixar emoções me
atolarem. Em sua confissão, também ouvi a oportunidade de
obter mais informações sobre o meu passado.
— Você sabia alguma coisa sobre meus pais?
— Debbie e Phillip Hawkins?
Eu não respondi.
Finalmente, Lucy assentiu.
— Nessa carta, uma que acompanhava as informações
sobre o seu fundo fiduciário ... Ninguém mais o leu. Foi selado,
apenas para ser aberto pela pessoa ou pessoas que se
comprometeriam a cuidar de você.
— Era dos meus pais?
Os olhos dela se fecharam.
— Eu nunca deveria contar a você. Pelo que eu entendi,
tudo o que eles prepararam para você era porque eles a
amavam e queriam mantê-la segura.
Minha mente se encheu mais uma vez com pensamentos
de Josey e Byron. Ele faleceu. Eu estava lá quando o policial
nos informou. No entanto, eu nunca soube o que aconteceu
com Josey.
— Lucy, se minha mãe ainda estiver viva, qualquer
informação que você tiver pode me ajudar a encontrá-la.
— A carta não era de uma mulher. A assinatura era de
Neal Curry.
Araneae
— Nearl Curry?
Meus olhos se estreitaram quando eu dei uma passo
para trás, longe dos olhos de Lucy.
— Eu nunca ouvi esse nome na minha vida.
Pelo menos Josey havia mencionado Araneae.
Talvez ele fosse representante dos Hawkins. — Sugeriu
ela.
— Eu não conheço.
— Os Hawkins não eram reais. — Eu disse, cansada de
viver com mentiras.
— Eu sempre suspeitei.
— A última vez que vi minha mãe, ela me disse para me
tornar Kennedy Hawkins para minha segurança. Eu me tornei.
Sterling me deu mais. Ele me mostrou quem eu realmente sou.
— Que é ...? — Ela perguntou..
Eu balancei minha cabeça, não pronta para divulgar essa
informação.
— Tudo vai sair em breve. Eu quero ver Louisa.
A cabeça dela inclinou-se.
— A última vez que você viu sua mãe? Isso foi antes de
seu acidente de automóvel?
Ela estava falando sobre o acidente de carro fictício que
os Hawkins
sofreram.
Em vez de responder, eu disse.
— Você disse que o nascimento estava próximo. Leve-me
para Louisa ou eu perguntarei às enfermeiras.
Mais uma vez, Lucy estendeu a mão para mim. Dessa vez,
dei um passo para trás e endireitei meu pescoço.
Seus olhos azuis se revestiram de tristeza.
— Kennedy, eu disse isso a você hoje porque estou
preocupada com o Sr. Sparrow. Eu queria ligar para você
assim que Louisa me disse que você estava namorando ele.
Comecei a ligar e tive medo do seu telefone estar grampeado.
Não contei essas informações para machucá-la, mas para
protegê-la.
Sua cabeça balançava.
— Não sei ao certo o que ele disse, mas pense em si
mesma e nos seus amigos. Pessoas poderosas costumam ter
essa influência deixando esqueletos em seu rastro. Não estou
dizendo literalmente pessoas mortas. Estou dizendo segredos
e mentiras que um dia poderia voltar para assombrá-la. Não
quero que você ou Louisa se machuquem.
Seu discurso me acertou errado. De repente, todos
estavam preocupados com o meu bem-estar.
Onde essas pessoas estiveram?
O que era verdade e o que eram mentiras?
Essas mesmas perguntas continuaram a girar em minha
mente quando eu perguntei novamente por Louisa.
— Calvin, Louisa, Jason e eu ... todos queremos o que é
melhor para você.
— Eu amo Sterling. Ele me ama.
— Nós amamos você.
E você mentiu para mim por dez anos. Eu também não
disse isso.
— Lucy, podemos ir até Louisa?
Ela assentiu. Juntas, passamos pelo posto de
enfermagem a caminho de um sala LDR. Lucy empurrou a
porta para dentro. Eu não percebi os móveis na sala de estar,
a TV grande ou até a janela para o céu noturno escuro. Em vez
disso, meu olhar foi para a pessoa que nos últimos dez anos
eu considerava minha melhor amiga.
Infelizmente, nos últimos cinco minutos, uma nuvem de
incerteza desceu, me fazendo questionar tudo. E então, como
se o sol rompesse as nuvens, meu olhar e Louisa se
encontraram.
— Kenni. — Louisa chamou, sua expressão genuína cheia
de felicidade e sinceridade.
Concentrando-me no aqui e agora, rapidamente avancei,
envolvendo Louisa em um abraço. Por nenhuma razão, ou
talvez por um milhão de razões, quando nos abraçamos e eu
fechei meus olhos, uma enxurrada de lágrimas escorreu pelas
minhas bochechas.
Louisa e eu não nos víamos desde meu último dia em
Boulder na Sinful Threads, antes de Sterling me sequestrar
para o Canadá. Em nossos dez anos de amizade, foi a nossa
separação mais longa. E, no entanto, nesse instante,
estávamos reunidas. Enquanto estávamos abraçadas, eu
queria acreditar no que Lucy disse. Eu queria acreditar que o
único incentivo que Lucy tinha dado a Louisa era para ela se
apresentar para mim.
Eu queria acreditar que nossa amizade era verdadeira.
Quando eu me afastei, nossos olhos se encontraram e
disse.
— Senti tanto a sua falta.
Antes que ela pudesse responder, os olhos azuis de
Louisa se fecharam e sua expressão mudou. Com um gemido,
seus lábios se juntaram.
Jason avançou, sorrindo para mim enquanto pegava a
mão de Louisa.
— Respire, linda. Respire.
Quando me afastei da cama, Lucy veio ao meu lado e
passou o braço em volta da minha cintura.
— Eu disse que estamos perto da entrega.
Eu lutei contra meu instinto de me afastar de seu toque
enquanto observava a minha melhor amiga em direção à outra
contração.
Depois de um minuto ou mais, a mão de Louisa na mão
de Jason afrouxou, e ela virou para mim.
— Eita, estão ficando mais fortes. — Um sorriso veio aos
seus lábios.
— Eu estou tão feliz que você veio. Eu esperava que você
fizesse.
Eu não pude deixar de sorrir. Minha melhor amiga era
forte e positiva, mesmo no meio do parto.
— Claro. — Eu disse.
— Eu disse que você não poderia me manter afastada. —
Olhei para Jason.
— Vocês dois estão bem?
Ele assentiu.
— Agradeça a ele.
A gratidão de Jason e as palavras anteriores de Sterling
torceram meu interior. Doeu porque, enquanto Jason estava
agradecendo a Sterling, eu era a pessoa responsável por seus
eventos traumáticos.
— Eu vou.
— Do que você está falando? — Lucy perguntou.
Antes que pudéssemos responder, o rosto de Louisa se
torceu novamente, e ela estendeu a mão pela mão de Jason.
Enquanto ela passava por outra contração, a porta do quarto
abriu e duas pessoas, ambas vestidas de bata, entraram.
— Senhoras e senhores, acho que está na hora. — Uma
das mulheres olhou para mim, um novo rosto na sala.
— Eu sou a Dra. Gorman. Estamos observando os
monitores.
Recuei quando a outra pessoa, presumi uma enfermeira,
vestiu luvas de látex e foi para o pé da cama. Suas mãos foram
sob o lençol, me fazendo sentir um pouco desconfortável, como
se estivesse me intrometendo. Antes que eu pudesse falar, a
enfermeira falou.
— Sim, dez centímetros. Estamos totalmente dilatadas.
— Ela olhou para Louisa e Dra. Gorman.
— Estamos prontas para empurrar?
Eu pensei que o uso do pronome pessoal pela enfermeira
era enganoso. Apesar de nunca ter dado à luz, estava confiante
de que apenas Louisa estaria fazendo o trabalho.
Os olhos azuis de Louisa foram da enfermeira para Jason.
O olhar trocado entre os dois foi uma das mais terna
expressão de devoção sem palavras que eu já testemunhei.
Simplesmente ser uma observadora encheu meu coração
de alegria.
Louisa assentiu enquanto Jason afastava seus longos
cabelos castanhos de seu rosto corado.
— Você consegue isso.
Louisa virou para Lucy e para mim.
— Eu amo vocês duas.
Eu levantei minhas mãos.
— Estarei do lado de fora na sala de espera. Vou deixar
todos saberem que é hora do show.
As bochechas pálidas de Louisa ficaram rosadas.
— Programa privado, mas informaremos, assim que
Kennedy Lucille fizer sua estreia.
Com a menção do nome do bebê, Lucy pegou minha mão.
Em vez de me encolher, dei-lhe um aperto. Em seguida,
voltei para a sala de espera. Assim que eu passei além das
portas duplas, na conexão com o corredor, fui recebido com
minha própria expressão sem palavras. Ao contrário de Jason
e Louisa, a de Sterling era mais sombria, menos adorável e
mais como um questionamento.
— Você se foi há um tempo. — Disse ele, sua voz baixa,
seu tom estridente.
— Tenho certeza de que meus rastreadores estavam
sendo seguidos. Eu não estava longe.
— É para mantê-la segura.
Coloquei um dedo sobre seus lábios fortes.
— É hora do bebê. — Meu sorriso cresceu.
— Obrigada novamente. Eu não poderia ter chegado aqui
a tempo do nascimento, se tivesse voado comercialmente.
Os lábios dele se curvaram.
— Especialmente com um desvio para Wichita.
— Sim, eu gostaria de evitar aquilo.
Seu braço serpenteava em volta da minha região lombar
enquanto caminhamos juntos para a sala de espera.
Eu falei com todo mundo.
— Eles me expulsaram. — Todos os olhos se voltaram
para mim.
— Está na hora.
A sala inteira ficou cheia de excitação.
Olhando para Sterling, perguntei.
— Podemos sair daqui para um momento? Eu preciso
contar uma coisa para Reid.
A mandíbula de Sterling apertou quando seus ombros se
endireitaram.
— Patrick?
— Certo. Ele descobrirá de qualquer maneira. — Como eu
já mencionei muitas vezes, os três homens compartilham um
cérebro.
Uma vez que nós três estávamos em um corredor quase
vazio, quase porque eu notei um dos homens do avião lendo
casualmente uma revista, sentado em uma agrupamento de
cadeiras próximo, virei-me para Patrick e Sterling.
— Quando Lucy primeiro me levou para dentro, ela me
perguntou se eu estava a salvo.
A sobrancelha de Sterling franziu.
— Por que ela...-?
— Eu juro. — Eu interrompi.
— Nunca antes ouvi o que ela acabou de me dizer. Ela
disse que quando me mudei para cá aos dezesseis anos, a
diretora da escola perguntou a ela se ela e Calvin ficariam de
olho em mim. — As palavras não deviam evocar emoção, mas
evocaram.
— Você está dizendo que Lucy Nelson tinha informações
de que ela só agora está revelando? — Patrick perguntou.
Suspirei.
— Sim. A razão pela qual ela está fazendo isso agora é que
recebeu uma carta dizendo que eu poderia estar em perigo e
prestar atenção no nome Sparrow.
Os cordões no pescoço de Sterling se projetavam à
medida que a tensão em sua mandíbula aumentava.
— Ela disse outra coisa. — Acrescentei.
— Ela disse que a carta que recebeu dizendo do meu
possível perigo, foi assinado por um homem, Neal Curry.
Patrick e Sterling trocaram olhares.
— Esse nome significa alguma coisa para você? — Eu
perguntei.
Patrick balançou a cabeça enquanto os olhos de Sterling
escureciam.
— Eu-eu não sei. — Ele finalmente disse.
— Você pode passar isso para Reid? — Eu perguntei.
O telefone de Patrick estava na mão dele.
— Enviando para ele agora. Ele pode estar dormindo, mas
ele receberá a mensagem assim que acordar.
Suspirando, eu me inclinei em Sterling.
— Eu continuo esquecendo que é o meio da noite.
O homem da revista estava olhando em nossa direção. Ele
acenou para Sterling, que assentiu em troca.
— Esse nível de proteção não é um exagero? — Eu
perguntei.
Ele me abraçou mais perto de seu peito.
— Nada é exagero quando se trata de mantê-la segura.
Suspirei.
— Eu gosto que o meu nome vá continuar sem mim.
Sterling
Eu não estava confortável com a situação. Se eu não
tivesse prometido a Araneae conexão com sua melhor amiga
desde o início, não estaríamos aqui. Estaríamos em segurança
escondidos com Lorna e Reid, no alto do céu em Chicago. O
centro médico estava muito aberto, e no entanto, não vi
nenhuma opção para evitar onde estávamos. Entre Patrick e
eu, tomamos todas as precauções que pudemos, homens
observando as entradas e saídas e também perto da entrada
da ala feminina e do setor de parto, o que Araneae acabara de
sair.
Mesmo o berçário estava sendo vigiado. Isso estava sendo
monitorado por Shelly, agente de Patrick aqui. Uma mulher no
berçário chamaria menos a atenção que um homem. Marcel, o
homem que Lindsey apresentou como namorado também era
Sparrow.
Vigiar alguém e confraternizar eram duas coisas
diferentes.
Isso seria resolvido, mas não aqui e agora.
Era óbvio pela sua expressão que ele não planejava me
ver em Boulder. A tarefa em mãos era demais para nossos
quatro associados e os que tínhamos aqui no chão. Isso
significava que, mais uma vez, chamamos os homens de Carlos
para ajudar. Enquanto Araneae voltava à sala de espera para
seu velho mundo, meu olhar foi para a janela no corredor.
O céu estava começando a clarear, mas mesmo com o
amanhecer, a proteção externa do cartel não estava em lugar
algum. Isso não significava que eles nos decepcionaram. Isso
significava que eles eram as sombras desse domínio. Isso é o
que eles faziam, como eles operavam, o que eles preferiam.
Meus homens não eram daqui, não eram reconhecíveis. Por
isso os Sparrows estavam lá dentro e os cartel estava do lado
de fora.
Antes de Patrick e eu voltarmos para a sala de espera,
virei-me em sua direção.
— O que você acha do que Araneae disse sobre Neal
Curry?
Sua cabeça balançou.
— Eu acho que é uma pista, talvez a peça que faltava para
Reid rastrear os Marshs.
Passei a mão pelo cabelo.
— Mais uma vez, o aviso sobre os Sparrows.
Embora seus lábios achatassem, Patrick não respondeu.
Se meu pai ajudou a escondê-la, por que os avisos?
— Meu pai sabia que ela estava viva, ele me mostrou suas
fotos, até que McCrie foi morto. Foi quando Josey Marsh levou
Araneae para o aeroporto e Kennedy acabou aqui. — Eu estava
pensando em voz alta, insatisfeito por estar na sala de espera,
perto de muitas pessoas.
— Se Lucille Nelson está dizendo a verdade ... — Não
havia motivação para ela mentir. Ela poderia nunca ter dito a
Araneae.
— Então a carta acompanhou Araneae ao internato. Foi
ao mesmo tempo que McCrie morreu e Araneae foi afastada. —
Passei a mão pelos cabelos.
— Eu não acho que meu pai matou nem ordenou que
McCrie fosse morto. Outro dia, McFadden praticamente
admitiu ter ordenado a morte de McCrie. Algo que posso nunca
saber o porquê.
Patrick assentiu.
— O que aconteceu dez anos atrás? O que balançou o
barco? O que fez McFadden ligar McCrie e Allister ligar
Araneae?
— Foi na mesma época em que eles exumaram os restos
mortais na sepultura em Cambridge. — Eu falei.
— Ao mesmo tempo em que minha mãe disse que meu
pai pensava que ele estava mentindo, que Araneae estava
realmente no túmulo, não a adolescente que ele tinha
observado.
— Sem ofensa, Sparrow, mas não confio em sua mãe, na
memória dela ou na honestidade.
— É difícil descobrir segredos que foram enterrados por
uma década ou mais. — Admiti com exasperação no meu tom.
— Eu concordo com você, mas minha mãe parecia
inflexível. No que não confio, ou devo dizer que não confio em
sua fonte. Meu pai poderia ter mentido facilmente.
— Parece. — Disse Patrick.
— O único jogador vivo no cenário do trio, formado por
Allister, Daniel e Rubio ... é Rubio.
— Quem diabos é ou foi Neal Curry?
Alguém que soube que Araneae estava viva depois que ela
foi expulsa de Chicago.
Alguém que sabia exatamente onde ela apareceria.
— A resposta óbvia seria os Marshs. — Eu disse.
— Afinal, Araneae disse que sua mãe a levou às pressas
para o aeroporto e deu-lhe a nova identidade. Nós precisamos
saber com certeza se a carta endereçava Araneae como
Kennedy.
Patrick assentiu enquanto olhava para o telefone.
— Reid provavelmente não está acordado. — Eu disse.
— Quando ele estiver, eu quero saber o que ele descobrir
sobre Neal Curry assim que descobrir.
Nosso homem em Chicago tinha um prato cheio. O que
com nossas atividades normais e pela cidade, descobrindo o
conteúdo do cofre e rastreando Neal Curry, era demais para
Reid. Patrick e eu precisamos voltar para Chicago para fazer a
nossa parte.
Patrick ergueu os olhos da tela do telefone.
— Reid está acordado. Ele apenas me mandou uma
mensagem de texto e disse que está no rastro de Curry. —
Patrick continuou lendo.
— Parece que ele esteve acordado a maior parte da noite.
Quando Lorna adormeceu, ele foi para o dois.
— Ele disse como ela está?
Os olhos de Patrick passaram da tela para o meu olhar.
Com um leve movimento de cabeça, seus lábios se curvaram
para cima.
— Tudo bem. — Eu respondi ao seu sorriso.
— Araneae está me deixando mole.
— Não é mole, Sparrow. É compaixão. Nem sempre
funciona neste mundo, mas não é uma coisa ruim de se ter,
principalmente para as pessoas certas.
Eu resmunguei.
Era novo para mim e não era.
As pessoas que residiam em nosso apartamento estavam
lá por uma razão. Eu porra deu a mínima para eles. Eles eram
para mim como as pessoas na sala de espera eram para
Araneae. Eles eram os pontos fracos de Araneae que eu
propositalmente explorei. Ela se importava com essas pessoas.
É por isso que tínhamos Sparrows aqui até que essa coisa com
McFadden e Araneae fosse resolvida.
Só não sabia ao certo o que isso significava. De acordo
com minha mãe, significava obliteração.
— Lorna ainda está dormindo. — Respondeu Patrick, me
tirando dos meus pensamentos e retransmitindo as
informações em sua tela.
— Reid também disse que está progredindo, quebrando a
criptografia. Com a idade do armazenamento de dados, ele
acredita que a chave será comparativamente mais curta do que
se tivesse sido criptografado hoje. Seu maior problema foi
invadir os dispositivos de armazenamento desatualizados sem
danificar o dados.
Pode ser comparado a jogos de vídeo. Eu nunca tive
tempo para isso. A guerra que eu jogava era real. No entanto,
temos capos com excelentes habilidades de hackers, surfistas
da dark web, que começaram sua educação como jogadores.
Reid teve que descobrir como essencialmente jogar um
videogame de 26 anos em um novo e incompatível console.
— Ele rompeu os problemas com a leitura dos CDs. —
Disse Patrick.
— Tem vários computadores em execução, dedicados a
encontrar o esquema de criptografia.
Na minha cabeça, imaginei as telas na parede do segundo
andar, os dados girando e correndo com todas as
possibilidades até encontrar a correta. Com o poder do
computador que tínhamos em nossa operação, literalmente
milhares de possíveis esquemas podem ser tentados por
segundo.
A porta da sala de espera se abriu.
As bochechas de Araneae estavam molhadas e os olhos
vermelhos.
— O que foi? — Eu perguntei, correndo em sua direção.
— Ela está aqui.
Meu pulso aumentou quando cheguei aos ombros de
Araneae.
— E ... ela é?
Araneae pegou o telefone e passou a tela, mostrando uma
foto.
Araneae
— Olha. — Eu disse enquanto segurava meu telefone.
— Ela não é linda? — Sterling balançou a cabeça quando
me puxou parta perto.
— Porra, Aranaea
— O que? — Estiquei o pescoço para cima
— As lágrimas. Em nosso mundo, elas geralmente
significam algo ruim.
Com meus braços em volta de sua cintura e os dele em
volta da minha, o mundo parecia certo.
— Era disso que eu estava falando, Sterling. Você sempre
salta para a conclusão mais negativa. A Kennedy Lucille está
aqui. Ela é linda e de acordo com Lucy, ela chora muito alto.
Ela também tem dez dedos nas mãos, dez dedos nos pés, pesa
três quilos e meio, e tem cinquenta e três centímetros de
comprimento.
— Luz do sol, essas conclusões mais negativas nos
mantêm no topo de todas os cenários possíveis. — Sterling
virou-se para Patrick.
— Envie uma mensagem para Darius sobre o carro e
Marianne para o avião. Estamos indo para casa.
O que?
— Não, ainda não. — Eu disse.
Sterling não precisava responder, não verbalmente. A
resposta foi clara em seus olhos escuros e mandíbula
esculpida.
— Por favor, eu quero abraçá-la, só por um momento.
Então podemos ir, eu sei que há um milhão de incêndios em
Chicago. Quero saber o que há nessa caixa, nesses CDs e
disquetes e nos documentos. Eu quero. Mas ... me dê meia
hora.
O olhar de Sterling foi para Patrick. E enquanto ele não
disse uma palavra, Patrick assentiu.
— O avião estará pronto em uma hora. — Disse Patrick.
— Marianne precisa traçar o plano de voo de volta para
Chicago. — Suspirei.
— Obrigada.
Quando comecei a me afastar, parei.
— Depois que formos ... ainda haverá pessoas os
vigiando?
Sterling assentiu.
— Sim, todos estão seguros e permanecerão assim.
Ele disse isso antes do incidente horrível com Louisa. No
entanto, ele também me disse que, desde esse episódio, o
número de olhos neles, o número de Sparrows, aumentaram.
— Obrigada.
Pela janela, o céu estava iluminando. Era manhã e todos
nós ficamos acordados a noite toda. Inferno, começamos o dia
voando para Cambridge.
Eu me ajoelhei no túmulo vazio de um bebê pequeno, e
agora eu estava segurando outra com uma vida plena diante
dela.
Voltando para a sala de espera, sentei-me ao lado de
Winnie.
— Mal posso esperar para segurá-la.
Ela fingiu um sorriso em minha direção. Talvez não tenha
sido forçado. Talvez fosse a falta de sono.
— Eu-eu estou nervosa por vê-lo novamente, por vê-lo.
— Ele? Você quer dizer Sterling?
Ela assentiu.
— Posso lhe dizer uma coisa? — Sua voz era um sussurro
baixo.
Examinei a sala ao nosso redor, agradecida por Sterling e
Patrick ainda estarem no corredor. Para aqueles que estavam
à nossa volta, realmente não importava o nosso volume.
Todo mundo na sala estava conversando, olhando para a
mesma foto que todos nós tínhamos recebido e discutindo as
informações de Kennedy. Foi então que eu notei que Calvin, o
pai de Louisa, e os pais de Jason tinham saído da sala de
espera.
Claro, os avós estariam de volta com a sua preciosa nova
neta. Minha mente voou para um lugar desconhecido, uma
imagem minha segurando um bebê de cabelos escuros com
Annabelle e Genevieve presentes. Talvez fosse minha falta de
sono incentivando minha imaginação. No entanto, se isso fosse
um sonho surreal, eu poderia fazer alterações, eu também
queria adicionar Josey àquela sala.
Isso não importava.
A imagem era puramente ficção.
Primeiro, Sterling e eu não estávamos falando sério, ou
estávamos? E então eu não podia imaginar em um milhão que
Genevieve Sparrow me receberia ou um filho meu, mesmo que
também fosse de Sterling, na família Sparrow.
— Kennedy?
— Hum. — Eu disse, dispensando minha imaginação.
— O que você quer me dizer?
— Ele entrou em contato comigo novamente.
— Quem?
— Agente Hunter.
Soltei um longo suspiro quando meu pulso acelerou,
novamente agradecida que Sterling e Patrick não estavam na
sala.
— Sério, Winnie, há muita coisa acontecendo. Você não
pode falar com ele. Não estou pedindo para você mentir. Só não
fale com ele.
Lágrimas brotaram em seus olhos.
— Eu pensei que estava ajudando você. Eu sei agora que
estava errada, mas isso não significa que a coisa toda com
Louisa não me assustou.
Estendi a mão e coloquei minha mão em seu joelho
coberto de jeans.
— Tenho certeza. Eu estava com medo e não estava aqui.
Mas você não vê que foram os Sparrows que a salvaram? Ele
faz coisas boas.
— Imóveis. — Disse Winnie.
— Você mencionou isso.
— Gostaria de poder lhe contar mais. Eu queria. Eu não
posso pelo resto desta semana, eu quero você feche tudo na
Sinful Threads, todas as operações no país. — Sterling havia
me dito e Jana para trabalhar em casa. Estendendo o pedido
a todo o país foi minha ideia; afinal, Sinful Threads era a minha
empresa. Talvez eu estivesse aprendendo a viver neste novo
mundo.
— Eu prometo que é por uma boa razão. Diga a todos os
gerentes que todos serão pagos por seu tempo normal. Diga-
lhes que é um bônus de fim de semana prolongado em
comemoração à nova filha do Sr. e da Sra. Toney.
Os olhos de Winnie se arregalaram a cada palavra. Ela
olhou para o seu relógio.
— Imediatamente, pelos próximos dois dias. Você quer
que a produção seja interrompida quando já estamos
atrasadas nas encomendas de vestido? Temos equipes
planejadas para trabalhar segunda-feira, também. Eles estão
esperando a hora extra.
— Dois dias, Winnie. Isso é tudo. Ninguém trabalha no
Dia do Trabalho. Estaremos em pleno funcionamento na terça-
feira.
— O que está acontecendo? Você não pode me dizer
alguma coisa?
— Posso garantir que você está segura e, se encontrar
novamente o agente Hunter, nós saberemos.
— Estou sendo vigiada?
— Não de uma forma ruim. Após este fim de semana,
esperamos que tudo seja resolvido. A vida irá voltar ao normal.
— Kenni, o que é mais normal para você?
Minhas bochechas subiram.
— Também não posso lhe dizer isso, mas posso dizer que
gosto. Eu estou confortável e segura. — Eu olhei em seu olhar.
— Eu sou amada. Eu realmente sou. E eu o amo também.
— Eu posso ver isso. Eu posso. Mas você deve saber que
eu não procurei Wesley. Ele me encurralou enquanto eu estava
no mercado. Nós não conversamos muito. Não posso controlar
onde ele me encontra.
Eu a olhei diretamente nos olhos e falei baixo.
— Winnie, você sabe o que aconteceu com Louisa e Jason.
Isso é coisa séria. O envolvimento do FBI não ajuda. Isso vai
piorar. Deixe Sterling lidar com isso. Ele está nisso. Fique em
casa ou com Louisa até depois do feriado.
Seus lábios desapareceram entre os dentes enquanto ela
olhava para baixo e depois para cima.
— Wesley me disse para fazer um acordo e me salvar. Ele
disse que tem algo sobre atividades ilegais na Sinful Threads.
Alguém no Sinful Threads pode estar trabalhando para o Sr.
Sparrow?
Minha cabeça balançou de um lado para o outro.
— Não, não de uma maneira nefasta.
— Eu disse a ele que não sabia de nada. — Ela suspirou.
— Gostei de Wesley. Eu realmente gostei. Agora não sei
em quem confiar.
Eu conhecia esse sentimento. Eu já tive.
— Confio em Sterling e Patrick implicitamente. Eu irei
dizer a eles o que o agente Hunter disse. Nós vamos chegar ao
fundo disso. — Ou devo dizer, vamos adicioná-lo à nossa
crescente lista de tarefas.
As portas duplas se abriram e os quatro avós sorridentes
entraram.
Lucy falou.
— Eles têm vestidos de papel lá atrás e antes que você a
toque, você precisa higienizar suas mãos, mas se você quiser
entrar, elas deixarão vocês três.
— Garotas?
Acho que foi isso que veio de uma geração para outra. Os
mais jovens, não importa quantos anos, eram sempre mais
jovens.
Meu olhar foi entre Winnie e Lindsey.
— Vamos lá.
Poucos minutos depois, coberto por um vestido de papel
azul, sentei-me em um banco grande enquanto Jason veio em
minha direção com Kennedy em suas mãos cuidadosas.
— Tia Kennedy, estamos muito felizes em apresentá-la a
Kennedy Lucille Toney. — Ele colocou o lindo bebê embrulhado
em um cobertor leve nos meus braços à espera.
Seu rostinho franziu quando seus olhos se abriram e
fecharam.
— Está muito claro aqui, querida. — Eu disse.
Desembrulhando o cobertor, espiei seu corpinho perfeito
coberto apenas com uma pequena fralda. Quando eu abri seu
punho, ela envolveu seus dedos finos em volta do meu dedo.
Com lágrimas nos olhos, olhei para Louisa.
Ela estava sorrindo do meu jeito com Jason ao seu lado.
— Ela é linda. — Eu disse, minha voz cheia de emoção.
Ela também estava usando um pequeno gorro.
— Posso tirar o gorro para ver o seu cabelo?
— Sim. — Disse Louisa.
— É claro, como o de Jason. — Seus olhos brilhavam com
derramamento de lágrimas.
— Como o seu, Kenni.
Isso era. Seu cabelo era um fino revestimento amarelo
suave, pouco visível e macio como seda ao toque.
— Olá, Kennedy. — Eu sussurrei.
— Sua tia Aran...Kennedy vai estragar você com mimos.
Eu não queria desistir dela, passá-la para Winnie ou
Lindsey, mas sabia que Sterling estava esperando. Finalmente,
olhei em volta.
— Eu não posso ser egoísta. Quem é a próxima?
Uma vez que Kennedy estava segura nos braços de
Lindsey, fui para Louisa.
— Eu amo vocês ... ambos ... todos vocês. Eu tenho que
voltar para Chicago, mas prometo que estarei de volta.
Louisa pegou minha mão.
— Jimmy Hoffa?
Eu sorri e balancei a cabeça.
— Não, não faço ideia de onde ele está enterrado. — Ele
desapareceu na década de 1970, eu tinha certeza de que ele
não era um dos esqueletos.
O pai dele ou do meu tio?
Agora essas eram possibilidades genuínas.
— Fique segura. — Disse Jason.
— Eu vou. Você também.
Jason assentiu.
— Temos ajuda e ... — Ele olhou para Kennedy nos braços
de Lindsey.
— Nós aceitamos.
— Tudo o que posso dizer é que você é importante para
mim. Isso faz você importante para ele.
Depois de dar uma rodada de abraços, saí da sala. A mesa
das enfermeiras estava muito mais ocupada do que antes,
homens e mulheres de avental chegando e indo, assistindo a
monitores e digitando informações.
Havia uma normalidade no centro médico, agora que era
manhã que era reconfortante. Na sala de espera, eu me despedi
de Lucy e Calvin, imaginando como essas pessoas se
encaixariam no meu novo mundo.
O que era normal?
Eu não tinha certeza de que sabia mais.
E então, quando eu abri a porta para o corredor externo
e um homem diabolicamente bonito virou seu olhar sombrio
para mim, eu sabia.
Sterling Sparrow era meu novo normal.
— Luz do sol. — Ele disse.
— Precisamos voltar. Reid quebrou o primeiro CD.
— Quebrou? — Perguntei, horrorizada.
— Não, ele tem os dados. Só faltam onze.
Josey / Rebecca

Presente

— Você já pensou nela? — Perguntei a Neal uma manhã,


quando acordei depois de um sonho vívido estrelado por nossa
filha. Na minha imaginação ela ainda estava com dezesseis
anos, linda com tanta vida pela frente.
Ele pegou minha mão.
— Eu penso. Penso em procurá-la, mas estou com medo
do que vamos encontrar.
— Estamos desconectados de tudo há tanto tempo. —
Olhei em volta da nossa cabana de dois quartos. A porta do
quarto estava aberta para a sala maior, um espaço
compartilhado por uma área de estar e uma pequena cozinha.
Os pisos de madeira estavam limpos como as janelas e nossos
móveis simples. Tínhamos uma lareira para aquecer e janelas
que se abriam para resfriar. A comunidade em que vivemos
pelos últimos dez anos, poderiam ser considerados uma seita,
mas para nós era simplesmente nosso lar. As pessoas lá dentro
nos deram boas-vindas, sem perguntas. Eles nos levaram e
nos deram nosso próprio espaço. As pessoas aqui vieram de
todas as esferas da vida.
Raramente discutíamos o mundo fora da nossa bolha,
mas quando o fazíamos, a maioria estava satisfeita com a
nossa decisão de nos conectar com a terra.
Nós aprendemos os seus caminhos.
A regra mais importante era bondade e participação.
Nenhum ato de violência era tolerado. Isso significava expulsão
imediata. E todos nós trabalhávamos juntos para manter a
comida nas mesas, toras nas lareiras e roupas em nosso corpo.
A comunidade no norte do Maine era completamente
autossuficiente, com poucas exceções. A cada trimestre, um
grupo de homens ia à cidade vizinha. Eles vendiam nossas
colheitas ou nossas criações e compravam suprimentos.
Sob a cobertura de uma organização religiosa, nossa
comunidade estava isenta de certas leis. Isso permitia que os
moradores vivessem fora da rede, por assim dizer. Nós não
tínhamos impostos, contas ou cartões de crédito. Nada que nos
conectasse ao mundo que deixamos.
Quando nos mudamos para cá, recuperamos nossos
nomes reais.
Era um risco. Era o nome que Allister Sparrow sabia, se
acreditasse que ainda estávamos vivos.
O amigo de Neal nos forneceu outras identificações.
Nosso medo era que seu amigo soubesse os nomes que
ele nos tinha dado. Ele também sabia o nome que ele deu a
Renee. Ao retornar a Neal e Becky Curry, cortamos todos os
nossos laços com Renee. Era assim que eu ainda me referia a
ela.
Renee.
Ela deveria estar definida como Kennedy Hawkins agora,
mas para mim, ela sempre seria nossa Renée. A filha que vimos
crescer. A que tivemos o privilégio de amar.
Sterling
Reid, Patrick e eu estávamos juntos no 2 quando a tarde
de quinta-feira se transformou em quinta-feira à noite.
Enquanto a falta de sono nas últimas trinta e seis horas tinha
nossos nervos no limite, tendo Araneae e Lorna, assim como
os três nós, protegidos com segurança dentro do nosso
bloqueio atual, me deram uma pequena quantidade de
conforto. Que, juntamente com os olhos constantes nos amigos
de Araneae em Denver e Boulder e quase parecia que
poderíamos encontrar a luz no final deste túnel.
Sete CDs foram abertos.
Faltam cinco.
E quatro disquetes.
Daniel McCrie acertou em cheio, pelo menos quando ele
fez isso. A tecnologia era nada como é hoje. Ele copiou capturas
de tela de sites de leilão on-line com fotografias de meninos e
meninas que estavam à venda e aluguel. Eu ouvi quando era
jovem, espionando quando não deveria, que a maioria das
crianças durava alguns meses a talvez um ano no que os
homens de meu pai chamavam de estábulos. Uma vez que não
tivessem mais utilidade, eles eram vendidos, muitas vezes para
fora do país. Era uma operação elaborada.
Quando fechei as portas do circuito de Sparrow, recebi
reclamações de todo o mundo. O que Rubio havia dito sobre
eu fazer isso muito abruptamente estava quase certo.
Os intermediários descontentes de meu pai, os que
obtiveram lucros menores na exportação, começaram a se
revoltar. Poderia ter sido notado se eu não tivesse cuidado
quando eu fiz. Depois que alguns associados acabaram em
banhos ácidos dentro de barris próximos nos estaleiros, a
notícia se espalhou rapidamente.
Em dois CDs, havia até trechos de um feed ao vivo.
Infelizmente, a capacidade de armazenamento em CD era
significativamente menor do que a que tínhamos hoje com pen
drives. A capacidade total do computador doméstico médio na
época do nascimento de Araneae era menos do que uma única
unidade flash hoje. Os trechos eram apenas de alguns
segundos, mas eles mostraram o suficiente.
Ouvi falar da transmissão ao vivo, mas nunca a vi.
Os clientes podiam fazer seus pedidos e pagar para ver
em tempo real o que eles pediam. Os trechos incluíam bolhas
de texto dos clientes fazendo sugestões e lances. Para quem
ganha dinheiro, era uma configuração brilhante.
Em vez de satisfazer um cliente com uma criança,
milhares poderiam sintonizar e assistir. Como um ser humano
moral, mesmo no meu mundo imoral, virou-me o estômago.
Com tudo o que eu vi, era preciso muita merda para me
deixar enjoado.
Foi o que aconteceu.
Isso cruzou a linha.
— Você acha que pode rastrear os clientes? — Perguntei
enquanto reproduzíamos o trecho.
— Olhe bem ali. — Reid pausou o trecho e eu apontei para
a bolha perto do lance.
Reid balançou a cabeça.
— Eventualmente, talvez. Isso foi 26 anos atrás. Essas
contas, sem dúvida, desapareceram. O endereço IP poderia me
levar para a região, cidade, ou município, mas eu me arriscaria
dizer que o usuário estava na maior área de Chicago.
— Não reduzindo muito. — Eu disse, desanimado.
Mesmo na minha mente de quase trinta e três anos,
quando as fotos surgiram na tela, me vi transportado de volta
ao escritório de meu pai, completo com os ambientes escuros,
o fedor de cigarro e fumaça de charuto e o riso revoltante de
seus homens.
Eu odiava essa sensação. Tudo sobre isso fazia minha
pele arrepiar.
A cada descoberta, lembrei-me de que não era aquele
jovem adolescente petrificado. Eu era um homem, o
governante do submundo de Chicago e aquele que levou abaixo
meu pai e outros que tomaram a decisão de não me seguir, eu
também era o homem que parou o lado Sparrow desse circuito
horrendo, ajudando as vítimas como pude, as que encontrei e
que queriam se salvar.
As próprias imagens não levariam à queda de McFadden
ou Sparrow. As vítimas nem sequer foram identificadas
conclusivamente. As crianças eram numeradas não
nomeadas. E então vimos, um link de URL na transmissão ao
vivo de um trecho.
— Olhe para isso. — Disse Reid, ampliando uma imagem
estática da transmissão ao vivo. Na parte inferior direita, no
canto era o link para fazer lances. Esse link deveria ter levado
a um dos grupos.
Não estava mais ativo, mas pelo menos, era o começo de
sua pesquisa atual.
Silenciosamente, eu esperava que fosse para McFadden e
não para Sparrow. Isso não salvaria a Sparrow Enterprises ou
a minha memória do meu pai, Sparrow Enterprises era diversa
e solvente e minha memória de Allister Sparrow já estava
manchada. Minha esperança era por um motivo: eu não queria
ter que explicar o conceito para Araneae e admitir que era o
circuito do meu pai.
— McFadden. — Eu falei.
— Me disse que McCrie lhe deu seis CDs e para meu pai
seis. Você acha que nesta caixa temos uma cópia de cada um?
— Se for esse o caso. — Respondeu Patrick.
— Seis deles incriminam cada grupo. — Ele olhou para
mim.
— Tenho certeza de que na época ele sabia qual era qual.
Recostei-me na cadeira enquanto os dedos de Reid
continuavam voando. Em outra tela, o computador estava
trabalhando no esquema de criptografia do próximo CD. Cada
um tinha um diferente. Ele definitivamente tinha tomado seu
tempo para fazer com que isso fosse completamente possível.
— Rubio não disse. — Eu falei.
— Mas se eu teorizasse, especularia que McCrie levou a
cada homem seu próprio grupo de CDs, para provar que o
tinha. Ele pensou que traria algo a ele como pagamento.
— Isso o matou. — Disse Reid.
Quem diria que Reid estava ouvindo?
— Não imediatamente. Isso lhe deu tempo. — Eu falei,
levantando e fazendo uma pequena caminhada.
— Por que McCrie desistiu de Araneae no nascimento?
— Nós sabemos que ele fez? — Patrick perguntou.
— Sabemos quase certo da boa juíza, que ela acreditava
que Araneae estava morta. Ela deu à luz e eles entregaram a
ela um bebê morto.
Minha cabeça balançou quando um dos computadores
emitiu um sinal sonoro. Todos nós olhamos na mesma direção.
A tela que estava rolando com milhares e centenas de milhares
de esquemas, uma série de números e letras na tela.
— Número oito. — Disse Reid com confiança.
— Eu continuo voltando. — Comecei.
— Ao meu pai dizendo que Daniel McCrie devia a ele. Não
consigo imaginar meu pai ajudando McCrie a partir da
bondade de seu coração.
Ele não tinha coração.
— Talvez tenha sido quid pro quo5? — Patrick ofereceu.
— McCrie deu a meu pai os CDs que envolviam Sparrow.
Ele deu a Rubio os CDs que implicavam McFadden. Ele
escondeu cópias. Finalmente, McFadden o matou.

5 Expressão latina que significa ‘tomar uma coisa por outra’.


— Você tem um salto de dezesseis anos aí, um buraco. —
Disse Patrick.
— Porra, eu estou ciente.
Reid se afastou das telas, girando sua cadeira, seus olhos
escuros zerando em mim.
— Antes de falar com a juíza Landers, pensamos o que?
— Que ela deu Araneae para protegê-la.
— Daniel McCrie era o pai dela. — Disse Reid.
— Ele viu a merda nesses CDs. Ele trabalhou para
McFadden e também para seu pai. Ele sabia o que os dois
homens eram capazes de fazer.
— Então você está dizendo. — Eu disse.
— McCrie a abandonou para protegê-la. Ele escondeu sua
existência até da esposa, para sua segurança?
Reid deu de ombros.
— Faz sentido. Não consigo imaginar mentir para Lorna,
mas se fosse para salvar a vida do meu filho, para salvá-la de
acabar como uma dessas fotos, eu simplesmente faria.
— E ela chutaria sua bunda se soubesse. — Acrescentou
Patrick.
— McCrie não está por perto para a juíza Landers dar um
chute no traseiro.
— No momento, acho que ela está apenas espantada,
porque sua filha está viva. — Minha cabeça começou a
balançar.
— Você sabe, você pode estar certo sobre o pai dela. Nós
imaginamos a mãe dela tentando salvá-la, por que não o seu
pai? — Parei de andar e me virei para meus dois confidentes.
— Por que ele foi ao meu pai? Por que não McFadden, seu
cunhado?
— Talvez seja esse o motivo. Talvez ele achasse que
Allister poderia escondê-la de sua própria família. Temos quase
certeza de que Rubio descobriu o golpe de McCrie. Se ele
ordenou a morte de seu cunhado, o que o impediria de colocar
sua sobrinha em um circuito de sexo e exploração?
— Por que meu pai o ajudaria? O que havia nele? Allister
Sparrow não era o tipo de homem que distribuía favores, nem
um desse tamanho.
Reid girou a cadeira e levantou os quatro CDs ainda em
suas caixas plásticas no ar.
— Este. Talvez McCrie tenha dito a Allister que ele tinha
cópias. Ele os ofereceu a ele depois que Araneae não era mais
uma criança, já não servia para esse circuito.
— E então. — Eu disse, as peças se encaixando no lugar.
— Quando meu pai ouviu rumores sobre a coisa toda ser
uma armação, sobre Araneae realmente estar morta ao nascer,
ele ficou lívido. McCrie entrou em pânico e foi a McFadden fazer
o que ...? Ofertar a ele o mesmo acordo? McFadden não
acreditava que ela estivesse viva.
— Porque foi o que sua mãe disse e seu pai anunciou. —
Patrick disse.
— Seu pai disse a sua mãe que ele havia mentido.
McFadden ficou sabendo. Ele estava cansado da merda de
McCrie e o matou. Problema oficialmente resolvido.
— Enquanto isso. — Reid disse.
— De alguma forma os Marshs, como diabos eles ficaram
sabendo da morte de McCrie. Se eles estavam se reportando a
Allister, eles estavam cientes pelo menos do grupo Sparrow.
Eles presumiram, como muitos outros, que a morte de McCrie
foi um feito de Sparrow. Eles enlouqueceram e fugiram ...
Eu parei de andar de novo.
— Faria sentido que eles tivessem medo de Allister. Por
que eles avisaram Araneae e a Sra. Nelson sobre o nome
Sparrow. Porra, eles talvez nem soubessem que McFadden
fazia parte da equação.
— E agora. — Continuou Reid.
— McFadden achou que todos os seus problemas haviam
terminado.
O bebê no caixão era Araneae. Ele matou McCrie. Ele
manteve Annabelle por perto. Não havia pontas soltas até que
você apareceu com os rumores sobre a falecida Araneae McCrie
em seu braço, um mês e meio antes de planejar anunciar sua
candidatura a presidente. Você implodiu o mundo dele.
Assentindo, sentei-me novamente.
— Droga. Se estivermos certos, estivemos perto de
descobrir isso há anos, mas agora, com as evidências que
temos. — Olhei para Reid e Patrick.
— Podemos rastrear o pagamento na conta da esposa do
piloto do 737 pela empresa de McFadden, para provar que
pagou para que o avião caísse ou pelo menos levantar
suspeitas de que ele estava envolvido? E o fogo no apartamento
de Araneae?
— Eu já estive nisso. — Disse Patrick.
— Shelly recebeu o relatório do inspetor de incêndio. Eles
julgaram o incêndio criminoso com dois casos pendentes de
homicídio culposo.
— Por que homicídio culposo? Por que não assassinato?
— Não há evidências de que o fogo tenha sido feito para
encobrir o assassinato ou causar as suas morte, em vez disso,
as evidências sustentam que o casal morreu como resultado
do incêndio, não antes disso. O relatório do médico legista tem
a ver com a inalação de fumaça.
Eles não estavam mortos antes. Se estivessem, não
teriam inalado a fumaça.
Eu assenti.
— Mas não há suspeitos?
— Nenhum. — Respondeu Patrick.
— Estávamos olhando para o agente de seguros loiro,
mas agora sabemos que era o agente Wesley Hunter.
— Adam Mark, também conhecido como Walsh. — Eu
disse.
— Porra, ele tem tantos nomes quanto Araneae.
— O que vamos fazer com essas informações e as ações?
— Patrick perguntou.
Ele também examinou os documentos. Nós variamos um
pouco no valor líquido, mas de qualquer maneira, se Araneae
puder provar sua identidade, ela será uma mulher muito rica.
— Não tenho certeza sobre as evidências. — Admiti.
— Eu disse a Araneae que eu deixaria essa decisão para
ela. Ainda não decidi como que falar da evidência ou sua
riqueza.
— Você poderia começar com eu tenho más e boas
notícias. — Disse Reid, com uma risada quando ele voltou para
as telas do computador.
— Porra.
— Essas são as más notícias? — Patrick perguntou.
— Não. — Respondeu Reid balançando a cabeça.
— Eu diria que é bom. Acabei de encontrar a conta
encerrada para a qual os lances foram enviados para o leilão
ao vivo. Ele ricocheteou uma tonelada de servidores virtuais,
passou por alguns firewalls arcaicos e acabou de volta aqui.
— Aqui? Diga-me que não é Sparrow.
— Não é Sparrow.
Araneae
Eu acordei quando Sterling subiu na cama. O quarto à
nossa volta era principalmente escuro, com apenas a luz da
lua brilhando através da grande janela. No entanto, na
penumbra, pude distinguir seus belos traços, sua testa
franzida enquanto deslizava entre os lençóis macios.
Eu rolei mais próximo.
— Boa noite, luz do sol, eu não quis acordar você.
Sentei-me apoiando-me nos cotovelos.
— Passei a noite me remexendo. Você pensou que depois
de ficar acordada ontem à noite toda, eu estaria exausta. Eu
acho que é isso, eu estou muito cansada para dormir. Minha
mente está em todo o lugar, você vai me dizer o que encontrou?
Com um suspiro profundo ecoando pelo nosso quarto,
Sterling passou seu braço na minha volta, me puxou para mais
perto e me envolveu em seu abraço enquanto seu perfume
enchia meus sentidos.
— Você fez isso. O que todos eles temiam que você fizesse,
você fez.
Meu corpo ficou pesado com o peso da evidência.
— É ... McFadden ou Sparrow?
— Ambos.
Não estava quente agora.
Eu me virei para encará-lo.
— Eu não quero entregar Sparrow. Eu não. Não é apenas
porque eu amo você. É porque não era você. Você não executou
o que quer que está nesses CDs. Seu pai fez isso. Você parou.
Você fez mais do que isso, você ajudou as vítimas. — Quando
ele não respondeu, eu continuei.
— Você disse que era minha escolha. Eu não quero que
as pessoas saibam.
— Você quer saber detalhes?
— Não. Prefiro não.
— Havia uma coisa que eu nem sabia. — Ele balançou a
cabeça.
— Isso era doentio.
— Quem fez isso?
— O grupo de McFadden. Reid conseguiu rastrear uma
URL antiga. Mesmo quando a merda é limpa, sobrevive no
ciberespaço. Você só precisa saber como encontrá-la.
— Isso ainda pode estar acontecendo?
— Não sabemos. — Disse Sterling.
— A rede obscura de hoje não é fácil de navegar.
Encontrar os sites não é tão difícil quanto seguir aonde eles
vão. Eu poderia dizer sim, existem coisas lá fora, como
encontramos. McFadden está atualmente envolvido? Nós não
podemos dizer. No entanto, podemos provar que há mais de
vinte e cinco anos ele estava.
— Crianças? — Eu perguntei, a palavra grossa na minha
língua. Sterling assentiu.
— Presumindo que as evidências eram recentes quando
seu pai a escondeu, eu diria que se alguma das vítimas ainda
estiver viva, hoje elas estariam em torno da minha idade, talvez
quarenta anos. — Ele rolou em minha direção, até que minha
cabeça estava no meu travesseiro e ele estava sobre mim.
— Acho que tudo deveria ser tornado público.
— Por quê? Você e sua empresa não devem sofrer pelo
que seu pai fez.
— Porque antes de você estar comigo, eu queria esfregar
isso na cara de McFadden. Eu queria entregar uma arma para
ele e vê-lo tirar a própria vida, incapaz de se levantar. Queria
que Sparrow assumisse o controle dos homens de McFadden.
Eu queria reinar sobre todos os cantos sombrios desta cidade.
— Então faça isso. — Eu disse honestamente.
— Eu só tenho uma condição.
— Qual?
— Que eu esteja ao seu lado.
— E se você mudar de ideia?
Minhas mãos foram para os ombros agora nus de Sterling
e se espalharam sobre seu peito, sentindo as depressões de
seu torso.
— Por que eu mudaria de ideia?
— Talvez porque você não precise mais de mim ou talvez
a melhor resposta seja que eu já manchei sua luz. Por minha
causa, você está perdoando e ocultando as evidências e sendo
cúmplice de homicídio.
Com meus olhos se ajustando ao brilho prateado da lua,
eu olhei para os olhos de Sterling.
— Tem mais. Eu posso ver nos seus olhos. Diga-me o que
você não disse.
— Detalhes sobre as evidências?
— Reid quebrou todos os CDs?
— Sim. Ele precisa de uma tecnologia especial para os
disquetes. Eles não envelheceram bem. Eles não podem conter
muita informação, então não temos ideia do que eles podem
ter
— Meu pai escondeu tudo isso? — Eu perguntei.
— Sim.
Minha mão foi para sua bochecha.
— Então ele me trouxe a essa escuridão, não você. Você
me encontrou. Você me salvou.
— Luz do sol, não sei mais o que dizer, mas seu pai fez
mais do que isso. — Meus olhos se arregalaram.
— Eu quero saber?
— Ele também escondeu informações sobre contas
offshore e algumas ações que ele comprou, completo com a
documentação legando os fundos acumulados para seu filho
ou filhos. No caso de não ter filhos, eles deveriam ir para
Annabelle.
Eu estava tendo dificuldade para entender por que
Sterling achava isso tão importante.
— Então tem dinheiro. De quanto estamos falando?
— Bilhões.
Eu suspirei.
— O que? O que você acabou de dizer?
— Somente em ações, Patrick e eu figuramos entre quatro
e seis bilhões.
— O que? Eu-eu não sei o que fazer com esse tipo de
dinheiro.
— Você contrata pessoas. É isso que você faz; pessoas
para ajudá-la a gerenciar. Você pode contratar seus próprios
guarda-costas. Você pode construir sua própria casa segura.
Pisquei os olhos como se ver com mais clareza me
ajudasse a entender.
— Eu não quero nada disso. Quero o que tenho. — Engoli
em seco.
— A menos que agora que você conseguiu o que queria,
não me queira mais.
Seus lábios encontraram os meus.
— Nunca pense nisso. Quero você mais do que a própria
vida. Eu não me importo se você reclamar o dinheiro ou não.
Já disse a você, quando se trata de dinheiro, eu faço tudo certo.
Quero você em segurança. Eu também quero você aqui porque
você quer estar, não porque você precisa garantir sua
segurança ou porque eu a sequestrei.
Meus lábios se curvaram para cima.
— Eu lhe disse que você me sequestrou.
— Somente em Ontário.
— Eu não tenho que pensar sobre isso. Se o que você diz
é verdade, falo com Annabelle. Eu suponho que, se ela quiser
mantê-lo, pode se recusar a me ajudar a verificar minha
identidade. Não importa, Sterling Sparrow, você não está se
livrando de mim e eu não vou me livrar de você. Levou algum
tempo, mas você me convenceu. — Eu levantei meus lábios nos
dele.
— Eu pertenço a você e você pertence a mim.
— E as evidências? — Ele perguntou.
— Vamos dormir pensando nisso. O prazo do meu tio é
antes de segunda-feira. Ainda temos alguns dias.
— Você é incrível.
— Ei. — Eu disse, lembrando da minha conversa com
Winnie.
— Eu sei que temos milhares de coisas acontecendo e
prazos, mas o que significa atividade ilegal para você?
Sterling deitou-se contra o travesseiro.
— Isso pode significar muitas coisas. Por quê?
— Algo a ver com Sinful Threads.
— Vamos conversar com Reid sobre isso.
— Tenho certeza de que isso pode esperar. — Eu ofereci.
— Quero que essa coisa de McFadden seja cuidada
primeiro. — A sala ficou em silêncio até que fiz outra pergunta.
— Sterling?
— Hmm.
— Você pode me dar outras opções para McFadden? Se
você entregar as evidências para ele e ele morder a isca e se
matar, como isso ajudará as crianças se o circuito ainda estiver
ativo? Quero dizer, alguém não vai assumir o lugar?
— Expor o circuito, seu grupo, trará luz ao submundo.
Poderia acabar expondo mais.
— Ou ajudando? Certo? — Eu me sentei.
— Você não está mais envolvido nisso. Agente Hunter
queria minhas informações ou queria que eu testemunhasse
contra você. E se nós dermos a ele ou a alguém outra
informação e que aponte para Rubio, em vez de vocês?
— Como você disse. — Respondeu Sterling.
— Temos alguns dias. Vamos pensar em todas as
possibilidades. Isso é muito grande e muito perigoso.
Debrucei-me sobre seu peito, juntando nossos narizes.
— Sim, Sr. Sparrow.
— Oh, raio de sol, você sabe o que isso faz comigo.
— Sim, Sr. Sparrow ... — Abaixei minha mão sob as
cobertas, sobre seus abdominais apertados, e mais baixo.
Envolvendo meus dedos em torno de sua ereção, levantei
minha mão e baixei.
— Acredito que encontrei mais evidências.
— Você acredita?
Não, eu tinha certeza.
De repente, nosso mundo virou. Eu estava de costas com
o torso tonificado de Sterling me cobrindo. Com o nariz dele
tocando o meu, eu olhei para o seu olhar sombrio quando uma
risadinha escapou dos meus lábios.
Sua cabeça balançou.
— Só você poderia ter esse sorriso lindo.— Traçou meus
lábios.
— E uma risada depois dessa conversa.
Sterling se levantou mais alto, me levando, centímetro por
centímetro, do topo da minha cabeça até onde o corpo dele
cobria o meu. Seu olhar enviou calor para a minha pele,
deixando arrepios em seu rastro.
— Só você poderia estar pensando em sexo. — Eu disse.
A cabeça dele balançou mais uma vez.
— Não tem nada a ver com a conversa e tudo a ver com a
evidência que você estava acariciando. —Ele alcançou as alças
da minha camisola de cetim.
— Eu acredito que você começou isso, mas, raio de sol,
eu planejo terminar.
Meu corpo estava à sua disposição. Isso significava que
havia apenas uma coisa que eu podia dizer.
— Sim, Sr. Sparrow.
Sterling
Sentado em uma sala de conferências no primeiro andar,
a área de trabalho do Grupo Sparrow, ouvi quando dois de
nossos capos Sparrows relataram sobre a distribuição de
heroína que os homens de Carlos tinham descoberto na missão
de reconhecimento.
— Você está dizendo que está centrado no distrito de
armazéns? — Perguntei.
— Sim, senhor. É pequeno, mas lucrativo. Um grupo de
aspirantes desonestos que utilizam as ferramentas que eles já
possuem. — Disse o primeiro homem.
— Os caminhões de outros negócios.
Eles não os roubam. Eles são empregados pela empresa
de caminhões.
Esta era a minha cidade. Ninguém criava uma operação
sem passar por Sparrow. Se eu aprovasse, receberia o limite
padrão. Se eu reprovasse, a operação iria para outro lugar ou
nós a eliminaríamos. O fato disso ter acontecido sob nossos
narizes significava que haveria cabeças rolando em algum
lugar. Ou corpos em ácido.
As possibilidades eram numerosas.
— Eles estão transportando heroína através de
motoristas que atendem a vários pequenos armazéns. —
Continuou o primeiro homem.
— Não é um negócio, mas muitos motoristas são
contratados, não empregados por empresas individuais.
Eu estava entendendo o panorama.
— Esses motoristas estão transportando heroína dentro
de suas remessas padrão.
— Sim. — Disse o segundo homem.
— Algumas empresas relataram discrepâncias nos
números de mercadorias. Por exemplo, que uma empresa faz
movimentação de mercadorias, digamos suprimentos médicos.
Quando essa mercadoria sai do depósito do centro de
distribuição, a quantidade é verificada frequentemente por
peso. É padrão. O único a tocar a mercadoria entre as paradas
é o motorista ou a equipe de carga / descarga. Em algum lugar
ao longo do caminho, o motorista para. Ele ou ela substitui
uma pequena porção da mercadoria pelas drogas. A remessa é
então entregue. Alguém no interior do centro de distribuição
separa a heroína dos suprimentos médicos e a mantém até que
seja apanhada na distribuição.
— Então a quantidade de mercadorias nas duas
extremidades não corresponde. — Eu disse.
— Certo. O peso pode ser verificado se os paletes forem
pesados. É por isso eles precisam remover parte da
mercadoria. Se eles adicionassem apenas heroína, o peso seria
baixo ou as caixas e paletes seriam notavelmente diferentes.
— Há quanto tempo isso acontece na minha cidade?
Os dois homens balançaram a cabeça.
— Chefe, a verdade parece ser que vem acontecendo por
pelo menos alguns meses. Nós a rastreamos até alguns
Disciples desonestos.
Os Disciples eram uma das gangues de rua conhecidas
de Chicago.
Oficialmente, existem cinquenta e nove gangues em
Chicago, com quase cem mil membros. Eles estão aqui porque
permitimos. Eles pagavam sua parte e, em troca, eu ou
McFadden permitimos o uso de nossas ruas. Enquanto
McFadden e Sparrow se beneficiavam, nós também fazíamos
as regras.
— Desonestos? Quero uma reunião marcada com vários
líderes de gangues. Parece que eles têm alguns punks prontos
para tentar uma operação. Vamos parar isso antes que eles
acabem colidindo na rua.
— Esses caminhoneiros foram contratados
principalmente nos últimos seis meses, trabalhando para as
empresas de transporte por caminhão. — Disse o homem dois.
— Não é apenas um caminhão contratante. Eles estão
animando os outros para manter isso despercebido.
— Quero nomes das empresas de caminhões e nomes das
empresas que comandam as mercadorias de saída para o local.
O primeiro homem tirou o celular do bolso.
— Eu tenho a empresa de caminhão. Eles são os que
estão fazendo o transporte e pagando a gestão de nível inferior
nos armazéns e centros de distribuição para assumir a culpa
pelas discrepâncias. — Ele puxou uma lista de apenas alguns
empreiteiros de caminhões.
— Não são muitos. — Eu disse, olhando para a tela dele.
— Envie-me a lista.
— Não, não muitos. — Disse o homem número um.
— Mas eles trabalham para vários empresas. O plano é
bom. Digamos que uma empresa seja pega com números que
não batem, eles não vêem o quadro geral.
Depois de um toque no computador diante de mim, abri
as empresas de caminhões que ele listou. Ele estava certo. Eles
contrataram centenas de empresas menores.
— Você acha que todos os motoristas estão envolvidos?
Os dois homens balançaram a cabeça.
— Não. Isso ainda é pequeno. Nós reduzimos para cerca
de quinze motoristas. — Disse o homem número um.
— Quinze motoristas com mais de vinte paradas, vinte
armazéns diferentes ou centros de distribuição que eles
atendem. — Disse o segundo homem.
— Consiga a lista das empresas de onde eles entregam ou
compram.
— Temos uma parcial. — Disse o primeiro homem,
olhando novamente para o telefone.
Meu computador apitou quando sua lista apareceu.
Enquanto eu rolava a lista de diversas empresas, uma
pulou da tela para mim. Sinful Threads.
Porra.
— E você disse que a gerência nesses armazéns está
ciente do que está acontecendo?
Os dois homens assentiram novamente, o número dois
falou.
— Sim. Eles estão cientes porque precisam dar desculpas
pelas discrepâncias numéricas. Permitir que a sua empresa
seja usada também lhes dá uma parte. Atrevo-me a adivinhar
que alguns estão fazendo mais nisso do que recebem em seus
contracheques.
— Às vezes eles precisam ajustar as imagens de
segurança. — O homem número um disse.
Estávamos preocupados demais com a segurança de
Araneae e com as evidências que ela supostamente possuía,
que permitimos os problemas que ela veio em Chicago verificar.
Paguei Franco Francesca para alterar as quantidades de
mercadoria para Sinful Threads pelo motivo de atraí-la aqui.
Não fazíamos ideia que as questões contínuas, discrepâncias
de números e ajuste nas filmagens de segurança faziam parte
de um quadro maior.
— Vamos encerrar isso. Quero dizer, ninguém começa
sua própria operação em minhas ruas e fica impune. Eu
também quero que os líderes do cartel de Denver tenham
minha aprovação. Obteremos os mapas. Darei a todos o seu
espaço e, com sorte, manterei o mínimo de vítimas.
Não, eu não estava salvando a cidade das drogas. Eu não
era um guerreiro do bem. Eu estava regulando as drogas e os
mercados. Eu estava lucrando com os vícios das pessoas. Eu
derramaria sangue para manter as linhas de vendas e
distribuição claras. Eu também pediria o derramamento de
sangue para fazer o meu ponto. Eu encerraria a operação dos
empreiteiros de caminhões. Para a maioria das empresas, eu
não dava a mínima.
Havia uma empresa que eu me importava.
Eu não tinha dúvida de que as mãos de Franco Francesca
estavam sujas, que ele estava envolvido.
O truque era fazê-lo pagar sem prejudicar a Sinful
Threads.
Precisávamos descobrir o quão profundo era em Sinful
Threads.
Agora.
Araneae
Segunda à tarde, sentei-me com minhas mãos nas de
Sterling, ao lado de Patrick, Reid e Lorna, quando nos
reunimos em torno de uma televisão ridiculamente grande,
aguardando o anúncio presidencial do senador McFadden. Nós
não estávamos no nosso apartamento. Sterling ainda tinha
suas regras sobre quem poderia ser convidado para esse
espaço. Em vez disso, estávamos em uma grande sala do tipo
sala de estar que Sterling, Reid e Patrick se referiam como dois.
Fomos escoltados com sigilo total, apenas sendo mostrada a
sala onde estávamos. Era algo de um filme de espionagem, mas
como pudemos ser acompanhado por outros no pequenos
alojamento, valeu a pena
Também decidi segurar a venda que usava para chegar
aqui, para usar futuramente. Quando mencionei isso ao
homem possessivo ao meu lado, fui recebida com um brilho
sexy em seus olhos escuros.
Sim, isso fez a coisa mais complicada do meu interior.
Eu sorri para os nossos convidados. Este foi realmente
um dia que todos nós tornamos possível.
As informações sobre o anúncio presidencial de
McFadden haviam sido vazadas para a imprensa de propósito
por seu grupo, querendo exposição total. Como senador de
Illinois, mais especificamente de Chicago, sua declaração viria
com Millennium Park como pano de fundo. Parte de mim
queria estar lá pessoalmente, para assistir a cena se
desenrolar, mas não surpreendentemente, Sterling não
aprovou.
Algo sobre segurança.
Ele disse tantas vezes era difícil recordar cada momento
em particular.
Ele estava certo.
Aqui em nossa torre de vidro estávamos a salvo das
consequências.
Nós que estávamos na sala éramos os únicos que sabiam
o que estava por vir.
Todos nós ajudamos.

Dois dias antes

Com Patrick vigiando o escritório externo de Jana,


Sterling e eu esperamos impacientemente dentro do meu
escritório na Sinful Threads. O céu de sábado além das janelas
estava azul cristalino como South Wacker Street e o canal
abaixo ao nível da rua estava cheio com pessoas neste último
fim de semana oficial do verão.
Sterling pegou minha mão.
— Última chance, luz do sol. Você está confiante nisso?
É o que você quer fazer?
Puxando meu lábio entre os dentes, assenti.
— Sim. Quando eu liguei para ela, ela disse que queria
me ver novamente. Eu acho que é hora de ser completamente
honesta com ela.
A expressão de Sterling me disse que ele não estava
confiante no meu plano. Não era só sua expressão, mas a
tensão irradiando dele, emitindo ondas como a barreira
infravermelha que imaginei escondia nosso mundo seguro,
noventa e sete andares no ar.
— Envolvê-la é um risco.
— É. — Eu admiti.
— Acho que depois de perder Josey e ouvir a confissão de
Lucy, quero saber exatamente onde Annabelle e eu estamos.
Você está certo sobre mim. Eu confio nas pessoas. Confiei em
você e veja onde isso me levou. Não posso permitir tirar, eu
mesma, Annabelle da minha vida simplesmente porque perdi
outras mães. Eu quero colocar tudo em risco e, em seguida,
vamos juntas como mãe e filha ou eu sigo em frente com ... —
Eu levantei minha mão no peito de Sterling, sentindo o ritmo
de seu coração sob sua camiseta bem ajustada.
— Nossa família.
Os olhos dele se arregalaram.
— Nossa família?
— Não tire conclusões precipitadas. — Eu disse com uma
risada.
— Quero dizer você, Patrick, Reid, e Lorna. Somos uma
família e eu estou bem com isso.
— Com toda a conversa do bebê com Louisa. — Disse
Sterling.
— Você me preocupou.
— Bem, Kennedy é adorável, mas essas contrações não
pareciam divertidas. E Sr. Sabe-Tudo, você é quem sabia que
eu estava no controle de natalidade antes de nossa primeira
vez. Nada mudou.
— É aí que você está errada. — Ele segurou minha
bochecha.
— Tudo mudou desde que eu trouxe você para este
mundo e para minha vida.
Nossos lábios se uniram quando a sala ao nosso redor
desapareceu. Já não eram as janelas que se encheram de sol
no meu radar. Tudo o que importava era que o homem mais
poderoso e mais bonito que eu já conheci estava me apoiando,
me amando e fazendo-me sentir completa.
Ele me contou sobre o anel de heroína usando pequenas
empresas. Enquanto o termo pequeno em associação com a
Sinful Threads me fez estremecer, eu entendi que em
comparação com um conglomerado como Sparrow Enterprises
era pequeno. Eu também entendi por que o agente Hunter
acreditava que a Sinful Threads estava sendo usada em uma
operação ilegal. Aparentemente estava. Não era coisa de
Sterling. Não era até mesmo de Franco, embora estivesse claro
que ele era um participante disposto.
Infelizmente, Vanessa também, a gerente do segundo
turno do centro de distribuição.
Com as operações atualmente paralisadas, tínhamos
preocupações mais urgentes. No entanto, nenhum desses
indivíduos se reportaria a Sinful Threads.
Todos os funcionários seriam examinados e liberados ou
mantidos. Com ajuda de Patrick, eu limparia o funcionamento
da Sinful Threads em Chicago.
Meu sorriso aumentou quando nosso beijo terminou e eu
olhei para a escuridão do olhar de Sterling.
— Eu posso ver que você está preocupado.
— Eu não quero que você se machuque.
— Você fica me dizendo que estou segura.
— É o seu coração. Eu acho que se Annabelle discordar
do seu plano, isso vai machucá-la aqui. — Sua mão caiu sobre
meus seios.
— Tem certeza de que não quer apenas tocar meus seios?
Sua carranca se transformou diante dos meus olhos,
destacando seu sorriso sexy.
— Eu definitivamente gosto de tocar em seus seios. Com
ou sem uma desculpa.
Eu balancei minha cabeça.
— Meu coração já foi ferido antes. Apenas me prometa
que não será machucado por você e acho que ficarei bem.
— Essa é uma promessa que cumprirei eternamente.
Nós dois nos viramos ao som de Patrick cumprimentando
minha mãe. Eu respirei profundamente.
— Você quer falar com ela sozinha? — Sterling perguntou.
— Não, eu quero você ao meu lado.
Ele simplesmente assentiu, suas feições pararam em
algum lugar entre o granito e o sorriso que ele acabou de me
dar.
Abri a porta do escritório da frente.
— Olá. Obrigada por ter vindo.
— Você ligou, Araneae. Espero que você faça isso com
mais frequência
— Eu gostaria disso. — Eu disse, apontando para o meu
escritório.
— Talvez em ambientes menos formais. — Disse ela.
— Juíza Landers. — Sterling disse em cumprimento,
oferecendo sua mão.
Enquanto eles se cumprimentavam, minha mãe sorriu.
— Este é realmente um mundo totalmente novo para
mim, Sr. Sparrow.
— Para todos nós. — Disse ele.
— Por favor, você é a mãe de Araneae. Chame-me de
Sterling, se você quiser.
— Sterling, por favor me chame de Annabelle.
Sterling assentiu e apontou para a pequena mesa de
conferência.
— Annabelle, Araneae, acredita que temos algumas
coisas a discutir.
Respirei fundo e me virei para Annabelle.
— Mãe. — Gostei de usar o título.
— Eu gostaria de compartilhar com você como chegamos
aonde estamos hoje, eu não sabia nada sobre você, meu pai
biológico, ou o mundo que você habitava.
Annabelle assentiu.
— Devo dizer que não sabia muito sobre esse mundo
quando eu era mais jovem. Eu era voluntariamente ingênua,
mesmo vivendo dentro dele.
Ela sentou na cadeira à minha direita, enquanto Sterling
sento à minha esquerda, me deixando na a cabeceira da mesa.
— Durante anos, tentei não fazer parte.
— Isso também é tudo novo para mim. — Eu disse.
— Mas é importante compartilhar com você o que eu
descobri. Aparentemente, houve rumores sobre mim desde o
meu nascimento.
— Araneae, nunca acreditei neles. Eu disse a Rubio, seu
tio, por anos que eram todos falsos, apenas lendas, como
fábulas contadas entre velhos.
Eu balancei minha cabeça.
— Eles são todos verdadeiros.
Annabelle recostou-se quando seus olhos castanhos
claros se arregalaram e seus lábios formaram uma linha reta.
— O que você quer dizer? Encontrou alguma coisa?
Olhei para Sterling e voltei para minha mãe.
— Sim. Com a ajuda da Sterling, descobrimos tudo o que
nos trouxe até aqui.
O seu olhar se estreitou em direção a Sterling.
— Mãe. — Eu disse, trazendo seus olhos de volta para
mim.
— Eu percebo que houve uma inimizade entre os
Sparrows, McCries e McFaddens.
— Pode-se dizer isso.
— Eu vou ser direta com você. Eu prometo que tudo o que
digo foi verificado. Você acredita em mim?
Ela inspirou e expirou.
— Eu acredito.
— Provavelmente vou lhe dizer coisas em que você não vai
querer acreditar, mas antes de tudo, eu perguntei uma coisa a
Sterling. — Voltei-me para ele.
— Eu pedi para ele ser honesto comigo. — Voltei-me para
Annabelle.
— Minha vida inteira foi coberta de segredos e mentiras.
Ele manteve essa promessa. Apesar do fato de que parte do
que ele me disse foi difícil ouvir, apesar de tudo, ele esteve ao
meu lado.
Ela exalou.
— Eu sei de algumas coisas. Vamos ver o que vai ser dito,
se compara ao que eu me lembro.
— Não são lendas, mãe. No outro dia depois de falar com
você, nós encontramos a evidência que meu pai escondeu.
A sua cabeça balançou.
— Não, isso não é possível. Não existe.
Estendi a mão até nossas mãos se tocarem.
— Mãe, até um mês atrás, você não achava que eu existia.
Ela torceu a mão até que estávamos palma a palma e
segurou a minha.
— Eu nunca quis acreditar que a evidência era real. Eu
queria pensar que Daniel seria honesto com Rubio e Allister.
— Ele foi. — Acrescentou Sterling.
— Ele deu a cada homem uma cópia da evidência contra
sua própria organização. Ele provou que tinha.
— Mas você acabou de dizer ...
Eu interrompi.
— Encontramos as cópias que ele escondeu.
— Evidências contra Sparrow e McFadden. —
Acrescentou Sterling.
— E você tem certeza do que ela contém? — Ela
perguntou.
— Sim. — Respondeu Sterling.
— Eu tenho um homem que se destaca em descobrir
coisas escondidas, dados. Se tem algo a ver com tecnologia, ele
pode decifrá-lo.
Annabelle assentiu.
— Você queria que eu soubesse disso por quê?
— Porque mãe, preciso de sua ajuda. Eu gostaria do seu
conselho.
Lágrimas vieram aos seus olhos quando suas bochechas
subiram.
— Isso é ... não consigo encontrar palavras.
— Juíza... Annabelle. — Disse Sterling, corrigindo sua
saudação.
— Como tenho certeza que você está ciente, essa
evidência lendária tem o potencial de desastre em massa.
Enquanto meu pai, não eu, era culpado dos crimes
descobertos, ainda refletirá sobre Sparrow e Sparrow
Enterprises. Quanto a Rubio, ele estava no comando vinte e
seis anos atrás. Esta é uma conexão direta. Um golpe direto
com um míssil Tomahawk, mortalmente preciso.
— O que você está me perguntando? Deseja que eu aprove
esta destruição do mundo dele, meu mundo, enquanto deixa o
seu intacto?
Araneae
— Não. — Eu disse.
— Sterling quer todas as informações contra os dois
homens divulgadas.
Seus olhos castanhos claros foram para Sterling.
— Porque você iria querer isso?
— É uma história muito longa, juíza Landers. Quando eu
assumi este mundo, eu continuei com muitas das práticas de
meu pai. Uma que eu desliguei imediatamente incluía uso,
tráfico e exploração de crianças. — A cabeça dele balançava.
—Eu fui apresentado a esse mundo pelo meu pai quando
eu ainda era bem jovem. Eu também tive um muito bom amigo
que acreditava ter perdido a irmã em um dos circuitos de
Chicago. Eu faço coisas ruins. Eu não vou mentir para você ou
Araneae. No entanto, quando se trata de crianças, eu traço a
linha.
— Você tem certeza de que essa é a evidência que Daniel
escondeu?
Eu assenti.
Sua pele empalideceu.
— E você está dizendo que Rubio ainda está envolvido?
— Isso é mais difícil de provar. — Respondeu Sterling.
— Ele estava envolvido. Nós temos a prova. A razão pela
qual eu quero todas as evidências apresentadas é pelas
vítimas e suas famílias. Talvez ajude uma ou mais a se reunir
ou a encerrar.
Mais uma vez, havia lágrimas nos olhos de minha mãe.
— Daniel me contou um pouco sobre isso. Eu não quis
ouvir. Eu não queria saber. — Ela se virou para mim.
— Como você encontrou isso? Você me disse que foi
criada por pessoas boas e aos dezesseis anos você estava por
sua conta. Como, então, você tem essa evidência?
Eu levantei meu pulso, aquele com a pulseira antiga.
— A chave agora, já se foi. — Eu disse.
— Depois de conversar com você, começamos a juntar as
pistas. Você disse que meu pai estava mais calmo depois de ir
à igreja em Cambridge, onde vocês casaram. Você disse que ele
voltou com a pulseira. A evidência estava escondida na igreja
onde você e meu pai se casaram. A chave que estava
anteriormente nesta pulseira abriu um cofre que ele havia
dado ao ministro para guardar.
Ela cobriu os lábios com as pontas dos dedos.
— A imagem no medalhão.
— Sim. — Eu disse.
— Era a pista para o local.
— Daniel me perguntou anos depois para onde a pulseira
havia ido. Eu disse a ele que entreguei à enfermeira do hospital
para ser enterrada com você.
Dei de ombros.
— Eu não sei como Josey conseguiu. Lembro que ela
usava toda hora. Quando ela me levou para o aeroporto há dez
anos, ela me deu. Eu a mantive porque era dela. — Eu levantei
meus olhos dos amuletos dourados de volta para Annabelle.
— E agora eu sei que era sua também. É muito especial
para mim.
— Ao longo dos anos, desde que Sterling terminou o
envolvimento de Sparrow no negócio de tráfico de crianças, ele
trabalhou para ajudar as vítimas, eu sei disso porque eu
conheci algumas delas.
Annabelle olhou entre Sterling e eu.
— Por que você se sente tão fortemente tocado sobre isso?
— Eu tinha treze anos. — Começou Sterling.
— A primeira vez que vi fotos das vítimas. Eu não era tão
distante da idade de algumas pessoas no computador do meu
pai. Eu sabia no meu interior que se alguns dos homens que
trabalhavam para o meu pai conseguissem o que queriam,
poderia ser eu na tela. A única coisa que me salvou foi meu
sobrenome. Para ser honesto, temos motivos para acreditar
que esse circuito foi o motivo pelo qual Araneae estava oculta
de você. Não podemos confirmar, mas presumimos que Daniel
a escondeu de Rubio para sua própria proteção.
— De Rubio?
— Como eu disse outro dia, quando eu tinha treze anos.
— Continuou Sterling.
— Meu pai me mostrou a foto de Araneae. Ele disse que
Daniel lhe devia e se eu me provasse, um dia eu poderia tê-la.
Desde aquele dia, eu sabia que ela era para mim. Cada ano até
os dezesseis anos, ele recebeu novas fotos e as mostrou para
mim.
A cabeça de Annabelle tremeu.
— Ainda não acredito que seu pai sabia que ela estava
viva. — Os lábios dela se apertaram quando seus olhos se
arregalaram e ela continuou.
— Oh meu Deus, o jeito que você pronuncia o nome dela.
Você ouviu de Allister?
— Eu ouvi. — Ele respondeu.
— Você diz de forma diferente. — Eu disse à minha mãe.
— Eu digo. Antes de você nascer, propus o nome a Daniel.
Ele concordou se ele pudesse alterar a pronúncia. Eu consenti,
mas na minha cabeça sempre pronunciei como a aranha. Eu
pensei que isso a faria forte. — Os lábios dela se curvaram para
cima.
— E você é. — Ela endireitou sua postura.
— Rubio e Pauline são minha família. — Ela olhou para
mim.
— Sua família. Rubio me apoia desde que Daniel morreu.
— Ele não morreu. — Disse Sterling com naturalidade.
— Ele foi morto por Rubio, talvez não pelas suas mãos.
Embora ela não tenha respondido verbalmente à
proclamação de Sterling, a pele de Annabelle empalideceu
ainda mais, sua respiração tornou-se superficial, e agora seu
olhar vidrado ficou fixo nele.
— Meu pai mandou exumar o caixão de Araneae. —
Continuou Sterling.
— E informou que ela estava dentro. Meu pai estava
irado. Não sei se mentiram para ele ou ele simplesmente
mentiu por seus próprios motivos. — Ele se virou para mim.
— Como eu disse a você, eu tenho a prova de DNA. Esta
é sua filha. Enfim, acreditamos que Daniel lembrou Rubio
sobre a evidência oculta. Rubio pensou que Araneae havia sido
confirmada morta e sabia que você pensava o mesmo. A única
outra pessoa que dificultaria sua ambições políticas, o único
com acesso às evidências ocultas era Daniel.
— Há algo mais. — Eu disse, de pé e caminhando para a
minha mesa. Depois de pegar os dois envelopes da caixa, voltei
para a mesa.
— Meu pai também os deixou no cofre.
Por um momento, Annabelle simplesmente olhou para os
envelopes, com a cabeça lentamente balançando.
— Essa é a letra do meu marido. — Ela olhou para cima.
— Isso é tudo tão difícil de enfrentar. — Ela respirou
fundo e olhou novamente para os envelopes.
— O que eles contêm?
— Informações sobre contas no exterior. — Disse Sterling
sem hesitar.
— Mas ainda não foi possível verificar sua existência ou
os valores que elas contêm.
— Ele me disse que havia dinheiro. — Sua cabeça tremia.
— Eu não ouvi. — Eu empurrei um dos envelopes para
mais perto dela.
— Este contém ações.
— Antes de eu nascer, ele fez investimentos em duas
empresas emergentes.
— Ele era muito bom no que fazia. Ele era tão inteligente
em finanças. Se apenas... — Suas palavras sumiram.
— Annabelle, ele foi excelente. — Disse Sterling.
— Ele investiu no Walmart e Apple. Seus investimentos
agora valem entre quatro e seis bilhões de dólares.
Seus olhos se arregalaram quando a cor recentemente
recuperada sumiu de suas bochechas.
Sterling continuou.
— As ações foram legalmente legadas a seu filho ou
filhos, ou no caso de não ter filhos, para você.
Minha mãe olhou para mim.
— Temos que provar que você é você.
Foi a minha vez de chorar.
— Você não quer?
— Eu não preciso disso. Estou bem. Eu tenho tudo o que
eu quero, exceto você. Agora que eu tenho você, não há quantia
de dinheiro que possa me fazer correr esse risco.
Soltei um longo suspiro.
— Mãe, Rubio McFadden literalmente me ameaçou. Ele
tentou me matar antes de voltar para Chicago. Ele também
organizou o sequestro de minha melhor amiga para chamar
minha atenção e exigiu que encontrássemos as evidências.
Acho que ele decidiu que, uma vez que estou viva, as provas
ocultas também devem ser reais. Ele nos deu até segunda-feira
para produzi-las.
Mais uma vez, ela olhou entre Sterling e eu.
— A juíza em mim quer provas. Você pode provar isso?
— Preferimos manter o sequestro fora das notícias e longe
das autoridades. Nós cuidamos disso. A amiga dela está em
segurança, — disse Sterling.
— A tentativa de assassinato foi o pouso forçado de um
avião comercial onde Araneae deveria estar. Há uma trilha de
dinheiro para o piloto e para sua esposa. O piloto morreu dias
depois em um acidente estranho. Tudo isso é comprovável.
— Essa trilha de dinheiro leva a Rubio?
— Não diretamente, mas sim. — Respondeu Sterling.
— Eu não quero acreditar nisso. Eu sei o que as pessoas
pensam sobre eu e ele. Não é ... — Ela balançou a cabeça.
— Amigos e família. É isso que fomos ao longo dos anos,
colegas. Pelo menos, eu pensei que éramos. Gostamos da
companhia um do outro, mas não da maneira como as pessoas
pensam. — Sua cabeça balançou novamente.
— No entanto, quem você descreve não é o homem que
eu conheço. E ainda no meu íntimo, acredito no que você está
dizendo.
Oh, ela estava dizendo que eles não estavam envolvidos
romanticamente?
Eu esperava que fosse isso.
— Ao longo dos anos. — Ela continuou.
— Fui abordada por agentes federais de execução;
realmente, desde antes de você nascer quando Daniel
supostamente tinha essa evidência. Isso é o que eles queriam.
Eu posso lhe dar nome do agente do escritório de campo de
Chicago.
— Rubio sabia que você conversava com eles? — Sterling
perguntou.
— Não. Eu não tinha nada para compartilhar com eles.
Eu pensei que ele entenderia errado. — Ela voltou sua atenção
para nós dois.
— Mais recentemente, estive em contato com o agente
Wesley Hunter. — Ela se virou para mim.
— Araneae, você encontrou a evidência. Não posso
aconselhá-la sobre o que fazer com isso. — Ela olhou para
Sterling.
— Tudo o que sei é que tenho minha filha. Eu não quero
perdê-la.
Araneae

Domingo

Com a assistência de Winnie, contatamos o agente


Wesley Hunter. Antes de nossa reunião, eu escolhi entregar
seis CDs para ele. Enquanto Sterling estava disposto a expor
os dois lados, eu não consegui. Eu não daria o motivo para o
FBI investigar mais Sterling.
Eu encontrei o agente Hunter em um café movimentado
no início da manhã de domingo na Division Street em uma
parte movimentada de Chicago. O lugar era animado com os
clientes. Os assentos ao ar livre estavam preenchidos quando
os bebedores e os clientes desfrutavam dos restos do verão.
Surpreendentemente, o local da nossa reunião foi
escolhido por Sterling. Ele queria em um local público para que
eu pudesse ser melhor vigiada. Eu sabia que Patrick estava a
uma distância. Eu também sabia que Reid estava sentado do
outro lado do restaurante. O que eu não sabia era quantos
eram os outros Sparrows.
Tecnicamente, estávamos perto do prazo final com
McFadden e tudo poderia acontecer.
Enquanto tomava uma xícara de café, o homem que
conheci como Mark se aproximou minha mesa.
— Senhorita McCrie.
— Agente Hunter.
Ele sentou-se à minha frente no estande.
— Como você pode imaginar, eu fiquei surpreso ao
receber sua ligação.
— Estou aqui por dever cívico.
A cabeça dele inclinou-se.
— Veja bem, eu não tinha o que você queria quando me
emboscou. Contudo, as coisas mudaram.
— O que mudou? — Ele perguntou enquanto se inclinava
para frente.
— Você está pronta para testemunhar contra o Sr.
Sparrow?
Em vez de responder, continuei.
— Há rumores de que sou titular de uma evidência
escondida pelo meu pai biológico. Como você provavelmente
sabe, eu nem sabia minha verdadeira identidade até
recentemente. A ideia de que quando criança recebi evidências
era ridículo.
— Mas você está dizendo que as coisas mudaram?
Enfiei a mão na bolsa e peguei os seis CDs que Reid me
confiou. Ele sabia quais eram contra Sparrow e quais eram
contra McFadden. Não precisou muito convencimento de
minha parte para Reid seguir meu raciocínio.
Entristeceu-me que as vítimas de Sparrow e suas famílias
não tivessem o fechamento que elas mereciam. No entanto,
isso não substituiu o meu desejo de proteger o homem que me
protegeu. Eu não fui trazida para a vida de Sterling Sparrow
para quebrar sua torre de vidro. Fui trazida para reinar ao seu
lado.
Erguendo meu pulso, mostrei minha pulseira ao agente
Hunter.
— Isso foi dado a uma enfermeira para ser enterrada
comigo. Quando minha mãe biológica a entregou, ela acreditou
que eu estava morta. Ela não tinha como saber que a pulseira
seria dada a minha mãe adotiva e depois para mim. Neste
medalhão está uma imagem desbotada da igreja onde meus
pais se casaram.
Ele levantou a mão.
— A igreja em Cambridge foi completamente vasculhada.
— O cofre estava em uma prateleira no escritório da
ministra. Da estante, parecia um livro.
Eu tinha a atenção dele.
— Estes estavam no cofre. — Empurrei os seis CDs em
sua direção.
O agente Hunter olhou para a meia dúzia de CDs.
— Isso é tudo o que estava no cofre?
— Não. — Eu respondi honestamente.
— Havia quatro disquetes.
— Você os trouxe?
— Sim, mas não realmente. — Coloquei a mão na minha
bolsa e peguei o disquete mutilado, agora dentro de um saco
plástico. Não havia como obter informações deles. Nunca
saberemos o que eles continham, mas o FBI também não.
— Eles se desintegraram após a inserção em um leitor.
— Estou surpreso que você esteja disposta a entregar seu
namorado. — Disse o agente Hunter.
— Eu não estou. O Sr. Sparrow não está ligado a esta
prova, além da sua assistência para me ajudar a encontrá-lo.
O agente Hunter olhou dos CDs para mim.
— Então o que é isso?
— É uma prova concreta contra o homem que usava o
grupo no qual você se infiltrou, eu sei você deve ter mais, mas
isso. — Apontei para os CDs.
— Ė irrefutável.
A indecisão tomou conta de seu rosto.
Eu me inclinei para frente.
— Amanhã ele anuncia sua candidatura à presidência.
Eu tenho cópias dos CDs. Espero que o FBI faça seu trabalho
e termine não apenas sua corrida política, mas também o
circuito, se ele ainda existir. Caso contrário, esses CDs devem
impedi-lo de ganhar mais poder. Se o FBI não fizer seu
trabalho, enviarei cópias para todas as agências de notícias do
país. Ou o FBI pode obter a manchete ou ser a manchete por
suprimir evidências sobre uma figura política.
— Você está sugerindo que eu suprimi evidências?
— Estou sugerindo que você esteve no grupo de
McFadden como um homem chamado Walsh por dois anos, e
o grupo ainda está forte. Não sei por que você quer Sterling,
um magnata do setor imobiliário, mas estou lhe dando o
senador Rubio McFadden em uma bandeja de prata. Eu sugiro
que você faça o movimento certo.
Ele balançou sua cabeça.
— Sterling Sparrow é perigoso. Você está caindo no jogo
dele. Você nunca estará segura enquanto estiver com ele.
Peguei minha bolsa e olhei para o lado, meu olhar
encontrando o de Patrick.
— Bom dia, agente Hunter. Eu lhe darei vinte e quatro
horas. Depois disso, o acobertamento do FBI será a hashtag de
tendências.
Quando saí do estande, Patrick se levantou e caminhou
diretamente atrás de mim.
Capítulo 53
Araneae
Segunda-feira
A transmissão especial começou. McFadden teve toda a
fanfarra associada a uma ampla declaração política. Tinha as
listras vermelhas, brancas e azuis alinhados no palco
construído. Havia uma enorme bandeira americana atrás do
pódio, além de uma bandeira de Illinois pendurada por um
poste ao lado. Enquanto as câmeras percorriam o parque, a
água cintilante do lago Michigan podia ser vista. A multidão
estava se reunindo.
Sterling apertou minha mão quando ele também olhou ao
redor da sala.
— Obrigada por me incluir. — Disse Annabelle. Ela forçou
um sorriso.
— É minha primeira vez sendo vendada.
Eu queria dizer a ela que também era minha, mas tinha
esperanças de mais. No entanto, eu não achava que
chegaríamos tão longe em nosso relacionamento.
— Puramente preventivo. — Respondeu Patrick.
Winnie suspirou.
— Não acredito que você me incluiu nisso.
Estendi a mão para ela do meu outro lado.
— Você está nisso agora. Você sabe o que você faz e nós
estamos confiando em você. Sua ajuda para fazer com que o
agente Hunter se encontrasse comigo fez isso acontecer.
— Nós vamos informar Louisa?
— Ela sabe o suficiente. — Disse Sterling.
— Você contou a Wesley sobre as drogas no armazém e
no centro de distribuição? — Winnie perguntou.
Eu me virei para minha mãe.
— Não pertence a ninguém aqui. — Esclareci.
Ela balançou a cabeça.
— Estou cansada de usar máscaras.
— Não, realmente. — Respondi.
— É uma pequena operação usando empresas
desconhecidas.
Annabelle levantou a mão.
— Eu não posso saber sobre isso no caso de ele cruzar o
meu banco.
Olhei para Sterling, mais confiante de que o circuito
recém-descoberto seria tratados sem a assistência da polícia.
Eu me virei para Winnie.
— Eu não. Assuntos mais urgentes ... — Inclinei minha
cabeça em direção à televisão.
Um repórter estava falando, elencando os atributos do
senador McFadden e discutindo o movimento incomum de
declarar antes das eleições intermediárias.
Sterling enviou uma mensagem a Hillman que ele se
encontraria com Rubio amanhã de manhã. Foi o suficiente
para estender nosso prazo.
— Ele está subindo no palco. — Disse Reid.
Todos esperamos que Rubio McFadden subisse ao pódio
com Pauline ao seu lado. Com o passar do tempo e McFadden
continuou a falar, fiquei mais agitada.
Olhando para Sterling, perguntei silenciosamente o que
iria acontecer. Com um ligeiro balançar de cabeça, ele sem
palavras me disse que não tinha certeza.
— Oh! — Exclamou Lorna.
— Esse não é Wesley. — Disse Winnie.
Não foi o agente Hunter que subiu ao palco. Era um
homem de terno com quatro homens usando roupas do FBI
atrás dele. McFadden parecia confuso, como se talvez isso
fosse parte da performance planejada por eles.
— Agente especial do escritório de campo de Chicago. —
Disse Patrick.
Os repórteres estavam correndo e dando todos os
detalhes em seus microfones, enquanto a multidão se
levantava e o homem de terno colocava algemas no senador
McFadden. Enquanto as câmeras giravam, Pauline apareceu.
A sua expressão era de horror, enquanto a cor sumiu de suas
bochechas.
Eu olhei para Winnie.
— Fico feliz que ela não esteja usando Sinful Threads.
— Humilhação pública. — Disse Sterling, recostando-se
no sofá onde estávamos sentados.
— Quanto tempo até que eles divulguem as informações
sobre a acusação? — Eu perguntei.
— Vai depender. — Minha mãe respondeu.
— Tenho certeza que os seus advogados estão
trabalhando para manter tudo suprimido.
As últimas notícias estavam repletas de especulações por
dias até que as acusações fossem finalmente anunciadas.
SENADOR RUBIO MCFADDEN DE ILINOIS
ATUALMENTE DETIDO SEM FIANÇA, FOI OFICIALMENTE
ACUSADO DE CONEXÃO A UMA REDE DE TRÁFICO
HUMANO ILEGAL. ELE NEGA VEEMENTEMENTE
QUALQUER CONEXÃO.
Quando levantei os olhos do meu telefone, Sterling estava
de pé na beira da parte de trás do pátio da cabana. Ele não
estava olhando para mim, mas para as ondas cintilantes do
lago de Paul Bunyan. Os ombros largos eram retos e as pernas
longas cobertas com jeans azul. Nos pés estavam suas botas
de caminhada. Do seu perfil ele parecia perdido em
pensamentos.
Enfiando o telefone e as mãos nos bolsos da jaqueta,
afastei o frio enquanto a brisa fresca do outono agitava as
folhas em mudança e os galhos de pinheiro ao redor da cabana.
Enquanto eu me levantava, as rajadas nítidas sopraram meus
longos cabelos ao redor do meu rosto. Fui até ele e coloquei
minha mão em seu ombro; quando eu fiz, ele se virou.
— O que você está pensando? — Eu perguntei.
As pontas dos lábios dele se moveram para cima.
— Estou pensando que não mereço o que você fez.
Eu não acho que ele estava se referindo ao que fizemos
hoje de manhã quando acordamos nesta cabana
deslumbrante. Quando fizemos amor, enquanto o sol se erguia
sobre as copas das árvores, regando nosso quarto em tons de
vermelho e dourado. Ou quando tínhamos levado um ao outro
mais alto do que as nuvens e depois descansamos nos braços
um do outro, no resplendor de nossa união, enquanto o céu
além das janelas brilhava em um azul cristalino.
— Eu amo você, Sterling.
Enrolando o braço em volta da minha cintura, ele me
puxou para mais perto de seu calor e segurança.
— Por que você não entregou todos os CDs?
— Porque você não é culpado. Rubio é. Seu pai era.
— Sou culpado de muitos outros crimes. Se você
soubesse o que eu fiz, o que eu vou continuar fazendo...
Cobri sua boca com a minha, silenciando suas palavras.
Logo suas mãos se moveram da minha cintura às minhas
bochechas, segurando nosso beijo no lugar, machucando
meus lábios quando sua língua procurou entrar e nosso beijo
se aprofundou. Meus gemidos se juntaram aos sons do outono
flutuando no ar.
Porra, eu estava pronta para voltar para dentro, voltar
para o nosso quarto. Quando nos separamos, o olhar escuro
de Sterling procurou o meu.
— Eu fiz algumas coisas horríveis, mas a melhor coisa
que eu fiz foi buscar você. Você é minha. Eu não quero nunca
deixar você ir.
— Então não deixe.
Meu pulso acelerou quando sem aviso, Sterling caiu de
joelhos diante de mim e pegou minha mão.
— Oh, meu Deus. O que?
Seu olhar escuro brilhava. No começo, ele simplesmente
virou minha mão para cima. Como se lendo o meu futuro, ele
traçou as linhas da minha palma.
— Eu prometi a você que quando isso acabasse ...
Excitação correu através de mim.
— Minha impressão da palma da mão? O elevador?
Ele olhou para cima.
— Sim, para emergências. Eu ainda quero Patrick ou eu
... etc, etc, segurança ...
Eu não me importei com as estipulações dele. Apenas ter
o meu trabalho de impressão em palma, permitindo o acesso à
garagem, do lado de fora, era o que eu queria. Usá-lo podia
nunca estar na minha agenda. Saber que eu podia, não tinha
preço.
O olhar de Sterling continuou a se aprofundar quando
seu tenor de barítono abafou a brisa e folhas rodopiando em
ciclones ao nosso redor.
— Luz do sol, eu conheço você há quase duas décadas.
Eu nunca pensei como você me mudaria. Eu estava com medo
que depois que lhe acolhesse, diminuísse sua luz. Isso ainda
me preocupa. O que eu não esperava era que meu coração frio
e negro pudesse conhecer o amor. Surpreende-me
continuamente que você veja o bem em mim, que possa ver o
passado e vê o que eu nunca percebi que estava lá. Você me
faz querer ser um homem melhor.
Com um sorriso peculiar, Sterling enfiou a mão no bolso
da calça jeans. Quando ele aproximou o objeto, o diamante
central brilhava.
Lágrimas formigaram meus olhos quando minha
respiração parou.
— Eu sei que você quer fazer de Araneae McCrie seu nome
legal.
Eu quero.
— No entanto, tenho outra opção para você.
Meus lábios se curvaram quando lágrimas encheram
meus olhos.
—Uma opção, isso é uma escolha.
— Sim, outra escolha para você. — Ele engoliu em seco,
seu olhar escuro fixo no meu.
— Araneae McCrie, você considera um sobrenome
diferente? Você quer se casar comigo e se tornar Araneae
Sparrow?
Sim.
Não consegui responder, não verbalmente. O nó na
minha garganta era muito grande. Em vez disso, eu assenti
com a cabeça e acenei com a cabeça novamente, enquanto
lágrimas caíam dos meus olhos.
Depois de deslizar o anel incrivelmente lindo no meu
dedo, Sterling ficou em pé e novamente segurou minhas
bochechas.
— Eu amo você.
— Você mudou minha vida de várias maneiras. — Eu
disse.
— Você me mostrou quem eu realmente sou e quem eu
posso ser. Por sua causa, eu tenho minha mãe de volta. Eu
tenho novos grandes amigos e meus velhos amigos estão
seguros. Você descobriu os segredos e mentiras, e durante
tudo isso, você manteve sua palavra, suas promessas. Terei
orgulho de ser sua esposa. — Rocei meus lábios nos dele.
— Quero dizer, sempre fomos feitos para ficar juntos. Não
foi isso que você disse?
— E eu estou sempre certo. — Disse ele com um sorriso.
— Minha resposta é sim.
Quando ele pegou minha mão, caminhamos em direção à
beira da colina, olhando para o lago.
— Isto é seu, Araneae. — Disse ele.
— Chicago é sua. Tudo o que você desejar é seu.
Inclinei-me para ele, pegando a força de seu braço agora
ao meu redor. Como nós ficamos, eu tentei também retribuir,
compartilhar minha luz, enquanto nossos corpos se
derreteram contra um outro. Finalmente, olhei para cima com
um sorriso.
— Você me prometeu uma carona até o lago. Vamos
pegar o quadriciclo e, desta vez, é a minha vez de dirigir .
— Oh, infernos, não. Manter você em segurança é minha
missão ao longo da vida.
Quando ele alcançou minha mão novamente, olhei para
o diamante do anel de noivado.
— Sterling, é lindo.
— Não é tão bonito quanto a mulher que está usando,
minha noiva.
Noiva.
Eu tinha um desses agora também e desta vez era real.
Sterling

Três meses depois

Patrick olhou na minha direção.


— As estradas não estão boas e estão piorando, o piloto
de helicóptero disse que se os ventos continuarem, ele não
poderá voar.
Porra.
Andei pelo escritório da minha cabana observando a neve
se acumulando do lado de fora das janelas, enquanto dentro,
a equipe e outras pessoas se preparavam para o meu
casamento com Araneae.
A sala de estar com as janelas de dois andares havia sido
transformada em capela.
Luzes cintilantes e sempre-vivas combinadas com a vista
das janelas fizeram um país das maravilhas do inverno.
Nenhuma despesa foi poupada.
Não era que o dinheiro já tivesse sido um problema, mas
depois da recente decisão de que Araneae McCrie estava viva e
a posse das ações que seu pai havia comprado, as finanças
eram menos preocupantes. Claro, Araneae tinha opiniões
fortes sobre o uso de sua nova riqueza.
Eu não esperava menos.
Ela tinha planos de melhorias e expansões em relação à
Sinful Threads. Louisa adorou a ideia de fazer roupas de cama.
Mesmo com o meu conhecimento limitado de suas
mercadorias, como empresário, vi a oportunidade.
Araneae tinha razão quando disse que a maioria das
pessoas passa um terço de suas vidas na cama. Por quê não
deixá-las dormir nos lençóis da Sinful Threads?
Por outro lado, meu objetivo era que, quando se tratasse
de nós dois, aumentaríamos essa porcentagem. No entanto, a
cama não era o elemento mais importante da equação. Era a
conexão entre minha futura esposa e eu. Eu ficaria feliz em
fazer amor com ela na cama ou transar com ela contra a parede
ou até no balcão da cozinha. Felizmente, enquanto eu estava
com todas as possibilidades, minha noiva também.
O outro plano de Araneae para aumentar seus ativos
envolvia a criação de uma fundação para vítimas de tráfico e
exploração de crianças e adultos. Com assistência de
Annabelle com as legalidades, elas estavam trabalhando na
melhor maneira de ajudar.
Os desejos de Araneae eram abrangentes. Ela queria
aconselhamento, assistência médica, tratamento e educação.
Dra. Dixon estava cem por cento a bordo e pronta para assumir
o aspecto médico. Ela própria não tinha sido vítima, mas sua
irmã sim. Enquanto sua irmã não foi salva, eu posso ter tido
algo a ver com o financiamento da educação de Renita, dando-
lhe um meio de ajudar os outros onde sua irmã não foi. Eu
financiei, mas ela foi quem transformou o trabalho duro em
uma carreira médica.
Observo que às vezes vítima era um termo que poderia
ser expandido além do indivíduo que sofreu a atrocidade e
incluir seu apoio no sistema também.
Levaria um tempo para colocar os planos de Araneae em
funcionamento. Com sua determinação e ajuda de Annabelle,
eu não tinha dúvida de que o Instituto Sparrow, um dia seria
uma realidade.
Com o passar do tempo, ficou dolorosamente óbvio que a
luz de Araneae tinha estragado minha escuridão mais do que
o contrário.
Eu olhei para Patrick, vestindo um smoking
personalizado. Reid estava conosco, parecendo bem também
em seu smoking. Fiquei escondido de Araneae o dia todo,
enquanto ela estava no andar de cima com sua mãe, Lorna,
Louisa e Winnie, juntamente com uma equipe de cabeleireiros
e maquiadores. Na minha opinião, a equipe não era necessária.
Araneae era impressionante logo de manhã sem maquiagem,
cabelo despenteado, e as manchas vermelhas em sua pele,
onde o crescimento da minha barba deixava um trilha, nos
lembrando onde eu estive. Ela não precisava de profissionais
para melhorar sua beleza, afinal.
Minha mãe, os pais de Louisa, sua irmã e Marcel, além
de Jason e o bebê Kennedy também estavam aqui. Era a porra
da Grand Central Station. Todo maldito quarto nesta cabana
estava ocupado, incluindo os quartos extras acima das
garagens. Todos, exceto um.
O que você dá para a mulher que ama no casamento
quando ela tem o mundo na ponta dos dedos?
Araneae Sparrow estava prestes a se tornar a rainha de
Chicago, e não havia nada que ela não pudesse ter.
Eu tive uma ideia.
O nome que Lucy Nelson nos forneceu foi a abertura para
antigas e novas informações. Com um trabalho de detetive de
Reid e seus homens, descobrimos uma coisa, ou devo dizer as
duas pessoas, que Araneae queria em sua vida.
Essa descoberta também revelou mais segredos e razões
de como Renee Marsh se tornou Kennedy Hawkins. Manter os
Marshs, ou Currys, escondidos da minha noiva foi uma das
coisas mais difíceis que já fiz, desde que trouxe Araneae na
minha vida. Eu prometi a ela honestidade e forneci. Eu
também disse a ela, que havia coisas que não podia divulgar.
Atualmente, os Marshs se encaixam nessa categoria.
Era uma agulha em um palheiro proverbial, mas, por
sorte, alguns anos atrás, Neal Curry havia sido fotografado. Foi
para um trabalho educacional publicado sobre comunidades
isoladas, uma tese de mestrado escrita durante a recente
obsessão nacional por cultos. O artigo foi publicado em um
diário de arbitragem pouco lido. Neal estava entre um grupo de
homens de uma pequena comunidade do Maine que visitava
uma cidade a cada três meses para comprar e vender bens. O
jornal enfatizou que as fotografias espontâneas foram tiradas
sem o conhecimento ou permissão dos sujeitos e os nomes dos
membros da comunidade foram fornecidos em segunda mão
por pessoas da cidade. Como os membros recusaram
entrevistas, o autor não conseguiu manter a precisão, mas
optou por publicar as fotos como evidência da existência da
comunidade.
Sendo a única pista que tivemos em mais de dez anos,
Reid, Patrick e eu tivemos que conferir.
Dizer que ambos os Currys ficaram chocados quando
chegamos à comunidade deles em Maine seria um eufemismo.
Mais tarde descobrimos que Neal, também conhecido como
Byron, fazia parte do grupo de Sparrow desde a infância.
Allister colocou ele e sua esposa para criar Araneae. Quando
souberam da morte de McCrie, eles também foram informados
que meu pai estava vindo atrás deles.
Não sei se o que eles disseram ou acreditavam era
verdade, mas se tivesse sido, essas duas pessoas salvaram a
vida da minha noiva. Eu lhes devia uma dívida eterna, não
vingança como Allister pode ter planejado.
A mulher que Araneae lembra como Josey agora leva seu
nome legal, Rebecca. Depois que a convenci a falar comigo, não
foi um processo fácil, mostrei a ela uma foto recente de
Araneae das muitas no meu telefone.
Minha noiva era tão linda que eu tiraria a foto dela
constantemente se eu não estivesse ocupado mostrando a ela
o quão importante ela era para mim. Está na minha agenda
para os próximos cinquenta anos ou mais.
Reid ergueu os olhos do computador em cima da mesa
diante dele. Trabalhando de um laptop foi um rebaixamento
definitivo do nosso esconderijo em Chicago.
— Isso parece loucura, Sparrow, mas encontrei um
homem perto do aeroporto onde os Currys estão presos no
momento.
Ele dirige um limpa-neve. Ele garante que pode trazê-los
aqui. Vai demorar apenas um pouquinho mais.
Eu olhei para o meu relógio. O casamento deveria
começar em noventa minutos.
— Diga a eles que sim. Bem espere. Não sei o que direi a
Araneae, mas vamos esperar.
— Ele disse que haveria uma taxa. — Disse Reid.
Meus olhos se arregalaram.
— Eu não dou a mínima. Apenas traga-os aqui.
Reid digitou sua resposta.
— Quando o tempo está bom, a viagem dura cerca de uma
hora e quinze minutos.
— Apenas peça para eles nos manterem informados. Vou
pedir para Annabelle ajudar com o atraso.
Eu contei a ela sobre minha surpresa iminente, não
querendo que a presença das pessoas que criaram sua filha a
aborrecesse. Como na maioria das coisas, ela foi solidária.
A mãe de Araneae estava levando nosso noivado e
casamento melhor do que Genevieve. No entanto, até minha
mãe estava por perto. Ajudou quando eu disse a ela que foi
Araneae quem ajudava as vítimas do nosso mundo e Rubio e
seus melhores homens. Eu também acho que Annabelle
ajudou a convencer minha mãe de que unir nossas duas
famílias era realmente como eu havia dito, a união perfeita.
Duas famílias na elite de Chicago.
O casamento real estava prestes a ocorrer.

Com Araneae ainda no andar de cima, Annabelle


cumprimentou os Currys assim que chegaram.
— Olá. — Rebecca disse humildemente, aparentemente
impressionada com a viagem e talvez a nossa casa. Seu olhar
disparou até pousar em Annabelle.
Quando comecei a falar, para recebê-los, Annabelle
ofegou.
— Eu lembro de você ... do hospital.
Rebecca estendeu a mão para o braço de Annabelle.
— Por favor, saiba que nós a amamos.
Havia lágrimas nos olhos de Annabelle.
— Eu acredito em você. Estava fora de nosso controle. Ela
também a amou e fala muito de você.
Eu não estou muito emocional, mas assistindo as duas
mulheres abraçarem uma à outra foi a lascada final do
revestimento duro que cobria meu coração.
Não derramei uma lágrima.
De jeito nenhum.
Existem alergias de inverno?
Eu acho que poderia haver.
Com todos os convidados sentados, fiz meu caminho para
a frente da sala ao lado do janelas com Patrick e Reid ao meu
lado. De um lado do corredor estava a minha mãe. Do outro
lado estavam os Currys e Annabelle. Eu não pude deixar de
observar como Rebecca e Annabelle estavam juntavam suas
cabeças, sussurrando e até segurando as mãos uma da outra.
Deve ter sido surreal para elas, saberem que haviam estado
juntas e agora seriam parte da vida de Araneae.
Quando a música começou, a procissão começou.
Winnie, Lorna e depois Louisa desceram as escadas, sorrindo
enquanto se aproximavam. Foi quando a música mudou que
minha visão se afunilou. Descendo as escadas em um longo
vestido branco, o decote decotado e o véu comprido aparado
em peles artificiais brancas e macias, era a mulher que foi feita
para mim. Seu cabelo dourado estava para cima, mostrando
seu pescoço esbelto. Pendurados em suas orelhas estavam os
brincos de diamante que eu lhe dei a noite que ela embarcou
no avião para ser minha.
Quando nossos olhares se encontraram, eu me perguntei
se ela veria seu presente, os Marshs, porque de onde eu estava,
parecia que ela também tinha visão de túnel. Nós só tínhamos
olhos um para o outro.
O olhar mais lindo de chocolate claro olhou para mim
quando o oficial disse suas palavras. Eu não sabia dizer
exatamente o que eram. Eu só sabia o que elas significavam.
O significado delas fez mais do que cimentar os quase vinte
anos que meu pai proclamou que Araneae era minha. Suas
palavras deram a Araneae e eu mais do que qualquer um de
nós já teve por conta própria.
Amor.
Segurança.
Suas palavras apagaram os segredos e mentiras do
passado.
E garantiu-nos promessas para o futuro.
Além da minha linda noiva estava a prova de que a união
que ele estava realizando também nos deu uma família.
Quando as palavras finais foram ditas e eu beijei minha
noiva, ela sussurrou.
— Tenho um presente para você. — O brilho nos seus
olhos era contagioso.
O que ela poderia me dar que eu não poderia comprar?
— Luz do sol, o único presente que eu quero é você.
Suas bochechas subiram.
— Veremos.
Quando Louisa devolveu o buquê, Araneae virou-se para
nossos convidados e um suspiro audível escapou de seus
lábios. Desta vez, quando ela alternou seu olhar dos Currys
para mim, o brilho anterior se foi, substituído por um ataque
de lágrimas.
Eu alcancei suas bochechas, limpando a umidade.
— Não chore. Eles não queriam perder o casamento da
filha.
Erguendo a frente da saia do vestido, Araneae correu em
direção ao Currys, passando os braços em volta dos dois.
— Como? — Ela perguntou, olhando para o Sr. Curry.
— Papai, você ... morreu.
Annabelle estendeu a mão para o ombro da filha.
— Assim como você.
Mais tarde, quando as emoções se acalmaram e a alegre
ocasião prevaleceu, enquanto Araneae e eu nos sentamos no
centro da mesa, e alimentos e vinhos estavam sendo
consumidos, minha esposa se inclinou na minha direção.
— Com o presente que você me deu, eu quase esqueci de
lhe dar o seu.
— Eu já disse, tudo que eu preciso é você.
Ela estendeu a mão para a bolsa coberta de pérolas perto
de seus pés e a levantou.
Soltando o fecho, ela alcançou dentro. Quando ela olhou
de volta, o brilho estava de volta em seu suave olhar marrom.
— O que é isso? — Eu perguntei. Ela despertou minha
curiosidade.
Mantendo a mão abaixo da borda da mesa, ela abriu os
dedos, expondo o pequeno controle remoto em suas mãos, o
do vibrador feito sob medida.
Meu sorriso cresceu.
— Isso só funciona se você estiver usando. —Minhas
sobrancelhas dançaram.
— Então vai funcionar. — Disse ela quando suas
bochechas coraram.
Tomando o controle remoto e colocando-o no bolso do
meu smoking, eu sabia sem sombra de dúvida, Araneae
Sparrow foi feita para mim.

FIM
A história de Sterling e Araneae está completa.
Se você quiser saber mais sobre o que o futuro reserva
para aqueles que amam, você não quer perder o TWISTED,
livro 1 da TANGLED WEB.

O submundo de Chicago está longe de perdoar. É um


mundo onde o conhecimento significa poder, dinheiro e
dinheiro é tudo.
Enquanto eu paguei o preço final para ter tudo, não foi
minha decisão de dar a minha vida.
Isso não significa que deixei de existir, apenas para viver.
Indo para onde o trabalho me leva e vivendo nas sombras,
com precisão mortal, eu utilizo as habilidades inerentes para
mim, sem saber de onde vieram, não lembrando o que eu perdi.
E então eu a vi. Laurel Carlson.
Eu não deveria querê-la, desejá-la, ou precisar dela, mas
a cada observação, eu sei que ela é exatamente o que eu tenho
que ter. Laurel tem a capacidade de fazer o que eu achava que
era impossível. Ela vê o que os outros não vêem.
Meu instinto me diz que é um erro mortal mudar meus
planos e abrir meu mundo para ela. Minha mente diz que ela
será repelida pela minha existência distorcida.
Nada disso importa, porque o meu corpo não aceita um
não como resposta.
Eu cometi erros perigosos anteriormente. Desta vez, o
preço será muito alto?
Do New York Times autor do best-seller

Aleatha Romig surge um novo romance

sombrio situado no mesmo submundo

perigoso como SEGREDOS. Você não precisa

ler a trilogia Web of Sin para ser pego

nesta nova e intrigante saga, Web

Tangled.

TWISTED é o primeiro livro da trilogia

TANGLED WEB, que continuará em

OBSESSED e concluir em BOUND.

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