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Tese Sistema de Numeração Decimal-67-79
Tese Sistema de Numeração Decimal-67-79
CAPÍTULO ll
SISTEMA DE NUMERAÇÃO DECIMAL: UMA CONSTRUÇÃO NO
CICLO DE ALFABETIZAÇÃO
Este capítulo tem por objetivo discutir o Sistema de Numeração Decimal (SND)
enquanto invenção humana, construída num processo histórico. Compreendendo-o como um
sistema notacional complexo, no qual sua lógica de contagem é regida por propriedades que
determinam as formas de registrar os números. Abordaremos, também, os conceitos básicos
necessários para a compreensão do Sistema de Numeração Decimal e suas implicações para o
ensino e a aprendizagem desse conteúdo no Ciclo de alfabetização.
As discussões foram subdivididas em quatro seções: na primeira, trataremos da origem
do sistema de numeração como ação humana para resolver o problema de controlar e registrar
quantidades. Na segunda, discutiremos sobre os diferentes tipos de sistema de numeração e a
lógica de sistematização da escrita numérica envolvida em cada um deles. Na terceira,
discorreremos sobre as especificidades do Sistema de Numeração Decimal na qualidade de
sistema notacional, no qual há princípios fundamentais que definem como os símbolos
funcionam para as notações numéricas que registram. Na quarta parte, abordaremos o ensino e
a aprendizagem do SND no Ciclo de alfabetização. Enfocaremos algumas perspectivas
teórico-metodológicas para o ensino desse conteúdo, numa abordagem da criança enquanto
protagonista da construção do SND, apresentadas por estudiosos da temática.
Por fim, vale salientar que a opção pela elaboração deste capítulo se deu pela
imprescindibilidade de estudar esse objeto de conhecimento, já que o mesmo é o foco de
nossas discussões no que concerne o conteúdo de aprendizagem elencado na intervenção de
ensino para os alunos do 3º ano do Ciclo de alfabetização, evidenciado no capítulo IV.
não se fixavam em apenas uma local, mas se deslocavam constantemente devido a fatores
climáticos e principalmente em busca de alimentos, que nesse período consistia na caça de
pequenos animais selvagens e na coletas de raízes e frutas.
Suas ferramentas e utensílios eram destinados basicamente para atender às
necessidades impostas pela, então, forma de alimentação. Este período Paleolítico (40 - 30000
anos até 10 - 8000 anos atrás) foi marcado por pouco avanço científico e intelectual, não por
conta da capacidade intelectual humana, mas pela rotina de vida selvagem peculiar dessa
época. Para isso, o simples senso numérico permitia-lhes perceber as quantidades de modo a
suprir suas necessidades.
No período geológico denominado Neolítico, houve uma revolução na forma em que a
humanidade compreendia e realizava a luta pela sobrevivência. Ao viver em tribos ou clãs, o
homem se tornou sedentário e passou da prática de simples caçador e coletor de alimentos
para a de semeador e coletor. Inicia-se, desse modo, a agricultura, e com ela a necessidade de
controlar e determinar quantidades mais próximas para responder perguntas, como: onde tem
mais? Onde tem menos? Se tem, quantos são? E essa necessidade levou-o à contagem.
Nesse período, para solucionar a questão de controle de quantidades, foi criada o que
chamamos de correspondência biunívoca ou correspondência um a um. Nessa
correspondência, é possível determinar, por meio da comparação termo a termo, se dois
montantes de objetos têm a mesma quantidade ou saber qual tem a maior ou a menor
quantidade. Para Caraça, “sempre que duas coleções de entidades se podem pôr em
correspondência biunívoca, elas dizem-se equivalentes” (CARAÇA, 1951, p. 8). A
correspondência biunívoca consiste em atribuir a cada elemento de uma coleção um elemento
de outra e continuar assim até que uma e outra se esgotem.
Embora a correspondência biunívoca não permitisse ao homem ser capaz de responder
quantos objetos havia numa coleção, dava-lhe a possibilidade de controlar pequenas
quantidades. Inicialmente, essa correspondência era realizada com a utilização de recursos
materiais encontrados na própria natureza, como pedras, pedaços de madeira, conchas,
sementes, ou em partes do próprio corpo humano tal como a utilização dos dedos das mãos,
dos pés e de outras partes do corpo para fazer essa correspondência. Porém à medida que
cresciam a produção agrícola e os rebanhos, esses recursos se tornavam ineficientes para
controlar e comparar grandes quantidades.
Dessa forma, a humanidade desenvolveu a necessidade de encontrar outras
possibilidades para controlar quantidades cada vez maiores. Isso levou a superação da
correspondência um a um, para, a princípio, uma comparação realizada com “montes” e
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Muitos estudos sobre o Sistema de Numeração Decimal afirmam que, após a primeira
ideia de quantidade, foram desenvolvidos sons vocais para registrar oralmente a ideia
quantitativa dos elementos de um grupo, ou seja, o número. E, posteriormente, foram
surgindo os símbolos para as notações numéricas que eram efetuadas com marcas em
madeiras, ossos ou pedras.
O número passou, então, a ter representações simbólicas: palavras indicando os
primeiros números e desenhos pictográficos, sendo, provavelmente, da Suméria e do Egito
(por volta de 3500 a.C.), os primeiros sistemas de numeração que fizeram uso de registros
escritos.
Para melhor compreender o nosso atual sistema de numeração, faz-se necessária, ainda
que de forma sucinta, uma incursão, no quadro abaixo, sobre os diferentes tipos de sistema de
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porém muitos
símbolos deveriam
ser memorizados.
Sistema de
Numeração Maia Notação do número 267:
Posicional
(origem remota
Neste sistema e
escolhe-se uma base desconhecida,
b, adotam-se sistema de base
símbolos para o 0 1, 20)
2, 3 ..., b-1. Nele a
posição do símbolo no
número determina a
multiplicação por
algum múltiplo da
base de referência.
Hindu Notação do número 139:
(século V d.C.,
sistema de base
10)
Após a morte do principal líder religioso e político da religião islâmica, Maomé Meca,
seus sucessores ampliaram o território de influência mulçumana por meio de intensas guerras
e conquistas, estabelecendo desse modo um grande império, cujas terras atingiam desde a
região do rio Indu, o norte da África, até a Península Ibérica. Essa expansão islâmica permitiu
aos estudiosos árabes um intercâmbio com diferentes culturas.
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As disputas internas na Arábia, por volta de 755 d.C., promoveram uma divisão
leste/oeste do império islâmico, resultando no surgimento de dois Califas: um cuja capital era
Bagdá e o outro com capital em Córdoba. De acordo com Eves (2004), os califas de Bagdá
foram governadores esclarecidos, tornando-se defensores do desenvolvimento cultural e
convidaram intelectuais para se instalarem no califado. Segundo Ifrah:
[...] al-Khowarizmi escreveu dois livros sobre aritmética e álgebra que tiveram
papéis muito importante na história da Matemática. Um deles apenas uma única
cópia de uma tradução latina com o título De número hindorum (Sobre a arte hindu
de calcular), a versão original tendo sido perdida. (Boyer, 1996, p. 152)
Mesmo que al-Khowarizmi tenha esclarecido que a origem das ideias matemáticas
transcritas em seus livros era de origem hindu, a nova numeração tornou-se conhecida como a
de al-Khowarizmi. Com o decorrer do tempo, o nome de al-Khowarizmi foi alterado para
algorismi, que, na Língua Portuguesa, significa algarismo.
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Fonte: http://idealgratis.com/concurso/introducao_a_matematica/curso_introducao_a_matematica.
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Juntar os objetos que serão contados, separados dos que não serão contados
(classificação);
Ordenar os objetos para que todos sejam contados e somente uma vez
(seriação);
Ordenar os nomes aprendidos para a enumeração dos objetos, utilizando-os na
sucessão convencional, não esquecendo nomes e nem empregando o mesmo
nome mais de uma vez;
Estabelecer a correspondência biunívoca e recíproca nome-objeto;
Entender que a quantidade total de elementos de uma coleção pode ser
expressa por um único nome.
O agrupamento complexo requer que o sujeito não apenas forme grupos, mas realize
grupos de grupos.
Tais jogos, aliados aos registros escritos e orais sobre as regras e as ações
desenvolvidas no jogo, figuram-se, a princípio, como importantes ferramentas pedagógicas na
direção da sistematização desse objeto de conhecimento. Em relação ao jogo, os Parâmetros
Curriculares Nacionais informam que: