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Avaliação diagnóstica de

espaços e materialidades
Reflexão sobre Espaços o uso dos espaços e materialidades na escola Ciranda
Reflexão sobre Espaços o uso dos espaços e materialidades na escola Ciranda

A potência dos espaços e do uso dos materiais na Educação infantil


“O espaço é o retrato da relação pedagógica. Nele é que o nosso conviver vai sendo registrado, marcando nossas descobertas, nosso
crescimento, nossas dúvidas. O espaço é retrato da relação pedagógica porque registra, concretamente, através de sua arrumação
(dos móveis) e organização (dos materiais) a nossa maneira de viver esta relação.”
Madalena Freire¹

Pensar espaços cada vez mais qualificados para as crianças que frequentam as escolas de infância, tem se tornado um desafio
importante. Faz parte da proposta pedagógica refletir sobre o uso dos materiais, objetos e lugares que são habitados por elas,
pois esta é uma demanda educativa, curricular.

A intencionalidade do educador se revela neste processo, ao modo que suas escolhas são sustentadas.

É sabido que os ambientes imprimem muitas marcas em nós e nas crianças não seria diferente! As condições internas do lugar
se revelam por meio das intenções postas nele pela pessoa que cuida e o organiza. As crianças, assim como nós, percebem o
mundo por meio da pele, do toque, das mais variadas sensações. Notam o ambiente acolhedor, aquele que lhe favorece
interação, participação e a progressiva autonomia. O contrário também é percebido por elas: os impedimentos, o controle
excessivo sobre as suas ações, as proibições de manuseio dos objetos ou materiais para explorações, limites impostos pelos
adultos que inibem a ação criadora e investigadora natural e tão fundamental existente na natureza da criança para que as
aprendizagens ocorram.

Nem sempre o tamanho reduzido de uma sala, uma parede, uma mureta ou porta é o limite ou impedimento para que uma boa
proposta possa ocorrer, ao contrário, os ambientes podem ser transformados e modificados, com a utilização de vários
materiais e objetos, com o objetivo de que as experiências sejam cada vez mais qualificadas e envolventes. Desse modo, os
adultos que se ocupam das crianças apresentam uma tarefa muito importante neste processo, que consiste em criar espaços
aconchegantes e potentes para as mais diversas vivências. São eles que se responsabilizam por proporcionar condições para
que elas se ativem no tempo, no espaço e nas relações que são estabelecidas no contexto escolar.

¹ FREIRE, Madalena. Dois Olhares ao Espaço-Ação na Pré-Escola. In: MORAIS, Regis de (org.). Sala de Aula: que espaço é esse? Campinas: Papirus, 1986.
Sendo assim, para que tenham interesse, torna-se preciso criar verdadeiros encontros com as crianças. Momentos para o
estar só e com o outro. Para estar junto com outras crianças, com adultos, no grande coletivo e em pequenos pares.

É preciso olhar para além da sala de aula, para aquilo que já está ao redor e que muitas vezes não é notado, valorizado. Um
percurso pelos espaços da escola é um exercício interessante na tentativa de ressignificar o lugar que é habitado por quem faz
parte dele. Talvez por todos os dias frequentar o mesmo ambiente, a visão se torna um tanto turva e as potências existentes
não são consideradas. Um lugar um pouco mais aberto, uma árvore no jardim, flores no canteiro, frutos que brotam no pomar,
um gramado, quintal de pedrinhas, um tanque de areia, móveis que facilitam acessos, diversidade de materiais e texturas
presentes no quintal da escola, como troncos de árvores, gravetos, tábuas, blocos de concreto ou barro são elementos que
impulsionam a elaboração de cantinhos, esconderijos, cabanas, móbiles, salas de aula que se assemelham a verdadeiros
laboratórios, que instigam a experimentação, o diálogo e a produção de cultura.

O planejamento é visto como um aliado do educador neste processo e não tem um caráter rígido, controlador, mas ao
contrário, pode ser flexível. De uma maneira muito responsável, o professor pode antecipar situações, organizar os materiais
que serão necessários durante a semana, prever a organização do mobiliário para os cantos e experiências, além de contar
com as ocasionais, que surgem por parte das crianças e que precisam ser consideradas.

Os registros são ferramentas primordiais que possibilitam ao educador ter maior visibilidade sobre a sua prática e sobre os
processos de ensino e aprendizagem, além de avaliar processos de utilização dos espaços e dos materiais na escola. Ele
poderá se utilizar da pauta² do planejamento semanal, dos seus registros pessoais (escritos, vídeos, fotográficos), além da
troca de saberes e descobertas entre a equipe nos encontros formativos que podem ocorrer semanalmente e mensalmente
para investimentos e aprofundamentos teóricos, acompanhamento do trabalho e avaliações. O espaço para a formação deve
ocorrer com base em reflexões sobre a prática educativa e suas necessidades emergentes, promovendo um processo
constante de autoavaliação e a construção de competências profissionais.

² Pauta de planejamento - Espaços – vide modelo em anexo que poderá ser modificado de acordo com a realidade de cada professor/escola.
A ideia desta reflexão é desenvolver estratégias que mobilizem a reflexão do educador sobre a importância dos espaços e o
uso dos materiais na escola, que o motive a compreender processos, modificar rotas e transformar conhecimentos na ação. Os
seus registros são vistos como ferramentas que podem favorecer análises sobre o momento atual, além de realizar projeções
futuras, garantindo-se às crianças os seus direitos de aprendizagem declarados na Base Nacional Comum Curricular da
Educação infantil – brincar, conviver, conhecer-se, explorar, participar e expressar nas mais variadas ações do cotidiano, que
se integram e se complementam.

O educador assume, por fim, a sua dimensão intelectual e o papel autoral dos espaços e materiais que seleciona, organiza e
cria. Dá luz às mais variadas formas de habitar a escola.
Questionário reflexivo sobre o uso dos espaços e materialidades na escola.

Sugerimos que esta reflexão aconteça em dois momentos: em abril e em novembro.

A sugestão é que o professor realize individualmente, e que a seguir haja uma reflexão com o coordenador a partir das
respostas, e intervenções para que o uso dos espaços e materialidades seja potente e ganhe a importância merecida no dia a
dia.

A discussão ganha corpo, se as reflexões forem compartilhadas com os outros professores, em reunião coletiva, onde cada um
pode comentar suas conclusões.

Questões:
1. Os espaços sugeridos e planejados por você aos seus alunos revelam a concepção que possui sobre criança, infância e
experiência? Explique.

2. Os espaços e os materiais planejados por você instigam e sugerem às crianças a sedução estética, a investigação e a
criação? Potencializam saberes? Explique.

3, Escutar o processo criativo das crianças, faz-nos enriquecer os espaços. Como você acha que isso pode ocorrer na
instituição em que você atua?

4. As crianças maiores e menores utilizam os espaços de maneiras diferentes. Como você sugere no cotidiano escolar os
lugares para estar consigo mesmo, com os pares de mesma idade, com grupos maiores e interetários e com os adultos?

5. Como o espaço e o uso dos materiais são pensados hoje em sua rotina, considerando-se o planejamento de todas as
propostas do material Ciranda?
6. Quando você apresenta uma ação pedagógica com o uso potente dos materiais e espaços, há troca de saberes entre as
equipes de professores com o objetivo de compartilhar as “boas práticas?” Você sugere esta interlocução entre as parceiras
mais experientes e menos experientes? Explique.

7. O que você poderia investir e que ainda não foi possível, pensando sobre tudo o que já conheceu em relação aos usos dos
materiais e espaços?

8. Quais recursos e instrumentos em sua opinião o Mathema ainda poderia lhe oferecer para qualificar ainda mais as suas
ações pedagógicas sobre a temática dos usos de materiais e espaços?
Propostas com a coordenação e equipe de professores.

Coordenador, a seguir listamos uma série de propostas que podem tornar a reflexão por meio do questionário, ainda mais
eficiente e explícita.

Organize juntamente com o seu grupo de professores tempos e/ou momentos, para que possam realizar cada proposta abaixo.

1. Organizem os dados, reúna o grupo e apresentem as informações coletadas, para que possam refletir em equipe, o que já
está bom, o que pode ser melhorado e o que ainda não fazem.

2. Esta reflexão certamente ajudará muito a pensar de forma mais orgânica e intencional, os espaços da escola.

3. Sugerir aos professores que fotografem os espaços planejados para as aulas. A coordenação poderá atuar e desenvolver a
aula em parceria. Eleger algumas fotos para apresentar em reunião coletiva e discutir sobre aspectos importantes – temática
Espaços e uso dos materiais.

4. Fazer um tour pela escola desde a entrada até a última sala. Analisar sobre o que as paredes revelam, as concepções
implícitas sobre criança, escola, espaço.

5. Desenhar com a equipe de professores um mapa da escola sobre os espaços internos e externos, listá-los, conversar sobre
as possibilidades de utilização dos mais variados materiais existentes na instituição e as suas possibilidades de utilização.
Listar os materiais que não encontraram na escola, que usam com pouca frequência e que são importantes.

6. Com a equipe de tecnologia, fazer uma análise e talvez uma oficina com os materiais tecnológicos utilizados na sua escola,
discutir sobre os seus usos e manuseios por parte dos alunos e educadores, domínio de ferramentas tecnológicas que podem
favorecer experiências ainda mais enriquecedoras junto às crianças.
A seguir, compartilhamos duas planilhas, que podem auxiliar no planejamento dos espaços e materialidades.

MODELO 1 - PAUTA DE PLANEJAMENTO – ESPAÇOS E MATERIAIS

Espaços e materiais: Considerar no planejamento a utilização dos espaços internos e externos da escola, além dos materiais
naturais, de largo alcance, artificiais e os tecnológicos que serão necessários para o desenvolvimento das propostas diárias
em sala.
MODELO 2 - PAUTA DE PLANEJAMENTO – ESPAÇOS E MATERIAIS

Espaços e materiais: Considerar no planejamento a utilização dos espaços internos e externos da escola, além dos materiais
naturais, de largo alcance, artificiais e os tecnológicos que serão necessários para o desenvolvimento das propostas diárias
em sala.

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