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Unidade II

Unidade II
5 A ESCOLA COMO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM

5.1 A organização do espaço e tempo

A organização física do espaço da sala de aula é um dos aspectos mais importantes do trabalho
pedagógico, especialmente na escola de Educação Infantil. É ele que determina o arranjo dos materiais,
dependendo de suas dimensões, amplas ou restritas, iluminadas e ventiladas ou não.

Todo tipo de atividade requer um espaço adequado. As atividades infantis relacionam-se bastante
com a pintura, o desenho, a escrita, a leitura, a observação de figuras, portanto exigem local com devida
iluminação, no qual o posicionamento das crianças desfavoreça as sombras produzidas pelo corpo sobre
o material utilizado, entre outras condições.

As possibilidades de trabalho com maior ou menor iluminação também podem atender a


propostas de exploração e observação da luminosidade sobre elementos e objetos, a produções
artísticas com ou sem a presença de luz. Isso dependerá dos interesses das crianças e objetivos
do professor, havendo, portanto, um motivo para ocorrerem. Porém, a rotina diária do ambiente
requer iluminação adequada.

Todo ambiente coletivo é também bastante propício para a propagação de vírus e bactérias, por isso
é fundamental que esteja ventilado. Em regiões mais quentes, é natural que as construções sejam mais
abertas, porém, em cidades mais frias, é necessário lembrar a importância de agasalhar as crianças e manter
o local arejado. No entanto, a organização do espaço não se restringe à sua iluminação e ventilação.

Preparar um cenário para a emergência de interações promotoras do


desenvolvimento subordina-se à necessidade de que o arranjo das
condições de aprendizagem articule adequadamente conteúdos, atividades,
horários, espaços, objetos e parceiros disponíveis. A valorização de apenas
um ou alguns desses aspectos pode gerar desdobramentos impróprios do
processo educacional. Tais elementos formam uma ecologia, culturalmente
estabelecida, que é apropriada pela criança de forma singular como
ferramenta disponível para a realização de suas metas no ‘aqui-e-agora’ de
cada situação.

De toda forma, cada vez mais o ambiente físico e os arranjos espaciais


existentes nas creches e pré-escolas têm sido apontados como setores
que requerem especial atenção e planejamento. Além disso, as pesquisas
são claras em demonstrar a importância da significação que a criança
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pequena empresta ao ambiente físico, que pode lhe provocar medo ou


curiosidade, irritabilidade ou calma, atividade ou apatia (OLIVEIRA, 2010,
p. 195).

O espaço físico da escola é muito mais do que uma simples construção arquitetônica. É um ambiente
que, por sua organização, percebe-se o clima que se instaura dentro do grupo. Se estiver rigidamente
ordenado, com mesas e cadeiras infantis dispostas em simetria, pode-se notar que as crianças interagem
muito pouco dentro dele. Trata-se de um arranjo estabelecido pelo professor e que permite pouca ação
das crianças.

Há uma linha divisória entre a organização esteticamente perfeita e o caos total do ambiente com
jogos e brinquedos espalhados por todos os lados, que, inclusive, pode provocar acidente, visto que
alguém pode pisar sobre esses objetos e cair. Então, um ambiente que demonstra a presença da ação
infantil nunca pode ser organizado demais.

Exemplo de aplicação

Reflita: Você já teve uma deliciosa sensação de segurança e aconchego ao retornar para sua casa
depois de uma temporada longe? Será que a organização do espaço e a disposição do mobiliário
interferem nesse sentimento?

O ambiente assume a identidade do grupo, mostra a inatividade ou a interação, a passividade ou


as tentativas de desenvolvimento da autonomia da criança, conforme a disposição de seus materiais e
mobiliários. Portanto, até a organização do espaço depende das concepções que se tem sobre criança e
educação, conforme defende Oliveira (2010, p. 196):

Todo ambiente, sem exceção, é um espaço organizado segundo certa


concepção educacional, que espera determinados resultados. Há sempre um
arranjo ambiental, mesmo que isso se traduza na existência de uma sala
com pouco mobiliário e poucos objetos e brinquedos ou uma sala atulhada
de berços dispostos lado a lado, como uma enfermaria de um hospital
tradicional ou abarrotada de mesas, cadeiras ou carteiras, imitando um
arranjo escolar também ultrapassado.

Defendemos aqui a ideia de que a criança é capaz de construir seus conhecimentos, sendo o professor
um mediador. Para assumir essas concepções é preciso dar a ela “espaço no espaço”, permitir que tenha
acesso aos materiais para utilizá-los com autonomia, promover a oportunidade de escolher o que quiser
fazer, de tomar iniciativas em relação às suas atividades, de produzir e ser, de fato, construtora de
sua aprendizagem. Nesse sentido, o trabalho com cantos temáticos é bastante interessante, pois estes
proporcionam o acesso direto das crianças aos materiais, ao mesmo tempo em que desperta o interesse
delas pela variedade de propostas.

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O que se deve perguntar é se o arranjo existente condiz com a proposta


pedagógica da instituição e vice-versa. Não basta organizar a sala em
‘cantinhos’, se nela persistir uma pedagogia centrada nas instruções do
professor. Muitas vezes o espaço busca impedir a movimentação das crianças
e a interação entre elas. Outras vezes, embora não seja esta a intenção das
professoras, a organização do espaço termina por promover brigas ou outras
formas de comportamentos considerados como indisciplina (OLIVEIRA, 2010,
p. 197).

Alguns professores acreditam que um espaço alegre, adequado às crianças é aquele que expõe
desenhos infantis pelas paredes, como cartazes com as letras do alfabeto, figuras de personagens da
Disney ou da Turma da Mônica. Outros preferem as produções das crianças ou cenários confeccionados
pela própria professora, mas ainda não é isso que determina a riqueza do espaço.

Na perspectiva aqui exposta, o ambiente das creches e pré-escolas pode ser


considerado como um campo de vivências e explorações, zona de múltiplos
recursos e possibilidades para a criança reconhecer objetos, experiências,
significados de palavras e expressões, além de ampliar o mundo de sensações
e percepções. Funciona esse ambiente como recurso de desenvolvimento, e,
para isso, ele deve ser planejado pelo educador, parceiro privilegiado de que
a criança dispõe.

A criança, desde cedo, reconhece o espaço físico ou atribui-lhe significações,


avaliando intenções e valores que pensam ser-lhes próprios. Daí a importância
de organizar os múltiplos espaços de modo que estimulem a exploração de
interesses, rompendo com a mesmice e o imobilismo de certas propostas
de trabalho de muitas instituições de Educação Infantil. O que importa
verificar não são as qualidades ou aspectos do ambiente, mas como eles são
refratados pelo prisma da experiência emocional da criança e atuam como
recursos que ela emprega para agir, explorar, significar e desenvolver-se
(OLIVEIRA, 2010, p.197).

Como sugestão para a organização dos cantos, a proposta é utilizar as informações dos eixos de
desenvolvimento de mundo e favorecer o faz-de-conta, mas lembrando sempre de que essa não é a
única maneira possível e adequada. Os cantos devem ser dinâmicos, podendo inclusive se misturar em
seus materiais. Para provocar surpresas, o professor também pode retirar ou incluir os materiais de um
ou mais cantos após um período de utilização, trazendo bastante dinamismo nessa organização.

Quando se defende uma incessante atividade exploratória e criativa


por parte das crianças, individualmente ou em pequenos grupos,
todas partilhando diferentes recursos materiais, deve haver grande
preocupação com a funcionalidade e a estética dos ambientes, já que
todos os espaços servem para a educação visual, expressiva, cognitiva,
ética e estética. Sua organização gera uma estruturação orientadora
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ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

não apenas do comportamento das crianças, mas também dos adultos


e dos demais membros da comunidade escolar. A interação desses
atores vai modificar as intenções que originalmente orientaram
o planejamento do espaço e, consequentemente, provocar a sua
reorganização (OLIVEIRA, 2010, p. 198).

Também não é necessária uma rígida organização dos cantos temáticos. Os materiais podem
ser dispostos no ambiente usando-se outros critérios como brincadeiras, jogos e atividades que
necessitem de mesas com cadeiras em uma ponta da sala, e os que não precisam em outra. Se não
é possível colocar livros num espaço com almofadas, que eles sejam arrumados junto ao material
de pesquisa de elementos naturais. Enfim, são inúmeras possibilidades, desde que se permita a
plena participação da criança e que se acatem suas sugestões de materiais e brincadeiras. Outra
consideração importante nessa organização é o cuidado em não misturar atividades agitadas com
aquelas que requerem um clima mais tranquilo, como por exemplo, manter no mesmo espaço uma
criança que observa um inseto e pesquisa sobre suas características em livros com outra que dança
freneticamente.

Tem sido muito valorizada a organização de áreas de atividade diversificada,


os ‘cantinhos’ – da casinha, do cabeleireiro, do médico ou dentista, do
supermercado, da leitura, do descanso –, que permitem a cada criança
interagir com pequeno número de companheiros, possibilitando-lhe
melhor coordenação de suas ações e a criação de um enredo comum na
brincadeira, o que aumenta a troca e o aperfeiçoamento da linguagem.
Dessa forma não há a necessidade de o educador atrair para si a atenção
de todas as crianças, ao mesmo tempo. Com isso, elas esperam menos para
serem atendidas, ou melhor, aproveitam esse tempo em outras atividades
interessantes (OLIVEIRA, 2010, p. 199).

A organização dos cantos deve contar com espaços semiabertos para facilitar que a criança possa
ver o professor e ser vista por ele. Especialmente, para os bebês, chão, paredes e tetos devem ser
considerados espaços de exploração com móbiles, tapetes de várias texturas, figuras que possam ser
coladas e descoladas, entre outros materiais.

À medida que o professor observa e participa das brincadeiras com as crianças pode perceber aspectos
relevantes do seu desenvolvimento, conquistas na aprendizagem, preferências, desejos e necessidades e,
claro, registrar todas essas informações. É importante que estabeleça um critério para esses registros, de
modo a auxiliar a memória e não deixar passar considerações relevantes. Esses critérios referem-se ao
tipo de atividade que será observada a cada dia. O professor pode eleger menos crianças para observar
a cada dia com um olhar mais apurado qual a frequência das suas ações, reações e conquistas. Esse
registro consiste em um rico material para a análise e propicia a descoberta de características do grupo
que podem ser encobertas pelo cotidiano da Educação Infantil, permitindo também a percepção de
perguntas simples das crianças, que emergem de brincadeiras e conversas e que podem se transformar
em projetos interessantes e significativos.

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Utilizando, então, os eixos de conhecimento do mundo do Referencial Curricular Nacional para a


Educação Infantil, seguem sugestões para organização do espaço em cantos temáticos.

Saiba mais

Para ter acesso a todos os volumes do Referencial Curricular Nacional,


visite os seguintes sites:

<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>;

<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf>;

<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf>.

5.2 A organização do espaço em cantos temáticos

Movimento

O espaço deve propiciar à criança a exploração do corpo e seus movimentos com jogo de boliche, ioiô,
cordas, bambolês, bolas, pneus, elástico, jogos para acertar o alvo, amarelinha, caracol, caixas grandes
para que as crianças entrem e saiam, brinquem de ficar “guardadas”, ajoelhadas, sentadas, de cócoras.

Figura 19 Figura 20

Nesse local, também podem ser incluídos túneis feitos de tecido ou de caixas de papelão grandes,
cortinas de tiras (de tecidos, de canudos, de EVA, de plástico, entre outros materiais) presas em
bambolês ou bastões com os quais as crianças entrem e saiam dos círculos ou passem de um lado
para outro e que lhes provoquem sensações variadas. Esse canto exige um espaço relativamente
amplo. Caso ele não exista na escola, deve ser montado em área externa com outras opções
possíveis.
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ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Figura 21 Figura 22

Figura 23 Figura 24

Jogos corporais, como estátua, duro ou mole, o mestre mandou, entre tantos outros, podem ficar
descritos em fichas com gravuras alusivas e a explicação das regras para serem sorteadas de vez em
quando, num momento que pode receber nomes tais como “Brincadeira Surpresa”.

Com caixas grandes de papelão, também podem ser construídas “máquinas de transformação”. As
crianças, ao entrarem, verificam a figura que identifica aquilo em que elas devem se transformar. Se
tiver a figura de um cachorro ela entrará por um lado da caixa e sairá pelo outro, “transformada” em
cachorro, imitando-o; se tiver uma borboleta, sairá voando e assim com várias possibilidades.

Música

No canto da música, o professor deve organizar o espaço com CDs de músicas variadas, gravador, rádio,
objetos sonoros e instrumentos musicais. Também podem ser arranjadas sucatas variadas e apropriadas
para a construção de instrumentos de percussão contendo sementes e objetos que produzam diversos
tipos de sons.

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Figura 25 Figura 26 Figura 27

A flauta pode ser um instrumento financeiramente viável e que permite o contato mais direto
com a necessidade de se “ler” a posição correta dos dedos, para produzir os sons de notas musicais.
Alguns xilofones também possuem esquemas para tocar músicas variadas. O manuseio das partituras é
interessante para a criança perceber as maneiras de notação musical.

Figura 28 Figura 29 Figura 30

Alguns livros próprios para crianças, que mostram como é composta uma orquestra ou tratam da
vida e obra de alguns artistas também podem permanecer nesse espaço. Os instrumentos de bandinhas
rítmicas podem, da mesma forma, ser adquiridos pelas escolas que tenham melhores recursos financeiros.
Essa organização dependerá das características das crianças e dos seus interesses musicais.

Artes Visuais

Para as artes visuais, o espaço deve expor todos os tipos de materiais relacionados às linguagens
plásticas, tais como papéis, tintas, cola, tesoura, revistas, massas e argila para modelagem e sucatas para
esculturas. Esses materiais devem ser separados por tipos para facilitar a escolha das crianças e favorecer
o desenvolvimento da organização física. À medida que elas percebem a importância da organização
para a execução de seus projetos artísticos, a tendência é passarem a valorizá-la e mantê-la.

Outra forma interessante de organização é, além de escrever o que há dentro das caixas com os
materiais, colar algo que represente seu conteúdo. Por exemplo, na caixa de potes de iogurte, colar um
pote do lado de fora ou na tampa. Para a mistura de tintas e apoio de pincéis, um material interessante
são as bandejas que embalam frutas e legumes no mercado, que, por não serem recicláveis, têm então
boa maneira de aproveitamento que protela a sua transformação em lixo. É bom lembrar que as crianças,
quando manipulam tintas, massas, entre outros materiais artísticos, seguramente se sujam. Prevendo
isso, o professor deve combinar com a criança e seus pais um tipo de avental para ser utilizado nessas
atividades.

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ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Figura 31 Figura 32

Figura 33 Figura 34

Figura 35 Figura 36

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Figura 37 Figura 38

Leitura

Para esse canto, o cuidado especial fica no ambiente acolhedor e aconchegante. É claro que são
necessários os materiais de leitura e pesquisa, como livros de histórias modernas e tradicionais, sejam os
contos de fadas, os livros de adivinhas, parlendas, poemas, quadrinhas, revistas de conteúdos infantis e
adultos, gibis, livros sem texto e de vários materiais.

Também pode ser instalado um aparelho de TV e um de DVD para assistir e ouvir histórias,
desde que sejam adequadas à faixa etária das crianças, ao seu limite de tempo em termos de
concentração. Quando as histórias são longas é muito difícil para a criança assisti-las até o final.
Os fantoches são recursos atraentes e possuem uma variedade de tipos e materiais que garantem
a diversidade na utilização.

Figura 39

Para apreciar todo esse material, um tapete ou colcha com almofadas nas quais as crianças possam
sentar, recostar e deliciar-se de todo o prazer de uma boa leitura, das viagens imaginativas dentro das
histórias.
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ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Figura 40

Natureza

Este pode ser um canto que possua complementação do meio exterior, como no caso do movimento.
As pesquisas podem surgir ou se complementar na área externa da escola, onde as crianças podem
encontrar algum inseto ou planta que lhes interesse ou cuidarem de uma horta ou de animais maiores.

Figura 41 Figura 42

Figura 43

Tendo por foco a natureza, pode-se compor o canto com algumas plantas de terra e de água,
um peixe, tartaruga, hamster ou outro pequeno animal para que as crianças cuidem. São necessários
materiais para pesquisa como lupas e microscópios, superfície de apoio para observar insetos, folhas,
flores, entre outros elementos da natureza que sejam pequenos, livros para pesquisa, papel e lápis para
registro das observações realizadas. É o canto dos pequenos cientistas.

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Figura 44 Figura 45

Figura 46

Jogos de Mesa

Esse canto é o local em que se dá prioridade para a construção de conceitos matemáticos, porém as
crianças precisam ter liberdade de exploração de todos os jogos, antes que lhe sejam apresentadas as
regras, uma vez que gradualmente as respeitam quando as entendem, e, para entendê-las, precisam, em
primeira instância, explorar o material.

É por isso que se podem incluir jogos difíceis, como os de xadrez nesse canto. As regras são complicadas
para as crianças de Educação Infantil e exigem capacidade de criar estratégias relacionadas a um grau
elevado de abstração, mas ao brincarem com as peças, como o rei e a rainha em seu castelo, as crianças
exploram o material, suas dimensões e vão criando intimidade com o tabuleiro. Ao entrarem em contato
com as regras, já estarão familiarizadas com o material; algumas crianças podem até nos surpreender
pela sua capacidade de entendimento.

Figura 47 Figura 48

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ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Figura 49
Nesse espaço, podem ser organizadas prateleiras ou caixas com toda variedade de jogos de mesa
possível, entre eles, dominós de vários tipos, quebra-cabeças, jogos de trilha, dados, memória, baralhos
etc. Os jogos com letras móveis, de criar palavras, forca, cruzadinhas, caça-palavras, entre outros, também
podem ficar no mesmo local.

Construção

É um canto que pode ser montado junto ou separado dos jogos de mesa, pois incentiva a construção de
conceitos relacionados a espaço e forma, com jogos de encaixe de vários tipos e caixas de papelão coloridas.

Figura 50 Figura 51

Figura 52

Normalmente, construções também se transformam em jogos simbólicos, pois as crianças usam o


que fizeram para compor as brincadeiras de faz-de-conta com castelos, foguetes, navios, cidades etc.

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Caixas grandes de papelão prestam-se com bastante eficiência à construção de casas, carros,
barcos, ônibus, nos quais as crianças podem entrar, embarcar, pilotar etc. É um material resistente, e o
investimento financeiro é baixo, necessitando apenas de decoração e um bom acabamento.

Jogo simbólico

Espaço com espelho, maquilagem, fantasias e acessórios, como bolsas, colares entre outros, para que
as crianças possam transformar-se e viver papéis em seu faz-de-conta.

Figura 53 Figura 54

Utensílios para brincadeiras de casinha, escolinha, lojas, barracas de feira, consultório médico,
bombeiro, que envolvam enfim variados papéis sociais e diversas profissões, são imprescindíveis. Outros
materiais também devem compor esse espaço, como as miniaturas de bonecos, super-heróis, animais,
entre outros.

Figura 55 Figura 56

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ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Figura 57

Figura 58 Figura 59

Figura 60 Figura 61

Figura 62

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A sala de aula é um espaço de referência importante para as crianças. É nela que o grupo inicia e
termina o dia, guarda seus pertences como mochila, lancheira ou objetos trazidos de casa. É nela que
a criança se organiza e desenvolve em termos de rotina, horário, verificação de calendário, colegas
presentes, atividades importantes para a aprendizagem de noções matemáticas, oralidade, leitura, escrita,
entre outras. Porém, o planejamento do espaço não deve se restringir a ela. Todos os espaços da escola
devem ser planejados pela equipe de professores. Áreas de uso comum merecem um planejamento
coletivo que atenda às necessidades de exploração e interesses de todas as faixas etárias. O parque, por
exemplo, além das atividades motoras é muito usado pelas crianças para jogos imaginativos. Balanços
podem transformar-se em aviões, gira-giras, em máquinas do tempo, e por aí segue uma infinidade de
possibilidades. Do mesmo modo, ocorrem jogos simbólicos no tanque de areia e em outros espaços, por
isso os professores devem pensar na organização dessas áreas, incluindo outros objetos e brinquedos
que podem facilitar essas brincadeiras das crianças.

Figura 63 Figura 64

Figura 65

As crianças menores também precisam de áreas organizadas especialmente para elas, em função
das características da idade. Objetos e brinquedos devem ser adequados a cada faixa etária, ao espaço
disponível e às suas preferências. Cabe ao professor observar o grupo para suprir necessidades e
desejos.

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ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Para as crianças menores, pode-se criar um espaço onde haja almofadas,


elevações, muretas, espelhos, caixas e túneis para entrar dentro, móbiles,
panôs ou toldos, sugerindo, por exemplo, um cenário de circo, castelo
ou praça, e também cartazes com personagens para servir de apoio ao
desenvolvimento da memória, da imaginação, da locomoção e da fala
(OLIVEIRA, 2010, p. 200).

Figura 66 Figura 67

Figura 68

Além da organização do espaço, o professor também precisa cuidar do planejamento do tempo,


pois a rotina nas creches e pré-escolas pode acabar envolvendo a todos em ações automáticas
de higiene e alimentação. É preciso então verificar em cada atividade rotineira aquilo que pode
ser explorado com a observação das crianças, de modo a enriquecer os conhecimentos delas, o
que somente é possível pela mediação de um parceiro mais experiente, que proponha situações
desafiadoras e envolventes.

O terceiro volume do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil está é divido em eixos
e apresenta uma série de orientações sobre as atividades que podem ser desenvolvidas com as crianças
em cada um deles, que são interessantes para o apoio do professor em seu planejamento, no que diz
respeito à organização do tempo e do espaço.

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Por ser um material bastante extenso, levantamos as possibilidades práticas dentro dos itens de
conteúdos e de orientações didáticas, não para o oferecimento de modelos a serem seguidos na íntegra,
mas como sugestões de trabalho que podem ser adaptadas às condições reais do contexto de atuação
do professor.

Os conteúdos não serão apresentados com a divisão das faixas etárias de zero a três e
de quatro a seis anos de idade, mas não é difícil para o professor identificar quais os tipos
mais adequados para o nível de desenvolvimento de seus alunos. Apesar de os conteúdos do
material serem organizados em blocos, a intenção é captar e tentar integrar os conceitos, e não
compartimentá-los.

Os principais pontos abordados relacionam-se diretamente à prática na escola de Educação


Infantil. A teoria que fundamenta essa prática foi organizada em outras disciplinas e, por isso, elas se
complementam, e não se repetem.

As atividades sugeridas foram separadas em seus eixos para efeito de visualização, mas devem
misturar-se frequentemente. Toda e qualquer atividade proposta para as crianças abrange, no mínimo,
o seu eixo e mais a linguagem oral, pela interação que ocorre em seu desenrolar.

Exemplo de aplicação

Reflita:

Como desenvolver qualquer proposta de atividade com a criança sem que haja interação e
comunicação?

Todas essas atividades precisam ser contextualizadas. Não se trata, por exemplo, de pedir que as
crianças apenas engatinhem para imitar um animal, mas de inseri-las numa história, num ambiente
com música, e assim em todas as outras situações. Essa integração poderá ser melhor entendida mais
adiante, com os esclarecimentos sobre o trabalho com projetos.

As atividades devem possuir um caráter lúdico que permita à criança perceber o prazer em
aprender, envolvendo não apenas os jogos e brincadeiras, mas também a pesquisa, desde que,
para a criança, a proposta possua significado e poder de envolvimento em função do assunto
estudado.

O envolvimento lúdico não quer dizer que a criança torna-se inconsciente de suas aprendizagens,
habilidades e dificuldades. Alguns professores insistem na ideia de que a atividade lúdica permite à
criança “aprender sem perceber”, o que é uma grande bobagem, já que ela sabe o que e como está
aprendendo e pode ter um imenso prazer nisso. Partindo dessas considerações, seguem as possibilidades
de atividades para cada um dos cantos temáticos sugeridos.

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ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

5.3 Propostas de atividades para os cantos temáticos

Movimento

O movimento é um tipo de linguagem que precisa ser incentivada na Educação Infantil. As


experiências com o corpo devem ser oferecidas sempre, evitando estereótipos, tais como meninas não
jogam futebol, e meninos não pulam corda. Os conteúdos para o eixo de movimento tratam de situações
de aprendizagem que envolvem a expressividade, o equilíbrio e a coordenação.

Sugestões de atividades:

• Banho e Massagem: explorar o corpo e suas partes durante o banho e fazer massagem uns nos
outros (atividades de rotina).
• Mímicas e gestos: músicas com indicações de movimentos.

Exemplo:

1)

Eu conheço um jacaré,
que gosta de morder,
esconda a sua barriga,
se não o jacaré, come a sua barriga
e o dedão do pé.

2)

Torce, retorce,
Procuro mas não vejo,
a pulga fazendo cócegas
aqui no meu joelho ... ( e assim com várias partes do corpo).

• Brincadeiras de siga o mestre


“O mestre mandou... pular num pé só!”
• Danças e cirandas
Boneca de lata; A galinha do vizinho; Ciranda, cirandinha; Se eu fosse um peixinho.
• Brincadeiras com o espelho: expressões corporais livres ou representação de histórias e personagens
com fantasias e acessórios.
• Brincadeiras com materiais que provoquem sensações corporais: areia, água fria e morna, gelatina,
argila, tecidos com várias texturas, entre outros.

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• Brincadeiras agitadas para sentir depois os batimentos cardíacos e ritmo respiratório, ou seja, para
o reconhecimento dos sinais vitais e de suas alterações.
• Jogos com o corpo e a imaginação: derreter como um sorvete; flutuar como um floco de algodão;
balançar como as folhas de uma árvore; correr como um rio; voar como uma gaivota; cair como
um raio.
• Brincadeiras que envolvam pular, saltar com os dois pés e um pé só; sentar, agachar, deitar, ficar
em pé em diferentes inclinações e posições; arrastar-se com a barriga para baixo e com a barriga
para cima; engatinhar, rolar, andar, correr, saltar, subir, descer, escorregar, pendurar-se, andar
agachado, sentado, de joelhos e movimentos integrados a músicas e histórias.

• Jogos com movimento de preensão e pinça; de encaixar, lançar, jogar.

Música

A música é uma linguagem expressiva importante, que deve ser incentivada desde os primeiros anos
de vida. O trabalho musical na escola de Educação Infantil deve respeitar as diferenças regionais e suas
respectivas manifestações culturais, bem como explorar o potencial expressivo que lhe é peculiar. É
preciso tomar cuidado para não limitar a prática ao repertório infantil comercial que pouco acrescenta
ao conhecimento musical da criança. O uso da música como pano de fundo para outras atividades é
desaconselhável afim de que se valorize o silêncio.

Vejamos em seguida os conteúdos propostos para este eixo, que foram organizados em fazer musical
e apreciação musical:

• Brincadeiras com objetos do cotidiano, brinquedos sonoros, instrumentos musicais variados,


chocalhos, guizos, blocos, sinos, xilofones e tambores; com a voz e com o corpo (palmas, batidas
nas pernas, pés, estalar a língua e os dedos) no acompanhamento de músicas.
• Composição de pequenas músicas ou versos a partir de outras já existentes, usando seja de objetos,
seja da voz, do corpo, seja do silêncio.
• Interpretar músicas utilizando capacidades expressivas faciais, corporais e entonação da voz,
como brincar de fazer show.
• Brincadeiras e jogos cantados e rítmicos. Exemplo: Escravos de Jó.
• Brincadeiras com imitação de animais e ruídos (caminhão, carro, telefone, avião, entre outros).
• Brincadeiras com as sensações obtidas pela percepção do silêncio e dos sons: altura (graves ou
agudos), duração (curtos ou longos), intensidade (fracos ou fortes), timbre (característica que
distingue e personaliza cada som) e variações de velocidade. Exemplo: contar uma história que
integre esses elementos.
• Jogos exploratórios da densidade dos objetos musicais. Exemplo: tocar um tambor de diferentes
maneiras, variando a força, com diferentes baquetas, com as mãos, pontas dos dedos e observar
os resultados.
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ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

• Histórias com personagens ou situações identificadas por sons ou instrumentos como uma voz
grave quando chega o lobo e uma aguda para a vovó de Chapeuzinho Vermelho; sons suaves para
não acordar alguém que dorme; impulsos sonoros curtos, sugerindo pingos de chuva; ritmo de
galope para sonorizar o trotar dos cavalos.
• Músicas de diversos gêneros, estilos, épocas e culturas, da produção musical brasileira e de outros
povos e países: clássicas; infantis; instrumentais; vocais; folclóricas; regionais; populares.
• Histórias sobre as obras ouvidas, o contexto histórico de sua criação, a época, seu compositor,
intérpretes; sobre a composição de uma orquestra.

Artes Visuais

O eixo de artes visuais foi organizado em dois blocos. O primeiro refere-se ao fazer artístico, e o
segundo, à apreciação. Esses conteúdos devem ser vivenciados pelas crianças de maneira integrada.
As produções envolvem um percurso individual, por isso não se apresenta aqui um único modelo a
ser copiado. Para o fim de pesquisa, podem ser apresentadas várias criações diferentes para a criança
observar. Tudo o que for produzido por ela deve ser exposto para a apreciação dos adultos e das outras
crianças da escola.

• Preparo e exploração de vários tipos de tintas utilizando elementos da natureza, como


folhas, sementes, flores, terras de diferentes cores e texturas, que, misturadas com água ou
outro material e peneiradas, criam efeitos interessantes nas pinturas; preparo de receitas
de massas caseiras com corantes comestíveis e exploração de vários tipos de materiais para
modelagem.
• Confecção de esculturas e estruturas tridimensionais; colagens; montagens e justaposição de
sucatas previamente selecionadas, limpas e preparadas para que não ofereçam riscos à segurança
da criança.
• Desenhos livres ou mediante propostas de temas que envolvam materiais variados, como lápis
preto, lápis de cor, lápis de cera, canetas, carvão, giz, penas, gravetos; pintura utilizando vários
tipos de tintas e materiais para tingimento, como guache, anilina, tinta plástica, corante retirado
de papéis, flores, legumes e sementes.
• Desenhos com algum tipo de intervenção do professor como um risco, um recorte, uma colagem
de parte de uma figura; desenhos a partir de histórias, imagens significativas, fatos do cotidiano,
da observação das mais diversas situações, cenas, pessoas e objetos.
• Desenhos, pinturas, colagens, modelagens a partir de seu próprio repertório e da utilização
dos elementos da linguagem das artes visuais: ponto; linha; forma; cor; volume; espaço;
textura.
• Uso de vários suportes para pintura, desenho e colagem, de diversos tamanhos e texturas, como
papéis lisos e enrugados; cartolinas; lixas; chão; areia; terra.
• Exploração de técnicas de pinturas diversas, como soprada em canudo, com esponjas, carimbos,
dobrando o papel, bem como a exploração e utilização de materiais típicos das regiões brasileiras.
69
Unidade II

• Observação e identificação de imagens diversas, podendo conter pessoas, animais, objetos


específicos às culturas regionais, cenas familiares, cores, formas, linhas, imagens abstratas ou
renascentistas; leitura de obras de arte a partir da observação, narração, descrição de imagens e
objetos. A proposta desse item é a apreciação das artes visuais e correlação com as experiências
pessoais: a criança pontua o que mais gostou, como o artista realizou, que instrumentos e meios
ele utilizou, entre outras percepções.

Receitas de tintas caseiras

Tinta de amido de milho

Ingredientes:

– 1 xícara de chá de tinta guache líquida (para usar com os menores, pode ser substituída por anilina
comestível, pó para suco ou pó para gelatina);
– 1 xícara de chá de amido de milho.

Preparo: misture a tinta guache líquida e o amido de milho para obter uma tinta grossa.

Tinta de farinha

Ingredientes:

– 3 xícaras de chá de farinha;


- 2 colheres de sopa de detergente líquido;
– 2/3 de xícara de chá de água.

Preparo: misture a farinha, o detergente líquido e a água em uma tigela até formar uma pasta
grossa. Junte corante culinário até obter a tonalidade desejada.

Tinta de gelatina

Ingredientes:

– água;
– pó para gelatina de qualquer sabor.

Preparo: junte os ingredientes até obter a consistência de uma tinta mais cremosa.

70
ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Tinta de leite e anilina comestível

Ingredientes:

– leite;

– anilina comestível.

Preparo: misture o leite e a anilina numa tigela e utilize para pinturas em torradas, pães e bolos. Não
é recomendável guardá-la por mais de dois dias, pois o leite pode azedar.

Tinta de Terra

Ingredientes:

– terra peneirada;
– água.

Preparo: misture bem a terra peneirada e a água em um pote até obter a consistência desejada.

Tinta de amido de milho e vinagre

Ingredientes:

– 2 colheres de chá de vinagre branco (pode ser de vinho, maçã ou álcool);


– 2 colheres de chá de amido de milho;
– 20 gotas de anilina comestível diluída em uma colher de sopa de água.

Preparo: misture o vinagre, o amido de milho e a anilina comestível diluída em um pote pequeno. A
quantidade é suficiente para uma criança.

Tinta para o rosto e corpo

Ingredientes:

– 1 colher de chá de amido de milho;


– ½ colher de chá de creme hidratante para o corpo;
– ½ colher de chá de água;
– anilina comestível a gosto.

Preparo: misture o amido de milho e o creme hidratante até obter uma mistura homogênea.
Acrescente a água e a anilina comestível.

71
Unidade II

Aquarelas congeladas

Ingredientes:

– tinta guache líquida ou corante culinário diluído em água;


– fôrmas para gelo ou potes de café descartáveis;
– palitos de sorvete.

Preparo: coloque tinta guache líquida ou corante diluído em água em copos descartáveis para café,
potes de queijo Petit Suisse ou formas para gelo. Leve ao congelador e, quando estiverem consistentes,
introduza palitos ou pazinhas de sorvete no centro. Depois de completamente congelados, desenforme
e utilize ainda congelada.

Tinta de xampu

Ingredientes:

– 3 colheres de chá de xampu;


– água o bastante para a consistência desejada;
– corante culinário ou tinta guache.

Preparo: misture o xampu com a água numa tigela funda e bata vigorosamente com um garfo ou
batedor culinário até obter um creme. Acrescente o corante ou guache até chegar à cor desejada.

Tinta de creme de barbear e cola

Ingredientes:

– 1 xícara de chá de creme de barbear;


– 1 xícara de chá de cola branca;
– tinta guache.

Preparo: misture o creme de barbear com a cola branca em uma tigela. Acrescente tinta guache a
gosto.

Pintura a dedo

Ingredientes:

– Uma parte de tinta guache para meia parte de detergente líquido

72
ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Preparo: misture os ingredientes e utilize-os com os dedos.

Tinta perfumada

Escolha a receita de tinta de sua preferência e acrescente fragrâncias e temperos como xampu,
limão, extrato de amêndoas, extrato de hortelã, creme hidratante, perfumes, bebidas à base de frutas,
chocolate em pó, café, cravo, noz moscada, canela, manjericão, sálvia, entre outras possibilidades.

Tinta com textura

Escolha a receita de tinta de sua preferência e acrescente grãos de café, café em pó, areia, sal,
serragem, raspas de lápis, aveia, sagu, folhas secas, bolinhas de isopor, entre outros materiais.

Receitas de massas caseiras para modelar

Massa de papel machê

Ingredientes:

– 2 folhas de jornal ou quantidade equivalente de papel higiênico;


– 2 colheres de sopa de cola;
– 2 colheres de sopa de vinagre;
– 1 xícara de chá de farinha de trigo.

Preparo: pique o papel, coloque-o em uma tigela e cubra com água. Deixe descansar por 5 horas.
Retire-o da água e esprema bem. Acrescente os outros ingredientes e amasse até que solte da mão.

Massa de modelar 1

Ingredientes:

– 2 xícaras de chá de farinha de trigo;


– ½ xícara de chá de sal;
– 1 colher de sopa de óleo de cozinha;
– 1 colher de sopa de vinagre;
– corante culinário ou suco em pó;
– água o suficiente para dar o ponto.

Preparo: coloque a farinha, o sal, o óleo, o vinagre e o corante em uma tigela e acrescente a água
aos poucos até que a massa solte das mãos.
73
Unidade II

Massa de modelar 2

Ingredientes:

– 1 xícara de bicarbonato de sódio;


– ½ xícara de amido de milho;
– 2/3 de xícara de água morna;
– corante culinário, tinta guache ou suco em pó para dar cor.

Preparo: misture o bicarbonato e o amido de milho numa panela. Acrescente a água e misture
novamente. Ferva, mexendo sempre, até obter a consistência de um purê. Deixe esfriar, amasse e
acrescente o corante escolhido.

Massa de modelar 3

Ingredientes:

– 4 medidas de farinha de trigo;


– 2 medidas de sal;
– 2 medidas de água;
– 1 medida de vinagre;
– 1 medida de tinta guache.

Modo de preparo: pegue tudo e misture em uma tigela, primeiro a farinha de trigo e o sal, depois,
a água e o vinagre e, por último, a tinta guache. Misture bem e enrole a massa com a mão até ficar
homogênea.

Massa de modelar 4

Ingredientes:

– 1 xícara de chá de farinha de trigo;


– 1 xícara de chá de sal;
– água suficiente para dar o ponto.

Preparo: misture a farinha com o sal em uma tigela grande. Coloque a água aos poucos, mexendo
sempre até que a massa desgrude das mãos.

74
ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Massa de modelar 5

Ingredientes:

– 3 xícaras de farinha de trigo;


– 1 xícara e ½ de sal;
– 6 colheres de chá de cremor de tártaro ou fermento em pó;
– 3 xícaras e ¼ de água;
– 3 colheres de óleo;
– corante culinário a gosto.

Preparo: misture todos os ingredientes secos em uma panela grande. Acrescente os outros, com
exceção do corante. Cozinhe em fogo alto por 3 a 4 minutos, até que forme uma massa. Separe em
porções e adicione corantes diferentes em cada uma.

Massa de serragem

Ingredientes:

– 1 copo de farinha de trigo;


– 2 copos de água;
– 1 colher de sopa de detergente líquido;
– 1 copo de serragem.

Preparo: Misture a farinha com a água. Acrescente os outros ingredientes e amasse até soltar das mãos.

Massa de biscuit de microondas

Ingredientes:

– 1 copo de cola branca;


– 1 copo de amido de milho;
– 2 colheres de sopa de vaselina ou óleo de cozinha;
– 1 colher de sopa de vinagre;
–creme hidratante para as mãos;
–tinta para tecido a gosto.

75
Unidade II

Preparo: misture o amido de milho com a cola. Acrescente a vaselina e o vinagre. Leve ao microondas
por 2 a 3 minutos. Mexa e leve ao micro-ondas novamente até que a massa fique úmida nas extremidades.
Amasse ainda quente, usando o creme hidratante para a massa não grudar nas mãos. Coloque a tinta
até que chegue à cor desejada.

Exemplo de aplicação

Antes de propor qualquer atividade para as crianças ou de selecionar materiais para os cantos, jogue,
brinque, leia, monte. O exercício é escolher várias sugestões de cada eixo e experimentar.

Como sugestão, prepare uma massa de modelar ou tinta caseira e brinque livremente. Depois escreva
as sensações que elas proporcionam.

Divirta-se!

Linguagem oral e escrita

O domínio da linguagem cresce à medida que a criança a usa em variadas circunstâncias nas quais
pode perceber a função social e assim desenvolver diferentes capacidades relacionadas à oralidade e à
escrita. Tão importante quanto brincar com as palavras faladas, cantadas e escritas, é o respeito que o
professor reserva à comunicação da criança: ouvi-la com atenção; procurar entender realmente o que
está tentando comunicar; ajudá-la a se expressar oralmente quando ainda sabe apenas apontar. Com
essas atitudes, os adultos demonstram sua consideração à criança. Vejamos em seguida as propostas
deste eixo.

• Manuseio de materiais impressos, como livros, revistas, histórias em quadrinhos. Conversas nos
momentos de banho, de alimentação, de troca de fraldas; rodas de conversa: relato de experiências,
narração de fatos e eventos. Brincadeiras e conversas com perguntas e respostas, argumentações,
explicações e expressões de necessidades.
• Histórias contadas oralmente pelo professor e pelas crianças; leitura de textos escritos de fontes
variadas: livros de contos, gibis, revistas, jornais etc.
• Brincadeiras com parlendas.

Observação

Parlendas são rimas infantis em versos de cinco ou seis sílabas, que


normalmente apresentam temas infantis recitados em brincadeiras.
Possuem rima fácil e, por isso, caem no gosto das crianças. Há parlendas
bem antigas, que fazem parte do folclore brasileiro.

76
ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Exemplo:

1)

Um, dois, feijão com arroz.


Três, quatro, feijão no prato.
Cinco, seis, chegou minha vez
Sete, oito, comer biscoito
Nove, dez, comer pastéis.

2)

Hoje é domingo, pé de cachimbo.


O cachimbo é de ouro, bate no touro.
O touro é valente, bate na gente.
A gente é fraco, cai no buraco.
O buraco é fundo, acabou-se o mundo.

3)

Serra, serra, serrador!


Serra o papo do vovô! Quantas tábuas já serrou?

Uma das crianças diz um número, e as duas, sem soltarem as mãos, dão um giro completo. Repetem
os giros até completar o número dito por uma das crianças.

• Brincadeiras com trava-língua

Observação

Os trava-línguas são uma modalidade de parlenda. Consistem na pronúncia rápida e segura de


versinhos que apresentam certa dificuldade pela repetição de sílabas ou palavras em diversas posições.
São bons recursos para incentivar a pronúncia e dicção corretas.

Exemplo:

1)

”Atrás da pia tem um prato “O pinto pia, a pia pinga.


Um pinto e um gato Pinga a pia e o pinto pia.
Pinga a pia, apara o prato Quanto mais o pinto pia
Pia o pinto e mia o gato”. mais a pia pinga”.
77
Unidade II

2) 3)

“Olha o sapo dentro do saco “Gato escondido com rabo de fora


O saco com o sapo dentro, tá mais escondido
O sapo batendo papo que rabo escondido
E o papo soltando o vento”. com gato de fora”.
4) 5)

“Se o Pedro é preto, “O rato roeu a roupa


o peito do Pedro é preto do rei de Roma.
e o peito do pé do Pedro a Rainha, raivosa,
também é Preto.” rasgou o resto.”

• Brincadeiras com adivinhas: O que é, o que é...?

Observação

As adivinhas são perguntas desafiadoras que divertem as pessoas,


incitando-as a encontrar as respostas.

Exemplo:

O que é, o que é, que cai em pé e corre deitada?

• Brincadeiras com poemas e quadrinhas

Observação

A quadrinha é uma espécie de trova composta de quatro versos e sete


sílabas em cada.

Exemplo:

1)

“O anel que tu me deste


Era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou”
Poema é uma obra em verso, relativamente extensa e com enredo”.

78
ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

2) 3)

“Atirei um limão n’água “Com A escrevo amor


De pesado foi ao fundo Com B escrevo beijo
Os peixinhos responderam Com C escrevo castelo
Viva Dom Pedro Segundo.” Castelo do meu desejo.”

• Brincadeiras com canções.


• Jogos com os nomes, letras e palavras; cruzadinhas; jogo da forca; caça-palavras.
• Confecção de livros; revistas; jornais; jogos (montar as regras).
• Elaboração de bilhetes e convites.
• Brincadeiras com imagens de folhetos e rótulos de produtos.
• Elaboração de histórias a partir de gravuras, de um personagem ou de objetos.
• Escritura do próprio nome para identificar pertences.
• Elaboração de listas de compras ou de tarefas para preparação de uma festa.

Natureza e Sociedade

A observação e exploração do meio natural e social são importantes para a criança reconhecer-se
como integrante de um grupo social inserido em um ambiente. Conhecê-los é fundamental para que
ela os respeite.

Para os menores não há divisão, para os maiores os conteúdos foram divididos em cinco blocos:

1 Organização dos grupos e seu modo de ser, viver e trabalhar

As crianças, desde que nascem, participam de grupos sociais. Sua família, seus parentes e amigos, o
clube, a igreja são exemplos desses grupos.

2 Os lugares e suas paisagens

As paisagens podem ser resultado de uma combinação de elementos naturais ou da ação do homem
sobre eles, que pode ser ou não benéfica à qualidade de vida humana, e é importante que a criança saiba
identificá-la.

3 Objetos e processos de transformação

Para conhecer o mundo, é preciso que a criança conheça os elementos que estão presentes nele
e suas relações, as invenções criadas pelos humanos com elementos naturais ou não, para facilitar o
trabalho do dia a dia.
79
Unidade II

4 Os seres vivos

Os seres vivos, de maneira geral, provocam interesse na criança. O modo de vida, o seu habitat, o
tipo de alimentação e defesa, as possibilidades de convivência com os humanos despertam frequentes
curiosidades e questionamentos nas crianças, que rendem infinitas possibilidades de trabalho no
contexto escolar.

5 Os fenômenos da natureza

Os fenômenos naturais, como tempestades, furacões, cometas e estrelas são muito interessantes à
criança. Povoam o imaginário infantil por causa dos mitos, lendas e contos, e daí deriva uma série de
dúvidas e perguntas. É importante que as crianças conheçam a relação entre esses fenômenos e a vida
humana. O trabalho que envolve os blocos de conteúdos indicados em seguida pode ser desenvolvido
no cotidiano dos educandos, ou seja, não se limita apenas à prática em sala de aula.

• Histórias, brincadeiras, jogos, músicas e danças tradicionais, folclóricas e regionais de sua


comunidade e de outros grupos.
• Cuidados de animais presentes na escola.
• Cultivo de plantas, flores, temperos, pequenas hortas e pomares.
• Brincadeiras observatórias com bichos de jardim.
• Cuidados com seu próprio corpo.
• Brincadeiras e jogos com crianças e adultos de diferentes idades.
• Excursões a lugares variados.
• Experiências com elementos diversos encontrados ou não na natureza, como terra, areia, farinha,
pigmentos que, misturados entre si ou com diferentes materiais, como água, leite, óleo, passam
por processos de transformação, ocasionando diferentes resultados.
• Preparo de receitas culinárias, tintas e massinhas não tóxicas.
• Brincadeiras, jogos e dramatizações com os vários tipos de profissões, com os diversos papéis
sociais da atualidade e de tempos antigos; representações do seu modo de vida e de outras
comunidades.
• Histórias com paisagens variadas: mares, rios, vegetação, florestas, montanhas, construções etc.
• Desenhos, colagens, pinturas e jogos, utilizando fotos, pôsteres, cartões postais, imagens de
revistas, livros de paisagens reais e fictícias, atuais e antigas, rurais e urbanas.
• Brincadeiras e jogos com ferramentas, máquinas, instrumentos musicais, brinquedos, aparelhos
eletrodomésticos, construções, meios de transporte ou de comunicação.
• Confecção de objetos com variados materiais, de uso atual ou de outras épocas para serem usados
em jogos e brincadeiras, danças e representações.

80
ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

• Histórias, dramatizações, músicas sobre animais e suas características.


• Jogos e brincadeiras, com figuras de animais e suas características, com figuras de variadas espécies
da fauna e suas características.
• Desenhos, recortes, colagens, listas escritas ou modelagem de animais, suas características e
necessidades, criação, semelhanças e diferenças entre espécies.

• Desenhos, recorte, colagens, listas escritas ou modelagem de plantas, flores, árvores e outros
representantes vegetais, suas características e necessidades, criação, semelhanças e diferenças
entre espécies da flora.
• Desenhos, recortes, colagens, escritas ou modelagem de músicas, danças, fotos, vídeos como
forma de registro dos resultados de pesquisa relacionados aos conteúdos de natureza e
sociedade.
• Pesquisas sobre a ação de luz, calor, som, força e movimento.
• Jogos com luz e sombra.
• Filmes.

Matemática

A construção de conceitos matemáticos é importante para que a criança possa resolver seus problemas
cotidianos, e a escola deve favorecer esse aprendizado. As primeiras experiências matemáticas ocorrem
com os bebês, quando das noções espaciais exploradas com o corpo, das contagens orais e das primeiras
noções de quantidade.

Essa construção ocorre por um processo contínuo de abstração, no qual as crianças


estabelecem relações entre os elementos do meio, construindo significados. Conforme a criança
cresce, os conceitos que constrói vão se tornando mais complexos. Eles estão organizados nos
blocos:

– Números e sistema de numeração: contagem (recitação oral da sequência numérica),


notação e escrita numéricas (registro dos números sob várias formas) e operações (em geral
com o apoio dos dedos e correspondência termo a termo).

– Grandezas e medidas: experiências com tamanhos, pesos, volumes e temperaturas. O uso


dos calendários, a organização do espaço pegando objetos com pesos e tamanhos variados é
uma forma de exploração desses conceitos pelas crianças. O dinheiro também é uma grandeza
com que elas têm contato e sobre a qual podem desenvolver algumas ideias e relações que
articulam conhecimentos relativos a números e medidas.

– Espaço e Forma: o pensamento geométrico compreende as relações e representações


espaciais que as crianças desenvolvem. A exploração espacial pode ser então proporcionada
sob três perspectivas: as relações espaciais contidas nos objetos (identificação de atributos,
81
Unidade II

como quantidade, tamanho e forma), as relações espaciais entre os objetos (noções


de orientação, como proximidade, interioridade e direção) e as relações espaciais nos
deslocamentos (pontos de referência que as crianças adotam, a sua noção de distância, de
tempo).

Vejamos as atividades propostas para a abordagem desses conhecimentos:

• Brincadeiras com areia, blocos e caixas dramatizando festas de aniversário: contam-se as velas
do bolo, relaciona-se a idade da criança com o número da vela, representa-se com os dedos a
quantidade equivalente à sua idade.
• Brincadeiras em circuitos com obstáculos de caixas de papelão, cordas, cadeiras, mesas, arcos,
pneus, para exploração de posições do corpo no espaço: em cima, em baixo, atrás, na frente ao
lado, dentro fora.
• Histórias, músicas e parlendas que contenham números.
• Brincadeiras com blocos e caixas para empilhar, alinhar, encaixar uma dentro da outra.
• Músicas, cirandas, versos, parlendas com recitação oral de sequências numéricas (desde que a
criança compreenda seu sentido).
• Jogos como esconde-esconde.
• Jogos para contar objetos, contar as casas nos jogos de trilha.
• Jogos com tabelas comparativas e problemas com informações numéricas das crianças (idade,
número de sapato, número de roupa, altura e peso).
• Confecção de brinquedos com números de placas de carro e de ônibus, nas camisas de
jogadores, no código de endereçamento postal, nas etiquetas de preço, nas contas de luz e
água.
• Confecção de livros com índice e numeração das páginas.
• Coleção de álbuns de figurinhas e outros objetos de interesse das crianças em grupos e
individualmente.
• Utilização de calendários (folhinhas anuais, mensais, semanais), marcando compromissos
importantes do grupo, como os aniversários das crianças e datas de passeios.
• Jogos de problemas sobre quem é o mais velho ou o mais alto da sala, quem usa o sapato maior
e o menor.
• Jogos de adivinhação.
• Jogos de baralho, dominó, trilhas, dados, sudoku, boliche, amarelinha etc.
• Desenhos de objetos a partir de diferentes ângulos de visão: de cima, de baixo ou de lado.
• Jogos de representações tridimensionais, como construções com blocos de madeira, de maquetes,
painéis.
82
ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

• Registros de percursos de um ponto a outro (caminhos, itinerários, lugares, localizações) em


desenhos, fotos ou construções com objetos variados.
• Confecção de mapas simples para descrição e representação.
• Pesquisas em mapas e guias sobre bairros, zonas ou locais de interesse das crianças.

No planejamento das atividades, o professor deve lembrar-se de que todos os momentos e espaços
são pedagógicos e aproveitá-los, portanto, em todas as suas possibilidades. A hora do banho ou da
higiene pode ser um momento agradável para brincadeiras com o corpo, enquanto, nas refeições, podem
ser incluídas histórias, charadas, exploração de alimentos, entre outras situações.

Saiba mais

Para inteirar-se mais acerca da importância da organização do espaço


consulte o artigo O espaço físico e sua relação no desenvolvimento e
aprendizagem da criança, disponível no endereço: <http://meuartigo.
brasilescola.com/educacao/o-espaco-fisico-sua-relacao-no-desenvolvime
nto-aprendizagem-.htm>.

6 INTERAÇÃO E APRENDIZAGEM

A aprendizagem é um processo individual no sentido de que cada um apresenta o seu ritmo, sua maneira
de interpretar situações e informações, mas também é social, pois depende de experiências no ambiente.

A criança é ativa no processo de aprendizagem, uma vez que o conhecimento não é algo que se
recebe pronto, como uma caixa de presente, mas sim pela maneira como cada um explora os diversos
atributos de um objeto ou os vários pontos de vista de uma mesma situação.

Uma criança que, desde o nascimento, tem cerceadas suas possibilidades externas de contato e
comunicação tem suas aprendizagens dificultadas, visto que ela constrói conhecimento a partir das
interações com o meio e com outras pessoas.

Portanto, as atividades que envolvem interação entre as crianças de várias idades e outros adultos
são as possibilidades mais ricas de aprendizagem que o professor pode planejar. Nesse sentido, quanto
mais diversidade, melhor.

Cada vez mais tem sido defendida a criação, nas creches e pré-escolas, de ambientes
de aprendizagem coletiva, com formação de turmas de crianças organizadas sob
múltiplas formas de associação. Esses ambientes, do qual fazem parte o professor
e as crianças ou apenas um grupo delas, impulsionam a dinâmica da negociação e
os conflitos cognitivos gerados (OLIVEIRA, 2010, p. 213).

83
Unidade II

O professor, em seu planejamento diário precisa prever situações que envolvam conversa, jogos,
brincadeiras livres ou orientadas por ele, para que a interação entre as crianças intensifique-se. Nessa
interação, elas se expressam e comunicam de várias formas e estabelecem trocas bastante ricas,
relacionadas às linguagens expressivas.

Figura 69 Figura 70

Figura 71 Figura 72

Especialmente em jogos e brincadeiras, as crianças negociam regras, combinam papéis, levantam


possibilidades, divergem, conversam, renegociam e retomam a brincadeira. É um movimento constante.

Quando se fala em interação, o professor deve prever um ambiente acolhedor e convidativo para a
exploração, e talvez a imagem que se estabeleça é a de um local tranquilo e harmonioso.

Lembrete

A calma e harmonia podem ser constantemente interrompidas pelos


conflitos, naturais e desejáveis nas interações, justamente para que possa
aflorar o diálogo, a negociação, na qual cada parte cede um pouco para
que todos possam entrar em acordo.

84
ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Alguns procedimentos fundamentais para o professor coordenar a criação de


um ambiente produtivo de convivência são: fornecer ambiente organizado
e tranquilo, compreender a movimentação das crianças, estabelecer limites
e apresentar regras com clareza, justificar proibições, ajudar as crianças a
fazer acordos e lembrá-las desses acordos, quando necessário. Participar de
jogos em que o professor explore com elas as regras pode desenvolver seu
senso de justiça pela consciência de que uma norma vale para todos. A
criança pequena, a partir de certa idade, deve ainda ser ajudada a perceber
que sua agressão causa danos, dor em um companheiro, e a desenvolver
atitudes de solidariedade (OLIVEIRA, 2010, p. 215).

As divergências são desejáveis porque é por meio delas as crianças aprendem a defender suas
posições, a argumentar, a ceder para viverem democraticamente em sociedade.

Aprender a lidar com as contradições existentes no coletivo é o foco do


trabalho educativo. Este não se fixa no aprendizado de regras de moralidade,
como se fizessem parte de uma totalidade uniforme, mas no desenvolvimento
de competências para fazer um julgamento moral. Espera-se, assim, que a
organização curricular deixe de buscar um ambiente de silêncio e obediência
e concretize situações em que os pequenos se mostrem alegres, ocupados e
dispostos à interação, e que sejam voltados à reflexão sobre seus contextos
sociais (OLIVEIRA, 2010, p. 216).

O professor não deve ter por objetivo eliminar os conflitos, mas ajudar as crianças a resolvê-los sem
violência. Sempre que precisarem, o professor tem de se dispor a ajudar sem tomar partido, ensinando
cada parte a argumentar em seu favor.

Os conflitos cumprem papel importante, pois a divergência de opiniões, a oposição serve para a
criança firmar suas posições, fortalecer sua identidade, ter confiança para agir.

Figura 73

85
Unidade II

A capacidade de resolver conflitos sem violência só pode se desenvolver, à medida que o adulto
fornece à criança elementos afetivos e recursos de comunicação para usar. O adulto que resolve conflitos
com as crianças coloca limites e negocia regras com respeito e afeto, serve como modelo, exemplo que
a criança passa a imitar.

As situações de interação ocorrem a todo o momento, mas os professores podem criar outras,
diferentes das rotineiras, para que as crianças possam interagir com outros grupos de crianças, de outras
idades, de outras escolas, em locais diferentes.

Até os momentos de descanso e alimentação podem prever a mistura de idades, nas quais os maiores
auxiliem a alimentar e a embalar os menores. Esses se sentem muito grandes, quando lhes é dada a
oportunidade do agradável sentimento de importância e cooperação em relação aos pequenos. Assim,
o professor deve planejar e discutir com a equipe da escola sobre formas interessantes de organizar
grupos e atividades que promovam a interação.

Todas as situações pedagógicas constituem uma influência recíproca


de parceiros com níveis de desenvolvimento desiguais. Elas são espaço
de posições, proposições e transformações, um local de interlocução
fundado em relações em que se imbricam cognição e afetividade de
parceiros que estão continuamente se constituindo nesse processo
(OLIVEIRA, 2010, p. 222).

Lembrete

É importante lembrar que as crianças aprendem em situações


interativas, e não sentadas realizando atividades gráficas individuais.

As propostas de resolução de problemas em duplas ou grupos pequenos favorecem a discussão


de hipóteses e as solução de propostas. Tome como ilustração disso a seguinte situação: o professor
distribui três cartões com as figuras de um avião, um helicóptero e um barco e pede para que as crianças
formem as palavras correspondentes com letras soltas. Numa dupla, uma criança pega as letras a/v/o
para avião, e/l/c/e/t/o para helicóptero e b/c para barco. A outra, ao corrigi-la acrescenta algumas letras
e forma aviao, elicopeteru e baco. A diferença nas duas escritas provocará conflito cognitivo naquela
que está com hipóteses de escrita menos avançadas, fazendo-a refletir e formular novas hipóteses,
ampliando suas aprendizagens.

As situações propostas para incentivar a interação entre as crianças devem prever o espaço adequado,
bem como as condições materiais e a oferta de uma quantidade suficiente de objetos que facilitem a
exploração, a troca e minimizem os conflitos. Também é preciso pensar em um espaço de interação que
garanta a segurança física das crianças.

86
ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Figura 74 Figura 75

Figura 76

As propostas que podem gerar conflitos cognitivos devem levar em conta os conhecimentos prévios
das crianças, para que os desafios prestem-se a despertar interesse, e não a constituírem problemas de
extrema dificuldade que façam a criança desistir.

Os assuntos trabalhados com as crianças devem guardar relações específicas


com os níveis de desenvolvimento das crianças em cada grupo e faixa etária
e, também, respeitar e propiciar a amplitude das mais diversas experiências
em relação aos eixos de trabalho propostos.

O processo que permite a construção de aprendizagens significativas pelas crianças


requer uma intensa atividade interna por parte delas. Nessa atividade, as crianças
podem estabelecer relações entre novos conteúdos e os conhecimentos prévios
(conhecimentos que já possuem), usando para isso os recursos de que dispõem. Esse
processo possibilitará a elas modificarem seus conhecimentos prévios, matizá-los,
ampliá-los ou diferenciá-los em função de novas informações, capacitando-as a
realizar novas aprendizagens, tornando-as significativas.

É, portanto, função do professor considerar, como ponto de partida para


sua ação educativa, os conhecimentos que as crianças possuem, advindos
das mais variadas experiências sociais, afetivas e cognitivas a que estão
expostas. Detectar os conhecimentos prévios das crianças não é uma
tarefa fácil. Implica que o professor estabeleça estratégias didáticas para
fazê-lo. Quanto menores são as crianças, mais difícil é a explicitação de
tais conhecimentos, uma vez que elas não se comunicam verbalmente.

87
Unidade II

A observação acurada das crianças é um instrumento essencial nesse


processo. Os gestos, movimentos corporais, sons produzidos, expressões
faciais, as brincadeiras e toda forma de expressão, representação e
comunicação devem ser consideradas como fonte de conhecimento para
o professor sobre o que a criança já sabe. Com relação às crianças maiores,
podem-se também criar situações intencionais nas quais elas sejam capazes
de explicitar seus conhecimentos por meio das diversas linguagens a que
têm acesso (BRASIL, 1998, v. 1, p. 33).

As oportunidades de interação oferecidas pelo professor devem variar também de acordo com a idade
das crianças. É essencial que as menores sejam acomodadas em espaços adequados. Berços enfileirados
não proporcionam o contato visual e físico, impedindo, portanto, a interação. O ideal é que o espaço seja
arranjado com colchonetes e almofadas, que absorvem o impacto daqueles que ainda não têm firmeza
ao andar e que dessa forma podem se tocar.

A estruturação do espaço em áreas menores, o que possibilita mais intimidade


e segurança, tende a ser fator facilitador. A disposição de objetos atraentes ao
alcance das crianças também auxilia o estabelecimento de interações, uma
vez que servem como suporte e estímulo para o encadeamento das ações.

Um aspecto a ser levado em conta é a quantidade de exemplares de brinquedos


ou objetos significativos colocados à disposição. A oferta de múltiplos
exemplares pode facilitar a comunicação, na medida em que propicia ações
paralelas, de imitação, bem como ações encadeadas de faz-de-conta. Além
disso, tal procedimento tem chances de reduzir a incidência de conflitos
em torno da posse de objetos. O faz-de-conta é momento privilegiado de
interação entre as crianças. Por isso a importância de ter espaço assegurado
na rotina ao longo de toda a Educação Infantil (BRASIL, 1998, v. 2, p. 32).

Conforme cresce, a criança vai ampliando suas possibilidades de interação pelo aprimoramento da
fala, que facilita a comunicação e, então, as rodas de conversas podem ser incluídas nas propostas de
atividades. Compartilhar opiniões, dúvidas, contar novidades são formas de interagir no grupo.

Além de jogos e brincadeiras, a vivência de outras atividades como guardar brinquedos e materiais, dobrar,
em duplas, os lençóis que usaram para dormir são possibilidades de desenvolver interações cooperativas.

A cooperação consolida-se como interação possível nesta faixa etária. Pode


ser desenvolvida por meio de atividades em grupo em que cada criança
desempenha um papel ou tarefa para a realização de um objetivo comum.
O adulto pode auxiliar na distribuição das funções, mas o interessante é que
as crianças adquiram progressiva autonomia para fazê-lo. Paralelamente
a esse processo de divisão de tarefas para a integração em torno de um
objetivo comum, as crianças desenvolvem o sentimento de pertencer a
um grupo.
88
ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

Cuidar das relações que se criam entre os vários elementos que compõem o
grupo deve ser uma preocupação do professor.

A ação do professor de Educação Infantil, como mediador das relações


entre as crianças e os diversos universos sociais nos quais elas interagem,
possibilita a criação de condições para que elas possam, gradativamente,
desenvolver capacidades ligadas à tomada de decisões, à construção de
regras, à cooperação, à solidariedade, ao diálogo, ao respeito a si mesmas e
ao outro, assim como desenvolver sentimentos de justiça e ações de cuidado
para consigo e para com os outros (BRASIL, 1998, v. 2, p.44).

A escola de Educação Infantil precisa constituir-se cada vez menos em um lugar institucional para
transformar-se em lugar de vida infantil, no qual existam momentos significativos, prazerosos e lúdicos
coexistindo com a aprendizagem de normas e regras que orientem a criança a agir de modo a não
prejudicar o grupo.

Em relação às regras, além de se manter a preocupação quanto à clareza e


transparência na sua apresentação e à coerência das sanções, é preciso dar
oportunidade para que as crianças participem do estabelecimento de regras
que irão afetar-lhes diretamente.

Na instituição coletiva, não são todas as regras que podem ser modificadas
em função dos acordos feitos entre professores e crianças. Os horários das
refeições, por exemplo, assim como o uso de espaços comuns ou mesmo
horários de chegada e saída dependem de uma complexa rede que envolve
funcionários, pais e o conjunto das crianças atendidas, dificultando a sua
modificação por pequenos grupos. Esse assunto pode se transformar em
interessante tema de conversa com as crianças, podendo até, conforme o
interesse que despertar, justificar a realização de um projeto de pesquisa
sobre algumas leis e regras da vida em grupo.

Todavia, há muitas regras que são passíveis de serem discutidas e


reformuladas no âmbito de um grupo específico, como, por exemplo, as que
tratam das atitudes diante dos colegas, do uso de materiais, da organização
do espaço etc. Promover debates em que as crianças possam se pronunciar
e exprimir suas opiniões até que se coordenem os pontos de vista para o
estabelecimento de regras comuns é um procedimento a ser assegurado
no planejamento pedagógico. Além das regras, as sanções para o caso de
descumprimento delas devem também ser tema de conversa, no qual a
ponderação e mediação do adulto tem papel fundamental.

Uma noção importante de ser trabalhada, na perspectiva de uma moral


autônoma é que as sanções devem guardar coerência com a regra
transgredida, ou seja, que haja reciprocidade entre ambas. Um exemplo
89
Unidade II

de sanção por reciprocidade é a situação de um grupo de crianças que é


impedido de participar da oficina de artes por ter destruído o material que
seria utilizado. Nesse mesmo exemplo, se a sanção proposta pelo adulto
fosse a proibição de ir ao parque, haveria uma relação arbitrária, em que a
sanção não está de acordo com a falta cometida (BRASIL, 1998, v. 2, p. 43).

Para tanto, o professor precisa resgatar de sua memória o que para ele era prazeroso e significativo, oferecendo
às crianças não aquilo que julga ser importante em termos institucionais, mas em termos vivenciais.

Resumo

O espaço físico da escola é muito mais do que uma simples construção


arquitetônica. É um ambiente que, por sua organização, percebe-se o clima
que se instaura dentro do grupo. Portanto, até a organização do espaço
depende das concepções que se tem sobre criança e educação.

O acesso aos materiais e uso pela criança devem se dar com autonomia,
ou seja, deve ser promovida a ela a oportunidade de escolher o que quer
fazer, de tomar iniciativas em relação as suas atividades, de produzir e ser,
de fato, construtora de sua aprendizagem. Assim, o trabalho com cantos
temáticos é bastante interessante, pois proporciona o acesso direto da
criança aos materiais, ao mesmo tempo em que desperta o seu interesse
pela variedade de propostas.

Como sugestão para organização dos cantos, a proposta é utilizar as


informações dos eixos de desenvolvimento de mundo e favorecer o faz-de-conta,
mas lembrando sempre de que essa não é a única maneira possível e adequada.

A organização dos cantos deve contar com espaços semiabertos


para facilitar que a criança possa ver o professor e ser vista por ele; e,
especialmente para os bebês, chão, paredes e tetos devem ser considerados
espaços de exploração.

À medida em que o professor observa e participa das brincadeiras com


as crianças pode perceber aspectos relevantes do seu desenvolvimento,
conquistas na aprendizagem, preferências, desejos e necessidades, e deve
registrar todas essas informações. Esse registro é um rico material para a análise
e propicia a descoberta de características do grupo, bem como a percepção
de perguntas simples das crianças, que emergem das brincadeiras e conversas
e que podem se transformar em projetos interessantes e significativos.

A sala de aula é um espaço de referência importante para as crianças.


É nela que elas se organizam em termos de rotina. Porém, o planejamento
90
ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

do espaço não deve restringir-se à sala de aula. Todos os espaços da escola


devem ser planejados pela equipe de professores. As crianças menores
também precisam de áreas organizadas especialmente para elas, em função
das características da idade.

Além da organização do espaço, o professor também precisa cuidar


do planejamento do tempo, pois a rotina nas creches e pré-escolas pode
acabar envolvendo a todos em ações automáticas de higiene e alimentação.
É preciso então verificar, em cada atividade rotineira, as possibilidades de
exploração que podem ser proporcionadas às crianças, as propostas que
enriquecem o conhecimento delas, o que somente é possível quando
há a mediação de um parceiro mais experiente, que proponha situações
desafiadoras e prazerosas.

Todas essas atividades precisam ser inseridas em um contexto. Devem


possuir um caráter lúdico, que permita à criança perceber o prazer em
aprender. O ludismo não se refere apenas aos jogos e brincadeiras, mas
também a uma pesquisa, uma excursão, a observação de fatos, desde que
tenham para a criança significado e poder de envolvimento em função do
assunto estudado. No planejamento delas, o professor deve lembrar que
todos os momentos e espaços são pedagógicos e, portanto, aproveitá-los
em todas as suas possibilidades.

A aprendizagem é um processo individual, mas também social, pois


depende de experiências no ambiente. A criança é ativa nele, visto que
o conhecimento não é algo que se recebe pronto. As atividades que
envolvem interação entre as crianças de várias idades e outros adultos são
as possibilidades mais ricas de aprendizagem que o professor pode planejar.
Especialmente em jogos e brincadeiras, elas negociam regras, combinam
papéis, levantam possibilidades, divergem, conversam, renegociam e
retomam a brincadeira. É um movimento constante.

Sendo assim, o professor deve prever um ambiente acolhedor e convidativo


para a exploração, no qual possam existir conflitos. As divergências são
desejáveis, porque por meio delas as crianças aprendem a defender suas
posições, a argumentar, a ceder para viverem democraticamente em
sociedade.

A capacidade de resolver conflitos sem violência só pode se desenvolver


quando o adulto fornece à criança elementos afetivos e recursos de
comunicação para usar.

As situações de interação ocorrem durante todo momento, mas os


professores podem criar outras, diferentes das rotineiras, para que as
91
Unidade II

crianças possam interagir com outros grupos de crianças, de outras idades,


de outras escolas, em locais diferentes.

As propostas para incentivar a interação entre as crianças devem,


portanto, prever o espaço adequado, bem como as condições materiais e a
oferta de uma quantidade suficiente de objetos que facilitem a exploração,
a troca e minimizem os conflitos. Também é preciso pensar em um espaço
de interação que garanta a segurança física das crianças.

As propostas que possam gerar conflitos cognitivos devem levar em


conta os conhecimentos prévios das crianças, para que os desafios se
prestem a despertar o interesse, e não problemas de extrema dificuldade
que façam a criança desistir. As oportunidades de interação oferecidas pelo
professor devem variar também quanto à idade dos educandos. Conforme
cresce, a criança vai ampliando suas possibilidades de interação pelo
aprimoramento da fala.

A escola de educação infantil precisa constituir-se cada vez menos em


um lugar institucional para transformar-se em lugar de vida infantil, no
qual existam momentos significativos, prazerosos e brincantes, coexistindo
com a aprendizagem de normas e regras que orientem a criança a agir de
modo a não prejudicar o grupo.

Exercícios

Questão 1. Leia atentamente o texto:

Ensino infantil gera renda maior

Segundo pesquisa, quem frequentou a escola entre 4 e 6 anos tem rendimento 27% maior do que
quem entrou aos 7.

Pessoas que fizeram o ensino infantil ou começaram a estudar entre os 4 e 6 anos de idade têm, em
média, renda 27% maior do que quem entrou na escola apenas aos 7 anos – isso descontados todos os
outros fatores que podem influenciar no resultado, como classe social e escolaridade dos pais.

Além disso, esses alunos têm notas mais altas nos exames nacionais, maior probabilidade de concluir
o ensino médio e entrar no ensino superior.

Os resultados aparecem numa pesquisa inédita feita pelo IBMEC São Paulo e pela Tendências
Consultoria. É um dos primeiros estudos brasileiros que conseguem demonstrar, numericamente, a
importância e influência futura do ingresso no ensino infantil – já bastante defendido por especialistas
e com oferta ainda muito restrita no país. ‘Há trabalhos internacionais que mostram essa influência da
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ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

pré-escola no desempenho do aluno. Queríamos saber se aqui no Brasil isso também acontecia na prática,
e vimos que sim’, explica Andréa Zaitune Curi, uma das responsáveis pelo trabalho. O cruzamento foi
feito com base nos dados da Pesquisa de Padrão de Vida, do IBGE, e dos resultados do Sistema Nacional
de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado pelo Ministério da Educação.

Além do impacto sobre os salários, a pesquisa revela que as pessoas com idade entre 21 e 65 anos que
frequentaram a pré-escola têm maior escolaridade do que aquelas que começaram a estudar somente a
partir da 1ª série. O impacto da pré-escola é de um aumento de 4% na probabilidade de conclusão da 4ª série,
18% na 8ª série, 23% no ensino médio e 5% na faculdade, totalizando 1,5 ano de estudo a mais do que quem
ingressou na escola na 1ª série. Já o impacto da creche, que abrange alunos até os 3 anos de idade, é maior
na probabilidade de conclusão do nível superior, mas faz pouca diferença na vida profissional (IWASSO, S.;
PORTELLA, A. Educação: investimento que traz resultados. O Estado de S. Paulo, p. A23, 20 maio 2007).

Verifique, dentre as afirmativas seguintes, aquelas que interpretam corretamente o texto


apresentado.

I. Além de mostrar a influência da educação infantil no desempenho da criança, a pesquisa revela o


aumento das exigências educacionais no mercado de trabalho.

II. Segundo a pesquisa, a classe social e a escolaridade dos pais não influenciam no futuro escolar e
profissional dos filhos.

III. A grande qualidade dessa pesquisa é oferecer os mecanismos para resolver o problema da
desigualdade social no Brasil, por meio de investimentos educacionais.

IV. A universalização da pré-escola, conforme a Emenda Constitucional 59/09, veio ao encontro das
novas exigências educacionais.

V. A pesquisa oferece argumentos favoráveis à Teoria do Capital Humano, chamando a atenção para
o valor econômico da educação.

Considerando essas afirmativas em relação ao texto, assinale a alternativa correta:

A) Apenas as afirmativas I, II e III são corretas.

B) Apenas as afirmativas II e IV são corretas.

C) Apenas as afirmativas III, IV e V são corretas.

D) Apenas as afirmativas I, IV e V são corretas.

E) Apenas as afirmativas I e V são corretas.

Resposta correta: alternativa D.


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Unidade II

Análise das afirmativas:

Afirmativa correta: I. Além de mostrar a influência da educação infantil no desempenho da criança,


a pesquisa revela o aumento das exigências educacionais no mercado de trabalho.

Justificativa: a pesquisa conclui que quem frequentou a educação infantil entre 4 e 6 anos de
idade tem um maior rendimento (27% maior do que quem entrou aos 7 anos), além de ter maior
escolaridade, levando à conclusão de que frequentar a educação infantil interfere positivamente tanto
no desempenho futuro escolar quanto profissional.

Afirmativa incorreta: II. Segundo a pesquisa, a classe social e a escolaridade dos pais não influenciam
no futuro escolar e profissional dos filhos.

Justificativa: o texto não menciona nenhum dado sobre a relação entre escolaridade e classe social
dos pais como influência no futuro escolar e profissional dos filhos.

Afirmativa incorreta: III. A grande qualidade dessa pesquisa é oferecer os mecanismos para resolver
o problema da desigualdade social no Brasil, por meio de investimentos educacionais.

Justificativa: o texto não menciona problemas de desigualdade social, mas questões relacionadas à
maior probabilidade de sucesso profissional e escolar dos indivíduos que ingressam antes na educação
infantil.

Afirmativa correta: IV. A universalização da pré-escola, conforme a Emenda Constitucional 59/09,


veio ao encontro das novas exigências educacionais.

Justificativa: o próprio nome do artigo apresentado no enunciado da questão, Educação: investimento


que traz resultados, já indica que a universalização da pré-escola vai ao encontro da Emenda Constitucional
59/09, que ampliou os recursos da educação e das novas exigências educacionais.

Afirmativa correta: V. A pesquisa oferece argumentos favoráveis à Teoria do Capital Humano,


chamando a atenção para o valor econômico da educação.

Justificativa: as novas exigências educacionais são pautadas pela Teoria do Capital Humano,
lembrando que, quanto maiores os investimentos em educação, melhor o nível de qualificação da força
de trabalho futura.

Questão 2 (prova de Pedagogia, Enade 2005). Uma estudante do Curso de Pedagogia observa,
durante o estágio, uma criança utilizando um cabo de vassoura para puxar seu brinquedo que rolou
para debaixo do armário e reflete sobre os diferentes aspectos do desenvolvimento, destacando o que
corresponde àquela situação, a fim de registrá-la no relatório sobre a criança.

Embora vários aspectos do desenvolvimento estejam presentes na situação descrita, qual é o


predominante?
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ORIENTAÇÃO E PRÁTICAS EM PROJETOS NA INFÂNCIA

A) Social.

B) Cultural.

C) Intelectual.

D) Físico-motor.

E) Afetivo-emocional.

Consulte a resolução na plataforma.

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