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Critérios de organização

dos espaços​
Agora, vamos ampliar ainda mais nosso repertório
e conhecer outros critérios relevantes para
organizar um espaço promotor de integração,
socialização, autonomia e aprendizagens
significativas para as crianças. Com todos esses
elementos norteadores, esperamos que as
práticas sejam ressignificadas e potencializadas,
incorporando o planejamento minucioso dos
espaços e materiais no cotidiano docente.

No livro “Qualidade em Educação Infantil”, lançado em 1998 por Miguel Zabalza, é


apresentado o quadro abaixo. O autor afirma que não cabe estabelecer regras fixas sobre os
critérios de organização dos espaços. No entanto, alguns deles são fundamentais para essa
organização. Acompanhe: ​

Adaptado do livro “Qualidade em Educação Infantil”, p. 255. Miguel Zabalza, 1998.


Este fluxograma requer um olhar mais detalhado sobre cada
critério elencado por Zabalza. É o que convidamos você a
acompanhar conosco, procurando responder à seguinte questão:

Que princípios ou critérios podemos adotar ao promover mudanças intencionais e


qualificadas em um espaço?

Segundo o autor, é necessário seguir alguns critérios para organizar espaços de qualidade,
favorecendo ambientes de aprendizagem estimulantes e ricos.

Estruturação: organização dos espaços em diferentes áreas de trabalho, favorecendo a


diversidade de opções e escolhas por parte das crianças.

Delimitação: uso dos diversos tipos de elementos, como mobiliário e marcas no piso ou nas
paredes, para organização mais definida dos espaços, estimulando a utilização autônoma
pelas crianças.

Transformação: este critério se refere à capacidade do espaço de se transformar de acordo


com as necessidades que possam surgir.

Pluralidade: ter elementos que mostrem as diversidades (pessoal, étnica, social e cultural),
tornando o espaço, ao mesmo tempo, plural e singular.

Polivalência: diferentes áreas podem oferecer várias possibilidades de utilização.

Diversidade: variedade de espaços que possibilitem atender às necessidades das crianças


assim como suas preferências quanto a: estruturação do espaço, agrupamento de crianças e
posição corporal na realização das propostas, além do conteúdo delas.
Segurança: garantia de segurança e integridade física e emocional das crianças.

Autonomia: espaços e materiais que favoreçam que as crianças possam utilizá-los sem o
auxílio de uma pessoa adulta.

Estética: espaços organizados e ambientados de forma agradável, que sensibilizem o olhar


estético e artístico das crianças: harmonia nas cores e originalidade nos elementos que
compõem o espaço, de modo a refletir a identidade e a estética das infâncias.

Elencados os principais critérios, podemos


concluir que a organização dos espaços é um
processo complexo: exige que pensemos sobre
os elementos estruturais, o mobiliário e os
materiais de que dispomos bem como sobre
as possibilidades e a qualidade das interações,
convidando as crianças a aprender, descobrir
e pesquisar.
Hora de praticar

Vamos considerar agora os espaços educativos com que você teve contato. Eles podem ser da
instituição onde você trabalha ou de experiências anteriores. O importante é analisar e refletir
sobre eles para propor alterações significativas, a partir de necessidades que você identificar. ​

Com base nos critérios elencados e nos espaços escolhidos por você, reflita e documente
suas considerações sobre as questões abaixo.

• Os espaços favorecem a movimentação, a segurança


e o protagonismo das crianças? Por quê?

• Que espaços necessitam de mudanças mais


urgentes? Por quê?

• Que mudanças poderiam ser sugeridas na sua


instituição para que se adequasse ou se aproximasse
dos critérios de organização dos espaços vistos ao longo
deste aprendizado?

Refletir sobre os espaços É preciso considerar a Vale relembrar: explorar,


das instituições leva a organização a partir do conhecer-se, brincar,
pensar em como protagonismo da criança, conviver, participar e
estabelecê-los e das características físicas, expressar. Assim,
organizá-los de modo que da funcionalidade e dos busca-se assegurar os
se transformem em um critérios de organização direitos de aprendizagem e
ambiente propício às do espaço. desenvolvimento apontados
inúmeras aprendizagens na BNCC.
das crianças.
Importante!

Os espaços devem ser flexíveis, pois a escola que pulsa, se


transforma e, portanto, não será a mesma todos os dias.​
Observe como os critérios de organização do espaço ficam visíveis e
fáceis de entender quando as crianças são protagonistas, têm acesso
à escolha dos materiais e oportunidade de agir com autonomia sobre
este espaço, que foi pensado pelo coletivo.

Selecionamos o vídeo “Território do Brincar”, que ilustra o que acabamos de afirmar. Caso
esteja atuando com crianças, você pode se inspirar nas estratégias apresentadas nele.
Pesquise, experimente e crie!

Para assistir ao vídeo, copie e cole o endereço eletrônico abaixo em seu navegador.

Território do Brincar - 9º Região - São Paulo, SP (parte 1).


Disponível em: youtube.com/watch?v=sOd4oIzVa34

Neste momento, conhecemos os critérios de organização dos espaços e refletimos sobre a


importância do planejamento para se construir ambientes que promovam qualidade nas
relações, aprendizagem plena, protagonismo e criação. Propomos que você registre as
ideias e os aprendizados em papel ou de forma digital.
Sabemos que o dia a dia com crianças é repleto de acontecimentos e desafios. Lidar com elas
exige dinamismo, atenção e disponibilidade! É essencial planejar propostas que tornem as
ações cotidianas prazerosas, que tenham sentido, que façam com que o tempo junto com elas
seja um tempo de descobertas, trocas, partilhas e construções.

É importante que todas e todos estejam seguros nos espaços, com materiais de qualidade
acessíveis, de forma a tornar mais fluida e autônoma a vivência da rotina na Educação Infantil.
Afinal, os espaços se transformam e nos transformam!

Devemos, portanto, estar em constante “diálogo”


com os espaços oferecidos às crianças, pois
estes são essenciais para que vivam neles
experiências únicas. Tal escolha nos revela uma
ideia de criança protagonista de seu saber,
criadora de cultura e valores e que confere
significados aos lugares que ocupa. ​

Citado no livro “As cem linguagens da criança” (1999), o precursor da abordagem reggiana
Loris Malaguzzi coloca que o ambiente é visto como algo que educa a criança. Para ele,
tudo o que cerca as pessoas na escola e aquilo que usam — os objetos, os materiais e as
estruturas — não são vistos como elementos passivos, mas, pelo contrário, são elementos
que condicionam e são condicionados pelas ações dos indivíduos que agem nela. ​

Um espaço de Educação Infantil deve considerar tudo o que é muito importante para a
aprendizagem e o desenvolvimento das crianças: o lúdico, o imaginário, o cognitivo, o
artístico, o afetivo, o social etc. ​

Espaços devem ser inovadores e criativos — é disso que as crianças precisam!

Neste material, você conheceu princípios e critérios para pensar a organização dos
espaços. Continue conosco para refletir ainda mais sobre propostas relacionadas aos
ambientes educativos!
A organização de ambientes na Educação Infantil

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