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dos espaços e
materiais não
estruturados
Como vimos em diferentes momentos, os espaços das instituições de Educação Infantil não são
neutros. Muito pelo contrário! Eles possuem dimensões e forças, que podem constituir-se como
elementos estimuladores de aprendizagens e desenvolvimento e colaborar com o protagonismo
das crianças ou limitar a sua capacidade investigativa, imaginativa e cognitiva.
Já vimos, que os materiais são elementos fundamentais na constituição dos espaços e ambientes.
Portanto, pensar sobre sua qualidade é essencial.
Nas imagens, podemos observar que as crianças ficam envolvidas, exploram os materiais
e inventam novas funções para eles, criando outras formas de brincar: pequenos pedaços
de madeira e peças de jogos se transformam em um carrinho; ou uma embalagem de
sorvete se transforma em uma forma de bolo, e a areia, em bolo, de acordo com o desejo e a
criatividade das crianças.
Observe que os objetos disponibilizados favorecem a inventividade das crianças. Este
tipo de material é denominado de não estruturado: materiais reutilizados e elementos da
natureza que proporcionam múltiplos significados e sentidos para que as crianças criem
suas próprias brincadeiras.
Hora de praticar
O projeto Baú Brincante aconteceu em 2016, nas cidades de Salvador e Jequié (Bahia),
em escolas públicas de Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. Ele tinha
como ponto de partida a colocação de uma grande caixa de madeira contendo materiais
estruturados e não estruturados, disponibilizados para que as crianças produzissem
seus brinquedos e brincadeiras. Dentro do baú brincante, havia cordas, tubos de
papelão, tecidos, roupas e sapatos de pessoas adultas, malas, bolsas, pneus, teclados e
computadores, telefone e fantasias.
Propomos que você organize um “baú brincante”
selecionando objetos e materiais variados (utilize
as sugestões dadas nesta seção, em Materiais
de qualidade na Educação Infantil). Se estiver
atuando em instituições, busque a colaboração
das famílias e crianças para a atividade.
Durante esta exploração, observe como as crianças interagem com os materiais, registrando
as narrativas que elas produzem ao brincar.
O baú brincante possibilita que as O brincar livre proporciona Ao encaixar, equilibrar, empilhar,
crianças desenvolvam a imaginação, a partilha, a manipulação e a recriar e inventar outros
a curiosidade, a inventividade, a experimentação dos materiais. significados, as crianças ampliam
autonomia e a autoria. seus conhecimentos.
Neste sentido, é fundamental reconhecer a potência de brincadeiras dessa natureza para a
garantia dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento — brincar, conviver, expressar,
explorar, conhecer-se e participar — e de diversos campos de experiências, como O eu, o
outro e o nós, Corpo, gestos e movimentos, Espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações e Escuta, fala, pensamento e imaginação.
Outros materiais potentes não estruturados são aqueles coletados na natureza. Os elementos
naturais, como terra, areia, ar, água, barro, gravetos, folhas e pedras, oportunizam às crianças
sentirem texturas, volumes, densidade, porosidade, temperatura, cor e som, promovendo
a percepção das propriedades e características destes materiais. Essa aproximação propicia
aprender pela ação, pela experimentação; viver a natureza, se desenvolver com a natureza,
brincar e cuidar dela!
Em entrevista ao projeto Criança e Natureza, a professora Lea Tiriba chama a atenção para a
importância de “desemparedar” as crianças na escola, permitindo que elas se relacionem com
os elementos do mundo natural para que possam realizar plenamente seu potencial, indo ao
encontro de sua própria natureza.
Muitas vezes, a única coisa que as liga à natureza são as janelas. Precisamos voltar nossa
percepção para a potência dos ambientes na natureza como espaços de crescimento e
desenvolvimento das pesquisas, curiosidades e aprendizagens das crianças.
Sabemos que nem todas as escolas contam com espaços que proporcionam o contato direto
com a natureza. Como sugestão, que tal estender a interação para o entorno, para locais
como parques, praças, clubes e terrenos vazios? Afinal, os espaços da cidade devem ser vistos
como espaços de aprendizagem e, portanto, podem ser ocupados com e pelas crianças.
No próximo tema, nos aprofundaremos no papel dos espaços e dos materiais para o brincar
das crianças! Vamos lá?!
A organização de ambientes na Educação Infantil