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INFANTIL E
A GARANTIA
DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS
DA INFÂNCIA
Glaucia Silva
Bierwagen
Os bebês de 0 a 1 ano
na educação infantil
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A educação infantil de 0 a 1 ano mudou muito nas últimas décadas. A
criança se tornou a principal protagonista da aprendizagem. Por sua vez,
o educador se destaca como promotor do crescimento, do desenvolvi-
mento e da autonomia dos alunos. Assim, as instituições escolares e os
professores devem planejar brincadeiras e interações que estimulem a
aprendizagem da criança. Além disso, devem acolhê-la da melhor forma
possível para que ela possa se integrar às rotinas da escola.
Neste capítulo, você vai ver como as instituições escolares devem agir a
partir da nova concepção de bebê, visto como um ser capaz de aprender e
estabelecer interações. Como você pode imaginar, o professor de referência
de uma turma de berçário desempenha papel fundamental nesse contexto.
que um bebê não seja capaz de expressar-se, interessar-se pelas coisas e pelo
outro. Por muito tempo, o bebê foi encarado como ser imaturo, incompleto
e incapaz, mas estudos recentes, em diversas áreas do conhecimento, têm
mostrado que os bebês são competentes (BRASIL, 2012; FOCHI, 2015).
Como o bebê aprende? Acredita-se que a criança é um ser ativo, capaz
de construir o seu próprio conhecimento. Mas, como você pode imaginar, o
educador tem papel essencial na promoção do crescimento e do desenvolvi-
mento, fomentando a autonomia da criança (FOCHI, 2015).
Dessa forma, na educação de bebês, as propostas das instituições escolares
devem privilegiar as noções listadas a seguir (BRASIL, 2010, 2017; FOCHI; 2015):
Você sabe que práticas pedagógicas podem ser realizadas nos berçários?
Para responder a essa pergunta, lembre-se de que cuidar e educar são dimen-
sões independentes, mas indissociáveis (KRAMER, 2005). Além disso, não se
esqueça da importância da interação e do brincar na infância (BRASIL, 2010).
Os documentos de orientações curriculares para a educação infantil indicam que
os bebês devem ter experiências voltadas ao conhecimento e ao cuidado de si,
do outro e do ambiente. Também devem ter experiências de brincar e imaginar,
explorar a linguagem corporal, explorar a linguagem verbal, explorar a natureza
e a cultura. Além disso, precisam de experiências com a expressividade das
linguagens artísticas, além de contato com recursos tecnológicos e linguagens
midiáticas (BRASIL, 1998a, 1998b, 1998c, 2010, 2012, 2017).
Os bebês de 0 a 1 ano na educação infantil 3
Como fazer isso com os bebês nas escolas? Os bebês reconhecem as pessoas
que cuidam deles e a sua localização no ambiente. Isso se dá por meio de uma
compreensão inicial das sensações (de colo, movimento, etc.), dos sons e dos
cheiros que os rodeiam. Na comunicação que iniciam com seus parceiros
enquanto interagem, aprendem a entender e responder a entonações de voz, a
expressões faciais e corporais e a falas, sorrisos e choros. Também aprendem
com as reações dos parceiros. Momentos como esses possibilitam que os bebês
lidem com seus afetos e aprendam a importância do outro (BRASIL, 1998a,
1998b, 1998c, 2010, 2017; FOCHI; 2015).
Como você pode notar, é muito importante que os bebês tenham experiências
de brincar e imaginar. Desde cedo, eles apreciam brincar de esconde-esconde
com as mães ou com pessoas com quem estabelecem um vínculo afetivo. Essa
atividade interativa permite que os bebês assumam diferentes posições em
jogos — por exemplo, a de quem procura alguém e a de quem é procurado.
Isso proporciona prazer ao bebê e ao parceiro. Sendo assim, as crianças podem
brincar com os professores de esconder e descobrir o rosto; seguir os brinquedos
com os olhos; procurar e achar objetos que foram escondidos; imitar gestos e
vocalizações (BRASIL, 1998a, 1998b, 1998c, 2010, 2012, 2017; FOCHI; 2015).
Para realizar o trabalho com os bebês, é muito importante também que
os educadores conheçam brinquedos e brincadeiras específicas, conforme as
características de cada bebê (BRASIL, 2012):
Veja estas sugestões de brinquedos e materiais para bebês que ficam dei-
tados (BRASIL, 2012):
O cesto (em vime, redondo, sem alça ou mesmo uma caixa de papelão) do tesouro
ou de objetos é uma coletânea de objetos de uso cotidiano usada com o objetivo de
ampliar as experiências sensoriais dos bebês. Ele foi criado por Elinor Goldschimied.
Esses cestos oferecem a oportunidade de que o bebê explore, manipule e entre em
contato com objetos, em suas diversas formas, texturas, cores. Quando o bebê coloca
tudo na boca, está aprendendo as características do objeto (5 a 10 meses); quando
enche, esvazia e empilha, tenta descobrir o que fazer com os objetos (10 a 20 meses);
e quando começa a entender e a utilizar a linguagem oral, pode usar a imaginação
para transformar o cesto em um carro (BRASIL, 2012).
6 Os bebês de 0 a 1 ano na educação infantil
(Continua)
Os bebês de 0 a 1 ano na educação infantil 7
(Continuação)
Quadro 2. Sugestões para o cesto com objetos de metal e papel de uso do cotidiano
Objetos de
Objetos de metal couro, têxteis, Papel, papelão
borracha e pele
(Continua)
8 Os bebês de 0 a 1 ano na educação infantil
(Continuação)
Quadro 2. Sugestões para o cesto com objetos de metal e papel de uso do cotidiano
Objetos de
Objetos de metal couro, têxteis, Papel, papelão
borracha e pele
brinquedos de empilhar;
brinquedos de empurrar;
brinquedos de puxar;
briquedos de encaixar;
bolas;
brincandeiras de exploração;
brincadeiras de imitação.
envolvê-los nas coisas que dizem respeito a eles, ou seja, entender que
a criança é participativa e interativa nas ações propostas;
investir em tempo de qualidade, ou seja, dedicar genuíno tempo e envolvi-
mento na tarefa desenvolvida, como dar banho no bebê e trocar as fraldas;
aprender as formas únicas de comunicação das crianças e ensinar as suas,
ou seja, usar o corpo, as expressões faciais e a voz para comunicar reações;
investir tempo e energia para construir uma personalidade completa
(social, afetiva e cognitiva);
respeitar os bebês como seres valiosos;
ser honesto com relação aos próprios sentimentos;
ser modelo do comportamento que deseja ensinar;
encarar os problemas como oportunidades de aprendizado, até o ponto
em que os bebês possam resolvê-los sozinhos (Por exemplo: um bebê está
engatinhando e tenta se sentar. Quando não consegue, começa a chorar.
Em vez de salvá-lo, o professor pode guiá-lo para que saia daquela situa-
ção, oferecendo a ele segurança e o direcionando com palavras e gestos.);
construir segurança oferecendo confiança, ou seja, agir como um adulto
do qual as crianças possam depender;
preocupar-se com a qualidade do desenvolvimento em cada estágio, ou
seja, ter em mente que os aprendizados mais importantes ocorrem quando
o bebê está pronto e não quando os adultos decidem que está na hora.
(Continua)
12 Os bebês de 0 a 1 ano na educação infantil
(Continuação)
(Continua)
Os bebês de 0 a 1 ano na educação infantil 13
(Continuação)
A seguir, você pode ver algumas dicas para organizar os brinquedos e as brincadeiras
na educação infantil (BRASIL, 2012):
Fechar todas as tomadas; verificar se não há buracos com aberturas cortantes nos
brinquedos e nos objetos do ambiente para garantir a segurança dos bebês, que
são muito curiosos.
Retirar brinquedos quebrados ou que ofereçam algum risco.
Verificar o uso que a criança faz do brinquedo, oferecendo outras alternativas caso
seja necessário.
Oferecer brinquedos e materiais de acordo com a proposta pedagógica para o
agrupamento infantil.
Oferecer à criança a possibilidade de usar o brinquedo com outras crianças e
também de brincar sozinha.
Armazenar os brinquedos e materiais adequadamente.
Apresentar diferentes usos do brinquedo, de modo a ampliar o repertório da criança.
Valorizar as escolhas das crianças, agregando novos desafios.
Garantir materiais e brinquedos em quantidade suficiente para que todas as crianças
tenham oportunidades iguais na brincadeira.
Modificar continuamente a forma de estruturar o espaço da brincadeira, de modo
a oferecer novas oportunidades.
16 Os bebês de 0 a 1 ano na educação infantil
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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação do Ensino Fundamental.
Referencial curricular para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998c. v. 3.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação do Ensino Fundamental.
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FOCHI, P. Afinal, o que os bebês fazem no berçário? Comunicação, autonomia e saber-fazer
de bebês em um contexto de vida coletiva. Porto Alegre: Penso, 2015.
GOLDSCHMIED, E.; JACKSON, S. Educação de 0 a 3 anos: o atendimento em creche.
Porto Alegre: Artmed, 2006.
GONZALEZ-MENA, J.; EYER, D. W. O cuidado com bebês e crianças pequenas na creche:
um currículo de educação e cuidados baseado em relações qualificadas. 9. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2014.
KRAMER, S. Profissionais da educação infantil: gestão e formação. São Paulo: Ática, 2005.
RIO DE JANEIRO. Prefeitura. Secretaria Municipal de Educação. Orientações curriculares
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Os bebês de 0 a 1 ano na educação infantil 17
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fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Disponível
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de educação e saúde de parcela da participação no resultado ou da compensação
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mento da meta prevista no inciso VI do caput do art. 214 e no art. 196 da Constituição
Federal; altera a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989; e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12858.
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S. Educação de 0 a 3 anos: o atendimento em creche. Porto Alegre: Artmed, 2006.
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