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FUNDAMENTOS E

METODOLOGIAS DAS
LINGUAGENS
ARTÍSTICAS

Fernanda Mendes Arantes


Linguagens artísticas:
ensino de teatro
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Descrever os elementos cênicos.


„„ Relacionar os objetos de conhecimento teatral com metodologias
próprias de ensino.
„„ Identificar jogos teatrais e jogos dramáticos.

Introdução
Neste capítulo, você compreenderá que as crianças trabalham a ence-
nação ou o teatro desde cedo na Educação Infantil, realizando represen-
tações de cenas tanto de seu cotidiano escolar quanto familiar, cenas
imaginárias ou da vida real. Trata-se efetivamente de representações
simbólicas, o famoso brincar de “faz de conta”, que podem ser aliadas
pelo professor a representações envolvendo os elementos cênicos tendo
por base a ludicidade e o desenvolvimento social e cognitivo da criança,
bem como os conteúdos trabalhados em diversas áreas na escola.
Você conhecerá quais são os elementos cênicos que compõem a en-
cenação teatral e de que modo, como futuro educador, poderá utilizar o
conhecimento teatral por meio de metodologias próprias de ensino. Para
finalizar, identificará as diferenças e semelhanças entre os jogos teatrais
e dramáticos para que consiga, assim, aproveitar esse conhecimento a
favor do desenvolvimento de seus alunos.
2 Linguagens artísticas: ensino de teatro

Conhecer os elementos cênicos


O trabalho docente, tanto nas escolas de Educação Infantil quanto do Ensino
Fundamental, requer planejamento e intencionalidade pedagógica, isto é,
toda e qualquer atividade necessita de uma motivação intrínseca e extrínseca,
bem como objetivos, metodologias específicas e avaliação de acordo com os
objetivos estabelecidos previamente. E essa premissa não é diferente quando
trabalhamos, dentro da grande área Artes, o ensino por meio do teatro. Quando
o professor organiza e planeja situações de aprendizagem direcionadas, favorece
o trabalho de seus alunos e a produção de conhecimentos.
Quando em arte–educação trabalhamos com o teatro, por meio dessa
atividade os alunos podem:

„„ interagir com os colegas favorecendo a aprendizagem, o desenvolvi-


mento cognitivo e social, bem como as capacidades de relacionamento;
„„ agir, por meio de seus conhecimentos prévios, e construir novos conhe-
cimentos relacionando ideias antigas com novas, em uma aprendizagem
contínua;
„„ trabalhar ações coletivas e individuais além do respeito ao próximo;
„„ resolver problemas como uma maneira de aprender e se posicionar no
mundo.

Percebeu a importância do trabalho com as linguagens artísticas, em es-


pecial o teatro? Fascinante, não é mesmo? Por esse motivo, adentraremos nas
características específicas do teatro para que você possa compreender como
utilizá-lo em sala de aula.
O teatro dispõe de elementos próprios que, se bem aproveitados pelo
professor e pela escola, podem favorecer a aprendizagem, a socialização,
a interação, a coletividade, entre outros aspectos. A seguir, conheceremos um
pouco a respeito de cada um desses elementos, chamados elementos cênicos.
Segundo Araújo (2005):

(...) um dos desafios que se apresentam para a construção de práticas de ensino


de teatro consiste na possibilidade de que os processos das representações
teatrais auxiliem os sujeitos a compreenderem os aspectos que permeiam a
construção de identidades culturais (ARAÚJO, 2005, p. 37).
Linguagens artísticas: ensino de teatro 3

Percebe-se aqui que o teatro é fundamental para a percepção e a construção


das identidades culturais de todos, em conjunto ou em particular, visto que
por cultura podemos entender todas as marcas deixadas no mundo por grupos
ou indivíduos, favorecendo a noção de pertencimento.

Nesse momento, é importante que você perceba que o trabalho com o teatro na
escola não precisa necessariamente se submeter às apresentações de encerramento
do ano letivo. A encenação ou dramatização pode se aliar aos conteúdos formais da
escola e facilitar o aprendizado dos alunos e a rotina escolar. Para ampliar o espectro
desse debate, orientamos que acesso o artigo “Teatro e a Escola: funções, importâncias
e práticas”, disponível no link a seguir.

https://qrgo.page.link/UipZs

A partir de agora, conheceremos quais são os principais elementos cênicos


que estão à disposição de educadores e artistas para o trabalho na escola:
cenografia, figurino, maquiagem, sonoplastia e iluminação. Ficou curioso em
como utilizar cada um deles com os seus alunos? Vamos destrinchar cada um
desses elementos e detalhar as suas características serão a fim de favorecer o
trabalho com o teatro em sala de aula.

Cenografia
Também chamada de cenário, trata-se, efetivamente, do ambiente em que
acontece a encenação ou dramatização, o espaço que proporcionará as cenas
que acontecerão na peça ou no momento cênico estabelecido pelo professor.
A cenografia poderá trazer ao público (p. ex., os demais alunos, alunos de outras
turmas, pais e responsáveis, a escola como um todo) lembranças, recordações
importantes ou construções de memórias que permanecerão registradas em
todos os envolvidos na atividade. Aqui, cabe ressaltar um fator importante —
o teatro pode e deve ser utilizado no cotidiano da sala de aula, e não somente
em apresentações ao final do ano letivo, como costumamos ver em algumas
escolas em nosso país. Ainda, é deve-se ficar claro que, para realizarmos
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encenações, não são necessários cenários muito elaborados. A cenografia pode


ser composta por elementos da sala de aula e até mesmo feita na rua, desde
que essa saída pedagógica seja planejada previamente. Aproveite o conheci-
mento adquirido neste capítulo para favorecer essa atividade e proporcionar
a aquisição de conhecimento de maneira lúdica e criativa aos seus alunos.

Figurino
Longe de necessitar de um figurino caro e complexo, o professor pode utilizar
esse elemento cênico com construções artísticas feitas pelos próprios alunos.
De acordo com a Secretaria da Educação do Estado do Paraná:

[Figurino] É um elemento importante da linguagem visual do espetáculo


formado por, além das vestimentas, pelos acessórios. O figurino auxilia na
compreensão do personagem, ele é carregado de simbologia e pode acentuar
o perfil psicológico do personagem, objetivos e características da história. Os
figurinos e acessórios utilizados em cena devem ser sempre coerentes com a
época em que acontece a ação ou com o simbolismo que o diretor queira dar
a ela (ELEMENTOS..., 2007, documento on-line).

Agora pense como você pode utilizar o figurino nas representações co-
tidianas na sala de aula: não é necessário muito investimento, já que, com
criatividade e proatividade, o professor pode tornar essa uma etapa lúdica
e de criação conjunta, fazendo com que os alunos consigam trabalhar não
somente na encenação teatral, como também na produção do espetáculo ou
da cena específica.

Maquiagem
Trata-se de um dos elementos mais ricos em uma encenação teatral, pois pode
transformar uma simples criança no personagem que ela quiser, favorecendo
a imaginação, a criatividade e a ludicidade. Na maquiagem, é importante
ressaltar aspectos que favoreçam a compreensão do personagem tanto pelo
ator quanto pelo público, mesmo que esse público se resuma aos seus demais
alunos. Lembre-se: não precisamos sempre pensar em grandes produções, pois
o teatro pode e deve fazer parte do seu cotidiano na sala de aula.
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Sonoplastia
A música e os sons emitidos durante a encenação devem estar diretamente
ligados às ações e aos personagens, conduzindo a trama, e não aparecendo
como um elemento separado, sem conexão com a dramatização. O profissional
(ou aluno) que conduzirá a sonoplastia precisa estudar previamente o roteiro
da peça e participar dos ensaios com os demais envolvidos. Atualmente, com
a popularização dos smartphones é possível realizar uma sonoplastia mais
“caseira” por meio dos inúmeros aplicativos e possibilidades na internet, po-
rém o sonoplasta também pode utilizar recursos artesanais para elaborar esse
efeito com materiais como grão de feijão, garrafa pet e materiais recicláveis
de modo geral.

Iluminação

Em encenações profissionais, existe pelo menos um responsável pela ilumi-


nação da peça teatral, e, embora no cotidiano da sala de aula muitas vezes
esse recurso não esteja acessível, é importante que você conheça o seu papel
nas representações:

A iluminação pode dar ênfase a certos aspectos do cenário, pode estabelecer


relações entre o ator e os objetos, pode enfatizar as expressões do ator, pode
limitar o espaço de representação a um círculo de luz e muitos outros efeitos.
A iluminação é muito importante para o teatro, pois através dela podemos
ambientar a cena e ampliar as emoções nela exploradas. É fundamental que
o iluminador conheça bem o texto e as marcações cênicas determinadas pelo
diretor do espetáculo (ELEMENTOS..., 2007, documento on-line).

Portanto, os aspectos apresentados são os principais elementos cênicos


trabalhados a partir da realização do teatro em sala de aula, considerados
peças fundamentais para que o professor consiga explorar o potencial criador
artístico infantil na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Funda-
mental. Segundo Ferraz e Fusari (2009, p. 172):

Como as crianças têm uma história de interação afetiva, física, motora e


cognitiva com outras pessoas, as suas produções de arte dependem tanto de
suas práticas pessoais infantis quanto das intervenções (ou não) recebidas do
meio social e comunicacional em que vivem. Dependem, ao mesmo tempo,
das intermediações educativas em arte (intencionais ou não) que lhes pro-
porcionam as pessoas mais próximas de sua vida cotidiana (como famílias,
professores, seus grupos sociais e culturais).
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Finalizamos este tópico reforçando que a formação artística é essencial ao


ser humano e pode ser desenvolvida aliada aos conteúdos formais da escola ou
separada deles — o importante é ajudar as crianças a se perceberem no mundo,
compreendendo seu papel e a força de transformação que têm e que podem
ser manifestadas no teatro, por meio de ideias, representações e emoções.

Metodologias específicas a partir da utilização


do teatro na escola
Os objetos (ou elementos) explicitados anteriormente são fundamentais para
a compreensão do item apresentado a partir desse momento, quando o foco
estará voltado à sua utilização nas metodologias próprias de ensino de Arte
tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Fundamental.
Temos aqui duas possibilidades de trabalho docente com o teatro bastante
diversas: na escola de Educação Infantil, a nossa matéria-prima é justamente
a imaginação da criança, tão ativa e latente como nos relata Piaget (2001) em
Seis estudos de Psicologia; e, no Ensino Fundamental I, quando não acontece
espontaneamente o faz de conta tão comum dos anos anteriores, as situações
de representação precisam ser previamente planejadas pelo docente e sua
intervenção nos momentos de criação espontânea deve ser constante.
No caso do Ensino Fundamental I, o que percebemos é certo ar de “deixar
fluir” por parte do professor, como relatam Ferraz e Fusari (2009, p. 186):
“Atitudes deste porte, ao não delimitarem claramente um ponto de partida e
um campo de jogo, em nada contribuem para o desenvolvimento do grupo.
Quanto tudo é possível, tudo se equivale”, ou seja, se não sei aonde quero
chegar, qualquer caminho serve — parafraseando o Gato do livro Alice no
país das maravilhas. Ainda segundo o autor, “(...) É só mediante a descoberta
da materialidade dos elementos que compõem a especificidade do jogo cênico,
que o grupo conquistará novos instrumentos para a sua expressão” (FERRAZ;
FUSARI, 2009, p. 186).
Posteriormente, conheceremos as duas grandes possibilidades do docente
no uso do teatro em sala de aula — jogos dramáticos e teatrais —, mas agora
nos cabe esclarecer a você, futuro educador, como é possível nos apropriarmos
dos objetos de conhecimento teatral com as metodologias próprias de ensino.
Até o momento, descrevemos as possibilidades de atuação em sala de aula a
partir dos elementos cênicos teatrais, no entanto é importante você conhecer
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também as limitações existentes e que, por muitas vezes, acabam fazendo


com que o professor deixe de realizar atividades teatrais com sua turma. De
acordo com Cavassin (2008, p. 42–43):

Podem-se pontuar algumas como: a carga horária destinada às artes; a carência


material; a formação de professores; a desvalorização da área em relação às
demais disciplinas do currículo. Esses problemas específicos da área de artes
agravam-se quando somados aos problemas da educação como um todo, como
a baixa remuneração do magistério, a falta de tempo para a preparação do
professor e preparação didática das aulas, a insuficiência e má qualidade de
material didático... etc.

Enquanto, na Educação Infantil, sobram materiais e condições lúdicas


para a representação teatral, até mesmo em virtude do imaginário infantil
tão aflorado nessa etapa, no Ensino Fundamental e nos demais níveis da
educação formal, tais circunstâncias são exíguas. Entre as diversas críticas
observadas por Cavassin (2008) citadas, sem dúvida a principal e que nos afeta
diretamente como professores é a falta de orientações didáticas específicas nas
séries iniciais. Você provavelmente já analisou as outras opções do trabalho
com Artes na escola citadas neste conteúdo desde o início, como as plásticas,
visuais, danças, musicais, etc., mas, certamente, a que demanda mais recursos
e preparação é o teatro. Então, você deve estar se perguntando, como fazer
isso na sala de aula?
Acreditamos que o essencial a você, futuro professor sejam a criatividade
e o planejamento. Como já afirmamos, com materiais recicláveis e poucos
recursos, podemos trazer para a encenação conteúdos trabalhados em sala de
aula, principalmente nas áreas de Língua Portuguesa (literatura) e História e
os próprios temas transversais propostos pelo Ministério da Educação (ética,
cidadania, saúde, orientação sexual, pluralidade cultural e trabalho e consumo).

A reportagem do link a seguir da Revista Nova Escola, “Pedagogos, historiadores, atores


e diretores teatrais”, traz dicas valiosas que facilitam seu trabalho em sala de aula.

https://qrgo.page.link/Qo437
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Em primeiro lugar, é fundamental colocar seus alunos em contato com as


linguagens mencionadas: poesia, prosa, contos, romances, tragédias, relatos
históricos, etc. Perceba o tema que mais desperta interesse à turma e faça com
os alunos uma pesquisa aprofundada sobre a temática escolhida.
Evite trabalhar peças e encenações já prontas, busque montar uma dra-
matização com os seus alunos e os deixe criar, incentivando, por exemplo, a
criatividade, a imaginação, a improvisação e a transformação de um conteúdo
conhecido. Por último, filme os ensaios e os assista com os alunos posterior-
mente para que todos possam sugerir a respeito de alterações e correções.
Assim, você terá uma criação coletiva que conseguirá aliar teoria e prática.

Ainda de acordo com a reportagem da Revista Nova Escola, conheceremos um pouco


mais a respeito das possibilidades de trabalho em sala de aula, como no exemplo da
profa. Maíra de um colégio particular em São Paulo:

(...) Maíra já trabalhou com a garotada na montagem de uma peça que


uniu elementos dos clássicos Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, e
Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. O resultado foi o espetáculo
Auto da Barca da Paulista, numa referência à famosa avenida da capital
paulista, que passa próxima ao colégio. Ações como essas, sugeridas
pelos adolescentes, têm maior chance de fazer sucesso (ARAÚJO, 2018,
documento on-line).

Jogos teatrais e jogos dramáticos na escola


Como dito anteriormente, sãos duas as possibilidades de trabalho do professor
com teatro em sala de aula: jogos teatrais e dramáticos, opções sobre as quais
nos debruçaremos nesse momento para ampliar seu olhar sobre a possibilidade
pedagógica do teatro.
Viola Spolin foi quem estabeleceu a utilização dos jogos teatrais em sala de
aula, tendo um importante papel tanto em relação ao teatro de improvisação
quanto ao aspecto educacional dessa proposta. De acordo com Ferraz e Fusari
(2009), o sistema de jogos teatrais criado por Spolin é composto pelas regras
detalhadas a seguir.
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„„ Foco: nessa regra, é fundamental que a atenção esteja voltada a algum


elemento da linguagem teatral ou até mesmo a um elemento cênico
citado aqui anteriormente.
„„ Instrução: deve ser feita pelo responsável pela encenação, lembrando
o foco estabelecido previamente.
„„ Avaliação: é feita pela plateia, a partir do foco.

A essas regras, acrescentamos outros elementos importantes para o trabalho


com o teatro pelo educador:

„„ leitura e apreciação do teatro, bem como de seus elementos constituintes;


„„ experimentação coletiva;
„„ ludicidade;
„„ improvisação;
„„ reflexão sobre o ser humano de modo geral.

Ferraz e Fusari (2009) ainda afirmam que existem outras formas de trabalho
com o teatro, como teatro de bonecos, teatro de sombras (Figura 1), mímica
ou teatro mudo, musicais, entre outras opções.

Figura 1. O teatro de sombras pode ser feito de maneira artesanal, em casa e na escola.
Fonte: aleksaseverina/Pixabay.
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Já sobre o jogo dramático, ainda de acordo com Ferraz e Fusari (2009,


p. 187), define-se como uma “modalidade de improvisação amparada por
regras e proposta por um educador”, a qual implica:

„„ a divisão entre quem joga e quem assiste;


„„ a observação de regras de funcionamento, como número de participantes,
modalidades de avaliação e recursos materiais utilizados;
„„ temas e elementos da própria linguagem teatral;
„„ ação, espaço e personagem como ponto de partida do jogo;
„„ ação do aqui-agora, que engendra o sentido.

Segundo Bastos, Morais e Cordeiro (2015, p. 77), outra definição importante


de jogo dramático diz respeito a:

Ele (o jogo dramático) possui duas características importantes: a sinceridade


(momento de pura verdade e espontaneidade infantil em relação ao jogo que se
está jogando) e a absorção (envolvimento total por parte da criança naquilo que
está fazendo). Mas para que essas características sejam alcançadas é preciso
que o adulto ofereça espaços agradáveis para que as crianças criem, explorem
sua individualidade e o mundo que as cerca. Esse tipo de jogo é importante
para a criança, pois ele a auxilia no exercício de solução de problemas por
meio do improviso e do desempenho de papéis.

Percebemos que o jogo dramático acontece, na maior parte das vezes, com
as crianças menores, em específico na Educação Infantil, e o teatral, com as
crianças maiores, na época do Ensino Fundamental I, II e Médio, conforme
Japiassu (2008, p. 25–26, grifo do autor):

Na ontogênese, o jogo dramático (faz de conta) antecede o jogo teatral. [...]


Diferentemente do jogo dramático, o jogo teatral é intencional e explici-
tamente dirigido para observadores, isto é, pressupõe a existência de uma
“plateia”. Todavia, tanto no jogo dramático como no jogo teatral, o processo
de representação dramática ou simbólica no qual se engajam os jogadores
desenvolve-se na ação improvisada e os papéis de cada jogador não são esta-
belecidos a priori, mas emergem das interações que ocorrem durante o jogo.
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Quando Japiassu (2008) nos fala sobre a improvisação e os papéis esta-


belecidos a priori, entendemos que o improviso pode e deve acontecer, mas
isso não quer dizer que devemos somente trabalhar com a improvisação,
como vimos aqui anteriormente, entendendo que se trata exatamente do pla-
nejamento necessário a essa prática didática, mencionado aqui, por sua vez,
desde o início deste capítulo. Portanto, toda e qualquer ação pedagógica deve
ser intencional e planejada, já que não existe atuação do professor sem ter nos
bastidores momentos de planejamento, reflexão e estabelecimento de metas.

Indicamos bastante que você assista ao vídeo a seguir para verificar na prática como
utilizar o teatro na sala de aula: “Formação para trabalhar o teatro nos anos iniciais”
— Revista Nova Escola.

https://qrgo.page.link/CcBZs

Um exemplo da utilização do teatro na sala de aula pode ser vivenciado pelo vídeo
“Meu professor é o cara: teatro como ferramenta de ensino”, disponível no link:

https://qrgo.page.link/P3fs1

ARAÚJO, J. S. A cena ensina: uma proposta pedagógica para formação de professores


de teatro. Orientadora: Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco. 2005. 179 f. Tese
(Doutorado em Educação) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, 2005. Disponível em: http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/
ld/C%EAnica/Pesquisa/A_Cena_Ensina__ARAUJO_S%E1vio.pdf. Acesso em: 20 jul. 2019.
12 Linguagens artísticas: ensino de teatro

ARAÚJO, P. O teatro ensina a viver. Nova Escola, São Paulo, 7 mar. 2018. Disponível
em: https://novaescola.org.br/conteudo/392/o-teatro-ensina-a-viver. Acesso em: 22/
junho/2019.
BASTOS, C. Z. A.; MORAIS, A.; CORDEIRO, A P. Jogos dramáticos e teatrais: aproxima-
ções com a Psicologia Genética de Jean Piaget e contribuições à Educação Infantil.
Schème – Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas, Marília, v. 7, n. 1, p.
66–90, jan./jul. 2015. Disponível em: http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/
scheme/article/view/5317/. Acesso em: 20 jul. 2019.
CAVASSIN, J. Perspectivas para o Teatro na Educação como Conhecimento e Prática
Pedagógica. Revista Científica / FAP, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 39–52, jan./dez. 2008. Disponível
em: http://periodicos.unespar.edu.br/index.php/revistacientifica/article/view/1624.
Acesso em: 20 jul. 2019.
ELEMENTOS do Teatro – Disciplina – Arte. Secretaria da Educação do Paraná, Curitiba,
2007. Disponível em: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.
php?conteudo=197. Acesso em: 20 jul. 2019.
FERRAZ, M. H. C. T.; FUSARI, M. F. R. Metodologia do ensino de arte: fundamentos e
proposições. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2009. 208 p.
JAPIASSU, R. O. V. Metodologia do ensino de teatro. 7. ed. Campinas: Papirus, 2008. 224 p.
PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001.
136 p.

Leitura recomendada
MIRANDA, J. L. et al. Teatro e a Escola: Funções, Importância e Práticas. Revista CEPPG, Ca-
talão, n. 20, p. 172–181, jan. 2009. Disponível em: http://www.portalcatalao.com/painel_
clientes/cesuc/painel/arquivos/upload/temp/a1129237b55edac1c4426c248a834be2.
pdf. Acesso em: 20 jul. 2019.

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