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CAMPO DE EXPERIÊNCIA ESPAÇO, TEMPOS, QUANTIDADES,

RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES.

Se considerarmos a Educação Infantil como um espaço onde a curiosidade das


crianças sobre o mundo físico e social é a chave que abre as portas de processos
investigativos, podemos oportunizar a construção por elas de noções,
comparações, teorias e hipóteses. Pode-se ajudar a construir explicações,
conforme sua percepção, seus gestos, sentimentos, intuições, seus motivos e
sentidos pessoais nas respostas que elaboram. Nesse processo, devemos articular
o modo como as crianças agem, sentem e pensam com os conhecimentos já
disponíveis nas ciências, na cultura e na sociedade sobre cada objeto de
conhecimento. Esse é o campo das teorias, das pesquisas, investigações e estudos.
Um campo que se complementa nas linguagens dos outros campos,

Observar, perguntar, investigar, criar hipóteses, testar, problematizar

A partir da observação focada e da escuta sensível das crianças e de boas


intervenções, podemos ajudá-las a perceber relações entre objetos e materiais,
chamar-lhes a atenção para certos aspectos da situação, estimulá-las a fazer novas
descobertas e construir novos conhecimentos a partir dos saberes que já possuem.

Esse campo deve promover interações e brincadeiras nas quais a criança possa
observar, manipular objetos, explorar seu entorno, levantar hipóteses testar e
buscar respostas as suas curiosidades e indagações. Tudo isso amplia seu mundo
físico e sociocultural e desenvolve sua sensibilidade, incentivando um agir lúdico e
um olhar poético e teórico sobre o mundo, sobre as pessoas e as coisas nele
existentes.

E na prática?

Projetos de estudos, pesquisas e investigações são as metodologias que vão


potencializar aprendizagens e construção de conceitos de forma significativa para
as crianças. Esqueça matrizes prontas, atividades em que a criança não é desafiada,
livros didáticos que trazem exercícios repetitivos e desenhos xerocados. A
articulação entre os campos é guiada pelo interesses e curiosidades das crianças e
pelo olhar atento do adulto.

Observação, registro, reflexão, projetação e relançamentos são as práticas


docentes que potencializam os contextos e as aprendizagens da meninada. Com
base nessas experiências investigativas, as crianças têm a oportunidade de se
expressar por várias linguagens, fazer construções, desenhos, modelagens,
experimentar a manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos.
Tempo e espaço

As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um


mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais e por isso devemos
favorecer experiências com o tempo e espaço. Esses são conceitos que demoram
muito tempo para serem construídos e precisam ser vivenciados diariamente. Um
bom exemplo é o trabalho com o planejamento coletivo das atividades e rotina,
que integram o cotidiano e ajudam a entender o tempo, espaço e significado das
práticas na escola.

Medidas e quantidades

Além desses importantes conceitos esse Campo também deve promover


experiências em relação à medidas, favorecendo a ideia de que, por meio de
situações problemas em contextos lúdicos, as crianças possam ampliar, aprofundar
e construir novos conhecimentos sobre medidas de objetos, de pessoas e de
espaços, compreender procedimentos de contagem, aprender a adicionar ou
subtrair quantidades aproximando-se das noções de números e conhecendo a
sequência numérica verbal e escrita. A ideia é que as crianças entendam que os
números são recursos para representar quantidades e aprender a contar objetos
usando a correspondência um-a-um, comparando quantidade de grupos de
objetos utilizando relações como mais que, menos que, maior que e menor que,
entre outras.

Esses conceitos são complexos e devem ser vivenciados em experiências concretas.


Não há matriz de exercício dirigido ou livro didático que substitua essas vivências.
O conceito de número deve ser construído ao longo das vivências cotidianas e sem
a ideia errada de que até 3 anos, ensina-se até 10. Os números, contagens e
relações numéricas fazem parte da vida, devem fazer sentido para serem
construídos e não memorizados. Planejar contextos de aprendizagem que
estimulam brincadeiras e experiências com materiais contáveis e não contáveis
pode ser motivador para a ação das crianças nesse campo.

Relações e transformações

O Campo ressalta ainda, as experiências de relações e transformações favorecendo


a construção de conhecimentos e valores das crianças sobre os diferentes modos
de viver de pessoas em tempos passados ou em outras culturas. Da mesma forma,
é importante favorecer a construção de noções relacionadas à transformação de
materiais, objetos, e situações que aproximem as crianças da ideia de causalidade.
Projetos de pesquisas, estudos e investigações ajudam a potencializar a construção
desses conceitos.

-Na prática com bebês e crianças de 0 a 2 anos: experiências sensoriais, estéticas,


literárias, criativas e sonoras. Faz de conta, cestos de tesouros, bandejas sensoriais,
experimentos. Contato, experiências e produções com elementos da natureza.
Projetos, pesquisas e investigações coletivas.

Na prática com crianças de 3 a 5 anos: experiências criativas, sensoriais, estéticas,


literárias, sonoras, audiovisuais, digitais, multimídias e todas as possibilidades de
interação com as produções culturais e artísticas locais e mundiais. Ilha dos
contáveis e experiências com materiais não contáveis. Vivenciar a potencialidade
investigativa da infância por meio das múltiplas linguagens que abraçam esse
campo por meio do trabalho por projetos investigativos e pesquisas.

Tudo junto e misturado!

Da mesma maneira que os outros campos, não há como trabalhar isoladamente.


Há a necessidade da relação com outros campos a fim de manter a coerência com a
concepção proposta, que traz a criança como sujeito de direitos, protagonista e
autora da própria história no cotidiano da Educação Infantil.

5 dicas para Professoras(es) da Infância

1. Estudar, conhecer bem sobre o desenvolvimento da criança e exercitar


diariamente uma escuta atenta e um olhar sensível para acompanhar as
crianças em suas interações, curiosidades e descobertas. A prática de estudos
e o exercício ajudam a observar, escrever, refletir, planejar e agir com
intencionalidade pedagógica.
2. Oferecer às crianças nas vivências cotidianas a oportunidade de identificar
diferentes aspectos das relações sociais nelas presentes, explorando as
categorias conceituais de tempo e espaço, bem como as de trabalho e
cultura.
3. Trabalhar por projetos. Partir das ideias e representações que as crianças
possuem e fazer- lhes perguntas instigantes, oferecer-lhes meios para que
busquem mais informações e possam reformular suas ideias iniciais,
respeitando os raciocínios, relações, comparações e analogias que elas
elaboram e fazer-lhes questionamentos que as leve a pensar sobre eles e
considerar a enorme quantidade de ideias diferentes que se têm para explicar
coisas e fenômenos. O importante é que tenham tempo suficiente para
explorar e possam diferentes experiências e oportunidades.
4. Problematizar! Propor situações-problema em que a criança possa ampliar,
aprofundar e construir novos conhecimentos sobre medidas de objetos, de
pessoas e de espaços, o que inclui: observá-los e utilizar instrumentos para
quantificar sua grandeza. Por exemplo, estabelecer a distância percorrida por
uma bola, comparar uma criança maior que ou pequena em relação a outra,
verificar a dimensão dos brinquedos do parquinho.
5. Viver um cotidiano simples e verdadeiro na escola, com intencionalidades e
sentidos. E lembrar de oportunizar a ação da criança. Ela está em primeiro
lugar na escola, sempre.

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