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DIREITO ADMINISTRATIVO

REDE JURIS – ANALISTA TJGO

Prof. Manoel Bezerra

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I Direito Administrativo.

Para compreendermos melhor a estrutura do direito administrativo é necessário analisarmos num


primeiro momento noções básicas da criação do Estado e da Administração Pública. Partimos do pressuposto que o
leitor desse livro já manteve um contato inicial com a matéria, o que torna mais fácil e ágil a montagem
organizacional deste ramo do direito que é de suma importância para o Estado. Traçaremos um diferencial didático
entre os tipos de Estado que foram se formando ao longo da história da humanidade com o objetivo de
compreendermos sua atuação.

1.1 Estado Absolutista

Origem história: Nasceu da aglutinação das antigas sociedades feudais. Nesse modelo há a
concentração de todos os poderes nas mãos de um único ser humano. O rei, monarca ou ditador era o
responsável por as regras sociais, administrar essas regras e aplicá-las a todos os casos que lhe fossem
apresentados. Um detalhe importante deve ser relembrado aqui: Esse “ente” não estava submisso as regras
que ele criava.

Nesse modelo de Estado existia também um tipo de “direito administrativo”, porém com a ideia de direito
repressor. Para a doutrina é no Estado Absolutista que o Estado de Polícia se apresenta como aquele que tem a
finalidade de apenas assegurar a ordem pública.

1.2 Estado de Direito.

O marco histórico para a mudança de modelo de forma de governo se dá na França, com a revolução. A
substituição de um modelo velho (Estado Absolutista), por um modelo novo (Estado de Direito). Desta forma o
recém criado Estado trouxe em seu bojo o ideário de governo do povo para o povo. Para historiadores do
direito a expressão “Estado de Direito” foi cunhada na Alemanha em 1813 na obra de Welcker. Remonta-se,
também, que a palavra “Estado”, como sociedade política permanente, teria sido usada pela primeira vez na
obra “O Príncipe” de Maquiavel. O então modelo novo de Estado, manteve a formação inicial do Estado
Absolutista, agora com um diferencial crucial, este “ente” era o responsável pela criação da regras sociais,
contudo ele se submetia a elas. A ideia de que o Estado nasce com o fim de produzir bem estar social e de
defender o interesse público é o marco existencial do Estado de Direito. Tomaremos aqui como ideia para o
bem estar social a gestão das necessidades básicas da sociedade (coletividade).

Dentro do Estado de direito tivemos alguns estágios de evolução, tais como: O Estado liberal
caracterizado pelo afastamento do Estado das atividades da sociedade, onde o Estado ficaria responsável pela
ordem interna e defesa das fronteiras do país.

O Estado Social marcado por uma “postura social”, onde este ente acaba intervindo na sociedade com
profundas consequências para as áreas econômicas e sociais da coletividade.

O Estado Neoliberal apresentando-se como a vertente do Estado em sua versão mais comprometida
com a sociedade e a produção do bem estar social. Nele também se busca garantir direitos Constitucionais, ora
intervindo na sociedade, ora se afastando dela.

A Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988 nos aponta que o Brasil não é um Estado
Social, porém ele tem um viés de Estado Social. Nota-se a presença desse sentimento social esculpido na figura do
Preâmbulo e nos artigos 1º. IV, artigo 6º, 170 e outros espalhados dentro dela. Observação importante: O Brasil
não é Estado social.

1.2.1 Estado de Direito.

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Trabalharemos nessa preparação para a prova da OAB a seguinte ideia sobe o que é o Estado. Ele é um
ente juridicamente organizado e obediente as suas leis. Colacionamos a título de ilustração conceitos como o
do professor José dos Santos Carvalho Filho, 2012, p.2:

“É um ente personalizado, apresentando-se não apenas exteriormente, nas relações


internacionais, como internamente, neste caso como pessoa jurídica de direito
público, capaz de adquirir direitos e contrair obrigações na ordem jurídica”.

O Estado democrático brasileiro apresenta-se com a junção de vários elementos para a sua formação, tais
elementos são:

 Povo. A doutrina chama de dimensão humana;

 Território. A doutrina chama de dimensão territorial ou espacial.

 Governo. A doutrina chama de elemento soberano do Estado.

Destes elementos o que interessa para o nosso estudo é o Governo. O elemento Governo detém e
exerce o poder de autodeterminação (orientações). Nesse poder o Estado diz quem ele é e o que ele almeja, daí a
importância do preâmbulo da Constituição Federal. O direito constitucional é responsável pelo estudo da
autodeterminação do Estado. O Governo também é poder de auto-organização. Nesse poder o Estado irá construir
suas estruturas internas. Organizando-se como ente personalizado capaz de adquirir direitos e contrair obrigações
no ordenamento jurídico nacional. A auto-organização do Estado é o objeto do Estudo do direito administrativo.

Dessa forma o Direito Administrativo nasceu no final do séc.XVIII e inicio do séc. XIX, na França. A
universidade de paris em 1817 permitiu a instalação de uma cátedra de Direito Administrativo. No Brasil, Dec.
Imperial 608 de 1851 determinou a possibilidade da criação de cadeiras específicas de Direito Administrativo em
São Paulo e Recife.

1.2.3. ORGANOGRAMA BÁSICO DA ESTRUTURA ESTATAL

ESTADO

Estrutura
DIRETA INDIRETA
Interna.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

AGENTE PÚBLICO

ATO ADM.

SOCIEDADE

O organograma acima é uma simples forma de se visualizar a atuação estatal. O Estado usando da parcela
do poder de auto-organização cria a estrutura interna denominada de Administração Pública que na origem de
formação do Estado é organizada como Administração Pública Direta ou Centralizada, formada pela União, pelos
Estados-membros, pelo Distrito Federal e pelos Municípios. Com a descentralização a Administração Pública Direta
cria a Administração Pública Indireta constituída pelas Autarquias, Fundações, Empresas Públicas, Sociedade de
Economia Mista. Decreto-lei 200/67 e pelos Consórcios Públicos, lei 11.107/05. Mais adiante trabalharemos a
síntese de todos os entes da Adm. Pública Indireta.

2 As Contribuições das Escolas do Direito Administrativo Estrangeiro para a formação da Escola


brasileira.

2.1 ESCOLA FRANCESA.

Pensadores como Ducrocq, Batbie e Gianquinto.

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Essa escola se foca no sentido de que o Direito Administrativo se detém no estudo do sistema de
leis que regem a Administração Pública. Nela há apenas um catalogar da legislação administrativa. A
Escola Francesa surgiu como direito com a revolução francesa, mais precisamente com a separação de
poderes de Montesquié. A França é considerada o berço do Direito Administrativo reporta-se seu
nascimento para a época de 1800, quando a França organizou a sua administração pública.

2.2 ESCOLA ALEMÃ.

Pensadores: Fritz Fleiner; Otto Mayer

Fruto de um longo período de evolução, nessa escola não houve a substituição de um direito velho por um
novo como na Francesa, mas sim o sistematizar do direito nos mais diferentes estados alemães.

Assim houve forte influencia do direito civil para a formação do Direito Administrativo alemão. Nessa escola
adotou-se um método construtivo preocupado em formular dogmas específicos do direito público tendo como base
o direito privado. Ela enfoca o Direito Administrativo num sentido amplo que designa todas as normas que regulam
a atividade das autoridades estatais administrativas, quer façam parte do direito público ou do privado.

2.3 ESCOLA ITALIANA OU SUBJETIVISTA.

Pensadores: Meucci, Ranelletti, Zanobini e Raggi.

Nela o objetivo se concentra no sentido de que o Direito Administrativo é o estudo dos atos do poder
executivo. Trabalhando o sujeito de onde emana o ato e não o ato em si mesmo. Nela se exclui os atos praticados
pelo Legislativo e Judiciário.

2.4 ESCOLA ANGLO-AMERICANA

Pensadores: Albert Venn Dicey; James W. Garner; John Clarke Adams;

A Escola America se concentra no fato do Direito Administrativo ficar restrito apenas as relações entre a
Administração e os particulares. Essa escola se opõe a escola francesa em razão de sua formação, sua base. O
direito inglês e o americano tem como base a denominação: common law: “o direito não escrito de um país,
baseado no costume, no uso e nas decisões das cortes de justiça”. José Cretella Júnior, (Revista da Procuradoria
Geral do Estado, v.12:10). Nesses países o Poder Judiciário exerce sobre a Administração e sobre os particulares o
mesmo controle.

2.5 ESCOLA BRASILEIRA.

Há dois momentos distintos de produção do conhecimento em matéria administrativa dentro do Brasil.


No período do Império pensadores como: Vicente Pereira do Rego; Veiga Cabral; Visconde do Uruguai, Rubino de
Oliveira; José Antonio Joaquim Ribas, sofreram forte influência do direito francês, italiano e alemão. No período da
República a influência forte é a do direito americano. Pensadores como Celso Antônio Bandeira de Mello, Hely
Lopes Meirelles, Maria Silva Zanella di Pietro, José dos Santos Carvalho Filho, etc. Estes doutrinadores vem
desenvolvendo a estrutura do direito administrativo nacional.

No Brasil, o direito administrativo passa por fases bem distintas: Brasil colônia: O poder esta nas mãos da
monarquia portuguesa todo direito empregado na colônia é de origem portuguesa. No Brasil império há a divisão
de poderes: Poder Legislativo, Poder Judiciário, Poder Moderador, sendo que os dois últimos estão nas mãos do
imperador. Nesse momento a Administração Pública é organizada, mas regida pelo direito privado. Por fim no Brasil
Republicano o direito administrativo merece destaque porque nesse momento ele passa a ter previsão
constitucional, na Constituição Federal de 1934.

Observação importante: O Brasil não adota de forma especifica nenhuma das escolas estrangeiras
supracitadas. O direito administrativo nacional sofreu na origem grande influencia do direito francês e iltaliano, e na
sua construção um pouco do direito alemão e americano. Atualmente o Brasil se filia ao sistema europeu-
continental.

O Sistema europeu-continental é adotado na França, Bélgica, Espanha, Portugal, Alemanha Ocidental.


Nesse sistema o direito administrativo tem uma amplitude maior, abrangendo o direito administrativo descritivo:
“Administração, leis, serviços, e demais atividades públicas” e ainda as relações entre os administrados e a
Administração.Guardadas as devidas proporções e discussões nas mais diversas áreas o que nos interessa é que o
Poder se fraciona dentro do Estado de direito e o Governo se apresenta como esse poder soberano que ora se
mostra como Poder e ora como Órgãos do Estado e, ainda, se demonstra como funções originárias destes Poderes.
Isso causa bastante confusão entre os estudantes, em razão disso é importante relembrarmos dos Poderes

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Estruturais do Estado, estudados com maestria no direito constitucional.Poder Legislativo: A formação deste Poder
está nos artigos 44 ao 75 da Constituição Federal. Função Típica é criar as regras sociais. Poder Judiciário: A
formação deste Poder está nos artigos 92 ao 135 da Constituição Federal, sua função típica é a pacificação social
aplicando a lei aos casos concretos que lhe forem submetidos. Poder Executivo: A formação deste Poder está nos
artigos 76 ao 88 da Constituição Federal, sua função típica é conversão da lei em um ato individual e concreto com o
fim de produzir o bem estar social. Porém, esse Poder pode exercer atividades ATÍPICAS: A. Função de Legislar
(criar portarias, resoluções, LD e MP). B. Função judicial (Processo Administrativo Disciplinar e Sindicância).

O Estado de direito esta devidamente formado e estruturado para cumprir o seu fim último que é a
produção do bem estar social. Como ente juridicamente organizado e obediente as suas regras, esse ente é regido
pelo direito público. Por isso vamos juntos relembrar a diferença entre o direito privado e o público.

O Direito é a base organizacional da sociedade. Nenhum ajuntamento social sobrevive sem regras, das
mais simples às mais complexas. A essência do direito é que ele é um conjunto de regras de conduta. Definidas
dentro de um contexto social e histórico caracterizando a estrutura de determinada coletividade. Assim a Divisão
Clássica do Direito estudada logo no início da graduação em direito é algo relevante a ser revisto neste ponto.
Basicamente o Direito Público e constituído por normas de conduta que são imperativas, ou seja, inafastáveis. Ex: o
simples sinal de trânsito. Essa área do direito é regida pelo princípio da Legalidade que nos informa que o Estado só
faz o que a lei determina. Já o Direito Privado é formado por normas de conduta flexíveis, é regido pelo princípio da
Autonomia da Vontade que nos direciona no sentido que os particulares podem fazer o que eles quiserem desde
que a lei não os proíba. Exemplo clássico é o contrato.

3. DIREITO ADMINISTRATIVO

É justamente no contexto do direito público que o direito administrativo se apresenta com a i deia
de ser o conjunto de normas regulam a estrutura do Estado (sentido lato). A doutrina conceitua o direito
administrativo como:

“O conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas
entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as coletividades a que devem servir ” José dos Santos Carvalho
Filho.

“é o ramo do direito público que trata de princípios e regras que disciplinam a função administrativa e que
abrange órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública na consecução do interesse
público”. Irene Patricia Nohara.

Espero que o leitor tenha percebido que a ideia trabalhada acima se apresenta dentro dos dois conceitos
colacionados. É o direito administrativo que irá disciplinar o agir do Estado, logo essa área do direito definirá o
objeto de estudo que é o Estado.

Portanto, o Objeto em um sentido amplo é o Estado quando este exerce a atividade de reger, gerir e
administrar as atividades dos órgãos e dos agentes públicos para que estes possam implementar os fins do Estado
(gestão das necessidades básicas da coletividade).

A doutrina divide o objeto do direito administrativo em imediato e mediato. O professor Alexandre Mazza,
2013, em sua obra Objeto Imediato: São os princípios e normas que regulam a função administrativa. Objeto
Mediato: é a disciplina das atividades, agentes, pessoas e órgãos da Administração Pública.

3.1. FUNÇÃO ADMINISTRATIVA:

Quando o Estado exerce suas atribuições aplicando a lei de ofício, ele irá reger ou gerir os interesses
públicos, nesse momento de sua atuação ele agirá de acordo com a legislação (direito público) com o fim de
produzir o bem estar social. A doutrina diz que esse atuar se chama função administrativa. A para profª.
Figueredo,1995, p. 398, em sua obra assevera sobre o tema o seguinte:

“consiste no dever do Estado, ou quem aja em seu nome, em dar


cumprimento, no caso concreto, nos comandos normativos, de maneira geral
ou individual, para a realização dos fins públicos, sob o regime jurídico
prevalente de direito público e mediante atos e comportamentos passíveis
de controle”.

3.2 FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

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As Fontes do Direito Administrativo são as mesmas do Direito Civil. A ideia de fonte é a de origem, de
onde nasce o direito administrativo, sua formação se dá basicamente dentro da:

1. Lei.

2. Doutrina.

3. Jurisprudência.

4. Costume.

5. Princípios gerais do direito.

A lei é a lei no sentido formal e material, aquela que passou por todo processo legislativo e, tecnicamente,
traduz o anseio social. A doutrina é o somatório da produção científica em matéria administrativa, são as obras, as
dissertações, as teses, os artigos dos seres humanos que pensam produzem matéria administrativa. A
jurisprudência é conjunto das decisões dos tribunais superiores em matéria administrativa. Os costumes são as
práticas habituais, tidas como obrigatórias, que o juiz pode aplicar, na falta de lei sobre determinado assunto. Por
fim os princípios gerais de direito que abordaremos com mais profundidade agora.

3 PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Posição doutrinária:

1. São postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da Administração Pública.

2. São cânones pré-normativos que norteiam a conduta do estado quando no exercício das atividades
administrativas.

Ideia: São valores ou razões maiores que permeiam todo o ordenamento jurídico administrativo.

4.1 Os princípios administrativos tem três finalidades precípuas:

1. Orientação: voltada ao Administrador.

2. Garantia: voltada aos administrados.

3. Proteção: voltada para os administrados.

4.2 Uso e Interpretação dos princípios:

A. Função Hermenêutica: Em caso de dúvida sobre qual o verdadeiro significado de uma norma jurídica, o aplicador
pode utilizar o princípio como ferramenta de esclarecimento.

B. Função Integrativa: além de facilitar a interpretação eles atendem a finalidade de suprir lacunas, preencher
vazios normativos em casos de ausência de expresso regramento.

Quando houver um conflito aparente entre normas dentro do ordenamento jurídico esse conflito é denominado de
“antinomia”. Há regras para solucionar este conflito:

1. Critério cronológico: norma posterior revoga a anterior.

2. Critério hierárquico: norma de nível superior revoga a de nível inferior.

3. Critério da especialidade: norma especial revoga norma geral.

4.3 Espécies de princípios administrativos:

Os cinco primeiros princípios listados abaixo se encontram expressos no art. 37, “caput” da Constituição
Federal. Dessa forma realizaremos uma análise específica de cada princípio trabalhando a ideia central deles.

1. Legalidade.

2. Impessoalidade e Finalidade..

3. Moralidade.

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4. Publicidade.

5. Eficiência.

6. Razoabilidade e Proporcionalidade.

7. Motivação.

8. Autotutela.

9. Segurança Jurídica.

10. Supremacia do Interesse Público sobre o Privado e Indisponibilidade do Interesse Público.

4.3.1 LEGALIDADE:

A ideia central é de “prisão” completa à lei. Toda atividade estatal está submissa às ordenações contidas
na lei. O art. 2º. parágrafo único, I da lei 9784/99 menciona o princípio da juridicidade (correlato a legalidade) onde
há expressa disposição de que o agir da Administração esta adstrito a “atuação conforme a lei e o direito”. Grifo
nosso. O professor Hely Lopes Meirelles consagrou a seguinte frase: “Enquanto na administração particular é lícito
fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza 7”. Desta forma a
doutrina cria o bloco de legalidade onde a lei abarcaria a Constituição Federal, as Constituições Estaduais, A Lei
Orgânica do Município, Leis Ordinárias, Leis Complementares, Tratados e Convenções Internacionais, Decretos
Legislativos, Medidas Provisórias, Costumes, Princípios Gerais do Direito e Atos administrativos normativos.

Celso Antônio Bandeira de Mello defende que há exceções a legalidade e cita como tais: Estado de Sítio –
art. 137 a 139, da CF; Estado de Defesa – art. 136, da CF e a Medida Provisória – art. 62, da CF.

4.3.2 IMPESSOALIDADE e FINALIDADE.

A ideia central é de a impessoalidade é atributo que não se dirige ou se refere a uma pessoa em particular,
mas a pessoas em geral, sem qualquer particularidade. Ligação direta entre a conduta dos agentes com relação aos
cidadãos-administrados. Agir com impessoalidade impõe um dever ao Estado de não prejudicar ninguém, nem
beneficiar outrem durante a sua atuação.

Este princípio esta ligado intimamente com o da Finalidade que determina que o administrador ao praticar
seus atos deve agir com o fim de atingir o bem estar social e ele só conseguirá isso atuando de forma impessoal. A
finalidade enquanto princípio abarca a ideia de finalidade ampla: a produção do interesse público, do bem estar
social. Há também a finalidade específica que o resultado que o Estado quer produzir com o ato praticado. Exemplo
clássico de Impessoalidade é o pagamento através de precatório, art. 100 da CF.

4.3.3 MORALIDADE.

A ideia central diz respeito ao conceito de certo e errado, honesto e desonesto. É o elemento ético na
conduta do administrador público. A ideia não é de moral comum, subjetiva e sim de moral jurídica, sendo esta um
conjunto de regras éticas retiradas da estrutura interna do Estado.

O Estado passa a ditar as regras éticas da conduta de seus servidores e daqueles que se submetem a sua
disciplina. Há previsão constitucional quanto a moralidade administrativa: art. 5º. LXXIII; art. 37, “caput”; art. 85, V,
todos da CF. A doutrina revela também a presença de um bloco de moralidade onde ela enquanto princípio mestre
abarcaria as ideias de probidade, decoro, boa-fé, ética, honestidade e lealdade a lei 9784/99 em seu art. 2º. parág.
único, IV, fundamenta este raciocínio. Os agentes públicos devem se portar em conformidade com estes padrões
conforme, por exemplo, o Código de Ética do Servidor Público Civil Federal, o Decreto n. 1171/94.

4.3.4 PUBLICIDADE.

A ideia central é de que os atos administrativos devem ser públicos, a publicação não é opcional, ela deve
ser realizada através dos meios legais para alcançar o seus fins. Em determinados casos é considerado requisito de
validade do ato administrativo. Além do “caput” do artigo 37 da CF, o parág. 1º. deste artigo trás diretriz da
obrigatoriedade da divulgação de atos, programas e campanhas da Administração, bem como a proibição para as
autoridades públicas de se autopromoverem. Posicionamento seguido pelo legislador infraconstitucional na lei
9784/99 em seu art. 2º. parág. único, III parte b e V.

A posição majoritária na doutrina é que a publicidade é condição de eficácia do ato e não de existência.
Esse posicionamento é capitaneado por Hely Lopes Meirelles. O RE 191668/RS 2008 do STF determina que “a

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inclusão de slogan de partido político na publicidade governamental fere o princípio da publicidade”. O princípio da
publicidae possui objetivos específicos na doutrina: 1. Exteriorizar a vontade da Administração. 2. Tornar exigível o
conteúdo do ato. 3. Desencadear a produção de efeitos do ato. 4. Permitir o controle do ato. Há outros dispositivos
legais que fazem remissão a figura da publicidade, tais como, os artigos 5º., XXXIII – devidamente regulamentado
pela lei 12.527/11; XXXIV e LXXII todos da CF. Exceções a publicidade: Segurança do Estado: art. 5º. XX e XIII;
Segurança da Sociedade: art. 5º. XXXIII e Lei 11111/05 e Intimidade dos envolvidos. Art. 5º. X, da CF.

4.3.5. EFICIÊNCIA.

A ideia central é de que eficiente é tudo que produz um resultado bom e satisfatório. Todo o agir do
Estado deve ser eficiente. O Estado deve agir de modo satisfatório visando atender as necessidades da coletividade.
Este princípio foi introduzido no caput da CF pela Emenda Constitucional 19/98 inaugurando uma postura nova para
a ação estatal, porque a partir de então toda ação administrativa deve ser orientada para a concretização material e
efetiva da finalidade posta pela lei e de forma eficiente o Estado deve buscar produzir o bem estar social. O atributo
eficiência se refere ao agir do agente público que em sua trajetória agirá com rapidez, presteza, perfeição,
rendimento funcional, economia de material, etc. A legislação impõe deveres aos servidores que correspondem ao
agir do Estado de forma eficiente, como exemplo temos o artigo 116 da lei 8112/90.

O professor Alexandre de Morais em sua obra apresenta o seguinte conceito para o princípio da
eficiência:

“é o que impõe à Administração Pública Direta ou Indireta e a seus agentes a


persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma
imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em
busca da qualidade, rimando pela adoção dos critérios legais e morais necessários
para melhor utilização possível dos recursos públicos, d maneira a evitarem-se
desperdícios e garantir-se maior rentabilidade social”.

Princípio correlato importante é o Economicidade que junto com a Eficiência determina que o agente
público deve atuar reduzindo os desperdícios, com qualidade, rapidez, produtividade e rendimento funcional.
Institutos administrativos também correlatos à eficiência: Estágio Probatório; Metas de desempenho das Agências
Executivas; Princípio da Duração Razoável do Processo e Parcerias Público Privadas.

Observação Importante:

Há no texto constitucional outros princípios expressos que são utilizados pelo direito administrativo, tais
como, Princípio da Participação: art. 37, parág. 3º.; Princípio da Celeridade Processual: art. 5º. LXXVIII; Princípio do
Devido Processo Legal: art. 5º. LIV; Princípios da Ampla Defesa e do Contraditório: art. 5º. LV.

4.3.6 RAZOABILIDADE e PROPORCONALIDADE.

Os dois princípios tem o mesmo objetivo que é a proibição ao abuso de poder praticado pelo Estado em
sua atuação. Esse é o eixo comum entre os dois, porém eles irão se utilizar de mecanismos diferentes para coibir o
abuso de poder. Senão vejamos:

 RAZOABILIDADE: A ideia central aqui é a de equilíbrio. Razoabilidade é a qualidade de ser razoável,


ou seja, aquilo que se situa dentro de limites aceitáveis. O Estado vai proibir o abuso de poder
buscando compatibilizar meios e fins, os meios escolhidos pelo Estado na sua atuação devem ser
legais, para se atingir um objetivo igualmente legal. Desta forma Razoabilidade é moderação, é
racionalidade, é equilíbrio, coerência e bom senso no agir estatal. O art. 2º. parág. único, VI, da lei
9784/99 demonstra de forma clara que o agir estatal tem como parâmetro o equilíbrio entre os
meios e o fins almejados pelo Estado.

 PROPORCIONALIDADE: A ideia central aqui, também, é a proibição ao abuso de poder, porém


utilizando de mecanismo diverso da Razoabilidade, pois na Proporcionalidade o Estado irá evitar o
abuso de poder visando conter os atos, as decisões e as manifestações das autoridades da
Administração Pública. Sua origem alemã nos mostra a força deste princípio para a aferição da justa
medida do agir público. É voltado para o controle dos atos oriundos do Poder de Polícia e ao
adequado uso do Poder Discricionário por parte do Estado. Celso Antônio Bandeira de Mello
mensura que a violação deste princípio se dá quanto a intensidade e a extensão da medida adotada
pelo Estado. Proporcionalidade e direitos fundamentais estão bem definidos no RE 466343-1 STF.

Os dois princípios podem ser trabalhados um como extensão do outro, caso isso ocorra devemos nos
lembrar da subdivisão que deve ser realizada na Proporcionalidade:

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1. Proporcionalidade Adequação: o meio empregado na atuação deve ser compatível com o fim colimado.

2. Proporcionalidade Exigibilidade: a conduta deve ter-se por necessária, não havendo outro meio menos
gravoso ou oneroso para alcançar o fim público.

3. Proporcionalidade em Sentido Estrito: as vantagens a serem alcançadas superam as desvantagens.

4.3.7 MOTIVAÇÃO.

A ideia central deste princípio é a de que as decisões administrativas devem ser motivadas, ou seja, as
manifestações administrativas devem ser formalmente motivadas, vale ressaltar que a parte dispositiva deve vir
precedida de uma explicação das circunstâncias de fato que levaram a ação do Estado, bem como uma explanação
da base jurídica que autoriza esta ação. A apresentação dos pressupostos de fato (circunstância de fato) e dos
pressupostos de direito (base jurídica) que fundamentam a ação do Estado. Paralelismo com o princípio da
fundamentação para as decisões do Poder Judiciário, art. 93, IX, da CF. Regra geral todo e qualquer ato
administrativo deve ser motivado. Alguns atos estariam dispensados desta motivação como os atos vinculados.

Observação: A diferença entre motivo e motivação veremos no item relativo aos requisitos de validade do
ato administrativo.

4.3.8 AUTOTUTELA

A ideia central é que ao Estado é dado o poder de rever seus próprios atos. Esse poder, essa capacidade é
fundamental para o agir estatal porque ao rever seus atos o Estado retirará do ordenamento jurídico aqueles que
ofendem a lei ou aqueles que deixaram de ser conveniente e oportunos para a valoração estatal. A súmula 346 do
STF consagra essa possibilidade e a 473, também do STF, menciona que:

“A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial”.

4.3.9. SEGURANÇA JURÍDICA.

A ideia central é que deve existir estabilidade na ação estatal. O Estado é o garantidor de estabilidade nas
relações sociais. Desta forma ele deve evitar sobressaltos e surpresas para os administrados em suas ações. É
chamado pela doutrina de princípio da boa-fé ou da confiança. O art. 2º. parág. único, XIII, da lei 9784/99
fundamenta esse princípio.

4.3.10. SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO E INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO.

Celso Antônio Bandeira de Mello considera que estes princípios são supraprincípios, ou seja, eles irão
juntos nortear toda a ação do Estado.

 SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO: A ideia central é a de que o


interesse coletivo irá se sobrepor ao individual. O Estado é um gestor de interesses coletivos em
razão disso a vontade geral se agiganta e supera a vontade individual. Faz parte do ônus e do bônus
de se viver em sociedade. As pessoas abdicam de interesses particulares em busca de um interesse
geral. Esse é o fundamento das Teorias Contratualistas que serviram de base para o desenvolvimento
do princípio da Supremacia. A Teoria Geral do Estado, a obra Leviatã de Thomas Hobbes são
fomentadoras desse supraprincípio.

 INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO:A ideia central é a de o interesse coletivo não está à


disposição do Estado para que este o implemente se quiser. No caso é poder-dever de agir o
interesse público é o fim último a ser colimado pelo Estado em sua ação. Torná-lo indisponível e
retirar do alvedrio do administrador a possibilidade de não realização do bem estar social. O que já
havia sido defendido por Rousseau, 1998, p.136 da seguinte forma:

“O conceito de vontade geral não se confunde com a simples soma das vontades
individuais, mas representa a síntese delas, pois enquanto a vontade de todos tem
em vista as vontades particulares, a partir da soma dos interesses privados, a vontade
geral atende ao interesse comum da perspectiva da reta consecução das utilidades
públicas”.

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O professor Renato Alessi divide o Interesse Público em primário (é o exercício genuíno da função
administrativa com o fim de produzir o bem estar social); e em secundário (são os interesses do aparato estatal.
Interesses da Administração. Ex: Interesses fazendários para incremento do erário.).

Observação importante: No decorrer de nossa caminhada outros princípios serão analisados, contudo, o leitor deve
pesquisar o art. 6º. Do Decreto-Lei 200/67, Decreto da Reforma Administrativa, este artigo trás outros princípios
que são chamados de fundamentais da organização administrativa:

1. Planejamento;

2. Coordenação;

3. Descentralização;

4 Delegação de Competências e

5. Controle.

4 PODERES-DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO

Os poderes e deveres do administrador público são os encargos que se conferem aqueles que estão
dispostos a gerir a coisa pública e os interesses da comunidade. São expressos em lei. Decorrem da competência
atribuída a cada administrador.

4.1 PODER-DEVER DE AGIR

É de longa data o posicionamento jurisprudencial no sentido que o administrador tem o dever de agir.
Esse poder não é uma faculdade que ele irá utilizar se quiser é uma obrigação para toda autoridade administrativa.
Nesse sentido: “O vocábulo poder significa dever quando se trata de atribuições de autoridades administrativas”.
TFR 197/79. O art. 301, Código de Processo Penal trás exemplo claro de poder-dever para a autoridade policial e
seus agentes e poder-facultativo para qualquer cidadão do povo.

A doutrina menciona algumas espécies de poder-dever de agir, basicamente eles se subdividem em três:
Poder-dever de eficiência, Poder-dever de probidade e Poder-dever de presta contas.

 PODER-EFICIÊNCIA: significa que o administrador deve ser rápido e ágil na realização das suas
atribuições, bem como estas devem ser prestadas com qualidade e perfeição de forma proficiente,
competente. É a concretização do princípio da eficiência.

 PODER-DEVER DE PROBIDADE: significa que o administrador deve ter integridade de caráter,


honradez, brio, decoro, zelo da própria reputação.

 PODER-PRESTAR CONTAS: Quem trabalha com dinheiro e patrimônio alheios deve prestar conta de
como tem utilizado estes bens. O Estado labora com um patrimônio que lhe foi conferido pela
sociedade, em razão disso ele deve satisfação à sociedade de como gastou, onde gastou, por que não
fez, por que não fez por menos, etc.

Outros Poderes-deveres de agir listados na doutrina são o PODER-DEVER DE LEALDADE OU


FIDELIDADE: significa que o administrador deve ter a máxima dedicação ao serviço público sendo
impedido de agir contra os fins e os objetivos que norteiam a Administração Pública. O PODER-DEVER DE
OBEDIÊNCIA: significa que o servidor público tem o dever de se submeter as ordens de seus superiores e
executá-las de forma correta, contribuindo para o bom desempenho da organização administrativa.

4.2 PODERES ADMINISTRATIVOS

A Administração Pública tem como objetivo principal gerir as necessidades básicas da


coletividade e para isso possui poderes específicos para a consecução de seus intentos. Esses poderes são
instrumentos necessários para a realização das diversas tarefas inerentes a administração. Os poderes
enquanto instrumentos hão se confundem com os Poderes Políticos da tripartição de poderes idealizada
por Montesquieu: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário. Os poderes administrativos
também não são uma faculdade e sim um poder-dever que recai sobre todo administrador.

Espécies de poderes administrativos: poder vinculado, poder discricionário, poder hierárquico,


poder disciplinar, poder normativo ou regulamentar e poder de polícia.

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4.3 PODER VINCULADO

É aquele em que a Administração Pública exerce sua atividade completamente restrita pelo que
determina a lei, o direito positivo. O Administrador fica inteiramente preso ao enunciado da lei em todas
as suas especificações. É a instrumentalização do princípio da legalidade.

4.4 PODER DISCRICIONÁRIO

O poder discricionário confere ao Administrador liberdade de escolha dentro dos limites da lei,
assim ele realiza um juízo de valor e elege a conveniência, a oportunidade ou a adequação do conteúdo
da prática dos atos administrativos que realizará. Possui como ideia central a liberdade de ação dentro
dos limites da lei. O Poder Discricionário recebe um controle de legalidade indireta por parte do Poder
Judiciário quando este de forma indireta analisa o chamado Mérito Administrativo.

O Poder Judiciário exerce um controle de contorno, de margens, de moldura ou limite na ação


do Poder Executivo, pois há a verificação da obediência das determinações legais exigidas para o caso
concreto. Controle de mérito é realizado através dos princípios para se evitar o abuso de poder por parte
do Poder Executivo.

Observação Importante: Parte da doutrina capitaneada por Maria Silvia Zanella di Pietro e José dos
Santos Carvalho Filho entendem que o poder vinculado e o poder discricionário não seriam poderes
instrumentais, mas sim restrições aos demais poderes. No sentido de que em determinados momentos
vinculação e discricionariedade iriam condicionar a atuação dos demais poderes.

4.5 PODER HIERÁQUICO

A professora Irene Patrícia Nohara conceitua este poder como o “... que confere harmonia e
unidade de direção na organização da função administrativa”. Desta forma entendemos que o Poder
Hierárquico repousa por sob duas vigas mestras, a saber: 1. Atribuição de competências e 2. Hierarquia
em sentido estrito.

Quando se fala em hierarquia devemos tomá-la como o vínculo que subordina e coordena uns
aos outros dentro do Poder Executivo graduando a autoridade de cada ente, órgão e agente dentro da
estrutura pública. O Poder Hierárquico possui características especiais, tais como, 1. É uma relação
necessária e permanente estabelecida entre os órgãos; 2. que coordena este órgãos; 3. que os subordina
e 4. que gradua a competência de cada um.

Não se fala em Poder Hierárquico nas funções legislativas e jurisdicionais. Há uma exceção no
Poder Judiciário que são as súmulas vinculantes, art. 103-A, CF. Contudo, quando o Poder Judiciário e o
Poder Legislativo exercem a função administrativa aplica-se o poder hirerárquico.

A hierarquia administrativa abrange o poder de controlar, de rever atos, de aplicar sanções, de


delegar atribuições, de avocar competências, de editar atos normativos e de ordenar. Demonstrando
assim existir uma simbiose entre os poderes administrativos pois todos atuam em conjunto e em
harmonia.

4.6 PODER DISCIPLINAR

É o poder concedido a Administração Pública para apurar infrações e aplicar penalidades aos
servidores públicos e as demais pessoas sujeitas a disciplina administrativa. A punição administrativa e a
criminal tem fundamentos diversos por isso podem ser objeto de um mesmo caso concreto, a diferença é
de substância e não de grau. A apuração da infração, a aplicação da pena administrativa devem obedecer
ao devido processo legal, ao contraditório e ampla defesa, art. 5º. LV, da CF. O ato punitivo deve ser
motivado.

O dever de apurar a infração é rigoroso, sob pena da autoridade competente para tal praticar
crime de condescendência criminosa (art. 320, do Código Penal) e ato de improbidade administrativa
(art. 11, II, lei 8429/92). Para que o Estado possa punir ele deve observar as seguintes exigências: 1.
Necessidade Motivação (fundamentação e causa da apuração); 2. Proporcionalidade entre fato e sanção
e 3. Procedimento legal (respeito a ampla defesa e contraditório).

4.7 PODER NORMATIVO OU REGULAMENTAR

É o poder de criação de regras dentro da Administração, essa competência normativa vai além
da edição de regulamentos (decretos), pois ela pode editar portarias, resoluções, instruções normativas,

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regimentos internos, etc. O Poder Normativo é privativo do chefe do executivo e se exterioriza por meio
de decreto. O Poder Normativo expede normas que na verdade são atos administrativos e não leis em
sentido material e formal, mas tem força de lei para impor obrigações aos administrados. Art. 5, II, CF.
O ato normativo é aquele que possui efeitos gerais e abstratos. A doutrina chama de decretos de
execução e decretos autônomos. Os decretos de execução estão previstos no art. 84, IV, da CF e visam
dar fiel cumprimento a lei. Os decretos autônomos estão mencionados no art. 84, VI, da CF e buscam
organizar a Administração Pública.

A doutrina divide ainda os atos normativos em primários, são os que inovam no ordenamento
jurídico criando obrigações, direitos, proibições, etc. Eles decorrem da vontade geral da população e são
as leis, art. 5º. II, da CF. Já os atos normativos secundários são que decorrem da vontade da
Administração e se exteriorizam através de decretos regulamentadores. Esses tecnicamente não podem
inovar no ordenamento jurídico. O artigo 59, da CF incluem apenas atos normativos primários. O
Superior Tribunal Federal aceita Ação Direta de Inconstitucionalidade contra decreto se este ofender a
constituição. Informativo do STF n. 117/98.

4.8 PODER DE POLÍCIA – P.P.

O Poder de Polícia é um poder instrumental que condiciona o direito individual ao bem estar coletivo,
predominando sempre o Princípio da Supremacia do Poder Público sobre o Poder Particular. Há dois pilares que
regem o ordenamento jurídico administrativo: 1. Prerrogativas e 2. Sujeições. O Estado é o detentor das
prerrogativas e o indivíduo deve se sujeitar as prerrogativas estatais, desta forma existe de um lado o poder da
autoridade administrativa e de outro o direito a liberdade individual do cidadão administrado. Zabonini defende a
“ideia de limite surge do próprio conceito de direito subjetivo: tudo aquilo que é juridicamente garantido é também
juridicamente limitado”.

 CONCEITOS DOUTRINÁRIOS E CONCEITO LEGAL

A doutrina conceitua o poder de polícia administrativa como: ”É a prerrogativa de direito


público que, calcada na lei, autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da
liberdade e da propriedade em favor do interesse da coletividade”. José dos Santos
Carvalho Filho.

Hely Lopes Meirelles diz que “é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para
condicionar e restringir o uso e o gozo de bens, atividades e direitos individuais, em
benefício da coletividade ou do próprio Estado”.

De todos os poderes o Poder de Polícia é o único que possui um conceito legal. Art. 78, CTN: Considera-se
poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.

6.1 FUNDAMENTO DO PODER DE POLÍCIA

O Princípio da Supremacia do poder publico ao interesse particular e o princípio da Legalidade.

 NATUREZA JURÍDICA: Competência discricionária.

 ÁREA DE ATUAÇÃO:O Poder de Polícia é muito amplo. Atinge várias áreas, tais como: publicações,
segurança, construções, meio ambiente, trânsito, economia popular, abastecimento, poluição
sonora, visual, atmosférica, etc.

6.2 ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA

Os atributos são prerrogativas especiais que os atos oriundos deste poder sustentam para melhor
efetividade de sua produção de efeitos. A maioria da doutrina entende que são três os atributos que o ato
administrativo tem: 1. Discricionariedade, 2. Autoexecutoriedade e 3. Coercibilidade. Celso Antônio Bandeira de
Mello acrescenta a Exigibilidade e Maria Silva Zanella de Pietro soma a Tipicidade.

 DISCRICIONARIEDADE: A ideia deste atributo é que ela é liberdade de escolha dentro da lei, onde a
autoridade realizará um juízo de valor e nele elegerá a conveniência, a oportunidade e a adequação
da prática do ato administrativo. Ex: a autorização para fechamento de determinada rua.

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 AUTOEXECUTORIEDADE: É a possibilidade da Administração autoexecutar suas decisões sem a
intervenção do poder judiciário.

 COERCIBILIDADE ou IMPERATIVIDADE:É a capacidade que a Administração tem de impor de forma


coercitiva as medidas adotadas por ela, utilizando de todos os meios de imperatividade lícitos e
permitidos pelo direito público.

 MEIOS DE ATUAÇÃO: O Pode de Polícia pode se apresentar através de atos normativos em geral,
atos administrativos e operações materiais. Assim esse poder será usado pela Administração de
forma PREVENTIVA, ou seja, antes da ocorrência do dano. (fiscalização, ordens, proibições,
autorização, licença). Outra forma é a REPRESSIVA, ou seja, após o acontecimento danoso.
(interdição de atividade, apreensão ou destruição de mercadorias)

 DELEGAÇÃO: O Poder de Polícia administrativo pode ser delegado a iniciativa privada? A resposta é,
Não! Isto porque a iniciativa privada não pode exercer o “jus imperi”, o direito de império que é
atividade típica do Estado. Esta indelegabilidade do exercício do poder de polícia possui base legal, o
art. 4º, III da lei 11079/04, lei das Parcerias Público Privadas prescreve que: “Na contratação de
parceria público-privada serão observadas as seguintes diretrizes: ... III – indelegabilidade das
funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras atividades exclusivas
do Estado;”. O STF já se manifestou sobre o tema no sentido de proibir tal transferência. ADI 1717/DF

Parte da doutrina entende que o Poder de Polícia originário, aquele que foi entregue aos entes da
Administração Pública Direta, via pacto social, esse pode ser delegado aos entes da Administração Pública Indireta.
Essa transferência é realizada através de lei em sentido formal e material. Desta forma teríamos o poder de polícia
delegado que é o poder outorgado aos entes da Administração Pública Indireta.

A doutrina administrativa em sua maioria entende ser possível a transferência para a iniciativa privada de
atividades de apoio ao exercício do Poder de Polícia. Ex: empresa privada que instala e faz a manutenção de radares
fotográficos. Nesse sentido o professor Celso Antônio admite a delegação de meros atos materiais à particulares.
Esse meros atos materiais podem ser anteriores, como por exemplo os radares (pardais eletrônicos); e meros atos
materiais posteriores, como por exemplo o exercício da demolição ou implosão de uma obra. O STJ também já se
posicionou quanto a possibilidade de transferência das atividades de apoio. RESP 880.549/DF.

6.3 DIFERENCIAÇÃO ENTRE POLÍCIA JUDICIÁRIA E POLÍCIA ADMINISTATIVA

A doutrina criou um quadro comparativo para facilitar o entendimento sobre estes


institutos.
Polícia administrativa Polícia judiciária

Direcionada para: Ilícito administrativo. Ilícito penal.

Atua sobre: Bens, direitos e atividades. Pessoas.

Exercício: Vários órgãos da Administração Corporações


Pública. especializadas Polícia
Civil e Federal.

Atendendo a uma série de denúncias feitas por particulares, a Delegacia de Defesa do Consumidor
(DECON) deflagra uma operação, visando a apurar as condições dos alimentos fornecidos em restaurantes da região
central da capital. Logo na primeira inspeção, os fiscais constataram que o estoque de um restaurante tinha
produtos com a validade vencida. Na inspeção das instalações da cozinha, apuraram que o espaço não tinha
condições sanitárias mínimas para o manejo de alimentos e o preparo de refeições. Os produtos vencidos foram
apreendidos e o estabelecimento foi interditado, sem qualquer decisão prévia do Poder Judiciário.

6.4 ABUSO DE PODER OU ABUSO DE AUTORIDADE. Lei 4.898/65.

Análise da legislação correspondente ao uso e abuso de poder dentro da estrutura dos Poderes
Administrativos. O poder administrativo concedido a autoridade pública tem limites certos e forma legal de
utilização. Qualquer utilização deste poder fora dos limites, ou de modo diverso do objetivo legal faz nascer a figura
do abuso de poder.

O Uso do poder confiado ao administrador tem um fim determinado na própria lei. O Fim do poder
concedido ao administrador se apresenta na produção do bem estar social que tem como ideia central a g estão das

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necessidades básicas da coletividade administrada, ou seja, toda vez que o Estado gere as necessidades básicas da
coletividade, ele está produzindo o bem estar social. Dessa forma o Estado possui dois limites bem definidos, a Lei
mais o “Justo limite” que o bem estar social exigir para o caso. O uso do poder é uma prerrogativa da autoridade.
Mas o poder há que ser usado normalmente, sem abuso. Usar “normalmente” o poder é empregá-lo segundo as
normas legais, a moral da instituição, a finalidade do ato e as exigências do interesse público. Abusar do poder é
empregá-lo fora da lei, sem qualquer utilidade pública. Quando a autoridade age com excesso no exercício de suas
atribuições ou se desvia do fim legal prescrito, ou, ainda, se omite no dever de agir, ela faz nascer o Abuso de Poder.

 CONSEQUÊNCIA DO ABUSO DE PODER: O abuso dá origem a nulidade do ato, pois ele configura-se
ILEGAL.

 DEFINIÇÃO LEGAL DE AUTORIDADE:“Considera-se autoridade para os efeitos dessa lei, quem exerce
cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitória e sem remuneração ”. Art.
5, lei 4.898/65. As autoridades se sujeitam as sanções nas áreas: Cível, Penal e Administrativa.

6.5 MODALIDADES DE ABUSO DE PODER.

 EXCESSO DE PODER: A palavra “excesso”, no vernáculo, significa “ultrapassar, ir além,


sobejar”. Adaptando o raciocínio para a atuação da Administração Pública pode-se aplicar como “ir
além do permitido”, exorbitar no uso de suas prerrogativas administrativas. Para a autoridade
competente, o Excesso de Poder se caracterizar pelo descumprimento frontal da lei. Nesse caso o
agente público age claramente além de suas atribuições ultrapassando os limites legais de sua
competência.

 OMISSÃO: A omissão da Administração Pública se configura quando a Administração


Pública deve agir, poder-dever de agir, e ela simplesmente não age. Deveria fazer e não faz. A inércia
da Administração retardando ato ou fato que deva praticar caracteriza, também, abuso de poder,
que enseja correção judicial e indenização ao prejudicado. O certo é que o administrado jamais
perderá seu direito subjetivo enquanto perdurar a omissão da Administração. A responsabilidade
por ato omissivo é subjetiva e não objetiva e parte da doutrina considera apenas o desvio de poder e
o excesso como abuso de poder.

 DESVIO DE FINALIDADE: Este ocorre quando o agente atua nos limites de sua
competência, mas se afasta do interesse público. Os motivos ou fins são diversos, são diferentes dos
consignados na lei ou exigidos pelo próprio interesse público. Muitas vezes o desvio pode ser visto e
considerado como uma trajetória dissimulada, quando o agente fraudando as limitações contidas na
legislação ofende o bem estar social. José dos Santos considera que ocorre o desvio de finalidade
quando o agente busca alcançar fim diverso daquele que a lei lhe permitiu.

Desta forma o Desvio de Poder (ou Finalidade) acontecerá toda vez que houver um descompasso
entre a ação do agente e o fim que ele almeja atingir. O desvio é de comprovação conturbada, pois muitas vezes ele
pode se demonstrar amparado pela lei, nos sentido de que aparentemente ela está sendo observada. É mais visível
nos atos discricionários. O professor José Cretella Jr. em sua obra nos fala dos sintomas denunciadores do desvio de
poder ou de finalidade, que seria “qualquer traço, interno ou externo, direto ou indireto ou circunstancial que revele
a distorção da vontade do agente público ao editar o ato, praticando-o não por motivo de interesse público, mas por
motivo de interesse privado”.

O STF decidiu que indícios vários e concordantes entre si, são considerados prova. Elementos indiciários:
falta de motivo, discordância os motivos com o ato praticado. O direito e a legislação criaram m eios de proteção
para os administrados contra o abuso de poder, são eles: 1. Ação ordinária. 2. Medida Cautelar. 3. Mandado de
Injunção. 4. Mandado de Segurança. 5. Representação aos órgãos administrativos.

6.6 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Quando pensamos em Administração Pública temos que partir da ideia que de ela é o Estado que se
organizou. Uma organização técnica e formal com um objetivo definido, a produção do bem estar social a
defesa do interesse público. Desta forma o professor Osvaldo Aranha Bandeira de Melo nos trás a ideia simples
de Administração Pública: “A palavra administrar significa não só prestar um serviço, executá-lo, como,
outrossim, dirigir, governar, exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil; e que até, em
sentido vulgar, administrar quer dizer traçar um programa de ação e executá-lo.”

 Doutrinariamente a Administração Pública comporta uma análise prática em dois sentidos


específicos:

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1. Sentido objetivo/material/funcional: que é a própria atividade exercida pelo Estado no exercício da
função administrativa; e o 2. Sentido subjetivo/formal/orgânico: que faz relação com o pessoal (entes,
órgãos e agentes) que executa a atividade exercida pelo Estado, a denominada função administrativa.

2. A Administração também considera uma análise quanto ao planejamento e governo em dois sentidos, à
saber o Sentido amplo: aquele que compreende os órgãos governamentais aos quais é direcionada a
função de traçar planos de ação, dirigir, comandar os órgãos administrativos. Compreende a função
política que traça diretrizes governamentais.

3. Temos ainda o Sentido estrito: aquele que compreende a Administração Pública sob o aspecto subjetivo,
focando apenas nos órgãos administrativos fora os governamentais e sob o aspecto objetivo no exercício
da função administrativa excluída aqui a função política. Esses sentidos foram sintetizados pela
professora Maria Silvia Zanella di Pietro em sua obra.

6.7 FUNÇÃO DE POLÍTICA/GOVERNO

Não podemos confundir função administrativa com função de Governo ou função política. A doutrina
conceitua a função política da seguinte forma: “é aquela que implica uma atividade de ordem superior referida
à direção suprema e geral do Estado em seu conjunto e em sua unidade, dirigida a determinar os fins da ação
do Estado, a assinalar as diretrizes para as outras funções, buscando a unidade da soberania estatal”. Renato
Alessi em sua obra. A professora Maria Silvia sintetiza esse raciocínio dizendo que a função política... “é aquela
que traça as grandes diretrizes, que dirige, que comanda, que elabora os planos de governo nas suas várias
áreas de atuação”. Nos moldes constitucionais essa função se divide entre o Poder Executivo e Legislativo com
preponderância do Executivo.

6.8 DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO.

O Estado como ente juridicamente organizado se utiliza de técnicas de descongestionamento para


“destravar”, para “desburocratizar”, tanto as atividades administrativas, quanto os órgãos que a exercem
objetivando a produção mais eficiente do bem estar social. As técnicas utilizadas neste desiderato são a
Descentralização e a Desconcentração.

 DESCENTRALIZAÇÃO: É a técnica de descongestionamento utilizada pelo Estado (Administração


Pública Direta) para criar outras pessoas jurídicas (Administração Pública Indireta) transferindo
para estas a titularidade, os bens, e a execução do serviço. O poder público é o responsável pela
prestação do serviço público, art. 175 da CF. Este serviço será prestado pela União, pelos
Estados-membros, pelo Distrito Federal e pelos Municípios. A descentralização é tão
importante que o Decreto-lei n. 200/67, no art. 6º, a eleva a condição de princípio fundamental
da Administração Pública.

 ESPÉCIES DE DESCENTRALIZAÇÃO: A doutrina cria espécies de descentralização são elas:

1. Horizontal: Administração Pública Direta criando Administração Pública Indireta. Ex: União criando uma
Autarquia.

2. Vertical: Na gênese do Estado há a criação da Administração Direta. Art. 18, da CF.

3. Territorial: Esta forma é utilizada em países com formação unitária, como a França, Portugal e Bélgica;
Não é usada no território nacional.

4. Serviços ou Funcional: É o outro nome aplicado pela doutrina para a Administração Pública Indireta.

5. Por colaboração: Nesta forma o Estado delega somente a execução do serviço para pessoas jurídicas
privadas já existentes.

 DESCONCENTRAÇÃO: Em sentido oposto ao da descentralização, a desconcentração é um fenômeno


que se dá dentro da estrutura interna dos entes e dos órgãos públicos. Basicamente é a distribuição
interna de atribuições e competências. A instrumentalização do poder hierárquico. Não há na
desconcentração a criação de pessoas jurídicas como ocorre na descentralização.

 ESPÉCIES DE DESCONCENTRAÇÃO: A doutrina cria espécies de desconcentração são elas:

1. Territorial: É a delimitação da área geográfica de uma área de atuação. Ex: Subprefeituras.

2. Material: É a delimitação do assunto em que o órgão vai atuar. Ex: Ministérios.

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3. Hierárquica: É a repartição de competências e subordinação entre os órgãos existentes dentro da
estrutura interna do Estado.

6.9 ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

O Estado se apresenta como um ente juridicamente organizado e obediente as suas próprias


regras. Essa é a essência do Estado de Direito. Utilizando-se da parcela do governo que é a
capacidade que o Estado tem de se auto organizar essa abstração cria um corpo estatal composto de
órgãos e agentes para alcançar seu fim último que é a produção do bem estar social. Nesse sentido
passamos a analisar o que a doutrina dominante trabalha em termos de organização funcional da
Administração Pública tratada por nós como o Estado que se organizou.

O Estado se estrutura como PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO, à saber, a formação da
União, dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Municípios. Dentro destas entidades
personificadas há a figura dos ÓRGÃOS. Estes são a parte instrumental do corpo estatal. São unidades
que congregam as atribuições exercidas pelos agentes, que o integram com o objetivo de expressar a
vontade do Estado. São seres despersonalizados criados por lei e representam as divisões internas
das partes governamentais. A lei 9784/99 trás a definição técnica de entidade e de órgão em seu
artigo 1º. parág. 2º. incisos II e I, respectivamente.

Dentro dos órgãos temos a figura dos cargos e das funções. O Cargo Público: é o local ou lugar
destacado da estrutura interna da Administração Pública com denominação própria, atribuições e
responsabilidades específicas e remuneração correspondente. A Função Publica é o conjunto de
atribuições que a Administração confere a cada categoria profissional para a efetiva prestação de um
serviço público.

As funções de confiança e os cargos em comissão tem previsão constitucional e se estruturam


basicamente com as seguintes características: Função de confiança: foi criada para ser exercida
exclusivamente por servidores efetivos. Suas atribuições são de direção, chefia e assessoramento. De
livre nomeação e livre exoneração. A natureza de suas atribuições é permanente. Art. 37, inciso V da
CF.

O Cargo em comissão: foi criado para ser preenchidos por servidores de carreira. Suas atribuições de
direção, chefia e assessoramento. Ele também é de livre nomeação e livre exoneração. Porem a
natureza de suas atribuições e provisória uma vez que seu provimento está condicionado à lei (cada
ente tem a sua lei e fixa os limites para os cargos). Art. 37, incisos II e V da CF.

 ORGANIZAÇÃO INTERNA DOS ÓRGÃOS:

1. CLASSE – conjunto de cargos da mesma profissão, atribuições, vencimentos e responsabilidades


idênticas.

2. CARREIRA – Conjunto de classes da mesma profissão ou atividade. Hierarquia.

3. QUADRO – Conjunto de carreiras, cargos isolados e funções de um mesmo serviço, órgão ou


poder. Estanque, vedado a mudança de um para o outro.

4. CARGO ISOLADO – não se escalona em classes.

5. CARGO TÉCNICO – é o que exige conhecimento profissional especializado.

6. CARGO DE CHEFIA – é o que se destina a direção.

7. LOTAÇÃO – número de servidores em exercício em cada repartição.

 CRIAÇÃO, EXTINÇÃO OU TRANSFORMAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS: A criação, a extinção ou a


transformação de cargos públicos se dá através de LEI. A movimentação dos cargos públicos se dá
através de DECRETO. A uma exceção constitucional prevista no art. 84, VI, b, da CF. Onde o chefe do
executivo federal pode extinguir cargos ou funções públicas através de decreto quando estes
estiverem vagos.

7 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA.

A Administração Pública Direta também chamada de Administração Centralizada, pois na


criação do Estado toda a prestação de serviço estatal estava concentrada nas mãos dos entes

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federativos vistos como um conjunto de órgãos públicos que compõem a estrutura da federação
brasileira. Estas entidades federativas são titulares de autonomia político-administrativa, conforme o
art. 18 da CF. Essa autonomia dá aos entes da Administração Pública Direta o poder de criarem os
entes da Administração Pública Indireta.

7.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA.

Com o exercício de sua autonomia político-administrativa os entes da Administração Pública Direta


descentralizam ao criarem os entes da Administração Pública Indireta, ou simplesmente Administração Pública
Descentralizada. Ela é composta de: 1. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno e 2. Pessoas Jurídicas de Direito
Privado. Pode-se estabelecer como primeira diferença entre a Administração Pública Direta e a Administração
Pública Indireta a sua personalidade, enquanto na Direta as pessoas jurídicas são de Direito Público Interno na
Indireta há o diferencial apresentado acima. A composição da Administração Pública Direta é direcionada pelo
órgão da Presidência da República, os Ministérios e demais órgãos de Assessoramento. Já a Administração Pública
Indireta é composta pelas: Autarquias: Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno. Fundações: Pessoas Jurídicas de
Direito Público ou Privado. Empresas Públicas: Pessoas Jurídicas de Direito Privado. Sociedades de Economia Mista:
Pessoas Jurídicas de Direito Privado e pelos Consórcios Públicos: na forma de Associação Pública. Lei 11.107/2005.

7.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ADM. PÚBLICA INDIRETA.

As características abaixo são aplicáveis a todos os entes da Administração Pública Indireta, é importante
ter uma visão do todo antes de analisarmos de per si cada ente que compõe a Administração Descentralizada.

1. Todos eles são forma de descentralização.

2. Todos eles possuem personalidade jurídica própria.

3. Todos eles são criados ou autorizados por LEI. Art. 37, XIX, CF.

4. Há para eles uma regra geral: a transferência da Titularidade e Execução do serviço.

5. Todos eles obedecem aos princípios constitucionais expressos e mais aos que lhe são correlatos como os da: 1. da
reserva legal, 2. da especialidade e ao 3. do Controle.

6. Todos eles possuem autonomia administrativa, financeira, técnica e operacional.

7. Todos eles possuem patrimônio próprio com isso respondem diretamente pelos seus atos, porém o Poder que os
instituiu pode ser responsabilizado de forma subsidiaria.

8. Todos eles estão vinculadas a Administração Direta. No chamado controle finalístico ou de resultado ou, ainda,
de tutela administrativa.

9. Todos eles se submetem-se ao controle externo exercido pelo Tribunal de Contas.

10. Todos eles são obrigados a realizar concurso público para contratação de mão de obra humana.

11. Todos eles estão obrigados a realizar licitação como regra geral.

12. Todos eles estão obrigados a obedecerem os princípios administrativos.

7.2 ENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA.

 AUTARQUIAS: O art. 5, I, do D-L n. 200/67trás o conceito legal deste ente, diz assim o
decreto, a Autarquia é “serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e
receita próprios, para executar atividades típicas da administração pública, que requeiram, para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada”.

Suas principais características são: Pessoa Jurídica de Direito Público interno; Forma de
descentralização; Instituída para realizar atividades administrativas típicas da Administração Pública. Criada por Lei
específica, art. 37, XIX, CF. Para contratação de agentes é necessário concurso público, art. 37, II, CF. Possuem
patrimônio próprio e capacidade de autoadministração (autonomia administrativa, financeira, técnica e
operacional). Possuem prerrogativas processuais. Seus bens são públicos. Praticam atos administrativos. São
obrigadas a obedecerem licitação. Ex: BACEN, INSS, CVM, UFMG, AGÊNCIAS REGULADORAS, etc.

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Para a doutrina pode-se dividir as Autarquias quanto ao objeto como: Autarquias administrativas: INSS.
Autarquias especiais: Banco Central, Sudam, Sudene e Agências Reguladoras. Autarquias fundacionais: Procon,
Funasa e Funai. Autarquias corporativas: corporações profissionais – CREA, CRO e CRM. Autarquias territoriais:
Territórios Federais. Art. 33, CF. Súmulas do STF afetas ao tema Autarquias: Súmula: 340; Súmula: 516, 517; Súmula:
556, 620; Súmula Vinculante: 27.

 FUNDAÇÕES: As fundações foram introduzidas no Decreto-lei 200/67 Lei. 7.596/87.


Atualmente há três tipos de fundações dentro do ordenamento jurídico nacional: 1. Fundações de
direito privado instituídas por particulares. Estas são regidas pelo direito civil nos art. 62 a 69, do
Código Civil. 2. Fundações de direito privado instituídas pelo Poder público, chamadas por parte da
doutrina de fundações governamentais e 3. Fundações de direito público com natureza jurídica de
autarquia, chamadas por parte da doutrina de fundações autárquicas ou autarquias fundacionais.

A ideia de uma fundação é a afetação de um acervo patrimonial para uma destinação especial. No
caso de fundações públicas a lei autorizativa criará a fundação afetando um patrimônio do Estado para uma
finalidade pública. A área de atuação da fundação pública é definida em lei complementar. Também consigna uma
definição para este tipo de ente dizendo que fundação pública é Dec. 200/67:

[...]A entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins


lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de
atividades que não exijam execução por órgão ou entidade de direito público, com
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de
direção e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

Parte da doutrina entende que este conceito não foi recepcionado pela CF. A Personalidade
Jurídica das fundações instituídas pelo poder público causa divisão entre os doutrinadores. Para a maioria dos
doutrinadores elas podem ser de direito privado e público conforme a lei determina. Porém para o prof. Seabra
Fagundes e o prof. Caio Tácito as fundações só podem ter personalidade jurídica de direito privado. O STF admite a
presença de Fundações Públicas com personalidade jurídica de direito privado ou personalidade jurídica de direito
de direito público. Quando a Fundação Pública for criada por lei específica e tiver personalidade jurídica de direito
público ela se assemelhará as Autarquias gozando de todas as características pertinentes a este ente em razão disso
elas são chamadas de fundações autárquicas ou autarquias fundacionais. Ex: Procon, Funai, Funasa. Quando elas
forem criadas por lei autorizativa, devem ter um decreto criando seus atos constitutivos e ainda uma lei
complementar para definir sua área de atuação, estes entes público terão personalidade jurídica de direito privado.
Pertencem a Administração Pública Indireta. Não prestam serviços públicos. Seu Pessoal pode ser estatutário ou
celetista. Elas se submetem ao controle político, financeiro e administrativo. Exemplo clássico é a Fundação Padre
Anchieta do Estado de São Paulo uma das mantenedoras da TV Cultura e da Rádio Cultura.

A doutrina colabora com a distinção das duas formas de fundações públicas dentro do direito
administrativo. Celso Antônio fala sobre a titularidade de poderes públicos existente nas fundações públicas com
personalidade de direito público e não nas governamentais.

O prof. José dos Santos nos orienta quanto a origem dos recursos, se estes forem Públicos, ou seja,
previstos no orçamento na pessoa federativa instituidora essa fundação será fundação autárquica. Se a origem dos
recursos for Privada, ou seja, oriundos das rendas dos serviços que prestam, mais doações de 3º, essa fundação
publica será chamada de governamental com personalidade de direito privado.

O STF se manifestou sobre o tema e além da origem dos recursos e do regime administrativo de
tutela absoluta entendeu que as fundações se diferenciam também com respeito a sua finalidade. RE. 21.741/SE.
As Fundações autárquicas estão presentes nos RE 101.126-1984 e RE 215.741/SE 1999.

 EMPRESAS ESTATAIS: EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: As


denominadas empresas estatais são um gênero que comportam duas subespécies, as Empresas
Públicas e Sociedade De Economia Mista. Estas empresas foram criadas pelo Estado para atuarem
dentro do mercado regulando este mercado com o fim de evitar o abuso de poder econômico.

As duas possuem pontos em comum, quais sejam, ambas tem personalidade jurídica de direito privado
uma vez que atuam no mercado não poderiam levar para ele outro tipo de personalidade. Seu regime normativo é
denominado de híbrido porque ora se apresenta como público, ora como privado; Realizam concurso público para
contratação de mão de obra humana e seus agentes públicos são denominados de empregados públicos (regidos
pela Consolidação das Leis do Trabalho); Como regra geral são obrigadas a obedecer a licitação; Cabe Mandato de
Segurança contra os atos de seus dirigentes, conforme súmula n. 333-STJ; Necessitam de lei autorizativa + decreto
+ registro nos órgãos competentes para que ela adquira a personalidade jurídica de direito privado. Estas empresas
não podem falir, conforme artigo 2º, I, Lei 11.101/05.

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Elas se submetem aos princípios constitucionais e aos da especialidade e do controle, típicos da
Administração Pública Indireta. Enfim, elas podem atuar: 1. Exploração de atividade econômica – 173, CF ou 2.
Prestação de Serviço Público – 175, CF.

Quando estas empresas estiverem atuando em áreas diferentes elas terão também características que as
aproximam e que as distanciam. Desta forma quando elas Prestarem um Serviço Público sua Responsabilidade Civil
é Objetiva. Art. 37, 6º da CF. Seus bens são PRIVADOS, segundo interpretação gramatical do art. 98, do Código Civil
é. Para Celso Antônio e Maria Silvia os bens que as empresas empregam na prestação do serviço são PÚBLICOS, já
os bens que não são empregados nesta prestação são PRIVADOS. O professor José dos Santos diz que são privados
com destinação especial. STF discorda: ECT. RE 220.906/DF-STF. Elas gozam de imunidade tributária: art. 150, CF. RE
407099/RS-STF.

Quando estas empresas explorarem uma atividade econômica sua responsabilidade civil é subjetiva. Elas
não usufruirão de privilégios civis, comerciais, trabalhistas e tributários, não extensíveis a iniciativa privada. Seus
bens são PRIVADOS, segundo interpretação gramatical do art. 98, do Código Civil é. Para Celso Antônio e Maria
Silvia os bens que as empresas empregam na prestação do serviço são PÚBLICOS, já os bens que não são
empregados nesta prestação são PRIVADOS. Seu regime é o da CLT. Art.114, CF. STF. Para a dispensa sem motivação
de seus empregados públicos AI-AgR 648.453-07. TST: Dispensa com motivação SDI-I 247 (ECT).

 EMPRESA PÚBLICA: Conceito legal do art. 5, II, D-L n. 200/67 diz que essa empresa é:

Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com


patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para
exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer
por força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo
revestir-se de qualquer forma admitida em direito.

Suas principais características são: possuem personalidade Jurídica de direito privado, com patrimônio
próprio: capital 100 % público. Admitem qualquer forma civil autorizada em direito. Possuem foro competente:
Federal – se for empresa federal - art. 109, I, CF. Se for municipal ou estadual seu foro será a justiça Estadual. Sua
responsabilidade civil é objetiva para as prestadoras de serviço e subjetiva para as exploradoras de atividade
econômica. Seu regime Funcional é o celetista. Art. 173, par. 1º., II, CF. Devem realizar Concurso Público. Não
podem falir. Devem licitar como regra geral. Ex: ECT, CEF, Embrapa, Infraero e BNDES.

 SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: Conceito legal do art. 5, III, D-L n. 200/67. Diz que essa empresa
é:

A entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para
exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações
co direito a voto pertençam, em sua maioria, à União ou a entidade da administração
indireta.

Suas principais características são: Possuem personalidade Jurídica de direito privado, com patrimônio
próprio. Forma de sociedade anônima conjugando capital público e privado com prevalência acionária do Estado.
Não há foro privilegiado para este tipo de empresa sendo o foro sempre Estadual, mesmo se a empresa for federal
– 42 STJ e 556 STF. Sua responsabilidade civil é objetiva para as prestadoras de serviço e subjetiva para as
exploradoras de atividade econômica. Seu regime funcional é o dá CLT. Art. 173, par. 1º., II, CF. Realizam Concurso
Público. Não podem falir. Devem licitar. como regra geral. Ex: Petrobrás, BB, Telebrás, Eletrobrás e Furnas.

 EMPRESAS SUBSIDIÁRIAS: Com previsão expressa no art. 37, XX, da CF essas empresas são criadas na
forma de “Holding”, onde há uma empresa matriz gerenciando as demais que fazem parte de sua
estrutura. Há necessidade de lei autorizativa para sua criação. Ex: Petrobrás: Transpetro; Petrobrás
Distribuidora; Petrobrás bio combustível; Petroquisa e Gaspetro. Se houver previsão de criação na lei
instituidora o STF dispensou a autorização legislativa para criação da subsidiária. ADI n. 1649/DF.

São criadas como Empresas Públicas ou Sociedade de Economia Mista e integram a Administração Pública
Indireta. As Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista podem comprar outras empresas que se chamaram
de empresas controladas. Temos como exemplo a Agip do Brasil é controlada pela Petrobrás.

 CONSÓRCIOS PÚBLICOS. Os Consórcios estão previstos no art. 241, da Constituição Federal, a Lei
11.107/05 regulamentou o disposto neste artigo e o Dec. 6.017/17 trás detalhamento sobre a
estrutura destes entes públicos. Na essência os Consórcios são a associação de entes públicos para a
prestação de serviços públicos na forma associada. Os Consórcios podem assumir duas formas: 1.
associações públicas. 2. pessoa jurídica de direito privado. Eles integram a Administração Pública

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Indireta quando eles assumem a forma de associação pública. Seus funcionários serão denominados
empregados públicos regidos pela CLT. Os Consórcios Públicos poderão firmar contratos de gestão ou
termos de parceria para organização de sua estrutura. Há possibilidade de consórcios entre diversos
Municípios; entre Estados e Municípios; entre diversos Estados; Estados e Distrito Federal; Distrito
Federal e Municípios e União e Estados.

O Objetivo central é a gestão associada de serviços públicos. Eles podem: promover desapropriação e
instituir servidões. No art. 2º. parág. 1º, II, nos informa que os Consórcios será Pessoa Jurídica de Direito Público
quando for celebrado através de lei e protocolo de intenções, e assumirá a Personalidade Jurídica de Direito Privado
quando atender as exigências previstas na Lei Civil. O Consórcio Público esta “preso” a realização de licitação,
celebração de contratos administrativos, prestação de contas aos órgãos competentes e admissão de pessoal
através de concurso público, tudo isso conforme o art. 6º., parág. 2º, da lei 11.107/05. Este ente celebrará contrato
de rateio para liberação e entrega de recursos.

A fiscalização dos Consórcios Públicos será realizada pelo Tribunal de Contas do Chefe do Executivo
representante legal do consórcio. A União não pode celebrar consórcio com Municípios sem a presença dos
respectivos Estados-membros. O ente público integrante do Consórcio pode pedir a sua retirada do mesmo. Já a
exclusão do ente membro do Consórcio necessita de instauração de Processo Administrativo. A doutrina tem
chamado os Consórcios Públicos de entes transfederativos.

 PARAESTATAIS OU ENTES DE COOPERAÇÃO: Há pessoas jurídicas de direito privado que colaboram


com a atuação do Estado, muito embora não pertençam a estrutura da Administração Pública
Indireta essa pessoas cooperam com o governo prestando inegável serviço de utilidade pública e
sujeitando-se a controle direto ou indireto pelo Estado.

Para melhor identificação destas pessoas há características comuns que podemos analisar em sua estrutura,
elas são pessoas jurídicas de direito privado; sem fins lucrativos; Prestam um serviço relevante para o Estado;
Atuam no 3º Setor (setor não lucrativo ou setor de utilidade pública); Recebem ajuda do Estado; Desempenham
atividades de interesse público e seu regime é de direito privado parcialmente derrogado por normas de direito
público.

Basicamente a sociedade se divide em três setores. O primeiro setor é o Estado, o segundo setor é Mercado,
e o terceiro setor é o setor da Sociedade Civil sem fins lucrativos. O Estado atua no 3º Setor fomentando
determinadas atividades privadas que envolvem um serviço relevante para ele. Assim, este setor é objeto de
incentivo, fiscalização e regulamentação por parte do Poder Público. O terceiro setor é constituído por entidades da
sociedade civil, sem fins lucrativos, estas entidades são consideradas paraestatais, para doutrina elas são as
corporações profissionais e serviços sociais autônomos e os entes de colaboração com o Estado denominados
Organizações Sociais - OS e Organizações Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP.

 ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - OS - Lei n. 9637/98: As Organizações Sociais são um título, uma


qualificação que pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, podem receber desde que
atuem nas áreas previstas na legislação pertinente. Essas áreas de atuação são as do ensino, a
pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, a preservação e proteção ao meio ambiente, à
cultura e à saúde.

A Qualificação como OS é ato discricionário do Ministério da área de atuação da entidade. A pessoa


jurídica que cumprir as exigências para qualificação previstas no art. 2º da lei 9637/98 poderá ser qualificada como
OS. Uma vez qualificada elas celebrarão um Contrato de Gestão com o Ministério respectivo e a partir de então
podem receber recursos orçamentários, bens públicos e pessoal público para trabalhar na OS às expensas do
Estado. Dentre vários benefícios as OS estão dispensadas de Licitação para contratar com o Poder Público.

 ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO – OSCIP – Lei Federal n.


9790/99.

As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público são um título, uma qualificação que pessoas
jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, podem receber desde que atuem nas áreas previstas na legislação
pertinente. A área de atuação da OSCIP está prevista em lei e são as da promoção da assistência social, promoção
da cultura, defesa e preservação do patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita da educação, promoção da
segurança alimentar e nutricional, promoção do voluntariado, da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos,
da democracia, etc.

A qualificação como OSCIP é ato vinculado do Ministério da Justiça, isto porque, a área de atuação da
entidade é muito extensa, não compreendendo ministérios respectivos. A pessoa jurídica que cumprir as exigências
para qualificação previstas no art. 3º e 4º. da Lei 9790/99 receberá o título. Uma vez qualificada elas celebrarão um

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Termo de Parceria com o Ministério da Justiça e a partir de então podem receber recursos orçamentários, bens
públicos e pessoal público para trabalhar na OSCIP às expensas do Estado. A OSCIP está dispensada de Licitação
para contratar com o Poder Público.

 PESSOAS DE COOPERAÇÃO GOVERNAMENTAL.

O professor José dos Santos assevera que estas pessoas “são aquelas entidades que colaboram
com o Poder Público, a que são vinculadas, através da execução de alguma atividade caracterizada como
serviço de utilidade pública”. Para criação destas pessoas é necessária lei autorizativa mais registro nos
órgãos competentes para que ela tenha personalidade jurídica de direito privado. São os Serviços Sociais
Autônomos denominado sistema “S”. Ex: SESI, SEBRAE, SENAI, SENAC, SENAR, SENAT, SEST.

Há divergências doutrinárias quanto ao uso da terminologia: “paraestatal ou ente de cooperação”. Isto


porque a Lei 8666/93, em seu artigo 84, par.1º chama de paraestatais parte dos entes da Administração Pública
Indireta como as “fundações, empresas públicas, sociedade de economia mista e demais entidades controladas
direta ou indiretamente pelo Poder Público”. O professor José dos Santos acresce as Autarquias nesse rol e para ele
os paraestatais são as pessoas da Administração Indireta e os serviços autônomos. Outros doutrinadores discordam
da lei e do professor José dos Santos, pois para Hely Lopes Meireles, Maria Silvia Zanella di Pietro e Celso Antônio
Bandeira de Melo os paraestatais são as entidades da Sociedade sem fins lucrativos. Ex: Sistema “S”, OS e OSCIP.

 AGÊNCIAS EXECUTIVAS. Lei n. 9649/98. As Agências Executivas são uma qualificação ou um título
que Autarquias e Fundações que já existem podem receber. Estes entes públicos são criados por lei e
seu fim também se dá através de lei. Quando eles não produzem o bem estar social, o ente
instituidor pode extinguí-los por lei. Dessa forma o direito americano idealizou a figura das Agências
Executivas com o fim de melhorar a atuação das Autarquias e Fundações que não estão produzindo o
bem estar social.

O ato de qualificação como Agência Executiva é implementado através de Decreto do Presidente da


República. O ente qualificado como Agência Executiva celebra um contrato de gestão com Ministério do
planejamento e gestão instrumentalizando as novas metas a serem desenvolvidas pela Agência Executiva. Este ente
qualificado tem suas diretrizes previstas no plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento de recursos.
O artigo 37, inciso XX da Constituição Federal prevê a possibilidade de definição de uma estrutura nova através do
contrato de gestão. O professor José dos Santos entende que as Agências Executivas são espécies de autarquias
sem o poder regulador, elas exercem uma atividade estatal para melhor desenvoltura do ente que foi qualificado.
Ex: Imetro, Agência de inteligência.

Observação importante: Há posicionamento de que se pode qualificar órgãos estatais como Agências Executivas, é
o caso de uma secretária municipal que recebe a qualificação de Agência Executiva.

 AGÊNCIAS REGULADORAS: As Agências Reguladoras assim como as Agências Executivas são criação
do direito norte americano e foram introduzidas no sistema brasileiro a partir da década de 90. As
Agências Reguladoras são Autarquias sob o regime especial. Agência Reguladora é sempre autarquia
e o seu regime especial é o exercício do Poder Normativo ou Regulamentar.

O marco histórico introdutor das Agências Reguladoras no Brasil foi o advento da Privatização da
prestação dos serviços públicos. Nos anos 90 elas foram introduzidas no País através de legislação específica. Para
isso o Estado-Executivo aprovou as Emendas Constitucionais 05, 06/95, 08 e 09/95. Estas Emendas decretaram o
fim da exclusividade da prestação direta de serviços públicos pelos Estados-membros. Para cada prestação de
serviço que foi alienada, através de licitação, para a iniciativa privada o Estado-membro ou o ente que realizou a
venda criou uma Agência Reguladora, é o caso da telefonia onde houve a criação da Agência Nacional de
Telecomunicações – ANATEL.

As Agências Reguladoras gozam das prerrogativas inerentes às autarquias e são consideradas a última
instância administrativa para decisões de conflitos afetos a sua área. Os dirigentes das Agências têm mandato fixo e
estabilidade se sujeitando a quarentena. A quarentena é um período de 4 meses que o dirigente exonerado do
cargo fica fora do mercado, ele não pode retornar imediatamente ao mercado por conhecer informações
importantes. O prazo da quarentena é diferente para cada ente, pois a lei instituidora pode trazer prazo maior,
como por exemplo a Agência Nacional de Petróleo - ANP que o prazo de quarentena é de 12 meses.

As Agências Reguladoras necessitam de certa independência do governo para poderem exercer o poder
regulamentador com a máxima isenção possível. Elas são entes reguladores e não apenas fiscalizadores da atividade
que foi transferida ao setor privado, em razão disso elas podem cobrar de taxas das entidades privadas filiadas. Seu
regime de pessoal no início foi o celetista, atualmente é estatutário por força da lei Federal 10.871/04. Exemplos de

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Agências Reguladoras: Aneel: lei 9427/96; Anatel: lei 9427/96; ANP: lei 9478/97; ANS: lei 9961/00; ANA: lei 9984/00
e ANVISA: lei 9782/99.

8. AGENTES PÚBLICOS. Lei 8.112/90.

8.1 Agentes Públicos (terminologia):

A ideia central é que os agentes públicos são todas as pessoas que estabelecem com o Estado uma relação
profissional.

Infelizmente, há uma tremenda controvérsia quanto ao uso correta da terminologia que envolvem estas
pessoas que trabalham para e no Estado. A Constituição Federal usa a expressão “Servidores Públicos” para
designar as pessoas que prestam serviços, com vínculo empregatício, à Administração Pública. O Código Penal
chama esse pessoal de “funcionário público”. A lei de abuso de autoridade denomina de “autoridade” aqueles que
prestam serviços para o Estado. Para complicar a doutrina também não se entende.

Dos conceitos legais encontrados no sistema normativo administrativo o mais amplo é o previsto na Lei de
Improbidade Administrativa, no artigo 2º, lei 8429/92. A saber: “reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei,
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
mencionadas no artigo anterior”.

8.2 Classificação

Os agentes públicos são classificados como Agentes Políticos; Servidores Estatais; Servidores Temporários;
Militares; Particulares em colaboração com o poder público; e os Agentes de Fato.

Os agentes políticos são aqueles que ocupam o ápice da pirâmide dos poderes, recebem através de subsídio
e possuem poder de governo nas suas atribuições, são eles no Poder Executivo: os chefes e vices e seus auxiliares
imediatos. No Poder Legislativo todos os seus representantes. No Poder Judiciários os presidentes dos Tribunais.

Os servidores estatais são os estatutários ou os empregados públicos. Os servidores temporários são aqueles
previstos no artigo 37, IX, CF. Os militares são regidos por legislação própria e não se enquadram na estrutura da lei
8.112/90. Os particulares que colaboram com o Estado são pessoas que trabalham para a Administração ainda que
transitoriamente e sem remuneração, e parte da doutrina diz que são os concessionários, delegatários e
permissionários.

Os agentes de fato são aqueles que sem investidura regular executam uma função pública em nome do
Estado. Os agentes de fato podem ser: Necessários: aqueles que se enquadram nas situações de relevante interesse
público como os requisitados. Os agentes de fato Putativos: são aqueles que exercem uma atividade com presunção
de legitimidade sem investidura regular. A Teoria da Aparência fundamenta a presença dos agentes de fato dentro
da estrutura estatal, esta teoria nos orienta no sentido de que atos dos agentes de fato devem ser convalidados
para se evitar prejuízos a terceiros, uma vez que o cidadão acreditou que o ato praticado foi realizado por agente
público devidamente investido no cargo, emprego ou função. Os Princípios da Boa-fé, e da Segurança Jurídica
auxiliam no embasamento desta teoria.

A garantia de acesso aos cargos públicos está prevista no artigo 37, I, CF. A regra geral para provimento
dos cargos públicos é encontrada no art. 37, II, CF. Há regras explicitas à obrigatoriedade de concurso público para
os cargos públicos, ex.: os cargos em comissão, art. 37, II e V, CF; os servidores contratos: art. 37, IX; aqueles que se
encontram nas situações dos artigos 94; 73, par. 1º; artigo 2º, 101, par. único, da CF.

 Regime Jurídico: É o conjunto de regras e de normas referentes aos deveres, obrigações, direitos e
demais aspectos da vida funcional dos agentes públicos. A Constituição Federal, CF, prevê regras
gerais para os trabalhadores urbanos e rurais, artigo. 7º. Os trabalhadores públicos tem suas regras
gerais definidas no artigo 37; mais legislação pertinente. Na estrutura dos trabalhadores públicos há
três tipos de regimes jurídicos, o Estatutário, o da CLT e o Especial.

 Regime Estatutário:A ideia central deste regime consiste em que ele é o governo da Lei. Quando se
menciona estatuto se fala em legislação. A lei federal 8.112/90 trata do regime jurídico único
estatutário para os servidores públicos civis federais. O professor Jose dos Santos conceitua o regime
estatutário como: “É o conjunto de regras que regulam a relação jurídica funcional entre o servidor
público estatutário e o Estado.”

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 São características do Regime Estatutário: Está previsto lei, porém as regras que regem os agentes
públicos também poderão ser encontradas em atos normativos como portarias, resoluções,
decretos, etc. Alteração do Estatuto se dá através de outra lei em razão disso ele não gera direito
adquirido de que o agente público ingressou no serviço público sob a égide de uma lei, que ela o
acompanhe até a sua aposentadoria. No Estatuto há pluralidade normativa, cada ente público tem
suas regras para seus agentes. O Estatuto não tem natureza contratual. Os litígios entre o Estado e
seus agentes são decididos pela justiça comum. É de competência privativa do chefe do executivo a
iniciativa de lei que disponha sobre o regime jurídico dos servidores estatutários. Art. 61, par. 1º., II,
“c”, CF.

 Regime da CLT:Os agentes públicos regidos por este regime tem sua vida trabalhista direcionada e
protegida pelas regras contidas na Consolidação das Leis do Trabalho, CLT, Decreto-lei 5452/43. Para
a doutrina este regime “É aquele constituído das normas que regulam a relação jurídica entre o
Estado e seu servidor trabalhista.” São características próprias dos celetistas: Os agentes públicos
recebem o nome de Empregados Públicos. Nesse regime há unicidade normativa, somente a CLT
governa a vida trabalhista destes empregados. Os empregados públicos celebram com o Estado um
contrato de trabalho por tempo indeterminado, assim há vinculo contratual entre Estado e
empregado público. Os litígios entre o Estado e estes agentes são decididos pela justiça do trabalho.
Art.114, I, CF. EC 45/2004. Súmula vinculante n. 22, STF.

Observação importante: Entre o Regime Estatutário e o Regime da CLT há pontos comuns, ou seja, pontos
que unem estes dois tipos de agentes públicos, tais como: Respeito ao limite remuneratório previsto no art. 37, XI,
CF. Vedação para acumulação de cargos, funções ou empregos: Art. 37, XVIII, CF. Os dois regimes sujeitam seus
agentes à lei improbidade administrativa: Art. 4º, CF e lei 8429/92. Há necessidade de concurso publico para
provimento dos cargos públicos nos dois regimes (Estatutário e CLT). Art. 37, I e II da CF. No caso de demissão está
deverá ser motivada nos dois regimes conforme informativo n. 699 STF de março de 2013.

 Regime Especial: Este regime é os dos Agentes Temporários que possuem previsão constitucional no
artigo 37, IX. Estes agentes se enquadram nas situações de “necessidade temporária de excepcional
interesse público”. As leis federais 8.745/93; Lei 9849/99; Lei 10667/03; Lei 11.123/05; Lei 11.204/05;
Lei 11.784/08 definem essas situações na esfera federal.

 Provimento dos cargos públicos. É o preenchimento do cargo público que se faz através de concurso
público de provas e provas e títulos. Regra geral para ingresso no serviço público tanto para ocupar
cargo regido pela CLT ou regido pelo Estatuto.

A doutrina estabelece um diferencial entre o provimento originário e o provimento derivado. A lei


8.112/90 não estabelece tal distinção. O Provimento originário acontecerá quanto o cargo foi criado e nunca
provido ou quando o futuro ocupante do cargo não teve vínculo anterior com a Administração Publica. Nele, para
doutrina, ocorrerá a Nomeação, Posse e entrada em Exercício, institutos administrativos previstos nos artigos 9 a 15
da lei 8.112/90. Dica: leitura obrigatória dos artigos.

Nomeação é quando o Estado dá o nome do cidadão aprovado no concurso público ao cargo público que
ele irá ocupar. Posse é a investidura do cargo público, momento em que o agente recebe “todo” poder público para
atuar na condição de Estado, tal situação se dá no ato da assinatura do termo de posse ou na celebração do
contrato (empregado público). Exercício é o início das atividades, ou seja, é quando o agente público passa a
exercer as atribuições do seu cargo.

A doutrina entende que o provimento derivado se dá em decorrência de acontecimentos


anteriores/posteriores na vida funcional do servidor, ou quando quem vai prover o cargo já tem vínculo presente ou
passado com a Administração Publica. As espécies de provimento estão previstas na Lei 8.112/90. Para a doutrina
as espécies listadas na lei são de provimento derivado. São elas: Promoção, artigo 8º. Readaptação, artigo 24.
Reversão, artigo 25. Reintegração, artigo 28. Aproveitamento, artigo 30. Recondução, artigo 29. Como todos os
institutos acima são conceituais trabalharemos uma ideia central para cada um deles que irá auxiliar seu estudo.

Para a Promoção: é a escalada na carreira por merecimento ou por antiguidade. A Readaptação: limitação
física ou mental do agente público. Reversão é o retorno do aposentado cassado ou não. Reintegração: toda vez
que acontecer exoneração ou demissão consideradas injustas. Aproveitamento é o retorno do agente que está em
disponibilidade. Recondução se dá para o agente considerado inabilitado em 2º. concurso que retorna para o 1º
concurso.

 Desinvestidura do Cargo Público: A desinvestidura do cargo público acontecerá basicamente diante


da demissão ou da exoneração do agente público. A diferença entre elas é que na demissão sempre
haverá caráter punitivo, ou seja, a presença de falta grave. Já na exoneração não há o caráter

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punitivo, nela haverá a quebra do vínculo firmado entre o agente público e a Administração Pública
sem a ideia punitiva. A exoneração pode ser: a pedido ou de ofício. Em ambas a Administração
Púbica deve motivar sua ação. O servidor não estável será exonerado por insuficiência no
desempenho, ou durante o estágio probatório; O servidor estável será exonerado para observar o
limite máximo de despesa com pessoal ativo e inativo por exemplo.

A vacância tem previsão expressa na lei 8.112/90, no artigo 33. Ela é o ato administrativo através do qual
o servidor é destituído do cargo, emprego ou função. É o caso de cargo público sem agente público que o ocupe. A
lei faz uma lista de casos em que a vacância ocorrerá: Exoneração; Demissão; Promoção; Readaptação;
Aposentadoria; Posse em outro cargo inacumulável e o Falecimento.

 VEDAÇÕES: A Constituição Federal proíbe a Equiparação que é a previsão, em lei, de remuneração


igual a de determinada carreira ou cargo. Art. 37, XIII, CF. No mesmo sentido a Constituição também
veda a Vinculação que é a remuneração atrelada a outra, de sorte que a alteração da remuneração
do cargo vinculante provoca automaticamente a alteração da remuneração do cargo vinculado.
Princípio da Isonomia: Para os poderes Executivo e Legislativo. Súmula 339, STF impede a aplicação
deste principio ao Judiciário.

 ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS OU FUNÇÃO PÚBLICOS: A acumulação de cargos, empregos


ou funções pública é proibida nos moldes constitucionais, artigo 37, XVI e XVII, da CF. Esta é a regra
geral. Porém a própria Constituição determina exceções, são elas: 2 cargos de magistério; 1 cargo de
magistério + 1 cargo técnico, científico; 2 cargos de profissionais da saúde. A exceção prosperará
desde que haja o respeito às seguintes condições: 1. Compatibilidade de horários; 2. Respeito ao teto
remuneratório.

No caso dos Cargos Eletivos a regra geral é o afastamento do cargo publico para o exercício do mandato
eletivo. As exceções previstas são para os mandatos de Vereadores, estes poderão acumular os vencimentos do
cargo público com o subsidio do mandato eletivo, desde que haja compatibilidade de horários e respeito ao teto
remuneratório. Outra exceção é para o mandato de Prefeito. Eles não podem acumular o exercício do cargo e do
mandato, mas optam entre a remuneração do cargo e o subsidio do mandato.

 Estabilidade:É a garantia de permanência no cargo publico, após o transcurso de 3 anos, e avaliação


especial de desempenho. O artigo 41, da CF trás a estrutura da estabilidade para os servidores
públicos. Este artigo não é aplicável aos empregados públicos. Requisitos necessários para se adquirir
a estabilidade, nomeação para cargo de provimento efetivo através de concurso publico. Aprovação
em estágio probatório. Aprovação na avaliação de desempenho.

 Remuneração: O agente público tem direito a contraprestação pelo serviço prestado ao Estado. Ele
não recebe salário e sim Vencimento que é a retribuição pecuniária devida ao servidor fixada por lei.
Todo cargo público tem um nome, um conjunto de prerrogativas e um vencimento. A Remuneração
é o somatório do vencimento com os benefícios pecuniários a que faz jus o agente público.

O agente público recebe adicionais, gratificações e indenizações previstos na legislação de referência que
comporão a remuneração final deles. Os benefícios são: Os Adicionais são vantagens pecuniárias em razão do
tempo de exercício ou em face da natureza peculiar da função. Eles aderem ao vencimento em razão do caráter
permanente e da natureza peculiar da atividade. Podem ser suprimidos por lei. As Gratificações são vantagens
pecuniárias precárias atribuídas aos servidores. Tem natureza transitória e em razão desta precariedade se perdem
quando da aposentadoria. As Indenizações são reembolsos que destinam-se a indenizar o servidor por gastos em
razão da função ou trabalho exercido. A lei 8.112/90 trata destes temas a partir do artigo 51 e merece especial
atenção. O vencimento denominado de Subsídio é forma remuneratória constituída de parcela única sem acréscimo
de vantagens de qualquer natureza destinado aos agentes políticos.

 DEVERES DOS SERVIDORES PÚBLICOS: O Estatuto dos servidores públicos civis federais menciona
não apenas direitos, mas também trata de deveres e obrigações destes agentes, o artigo 116 elenca
estes deveres. Outras legislações administrativas também tratam do tema como a lei 8429/92
chamada de Lei de Improbidade Administrativa nela os deveres do servidor são os de, dentre outros:
dever de honestidade; dever de imparcialidade; dever de legalidade; dever de lealdade as
instituições; dever de obediência; dever de conduta ética. A ofensa a esses deveres configurará
infração funcional e em alguns casos improbidade administrativa.

 RESPONSABILIZAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS: O agente público que ofende a lei em sua atuação
poderá ser sancionado em três esferas diferentes. Na área Civil quando o ato praticado atingir a
ordem patrimonial da vítima, esta responsabilidade decorre do artigo 186 do Código Civil. A
Responsabilidade objetiva do Estado pelos atos causados por seus agentes. A responsabilidade do

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agente causador do dano é sempre subjetiva. Na área Penal quando o ato praticado pelo servidor se
enquadra como crime ou contravenção no exercício de suas funções. Art. 327 e ss. do Código Penal e
Art. 229, Lei 8.112/90. Por último a responsabilidade Administrativa quando o ato praticado pelo
agente viola as normas internas da Administração definidas nas legislações administrativas, sujeitos a
apuração através de Processo Administrativo Disciplinar e Sindicância.

As instâncias cível, penal e administrativa são autônomas e independentes. Contudo há a possibilidade de


comunicação entre elas, a doutrina entende que há comunicabilidade de Instâncias sempre que houver o previsão
legal. Nesse caso quando o agente for condenado no juízo penal, o juízo cível e a esfera administrativa não poderão
decidir de forma diferente. Art. 935, CC. Entretanto, não é qualquer tipo de absolvição penal que provocará a
comunicação entre as instâncias essa se dará quando o agente for absolvido no juízo penal, deve-se analisar o artigo
386, do CPP, pois a sentença absolutória repercutirá na esfera administrativa quando “estar provada a inexistência
do fato. Art. 935, CC; ou não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal. art. 65, CPP.”

A jurisprudência acompanha de forma clara o posicionamento da legislação: “Absolvição criminal fundada


em ausência de prova no tocante a autoria não exclui a punição administrativa de funcionário público baseada em
inquérito”. STF, RE 85.314, DJ 2-6-78, p. 3.031.

 Aposentadoria: A aposentadoria é o direito do servidor a receber uma quantia quando deixar de


trabalhar, quando ele entrar para chamada inatividade. Sua previsão esta no artigo 40, da CF. Há três
regimes de aposentadoria no Estado. A aposentadoria Voluntária que se dá por tempo de
contribuição e por idade. A por Invalidez, quando o agente é considerado completamente inapto
para o serviço público e a Compulsória quando o agente público completa 70 anos.

A aposentadoria voluntária por idade por ser adquirida se cumprido os seguintes requisitos: 65 anos: se
Homem e 60 anos, se mulher com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. 60 anos se homem e 55 anos
se mulher com proventos integrais. Desde que o homem tenha + 35 anos de contribuição e a mulher + 30 anos de
contribuição. Sendo que neste período tenha + 10 anos no serviço e 5 anos no cargo.

A lei 12.618 de 2 de maio de 2012 regulamenta os parágrafos 14, 15 e 16 do artigo 40 da CF e altera


dispositivos da lei 10.887/04. A lei de 2012 institui um novo teto para aposentadoria pública federal e abrange os
agentes públicos federais da União, das Autarquias, das Fundações, dos Poderes Legislativo e Judiciário do Tribunal
de Conta da União, Ministério Público da União asseverando que estes agentes não terão mais acesso a proventos
integrais de aposentadoria.

A lei estabelece que o teto da aposentadoria dos servidores públicos civis federais será o mesmo da
iniciativa privada que hoje é de R$ 4000,00. A lei cria fundos especiais para que esses agentes possam contribuir e
assim poderem se aposentar com proventos superiores ao novo teto estabelecido. Exemplo deste tipo de fundo
especial é a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal – FUNPRESP.

9 ATO ADMINISTRATIVO.

A ideia central de ato administrativo que vamos trabalhar é que o ato é a forma através da qual a
Administração Pública se manifesta na sociedade. O Direito Administrativo busca auxílio no Direito Civil e trás a
distinção entre ATO e FATO estabelecida nas normas civilistas para a estrutura do direito público.

De forma basilar, para o direito civil ato é toda manifestação da vontade humana. Já a figura do fato se
apresenta como a situação que decorre de acontecimentos oriundos da natureza ou de situações materiais.
Nessa esfera de raciocínio, quando o fato tiver importância para o mundo jurídico temos então um fato
jurídico. Quando existir o elemento volitivo, ou seja, a vontade humana temos o ato jurídico.

9.1 CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO

Trabalhando a ideia de que o ato administrativo é toda manifestação de vontade da Administração


Pública, ou seja, há no ato o elemento volitivo, humano, da Administração. Para a professora Maria Silvia ato
“É a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância
da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário.”

O professor José Cretella Jr. diz que:

[...] A manifestação de vontade do Estado, por seus representantes, no exercício


regular de suas funções, ou por qualquer pessoa que detenha, nas mãos, fração de
poder reconhecido pelo Estado, que tem por finalidade imediata, criar, reconhecer,

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modificar, resguardar ou extinguir situações jurídicas subjetivas, em matéria
administrativa.

 INTERPRETAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS: Toda norma jurídica deve ser interpretada, ou seja,
há regras de interpretação que nós devemos observar antes de prosseguir nosso estudo. Interpretar
na estrutura doutrinária é buscar o sentido da norma, desejado pelo legislador, procurando o
pensamento do legislador através de métodos de interpretação definidos pela hermenêutica jurídica.

Os atos administrativos também devem ser interpretados e para isso devemos seguir os seguintes
passos:

1. Os atos administrativos tem presunção de legitimidade, salvo prova em contrário.

2. O interesse público prevalece sobre o interesse individual, respeitadas as garantias constitucionais.

3. A Administração pode agir com certa discricionariedade desde que respeitada a legalidade.

9.2 REQUISITOS DE VALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO.

Estes requisitos são elementos que validarão o ato praticado pelo Estado, s ão eles: finalidade, forma,
Competência, objeto e motivo. Método de memorização: “FF.COM”.

 Finalidade: é o resultado que a Administração quer atingir com a prática do ato. A professora Maria
Silvia diz que é o resultado MEDIATO que o ato produz. A Finalidade possui dois sentidos distintos: a)
amplo: atingir o interesse público (bem estar social). b) estrito: atingir o resultado específico definido
em conformidade com a lei.

 Forma: é o elemento exteriorizador do ato administrativo, como este ato se apresenta para a
sociedade e para o próprio Estado. Constitui garantia jurídica para o administrado e para a
Administração. A forma possibilita o controle dos atos. Meios de expressão dos atos: ordens escritas,
verbais, gestos, apitos, sinais luminosos, cartazes, placas, etc. Art. 22, lei 9784/99 consagra o
princípio do informalismo dentro do Processo Administrativo Disciplinar.

 Competência: é a delimitação de parcela de poder, a fragmentação do poder entregue ao agente


público para que ele possa agir. Ela é oriunda de Lei e é irrenunciável por parte deste agente. A
competência é a relação íntima entre o poder e o sujeito: Agente. Ela pode ser delegada e avocada. A
competência tem fontes definidas no ordenamento jurídico: A Constituição Federal, as Leis, as
Normas Administrativas.

 Objeto ou Conteúdo: é o seu cerne, é o efeito IMEDIATO que o ato produz, para Maria Silvia. Ele
deve ser lícito, possível, certo e moral. Desta forma não vamos confundir finalidade específica com o
objeto.

 Motivo: é a situação fática e jurídica cuja ocorrência autoriza ou determina a prática do ato. A grande
maioria da doutrina comunga do entendimento que o motivo é a concretude do princípio da
motivação. Parte da doutrina faz diferenciação entre motivo e motivação. José dos Santos diz que o
motivo são as razões que impulsionam o agir da Administração e a motivação é a justificativa da ação
estatal; Maria Silvia diz que o motivo são os pressupostos de fato e de direito apresentados
objetivamente e a motivação é a articulação dos motivos que apontam para a necessidade da
medida Celso Antônio diferencia motivo de móvel, sendo este a representação subjetiva, psicológica,
interna do agente. É a intenção, o propósito do agente que pratica o ato.

 Teoria dos Motivos Determinantes:Essa teoria esta ligada ao requisito motivo, ela nos informa que a
validade do ato se vincula aos motivos indicados como seu fundamento se esses motivos são falsos
ou inexistentes provocam a nulidade do ato. Assim, os motivos apresentados são determinantes para
a ação estatal vinculando-a aos seus fundamentos.

 Mérito Administrativo: É típico dos atos discricionários e recai sobre a valoração dos motivos e a
escolha do objeto por parte do administrador. Ao escolher o objeto e ao motivar o administrador
exercer o poder discricionário, que é a liberdade de ação, liberdade de escolha nos limites da lei,
onde o administrador realiza um juízo de valor fundamentando sua opção nos critérios da
conveniência e da oportunidade.

Os atos administrativos são passíveis de controle pelo Poder Judiciário, no chamado controle externo. A
análise por parte do Judiciário não pode recair sobre o Mérito administrativo, sob pena de ofensa a independência

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existente entre os Poderes estruturais do Estado. Entretanto, o controle judicial pode em caráter excepcional
analisar de forma indireta o mérito administrativo com o fim de coibir o abuso de poder. Essa interferência
fundamenta-se nas teorias do desvio de poder; Teoria dos motivos determinantes; Teoria principiológica.

9.3 ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO.

Os atos administrativos possuem prerrogativas especiais que são seus atributos que tornam estes atos
diferentes dos atos civis. Eles são, para a grande maioria da doutrina, presunção de legitimidade,
autoexecutoriedade e coercibilidade. Posicionamento doutrinário minoritário acrescenta mais dois, são eles,
exigibilidade e tipicidade.

 Presunção de Legitimidade: decorrente da obediência ao princípio da legalidade. Esta presunção


pressupõe que o ato administrativo tem validade legal quando da sua aplicação, o ato já nasce em
conformidade com a lei, verdadeiro e apto para produzir seus efeitos. A Presunção é relativa, pois
aceita a prova do contrario quando o ato praticado, por exemplo, ofende a lei.

 Autoexecutoriedade: é a capacidade que a Administração tem que executar seus próprios atos sem
necessitar da intervenção de outros poderes, principalmente o Poder Judiciário.

 Coercibilidade/Imperatividade: é o atributo que a Administração tem de impor à sociedade de


forma coercitiva os atos praticados por seus agentes.

Observação importante:Celso Antônio Bandeira de Mello acrescenta a EXIGIBILIDADE como atributo do ato
administrativo, desta forma esta consiste na aplicação de punições aos particulares sem necessidade de ordem
judicial, são sanções administrativas aplicadas a particulares. Ex: Multas, interdições e advertências. Maria Silva
Zanella de Pietro soma a TIPICIDADE: necessidade de se respeitar a finalidade especial definida em lei para cada ato.
Garantia para o administrado de que a Administração só pratique atos dotados de imperatividade e
autoexecutoriedade obrigando o particular se houver previsão legal para tal. Na Exigibilidade o Poder Público se
utiliza de meios indiretos de coação, como por exemplo, o não licenciamento do veículo se as multas não forem
pagas. Já na Executoriedade, o Poder Público se utiliza de meios diretos de coação, como por exemplo, a apreensão
de mercadorias, destruição de alimentos nocivos e interdição de estabelecimento.

 PERFEIÇÃO, VALIDADE, EFICÁCIA E EXEQÜIBILIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO.

Devemos tomar cuidado para não confundirmos estes institutos do direito administrativo, assim
trabalharemos a ideia central de cada um deles demonstrada pela doutrina. Perfeição é a conclusão das etapas
necessárias para a sua produção. Validade é a observância das exigências normativas do ato. Vigência é o período
de duração do ato desde seu nascimento até o seu desfazimento. Eficácia é a capacidade de gerar efeitos, aptidão
para atuar. Exequibilidade é a disponibilidade do ato para produzir imediatamente seus efeitos. Capacidade que a
Administração tem de operacionalizar seus atos, de executá-los.

9.4 ATOS DA ADMINISTRAÇÃO

A doutrina disciplina a diferença entre atos administrativos e atos da Administração. Para a professora
Maria Silvia todos os atos jurídicos praticados pela Administração são Atos da Administração. Já a doutrina
majoritária entende que Ato da Administração são todos os atos jurídicos praticados pela Administração que não se
enquadram no conceito de ato administrativo. Ex: Atos políticos como a declaração de guerra; a intervenção
federal; o veto a projeto de lei. Atos legislativos como o exercício da função atípica: Medidas Provisórias e leis
delegadas e os Atos regidos pelo direito privado como os atos de gestão.

 SILÊNCIO ADMINISTRATIVO – “Não ato”.

O silêncio administrativo se dará dá quando a Administração devia se manifestar e não o faz. Portanto,
não há ato administrativo, pois falta o elemento volitivo – humano, a manifestação de vontade do Estado. O
professor José dos Santos defende a existência de fato jurídico administrativo por que esta omissão produz efeitos
no mundo jurídico. Silêncio não é ato administrativo.

 Fato administrativo: O fato administrativo pode ser analisado sob vários enfoques, ele pode ser todo
evento previsto em uma norma jurídica como condição para produção de efeitos jurídicos atinentes
a função administrativa. Sentido amplo. Para José dos Santos, fato é toda atividade material no
exercício da função administrativa que visa a efeitos de ordem prática para a Administração Pública.
Ex: Apreensão de mercadorias, mudança de prédio. Já em um sentido mais específico fato consiste
numa ocorrência não decorrente da vontade que produz efeitos no direito administrativo. Ex: Morte
de agente e prescrição administrativa.

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9.5 CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS.

Falar em classificação é um desafio para a estrutura doutrinária nacional, pois cada doutrinador
tem a sua e a defende como a mais importante. Desta forma vamos tomar como base uma
classificação básica e clássica que segue a seguinte forma:

Quanto aos Destinatários:

1. Atos Gerais – são os de caráter geral e abstrato, impessoais.

2. Atos Individuais – são os direcionados a pessoas certas e determinadas. Maria Silvia diverge, para ela
quando se pode identificar o grupo o ato é individual.

Quanto ao Alcance:

1. Atos Internos – voltado para dentro da Administração.

2. Externos – voltado pra fora da Administração. Validade = Publicidade.

Quanto ao Regramento:

1. Atos Discricionários – neles há o exercício de um juízo de valoração do ato.

2. Atos Vinculados – estes estão circunscritos a vontade legal.

Quanto ao Objeto:

1 Atos de Império – uso da supremacia para impor a vontade do Estado.

2 Atos de Gestão – sem uso da supremacia. Patamar de igualdade entre Administração e Particular.

3 Atos de Expediente: movimentação de documentos internos na Administração.

Quanto à Formação:

1. Atos Simples: decorrentes da vontade de um único órgão-unitário ou colegiado.

2. Atos Complexos: decorre da vontade de 2 órgãos independentes. Fusão de vontades num só ato.

3. Ato Composto: decorre da vontade de 2 órgãos, sendo uma delas principal e outra acessória.

Quanto ao Conteúdo:

1. Ato Constitutivo: é o que cria uma situação jurídica individual.

2. Ato Extintivo: é o que põe termo a uma situação jurídica individual.

3. Ato Declaratório: preserva direitos, reconhece situações preexistentes ou possibilita seu exercício.

4. Ato Alienativo é o que transfere bens ou direitos a 3º

5. Ato Modificativo: alteração de situações preexistentes s/ suprimir direitos.

Quanto a Eficácia:

1. Ato válido: é o ato PERFEITO. Provém de autoridade competente + Presunção de Legitimidade +


imperatividade + autoexecutoriedade.

2. Ato Nulo: é o atingido por vício insanável.

3. Ato Inexistente: aquele que tem aparência de ato administrativo, mas não é. O vício é tão grave que
inexiste para o mundo jurídico administrativo. CABM.

Quanto a Espécie:

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1. Atos Normativos: tem um comando geral do Executivo. Busca a aplicação completa da lei, objeto central é
a explicação da lei.

2. Atos Ordinários: visam regular o funcionamento e a conduta da Administração.

3. Atos Negociais: contém manifestação da Administração com pedido de particulares.

4. Atos Enunciativos: emissão de posição da Administração quando esta certifica ou atesta sobre
determinado assunto.

5. Atos Punitivos: sanção imposta pela Administração.

9.6 EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

A extinção dos atos administrativos se dará de várias formas, tais como: 1. Cumprimento de seus
efeitos; 2. Desaparecimento do sujeito ou do objeto. 3. Renúncia: rejeição do beneficiário. 4.Retirada:
prática de novo ato que extingue o anterior: Revogação; Invalidação; Cassação e Caducidade. O professor
José dos Santos sugere a alteração da nomeclatura anulação dos atos por Invalidação dos Atos
Administrativos para melhor identificar o instituto na estrutura administrativa.

Matéria polemica entre os doutrinadores é a utilização da Teoria da Nulidades do Direito Civil no âmbito
administrativo. Para a Teoria das Nulidades do Direito Civil há uma dicotomia, ou seja, os atos são
chamados de “nulos e atos anuláveis”. Os atos nulos não comportam sanação ou conserto devendo ser
cada um deles anulado por inteiro, com efeito, regra da declaração de nulidade o “ex tunc”. (retroativo).
Os atos anuláveis são aqueles que comportam conserto, ou sanação, assim, sendo, aceitam o ajuste e a
manutenção de seus efeitos, que no caso, como regra, são “ex nunc”. (proativo).

Quando da aplicação desta teoria na seara do direito administrativo, houve a criação de duas teorias
para tratar do tema: A denominada Teoria MONISTA: segundo a qual é inaplicável a dicotomia das
nulidades do direito civil ao direito administrativo. Para os monistas o ato administrativo é nulo ou válido,
se existir vício de legalidade o ato é nulo, se não existir o ato é válido e ponto final. Defendem esta teoria
os pensadores Hely Lopes Meireles, Diógenes Gasparini, Sergio Ferraz e Regis Fernandes.

A outra Teoria é a DUALISTA: esta entende que os atos administrativos podem ser nulos ou
anuláveis dependendo da gravidade do vício que os inquina. Sendo que a anulabilidade comportaria o
conserto do ato nos moldes da Teoria das Nulidades do Direito Civil ajustando seus efeitos à estrutura
administrativa. Defendem esta teoria Celso Antônio Bandeira de Melo, Osvaldo Aranha BM, Seabra
Fagundes, Cretella Jr., Lucia Vale Figueredo, José dos Santos Carvalho Filho. Os dualistas ocupam a
corrente majoritária para a doutrina.

 Espécies:

 RevogaçãoÉ o modo pelo qual a Administração Pública desfaz um ato administrativo válido utilizando
a motivação da conveniência e da oportunidade para fundamentação da ação estatal. O ato válido é
retirado do ordenamento por não mais ser conveniente ou oportuno para o Estado, desta forma o
ato novo tem seus efeitos operando da data de sua edição para frente, não retroagindo em seus
efeitos. Assim os efeitos da revogação são denominados de “ex nunc”, proativos. Há forte
posicionamento doutrinário no sentido de que os atos vinculados não podem ser revogados.

 Anulação: A melhor terminologia para esse tema seria a “declaração de nulidade”. Ela é a extinção
do ato administrativo por razões de ilegalidade, ou seja, o ato praticado pelo Estado fere a lei,
portanto, deve ser declarado nulo. O efeito regra para a anulação do ato é o retroativo, pois a
ilegalidade atinge o ato no momento do seu nascimento. É o efeito “ex tunc”, retroativo. O ato novo
que declara a nulidade do anterior, tem o poder de retroagir seus efeitos extinguindo o ato anterior
em seu início.

 Convalidação:Para a doutrina “É o meio de se restaurar a juridicidade do ato


administrativo”. É a sanação do ato, seu aperfeiçoamento em caso de atos anuláveis, no contexto da
anulação do direito civil. Na estrutura administrativa possui requisitos a serem obedecidos, tais
como: O ato a ser “consertado” não pode ter gerado prejuízo a terceiro. Este ato também não pode
ter gerado prejuízo ao Estado. O artigo 55 da lei 9784/99 (lei do processo administrativo disciplinar
na esfera federal) trás importante conceito de convalidação.

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A doutrina estabelece espécies de convalidação: A Ratificação se dá quando a convalidação e
praticada pela mesma autoridade que praticou o ato. A Confirmação se dá quando a convalidação e
praticada por outra autoridade, ou seja, autoridade diferente da que praticou o ato. Saneamento
acontece quando o particular promove a sanatória do ato.

A doutrina menciona, ainda, outras formas de extinção do ato administrativo, são elas: a
Contraposição é a extinção de um ato administrativo em razão da prática de um novo ato com efeitos contrários ao
ato anterior. A Conversão é a substituição de um ato inválido por outro válido.

A Cassação ocorre quando o beneficiário deixa de preencher a condição necessária para a permanência
da vantagem. Ex: Cassação da CNH. A Caducidade se dá quando sobrevém norma jurídica que torna impossível a
situação antes permitida pelo direito ou outorgada pela Administração. Ex: permissão de exploração de parque de
diversão que a nova lei de zoneamento proibiu.

10 LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – Lei 8429/92.

O tema é relevante e corriqueiramente abordado nas provas da OAB, portanto faremos uma análise dos
pontos relevantes da lei. Antes de prosseguirmos temos que recordar que a base legal para improbidade está
esculpida em primeiro lugar no artigo 37, parágrafo 4º, c/c art. 5º, V, da Constituição Federal de 1988. A
própria estrutura constitucional apresenta outros dispositivos afetos ao tema, como por exemplo, nos artigos.
14, par.9º; artigo 15, V; artigo 85, V, da CF.

A doutrina entende que há relação intima do princípio da Moralidade e da legalidade com os chamados
atos de improbidade. Importante buscar estabelecer uma diferença entre Probidade e Moralidade. Esta
distinção não é fácil porque a rigor as duas expressões trabalham com a mesma estrutura: A honestidade na
Administração Pública. Basicamente, probidade é a qualidade de probo, integridade de caráter e honradez. O
Probo é o honesto, reto, honrado, justo. Nesse sentido a moralidade é o conjunto de regras éticas; significa
também brio, vergonha, etc.

Para a professora Maria Silvia quando comparamos moralidade e probidade enquanto princípios, estes
significam praticamente a mesma coisa, embora algumas leis façam referência aos dois separadamente.
Contudo, quando analisamos a improbidade como ato ilícito, como infração sancionada pelo ordenamento
jurídico, deixa de haver sinonímia entre as expressões Improbidade e moralidade isto porque a improbidade
atinge um sentido mais amplo e muito mais preciso abrangendo não só os atos desonestos ou imorais, mas
também e principalmente os atos ilegais.

É de longa data a previsão no Ordenamento Jurídico da conduta de Improbidade. Para os agentes políticos
ela enquadra-se como os crimes de responsabilidade; Para os demais agentes públicos não se usava a
expressão “improbidade”, mas a preocupação em se combater a corrupção se autorizava a punição de atos
“de enriquecimento ilícito no exercício do cargo ou função”.

A lesão a Probidade administrativa era prevista como crime de responsabilidade do Presidente da


República previsto nas constituições federais de 1891; 1934; 1937; 1946; 1967 e de 1988, no artigo 85, V. A Lei
que regulamenta esse dispositivo é a de n. 1.079/50. Essa lei atinge também os Governadores de Estado, os
ministros do STF e o Procurador Geral da República. Para os prefeitos municipais os crimes de responsabilidade
estão descritos no Decreto-lei 201-67.

Com a criação da Lei 8.429/92 (LIA) foi regulamentando o disposto no artigo 37, par. 4º, da CF e se
definiu com maior amplitude os atos de enriquecimento ilícito abarcando outras condutas na condição de
ações que ferem a probidade.

 Conceito: Improbidade administrativa consiste na subversão das finalidades da Administração


Pública, através do uso ilegal da máquina administrativa, possuindo sua origem na desonestidade,
deslealdade e incompetência do agente público.

 Objeto:A ideia do conteúdo da lei é o enriquecimento ilícito no exercício do cargo ou função por
parte do agente público. A redação do artigo 37, parágrafo 4º, da CF nos mostra isso:

“Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos


políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
da sanção penal cabível”.

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Observações importantes:O ato de improbidade em si não constitui crime, mas pode corresponder a uma
definição criminosa descrita na lei penal. Exemplo: Crimes funcionais previstos no Código Penal. O posicionamento
jurisprudencial majoritário diz que as sanções definidas no texto constitucional para o ato de improbidade não tem
natureza penal. Se o ato de improbidade corresponder, também, a um crime a apuração da improbidade pela ação
cabível será concomitante com o processo criminal. O ato de improbidade praticado por servidor público pode
também corresponder a um ilícito administrativo devendo ser passível de apuração através dos meios
administrativos permitidos pelo ordenamento. As punições desse artigo são de natureza civil e política.

As medidas previstas no dispositivo constitucional do artigo 37, parágrafo 4º são: Suspensão dos Direitos
Políticos: Os direitos políticos estão previstos no art. 15 da CF e basicamente se focam na capacidade de votar e ser
votado de todo cidadão brasileiro. Esses direitos poderão ser suspensão no caso da prática de atos de improbidade
administrativa na forma do inciso V do artigo citado. Por se tratar de matéria de direito eleitoral é de competência
privativa da União legislar sobre o tema nos termos do artigo 22, I, CF. Assim, somente a União poderá aplicar
sanção desta natureza, sendo vedado aos Municípios e aos Estados agir nesse sentido.

A Perda da Função Pública é outra medida prevista no texto constitucional, ela não é considerada punição
administrativa, assim, como o artigo 92, I, Código Penal não o é. A perda da função pública é inerente a própria
suspensão dos direitos políticos, pois se uma pessoa tem os direitos políticos suspensos por determinado período,
ela deve perder, concomitantemente, o direito de exercer uma função de natureza pública. A Indisponibilidade dos
bens é punição afeta o direito de propriedade do agente declarado ímprobo. É o exercício da livre disposição de
bens, matéria de competência privativa da União nos moldes do artigo 22, I, CF e de natureza civil. Da mesma forma
o Ressarcimento ao erário constitui punição de natureza civil de competência privativa da União.

 Resumo estrutural da LIA:A LIA é uma lei nacional aplicável a todas as esferas do governo e ela
define de forma clara quem são os sujeitos ativos no ato de improbidade, art. 1º. a 3º. da Lei. O
Sujeito Passivo tem previsão expressa no artigo 1º da Lei. Os atos de improbidade com menção
direta nos artigos 9º, 10 e 11 da Lei.

O artigo 9º trata dos atos que importam enriquecimento ilícito; o art. 10 dos atos que causam prejuízo ao
erário; o art. 11 os atos que atentam contra os princípios da Administração Pública. As sanções cabíveis estão no
art. 12 da Lei. O Direito de Representação, artigo 14 da Lei. A previsão do ilícito penal no artigo 19 e os prazos de
prescrição no artigo 23 da Lei.

Os atos de improbidade, como já vistos anteriormente, estão definidos nos artigos 9º, 10 e 11, muitos
destes atos podem corresponder a crimes definidos na legislação penal e a infrações administrativas definidas nos
Estatutos dos Servidores Públicos.

 Esferas de apuração da improbidade:Os processos afetos ao tema em comento podem ser


instaurados em três esferas distintas, à saber: a administrativa onde se irá apurar o ilícito
administrativo segundo as normas contidas nos Estatutos funcionais dos agentes públicos. A esfera
Civil vai apurar a improbidade administrativa e aplicar as punições contidas na LIA na estrutura do
direito civil com íntima relação com a figura do dano praticado pelo agente. E finalmente, a esfera
penal que vai apurar o ilícito penal segundo as normas do Código Penal. Estes processos tramitam
em concomitância nas instâncias penal, civil e administrativa. Há a possibilidade de interferência das
instâncias como analisado na responsabilização dos agentes públicos.

Observação importante:Os Agentes políticos e a improbidade administrativa. O STF entende que a LIA não se aplica
aos agentes políticos, pois sua conduta está definida na lei 1079/50, Crimes de Responsabilidade. Requisitos para
não aplicação: 1. o agente deve estar expressamente incluído entre os puníveis pela lei 1079/50; 2. a conduta
precisa estar tipificada na lei 1079/50 e na lei 8429/92. A lei 1079/50 lista quais os agentes políticos estão sujeitos a
prática de crime de responsabilidade: 1. Presidente da República. 2. Ministro de Estado. 3. Procurador-Geral da
República. 4. Ministro do Supremo Tribunal Federal. 5. Governador. 6. Secretário de Estado. Quanto aos vereadores
e prefeitos a eles se aplicam a LIA e o Decreto-lei 201-67. O Estatuto da Cidade, lei 10.257/01, art. 52 enumera
hipóteses específicas de atos de improbidade administrativa cometidos pelos prefeitos. Os atos de improbidade
administrativa não exigem a ocorrência de lesão ao erário. Esses atos envolvem sempre uma lesão presumida ao
patrimônio público. A prescrição da ação de improbidade esta esculpida no art. 23 da lei. No caso de prejuízo ao
erário ela é imprescritível, art. 37, par. 5º, CF. RE n. 1069779, 98 – STJ.

A conduta de improbidade é sempre dolosa, não aceita a forma culposa. A responsabilidade dos agentes
públicos por ato de improbidade é subjetiva e não objetiva. O princípio da insignificância nem a teoria dos delitos de
bagatela não se aplicam aos atos de improbidade. RE 892.818-RS do STJ.

11 Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, Licitações e Contratos Administrativos.

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Analisaremos o procedimento licitatório que regulamentou o artigo 37, inciso XXI da Constituição Federal.
Há vários artigos constitucionais que fazem menção a Licitação além do supracidado, tais como, o artigo 22, XXVII,
os artigos 175 e 173, par. 1º, III, e outros. A Lei 8666/93 tem sido alvo de muitas alterações com o passar dos anos,
algumas dessas mudanças consignamos aqui: lei 8883/94; lei 9648/98; lei 9854/99; lei 10520/02; lei 10937/04; lei
11079/04; lei 9032/05; lei 11196/95; lei 11107/05; lei 11484/07; lei 11481/07; lei 11763/08; lei 11908/09; lei
12232/10; lei 12349/10; lei 12440/11; 12462/11 e 12715/12.

 Ideia, natureza jurídica, objeto e conceito: Como ideia tomaremos o seguinte raciocínio, licitação é
um conjunto de procedimentos administrativos que visam selecionar a proposta mais vantajosa para
a Administração Pública. A doutrina entende que sua Natureza Jurídica é de procedimento
administrativo seletivo. Em conformidade com a lei 12349/10 são três os pilares que sustentam o
certame licitatório: 1. garantir o princípio da isonomia.2. selecionar a proposta mais vantajosa. 3.
promover o desenvolvimento nacional sustentável.

A doutrina conceitua licitação como:

“Pode-se definir a licitação como o procedimento administrativo pelo qual um ente


público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se
sujeitem as condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de
formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará as mais conveniente
para a celebração do contrato”.

Maria Silvia Zanella di Pietro. A professora Irene Patrícia Nohara entende que licitação “ É o procedimento
administrativo pelo qual um ente, no exercício de função administrativa, seleciona a proposta mais vantajosa entre
as oferecidas para a celebração do contrato de seu interesse”.

A lei 8.666/93 é uma lei conceitual, em vários artigos ela irá produzir conceitos sobre temas específicos,
neste sentido o Processo Licitatório visa estabelecer normas gerais sobre a celebração de futuros contratos
administrativos que possuem como objeto as definições contidas no artigo 6º. E seus incisos, todos pertinentes a: 1)
OBRAS. 2) SERVIÇOS. 3) COMPRAS e 4) ALIENAÇÕES. Estes são os objetos básicos de licitação.

Observação importante: O objeto “publicidade”, ou seja, o serviço de publicidade foi retirado da estrutura
da lei 8.666/93, atualmente, este serviço é regulamentado pela lei 12.232/10.

O professor José dos Santos Carvalho Filho divide o objeto de licitação em dois atos distintos, o objeto
Imediato: que é a escolha da proposta por parte do Estado e o objeto Mediato que é a obtenção da obra, serviço,
compra, locação, etc.

Subordinados a Lei:A lei de regência da matéria deixa claro que o Estado deve licitar, o Estado sob o olhar
administrativo se compõe dos entes da Administração Pública Direta e Administração Pública Indireta. As entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, pelos Estados-mebros, pelo Distrito Federal, pelos Municípios e
pelos Fundos especiais. O artigo 117 da lei determina que os poderes estruturais do Estado também se submetem
ao processo licitatório. (Poder Legislativo; Poder Judiciário e os Tribunais de Contas). Raciocínio básico a ser
desenvolvido pelo estudante, onde tiver dinheiro público e este for utilizado a regra geral é se usar licitação.

 Princípios de Licitação - art. 3º da lei:A legislação usa a expressão “princípios básicos” lista vários
princípios no artigo 3º. A doutrina faz distinção entre os Básicos: Legalidade, Moralidade,
Impessoalidade ou Finalidade, e o que ela chama de Específicos: Igualdade entre os licitantes;
Publicidade dos Atos; Probidade Administrativa; Vinculação ao Instrumento Convocatório;
Julgamento Objetivo; Ampla Defesa; Adjudicação Compulsória.

 Igualdade entre os licitantes:Este princípio equivale ao princípio da isonomia, isto porque garantir a
igualdade significa assegurar tratamento igualitário de oportunidades para todos que queiram
oferecer serviços, realizar obras, vender bens ao Estado. É o que a doutrina convencionar denominar
de igualdade formal: todos devem ser formalmente como iguais perante a lei. E igualdade material:
os iguais devem ser tratados de forma igual e os desiguais de forma diferente em função de sua
situação desigual. Exemplo: Art. 41, parágrafo 1º. da lei que menciona a situação das microempresas
e das empresas de pequeno porte.

 Publicidade dos Atos:Aqui aplica-se à estrutura de licitação o Princípio da Publicidade dos Atos
Administrativos. Verifica-se tal assertiva na obrigatoriedade apresentada nos artigos 21, 4º. e 3º
parágrafo 3º. Observação importante, o sigilo na apresentação das propostas não fere a igualdade
nem a publicidade entre os proponentes, isto porque, em momento oportuno o sigilo será quebrado
de forma legal.

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 Probidade Administrativa: Em todo o procedimento licitatório será observado a presença ao
respeito à Probidade Administrativa, sob pena de ofensa à constituição, artigo 37, parágrafo 4º, ao
artigo 10, inciso VIII, da lei de improbidade administrativa e a prática de crimes previstos nos artigos
89 a 98 da lei de licitação. O teor da probidade é o mesmo analisado no início desta obra.

 Vinculação ao Instrumento convocatório: A vinculação ao edital é oriunda da ideia de que o Edital


faz lei entre as partes. No Edital há indicação da forma e modo de participação dos licitantes, ele é a
lei interna entre os participantes vinculando a todos, Administração e concorrentes. As regras
contidas nos instrumentos convocatórios (edital ou carta-convite) são inalteráveis. A Administração
pode invalidá-las e reabrí-las em novos moldes sem com isso tocar no objeto do certame, sob pena,
de invalidá-lo. Os artigos 41, 43 e 56 trabalham o tema destes instrumentos. O Edital pode ser
corrigido pela Administração Pública através de aditamento ou ratificação, desde que este ato não
afete, nem altere a elaboração das propostas.

 Julgamento objetivo: É o princípio que tem como fundamento que a escolha da proposta será
realizada sob os critérios indicados no edital e nos termos específicos das propostas. O julgamento
esta vinculado a “Fatores Concretos a critérios materiais” expressos no instrumento convocatório. O
princípio busca afastar a discricionariedade na escolha das propostas, obrigando os julgadores a
atuarem de forma restrita e direcionada aos critérios pré-fixados no edital ou na carta-convite.

 Adjudicação compulsória:Adjudicar advém do brocardo: “Quem venceu leva”. O princípio determina


um impedimento a Administração Pública que, após o fim processo licitatório, atribua a outro o
objeto da licitação, que não ao vencedor do certame. O direito aqui é o da atribuição ao vencedor do
objeto da licitação e não a efetiva celebração do Contrato Administrativo, que no caso se configura
como mera expectativa de direito.

 Procedimento formal:Licitação é um procedimento administrativo, desta forma a lei define que seu
proceder é formalizado na legislação. A lei irá prescrever os passos do processo licitatório, as fases
serão detalhadas no instrumento de convocação. Portanto, o procedimento formal é aquele que
impõe a vinculação da Licitação a regras específicas contidas na lei. Em resumo são as normas que
irão reger todos os atos e fases do certame.

Licitação possui duas fases distintas:

1. A FASE INTERNA que é a preparatória do procedimento. Basicamente nesta fase o Estado irá preparar a
Elaboração do projeto; O orçamento detalhado; A previsão de recursos e o Processo administrativo para
a formação da comissão processante de licitação, prevista no artigo 51 da lei.

2. A segunda fase é a FASE EXTERNA composta pela sequência de fases procedimentais que se externalizam
à coletividade, tomaremos como base a seguinte ordem procedimental: Primeiro publica-se o Edital,
depois analisa-se os documentos na fase de Habilitação, depois a fase Classificação, depois a fase de
Julgamento, depois a fase de Homologação e por fim a fase de Adjudicação. Temos aqui o procedimento
regra, ou padrão de licitação: Edital, Habilitação, Classificação, Julgamento, Homologação e Adjudicação.

 Edital:É o ato pelo qual a Administração Pública divulga a abertura da concorrência, fixa requisitos
para participação, define o objeto e as condições básicas do contrato e convida a todos os
interessados para que apresentem suas propostas. Todos os detalhes do edital estão previstos no
artigo. 40 da lei. Os prazos para publicação dos editais, de acordo como cada modalidade, estão
previstos no art. 21 da lei.

 Habilitação: art. 27. É nessa fase que ocorre a apresentação da documentação dos licitantes para sua
posterior apreciação, conforme o artigo 43, I, da lei. Em ato público, a Administração recebe os
envelopes contendo a documentação referente a habilitação dos licitantes e as propostas por eles
apresentadas, de acordo com o art. 43, § 1º. Toda documentação a ser apresentada pelo licitante se
encontra listada no artigo 27 da lei.

O art. 27 determina que o interessado em participar do certame deve apresentar documentação


necessária à comprovação da: 1. Habilitação Jurídica - contida no artigo art. 28; 2. Qualificação Técnica - artigo 30;
3. Qualificação Econômico-financeira - artigo 31; 4. Regularidade Fiscal e TRABALHISTA – o artigo 29 foi alterado
pela lei 12.440/11, que criou a regularidade trabalhista. E por último o item 5. Cumprimento do disposto no inciso
XXXIII do art. 7 da CF.

Classificação: Para Celso Antônio Bandeira de Melo esta fase “É o ato pelo qual as propostas admitidas são
ordenadas em função das vantagens que oferecem na conformidade de avaliação estabelecida no edital”. A

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Administração faz uma análise das propostas, classificando-as pela ordem de preferência, segundo os critérios
objetivos contidos no edital, é o que aduz o art. 46, I da lei.

Assim, a Classificação comporta dois momentos, primeiro referente a Abertura dos envelopes dos
concorrentes habilitados. E o segundo quando da Análise objetiva das propostas de acordo com os tipos de
licitações previstos no artigo 45, § 1º da lei.

 Tipos de Licitações:São considerados tipos de licitação: I - A de Menor Preço; II - A de Melhor


Técnica; III - A de Técnica e Preço; IV - A de Maior Lance ou Oferta.

 Desclassificação:O professor Diogenes Gasparini assevera que desclassificação “é o ato


administrativo vinculado mediante o qual a comissão de licitação desacolhe a proposta apresentada
sem o atendimento formal e fora dos termos e condições do edital ou da carta convite. ” O art. 48 da
lei elenca os casos de desclassificação das propostas apresentadas. Se houver desclassificação de
todas as propostas poderá ser utilizada a apresentação de novas propostas dentro de 8 ou 3 dias
pelas empresas participantes. Art. 48 § 3º, em caso de comprovação de não ser possível realizar
outra licitação.

 Julgamento: É o momento da análise e da confrontação das propostas que foram devidamente


classificadas, para posterior escolha da proposta mais vantajosa para a Administração Pública, tem
previsão nos artigos 44 e 45 da lei.

 Homologação:A homologação equivale a aprovação do procedimento. Antes dela a autoridade


competente irá verificar se ocorreu algum vício na legalidade no certame, podendo anular o
procedimento ou determinar seu saneamento. Se o procedimento estiver em ordem ela o
homologará conforme os artigos 43, inciso IV, e 45 da lei.

 Adjudicação:É o ato de se atribuir ao vencedor o objeto da licitação. É realizada pela mesma


autoridade competente para homologar o procedimento. É o ato final do procedimento.

Editalà habilitaçãoà classificação à Julgamento à homologação à Adjudicação.

Após a adjudicação ocorre o chamamento do vencedor para assinar o contrato. O prazo para o
chamamento para assinar o contrato é 60 dias. Prorrogável por igual período uma única vez. A
contratação é mera expectativa de direito na celebração do contrato é o posicionamento do STJ no
RMS 22.447/RS-2009. A doutrina diverge, os professores Celso Antônio e José dos Santos entendem
que a Administração esta obrigada a celebrar o contrato, salvo motivo superveniente justificado.

 Divergência quanto as fases do procedimento: Há no universo do direito administrativo uma


enorme divergência quanto ao procedimento a ser adotado pelo administrador para licitação. Vários
doutrinadores apresentam em suas obras procedimentos diferentes quanto as fases externas, ora
suprimento fases, ora alterando a terminologia, em razão disso apontaremos alguns destes
posicionamentos:

José dos Santos e Odete Medauar:

Editalà habilitaçãoà classificação à Julgamento à homologação à Adjudicação.

Maria Silvia Zanella di Pietro:

Editalà habilitaçãoà classificação à homologação à Adjudicação.

Diogenes Gasparini:

Aberturaà habilitaçãoàclassificaçãoà Julgamento à homologação à Adjudicação.

Celso Antonio Bandeira de Mello

Editalà habilitaçãoàJulgamento à homologação à Adjudicação.

Alexandre Mazza:

Editalà habilitaçãoà classificação à homologação à Adjudicação.

Hely Lopes Meireles:

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AudiênciaPúblicaàEditalàRecebimento-de-documentosàhabilitaçãoàJulgamentoà Adjudicação à

homologação.

Observação importante: o que está destacado em cores é o que diverge do posicionamento padrão da lei adotado
por Odete e José dos Santos.

11.1 Modalidades de Licitação

O termo “Licitação” é o gênero que se divide em várias subespécies, o artigo 22 conceitua as modalidades de
licitação contidas na lei, são elas: Concorrência; Tomada de Preço; Convite; Concurso; Leilão e o Pregão (esta
modalidade tem lei própria).

 Concorrência:O edital de concorrência é publicado e direcionado para quaisquer interessados em


respeito ao princípio da universalidade. A concorrência é voltada para contratos de grande valor, a lei
definirá os valores, portanto, ela tem um parâmetro a ser respeitado. É a modalidade formalmente
mais rigorosa. Pode ser usada para licitações internacionais. Excepcionalmente a concorrência
poderá ser usada para alienação de bens imóveis, conforme artigo 17, I, da lei. O julgamento é feito
por comissão formada por no mínimo 3 membros. Ela deve ter ampla publicidade e possui dois
prazos de edital: 45 dias Melhor Técnica, e Técnica e Preço; e 30 dias para os outros tipos, conforme
artigo 22, par. 1º da lei. A concorrência é obrigatória nos seguintes casos: 1. compras e alienações de
imóveis. 2. concessão de direito real de uso. 3. licitações internacionais. 4. contratos de empreitada
integral. 5. concessões de serviços públicos.

 Tomada de Preços: O edital da tomada de preços é publicado e direcionado para


quaisquer interessados previamente cadastrados. O cadastro é renovado anualmente e poderão
participar da tomada de preço aqueles que não estiverem cadastrados, desde que se habilitem no
tempo oportuno. Ela pode ser utilizada para licitações internacionais. Na tomada de preços há um
teto definido em lei no art. 23, desta forma ela é voltada para contratos de vulto médio. Seu
julgamento é realizado nos moldes do julgamento da concorrência, ou seja, feito por uma comissão
formada por no mínimo 3 membros.

Há dois prazos de publicação de edital, a saber, 30 dias Melhor Técnica, e Técnica e Preço; e para os
outros o prazo é de 15 dias.

 Convite:O instrumento convocatório do convite é publicado e direcionado para quaisquer


interessados de um ramo pertinente, cadastrados ou não. O nome do instrumento que convoca é a
Carta Convite que é enviada a no mínimo de três empresários para participarem do certame. O
Convite é utilizado para contratos de pequeno valor, valores estes descritos na lei. O julgamento é
realizado por comissão ou por um servidor designado para tal. O prazo para publicação da carta
convite é único de 5 dias.

 Concurso:O edital da modalidade de licitação concurso é publicado e direcionado para quaisquer


interessados em respeito ao princípio da universalidade. Essa modalidade é voltada para a escolha
do melhor trabalho técnico, científico ou artístico. O concurso não obedecerá as fases externas das
outras modalidades. No concurso há a instituição de prêmio ou remuneração aos vencedores, que
pode ser em espécie ou não. O julgamento é feito por uma comissão especial formada por
servidores públicos com conhecimento técnico, científico ou artístico ou por um não servidor
público. A entrega do prêmio é condicionada ao repasse do uso dos direitos sobre o trabalho
apresentado e escolhido para o Estado. Possui prazo único de publicação do edital: 45 dias.

 Leilão: O edital da modalidade de licitação leilão é publicado e direcionado para quaisquer


interessados em respeito ao princípio da universalidade. Essa modalidade é voltada para a alienação
de bens públicos considerados inservíveis (móveis ou imóveis) para a Administração. Nela há o
oferecimento de lances em seção pública, e arrematará o bem o lance igual ou superior a avaliação
do bem. No leilão o prazo do edital é de 15 dias. Bens que podem ser alienados via leilão são os
móveis inservíveis, móveis de valor módico, imóveis oriundos de procedimentos judiciais ou de
dação em pagamento.

 Pregão:O pregão é modalidade de licitação com legislação própria, a Lei 10520/02 instituiu a figura
desta modalidade. O edital de concorrência é publicado e direcionado para quaisquer interessados
em respeito ao princípio da universalidade. Essa modalidade é Voltada exclusivamente para a
aquisição de bens e serviços comuns. A definição destes bens e serviços está prevista no artigo 1º,
par. único da lei 10.520/02. A União possui um rol exemplificativo destes bens descritos nos anexos II

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do Dec. 3.555/00 e no Dec. 3.784/01. Todas as modalidades de licitação possuem um valor, ora
previsto como parâmetro (acima de..) ou como teto (até), já o pregão é para aquisição de bens e
serviços sem limite de valor. O critério adotado no pregão só pode ser o do Tipo de licitação Menor
Preço. No pregão há a possibilidade de apresentação de propostas e lances em sessão pública. O
pregoeiro poderá estabelecer uma negociação do valor apresentado pelo licitante. O pregão não é
usado para obras de engenharia, locações imobiliárias e alienações. O uso da Internet, na figura do
pregão online, foi regulamentado pelo Decreto 5.450/05. O Prazo para publicação do edital é único
de 8 dias e a publicação condicionada a valores específicos formatados na lei10.520/02.. Com a
dinâmica de simplificar o procedimento há uma oportunidade única de se apresentar recurso neste
procedimento, conforme o artigo 5, I, da lei 10.520/02. No Pregão há a inversão do procedimento
regra da lei 8.666/9315: Edital - Julgamento - Classificação - Habilitação - Adjudicação - Homologação.

11.2 CONTRATAÇÃO DIRETA

Aqui temos as exceções previstas em lei para a obrigatoriedade de se utilizar licitação na ação
governamental. A contratação direta será sempre possível quando a regra geral não puder ser observada,
em nome da lei ou da produção do bem estar social. A lei 8.666/93 fala de casos de licitação dispensada,
dispensável e inexigível.

A Licitação Dispensada encontra-se prevista no artigo 17, incisos I e II da lei. A estrutura destes atos
é de Ato Vinculado, ou seja, acontecendo um dos casos previstos nos incisos o Estado é obrigado a
dispensar o procedimento e realizar a contratação direta. O rol previsto no artigo 17 é taxativo, assim não
cabe ampliação por parte do administrador.

A Licitação Dispensável esta descrita no artigo 24 e seus vários incisos. Diferentemente da licitação
dispensada, nos casos do artigo 24, o administrador realizará um juízo de valor e realizará ou não o
procedimento licitatório. Portanto, os casos ali mencionados são de Atos Discricionários. O rol deste
artigo também é taxativo não sendo passível de ampliação pelo administrador, somente a lei pode fazê-
lo.

A Licitação Inexigível prevista no artigo 25 da legislação traça as hipóteses de impossibilidade de


competição entre os licitantes. Toda vez que não houver condição de gerar competição a licitação será
considerada inexigível. O rol nestes casos é exemplificativo. Lembrando que os atos administrativos
devem ser motivados, nos casos de licitação dispensável e inexigível a motivação é fundamental para o
exercício do controle.

Outras terminologias de licitação são utilizadas pela doutrina, são elas a Licitação Fracassada que
ocorre quando há no procedimento um vício jurídico ou as propostas apresentadas não são satisfatórias
para a Administração Pública, como regra geral o Estado deve realizar uma nova Licitação, caso não seja
possível ela é direcionada para o rol da licitação dispensável conforme o artigo 24, IV ou VII da lei. Outra é
a da Licitação Deserta que acontecerá quando não há a apresentação de propostas a Administração, ou
seja, ninguém acudiu ao edital licitatório. Nesta licitação não há participantes, não há possibilidade de
realização de nova licitação e o ato administrativo dispensado a licitação deve ser motivado.

 Controle do procedimento licitatório:O controle do processo licitatório será exercido pela própria
Administração Pública, no chamado controle interno pautado no Princípio da Autotutela. Há
também a figura do controle externo que será exercido pelo Poder Judiciário pautado no Princípio da
Legalidade e realizado sobre os atos administrativos. O controle externo também é realizado pelo
Poder Legislativo com auxílio dos Tribunais de Contas, controle esse denominado orçamentário-
financeiro.

12 REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS: RDC.

Esse regime foi criado pela lei 12.462/11, ele é um sistema de contratações diferente do sistema contida
na lei 8.666/93.

 Resumo estrutural da lei: O art. 1º direciona o RDC a aplicação exclusiva para a


contratação de obras para os jogos olímpicos de 2016 e para a copa do mundo de 2014. Para obras
de infraestrutura e serviços dos aeroportos (aplicação por prazo indeterminado).

O RDC possui como propósito, em seu artigo 1º, parágrafo 1º, a ampliação da eficiência das
contratações públicas e a competitividade entre os licitantes. O procedimento a ser utilizado pode
ser o da lei 8.666/93 ou o que a lei apresenta: muito parecido com o do pregão. A lei do RDC
reproduz os princípios da 8666/93.

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O RDC busca padronizar as contratações em um tipo de “linha de montagem”, no artigo 4º da lei
há uma preocupação com o meio ambiente e quando houver perdas ao patrimônio cultural ocorrerá
compensação. Os art. 5º e 6º da lei informam que o orçamento estimado só será publicado após o
encerramento da licitação, esse tema é polêmico pois fere o princípio da publicidade.

O artigo 7º da lei apresenta uma inovação pois ele autoriza que a Administração indique marcas
e modelos para pré-qualificação com amostras, derrubando assim um dos principais paradigmas
contidos na lei 8666/93. No RDC há ainda a possibilidade de contratação de várias empresas para
executar a mesma obra, artigo 11.

No RDC há quatro regimes de execução. As fases da lei perpassam pela fase interna e externa:
EDITAL, APRES. DAS PROPOST. OU LANCES, JULGAMENTO, HABILITAÇÃO, FASE RECURSAL,
ENCERRAMENTO. O RDC pode ser presencial ou eletrônico. A lei cria modelos de disputa aberto e
fechado que serão regulamentados através de decretos.

 Os Tipos de Licitação no regime são: Menor Preço, Técnica e Preço, Melhor Técnica ou Conteúdo
Artístico; Maior Oferta; Maior Retorno econômico, inovações previstas no artigo 18. O art. 24 elenca
as formas de desclassificação das propostas apresentadas. O art. 25 menciona as condições de
desempate. O art. 33 cria o cadastro eletrônico de padronização. O art. 34 menciona a comissão
julgadora semelhante a 8666/93.

De inovação absoluta o RDC cria o cadastro eletrônico de padronização previsto no artigo 33. O
RDC reporta-se as exceções contidas na lei 8.666/93. O Poder Executivo Federal regulará o RDC através de
decretos. Há algumas ações diretas de inconstitucionalidade propostas contra o RDC questionando sua
constitucionalidade e que ele fere gritantemente a lei 8666/93, ADI 4645 e 4655.

11.3 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS.

Nesta parte analisaremos os contratos celebrados pela Administração Pública. Partindo da ideia
básica de que o contrato é o ajuste de vontades, é a avença onde as partes estipulam regras para si em
um documento formal. A Administração Pública como pessoa jurídica que é esta apta a celebrar contratos
das mais variadas formas e assim adquirir e contrair direitos e obrigações na esfera jurídica. O Estado é
capaz de Firmar pactos bilaterais variados, desde que sejam respeitados, sempre, a lei e o justo limite de
produção bem-estar social.

A doutrina faz uma distinção entre os Contratos Administrativos e os Contratos da


Administração. Os Contratos da Administração são os contratos regulados pelo direito civil, oriundo do
“jus gestionis” e nele o Estado não utiliza sua supremacia. Já os Contratos Administrativos tem suas
normas especiais destinadas pelo Poder Público e essencialmente neles há o uso da sua supremacia, deve
se ler para esta última: princípio da supremacia do interesse público sobre o privado.

Quanto aos contratos denominados contratos administrativos há divergência doutrinária sobre a


sua existência. Três correntes sobre o tema são idealizadas: 1. A que nega a existência de contrato
administrativo. 2. A que entende que todos os contratos celebrados pela Administração são contratos
administrativos. 3. A que aceita a existência dos contratos administrativos, como espécie do gênero
contrato, com regime de direito público, derrogatório e exorbitante do direito comum. Esta última é a
majoritária.

 Conceitos Doutrinários: O professor José dos Santos conceitua contrato administrativo como “o
acordo de vontades com objetivo determinado, pelo qual as pessoas se comprometem a honrar as
obrigações ajustadas.” Maria Silvia Zanella di Pietro diz que os contratos administrativos como “ Os
ajustes que a Administração, nessa qualidade, celebra com pessoas físicas e jurídicas, públicas ou
privadas, para a consecução dos fins públicos, segundo regime jurídico de direito público.”

 Características dos Contratos Administrativos: Nos contratos administrativos podemos identificar


características especiais e características comuns aos contratos regidos pelo direito civil.

 Formalidade: é o respeito aos princípios da formalidade e da especificidade. A formalidade nos diz


que os contratos tem forma escrita como regra geral, apesar de exceção dentro da lei 8.666/93 com
o contrato verbal. A especificidade nos diz que as regras devem ser rigorosamente respeitadas.

 Comutatividade: é a regulação de vantagens recíprocas para as partes dentro da avença. O contrato


tem como pressuposta a disposição de vantagens para contratante e contratado.

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 Consensualidade: é basicamente o acordo de vontades, esta vontade dentro da relação obrigacional
deve ser livre e desimpedida, sem nenhum tipo de vício de vontade previsto na legislação civil.

 Onerosidade: os contratos administrativos são onerosos, a eles é vedada a gratuidade em respeito


ao art. 170 da CF.

 “Intuito Personae”: A regra é que o contratado deve realizar o objeto do contrato pessoalmente e
não por interposta pessoa. A possibilidade de subconcessão ou subcontratação deve vir expressa no
edital da licitação que é o embrião do futuro contrato.

 Bilateralidade: é a estipulação de obrigações para ambas as partes. Tanto a Administração quanto o


contratado em deveres na relação obrigacional estabelecida e formalizada no contrato.

 Natureza de Contrato de Adesão: O contrato administrativo não é um contrato de adesão nos


moldes do direito civil, mas ele tem a natureza deste contrato, pois a Administração Pública
determina parte das regras do jogo de forma prévia. Ex: Cláusulas Exorbitantes.

 Administração Pública em um dos polos: é estrutural para este tipo de contrato.

 Interesse Público: Ele deve ser o objetivo e a meta a ser buscada no contrato administrativo.

 Licitação: é a regra geral para a produção destes contratos, exceto nos casos de contração direta
previstas na lei.

 Cláusulas Exorbitantes: é a presença do princípio da supremacia do interesse público sobre o


privado dentro dos contratos administrativos. Previstas na legislação pertinente aos contratos
administrativos.

Cláusulas Exorbitantes : São prerrogativas conferidas à Administração Pública dentro da relação


obrigacional e que serão, tecnicamente, usadas na defesa do interesse social. Estas cláusulas se existentes nos
contratos regidos pelo direito civil são consideradas ilegais por desequilibrarem a relação contratual. As cláusulas
exorbitantes se apresentam dentro dos contratos das seguintes formas:

1. Alteração Unilateral: Prerrogativa da Administração Pública em alterar o estipulado no ajuste entre as


partes de forma unilateral. Pode acontecer de duas formas:

• modificação do projeto ou das especificações do mesmo, como fim de melhorar adequação técnica aos
fins do contrato.

• modificação do valor em razão do aumento ou diminuição quantitativa do objeto contratual.

Observação importante: Em todos os casos cabe reembolso dos gastos decorrentes devidamente comprovados pelo
contratado.

2. Recisão Unilateral: Prerrogativa da Administração Pública em rescindir o contrato entre as partes de


forma unilateral. Quem das partes der causa a rescisão por culpa é responsável pela indenização.

Observação importante: A exceção de contrato não cumprido, defesa própria do direito civil, em que se concentra
no fato de uma parte deixar de cumprir o acordado no contrato caso a outra não cumpra a sua, prevista no artigo
476, Código Civil, não é possível nos contratos administrativos, eis que estes tem que obedecer ao Principio da
Continuidade.

 Equilíbrio econômico-financeiro do Contrato:Há necessidade de se preservar o contratado, de


protegê-lo contra as possíveis arbitrariedades do Estado, desta forma a estrutura doutrinária criou o
equilíbrio econômico-financeiro do Contrato que é a segurança de proteção e o resguardo do
objetivo lucrativo do contrato.

É forma de proteção ao contratado e se organiza em torno da denominada a Equação econômico-


financeiro do Contrato, esta equação é a relação de adequação entre o objeto e o preço que deve estar presente ao
momento em que se firma o contrato, mantendo o equilíbrio do mesmo.

Nesta relação obrigacional, a Administração Pública pode exigir a apresentação de Garantias pelo
contratado. Todas as garantias previstas na legislação civil, o inverso não é permitido, pois os bens públicos não
podem ser onerados. Os contratos administrativos são celebrados sempre por prazo determinado e vinculado aos
créditos orçamentários. A regra geral do contrato é 1 ano. Há exceções como nos casos de: I – projetos

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contemplados no plano plurianual; II – serviços de forma continuada – 60 meses – prorrogação por até 12 meses; III
– aluguel de equipamentos ou utilização de programas de informática – 48 meses.

 Mutabilidade dos contratos administrativos:É a possibilidade de alteração ou de modificação dos


contratos administrativos. Os contratos administrativos devem acompanhar o dinamismo social, pois
o Estado é um prestador de serviços, e estes serão instrumentalizados através dos contratos. A
doutrina assevera que há fatos que interferem no contrato administrativo, eles são chamados de
“Álea”. A álea é um acontecimento futuro que interfere no equilíbrio do contrato.

Há duas espécies de álea, a “Álea ordinária” e a “Álea extraordinária”. A álea ordinária é um


acontecimento desfavorável e previsível que interfere no equilíbrio do contrato, ela faz parte do chamado risco da
atividade empresarial. A álea extraordinária é um acontecimento futuro e imprevisível, que produz uma
onerosidade excessiva no contrato e é somente esse tipo de evento que promove a alteração dos contratos
administrativos.

 “Áleas extraordinárias”: A doutrina considera como áleas extraordinárias, que promovem a


alteração dos contratos os seguintes acontecimentos: Fato da Administração; Fato do Príncipe;
Teoria da Imprevisão; Caso Fortuito; Força Maior e a cláusula exorbitante Alteração unilateral dos
contratos; (esta última é controvertida).

 Fato da Administração: É qualquer conduta ou comportamento comissivo ou omissivo da


Administração Pública que interfere no contrato. É Fato atual, para parte da doutrina, portanto,
posterior à celebração do contrato. É Fato imprevisível e inevitável imputável a Administração por
isso é chamado de Álea administrativa. Como resultado da interferência o contrato pode ser
suspenso, paralisado ou rescindindo, assim o fato da administração promove a impossibilidade de
execução do contrato.

11.4 Fato do Príncipe

É qualquer medida ou ato lícito da Administração Pública. É chamada álea administrativa. É fato que causa
prejuízo ao contratado. É fato que parte da autoridade responsável pela celebração do contrato. É fato
extraordinário e extracontratual. Como resultado da interferência o contrato pode ser rescindido ou revisto.

Observação importante: Para os temas Fato da Administração e Fato do Príncipe a lei 8.666/93, em seu art. 65, II,
“d”, traz o fundamento legal destes institutos.

 Teoria da Imprevisão:É um fato excepcional, fato imprevisível, fato estranho a vontade das partes,
fato inevitável e denominado álea econômica; Este acontecimento torna a execução do contrato
excessivamente onerosa para o contratado um desequilíbrio muito grande. Como resultado da
interferência o contrato pode ser rescindido ou revisto.

 Caso Fortuito e Força Maior: Os dois temas interferem nos contratos e provocam a impossibilidade
de se cumprir as obrigações estipulas nele. Não há passividade entre os doutrinadores do direito em
definir o que seja caso fortuito ou força maior. Para a doutrina Caso Fortuito é o decorre de eventos
da natureza, como catástrofes, ciclones, tempestades anormais, etc. Força Maior é o que decorre de
um fato causado, de alguma forma, pela vontade humana, como no caso da greve.

Observação importante: O professor José dos Santos tem um entendimento especial, pois ele defende que o
melhor caminho é usar a expressão “fatos imprevisíveis” como gênero que abarcaria os dois termos caso fortuito e
força maior, isto porque, em última análise, os efeitos-resultados são idênticos em ambos os casos. E, ainda, o
núcleo básico de interpretação dos dois institutos é o mesmo: a imprevisibilidade.

QUESTÕES

1) Cespe/2013-TRT- 17ª Região (ES) Analista Judiciário

Em relação aos poderes administrativos, à organização do Estado e aos atos administrativos, julgue os itens
seguintes. 
Considere que, no exercício do poder discricionário, determinada autoridade indique os motivos fáticos que
justifiquem a realização do ato. Nessa situação, verificando-se posteriormente que tais motivos não existiram, o
ato administrativo deverá ser invalidado.
a) Certo ( ) b) Errado ( )

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2 - CESPE - 2013 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa

A respeito dos princípios que norteiam a atuação administrativa e dos poderes da administração
pública, assinale a opção correta.

a) O sigilo quanto ao resultado do exame de capacidade física do candidato, em sede de concurso


público, não afronta o princípio da impessoalidade. 
b) No âmbito da administração pública federal direta ou indireta, a ação punitiva decorrente do
exercício do poder de polícia é imprescritível.
c) Considere que determinado candidato aprovado em concurso público tenha sido nomeado,
mediante a exclusiva publicação no diário oficial, após três anos da data de homologação do
certame. Nesse caso, segundo entendimento do STJ, independentemente do lapso temporal
transcorrido entre a data da homologação e a da nomeação, é presumida a ciência do candidato,
visto que a comunicação por meio de diário oficial é suficiente para atender às exigências do
princípio da publicidade.
d) O exercício do poder regulamentar pela administração pública não se restringe à atuação do
chefe do Poder Executivo, por meio de decreto regulamentar, visto que outras autoridades
podem expedir atos normativos, com fundamento no exercício do mesmo poder.
e) O denominado poder hierárquico é inerente à atividade administrativa, razão por que não se
admite a distribuição de competências na organização administrativa sem que a relação
hierárquica esteja presente no desempenho das atividades.

3- CESPE - 2013 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa

No que concerne à prestação de serviços públicos, assinale a opção correta. 

a) Considere que uma empresa concessionária do serviço de iluminação pública de determinado ente
federativo, alegando inadimplência, tenha suspendido a prestação do serviço. Nessa situação, de acordo
com a jurisprudência, o inadimplemento do ente federativo autoriza a suspensão do serviço essencial de
iluminação pública, afastando legitimamente a aplicação do princípio da continuidade.
b) A prestação de serviço público é orientada pelo princípio da obrigatoriedade, segundo o qual o Estado tem
o dever jurídico, e não uma mera faculdade discricionária, de promover a prestação do serviço público.
c) Dado o princípio da igualdade, os serviços públicos devem ser prestados de modo isonômico a todos os
usuários, vedando-se, em qualquer caso, o estabelecimento de tarifas diferenciadas.
d) O princípio da transparência, aplicável ao serviço público, não assegura ao usuário o direito de receber do
poder concedente e da concessionária informações de caráter coletivo, mas apenas de interesse individual. 
e) O Estado pode delegar a prestação de serviços públicos a particulares, por meio de concessão ou
permissão, porém eventuais prejuízos causados aos usuários pela prestação desses serviços são de
responsabilidade direta e objetiva do Estado.

4 - CESPE - 2013 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa Disciplina: Direito
Administrativo | Assuntos: Atos administrativos; 

No que se refere aos atos administrativos, assinale a opção correta.

a) A convalidação, que ocorre quando o ato administrativo está eivado de vício sanável, produz efeitos ex
nunc, sem retroagir, portanto, para atingir o momento em que tenha sido praticado o ato originário.
b) O princípio da presunção de veracidade, atributo do ato administrativo, não impede que o Poder Judiciário
aprecie de ofício a nulidade de ato administrativo.
C) Em decorrência do atributo da autoexecutoriedade dos atos administrativos, a administração pública pode
interditar estabelecimento comercial irregular independentemente de autorização prévia do Poder
Judiciário.
d) O motivo, requisito do ato administrativo, é definido como a exposição escrita das razões que
justificam a prática do ato pela administração.
e) A revogação pode atingir os atos administrativos discricionários ou vinculados e deverá ser emanada
da mesma autoridade competente para a prática do ato originário, objeto da revogação. 

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5- CESPE - 2013 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa

No que se refere ao instituto da licitação, assinale a opção correta.

a) É inválido o ato de revogação de licitação fundamentado no comparecimento de um único licitante ao


certame. 
b) Configura hipótese de inexigibilidade de licitação a contratação de fornecimento de energia elétrica e gás
natural com concessionário autorizado.
c) No pregão, assim como nas demais modalidades de licitação, a homologação antecede a adjudicação.
d) O dever de realizar procedimento licitatório estende-se às instituições privadas quando suas compras,
aquisições, serviços ou alienações envolverem recursos repassados voluntariamente pela União.
e) Caso determinado administrador público, durante procedimento licitatório, não observe uma das
formalidades previstas na lei, independentemente da natureza do ato formal inobservado, o procedimento
deverá ser declarado nulo, em atenção ao princípio do formalismo procedimental, que norteia a atuação
da administração pública nas licitações.

6- CESPE - 2013 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa

Acerca do processo administrativo e dos servidores públicos, assinale a opção correta com base na legislação e
na jurisprudência.

a) É absoluta a regra que exige a divulgação oficial dos atos administrativos, assim como a que determina a
motivação obrigatória dos atos administrativos.
b) No âmbito do processo administrativo, além das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos
administrados, a interpretação da norma administrativa deve ser realizada da forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa da nova interpretação.
c) A legislação de regência veda, em caráter absoluto, a cobrança de despesas processuais no processo
administrativo.
d) Quando a administração pública, ao interpretar erroneamente a lei, efetuar pagamentos indevidos ao
servidor, os valores recebidos deverão ser restituídos, ainda que caracterizada a boa-fé do servidor.
e) Como a natureza da vinculação estabelecida entre servidor e Estado é de caráter legal, a legislação
posterior não pode alterar o regime jurídico originariamente estabelecido, tendo o servidor, de acordo com
o STJ, direito adquirido ao regime jurídico estabelecido no ato da vinculação.

07 - CESPE - 2013 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa

Considerando o disposto na Lei de Improbidade Administrativa, assinale a opção correta.

a) Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público, caberá à autoridade administrativa
responsável pelo inquérito determinar a indisponibilidade dos bens do indiciado.
b) Os atos de improbidade administrativa praticados por todas as categorias de agentes públicos, servidores
ou não, serão punidos na forma da Lei de Improbidade Administrativa, estando o sucessor daquele que
causar lesão ao patrimônio público sujeito às cominações dessa lei, até o limite da herança.
c) O agente que adquire para outrem, no exercício do mandato, bem cujo valor seja desproporcional à
evolução do seu patrimônio ou renda pratica ato de improbidade administrativa que atenta contra os
princípios da administração pública.
d) O servidor que permite a utilização de veículo de propriedade do ente público em serviço particular pratica
ato de improbidade que importa enriquecimento ilícito.
e) O servidor que, indevidamente, retardar a prática de ato de ofício não estará sujeito a qualquer sanção
prevista na Lei de Improbidade, pois, segundo a legislação de regência, a conduta descrita como ato de
improbidade que atenta contra os princípios da administração pública consiste em deixar de praticar ato de
ofício.

07 - CESPE - 2013 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa

Com base no que dispõe a lei que trata das carreiras dos servidores do Poder Judiciário da União, assinale a
opção correta.

a) O denominado adicional de qualificação é devido ao servidor a partir do ato de deferimento do pedido pela
chefia imediata.
b) Observados os requisitos legais, é assegurado ao servidor designado para o exercício de função
comissionada o recebimento da gratificação de atividade externa.

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c) É vedada a remoção de servidor da justiça militar para a justiça do trabalho.
d) No que se refere à progressão funcional, não se exige o interstício de um ano entre a movimentação de um
padrão para o outro; em se tratando de promoção do servidor, é indispensável que seja observado o
interstício de um ano em relação à progressão funcional imediatamente anterior.
e) O servidor das carreiras dos quadros de pessoal do Poder Judiciário que, cedido para órgão da União para
ocupar cargo em comissão, optar pela remuneração do aludido cargo não poderá perceber a gratificação
judiciária durante o período de afastamento.

08-  CESPE - 2013 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa

Com base no regime disciplinar do servidor público, assinale a opção correta.

A) A penalidade de demissão não poderá ser aplicada ao servidor caso não haja registro, em sua vida
funcional, de imposição prévia de qualquer outra sanção disciplinar.
b) Constitui penalidade administrativa a decisão que conclui pela inabilitação do servidor em razão do não
preenchimento dos requisitos do estágio probatório.
c) A conduta do servidor que se vale do cargo para lograr proveito pessoal em detrimento da função pública
não enseja a aplicação da penalidade de demissão.
d) Em decorrência do princípio da legalidade, é vedada a conversão da penalidade de suspensão em multa.
e) Na hipótese de acumulação ilegal de cargos, a infração será apurada mediante processo administrativo
disciplinar sumário conduzido por comissão disciplinar composta por apenas dois servidores estáveis.

9 - ISAE - 2011 - AL-AM - Analista - Controle


As alternativas a seguir apresentam elementos que compõem o ato administrativo, à exceção de uma.
Assinale-a.
a) Finalidade.
b) Forma livre.

c) Competência.

d) Objeto.

e) Motivo

10 - ISAE - 2011 - AL-AM - Analista - Controle

Assinale a alternativa que prevê a forma pela qual poderá ocorrer a rescisão do contrato administrativo.

a) Amigavelmente, mesmo não sendo conveniente para a Administração Pública.


b) Judicialmente, nos termos da legislação.
c) Unilateralmente, por ato informal da Administração Pública.
d) Unilateralmente, pelo contratado, nos casos de atraso superior a 30 (trinta) dias dos pagamentos
devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já
recebidos ou executados.
e) Unilateralmente, por ato formal da Administração, no caso de não liberação, por parte da
Administração, de área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos
contratuais, bem como das fontes de materiais naturais especificadas no projeto.

GABARITO: 1) A 2) C 3)D 4)C 5) D 6)D 7)B 8)B 9)B 10)B

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REFERÊNCIAS

____________ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: citações


em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

___________ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação – sumário –


apresentação : NBR 6027:2003. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

_________ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação – referências –


apresentação : NBR 6023:2002. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, 25ª edição, Atlas, 2012.

CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de Direito Administrativo. 18. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2003.

FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 2ª edição.São Paulo: Malheiros, 1995, p. 398.

GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004.

JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e contratos administrativos. 10. ed. São Paulo: Dialética,
2004.

MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo, 2ª edição, Saraiva, 2012.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 27ª edição, Malheiros, 2002.

MADEIRA, José Maria Pinheiro. Administração pública: centralizada e descentralizada. 2. ed. Rio de Janeiro:
América Jurídica, 2004.

NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2005.

PIETRO, Maria Sylvia. Zanella Di. Direito administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas,2012.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23.ed. São Paulo: Malheiros, 2003.

Notas:

1. Rev. Procuradoria geral. V.12/10 Apud. Cretella Jr. José, pág.06

2. Súmula 473 e 346 STF

3. Súmula Vinculante n.27

4. Lei. 8.112/90 art. 116.

5. Lei 9.784/99 art.2º Inc. VI § único.

6. Decreto Lei. 200/67 art. 5º,I.

7. ADI 1717/DF STF

8. Lei 11.079/04 Art. 4º III

9. STF. RE 85.314 Dj.2678.

10. Lei 8.666/93 Art. 48 §3º.

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