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Aspectos a ter em conta na redacção da tese

de licenciatura no Departamento de Fı́sica da


Universidade Eduardo Mondlane

Email: fisica.medica@uem.mz

Secção de Fı́sica Médica, Departamento de Fı́sica, UEM

Julho, 2016
Resumo

René Descartes criticava cientistas que-se vangloriavam cada vez que tornavam difı́cil a
explicação de fenómenos que seriam muito bem clarificados com recurso a meios simples,
incluı́ndo o senso comum, que também pode ser uma fonte intestimável de pensamento ci-
entı́fico, como por exemplo a intuição: ”penso, logo existo”. O método pode ser aplicado para
clarificar um processo, do mesmo modo que Descartes usou seu método (dúvida metódica)
para chegar ao seu princı́pio filosófico ”penso, logo existo”. Por causa do método, a Fı́sica
tornou-se famosa e destinguiu-se das outras ciências, por isso o método deve ser uma herança
para os estudantes de Fı́sica, os quais deviam usar esta riqueza para tornar suas redacções
cientı́ficas mais claras e objectivas. Apesar de existirem vários documentos orientadores sobre
redacção de teses de licenciatura verificam-se erros recorrentes durante o processo de revisão
das mesmas. O objectivo primordial deste trabalho foi de contribuir um pouco na produção
de um instrumento que ajudasse estudantes do Departamento de Fı́sica da Universidade
Eduardo Mondlane a reduzirem erros vulgares nos seus trabalhos de licenciatura e com isso
economizar o tempo de supervisão para análise e discussão de questões mais relevantes da
tese. Este trabalho baseou-se na experiência colhida no processo de supervisão e correcção
de teses de licenciatura de estudantes do Departamento de Fı́sica. Experiências colhidas na
interação com os estudantes via emails colectivos e whatsapp, mostraram, que alguns erros
corriqueiros podem ser sanados se o mesmos forem prospectiva e colectivamente discutidos.
Por isso, concluı́-se que existe a necessidade de continuar a pesquisar e aprofundar métodos
direccionados para cada grupo de estudantes sobre como elaborar uma tese de licenciatura
objectiva, clara, e bem redigida.
Conteúdo

1 Introdução 4

2 Protocolo de Licenciatura 6
2.1 Artigos open access . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Poço intelectual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3 Estrutura do trabalho 9
3.1 Capa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2 Resumo (Abstract) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.3 Índice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.4 Acrónimos
e abreviaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.5 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.5.1 Pergunta de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.6 Materiais e métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.7 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.8 Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.9 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.10 Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.11 Apêndice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

4 Representação gráfica 13
4.1 Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4.2 Powerpoint/beamer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

5 Operação Comando 14
5.1 Simulações
Monte Carlo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

6 LATEX 16
6.1 A batalha do LATEX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7 Plágio 17
7.1 Auto-plágio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

8 Relacionamento entre estudante, supervisor e oponente 19


8.1 Necessidade de bom relacionamento
de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
8.2 Como reagir a um
supervisor chato? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
8.3 Preparação para a
defesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
8.4 O oponente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
8.5 Hierarquia académica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

9 Depois da Licenciatura 22
9.1 Empreendorismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
9.2 Mestrado e Doutoramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
9.3 Importância da lı́gua inglesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
9.4 Tecnologias
de informação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
9.5 Publicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

10 Conclusão 25
Capı́tulo 1

Introdução

Apesar de existirem muitos manuais ou tentado a abarcar um vasto leque de teorias,


documentos sobre como redigir uma tese de correndo o risco de abordar teorias que não
licenciatura, muitos trabalhos de pesquisa no são relevantes, não estão directamente relacci-
Departamento de Fı́sica (DF) da Universi- onadas ou não foram usadas na sua pesquisa.
dade Eduardo Mondlane (UEM) continuam
a exibir erros triviais que, doutro modo, se- A nı́vel da UEM, incluı́ndo no DF, existem
riam facilmente sanados. Ademais, nota-se instrumentos orientadores muito importantes
que muitos estudantes cometem erros simila- sobre como produzir um Trabalho de Licen-
res no decurso da redação de suas teses, facto ciatura (TL) de boa qualidade; entretanto,
que gasta tempo considerável da supervisão algumas dessa ferramentas foram concebidas
na correcção de erros corriqueiros. Os estu- para responderem questões gerais dos estu-
dantes da Secção de Fı́sica Médica (SFM) dantes da Faculdade de Ciências (FC) ou do
não estão imunes a estas anomalias. Na ver- DF. É normal assumir que, de quando em
dade pode ser aborrecido ter que corrigir um vez, esses instrumentos normativos, precisam
mesmo tipo de erro a vários estudantes, o ser actualizados, aprofundados e especializa-
que pode acontecer quando a comunicação e dos de modo a tomarem em conta os desafios
interação académica entre os mesmos é fraca, encarados pelos estudantes num determinado
não obstante a abundância de meios sociais espaço e tempo. Por exemplo, algumas nor-
de comunicação como por exemplo o what- mas se focalizam mais na aparência da tese
sapp, facebook, que podem ser usados por como margens, espaçamento, tamanho do
estudantes para partilharem e discutir como tı́tulo, subtı́tulos, etc ..., do que na definição
evitar alguns erros comuns. de normas que conducentes a um trabalho
lógico e de fácil compreensão.
Por exemplo, um dos erros recorrentes re-
side no facto de o autor da tese de licenciatura O objectivo deste pequeno relatório, foi
não definir com clareza o seu público alvo, o de contribuir para a redução de alguns er-
que faz com que o estudante, na tentativa ros comuns apresentados por estudantes do
de demonstrar o seu conhecimento, se sinta DF nas suas teses de licenciatura; entretanto,
este não é nenhum documento oficial do DF A ideia de escrever este documento sur-
e o seu uso é de responsabilidade individual giu da necessidade em dar algumas dicas ge-
e não pretende substituir os documentos ofi- rais aos estudantes finalistas na SFM do DF,
ciais normativos sobre teses de licenciatura. e deste modo, de alguma maneira facilitar o
processo de supervisionamento dos seus TLs.
Capı́tulo 2

Protocolo de Licenciatura

O Protocolo de Licenciatura (PL) marca o terminado espaco e tempo. Neste prisma, o


inı́cio oficial do TL. Mesmo em caso de poste- estudante pode ser visto como o CEO 1 do seu
rior mudança de tema, o PL é um importante próprio TL.
contributo para o TL, pois é fácil redirecio-
nar do que direccionar um estudante. O PL É muito importante respeitar a duração
permite o estudante identificar e concentrar- da execução do TL e é prudente assumir que
se no foco do seu TL. Pode observar-se que todas actividades sugeridas pelo supervisor
pode até ser difı́cil supervisionar um estu- são ezequı́veis desde que o estudante disponi-
dante talentoso, se este não tiver foco e metas bilize tempo e dedição. Todavia, o estudante
concretas. Por exemplpo, algumas demoram deve ter em conta que o TL não depende so-
terminar devido ao facto de estudantes não se mente da equipa de supervisão, ele depende,
focalizarem nas suas metas e nem tanto por acima de tudo, do estudante, que é verdadei-
causa de falta de capacidade. ramente o dono do trabalho.

Conduzir um bom TL é sobretudo um pro- É sempre uma boa atitude não completa-
cesso de gerência e requer planificação minuci- mente depender do seu supervisor através da
osa. O trabalho de campo involve observação, criação de actividades alternativas em caso
medição e análise dos resultados. Esses três de demora ou inexistência de orientação do
aspectos devem ser abordados no PL e ade- supervisor. Com efeito, não é producente es-
quadamente gerenciados durante a execução perar que cada orientação ou cânone sobre o
do trabalho. Um dos sintomas de gerenci- seu TL venha do seu supervisor. Mesmo com
amento inadequado pode ser a demora sem uma boa supervisão, estudantes independen-
justificações plausiveis em apresentar uma tes tem se revelado ser uma mais valia em
tese de licenciatura concluı́da. todos aspectos.

O TL pode ser visto como um produto Durante a colheita de dados ou redação


comercial a ser lançado no mercado num de- da tese não faça anotações sobre um TL em
1
Chief executive officer
papeis soltos ou papelinhos, pois estes po- lidade precisam de tempo e concentração con-
dem facilmente se perder; por isso, é conve- siderável. Por isso, não repugna que os mos-
niente arranjar um caderno onde possa fazer teiros, devido ao seu potencial para silêncio,
anotações diárias sobre o seu TL, incluı́ndo reflecção, e concentração, deram origem as
medições feitas, e a data em que as activida- universidades. É recomendável durante a re-
des foram realizadas. É preciso ter em conta dacção, o estudante trabalhar mais de 8 horas
que estas anotações podem ser muito úteis de tempo por dia.
até anos mais tarde depois da defesa do TL.
Durante a execução do TL podem surgir
Pode ser que muitas vezes os estudantes problemas de vária ordem. Quando alguma
cometem erros por falta de conhecimento, ideia proposta pelo supervisor não esta funci-
talvez causada por uma aprendizagem defi- onando, o estudante deve e tem o direito de
citária ao longo do curso. rapidamente notificar as estruturas compe-
tentes no sentido de se procurar uma saı́da
Tem sido comum nos textos de alguns es- que funcione em vez de ficar se acomodando
tudantes notar certo exagero no uso de letras num beco sem saı́da. Alternativamente, os
maiúsculas. É preciso ter em conta que le- estudantes também podem ter ideias inte-
tras capitais são reservadas para substantivos ressantes e alguns têm mostrando e demons-
próprios, nomes, inı́cio de frases, etc. trando isso. Por exemplo, existem muitas
teses no DF cujos temas foram concebidos e
propostos por estudantes.
Todas palavras em lı́ngua estrangeira de-
vem ser exibidas em itálico.

Escrever o seu nome no cabeçalho ou ro- 2.1 Artigos open access


dapé de todas as páginas pode denotar infan-
tilismo ou orgulho exagerado. Talvez tal seria Apesar de ser difı́cil aceder a certos jornais ci-
necessário numa obra com capı́tulos elabora- entı́ficos em algumas partes do globo, existem
dos por diferentes autores. vários artigos (open access articles) gratuita-
mente acessı́veis. Explore esse tipo de arti-
Referir também que é importante que o gos caso não tenha outra forma de aceder a
estudante escolha um supervisor que tenha jornais cientı́ficos credı́veis e evite citação de
conhecimentos sólidos na matéria a que se fontes não fidedignas.
propõe pesquisar.

2.2 Poço intelectual


Quando não existe boa planificação e os
prazos se aproximam, a preocupação pode Um dos aspectos a considerar antes do PL é
despistar o estudante. Uma advertência para reflectir sobre como produzir uma obra com
os que estão a trabalhar ou a dar aulas é que qualidade de um trabalho de licenciatura. A
a execução e redação de um TL com boa qua- diferança de nı́vel de conhecimento entre uma
tese de licenciatura, mestrado ou doutora- mesmo se o volume de informação entre as
mento é a profundeza do conhecimento abor- teses for igual. A teoria do poço intelectual
dado; isto é, se os três nı́veis de conhecimento implica que a densidade do poço intelectual
abordam o mesmo tema, o nı́vel de reflecção aumenta à medida que avançamos da licen-
e esforço exigido para digerir a tese de dou- ciatura para o doutoramento, isto é, torna-
toramento será maior que do que para a tese se cada vez mais difı́cil obter conhecimento a
de mestrado, que por sua vez será maior em medida que a profundidade do poco intelec-
relação a tese de licenciatura. Isto é verdade tual aumenta.
Capı́tulo 3

Estrutura do trabalho

Público alvo monografia é uma forma de artigo cientı́fico


e deve dirigir-se a pessoas iniciadas numa de-
Redigir um bom TL é um desafio muito im- terminada área de investigação. Com efeito,
portante. Escrever uma tese de licenciatura boa parte da estrutura de uma tese de licen-
não é produzir um ensamble de material co- ciatura tem a ver com um artigo cientı́fico.
piado da internet ou de outras fontes, é sim A seguir apresenta-se uma estrutura tı́pica de
desenvolver seu pensamento crı́tico sobre um um TL.
certo tema de pesquisa e mostrar maturi-
dade em desenvolver e executar um pequeno
3.1 Capa
projecto, de forma independente. Ademais,
alguns estudantes irão assumir cargos de che- Deve conter o nome da Universidade, Facul-
fia no futuro e, podiam começar a mostrar dade, Departamento, tı́tulo da tese, nome do
capacidade de liderança e pensamento in- estudante, nomes dos supervisores, data (mês
dependente no processo de execução do seu e ano) de conclusão do relatório. Consulte a
projecto de licenciatura. maneira como aparecem os tı́tulos de artigos
cientı́ficos e com ajuda de seu supervisor ela-
Não poucas vezes, acontece que muitos bore um tı́tulo adequado para o seu trabalho.
estudantes pretendem explicar cada conceito O tı́tulo do TL e do PL podem ser diferentes.
como se o TL fosse um caderno para a esco-
linha, o que faz com que o trabalho perca a 3.2 Resumo (Abstract)
qualidade de um TL, e pode levar o estudante
a abordar tópicos que não são necessários ou Um pequeno resumo do TL que não exceda
não estão directamente relacionados com a 200 palavras. É importante notar que um re-
sua pesquisa. É preciso tomar em conta que sumo não é introdução. O resumo deve incluir
ao redigir a tese, o estudante deve expor com detalhes dos materiais e métodos, resultados
clareza o seu conhecimento de modo que um e discussão. Adicionalmente, o objectivo e a
leitor do mesmo nı́vel ou nı́vel superior que conclusão devem estar lá patentes.
o estudante possa perceber o trabalho. Uma
Note que existirão leitores que não po- que você conduziu. Se fala de raios X para
derão ler o seu TL inteiro, então dê-lhes uma diagnóstico, não precisa falar da teoria do de-
ideia do seu trabalho no resumo. caimento radioactivo. As fórmulas, figuras,
gráficos e tabelas, são instrumentos predilec-
Muitas das publicações cientı́ficas apare- tos na linguagem da Fı́sica. Não deixe os seus
cem em lı́ngua inglesa (veja secção 9.3), por leitores adivinhar, no fim da introdução colo-
isso é boa ideia colocar um resumo em Inglês que claramente quais são os objectivos do seu
depois do resumo em Português. A ambição TL.
da SFM é de no futuro requerer permissão à
UEM para redigir os TLs em lı́gua inglesa, 3.5.1 Pergunta de pesquisa
o que poderá permitir maior internaciona-
A introdução deve com clareza indicar a per-
lização dos nossos graduados.
gunta de pesquisa. Alguns TLs no DF não
clarificam o cerne da questão a ser investi-
3.3 Índice gada, facto que torna difı́cil avaliar as con-
clusões e impacto do TL.
Coloque um ı́ndice claro incluı́ndo aspectos
relevantes da sua tese.
3.6 Materiais e métodos

3.4 Acrónimos Todos os detalhes teóricos e experimentais do


trabalho devem constar nesta secção. Apre-
e abreviaturas sente e explique quaisquer teorias, equações,
etc, que você usou. Todas equações e re-
Se estiver a usar um número considerável de
presentações gráficas devem ser numeradas.
abreviaturas, é muito conveniente iniciar com
Explique como fez, para quê fez e com que
uma lista contendo as descrições relevantes.
equipamento.
Em adição a isto, cada abreviatura deve ser
definida à primeira vez que é usada no texto,
As grandezas fı́sicas devem aparecer em
depois daı́ use apenas a abreviatura.
itálico (equação 3.1); por exemlo, a equação
de equivalência massa-energia é dada por
3.5 Introdução
E = mc2 (3.1)
Coloque aqui a teoria relevante que suporte
O que não são grandezas fı́sicas não apa-
a sua tese, descrição do trabalho feito (in-
rece em itálico; por exemplo, a energia poten-
cluı́ndo background, se possı́vel), descrição da
cial no ponto B é dada por
particularidade do seu estudo, e resultados
esperados, se possı́vel. É neste espaço onde
EB = mghB (3.2)
normalmente são citadas as obras mais im-
portantes consultadas durante a sua pesquisa. e não
(
Use apenas a teoria relevante para o trabalho EB
((( =(mgh
((
B
As unidades por seu turno não aparecem sua discussão, e assim por diante. Consulte o
em itálico; por exemplo, a energia máxima seu supervisor e as normas do Departamento
atingida pelos electrões no a acelerador linear antes de optar por esta via.
clı́nico (LINAC) do DF é de 21 MeV e não
21 MeV .
3.9 Conclusões
Alguns podem considerar esse tipo de cor-
Finalize a sua tese com conclusões claras, que
recções de mesquinhas, entretanto importa
são um breve resumo dos principais assuntos
que é a convenção correcta.
da pesquisa relacionados com os seus resulta-
dos e discussão.
3.7 Resultados
Apresente os seus resultados com a melhor 3.10 Referências bibli-
clareza possı́vel. Qualquer indivı́duo lendo o ográficas
seu trabalho derveria ser capaz de seguir a
sequência dos resultados apresentados. Use Use artigos cienı́tficos como modelo ou peça
gráficos, figuras, tablelas de forma abundante; ajuda a um docente do DF. O importante é
estes devem ser numerados e ter legenda apro- ser consistente com o estilo adoptado tanto
priada resumindo a informaçãoão que eles na citação intra-textual como na produção
contêm. As figuras, gráficos e tabelas de- da lista de referências. Não crie secções den-
vem ser mencionados no texto através do seu tro das referências, use apenas uma única
número, e explicadas ou discutidas no texto. lista, pois se forem referenciados claramente
De outro modo não seriam necessárions e não o leitor saberá distinguir se se trata de um
devem ser incluı́dos. artigo cientı́fico, um livro, ou um material
da internet. Em caso de material pesquisado
na internet, o link http deve constar na re-
3.8 Discussão ferência, incluı́ndo a data em que a consulta
foi realizada. A lista de referências deve ser
Discuta os resultados com o melhor do seu ta-
inserida depois das conlusões.
lento e demonstre que foi você quem executou
e redigiu o trabalho apresentado. Qualquer
Outro aspecto a notar é que existe dife-
leitor do seu trabalho devia ser capaz de en-
rença entre bibliografia e referências. Para o
tender os seus argumentos e discussões acerca
seu TL use a palavra referências ou referências
dos seus resultados. Existe necessidade de in-
bibliográficas.
dicar cristalinamente o que o trabalho alcança
e não alcança e possivelmente como que a sua
pesquisa se relaciona e se diferencia de outros 3.11 Apêndice
estudos. As vezes pode-se colocar ”Resulta-
dos e discussão”na mesma secção, o que signi- Há casos em que o trabalho pode necessitar a
fica; apresenta-se um resultado e segue-se com inclusão de equações extensas, ou requerer a
descrição de algo não directamente ligado aos formação contida no TL. Nesses casos, o ap
objectivos do trabalho como por exemplo uma endice é o lugar adequado para tal informação
peça especial de equipamento, o que pode de importante.
certa forma perturbar a fluidez normal da in-
Capı́tulo 4

Representação gráfica

”One Picture is Worth a Thousand tante não confundir a vı́rgula com o ponto,
Words”. nas casas decimais. Os algarismos significati-
vos devem ser respeitados.

Priorize imagens com melhor contraste.


4.1 Texto Em imagens médicas, por exemplo, imagens
Como foi visto na introdução (secção 3.5) em gray scale são maioritariamente usadas
as fórmulas, figuras, gráficos e tabelas, são em workstations de departamentos de radio-
meios muito convenientes de transmissão de logia por causa do seu melhor contraste em
informação em Fı́sica. Por isso, use esses in- relação à imagens coloridas, duma forma ge-
trumentos como forma de comunicar a sua ral.
reflecção sempre que possı́vel.
Em algumas teses, estudantes copiam
Antes de decidir se vale a pena ler todo imagens borradas da internet, quando sozi-
o artigo cientı́fico ou uma tese, alguns cien- nhos e originalmente podiam produzir figu-
tistas preferem primeiro analisar as figuras, ras com melhor contraste. Aprecie artigos ci-
tabelas e gráficos. Por isso, é importante entı́ficos na sua área de pesquisa para se am-
colocar uma descrição exaustiva em cada re- bientar com maneiras mais adequadas de re-
presentação gráfica, de modo que o leitor presentação gráfica.
tenha uma ideia da figura, tabela, ou gráfico
mesmo sem ter lido todo o artigo. Caso a
4.2 Powerpoint/beamer
representação gráfica esteja bem feita e bem
explicada, pode ser que o leitor fique cativado O powerpoint ou beamer não deve ser enchido
e decida ler toda a tese. de texto, deve ter bom contraste visual, e
deve-se priorizar o uso de imagens, figuras,
Nas representações numéricas é impor- tabelas, gráficos.
Capı́tulo 5

Operação Comando

A Fı́sica é uma área que necessita de co- de forma individual, uma vez laçadas as ba-
nhecimentos sólidos em programação, com- ses. Existem algumas similaridades e também
putação e domı́nio de tecnologias de in- diferenças entre esses sistemas operativos. O
formação. Ubuntu LINUX é uma das versões de LINUX
mais difundidas.
Para ter dominio do computador é impor-
tante que o estudante conheca o seu hardware No mundo informal, existe certa opinião
e software. Seria até recomendável que desde de que um fı́sico que não domina o LINUX
o inı́cio da licenciatura até a defesa do TL, o ou UNIX pode ter limitações consideráveis.
estudante em Fı́sica saiba montar um compu-
tador. É importante dominar pelo menos um Depois de intalar um sistema operativo,
dos sistemas operativos o LINUX, MS DOS, um bom passo a seguir pode ser a intstalação
OS X, UNIX. Por exemplo, existem alguns de uma linguagem de programação, como
erros que podem ser resolvidos apenas medi- por exemplo o FORTRAN ou PYTHON. O
ante o uso da Terminal. Para tirar vantagens PYTHON é uma linguagem de programação
de diferentes sistemas operativos o virtual- que tem ganhando terreno por causa da sua
box, (https://www.virtualbox.org/) tem sido versatilidade.
muito usado. Em adição a isto, é importante
o estudante acessar um computador de forma Nos anos 2000, a linguagem de pro-
remota, aumentar a velocidade de processa- gramação oficial no DF era o PASCAL. De lá
mento e memória de um computador. para cá vários grupos de pesquisa no DF tem
explorado diversas lı́nguas de programação
A operação COMANDO lançada para fi- como o FORTRAN, C++, PYTHON, MA-
nalistas do DF visava promover o uso de pelo TLAB, SciLab, JAVA, e outras, dependendo
menos um dos sistemas operativos LINUX, dos problemas que cada grupo pretende re-
MS DOS, OS X ou UNIX. A operação foi solver.
apenas uma pequena introdução e cada estu-
dante poderá ir explorando e desenvolvendo Não existe nenhuma linguagem de pro-
gramação perfeita para todas aplicações; to- as simulações podem ser usadas para prever o
davia, é importante o estudante de Fı́sica comportamento de aparelhos difı́ceis de cons-
dominar uma determinada linguagem, de pre- truir ou muito caros, incluı́ndo simulações no
ferência as de nı́vel relativamente baixo como universo.
o FORTRAN, C++, porque assim se torna
fácil aprender qualquer outra linguagem de Os tipos e finalidades de simulações po-
programação em caso de necessidade, pois al- dem ser diferentes de secção para secção e,
guns conceitos são bastante similares entre as com efeito, existe uma riqueza enorme de pa-
linguagens. De recordar que há certos paco- cotes de simulação no DF usados por docentes
tes que alguns programadores não preferem nas varias secções.
chamar de linguagens de programação.
Na Fı́sica Médica por exemplo, existem
Os estudantes são motivados a partilhar a vários tipos simulações. Um dos tipos de si-
aprendizagem de antigas e novas linguagens mulação mais usados em Fı́sica Médica são as
de programação disponı́veis no mercado. simulações Monte Carlo (MC) que simulam o
transporte de radiação na matéria. Muitas
dessas simulações são feitas em phantoms de
água com de 30 cm × 30 cm × 30 cm de di-
5.1 Simulações mensão. A água nesses casos pode represen-
Monte Carlo tar uma simplificação do corpo humano ou
de um sistema biológico. Existem variados
Num Departamento com poucas experiências códigos MC, uns com certas vantagens e/ou
laboratoriais como o nosso, a pesquisa usando desvantagens em relação a outros. Para correr
simulações pode ser uma saı́da a conside- um código MC a partir da Terminal é crucial
rar. Mesmo em Departamentos de Fı́sica bem conhecer o sistema operativo e ter no mı́nimo
equipados em várias universidades do mundo, noções fortes de programação.
Capı́tulo 6

LATEX

6.1 A batalha do LATEX comando, pode ser conveniente baixar na


internet modelos já feitos e modificá-los de
Recentemente, os estudantes da SFM foram acordo com os requisitos da sua tese, o que
motivados a usar o LATEXna redacção des suaspode acelerar sobremaneira a sua aprendiza-
teses de licenciatura, numa operação que-se gem. Na verdade os princı́pios do latex são
designou por ”a batalha do LATEX”, onde muito simples. Asseguir apresenta-se alguns
os estudantes instalaram e aprenderam como dos comandos muito importantes do LATEX
usar o LATEX. O LATEX [2] é um editor de num código básico que imprime a frase Hello
texto muito usado em ciências e engenharias world!. O \usepackage{...} pode ter como
e por causa de algumas das suas vantagens argumentos o amsmath, graphicx [2], etc.
em relação a outros editores de texto, alguns
supervisores na área de Fı́sica não aceitam \documentclass{report}
trabalhos de seus estudantes a não ser que \usepackage{...}
sejam redigidos usando o LATEX. \begin{document}

Existem variedades de latex e o estudante


Hello world!
pode instalar a que lhe convier. Caso tenha
dificuldades na instalação, peça ajuda a seus
\end{document}
colegas ou pesquise na internet ou ainda as-
sista videos no YouTube sobre como fazer
uma instalação segura. Em LATEX, um dos grandes desafios
quando-se redige um texto em lı́ngua portu-
A velocidade de aprendizagem do LATEX guesa é a acentuação; por isso, é conveniente
no inı́cicio pode ser lenta mas melhora com a desenvolver ou pesquisar estratégias para mi-
prática. Em vez de aprender comando por nimizar esse problema.
Capı́tulo 7

Plágio

O plágio ou má conduta na investigacção apenas a reproduzir em certa medida segmen-


são uma ofensa muito grave e podem mar- tos das teses. É importante aqui recordar que
car e prejudicar em definitivo a carreira e o a internet como tal não é boa fonte para con-
prestı́gio de um investigador [1]. sultas cientı́ficas; todavia, os sites certificados
(seguros) podem ser consultados.
A pressa ou preocupações de ı́ndole des-
conhecida têm levado estudantes do Depar-
tamento a optarem por práticas eticamente
perigosas na redacção de seus projectos de Sempre que possı́vel, todas figuras da net
final de curso. No DF existem evidências devem ser manualmente reproduzidas pelo
anedócticas de exames de estado que fo- estudante. Isto refere-se sobretudo a diagra-
ram desenvolvidos e produzidos durante uma mas e tabelas, até porque há vezes em que o
única noite e que consistiram maioritaria- contraste das imagens tiradas da internet não
mente na cópia de material da internet. No é bom.
mesmo diapasão, existem TLs com demasiado
material copiado na internet. Estas atitudes
não são correctas e não são consentâneas com
os regulamentos e o prestı́gio da UEM. Existem vários relatos de fraudes
académicas na UEM. Esses acontecimentos
Devido ao difı́cil acesso a artigos ci- e suas consequências nefastas deviam servir
entı́ficos especializados ou obras relevantes, para dissuadir estudantes a não enveredarem
muitos estudantes indulgem-se em copiar e por essas prácticas injustas. No que concerne
sem devida modificação e citação obras de a este assunto, é bom estar alertado que actu-
baixa qualidade na internet. Por outro lado, a almente existem softwares que correm testes
emergência na internet de algumas teses escri- para detectar casos de plágio. Por isso, em
tas em Português tem propiciado um compor- caso de má conduta na pesquisa, a infracção
tamento letárgico em alguns estudantes rela- pode vir a ser detectada cedo ou tarde.
tivamente à investigação, os quais limitam-se
7.1 Auto-plágio plágio (self-plagiarism). O auto-plágio acon-
tece também para estudantes de mestrado e
Alguns estudantes de doutoramento usam seu licenciatura, quando estes reproduzem seus
material de mestrado para suas teses de dou- trabalhos publicados anteriormente. Em ca-
toramento. Estas práticas, dependendo do sos em que uso de material anteriomente pu-
grau de copia ou modificação do material blicado pelo autor é inevitavel, algumas uni-
do mestrado e da regulamentação em vigor versidades exigem que tal seja declarado na
em cada universidade, pode constituir auto- tese.
Capı́tulo 8

Relacionamento entre estudante,


supervisor e oponente

8.1 Necessidade de bom dade e concentração.

relacionamento
de trabalho 8.2 Como reagir a um
supervisor chato?
É muitı́ssimo importante existir uma boa
relação ente o estudante e o supervisor, o que Em primeiro lugar, seja bem educado em
pode facilitar boa fuidez de comunicação, que qualquer correspondência que você faz com
é crucial para um acompanhamento eficaz. o seu supervisor incluı́ndo nos casos em há
É dificil supervisionar um estudante que-se diferença de opiniões entre as duas partes.
comunica pobremente.

Muitos estudantes esquecem-se que du-


Durante a correcção do seu TL considere rante a realização do trabalho do campo e
o seu supervisor como editor e revisor do seu redacção da tese de licenciatura o estudante
TL e que o objectivo final dele é de que o e supervisor tem um inimigo comum que-se
estudante produza um trabalho aceitável e chama tempo.
de boa qualidade.
Pode acontecer que o estudante deixe
Para além do seu supervisor é boa ideia
muita coisa acumulada para o fim e durante
ter dois ou mais revisores do seu TL, mesmo a revisão do TL começe a omitir muitas cor-
que estes sejam seus colegas estudantes, no recções e sugestões do supervisor, e perante
sentido de fazerem um proof reading da sua insistência em corrigir o erros, o estudante
tese. pode até ser tentado a considerar o supervi-
sor de chato, achar que deu o máximo, que
Na preparação do TL é muito importante esta correcto e não tem mais nada a melho-
manter calma, alto sentido de responsabili- rar, acima de tudo já está stressado. Por sua
vez o supervisor quer um trabalho de certa seu ponto de vista. Muitos supervisores aca-
qualidade e pensa que o estudante não está a bam cedendo perante uma argumentação bem
trabalhar seriamente. lógica. Por favor, opte por essa via em vez
de ficar a murmurar ou falar outras coisas a
Estudantes de primeiras águas sentem- cerca do seu supervisor, converse, peça ajuda
se alarmados e aflitos quando recebem a re- aos colegas e ao seu supervisor. Não existe
visão do supervisor quase toda ela a verme- pior coisa do que ignorar, sem dar nenuma
lho. Alguns pensam que suas ideias estão explicação, as revisões do seu supervisor.
correctı́ssimas e não deviam ser riscadas. Ou-
tros pensam que por terem copiado uma frase 8.3 Preparação para a
num livro ou na internet, o supervisor não vai
poder riscar e quando isso acontece sentem-se defesa
revoltados.
Uma das resposabilidades do supervisor é pre-
parar o estudante para a defesa da tese. É
Seja humilde e tenha em conta que o seu sempre aconselhavel preparar a defesa com
supervisor deve ter visto vários TLs, e por certa antecedência incluı́ndo uma ou mais si-
isso provavelmente tem noção do que é um mulações da defesa na presença de colegas ou
bom trabalho e acha que o seu trabalho ca- um pequeno público. Adicionalmente, é sem-
rece honestamente de melhorias. pre útil simular possı́veis perguntas do opo-
nente. Apresente antecipadamente (em dias),
O estudante consciente deve ter em mente os slides da sua defesa ao seu supervisor.
que ele e o supervisor, ambos têm o objectivo
de terminar o TL com sucesso; entretanto,
o supervisor está também preocupado com a
8.4 O oponente
sua reputação, pois ao fim ao cabo podem É importante ter em conta que por mais bem
outros leitores virem a pergunatr: como é feitos que o seu TL e respectiva defesa este-
que o supervisor x deixou passar um trabalho jam, a missão do oponente não é de ir elogiar
desta qualidade? Por isso reflicta também o seu trabalho. Com vista a testar a firmeza
sobre a qualidade do seu trabalho e não pen- do estudante, o oponente pode até embaraçar
sar que tudo termina com a defesa do mesmo. o candidato, e tem todo direito para tal, o que
não deve ser novidade nenhuma para o estu-
Encare as revisões do supervisor como su- dante, o qual nem deve se achar azarado caso
gestões porque os direitos de autor pertencem isso aconteça. Em boa verdade, bom número
ao estudante; consequentemente, a última pa- de defesas celebradas e aclamadas são as que
lavra é do estudante. Logo, nada de-se alar- tiveram oponentes fortes. Logo, um oponente
mar, a ultima palavra é sua. Em caso de de- forte pode adicionar valor ao TL.
sentendimentos com o seu supervisor, como
estudante responsável, de forma bem edu- Há vezes que o candidato pode perceber
cada, persuada-o e explique-lhe com clareza o a atitude do oponente como sendo focalizada
em desvalorizar o seu trabalho e argumentos. tem muitos fı́sicos pesquisando e trabalhando
É responsabilidade do candidato mostrar ma- na área de defesa e segurança militar. Por
turidade e anular com argumentos cientı́ficos isso, pode ser possı́vel que alguns fı́sicos na
as investidas do oponente. Evite dar campo área militar tenham contribuı́do para a rigi-
para crı́ticas ao seu oponente, eliminando er- dez comportamental e machismo que ainda se
ros corriqueiros e facilmente elimináveis como verificam em muitos grupos de pesquisa em
por exemplo erros gramaticais, acentuação, Fı́sica à volta do globo.
etc.
Algumas instituições por exemplo, evitam
Tal como ao seu supervisor, responda as usar a palavra supervisor e no seu lugar em-
perguntas do seu opontente e outros membros pregam palavras equivalentes todavia mais
da mesa de juri com respeito e dignidade. suaves. A cultura hierárquica na fı́sica deve
ser respeitada mas não deve ser problema
para o estudante.
8.5 Hierarquia académica
Existe também o problema da masculini-
A Fı́sica é uma ciência onde se verifica dade no ramo da Fı́sica no contexto global.
uma disciplina e cultura hierárquica. Basta Pode haver relação entre cultura hierárquica
comparar os termos usados para categorias e masculinidade. Basta observar no nosso De-
académicas e categorias militares. Aliás a partamento a proporção entre docentes femi-
própria palavra academia pode se referir a ninos e masculinos e compara-la à outros De-
estudos universitários civı́s ou militares. partamentos da FC ou outras faculdades da
UEM. Uma proporção similar verifica-se na
Ao longo de vários séculos da história uni- população feminina e masculina que ingressa
versal, pode-se notar que muitos fı́sicos influ- para os cursos do nosso Departamento. Feliz-
entes desempenharam também cargos milita- mente tem-se registado no DF um aumento
res. Por exemplo durante a 2a guerra mundial do número de docentes femininos bem quali-
é facil se notar que houve vários fı́sicos com ficados. A proporção de estudantes femininos
patentes militares. Hoje em dia também exis- no DF tem igualmente aumentado.
Capı́tulo 9

Depois da Licenciatura

Para alguns estudantes de graduação, 9.1 Empreendorismo


pensar no seu futuro depois da defesa da
tese de licenciatura pode ser um dilema; en- Existe uma necessidade urgente de se intro-
tretanto, hoje em dia existem várias saı́das duzir a cadeira de empreendedorismo para
para um estudante graduado em Fı́sica, in- os estudantes de Fı́sica no nosso Departa-
cluı́ndo iniciativas pessoais como o empreen- mento, onde os estudantes iriam aprender e
dedorismo. desenvolver formas de aplicar conhecimentos
de Fı́sica para conceberem startups, que são
uma nova maneira de empreendedorismo e
cujo movimento cresce dia após dia [3]. Adici-
Uma variedade de secções de especia- onalmente, iria-se criar uma rede de contactos
lização no DF permite maior diversificação para partilha de experiências e conhecimento
dos graduados em Fı́sica e consequentemente de startups bem sucedidos. O DF tem poten-
variadas possibilidades de emprego depois cial enorme para se tornar na Silicon Valley
da formação. Uma das grandes vantagens da UEM.
dos graduados em Fı́sica é a sua facilidade
em poderem se converter em especialistas de Como consequência do desenvolvimento
outras áreas que usam a Fı́sica. Por exem- da ciência e da técnica, para empreender em
plo, alguns estudantes podem posteriormente certas áreas requer conhecimento superior e
especializarem-se em diversas áreas incluı́ndo especializado nos nı́veis de mestrado e douto-
alguns ramos de engenharias. ramento.

9.2 Mestrado e Doutora-


Para estudantes que gostariam de con- mento
tinuar com investigação, podem considerar
sobre estudos conducentes ao grau de mes- Existem várias oportunidades para bolsas
trado ou doutoramento. de mestrado e doutoramento dentro e fora
do paı́s. Algumas instituições públicas, or-
ganizações não governamentais, embaixadas, ter éxito na investigação é fortemente reco-
oferecem oportunidades de bolsas intra e in- mendável a aprendizagem do inglês, que é a
ternacionais. Por exemplo, a Associação de de facto a lı́ngua oficial no mundo da inves-
Investigação Cientı́fica de Moçambique (AI- tigação cientı́fica.
CIMO), o International Centre for Theoreti-
cal Physics (ICTP) têm regularmente publi- Outro desafio é que muitas bolsas de es-
cado oportunidades para bolsas. Para além tudo para o exterior do paı́s exigem um cer-
destes organismos, existe uma mirı́ade de ins- tificado de inglês, como por exemplo o test of
tituições que divulgam oportunidades para english as a foreign language (TOEFL) ou o
bolsas de estudo; entretanto, na maioria das international english language testing system
vezes o domı́nio da lı́ngua inglesa é um re- (IELTS). O TOEFL é Americano e IELTS
quisito muito importante para o sucesso nos Britânico.
concursos de apuramento.
Como prática pessoal, pode ser acon-
selhável usar o idioma quando fala com pes-
9.3 Importância da lı́gua soas que dominam o inglês, escutar rádio ou
inglesa assistir televisão emitidos em lı́ngua inglesa,
e claro: muita leitura.
Muitas publicações cientı́ficas são feitas em
lı́ngua inglesa, por isso o conhecimento deste
idioma é muito importante. Em adição a isto, 9.4 Tecnologias
todos paı́ses com quem Moçambique partilha de informação
fronteiras têm o inglês como lingua franca,
o que por sı́ só representa uma motivação Um estudante de Fı́sica que não domina
adiconal para a aprendizagem desse idioma. as tecnologias de informação e comunicação
Ademais, alguns livros muito importantes em (TICs) no mundo hodierno serve-se pobre-
Fı́sica encontram-se publicados apenas em mente do jazigo tecnológico à sua volta.
lı́ngua inglesa. Existe uma mirı́ade de ferramentas tec-
nológicas que podem ser usadas na inves-
Por exemplo, a Fı́sica Médica é uma es- tigação em Fı́sica e melhorar sobremaneira o
pecialidade muito recente que surgiu dos seu conhecimento cientı́fico.
avanços da Fı́sica Nuclear e tecnologia e,
muito material importante existe apenas pu-
9.5 Publicação
blicado em Inglês.
Há vezes que parece que tudo já foi desco-
Como se não bastasse, muitos dos seus do- berto. Contudo, nada podia estar tão dis-
centes no Departamento tem seus artigos ape- tante da verdade como essa afirmação. Com
nas publicados em Inglês. Logo, se pretende efeito, existe ainda um enorme jazigo de co-
conhecer um pouco a cerca da actividade ci- nhecimento novo a ser descoberto.
entı́fica dos seus docentes e deseja singrar e
Muita das vezes as tese de licenciatura no Publicar um artigo num jornal internaci-
nosso Departamento não são uma boa ma- onal pode ser uma actividade muito gratifi-
neira de difundir a pesquisa feita. Por isso, cante e traz consigo a possibilidade de o ar-
se você acredita que recolheu dados de boa tigo tornar-se acessı́vel em várias partes do
qualidade e desenvolveu um bom trabalho de globo para uma audiência maior. Para um
licenciatura, podia considerar publicar seus investigador afiliado à UEM, pode também
resultados em forma de artigo cientı́fico. Fale ser muito importante publicar, especialmente
com seu supervisor ou outro docente com ex- neste momento em que a UEM pretende
periência em publicação de artigos em jornais transmutar-se para uma Universidade mais
internacionais. focalizada na investigação do que na docência.
Capı́tulo 10

Conclusão

Redigir uma boa tese de licenciatura não duzir um trabalho de licenciatura inclúindo
requer apenas bom conteúdo cientı́fico ou arte escrever uma boa tese é também um pocesso
de escrever; necessita também certa ciência e de gestão (management). A tese é um pro-
técnica que guie o processo da redação; exige duto que precisa ser editado e revisto várias
obediência a várias normas e procedimentos vezes antes de ser colocado no mercado para
aceitáveis numa determinada área para que a consumo público. A tese deve ser gerenciada
mensagem ou sinal saia do emissor até ao re- adequadamente.
ceptor sem ser muito deturpado. Enfim, con-
Referências

[1] On being a scientist. A guide to responsible conduct in research. 3rd ed. Washington, D.C.
2009.

[2] Tobias Oetiker, Hubert Parttl, Irene Hyna, Elisabeth Schlegl. The not so short Introduc-
tion to LATEX 2ε , 2006.

[3] Eric Ries. The Lean Startup. Crown Publishing Group. New York. 2011.

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