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1 – Introdução
Todavia os primeiros Estados eram totalitários, ou seja, o Estado fazia as regras, porém
não se sujeitava a elas. Também não havia a participação popular nas decisões tomadas
pelo soberano, tampouco havia a separação de poderes. Desse modo, a população dos
Estados possuía direitos limitados e pouco definidos, sujeitando-se a constantes abusos
do soberano. Somente com a Revolução Francesa é que houve a quebra desse
paradigma, erigindo-se os pilares de um Estado limitado pela lei, baseado na liberdade,
igualdade e fraternidade.
A partir dessa época surge o chamado Estado Democrático de Direito, que nada mais é
do que o Estado que se submete ao império das leis, permitindo a participação popular
nas decisões, e que tem como sistema de freios e contrapesos a tripartição dos poderes,
impedindo assim a concentração do poder na mão de uma só pessoa.
Com relação às instituições policiais, estas surgem ao longo das civilizações com intuito
de manter a ordem nas sociedades primitivas. Inicialmente tinham um papel de garantir
a governabilidade do soberano, atendendo exclusivamente às suas vontades. A polícia
moderna surge no século XIX, mais precisamente na Inglaterra através dos princípios de
policiamento de Robert Peel. No Brasil a primeira instituição é criada no Rio de Janeiro,
no início do século XIX, com a chegada da Família Real portuguesa. Inicialmente ela
representava apenas os interesses da Coroa.
Nesse contexto, o novo modelo de polícia que hoje se apresenta, é voltado para garantir
o pleno exercício da cidadania. Baseia-se na premissa de uma instituição que está
permanentemente junto da sociedade atendendo aos seus anseios de segurança e
respeitando seus indivíduos. A filosofia de Polícia Comunitária é uma dessas vertentes
onde a polícia é parceira da população e junto com ela tenta resolver os problemas,
muitas vezes não criminais, mas que influenciam negativamente nas questões ordem
pública em todos os seus aspectos.
Todavia a corrente contratualista afirma que a vida em sociedade não está baseada
apenas na característica natural inerente ao homem, mas também decorre de um
contrato hipotético firmado entre eles. Esse conceito é apresentado por Platão na obra a
República, onde é feita referência a uma organização social construída racionalmente
(DALARI. 1998, Pg. 9).
Na Idade Média surge a expressão laender ou países, que tinha mais a ver com a noção
de território. (BONAVIDES. 2000, Pg. 73).
Porém a concepção moderna de Estado surge com Maquiavel em sua obra mais célebre,
onde segundo o autor: Todos os Estados, todos os domínios que têm tido ou têm
império sobre os homens são Estados, e são repúblicas ou principados. (MAQUIAVEL.
1987, p.5).
Ainda com relação ao conceito de Estado, existem várias definições, sendo elas
filosófica, jurídica e sociológica, porém o mais importante se refere aos elementos do
Estado que podem ser de ordem formal e de ordem material. De ordem formal existe o
poder político na sociedade. Já com relação aos elementos de ordem material tem-se o
elemento humano e o elemento territorial. (BONAVIDES. 2000, Pg. 74-78).
Quanto ao tema democracia, não é fácil definir um conceito que seja unanimidade pelos
doutrinadores. Todavia, basicamente pode se entender esse termo como sendo a
possibilidade da participação popular nas decisões tomadas dentro de um Estado pelo
seu Governo, que visa principalmente a atender os anseios da população, ou seja, é o
governo para povo exercido por ele diretamente, ou através de seus representantes.
Nesse entendimento a democracia pode ser dividida formalmente em três modalidades:
democracia direta, indireta ou semidireta, tendo cada uma sua peculiaridade no tocante à
participação do povo nas decisões (BONAVIDES. 2000, Pg. 346).
O Estado Democrático de Direito por sua vez é o Estado que se propõe a resguardar os
direitos e garantias fundamentais dos seus cidadãos, através de instituições e
ferramentas que concretizam essas garantias. Nele todos estão sujeitos às regras
jurídicas estabelecidas, principalmente o Estado. Existe ainda no Estado Democrático de
Direito a tripartição dos poderes, havendo um sistema de freios e contrapesos, que tem a
função de limitador jurídico-político da atuação desses entes. Ademais todo
ordenamento jurídico precede de uma constituição, considerada norma suprema, que irá
guiar as demais leis dentro do sistema democrático de direito.
Segundo os diversos autores que falam sobre o tema “polícia”, não existe uma data
precisa quanto ao surgimento das instituições policiais. Todavia, ao longo da história
das civilizações, sempre estiveram presentes pessoas incumbidas de manter a ordem
dessas sociedades. (HIPOLITO. 2012, Pg. 33).
Durante a Idade Média houve uma série de eventos que provocaram desordem no
continente europeu, como guerras, pestes, pilhagens, havendo nessa época um grande
controle social feito principalmente pela igreja. (HIPOLITO. 2012, Pg.36).
Para isso foram desenvolvidos por Peel nove princípios que norteiam o policiamento
desde aquela época:
5 – A Polícia não deve se manter (criar prestígio e autenticidade) apenas com prisões,
não preservando assim o favor público e abastecendo a opinião pública, mas pela
constante demonstração de absoluto serviço abnegado à lei.
6 – A Polícia usa a força física na medida necessária para garantir a observância da lei
ou para restaurar a ordem apenas quando o exercício da resolução pacífica, persuasão e
de aviso é considerado insuficiente.
Nesse contexto é importante trazer o conceito de polícia apresentado por Lazzarini que
a define como sendo (LAZZARINI. 1999, Pg. 12):
Portanto, hoje a definição de polícia é muito mais abrangente, avançando para além das
questões criminais. A polícia atua em qualquer situação de conflito tendo hoje um papel
predominantemente de conciliadora da sociedade.
4 – A Atuação Policial dentro do Estado Democrático de Direito
Conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento jurídico da Nação, tendo por
escopo regular as relações sociais de todos os níveis, do interesse público, estabelecendo
um clima de convivência harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo poder de polícia, e
constituindo uma situação ou condição que conduza ao bem comum.
De modo sintético, segurança pública pode ser considerada como a garantia da ordem
pública, uma vez que esta é objeto daquela, sendo ambas mantidas ou restauradas pelo
exercício do poder de polícia por parte das forças de segurança pública previstas na
Constituição Federal.
O exercício do poder de polícia não é ilimitado, tampouco pode ser deixado ao talante
do policial a estipulação de limites. A própria legislação é que define o alcance e a
legitimidade do mesmo. O uso do poder é prerrogativa da autoridade. Mas o poder há de
ser usado normalmente, sem abuso. Usar normalmente do poder é empregá-lo segundo
as normas legais, a moral da instituição, a finalidade do ato e as exigências do interesse
púbico. Abusar do poder é empregá-lo fora da lei, sem utilidade pública, afastando-se
dos preceitos do estado democrático de direito.
A Polícia é uma das poucas instituições públicas que desenvolve tarefas que interessam
diretamente a toda a população. A manutenção da ordem, a proteção de certos valores
aceitos socialmente, a aplicação das leis, a prevenção e repressão ao crime e a defesa
das condições necessárias para o exercício das liberdades fundamentais constituem-se
nos elementos essenciais para a existência de uma sociedade democrática, cabendo à
Polícia a ininterrupta missão de cumprir com essas atribuições (PRADO, 2008).
A noção de ordem pública já esteve no cerne dos discursos de legitimação das ditaduras.
Para o pensamento autoritário, o fundamental é que tenha lugar uma decisão política
capaz de estabelecer a ordem, de substituir o dissenso político pela adesão, ainda que
imposta pela força, a um determinado conjunto de valores, subtraídos à esfera das
divergências. Se a ordem está em confronto com a lei a opção dos autoritários é sempre
pela ordem.
As Polícias Militares foram criadas sobre bases doutrinárias das Forças Armadas e não
têm sofrido as reformas necessárias para atender as demandas cada vez mais complexas.
Ainda persiste, mesmo que em menor intensidade, um modelo de gestão que as colocam
em rota de colisão com a realidade contemporânea. Paulatinamente a lógica do combate
tem cedido espaço à aproximação. Este parece ser o caminho mais viável.
Ainda de acordo com Bulos (2012, p. 528) garantias fundamentais são as ferramentas
jurídicas por meio das quais tais direitos se exercem, limitando o poder do Estado. Cite-
se, como exemplo, as ações de habeas-corpus e habeas-data, ou ainda a garantia de que
nenhuma lesão ou ameaça a direito será excluída da apreciação do Poder Judiciário
(artigo 5º, incisos XXXV e LXXVII, da Constituição Federal), respectivamente. Deste
modo, os direitos fundamentais cumprem dupla finalidade: de defesa e de
instrumentalização; a primeira permite o ingresso em juízo para proteger bens lesados,
proibindo os poderes públicos de invadirem a esfera privada dos indivíduos. A segunda
(instrumentalização) permite ao particular reivindicar do Estado o cumprimento de
prestações sociais, proteção contra atos de terceiros e a tutela contra discriminações.
Fazer polícia, ao contrário de que muitos apregoam, não consiste somente na colocação
intuitiva de policiais e viaturas nas vias públicas. Há outra dimensão, tão ou mais
importante que esta, fundamentada no pensamento estratégico, no planejamento das
operações táticas e na otimização dos recursos humanos e materiais.
5 – Considerações Finais
Todavia o Estado, ou Império das leis, criou instituições para o controle das pessoas que
fazem parte desse Estado. Em um primeiro momento, Essas instituições policias
serviam apenas para proteger os interesses do próprio Estado, condição essa que não
mais deve prevalecer nos dias atuais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 7. Ed. Ver. E atual. São
Paulo: Saraiva, 2012.
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. Ed. Ver. E Atual. São Paulo: Malheiros, 2000.
DALARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva,
1998.
MAQUIAVEL, N. O príncipe e escritos políticos. Trad. Lívio Xavier. São Paulo: Nova
Cultural, 1987.
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Junior Tatch
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