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Ergonomia e Segurança Do Trabalho: Híbrido
Ergonomia e Segurança Do Trabalho: Híbrido
Ergonomia e
Segurança
do Trabalho
ME. MAÍLSON JOSÉ DA SILVA
Híbrido
GRADUAÇÃO
Ergonomia
e Segurança
do Trabalho
Me. Maílson José da Silva
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
312 p. Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
“Graduação - Híbridos”.
e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
1. Ergonomia 2. Segurança 3. Trabalho. 4. EaD. I. Título. Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
ISBN 978-65-5615-001-7
Design Educacional Débora Leite;Fukushima;
CDD - 22 ed. 331.259 Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey;
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas;
Impresso por: Supervisão de Projetos Especiais Yasminn
Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla
Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock
13
Acidentes do
Trabalho
e Doenças
Ocupacionais
45
Higiene
Ocupacional I
75
Higiene
Ergonomia III
Ocupacional II
115 207
Segurança do
Trabalho na
Ergonomia I
Indústria da
Construção Civil
149 237
Prevenção e
Ergonomia II Combate a
Incêndios
177 271
30 Riscos em uma obra de construção civil
88 Formas de trasmissão de calor
131 Capela de exaustão química
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Maílson José da Silva
Introdução à
Segurança do Trabalho
PLANO DE ESTUDOS
Riscos Ambientais
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar a evolução histórica da segurança do trabalho. • Explicar os processos básicos de gerenciamento de riscos
• Definir os riscos ambientais presentes nos ambientes de ambientais.
trabalho.
Introdução à
Segurança do
Trabalho
UNIDADE 1 15
Bernardino Ramazzini, médico Italiano (1633-1714), destacou-se na história da Segurança do
Trabalho por estudar a exposição de agentes químicos em diversas atividades, relacionando-os com
as doenças dos trabalhadores. Ele observou o acometimento de doenças em trabalhos envolvendo
arsênico, calcário, gesso, tabaco, cereais em grão e corte de pedras.
Diversas iniciativas de proteção respiratória foram desenvolvidas ao longo da história. Leonardo Da
Vinci descreveu o uso de um pano molhado para proteção respiratória e um equipamento denominado
“snorkel”, que permitia o trabalho debaixo de águas. Este fornecia ar proveniente da superfície da água,
por meio de um sistema de tubos e uma boia (TORLONI; VIEIRA, 2003).
BABILÔNIA
Código de Hamurabi (1750 a.C.)
Descrevia a sentença de morte
para arquitetos que projetassem
casas que desmoronasse e
matasse pessoas
Na Modernidade, por outro lado, um meio “bizarro” de proteção respiratória foi usado no período
de 1700 a 1800. Para ser bombeiro, um dos requisitos era que a pessoa tivesse barba grande e densa.
Quando molhada, a barba era tomada nos dentes e usada como protetor respiratório nos combates
a incêndios. Vale destacar que, embora seja um meio bem rudimentar, o “respirador” possivelmente
filtrava gases solúveis em água e particulados maiores que fuligens e cinzas (TORLONI; VIEIRA, 2003).
Projetos de máscaras autônomas (respiradores com fornecimento de ar) foram desenvolvidos nos
anos de 1800. Observe as imagens a seguir que ilustram o uso de dois tipos de respiradores.
Ergonomia – Aspectos
Históricos
UNIDADE 1 17
A ergonomia visa, desde sua gênese, segundo Másculo e Vidal (2011), entender a realidade da
atividade do trabalho. Este entendimento deve ser isento de julgamentos pessoais sobre as coisas, ou
seja, é preciso utilizar observação e coleta de dados sobre os fatos que ocorre no ambiente de trabalho.
Dessa forma, a Ergonomia possibilita uma descrição mais próxima do que realmente acontece no
ambiente de trabalho, no uso e manuseio de um software ou na adoção de um layout organizacional
de trabalho. O que realmente importa é como as coisas acontecem.
Entretanto, os primeiros estudos sobre as relações homem versus trabalho vêm desde a origem
dos tempos. Utensílios de pedra lascada foram miniaturizados para melhoria da manuseabilidade
e aumento de resultados produtivos com eficiência da caça e coleta. Com o ganho de eficiência na
caça, permitiu uma divisão de trabalho diferente e diretamente a um aumento da população de seres
humanos. Passando pelos egípcios, há registros de recomendações ergonômicas para fabricação de
utensílios usados em construção civil e arranjos organizacionais para o canteiro de obra das pirâmides.
Ao avançar em uma viagem através do tempo, podemos observar alusões aos cuidados posturais
com a figura de Leonardo da Vinci e seus estudos sobre a mecânica e medidas do corpo, também co-
nhecidos como biomecânica e antropometria. Além disso, este artista também desenvolveu estudos
nas áreas de toxicologia e patologias do trabalho, advindos de aspectos físicos (temperatura e umidade)
e químicos (vapores e poeiras).
Na virada do século XIX para o século XX, a ergonomia deixa de ser ligada exclusivamente aos
fisiologistas, profissionais que desenvolveram uma série de técnicas, métodos e equipamentos que
permitiram mensurar, de forma efetiva, o desempenho do ser humano, e transforma os engenheiros
como os principais agentes ergonômicos.
Forma-se a Ergonomia Clássica no período pós-guerra, como uma disciplina estruturada a partir
de vários estudos. A partir deste momento, a ergonomia passa a ser entendida de forma mais ampla.
Na sua aplicação, utiliza-se conhecimentos sobre anatomia, fisiologia e psicologia. Observa-se como
o homem se relaciona com o seu trabalho – equipamentos e meio ambiente de trabalho.
No período pós-guerras, especificamente após o término da Segunda Guerra Mundial, surgiu uma
nova vertente da Ergonomia. Ela foi impulsionada pela necessidade de reconstrução da atividade
industrial que foi destruída em decorrência da guerra. Com a necessidade de reconstrução, surgiram
estudos sobre as condições de trabalho. Em especial, na indústria francesa de automóveis Renault, foi
criado um laboratório industrial voltado à Ergonomia. A escola francesa de ergonomia possui uma
questão própria que nos ajuda até os dias de hoje em como entender a importância desta ciência:
como projetar novos postos de trabalho considerando a situação existente? Para tanto, surgiu a Aná-
lise Ergonômica do Trabalho (AET) – ferramenta utilizada e exigida nos dias atuais por força de Lei.
Por meio da AET, o posto de trabalho pode ser concebido de tal forma a ser realmente utilizado pelo
trabalhador no seu dia a dia.
No início do desenvolvimento dos estudos sobre a área, havia três linhas de pensamento: a primei-
ra oriunda das escolas de engenharia com desdobramentos sobre os cursos de desenho industrial; a
segunda da escola brasileira de design; e a última das escolas de psicologia.
Ainda que de forma difusa e pontual, estes estudos determinaram várias contribuições para a ciência
da ergonomia, adaptação de produtos e dos postos de trabalho. Muitas pesquisas evoluíram na área,
além de integrar novos conhecimentos da fisiologia. Neste momento, diz-se que a ergonomia ainda
Instituições de SST
As instituições ligadas à área de segurança e saúde do trabalho estão presentes em diversos países, es-
pecialmente nos Estados Unidos e na Europa existem instituições de referência. Elas desenvolvem boas
práticas, procedimentos e padrões de referência para todos os demais países. No Brasil, como uma das
principais instituições, temos a presença da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina
do Trabalho (FUNDACENTRO) que estuda e pesquisa as condições dos ambientes de trabalho. Ela
produz materiais com orientações e especificações técnicas nas mais diferentes áreas, como no setor
da Construção Civil, na Indústria Química e na Agricultura.
Confira, a seguir, a lista de alguns órgãos e instituições ligados à área de Segurança e Saúde do Trabalho:
• NIOSH (National Institute of Occupational Safety and Health) – agência norte Americana
estabelecida em 1970, focada no estudo da saúde e segurança do trabalhador e no empodera-
mento de trabalhadores e empregadores para criar ambientes de trabalho seguros e saudáveis
(NIOSH, 2018). Dentre os trabalhos desenvolvidos por esta instituição, destacamos o Manual
de Estratégia da Amostragem, para avaliação da exposição ocupacional a agentes químicos.
• OSHA (Occupational Safety and Health Administration): organização que faz parte do
Departamento do Trabalho dos Estados Unidos. Ela estabelece padrões e promove treina-
mentos, educação e assistência na área de Segurança do Trabalho.
• ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists): estabelece limites
de exposição ocupacional para agentes físicos e químicos. Estes limites são usados como
referência no Brasil.
• AIHA (American Industrial Hygiene Association): fundada em 1939, é uma organização
sem fins lucrativos voltada para os profissionais da higiene ocupacional. Estes fazem a an-
tecipação, reconhecimento, avaliação e controle de riscos ambientais (AIHA, 2019).
• ANIMASEG (Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao
Trabalho): congrega empresas fabricantes de material de segurança do trabalho no Brasil
(ANIMASEG, (2020),online)3.
• ABHO (Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais): associação criada em 1994 com
fins de estudos e ações voltados para a Higiene Ocupacional. Por meio desta associação, o
profissional de Higiene Ocupacional pode se qualificar e receber certificação na sua área
de atuação (ABHO, (2020),online)4.
• Ministério da Economia: formado pelo antigo Ministério do Trabalho e Emprego. Este pu-
blicou a portaria n° 3.214, em 1978, que trouxe um conjunto de normas regulamentadoras
com requisitos para o desenvolvimento de trabalho seguro e saudável no campo de trabalho
brasileiro. As normas são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e
pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, desde que possuam empregados
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL, 1978a).
UNIDADE 1 19
Todo trabalho e conhecimento desenvolvido ao
longo dos anos estão voltados para a prevenção de
acidentes e doenças ocupacionais. Como vimos,
ações voltadas para a segurança no trabalho foram
desenvolvidas aos poucos, à medida que doenças
relacionadas ao trabalho foram identificadas e
organizações formadas para defender os direitos
dos trabalhadores foram instituídas. Ao longo dos
anos, a relação entre o trabalho e doenças fica
cada vez mais evidente. Isso acontece porque os
ambientes de trabalho possuem riscos conhecidos
como riscos ambientais que causam essas doen-
ças. A seguir, explicaremos o que são estes riscos.
UNIDADE 1 21
Uma atividade laboral sempre acontece em das pessoas que ali laboram. É preciso avaliar a
um ambiente, seja a céu aberto (construção civil, quantidade de álcool presente no local, o tempo
atividades de agricultura, escavações, capinagem de permanência das pessoas próximo ao produ-
de terrenos, corte de grama etc.) ou em locais to e a concentração do referido agente químico.
fechados (atividades em laboratórios químicos, Podemos afirmar que um agente ambiental pode
aulas, elaboração de projetos de engenharia, sol- se transformar em um risco ambiental quando
dagem de peças metálicas etc.). Esse ambiente, os três elementos natureza, concentração/inten-
por conter uma série de elementos (também cha- sidade e tempo de exposição atuam de forma a
mados de agentes ambientais), como materiais oferecer um risco de agravamento à saúde dos
utilizados no processo de trabalho, equipamen- trabalhadores.
tos, fontes de energia, dentre outros, poderá ofe-
recer risco à saúde daqueles que atuam nele.
Aluno(a), observe o destaque que fizemos no
termo “poderá”. Queremos dizer que um ambien-
te de trabalho pode ou não oferecer risco à saúde Quantitativamente, podemos dizer que “risco” é o
dos trabalhadores. resultado da multiplicação entre a probabilidade
de ocorrência de um determinado evento com o
valor da sua consequência.
UNIDADE 1 23
Observe que a Tabela 1 se refere a limites de tolerância. Esse termo fica exposto a ruídos acima
é muito comum na higiene ocupacional. O limite de tolerância de- de 85 dB(A), será necessário
termina a intensidade ou concentração de um agente ambiental que um equipamento que atenue
não irá causar danos à saúde da maioria dos trabalhadores durante a exposição no ouvido do tra-
sua vida laboral. Isso por que a sensibilidade a cada agente ambien- balhador, no mínimo, para ní-
tal pode variar de pessoa para pessoa. Portanto, nem sempre uma vel inferior de 85 dB(A). Cada
exposição a agente ambiental abaixo do limite de tolerância pode equipamento possui um nível
garantir que não haverá agravos à saúde. Na coluna da esquerda, de atenuação que pode variar
temos o nível de ruído medido em decibéis, e na coluna da direta, em função da frequência de
temos o tempo máximo permissível para o respectivo nível de ruído. som. Isso significa dizer que,
Por exemplo, uma exposição de 85 dB(A) durante 8 horas é aceitável. além de conhecer a intensida-
de do ruído no local, é preci-
so conhecer a sua frequência
(medida em Hertz (Hz)) para
determinar o equipamento de
A Norma Regulamentadora NR-15 é utilizada para verificar a salu- proteção individual mais ade-
bridade dos locais de trabalho. É muito aplicada nos chamados lau- quado.
dos de insalubridade e também no Laudo Técnico das Condições Um segundo tipo de agente
Ambientais do Trabalho (LTCAT), que é um documento utilizado físico é o calor, que é também
nos processos de aposentadoria especial. Conheça mais a NR-15 uma forma de energia que pode
acessando o link: http://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no- ser transmitida por três manei-
-trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras ras: condução, convecção e irra-
diação. Na condução, o calor é
transmitido de um sólido para
Para proteger os trabalhadores expostos ao ruído, pode-se aplicar outro, por meio de contato. Na
medidas de controle coletivas e/ou individuais. As medidas cole- convecção, o calor é transmi-
tivas são aquelas que beneficiarão vários trabalhadores. Exemplos: tido por meio de fluidos, seja
retirada de fonte de ruído de um local (uma máquina ou ferramenta de camadas de ar com maior
ruidosa), aperto de parafusos para evitar vibração excessiva em má- temperatura para camadas mais
quinas, instalação de camadas absorventes sobre a fonte geradora frias ou massas de um líquido,
de ruído etc. por exemplo a água, com maior
Após a aplicação das medidas coletivas, são aplicadas as medidas temperatura para outra massa
individuais. Em alguns casos, essas são as únicas medidas aplica- de líquido fria. Na irradiação,
das. Elas se constituem em fornecer os chamados equipamentos de o calor se propaga pelo ar de um
proteção individual (EPI). corpo com maior temperatura
Existem, no mercado, os protetores auriculares de inserção ou o para outro de menor tempera-
tipo concha. O primeiro é inserido no canal auditivo do usuário e tura. Isso acontece em regiões
o segundo não é inserido, ele apenas cobre o ouvido. Eles podem próximas de fornos que trans-
ser utilizados individualmente ou de forma combinada. A espe- mitem o calor para o ambiente
cificação do equipamento adequado dependerá da intensidade vizinho. A exposição ao calor
do ruído. Por exemplo, se em 8 horas de trabalho o trabalhador ocorre em ambientes abertos
Art. 253 - Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movi-
mentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 (uma) hora
e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de 20 (vinte) minutos de
repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo.
Parágrafo único - Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente artigo, o que for inferior,
nas primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do Trabalho, Industria
e Comercio, a 15º (quinze graus), na quarta zona a 12º (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas
a 10º (dez graus) (BRASIL, 1943).
Esse dispositivo legal traz uma medida de controle Outros agentes físicos que podem ser encon-
para a exposição ao frio (pausas a cada 1 hora e 40 trados nos ambientes laborais são as radiações
minutos, no caso de trabalhadores no interior de ionizantes e não ionizantes. As radiações io-
câmaras frigoríficas) e também estabelece o que é o nizantes provocam a cisão de átomos, elas são
ambiente artificialmente frio. Observe que esse am- representadas pelo raio-x, partículas alfa, beta e
biente pode variar conforme a região geográfica do gama, dentre outras substâncias com esse potencial
Brasil. Além da concessão de pausas, outras medi- de ionização. São muito utilizadas na medicina,
das são: fornecer equipamento de proteção indivi- para diagnósticos e tratamento de doenças, seus
dual, como luvas, botas e capuz; realizar o controle efeitos são somáticos – que não se transmitem
médico dos trabalhadores expostos e transmitir hereditariamente – ou genéticos – cujos efeitos
informações sobre procedimentos de segurança e se transmitem hereditariamente. Alterações nos
saúde para trabalhar em ambientes frios. sistemas humanos podem ocorrer, como altera-
UNIDADE 1 25
ção do sistema hematopoiético (diminuição no queimaduras (no caso da exposição à radiação
número de plaquetas, por exemplo), no aparelho infravermelha). As medidas de controle envol-
digestivo, na pele, no sistema reprodutor (redução vem a utilização de roupas de proteção da pele
da fertilidade), nos olhos, no sistema cardiovascu- e proteção dos olhos, limitação do tempo de ex-
lar, no sistema urinário e no fígado (SALIBA, 2014). posição e distanciamento da fonte de radiação
Como medidas de controle para esse tipo de agente, (SALIBA, 2014).
temos a blindagem de fontes de radiação ionizan- Quando os trabalhadores utilizam máquinas
te, utilizando materiais como chumbo, concreto e e ferramentas, geralmente estão expostos às vi-
metal. Indivíduos expostos devem ser monitorados brações. Esse agente ambiental pode provocar
e deve-se afastar mulheres grávidas desse tipo de incômodos lombares, alteração degenerativa pri-
risco ambiental. Aumentar a distância entre o tra- mária das vértebras e dos discos intervertebrais,
balhador e a fonte pode ser eficaz também. danos vasculares, neurológicos e musculares
As radiações não ionizantes não provocam a (SALIBA, 2014). As vibrações podem ser dividi-
cisão de átomos, apenas aumenta sua energia in- das em dois tipos: aquelas transmitidas ao corpo
terna (VENDRAME, 2015). são elas: ultravioleta, inteiro e aquelas transmitidas por meio das mãos
radiação visível e vermelha, laser, micro-ondas e e braços. A primeira ocorre quando o trabalha-
radiofrequências (SALIBA, 2014). Talvez a mais dor está sobre uma superfície vibratória: ônibus,
comum delas seja a radiação ultravioleta – que carro, trator, plataforma de trabalho; a segunda
está presente em ambientes abertos com expo- ocorre na utilização de máquinas e ferramentas:
sição direta ao sol. motosserras, furadeira, lixadeira etc.
Conhecer os índices UV da região que está Algumas das medidas de controle para evi-
sendo analisada é útil para dimensionar a expo- tar danos devido à exposição às vibrações são:
sição dos trabalhadores a esse agente. Os efeitos realizar vigilância da saúde dos trabalhadores
da radiação não ionizante no organismo humano expostos às vibrações, calibrar pneus de veículos,
podem variar conforme o tipo de radiação, tem- utilizar assentos com amortecedor de vibração,
po de exposição e proteções utilizadas. Alguns aplainar superfícies por onde passam os veículos
efeitos são: escurecimento da pele, eritemas pig- e utilizar ferramentas antivibratórias ou ferra-
mentação retardada (no caso da exposição aos mentas que produzam níveis de vibração mais
raios ultravioleta); lesões na pele e olhos, com baixos (SALIBA, 2014).
Os agentes químicos ocorrem nos ambientes de trabalho na forma de poeira, fumos, névoas, gases e
vapores. Eles podem penetrar no organismo por meio das vias aéreas, via cutânea e pela ingestão de
alimentos contaminados. Hoje, existem uma infinidade de agentes químicos produzidos artificial-
mente. Caso queira conhecer o total de agentes químicos registrados, acesse o site do CAS, nele há o
registro de 143 milhões de substâncias orgânicas e inorgânicas divulgadas na literatura, desde os anos
de 1800 (CAS, 2018).
As poeiras no ambiente de trabalho são pequenas substâncias sólidas que ficam em suspensão
no ar. Elas surgem, por exemplo, quando é feita a varrição do ambiente de trabalho ou a moagem de
alguma substância.
Os fumos são vapores condensados no ar que surgem termicamente, após a volatilização de subs-
tância, como o chumbo ou o zinco (SALIBA, 2014)e estão presentes nas atividades de solda. As névoas
surgem do rompimento mecânico de líquidos, como no caso da pintura a pistola.
As neblinas são mais difíceis de serem geradas são partículas líquidas formadas por condensação
de vapores de substâncias líquidas. Os gases são substâncias que as condições normais de temperatura
e pressão, estão no estado gasoso é o caso da utilização de gás de amônia em abatedouros de aves. Os
vapores são desprendidos por líquidos voláteis, ou seja, é a fase gasosa do líquido. Eles estão presentes
em muitas operações da indústria química e das indústrias que utilizam solventes, como a acetona,
o álcool e a gasolina. Os agentes químicos, como as poeiras, podem causar pneumoconioses, efeitos
tóxicos, efeitos alérgicos e enfermidades leves e reversíveis (como bronquite e resfriados). Ainda, há
diversos outros efeitos, como corrosão de superfícies, nocividade para a pele, lesões oculares, quei-
maduras e morte.
Vale destacar que para conhecer os efeitos de um determinado agente químico, bem como as
medidas de segurança em caso de emergências e para proteção durante o uso do produto, é preciso
consultar a Ficha de Informações de Segurança do Produto Químico - FISPQ. Esta ficha contém fra-
ses de risco, frases de precaução, informações físicas e químicas sobre o produto, EPIs recomendados,
dentre outras informações.
Caro(a) aluno(a), o conteúdo da FISPQ é dado pela Norma ABNT 14725:2009. Conheça um modelo
de FISPQ acessando o link:
http://www.anidrol.com.br/fispq/XILOL%20PA%20-%20COD%20%20A-2415.pdf
UNIDADE 1 27
Para avaliar a exposição ocupacional a agentes químicos, pode-se
fazer avaliação qualitativa e/ou quantitativa. Na primeira, é feito
um levantamento de todas as substâncias químicas manuseadas
no processo produtivo, bem como as quantidades e forma de ma-
nipulação. Utiliza-se a FISPQ para verificar os danos do produto,
visando estabelecer medidas de controle. A partir dessa análise
qualitativa, é feita a avaliação quantitativa que permite detalhar a
concentração do agente químico no ambiente. Essa quantificação
é necessária para dimensionar a exposição dos trabalhadores e
para verificar a eficácia das medidas de controle. É verificada a
concentração de agentes químicos antes e após a implementação
das medidas de controle.
Como sabemos que o agente químico penetra no organismo
humano pelas vias aérea, cutânea e por ingestão, as medidas de
controle para este risco ambiental é a utilização de barreiras que
atuem nessas vias. Antes de aplicar tais barreiras, vale estudar se a
substância química pode ser substituída por uma substância menos
tóxica ou se é possível diminuir a disseminação da substância no
ambiente. Reduzir a quantidade manipulada no trabalho também
tem impacto positivo na redução do risco. As barreiras para evitar o
contato do agente químico com o corpo humano são: enclausurar a
operação, para evitar a liberação do agente químico; realizar a ope-
ração em local afastado do maior número de trabalhadores possível;
realizar operações que envolvem agentes químicos em horários de
menor exposição aos trabalhadores; umidificar o ambiente, no caso
da exposição à poeira; instalar ventiladores e exaustores no local,
para diluir a concentração do agente químico no ar ou diminuir sua
concentração; instalar exaustores para captar e remover o agente
químico do ambiente; e utilizar EPI, como luvas, óculos, roupas de
corpo inteiro e respiradores (essa barreira atua somente no traba-
lhador que utiliza o EPI de forma correta e regular).
UNIDADE 1 29
Outros Riscos Ambientais
UNIDADE 1 31
Tratamento
de riscos
Avaliação
de riscos
Análise
de riscos
Identificação
de riscos
UNIDADE 1 33
Quadro 1 – Exemplo de checklist de segurança do trabalho
PROTEÇÃO COLETIVA SIM NÃO NA EP
Possui sistema de exaustão geral no ambiente do laboratório?
Este modelo é aplicado para o ambiente de um laboratório de ensino e pesquisa de uma universidade.
Observe que o checklist faz perguntas sobre itens de segurança que são respondidas por meio de uma
visita e observação do local. Caso fosse feita uma inspeção sem o checklist, muitos dos itens contidos
nele passariam desapercebidos pelo inspetor. Além de usar checklists prontos, é recomendado que
sejam elaborados modelos pelo próprio inspetor ou equipe de segurança do local. É preciso que o
checklist atenda às necessidades de cada organização.
Corte de
cana-de-açúcar
Coleta de água
Extração
do caldo
Tratamento Geração de
do caldo energia e vapor
O fluxograma (Figura 5) mostra o processo global de uma usina de cana-de-açúcar. Podemos analisar
os riscos em cada etapa do processo mapeado. Observe que o fluxograma nos dá uma orientação das
áreas em que deverão ser identificados os riscos.
A investigação de acidentes é outra ferramenta de identificação. Acidentes acontecem devido ao
mal gerenciamento dos riscos ambientais e, em algumas situações, os riscos são percebidos apenas após
a ocorrência de um acidente. Na investigação, são levantadas as possíveis causas do acidente e, depois,
cada hipótese é analisada. Acidentes são causados pelo fator humano e pelas condições inseguras do
ambiente. Mudanças em processos e nas condições de trabalho são feitas após a ocorrência de acidentes.
UNIDADE 1 35
Análise de Riscos
1 8
2 6
3 10
4 11
5 5
A Tabela 2 mostra um resumo do número de acidentes durante cinco anos. Estes dados podem ser
comparados com o número total de trabalhadores em cada ano, conforme a Tabela 3.
Frequência de
Ano Nº de acidentes Nº de trabalhadores
acidentes
1 8 1000 0,008
2 6 1000 0,006
3 10 1000 0,010
4 11 1000 0,011
5 5 1000 0,005
Total 40 5000 0,008
Os dados das tabelas nos mostram que o número de trabalhadores, ao longo de cinco anos, perma-
neceu o mesmo e o número de acidentes foi variável. O valor de frequência de acidentes representa a
quantidade de acidentes pelo total de trabalhadores. Estes dados servem para monitorar a ocorrência
de acidentes e demais eventos que indicam o grau de risco de uma atividade.
Conforme a avaliação de cada risco, a organização poderá gerenciar os riscos por conta própria
ou transferir os riscos para um terceiro. Isso pode ser visto nos contratos estabelecidos entre empre-
sas, em que as cláusulas definem as responsabilidades da contratada em relação ao cumprimento de
normas de segurança do trabalho. No entanto, destacamos que a empresa contratante não se exime
de suas responsabilidades no campo de segurança do trabalho, nas atividades desenvolvidas em suas
dependências. Outra forma de transferir os riscos é por meio de seguros. As seguradoras oferecem
cobertura a perdas conforme o valor pago de seguro. Em algumas situações, é possível pagar um valor
mais baixo de seguro se a organização reduzir os riscos existentes em suas instalações.
UNIDADE 1 37
Tratamento de Riscos
O tratamento de riscos envolve implantar medidas de controle coletivas e individuais para eliminar ou
reduzir os riscos identificados, analisados e avaliados. Existem diversas soluções de proteção coletiva,
conforme a atividade:
• Utilização de exaustores, ventilação local e ventilação geral diluidora, para os postos de trabalho
com exposição a agentes químicos.
• Utilização de barreiras acústicas para reduzir o nível de ruído no ambiente.
• Utilização de proteção contra quedas, como guarda-corpo e linha de vida, na indústria da
construção civil.
• Equipamentos de proteção individual para proteger cabeça, membros inferiores, membros
superiores, sistema respiratórios, dentre outras partes do corpo etc.
1. O trabalho pode gerar doenças e acidentes caso os riscos existentes não se-
jam adequadamente gerenciados. Diante disso, descreva algumas ações que
foram tomadas ao longo da história para promover a saúde e segurança dos
trabalhadores.
39
LIVRO
FILME
Indústria americana
Ano: 2019
Sinopse: neste documentário, uma empresa chinesa reabre uma fábrica em
Ohio e enche o povo de esperança. Entretanto, os conflitos culturais podem
destruir esse sonho americano.
40
AHIA. American Industrial Hygiene Association: About AIHA. 2019. Disponível em: https://aiha.org/
about-aiha. Acesso em: 03 out. 2019.
BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Segurança do Trabalho: Guia Prático e Didático. São Paulo: Editora Érica,
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BRASIL. Decreto-lei nº 5452, de 01 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho Brasília:
Presidência da republica, 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm.
Acesso em: 16 dez. 2019.
CAS. CAS Registry and CAS Registry Number FAQs. Disponível em: https://www.cas.org/support/docu-
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CDC. The National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH): About NIOSH. 2018. Dispo-
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MÁSCULO, F. S.; VIDAL, M. C. Ergonomia: trabalho adequado e eficiente. Rio de Janeiro: Elsevier: ABEPRO,
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PRITCHARD, J. A. (ed.) History of respiratory protection. In: Guide to industrial respiratory protection.
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SALIBA, T. M. Manual prático de Higiene Ocupacional e PPRA. 6. ed. São Paulo: LTr, 2014.
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41
REFERÊNCIAS ON-LINE
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Em: https://animaseg.com.br/animaseg/index.php/associacao?switch_to_desktop_ui=52. Acesso em: 09 jan.
2020.
5
Em: http://www.ssh.ufv.br/wp-content/uploads/checklist02_laborat%C3%B3rios_atualizado.pdf. Acesso em:
09 jan. 2020.
42
1. Conforme estudamos, ao longo dos anos, diversas ações foram tomadas para proteger o sistema respi-
ratório dos trabalhadores em decorrência da exposição a agentes químicos. As máscaras foram um dos
primeiros elementos de segurança do trabalho a serem descritos, sendo criadas máscaras de bexiga de
carneiro, projeto de “snorkel” para trabalhos submersos e, nos anos de 1800, foram criadas máscaras para
bombeiros. Encontramos, também, registros que descrevem as situações degradantes de trabalho no Antigo
Egito. Por sua vez, o médico italiano Bernardino Ramazzini foi o primeiro a estudar em profundidade as
doenças que acometiam trabalhadores. No Brasil, a proteção respiratória foi impulsionada pela chegada
das indústrias de petróleo e mineração.
• Físicos: radiação não ionizante proveniente do sol; vibração proveniente do veículo que ele dirige;
ruído proveniente do trânsito; calor proveniente do sol.
• Identificação de riscos: conforme visto, foram identificados riscos físicos, químicos e biológicos, de-
talhados anteriormente.
• Análise de riscos: pode ser feito uma avaliação quantitativa do nível de ruído e vibração para dimen-
sionar a exposição a esses riscos.
• Avaliação de riscos: pode ser feita uma pesquisa dos casos de acometimento de doenças com moto-
ristas de ônibus e estimar a ocorrência de doenças ocupacionais.
• Tratamento de riscos: podem ser fornecidas pausas para descanso, climatização do veículo e forne-
cimento de protetor solar ou uniforme com proteção UV.
3. B.
4. C.
43
44
Me. Maílson José da Silva
Acidentes do Trabalho
e Doenças Ocupacionais
PLANO DE ESTUDOS
Doenças Ocupacionais
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A cidade de Fortaleza, localizada no Estado do Ceará, possui uma população estimada em 2,63 milhões
de pessoas (IBGE, 2017). Você acha este número muito alto? Se sim, talvez se espante de saber que, no
mundo, estima-se que 2,78 milhões de mortes atribuídas ao trabalho ocorrem anualmente, ou seja, quase
o valor da população de Fortaleza. A maioria dessas mortes não está relacionada a acidentes fatais, mas
a doenças ocupacionais. Um total de 86,3% das mortes se devem a doenças ocupacionais e 13,7% a
acidentes fatais, isto é, o trabalho mata muitas pessoas aos poucos. Em relação à distribuição dos casos,
por região geográfica, a Ásia possui cerca de 67% dos casos, seguida por África (11,8%) e Europa (11,7%)
(HÄMÄLÄINEN; TAKALA; KIAT, 2017).
Os grupos de doenças relacionadas ao trabalho que mais contribuem para os casos de mortes são:
doenças circulatórias (31%), neoplasias malignas (26%) e doenças respiratórias (17%) (HÄMÄLÄINEN;
TAKALA; KIAT, 2017). Como visto, estamos diante de um problema significativo. Ora, se para desen-
volvermos como sociedade é preciso empregar pessoas e estas perdem suas vidas ou ficam com sua
capacidade laboral reduzida devido ao trabalho, como podemos alcançar o tão sonhado desenvolvimento
sustentável? Portanto, preste atenção em como você, enquanto engenheiro(a) em uma empresa, pode
trabalhar para melhorar este quadro, pelo menos a nível local. Um único acidente do trabalho pode não
parecer importante diante de inúmeros casos apresentados pelas estatísticas de acidentes. Contudo, para
a pessoa que o vivencia, este único caso já é assustador.
Tendo em vista a exposição da magnitude do problema causado pelos acidentes de trabalho, pode
surgir a seguinte questão: como os países contabilizam os acidentes de trabalho? Um passo inicial é definir
corretamente o que é e o que não é um acidente de trabalho. Vejamos então as definições.
Definições
O que realmente são acidentes e doenças do trabalho? Para responder a esta pergunta, gostaríamos de
destacar três legislações importantes na área de Segurança e Saúde do Trabalho (SST):
• Lei Federal 8.080, de 19 de setembro de 1990, regula as ações e serviços de saúde, incluindo a
saúde dos trabalhadores; visa promover, proteger, recuperar e reabilitar a saúde dos trabalhadores;
estabelece que deverá ser elaborada uma listagem oficial de doenças originadas do processo de
trabalho, que deve ser atualizada constantemente.
• Lei Federal 8.213, de 24 de julho de 1991, define o que é um acidente do trabalho e o que os
empregadores precisam fazer quanto ao acidente; estabelece a obrigatoriedade da Comunicação
de Acidente do Trabalho (CAT).
• Decreto Federal 3.048, de 6 de maio de 1999, em seu Anexo II traz uma lista de agentes pato-
gênicos causadores de doenças profissionais ou do trabalho.
UNIDADE 2 47
Recomendamos que você faça a leitura das legislações mencionadas para entender melhor os termos
relacionados aos acidentes de trabalho. No entanto, vamos agora explicar alguns destes termos. Vejamos
a definição legal do acidente do trabalho, conforme a Lei Federal 8.213/91:
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de
empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art.
11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1991, on-line).
Observe, nessa definição, que o acidente provoca uma lesão corporal ou perturbação funcional, ou seja,
após o acidente, o trabalhador pode ficar inapto para desenvolver suas atividades, seja por alguns dias
(temporariamente) ou pelo resto de sua vida (permanentemente). Ainda, o trabalhador pode retornar
ao seu trabalho, porém sua capacidade pode ficar reduzida. Observe que a definição apresenta que o
trabalhador está a serviço da empresa ou do seu empregador doméstico, quando for o caso. Portanto,
acidentes ocorridos fora deste contexto, não são considerados acidentes do trabalho.
As lesões corporais e perturbações funcionais ocorrem tanto de forma imediata (por exemplo,
devido a uma pancada, corte ou prensagem) ou de forma mais lenta, manifestando-se por meio de
doenças ou seja, uma doença pode ser considerada acidente do trabalho. Estas doenças podem ser
entendidas como sendo de dois tipos: doenças profissionais e doenças do trabalho. Observe as relações:
doença-profissão e doença-trabalho. Estas relações mostram que a doença ocorre pelo exercício da
atividade laboral. Portanto, para ser caracterizada como acidente do trabalho, a ocorrência de uma
doença deve existir paralelamente a um nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e agressão ao
corpo ou saúde do trabalhador.
Em outras palavras, as atividades desenvolvidas Para ampliar nosso entendimento sobre o que
em um certo ambiente laboral devem estar rela- é acidente do trabalho, é importante destacar que
cionadas a uma entidade mórbida. É o caso, por existem situações equiparadas ao acidente do tra-
exemplo, de um trabalhador que é acometido da balho. Confira, no quadro a seguir, elaborado com
doença de cataratas devido ao trabalho com sol- base na Lei Federal 8.213/91 (BRASIL, 1991), as
da. Existe um nexo entre o seu trabalho e a enti- situações equiparadas a um acidente do trabalho.
dade mórbida (cataratas). Como sabemos que
existe este nexo? Conforme citamos, o Decreto
Federal 3.048/99 estabelece uma lista relacionan-
do trabalhos que contém os riscos que causam as
doenças, quando materializados.
Além das doenças e fatalidades ocorridas no
ambiente laboral, pode existir o acidente de trajeto. O profissional que pode determinar adequa-
Este é definido como aquele acidente ocorrido no damente se a doença é do trabalho ou não é o
percurso entre o local de trabalho e a residência médico do trabalho.
do trabalhador, ou desta para o local de trabalho.
UNIDADE 2 49
Quadro 1 - Situações e exemplos equiparados ao acidente do trabalho
Situações equiparadas ao acidente do trabalho
Situação Exemplo(s)
Acidente ligado ao trabalho que, embora não
tenha sido a causa única, haja contribuído direta- Morte de trabalhador portador de grave hi-
mente para a morte do segurado, para redução pertensão arterial que atua em fundição junto
ou perda da sua capacidade para o trabalho ou a fornos em trabalho pesado e sujeito a altas
produzido lesão que exija atenção médica para temperaturas.
a sua recuperação.
UNIDADE 2 51
De acordo com o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho (2018), as partes do
corpo mais atingidas são o dedo (23%), pé-exceto artelhos (7%), mão (7%), joelho (5%) e partes múl-
tiplas (4%). Os dez agentes mais causadores de acidentes são: motocicleta, motoneta, metal, veículo
rodoviário motorizado, chão, veículo, faca, facão, ferramenta manual sem força motriz, ferramenta,
equipamento, seres vivos, escada móvel ou fixada e máquina. Confira, na figura a seguir, a proporção
de ocorrências destes agentes.
20%
18%
18%
16%
14%
14%
12% 12%
12%
11%
10%
9%
8%
7% 7%
6%
6% 6%
4%
2%
0%
Motocicleta, Veículo rodoviário Veículo, Ferramenta, máquina, Escada móvel
motoneta motorizado NIC equipamento, ou fixada,
veículo, NI NIC
Metal Chão, superfície Faca, facão, Ser vivo, Máquina,
(inclui liga ferrosa utilizada para ferramenta manual NIC NIC
e não ferrosa, TU) sustentar pé sem motor
Esses agentes fazem parte da lista padronizada de O fator pessoal está ligado ao comporta-
agentes causadores de acidentes do trabalho. A lista mento do trabalhador que é moldado pela sua
completa de agentes pode ser vista na norma técni- experiência ou a falta desta no trabalho. Por outro
ca ABNT NBR 14.280:2001 – Cadastro de acidente lado, o ato inseguro ocorre quando o trabalhador
do trabalho – procedimento e classificação. Pode- contraria um preceito de segurança, por exemplo,
-se observar, na Figura 1, que os veículos utilizados não usa o equipamento de proteção individual ou
pelos trabalhadores possuem grande peso como coletiva de forma correta. Por fim, a condição
causadores de acidentes. Ainda, a norma ABNT ambiente é aquela que, existindo no ambiente de
NBR 14.280:2001 estabelece três grupos de causas trabalho, contribui para a ocorrência do acidente,
dos acidentes do trabalho: fator pessoal de inse- por exemplo a falta de proteção de partes móveis
gurança (fator pessoal), ato inseguro e condição de máquinas, falta de limpeza e organização no
ambiente de insegurança (condição ambiente). ambiente de trabalho e fios elétricos desencapa-
Você conhece algum trabalhador (ou até mesmo você) que já sofreu alguma lesão de natureza igual a
uma das mencionadas? Com certeza o efeito dessas lesões na saúde e vida do trabalhador não é positivo
e, infelizmente, o mundo do trabalho carrega consigo um histórico de lesões e doenças.
Além das lesões mencionadas, há como consequência as perturbações funcionais geradas por
doenças. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2010), são reconhecidos
como grupos de doenças profissionais as:
• Doenças ocupacionais causadas por exposição a agentes resultantes das atividades laborais,
como agentes químicos (berílio, cádmio, fósforo, cromo etc.), agentes físicos (ruído, vibrações, ar
comprimido, radiações ionizantes etc.) e agentes biológicos e doenças infecciosas ou parasitárias
(hepatite, tétano, tuberculose etc.).
• Doenças ocupacionais segundo o órgão ou sistema humano afetado, tais como doenças do
sistema respiratório (pneumoconioses causadas por pó mineral fibrogênico, dentre outras),
doenças de pele (dermatose alérgica de contato, dentre outras), doenças do sistema osteomus-
cular (tenossinovites, bursites, síndrome do túnel do carpo etc.) e transtornos mentais e de
comportamento (transtorno de estresse pós-traumático, dentre outros).
• Câncer ocupacional, causado por agentes como amianto ou asbesto, compostos de cromo, cloreto
de vinila, benzeno, radiações ionizantes etc.
Como apresentado, os acidentes de trabalho possuem consequências indesejáveis para a saúde e vida
dos trabalhadores. No entanto, estas não são as únicas, existem as consequências relacionadas à so-
ciedade e economia.
Segundo uma estimativa da OIT, cerca de 4% do PIB de um país é gasto com despesas decorrentes
de acidentes e doenças do trabalho, sendo que, em países mais pobres, este gasto pode chegar a 10%
do PIB (ILO, 2003). Ainda, de acordo com o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho
(2018), estima-se que foram gastos mais de R$ 27 bilhões entre os anos de 2012 a 2017, com benefícios
acidentários.
UNIDADE 2 53
As despesas relacionadas a acidentes do traba-
lho podem ser subdivididas em despesas cobertas
por seguros e despesas não seguradas. Confira as
parcelas de custos relacionados aos acidentes de
trabalho:
• Custo de seguro obrigatório: valor pago
pelas empresas à Previdência Social.
• Custo de outros seguros: as empresas po-
dem pagar seguro contra incêndios e danos
materiais, por exemplo.
• Custo com salário de horas não trabalha-
das: a empresa precisa pagar o salário do
trabalhador durante os quinze primeiros
dias de afastamento, decorrentes de um
acidente do trabalho.
• Custo com reparos: acidentes podem gerar
perda de materiais e quebra de máquinas.
• Outros custos: despesas com atendimento
médico e transporte de acidentados; custos
com perda de produção, pagamento de ho-
ras extras para cobrir perda de produção e
horas para investigar o acidente.
UNIDADE 2 55
fungos. Trabalhadores da área de saúde sofrem
com a exposição direta a agentes biológicos pelo
contato com pacientes ou amostras de fluidos e
Conheça em detalhes as doenças relacionadas secreções destes. Trabalhadores de frigoríficos,
ao trabalho acessando a Portaria nº 1339/1999. indústria alimentícia, saneamento, coleta de lixo,
Link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ laboratórios e curtumes também ficam expostos
gm/1999/prt1339_18_11_1999.html. a agentes biológicos.
As doenças relacionadas ao trabalho deste gru-
po são (BRASIL, 2001):
• Tuberculose.
Uma dor crônica pode durar até seis meses. Ela • Carbúnculo (Antraz).
ocorre devido a uma certa causa que, quando re- • Brucelose.
movida, faz cessar o sintoma inicial. Ao perdurar • Leptospirose.
por mais tempo, a dor se torna crônica (BRASIL, • Tétano.
2012). Os agentes de risco presentes nos ambien- • Psitacose, ornitose, doença dos tratadores
tes de trabalho podem gerar doenças agudas ou de aves.
crônicas. • Dengue (dengue clássico).
Por exemplo, um trabalhador que se expõe a • Febre amarela.
névoas de agrotóxico com grande concentração • Hepatites virais.
do contaminante pode sentir tontura, dor de cabe- • Doença pelo vírus da imunodeficiência
ça e sensação de vômito. Os sintomas se manifes- humana.
tam imediatamente após a exposição e, portanto, • Dermatofitose e outras micoses superfi-
estamos diante de um quadro de doença aguda. ciais.
Trabalhadores que lidam com a exploração de • Candidíase.
carvão estão sujeitos a desenvolver uma pneu- • Paracoccidioidomicose (blastomicose sul
moconiose devido à exposição ao pó de carvão. americana, blastomicose brasileira, Doen-
Esta doença apresentará sintomas importantes ça de Lutz).
após anos de exposição. Neste caso, ela é uma • Malária.
doença crônica. • Leishmaniose cutânea ou leishmaniose
cutâneo-mucosa.
Doenças Infecciosas e
Parasitárias Relacionadas
ao Trabalho
A dengue também pode ser considerada uma
Trabalhadores que lidam com atividades de cam- doença endêmica e não relacionada ao trabalho.
po, em florestas e matos, estão sujeitos a agen- É preciso avaliar se o trabalho gera realmente
tes de risco provenientes de plantas e animais. uma exposição do trabalhador ao agente de ris-
Estes produzem substâncias alergênicas, irritati- co e fazer um correto relacionamento entre a
vas e tóxicas. Elas são transmitidas por meio de doença e o trabalho.
picadas, mordeduras, pelos, pólens, esporos ou
Este grupo de doenças é originário da perda de controle do processo de divisão celular, em que ocorre
uma multiplicação celular desordenada. O câncer pode surgir da exposição a agentes carcinogênicos
tanto no ambiente de trabalho como fora dele. O período de latência longo da doença dificulta sua
correlação causal com o trabalho. Hoje, existem classificações dos agentes quanto à sua carcinogeni-
cidade. Observe o Quadro 2 que mostra os tipos de classificação para carcinogenicidade.
UNIDADE 2 57
O quadro nos mostra que existem diferentes clas- Doença do Sangue e dos
sificações para a carcinogenicidade. Por exemplo, Órgãos Hematopoéticos
para a IARC, um agente de risco pode ser pro- Relacionadas ao Trabalho
vavelmente ou possivelmente carcinogênico em
seres humanos, enquanto para a ACGIH existem O sangue e os órgãos hematopoéticos são res-
as classificações de carcinogênico humano confir- ponsáveis pela produção das células sanguíneas.
mado ou suspeito. Ao longo dos anos e por meio As doenças relacionadas ao trabalho deste grupo
de novas descobertas científicas, os agentes de são (BRASIL, 2001):
risco mudam de classificação quanto à sua car- • Síndromes mielodisplásicas.
cinogenicidade e, ainda, podem ser classificados • Outras anemias devidas a transtornos en-
de forma diferente conforme o órgão que faz a zimáticos.
classificação. • Anemia hemolítica adquirida.
Um tipo de classificação utilizada para avaliar • Anemia aplástica devida a outros agentes
agentes químicos que dão direito à aposentadoria externos e anemia aplástica não especifi-
especial é a classificação IARC. Para identificar a cada.
classificação de um agente químico quanto à sua • Púrpura e outras manifestações hemor-
carcinogenicidade, deve ser feita a consulta na rágicas.
FISPQ do produto. • Agranulocitose (neutropenia tóxica).
Os agentes químicos carcinogênicos são gran- • Outros transtornos especificados dos gló-
des responsáveis pelos casos de câncer em traba- bulos brancos: leucocitose, reação leuce-
lhadores. Por exemplo, leucemias estão relaciona- moide.
das à exposição ao benzeno, radiações ionizantes • Metahemoglobinemia.
e agrotóxicos clorados. As radiações ionizantes
também podem gerar neoplasias malignas dos Ambientes de trabalho contendo benzeno, radia-
ossos e cartilagens articulares dos membros, den- ções ionizantes, chumbo, cloreto de vinila, deriva-
tre outras neoplasias malignas. O breu utilizado dos de fenol, pentaclorofenol, hidroxibenzonitrilo
na pavimentação asfáltica pode causar neoplasias e aminas aromáticas podem levar ao acometimen-
malignas de bexiga. to de alguma(s) das doenças listadas.
As alterações na saúde mental dos trabalhadores decorrem de uma combinação de fatores, podendo
ser desde agentes químicos tóxicos a fatores relacionados à organização do trabalho. A sensação
de perder o emprego a qualquer momento ou a falta dele gera quadros de ansiedade e depressão.
Alguns metais pesados e solventes podem gerar distúrbios mentais e alterações de comportamento,
manifestando-se pela irritabilidade, nervosismo, inquietação, distúrbios de memória e de cognição.
Doenças de transtornos mentais e de comportamento de origem ocupacional são (BRASIL, 2001):
• Demência em outras doenças específicas classificadas em outros locais.
• Delirium, não sobreposto à demência, como descrita.
• Transtorno cognitivo leve.
• Transtorno orgânico de personalidade.
• Transtorno mental orgânico ou sintomático não especificado.
• Alcoolismo crônico (relacionado ao trabalho).
• Episódios depressivos.
• Estado de estresse pós-traumático.
• Neurastenia (inclui síndrome de fadiga).
• Outros transtornos neuróticos especificados (inclui neurose profissional).
• Transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos.
• Sensação de estar acabado (síndrome de burn-out), síndrome do esgotamento profissional).
Por exemplo, a exposição a tolueno e outros solventes aromáticos podem gerar episódios depressivos
nos trabalhadores. Problemas relacionados ao emprego e desemprego podem provocar alcoolismo
crônico (relacionado ao trabalho).
UNIDADE 2 59
• Ataxia cerebelosa.
• Parkinsonismo secundário devido a outros agentes externos.
• Outras formas especificadas de tremor.
• Transtorno extrapiramidal do movimento não especificado.
• Distúrbios do ciclo vigília-sono.
• Transtornos do nervo trigêmeo.
• Transtornos do nervo olfatório (inclui anosmia).
• Transtornos do plexo braquial (síndrome da saída do tórax, síndrome do desfiladeiro torácico).
• Mononeuropatias dos membros superiores: síndrome do túnel do carpo; outras lesões do
nervo mediano: síndrome do pronador redondo; síndrome do canal de Guyon; lesão do nervo
cubital (ulnar): síndrome do túnel cubital; outras mononeuropatias dos membros superiores:
compressão do nervo supra-escapular.
• Mononeuropatias do membro inferior: lesão do nervo poplíteo lateral.
• Outras polineuropatias: polineuropatia devida a outros agentes tóxicos e polineuropatia indu-
zida pela radiação.
• Encefalopatia tóxica aguda.
Vale destacar que as posições forçadas e movimentos repetitivos são causadores de doenças do sistema
nervoso, como a Síndrome do Túnel do Carpo.
As lesões oculares são frequentes em países como Finlândia (12% de todos os acidentes ocupacionais),
França (4%) e Estados Unidos (3%) (BRASIL, 2001). Agentes mecânicos, físicos, químicos e biológicos
podem lesionar os olhos, bem como atividades de monitoramento visual que geram sobre-esforço
(levando à astenopia).
As doenças dos olhos relacionadas ao trabalho são (BRASIL, 2001):
• Blefarite.
• Conjuntivite.
• Queratite e queratoconjuntivite.
• Catarata.
• Inflamação coriorretiniana.
• Neurite óptica.
• Distúrbios visuais subjetivos.
As radiações infravermelhas, nas operações de solda, por exemplo, podem causar catarata. O cimento
na construção civil pode ser o responsável por casos de blefarite e conjuntivite.
UNIDADE 2 61
• Faringite aguda não especificada (angina aguda, dor de gar- Doenças do
ganta). Sistema Digestivo
• Laringotraqueíte aguda e laringotraqueíte crônica. Relacionadas ao
• Outras rinites alérgicas. Trabalho
• Rinite crônica.
• Sinusite crônica. Substâncias químicas, estresse,
• Ulceração ou necrose do septo nasal e perfuração do septo situação da organização do tra-
nasal. balho, posturas forçadas, situa-
• Outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas (inclui ções de tensão e conflito e con-
asma obstrutiva, bronquite crônica, bronquite asmática, dições inadequadas para fazer
bronquite obstrutiva crônica). refeições podem gerar doenças
• Asma. do sistema digestivo em traba-
• Pneumoconiose dos trabalhadores do carvão. lhadores. Este grupo de doenças
• Pneumoconiose devida ao asbesto (asbestose) e a outras compreende (BRASIL, 2001):
fibras minerais. • Erosão dentária.
• Pneumoconiose devida à poeira de sílica (silicose). • Alterações pós-eruptivas
• Pneumoconiose devida a outras poeiras inorgânicas: beri- da cor dos tecidos duros
liose, siderose e estanhose. dos dentes.
• Doenças das vias aéreas devidas a poeiras orgânicas: bissi- • Gengivite crônica.
nose. • Estomatite ulcerativa
• Pneumonite por hipersensibilidade à poeira orgânica: pul- crônica.
mão do granjeiro (ou pulmão do fazendeiro); bagaçose; • Gastroenterite e colite
pulmão dos criadores de pássaros; suberose; pulmão dos tóxicas.
trabalhadores de malte; pulmão dos que trabalham com • Cólica do chumbo.
cogumelos; doença pulmonar devida a sistemas de ar con- • Doença tóxica do fígado:
dicionado e de umidificação do ar; pneumonite de hipersen- com Necrose Hepática;
sibilidade devida a outras poeiras orgânicas; pneumonites com Hepatite Aguda.
de hipersensibilidade devidas à poeira orgânica não espe- • Hepatite Crônica Persis-
cificada (alveolite alérgica extrínseca SOE; e pneumonite de tente; com outros Trans-
hipersensibilidade SOE). tornos Hepáticos.
• Afecções respiratórias devidas à inalação de produtos quí- • Hipertensão portal.
micos, gases, fumaças e vapores: bronquite e pneumonite
(bronquite química aguda); edema pulmonar agudo (edema Por exemplo, a exposição ocu-
pulmonar químico); síndrome da disfunção reativa das vias pacional a névoas ácidas pode
aéreas e afecções respiratórias crônicas. gerar erosão dentária, e a ex-
• Derrame pleural e placas pleurais. posição a mercúrio pode gerar
• Enfisema intersticial. uma gengivite crônica.
UNIDADE 2 63
Doenças do Sistema Gênito-Urinário
Relacionadas ao Trabalho
UNIDADE 2 65
Confira, a seguir, algumas dicas para realizar a investigação de acidentes:
• Mantenha uma estrutura para fazer a investigação de acidentes: investigar um acidente demanda
tempo e recursos humanos e materiais. Portanto, é interessante manter uma equipe treinada para
investigar acidentes, bem como fornecer materiais necessários, tais como máquina fotográfica,
trena e fita de isolamento de área.
• Comece a investigação o quanto antes: é preciso preservar a memória dos fatos. Para tanto, após
o atendimento do acidentado, bem como a emissão da CAT, deve-se registrar imediatamente
os fatos relacionados ao acidente.
• Entreviste testemunhas: a entrevista com o acidentado é fundamental para ouvir o que ocorreu
de fato. No entanto, pessoas que estavam no local do acidente, bem como em sua proximidade,
podem fornecer informações úteis para desenhar o quadro do que realmente ocorreu durante
o acidente.
• Identifique os fatores imediatos, subjacentes e latentes relacionados ao acidente: os fatores ime-
diatos são aqueles que aconteceram logo antes da ocorrência do acidente. Por exemplo, em um
acidente com amputação traumática de um dedo em uma prensa, um fator imediato é a falta
de um dispositivo de proteção da máquina. Os fatores subjacentes são aqueles que antecedem
os fatores imediatos. No nosso exemplo de acidente em uma prensa, alguns fatores subjacentes
são: necessidade de aumento do ritmo de produção, devido a alterações na demanda e falta
de sinalização de riscos próxima da prensa. E os fatores latentes são aqueles mais distantes à
ocorrência do acidente que, no entanto, ajudaram a construir o quadro do acidente. No nosso
exemplo, um dos fatores latentes seria a aprovação de compra da prensa sem os dispositivos
de segurança.
Ainda, conforme destacado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2010, on-line), para
entender as causas de um acidente, é preciso se perguntar: o que aconteceu e por quais razões acon-
teceu? Quais foram os fatores imediatos, subjacentes e latentes relacionados ao acidente? Em relação
às falhas humanas, quais foram contribuintes para a ocorrência do acidente? Houve erros baseados
em habilidades dos operadores? Houve erros de julgamento dos operadores? Houve violações dos
dispositivos de segurança? Na investigação de acidentes, é fundamental fazer questionamentos até
obter informações significativas sobre eles. Por meio dessas informações, a equipe de investigações
pode elaborar um diagrama para organizar as causas que levaram ao acidente. A seguir, observe a
figura de um exemplo de árvore de causas de um acidente.
Faltam
procedimentos Desorganização
da empresa
com inflamáveis
Observe que, na Figura 2, existem três fatores próximos do acidente: contato com as chamas, tentativa de
apagar as chamas com os pés e falta de uso de extintores. Por meio do questionamento, por exemplo, do
porquê houve contato com as chamas, identifica-se os seguintes fatores: existência de mistura inflamável
e focos de ignição. A investigação pode seguir questionando-se, por exemplo, por que existem focos de
ignição. A resposta é: o uso de esmeril produz faíscas. O questionamento seguinte indaga: por que o es-
meril foi usado? A resposta: porque o operário que o usou desconhece a existência da gasolina no local de
trabalho. Observe que conhecendo as múltiplas causas do acidente, pode-se elaborar planos de prevenção.
Por exemplo: armazenar gasolina em local restrito; informar trabalhadores sobre o risco de explosão com
material inflamável; e treinar trabalhadores sobre combate a incêndio.
A investigação de acidentes pode trazer muitos benefícios para a segurança dos trabalhadores, en-
contrando falhas de segurança que, até então, não estavam evidentes. Ela, inclusive, deve ser aplicada
aos incidentes que ocorrem nos ambientes de trabalho.
UNIDADE 2 67
O que são incidentes?
Incidentes são quase acidentes. Por exemplo,
um trabalhador escorrega em uma superfície
de trabalho, mas não cai e não sofre lesão. Veja
mais em: https://www.epi-tuiuti.com.br/blog/
seguranca-do-trabalho/entenda-diferenca-en-
tre-acidente-e-incidente-de-trabalho/.
1. Um trabalhador sofreu um corte leve em seu dedo durante seu trabalho usando
um estilete. Esta situação se configura em acidente do trabalho? Justifique sua
resposta.
69
LIVRO
FILME
Another Promise
Ano: 2013
Sinopse: é um filme sul-coreano de 2014, baseado na história verdadeira sobre
a batalha legal entre o conglomerado coreano Samsung e seus funcionários que
contraíram leucemia.
Logo após se formar no ensino médio, Yoon-mi começa a procurar emprego
para ganhar dinheiro para ajudar a sustentar sua família em dificuldades; ela
quer, especialmente, pagar as mensalidades de seu irmão mais novo, Yoon-seok,
quando ele for para a faculdade nos próximos anos. Seu pai, Sang-gu, motorista
de táxi na província de Gangwon , fica orgulhoso e muito feliz quando Yoon-mi é
contratada como operária na fábrica de semicondutores de Jinsung . Contudo,
apenas dois anos depois, ele descobre que sua filha foi diagnosticada com leu-
cemia; quatro anos após seu diagnóstico, Yoon-mi morre no banco traseiro do
táxi de Sang-gu. Depois de saber que vários colegas de trabalho de Yoon-mi na
fábrica também estão sofrendo doenças improváveis, Sang-gu está convencido
de que Jinsung é responsável pela doença e morte de sua falecida filha. Ele faz
uma visita a um advogado trabalhista para registrar uma reclamação contra o
conglomerado mais poderoso do país. Sang-gu e sua família, juntamente com
seu advogado e outras famílias de pacientes com leucemia, logo ficam abalados
quando a empresa usa diferentes métodos de apaziguamento e pressão para
impedir que as famílias se unam, entre elas oferecendo dinheiro para impedir
que o problema se torne público. Os trabalhadores de Jinsung também espio-
nam as famílias dos queixosos, perseguem-nos e os ameaçam, tudo pelo bem
de sua empresa, que eles realmente acreditam estar certa. As pessoas relutam
em ser testemunha de um julgamento, seja por sua lealdade à empresa ou pelo
bem-estar de suas famílias. Contudo, Sang-gu está determinado a continuar em
sua busca pela verdade e pela justiça.
70
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14.280:2001. Cadastro de acidente do trabalho - pro-
cedimento e classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.
BRASIL. Decreto Federal nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o regulamento da Previdência Social e
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BRASIL. Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras
providências. Brasília: Presidência da República, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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71
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nível em: https://smartlabbr.org/sst/localidade/0?dimensao=perfilCasosAcidentes. Acesso em: 09 jan. 2020.
72
1. Sim, pois o trabalhador sofreu uma lesão que o incapacitou temporariamente para o trabalho. Essa lesão
ocorreu, pois ele estava prestando um serviço à empresa. Mesmo que a lesão não gere um afastamento
do trabalho, ela se configura em acidente do trabalho.
2. A exposição ao chumbo está associada a diversas doenças, como: doenças do sistema circulatório, doenças
do sistema digestivo, insuficiência renal crônica e infertilidade masculina. Caso algum trabalhador tenha
alguma doença relacionada ao chumbo, conforme portaria nº 1.339/99, será preciso fazer a investigação
quanto à sua relação com o trabalho.
3. Fatores imediatos: falta do uso do sistema de cinto de segurança e talabarte; falta de pontos de ancoragem;
falta de proteção coletiva contra quedas.
Fatores subjacentes: nível de atenção do trabalhador no dia do acidente; nível de percepção de risco do
trabalhador; condições do ambiente.
Fatores latentes: falta de treinamento e segurança do trabalho em altura; falta de exame médico para
realização de trabalho em altura; falta de projeto de proteção coletiva.
73
74
Me. Maílson José da Silva
Higiene
Ocupacional I
PLANO DE ESTUDOS
Calor Vibrações
Ruído Radiações
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender os conceitos de avaliação da exposição ocupa- • Entender os conceitos de avaliação da exposição ocupa-
cional ao ruído. cional a radiações.
• Aplicar as técnicas de avaliação quantitativa da exposição • Aplicar as técnicas de avaliação quantitativa da exposição
ocupacional ao calor. ocupacional a vibrações.
Ruído
Iniciamos esta unidade por um dos riscos mais presentes nos ambientes de trabalho: o ruído. Este é
produzido por máquinas e equipamentos usados em diferentes atividades laborais. Exemplos: um
martelo batendo em um prego ou uma marreta batendo em um material metálico; uma lixadeira
fazendo o corte de uma barra de aço; uma furadeira perfurando uma parede; um secador de cabelos
em um salão de cabeleireiros etc.
O ruído pode ser prejudicial à saúde humana quando estiver em uma intensidade muito alta. Para
saber se uma intensidade sonora é segura, é preciso compará-la com um limite de tolerância. O limite
define intensidades de ruído máximas, conforme o tempo de exposição, que não causarão danos à
saúde auditiva da maioria dos trabalhadores que ficam expostos durante toda a vida laboral. Portanto,
a simples presença de ruído em um ambiente de trabalho não significa que ele é um local insalubre
(um ambiente causador de doenças). É preciso usar técnicas de avaliação da HO para determinar a
gravidade da exposição ao ruído. Caso o ambiente seja insalubre, devem ser adotadas medidas para
modificá-lo e fazer o monitoramento das exposições. Para você entender corretamente as bases da
avaliação ocupacional ao ruído, vamos entender primeiro o que é o som.
O termo “insalubre” é usado para designar um ambiente ou atividade que causa danos à saúde dos
trabalhadores. A insalubridade é avaliada por meio da Norma Regulamentadora NR-15, do antigo
Ministério do Trabalho e Emprego (agora Ministério da Economia). No entanto, vale destacar que
algumas atividades e ambientes geram danos à saúde, mas não estão presentes no texto legal NR-15.
UNIDADE 3 77
Som: Potência, Frequência, Ruído,
Ruído Contínuo e Ruído de Impacto
O som é formado por variações na pressão de um meio. Assim, se não existir um meio de propagação
para as ondas sonoras, seja o ar ou a água, por exemplo, não haverá som. O som é formado por ondas
mecânicas. Como toda onda, a onda sonora possui as características de comprimento de onda, am-
plitude e frequência. Observe a Figura 1, que ilustra uma onda mecânica.
78 Higiene
Intensidade do ruído em dB
90-120 dB
Sirene, alarme 140 Explosão
130 Avião a decolar
40
Biblioteca
30
40-80 dB 20
Sala de aula
10 Cabina insonorizada
0 Limiar auditivo
30-80 dB
Voz ciciada,
falada ou Sons excepcionais: Perigo: Limiar do Sem
lesão irreversível sons lesivos som lesivo risco
gritada
Figura 2 - Exemplos de níveis de ruído
Fonte: adaptada de Cochlea (2001, on-line)1.
Veja que a voz humana possui intensidade de 30 maiores de som, e comprimentos maiores geram
a 80 decibéis (dB). O tráfico rodoviário, porém, frequências menores. A frequência de um som é
possui intensidade que varia de 50 dB a 90 dB. medida pela unidade Hertz (Hz) que é o número
Quanto maior a intensidade, mais prejudicial é o de ciclos por segundo de uma onda. O ouvido
som para a saúde auditiva. Sons acima de 90 dB, humano pode ouvir sons na faixa de 16-20 Hz a
como é o caso do ruído produzido por uma serra 16-20 KHz (SESI, 2007).
mecânica ou um martelo pneumático, oferecem
um perigo expressivo para o ouvido, sendo que
intensidades acima de 115 db(A) oferecem risco
grave e iminente (BRASIL, 1978c).
No entanto, não conseguimos ouvir todo tipo Considera-se grave e iminente risco toda condi-
de som. A audibilidade do som dependerá de sua ção ou situação de trabalho que possa causar aci-
frequência. Conforme o comprimento de onda do dente ou doença com lesão grave ao trabalhador.
som, existirão diferentes tipos de frequência. Com- Fonte: Brasil (1978a).
primentos de onda menores geram frequências
UNIDADE 3 79
Quando diversos sons, de diferentes frequências, são produzidos em um ambiente, existe, na verdade,
um ruído – conjunto de sons de diferentes frequências e intensidades. Este ruído pode ser de impacto –
quando produz picos de energia com duração inferior a um 1 segundo a intervalos superiores a 1 segundo
– ou ruído contínuo ou intermitente.
As características de intensidade sonora (medida em dB), frequência (medida em Hz) e tipo de
ruído são importantíssimas nas medições dos níveis de ruído, explicadas a seguir.
Como vimos, um ruído será prejudicial à saúde se possuir uma intensidade tal que ultrapasse um certo
valor de limite de tolerância. No Brasil, os limites de tolerância são dados pela Norma Regulamentadora
NR-15, em seus anexos 1 e 2, conforme ilustra a Tabela 1.
Tabela 1 - Limites de tolerância para ruído
NÍVEL DE RUÍDO dB(A) Máxima Exposição Diária Permissível
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
Fonte: Brasil (1978c, on-line).
80 Higiene
Veja, aluno(a), como aponta a Tabela 1, uma ex- “IMPULSE” (impacto) ou “FAST” (rápido).
posição a 85 dB(A) durante 8 horas de trabalho Observe que, em um ambiente de trabalho, po-
é considerada uma exposição dentro do limite dem existir diversas fontes de ruído simultâneas.
de tolerância. Entretanto, uma exposição a um O nível de ruído geralmente não permanece o
ruído de 90 dB(A) durante 5 horas de trabalho é mesmo durante toda a jornada de trabalho. Se al-
considerada insalubre, pois o limite de tolerância guns equipamentos são desligados, por exemplo,
para 5 horas de trabalho é de 88 dB(A). o nível de ruído diminui; se o trabalhador circula
por diferentes ambientes durante sua jornada de
trabalho, o nível de ruído irá variar. Diversas outras
situações causam variação no nível de ruído du-
rante a jornada laboral. Para considerar correta-
O limite de tolerância não é o único parâmetro mente as variações de ruído conforme os limites
usado para iniciar a aplicação de medidas correti- de tolerância explicitadas no Quadro 1, é preciso
vas em um ambiente. Caso o valor da intensidade calcular a dose de ruído.
de ruído seja igual a 50% do valor do limite de
tolerância, deve-se tomar uma ação, pois este
valor representa o Nível de Ação.
Fonte: Brasil (1978b).
Os níveis de impacto deverão ser avaliados em
Observe, na Tabela 1, que o ruído está sendo re- decibéis (dB), com medidor de nível de pressão
presentado com a unidade de dB(A). Este “A” na sonora operando no circuito linear e circuito de
unidade possui um significado importante: que resposta para impacto. O limite de tolerância
o ruído está sendo ponderado na curva de pon- para ruído de impacto será de 130 dB (linear).
deração A. Uma curva de ponderação serve para Em caso de não se dispor de medidor do nível
corrigir a intensidade do ruído conforme sua fre- de pressão sonora com circuito de resposta para
quência, já que o ouvido humano tem uma ten- impacto, será válida a leitura feita no circuito de
dência a escutar menos os sons mais graves (de resposta rápida (FAST) e circuito de compensa-
baixa frequência) e ter uma sensibilidade maior ção "C". Neste caso, o limite de tolerância será
para os sons mais agudos (de alta frequência). de 120 dB(C).
Além da curva de ponderação A, existem as cur- Fonte: adaptado de Brasil (1978c).
vas B, C e linear. Para medir o ruído contínuo ou
intermitente, utilizamos a curva A. Esta deve ser
parametrizada no equipamento de medição (que
iremos explicar em seguida). E para medir o ruí-
do de impacto, utilizamos a curva de compensa-
ção C ou linear. Dose de ruído é um valor que expressa a expo-
Além da ponderação, é preciso parametrizar sição ao ruído durante uma jornada de trabalho.
o equipamento de medição quanto ao circuito de Quando seu valor excede a unidade, significa que
resposta. Para ruídos contínuos ou intermitentes, o limite de tolerância foi ultrapassado.
o circuito de resposta é “SLOW” (resposta lenta); Fonte: baseado em Brasil (1978c).
para ruídos de impacto, podemos usar os circuitos
UNIDADE 3 81
A dose é calculada pela seguinte expressão:
C1 C2 C3 Cn
+ + ...
T1 T2 T3 Tn
Em que:
C: tempo total de exposição a um certo nível de ruído.
T: tempo total de exposição permitida para o nível de ruído.
1 EXEMPLO Um trabalhador fica exposto a 85 dB(A) durante 4 horas e a 90 dB(A) durante 2 horas.
Nesse caso, conforme dados da Tabela 1, o valor da dose de ruído é de:
C1 C2 4 2
1
T1 T2 8 4
Neste caso, a dose de ruído não ultrapassou a unidade e o ambiente não é considerado
insalubre.
Realização de medições
de exposição ao ruído
Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao Agora que você conhece os conceitos fundamen-
vídeo. Para acessar, use seu tais usados nas medições, vamos entender como
leitor de QR Code. elas são feitas.
São utilizados, basicamente, dois tipos de equi-
pamentos para medir o ruído: o dosímetro e o
medidor de leitura instantânea (conhecido como
decibelímetro) – Figuras 3 e 4.
82 Higiene
Figura 4 – Dosímetro de ruído
Fonte: Instrutherm ([2020], on-line)2.
UNIDADE 3 83
• Para dosímetros: O dosímetro deve atender a algumas especificações
- Circuito de ponderação “A”. mínimas: atender à norma ANSI S1.25-1991 ou
- Circuito de resposta lento (SLOW). suas versões futuras; classificação mínima do tipo 2.
- Critério de referência – 85 dB (A). O medidor integrador portado pelo avaliador
- Nível limiar de integração – 80 dB (A). deve atender: especificações constantes na Nor-
- Faixa de medição mínima - 80 a 115dB ma IEC 804 ou suas versões futuras; classificação
(A). mínima tipo 2.
- Incremento de duplicação de dose - 3 O medidor de leitura instantânea deve aten-
ou 5 (caso esteja usando a NR-15 como der a: norma ANSI S1.4-1983 e IEC 651 ou suas
referência, usar incremento de 5). versões futuras.
- Indicação de ocorrência de níveis supe- Antes de iniciar as medições, é preciso se cer-
riores a 115 dB (A). tificar que os equipamentos utilizados atendam às
• Para medidores de leitura instantânea: especificações apresentadas. Além dos medidores
- Circuito de ponderação “A”. em si, utiliza-se um calibrador acústico que deve
- Circuito de resposta lento (SLOW) ou atender às especificações da norma ANSI S1.40-
rápido (quando especificado pelo fabri- 1984 ou IEC 942-1988. Os calibradores são usados
cante). antes e depois da medição para verificar se houve
- Critério de referência – 85 dB (A). alteração significativa dos valores lidos (variação
- Nível limiar de integração – 80 dB (A). maior que 1db).
- Faixa de medição mínima - 80 a 115dB.
- Incremento de duplicação de dose - 3
ou 5 (caso esteja usando a NR-15 como Utilização de
referência, usar incremento de 5). Protetores Auriculares
- Indicação de ocorrência de níveis supe-
riores a 115dB (A). A proteção contra ruído deve ser preferencial-
mente feita por meio de medidas que atuem dire-
Para a medição de ruído de impacto, as configu- tamente na fonte de ruído. Enclausurar fontes de
rações mínimas são: ruído, construir paredes com material absorvente,
• Circuito de ponderação “linear” ou “C”. realizar a manutenção de equipamentos, fixar pe-
• Circuito de resposta para medição de nível ças soltas em máquinas, dentre outras medidas,
de pico ou FAST. reduzem o nível de ruído produzido nos ambien-
• Faixa de medição de pico mínimo de 100 tes de trabalho. Caso o nível de ruído ultrapasse
a 150dB. um valor mínimo de 80 dB(A), que é o nível de
ação, será preciso fornecer proteção por meio de
protetores auriculares.
84 Higiene
Existem, basicamente, três modelos, ilustrados pela Figura 5.
Os protetores que possuem melhor eficiência são os circum-auriculares, seguidos pelos de inserção de
espuma de expansão lenta e pelos de inserção de polímero pré-moldado. Para obter um nível maior de
proteção contra ruídos, pode-se utilizar o protetor circum-auricular juntamente com os de inserção.
O que determina o nível de proteção do protetor é seu valor de atenuação NRR (Noise Reduction
Rate ou Nível de Redução do Ruído) expresso em decibéis. Este valor pode ser determinado por qua-
tro métodos diferentes: método longo, NRR, NRRa e NRRSF. O nível de atenuação determinado pelo
método NRRSF é o mais prático de ser utilizado, pois ele considera o nível de atenuação para usuários
leigos no uso dos protetores auriculares, já que o seu mau uso reduz o nível original de proteção de-
terminado por fábrica.
2 EXEMPLO Em uma fábrica, o ruído constante de diversos equipamentos produz uma intensida-
de sonora máxima de 92dB (A) durante oito horas de trabalho. Um protetor auricular
do tipo de inserção pré-moldado possui NRRSF=18db. Quanto de intensidade sonora
chegará ao ouvido do usuário do EPI? A redução é satisfatória? Neste caso, chegará ao
ouvido do usuário a seguinte intensidade:
UNIDADE 3 85
Como o limite de tolerância para oito horas é de 85 dB (A), verificamos que a atenuação é satisfatória.
O exemplo mostrou como é prático o uso do NRRSF. No entanto, seu valor pode ser usado direta-
mente se o trabalhador usar o protetor durante toda sua jornada de trabalho. Caso ele use parcialmente,
deve ser feito uma correção, que é dada pela Tabela 2.
Tabela 2 – Correção para o NRR nominal de protetores
CORREÇÃO PARA O NRR NOMINAL DO PROTETOR
Tempo de uso em porcentagem de jornada de 8 horas
50 75 87,5 94 98 99 99,5 100% do tempo NRR – atenuação nominal
-20 -15 -11 -7 -3 -2 -1 25
-15 -11 -7 -4 -2 -1 -1 20
-11 -7 -4 -2 -1 -1 0 15
-7 -4 -2 -1 -1 0 0 10
-240 120 60 30 10 5 2,5 0
Tempo de não uso em minutos por jornada de 8 horas
Para o nosso exemplo, se o protetor não é usado durante 1 hora (60 min) da jornada laboral, a porcen-
tagem de uso em relação à jornada de oito horas é de:
480 60
0, 875 87, 5%
480
Cruzando esse valor com o valor de NRR = 20 na Tabela 2 (usamos o valor de 20, pois é o que mais se
aproxima do valor do NRRSF = 18 do protetor), obtemos um desconto de -7. Portanto, o nível de ruído
médio que chegará ao ouvido do trabalhador durante toda a jornada de trabalho será de:
Veja que, após avaliar a exposição ao ruído, é preciso determinar o equipamento de proteção mais
adequado que, no caso do protetor auricular, precisa ser verificado quanto ao seu correto uso (durante
toda a jornada de trabalho em que há exposição ao ruído e colocação correta do equipamento).
Vimos que a avaliação do ruído é feita de forma quantitativa, utilizando-se equipamentos de medição
de pressão sonora, e que as medidas de controle são aplicadas conforme o nível de ruído encontrado.
Em algumas situações, quando o nível de ruído não atinge 50% do valor do limite de tolerância, as
medidas de controle podem ser dispensadas.
Agora, vamos estudar outro agente ambiental físico: o calor. Assim como o ruído, o calor pode gerar
apenas um desconforto ou, dependendo de sua intensidade, tempo de exposição e tipo de atividade
desenvolvida, pode gerar doença nos trabalhadores.
86 Higiene
Calor
UNIDADE 3 87
tes termômetros: termômetro de bulbo úmido
(tbn), termômetro de globo (tg) e termômetro de
bulbo seco (ts). O outro parâmetro avaliado é a
taxa metabólica (M), que é dependente da ativi-
dade realizada. Estes dois parâmetros estabelecem
os limites de tolerância ao calor que, quando ul-
trapassados, gerarão a sobrecarga térmica.
O IBUTG é calculado por duas equações diferen-
tes. Para ambientes sem carga solar, ele é dado por:
IBUTG = 0,7tbn + 0,3tg (1)
Para avaliar o risco de uma atividade com exposi- A taxa metabólica não é calculada por meio de
ção ao calor, são avaliados basicamente dois parâ- equação. Ela é obtida por meio de tabelas. A se-
metros. O Índice de Bulbo Úmido Termômetro guir, estão dispostas as taxas de metabolismo
de Globo (IBUTG) é um valor de temperatura por atividade de acordo com a NR-15, anexo III
composto pela temperatura lida por três diferen- (BRASIL, 1978c).
88 Higiene
A temperatura a que trabalhadores ficam expostos
varia significativamente de acordo com o horário do
dia e da atividade. Para avaliar o IBUTG, é preciso Trabalhadores aclimatizados são aqueles que
selecionar o período da jornada de trabalho em que a passaram pela aclimatização, que é a “adaptação
situação está mais crítica. A medição de temperatura fisiológica decorrente de exposições sucessivas e
deve ocorrer por um período de 60 min. Neste pe- graduais ao calor que visa reduzir a sobrecarga
ríodo, a situação térmica deve ser a mais desfavorável fisiológica causada pelo estresse térmico”.
possível, ou seja, com temperatura ambiente alta e Fonte: Fundacentro (2017, p. 13).
taxa metabólica alta. A medição é feita por meio de
um dispositivo que possui os três termômetros que
comentamos, conforme ilustrado pela Figura 6.
Sensor
2,5 cm
UNIDADE 3 89
termômetro envolto por um pavio umedecido. Ele fornece a temperatura de bulbo úmido. E mais à
direita há o termômetro de bulbo seco. O dispositivo da direita da figura é um conjunto convencional,
composto pelos três termômetros já citados, mas que não fornecem a leitura direta do IBUTG e sim a
leitura individual de cada temperatura. Neste caso, é preciso fazer o cálculo do IBUTG por meio das
equações apresentadas. O dispositivo de medição deve ficar posicionado no local em que permanece
o trabalhador e na altura do corpo da região mais atingida.
Vejamos alguns exemplos de medição e avaliação da exposição ocupacional ao calor.
Há situações em que os trabalhadores que ficam expostos ao calor realizam pausas para descanso (mo-
mento em que a taxa metabólica diminui) no próprio local de trabalho. Este é o caso, por exemplo, de
um trabalhador que carrega com material um forno e espera por alguns minutos, na frente do forno,
para fazer a retirada do material. O período em que ele não faz o carregamento é considerado período
de descanso no próprio local de trabalho. Os limites de tolerância são estabelecidos pela Tabela 4.
Tabela 4 – Limites de tolerância para regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho
90 Higiene
3 EXEMPLO Um trabalhador carrega material em uma mufla para um experimento científico du-
rante 5 min. e, a seguir, ele aguarda por 20 min. o aquecimento do material e gasta
mais 5 min. para fazer a retirada do material. Como não há carga solar, foram medidas
as temperaturas de globo e de bulbo úmido apenas, obtendo-se os seguintes valores:
tg = 35 °C; tbn = 25 °C.
Neste caso, avaliou-se que a atividade do trabalhador é de intensidade moderada e que
o período em que ele aguarda na frente da mufla é considerado período de descanso.
Utilizando a Equação (1), temos:
Para este valor de IBUTG, conforme a Tabela 4, o trabalhador deve trabalhar, no máximo,
45 min. e descansar, no mínimo, 15 min. dentro de uma hora de trabalho. O seu ciclo
de trabalho dura 30 min. (soma dos tempos de atividade e descanso). Se em 30 min.
ele trabalha 10 min e descansa 20min (soma dos tempos de carregamento e descarre-
gamento da mufla), significa que, em uma hora, ele irá trabalhar 20 min. e descansar
40 min. Portanto, para o valor de IBUTG = 28 °C, o tempo de descanso e trabalho está
sendo atendido e a atividade não é insalubre do ponto de vista do calor.
Quando o trabalhador executa sua atividade exposto ao calor e depois vai para outro ambiente termi-
camente mais ameno, exercendo atividade leve ou ficando em repouso, a avaliação do IBUTG é feita
de outra forma. Neste caso, são utilizados os limites de tolerância da Tabela 5.
Tabela 5 – Limites de tolerância para regime de trabalho intermitente com descanso em outro local (local de descanso)
M (Kcal/h) MÁXIMO IBUTG
175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
Fonte: Brasil (1978c, p. 2).
UNIDADE 3 91
Nesse tipo de avaliação, deve-se registrar o IBUTG e a taxa de metabolismo M para o local de trabalho
e para o local de descanso. Em seguida, são calculados os seus valores médios e é feita a comparação
de seus valores com os dados da Tabela 5. O cálculo dos valores médios é feito da seguinte maneira:
( IBUTGt xTt ) ( IBUTGd xTd )
IBUTG ( Eq.2)
60
Em que:
IBUTG : IBUTG médio.
IBUTGt: IBUTG no local de trabalho.
Tt: tempo total de trabalho dentro de 60 minutos.
IBUTGd: IBUTG no local de descanso.
Td: tempo total de descanso dentro de 60 minutos.
( M t xTt ) ( M d xTd )
M ( Eq.3)
60
Em que:
M : taxa metabólica média.
Mt: taxa metabólica no local de trabalho.
Tt: tempo total de trabalho dentro de 60 minutos.
M d: taxa metabólica no local de descanso.
Td: tempo total de descanso dentro de 60 minutos.
4 EXEMPLO Um trabalhador carrega material em uma mufla para um experimento científico durante
5 min. e a seguir ele sai da sala e vai para uma sala administrativa e permanece lá por
20 min. Em seguida, ele retorna à mufla e fica exposto ao calor por 5 min. para fazer a
retirada do material. Como não há carga solar, foram medidas as temperaturas de globo
e de bulbo úmido apenas, obtendo-se os seguintes valores para o local de trabalho:
tg = 35 °C
tbn = 25 °C
No local de descanso, os valores de temperatura medidos foram:
tg = 28 °C
tbn = 20 °C
Nesse caso, avaliou-se que a atividade de carregar e retirar o material na mufla tem
intensidade moderada, com M=175 kcal/h e a atividade realizada em sala administra-
tiva tem intensidade leve, com M=125 kcal. Observe que o trabalhador, durante uma
hora, trabalha o equivalente a 20 min. e fica em local de descanso durante um tempo
equivalente a 40 min.
Como os locais de trabalho e descanso são diferentes, devemos calcular o valor médio
92 Higiene
de IBUTG e da taxa metabólica com aplicação das Equações 2 e 3:
IBUTG t (0 , 7x 25 ) ( 0 , 3 x 35) 28 C
Como vimos, o calor é avaliado quantitativamente por meio do índice IBUTG e este se diferencia
conforme o regime de trabalho. Em outro momento, estudaremos outro agente ambiental físico: as
vibrações. Diferentemente do ruído e calor que explicamos como é feita a avaliação quantitativa, iremos
focar na avaliação qualitativa deste agente ambiental.
UNIDADE 3 93
Radiações
94 Higiene
Avaliação da Exposição
Ocupacional a Radiações Ionizantes
Este tipo de radiação possui grandes efeitos na saúde humana, como os efeitos genéticos que são trans-
mitidos hereditariamente. Alguns efeitos são: anemia, diminuição do número de plaquetas, inibição
da proliferação celular, redução da fertilidade, fibrose renal e hepatite de radiação (SALIBA, 2014).
As radiações ionizantes são de diferentes tipos: radiações alfa, beta, gama, raios-x, elétrons, prótons
e nêutrons. Conforme o anexo 5 da NR-15, os limites de tolerância, as obrigações e os controles básicos
para a proteção contra os efeitos causados pela radiação ionizante estão na Norma CNEN-NE-3.01
“Diretrizes Básicas de Radioproteção”, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Esta nor-
ma estabelece os limites de dose individual para os indivíduos ocupacionalmente expostos, conforme
Tabela 6.
Indivíduo do
Grandeza Órgão Indivíduo ocupacionalmente exposto
público
20 mSv [b]
Dose equivalente Cristalino 15mSv
(Alterado pela resolução CNEN 114/2011)
UNIDADE 3 95
A medição de radiação ionizante é feita por meio de medições de área, que medem o nível de radiação
de maneira instantânea, e por meio de medições individuais, utilizando dosímetros, que registram a
radiação acumulada ao longo do tempo. A unidade de medida é o Sievert(Sv). Dentre os equipamentos
utilizados nas medições existem (SOUZA, 2008):
• Câmara de ionização (medição de raios-x em pulsos).
• Detector Geiger Müller (medição de radiação de partículas alfa, beta, gama e raios-x).
• Detector de cintilação.
• Caneta dosimétrica.
• Filme dosimétrico (medição de raios-x, partículas gama e nêutrons).
• Dosímetro termoluminiscente (medição de elétrons, prótons, partículas gama, beta e raios-x).
O uso de cada tipo de equipamento vai depender da sensibilidade e robustez requeridas e do tipo de
radiação a medir.
Na avaliação das radiações ionizantes, é preciso estar atento às medidas de controle existentes e ao
tempo de exposição, bem como à intensidade de energia recebida pela fonte de radiação. Quanto mais
próximo o trabalhador estiver delas, maior serão os efeitos nocivos.
As radiações não ionizantes possuem efeito térmico importante no organismo humano. A luz do sol
representa uma radiação não ionizante que pode aquecer tecidos e até penetrar na epiderme. A avaliação
desse tipo de agente físico, para fins de insalubridade, é descrita no anexo 7 da NR-15. Ele determina
que as micro-ondas, ultravioletas e o LASER são radiações não ionizantes e que a exposição a elas, sem
proteção adequada, pode caracterizar situação insalubre.
A avaliação deste agente, para fins legais, é feita de forma qualitativa, ou seja, é preciso:
a) Identificar se existe alguma fonte de radiação não ionizante no local de trabalho, descrevendo
suas características.
b) Identificar se existe proteção adequada que impeça que as ondas atinjam a pele, olhos e demais
partes do corpo humano.
c) Identificar os efeitos da exposição, em decorrência do tipo de radiação não ionizante, sua in-
tensidade e o tempo de exposição.
As radiações não ionizantes são ondas eletromagnéticas que carregam partículas discretas de energia,
porém elas não desalojam elétrons dos tecidos humanos, como as radiações ionizantes.
As micro-ondas e as ondas de alta frequência possuem limites de tolerância definidos pela ACGIH.
As ondas de alta frequência possuem limites de tolerância dados pela Lei 11.934/2009 e resolução
ANATEL 303, de 02 de julho de 2002. Essas ondas possuem comprimentos de onda maiores, de 100
km a 0,3 cm (SESI, 2007). Elas são usadas em estações de rádio, TV, aplicações médicas, radar e no
micro-ondas.
96 Higiene
Os raios ultravioletas se dividem em UVA, UVB e UVC. Seu
comprimento de onda é bem menor do que as micro-ondas e as
ondas de alta frequência, girando em torno de 400 nm a 100 nm
(SESI, 2007). As ondas ultravioletas possuem um efeito térmico e
ocular importantes, sendo que não são percebidos de imediato. O
trabalhador que fica exposto a essas radiações poderá perceber
seu efeito nocivo apenas após 6 ou 12 horas de exposição. Além de
atingirem o corpo diretamente, as radiações UV atacam os traba-
lhadores por meio de ondas refletidas. Algumas fontes de radiação
UV são: sol, arcos elétricos, soldas (principalmente as modalidades
protegidas com argônio – MIG, TIG, MAG), lâmpadas germici-
das, lâmpadas de vapor de mercúrio, cura de resinas, lâmpadas da
indústria gráfica e corpos incandescentes acima de dois mil graus
Celsius (SESI, 2007).
O LASER é uma sigla para Amplificação de Luz por Emissão
Estimulada de Radiação. Ele pode reproduzir vários tipos de radia-
ção não ionizante, possui como característica principal concentrar
uma grande quantidade de energia em uma pequena área. Isso
pode causar a destruição de tecidos atingidos pelo raio LASER.
Ao contrário das demais radiações não ionizantes, o LASER não
perde energia conforme sua distância da fonte que o originou. Para
conhecer a potência do laser, você pode consultar a sua classificação.
Os LASERs são classificados em cinco classes (SALIBA, 2014):
a) Classe I – risco baixo, poder irradiante baixo.
b) Classe II – potência maior que 1,0 mW.
c) Classe IIIA – potência entre 1 a 5,0 mW.
d) Classe IIIB – potência de 5 a 500 mW.
e) Classe IV – potência maior que 500 mW.
UNIDADE 3 97
Vibrações
98 Higiene
z
z
y x
x
x
y
Figura 7 – Eixos de medição de vibração de corpo inteiro
Fonte: Norma ISO 2631:1985 (apud SESI, 2007, p. 169).
Portanto, para saber se uma exposição ocupacional à vibração é prejudicial à saúde, é preciso medir
a aceleração associada ao movimento vibratório, considerando o eixo em que ela ocorre. A vibração
intensa por longos períodos de tempo está associada à degeneração primária de vértebras e efeitos
no sistema nervoso. Caso ela ocorra em ambientes frios ou com más posturas corporais, as dores na
coluna podem ser intensificadas. Considerando estes efeitos, a NR-15, em seu anexo 8, estabeleceu
limites de tolerância para vibração de corpo inteiro (VCI) e vibração de mãos e braços (VMB). Não
detalharemos todos os cálculos envolvidos na avaliação da exposição ocupacional à vibração, mas nos
ateremos aos principais cálculos usados para determinar se uma exposição ultrapassa ou não o limite
de tolerância estabelecido pela norma.
Esta avaliação é feita por meio de equipamento denominado medidor de vibração. Ele deve atender à
norma ISO 8041:2005 (SALIBA, 2014). Este equipamento possui um acelerômetro triaxial que converte
os sinais mecânicos da vibração em sinais elétricos, mostrando o resultado da vibração resultante em
relatórios que são usados para determinar se o limite ocupacional foi ou não ultrapassado durante a
exposição.
UNIDADE 3 99
Deve-se medir a aceleração ponderada (rms) nos três eixos de
vibração e calcular a aceleração soma resultante. Outra grandeza
medida pelo equipamento é o Valor de Dose de Vibração Resultante
(VDVR) que considera acelerações bruscas de vibração. A medi-
ção é feita durante um ciclo de trabalho e, portanto, não engloba a
jornada completa do trabalhador. Neste caso, é preciso calcular a
aceleração resultante normalizada para uma jornada de trabalho.
No cálculo do VDVR, deve-se considerar o tempo de exposição e
o tempo de medição. A seguir, apresentamos as principais equações
utilizadas na avaliação de vibração de corpo inteiro e um exemplo
de sua aplicação (SALIBA, 2014).
At (1, 4 Awx )2 (1, 4 Awy )2 ( Awx )2 (Eq. 4)
Em que:
At: aceleração resultante.
Awx: aceleração ponderada no eixo x.
Awy: aceleração ponderada no eixo y.
Awz: acelaração ponderada no eixo z.
Em que:
AEQ: aceleração equivalente ao tempo de exposição total.
a2wn: aceleração ponderada durante parte do tempo de exposição.
tn: tempo de exposição em que ocorreu a n-ésima aceleração.
100 Higiene
exposição ocupacional à vibração. Dividimos a exposição total em
parcelas de tempo, conforme o valor de aceleração total medida em
cada parcela. A aceleração equivalente representa apenas parte da
exposição e toda a exposição deve ser considerada para uma jor-
nada de trabalho de oito horas. Este valor é obtido pela Equação 6:
T
Aren = are ( Eq.6)
T0
Em que:
Aren: aceleração normalizada resultante para a jornada de trabalho.
Are: aceleração resultante.
T: Tempo de duração da jornada diária de trabalho.
T0: 8 horas ou 480 minutos.
TE
VDVE = fVDV j 4 (Eq. 7)
TM
Em que:
VDVE: valor de dose de vibração determinado para cada eixo.
f: fator de multiplicação em função de cada eixo.
VDVj: valor de dose de vibração dp j-ésimo eixo.
TE: tempo de exposição em minutos ou hora.
TM: tempo de medição ou da amostra.
UNIDADE 3 101
Comparamos os valores de aren e VDVR com os limites de tolerân-
cia, estabelecidos no anexo 8 da NR-15 (BRASIL, 1978c):
aren = 1, 1m / s 2
VDVR = 21, 0m / s1,75
5 EXEMPLO Um trabalhador fica exposto à vibração de corpo inteiro ao operar um trator. Sua ex-
posição ocorre em ciclos de trabalho com duração total de uma hora. O ciclo se repete
durante quatro vezes na jornada de trabalho e é composto por quatro operações:
Tabela 7 - Operações do ciclo de trabalho
Total 60 240
Fonte: o autor.
Eixo VDV
x 5,0 m/s1,75
y 6,0m/s1,75
z 9,0 m/s1,75
Fonte: o autor.
102 Higiene
Precisamos, agora, determinar o valor da aceleração normalizada para jornada de oito
horas. Esse valor é dado pela Equação 6, considerando que o tempo total da jornada
com exposição é de 240 min:
T 240
Aren are 1, 10 0, 78 m / s 2
T0 480
Os valores de dose de vibração determinados medidos para cada eixo precisam ser
projetados de acordo com o tempo de exposição, já que os valores foram obtidos ape-
nas para 60 minutos de exposição (tempo de um ciclo). Fazemos o cálculo do valor de
dose de vibração utilizando a Equação 7. Na aplicação desta equação, vamos considerar
que o equipamento de medição já incorporou, nos valores medidos de VDV, o fator de
multiplicação de cada eixo. Assim, o cálculo fica:
TE 240
VDVEx VDVx 4 =5.4 7, 07 m / s1,75
TM 60
TE 240
VDVEy VDV y 4 =6.4 8, 48 m / s1,75
TM 60
TE 240
VDVEz VDVz 4 =9.4 12, 73 m / s1,75
TM 60
Com esses valores, calculamos o valor de vibração resultante dado pela Equação 8 (sem
os fatores de multiplicação para cada eixo):
A vibração localizada, de mãos e braços, provoca a obstrução do sangue (isquemia) que causa o
branqueamento de dedos. Isso acontece quando os trabalhadores ficam expostos diariamente a
vibrações em valores acima de limite de tolerância definido por normas técnicas. Os trabalhadores
podem não perceber este efeito, pois ele se inicia pelo branqueamento de dedos por curtos períodos
de tempo. No entanto, o quadro pode se desenvolver chegando à necrose nas pontas dos dedos das
mãos (SALIBA, 2014).
A Fundacentro e a Comunidade Europeia adotam como limite de tolerância para VMB o valor de
5 m/s² e como nível de ação o valor de 2,5 m/s². Este valor é o da aceleração resultante normalizada.
Inicialmente deve-se calcular o valor da aceleração resultante ou também chamada de aceleração
equivalente, dada pelas Equações 5 e 6, explicadas anteriormente, porém aplicadas para valores de
UNIDADE 3 103
aceleração do vetor resultante, atuando diretamente nas mãos e braços. Veja o cálculo desses valores
no exemplo a seguir.
Fonte: o autor.
T 4
Aren are 8, 25 5, 83 m / s 2
T0 8
Finalizamos a primeira parte do nosso estudo de HO. Na próxima unidade, abordaremos os riscos
químico e biológico e apresentaremos exemplos de medidas de controle recomendadas para o controle
da exposição contra agentes químicos.
104 Higiene
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. Um trabalhador opera uma empilhadeira dentro de uma fábrica onde existem di-
versos equipamentos, como dobradeiras, lixadeiras, furadeiras e parafusadeiras.
Foi realizada medição de ruído e chegou-se à conclusão que o trabalhador fica
exposto a um nível diário de ruído de 92db(A) durante oito horas de trabalhos.
Considerando essa situação, responda:
a) O valor medido pode ser usado para determinar a exposição ao ruído dos
demais trabalhadores?
b) Qual equipamento de medição de ruído é o mais recomendado para fazer a
medição da exposição ao ruído do operador de empilhadeira?
c) O trabalhador deverá utilizar EPI contra ruídos? Em caso afirmativo, qual equi-
pamento você recomendaria? Em caso negativo, justifique sua resposta.
105
3. Em um laboratório de pesquisa, foi constatada a presença de radiação beta e LA-
SER. Você foi chamado para avaliar o risco desses agentes ambientais. Responda:
a) Qual é a classificação dessas radiações?
b) Como pode ser feita a avaliação quantitativa da exposição à radiação beta?
c) Como pode ser feita a avaliação qualitativa da exposição ao LASER?
106
LIVRO
107
ANATEL. Resolução n° 303, de 2 de julho de 2002 (revogada). Aprova o Regulamento sobre Limitação da
Exposição a Campos Elétricos, Magnéticos e Eletromagnéticos na Faixa de Radiofrequências entre 9 kHz e 300
GHz. Anatel, Diário Oficial da União, 2002. Disponível em: https://www.anatel.gov.br/legislacao/resolucoes/
17-2002/128-resolucao-303. Acesso em: 27 jan. 2020.
BRASIL. Lei nº 11.934, de 5 de maio de 2009. Dispõe sobre limites à exposição humana a campos elétricos,
magnéticos e eletromagnéticos; altera a Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965; e dá outras providências. Brasília:
Diário Oficial da União. 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/
L11934.htm. Acesso em: 17 jan. 2020.
Comissão Nacional de Energia Nuclear. CNEN NN 3.01: Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica. Março
2014. Rio de Janeiro: CNEN, 2014. Disponível em: http://appasp.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm301.
pdf. Acesso em: 16 jan. 2020.
FUNDACENTRO. NHO-06: Avaliação da exposição ocupacional ao calor. 2 ed. São Paulo: Fundacentro,
2017. Disponível em: http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/normas-de-higiene-ocupacional/publicacao/
detalhe/2018/1/nho-06-avaliacao-da-exposicao-ocuacional-ao-calor. Acesso em: 16 jan. 2020.
GOELZER, B. Occupational Hygiene: goals, definitions, general information and practice. In: ILO. En-
cyclopaedia of Occupational Health and Safety, Geneva: ILO, 1998.
SALIBA, T. M. Manual prático de Higiene Ocupacional e PPRA. 6. ed. São Paulo: LTr, 2014.
SESI. Serviço Social da Indústria (Brasília) (Org.). Técnicas de avaliação de agentes ambientais: manual
SESI. Brasília: Sesi/dn, 2007.
SOUZA, S. R. P. Apostila do curso de Higiene Ocupacional: Agentes Físicos II. São Paulo: Universidade de
São Paulo, 2008.
108
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: http://www.cochlea.org/po/ruido. Acesso em: 16 jan. 2020.
2
Em: https://www.instrutherm.net.br/seguranca-e-medicina-do-trabalho/acustica-e-vibracao/dosimetro-de-
-ruido/dosimetro-de-ruido-digital-sem-fio-mod-dos-700.html?___store=english&___from_store=brazil.
Acesso em: 16 jan. 2020.
4
Em: https://www.astrodistribuidora.com/protetor-auricular-pomp-plus-3m-ca-5745?gclid=Cj0KCQiAk7Tu-
BRDQARIsAMRrfUYUj5A957SOz24N6xyOZ3GFQEHbfxHx2aP_chOkHxALt25kY00Jd4saAjwcEALw_wcB.
Acesso em: 16 jan. 2020.
5
Em: https://lojazeusdobrasil.com.br/produtos/detalhes/protetor-auricular-cenourinha-espuma-3m/?gclid=-
Cj0KCQiAk7TuBRDQARIsAMRrfUZ2s0z7EMuvX73lSCHArkxB5XTPbRJvNGVBprxlvhf_BA9owbhLD-
9caAnM2EALw_wcB. Acesso em: 16 jan. 2020.
109
1.
a. Não, pois a exposição ao ruído de um operador de empilhadeira é diferente, por exemplo, de um traba-
lhador que opera uma lixadeira diariamente, pois este está mais próximo da fonte de ruído, e a frequência
à exposição de ruído é bem diferente do operador de empilhadeira. Este circula por diversos setores da
fábrica e sua exposição é bem variada.
b. Como a exposição ao ruído é variada, com diferentes fontes e diferentes situações de exposição, o mais
recomendado é a utilização do dosímetro de ruído, que irá fornecer a dose de ruído absorvida durante
todo o período de medição.
c. Como o nível de ruído está acima de 85dB(A) e a exposição se dá por oito horas de trabalho, é recomendado
a utilização de equipamento para diminuir a intensidade de ruído que chega ao ouvido do trabalhador.
Deve ser utilizado um equipamento com NRRSF mínimo de 10, pois este valor diminui a intensidade de
92d(BA) para 82dB(A) , desde que o EPI seja utilizado durante toda a jornada de trabalho.
2.
a. Sim, pois os cozinheiros trabalham constantemente e próximos de fontes de calor: fornos e chamas. Se
o local não tiver uma ventilação adequada, bem como se não forem fornecidas pausas para descanso,
poderá ocorrer a sobrecarga térmica dos trabalhadores.
b. Pode ser feita a medição da exposição ao calor. Se o limite de tolerância for ultrapassado, há forte indício
de que o problema de saúde esteja relacionado ao ambiente de trabalho.
c. A avaliação deve ser feita utilizando-se o termômetro de globo e o termômetro de bulbo úmido. Não é
necessário utilizar o termômetro de bulbo seco, pois a exposição ao calor não envolve a carga solar. A
medição deve ser feita no local e na altura do corpo em que a exposição ao calor é a mais crítica. Deve
ser avaliada a atividade com maior taxa metabólica. O período de trabalho a considerar é de uma ex-
posição de uma hora.
110
3.
a. A radiação beta é uma radiação ionizante e o LASER é uma radiação não ionizante.
b. Podem ser utilizados equipamentos que forneçam valores instantâneos ou a dose, medido em Sievert (Sv).
c. A avaliação envolve:
• Identificar se existe alguma fonte de radiação não ionizante no local de trabalho, descrevendo suas
características.
• Identificar se existe proteção adequada que impeça que as ondas atinjam a pele, olhos e demais partes
do corpo humano.
• Identificar os efeitos da exposição, em decorrência do tipo de radiação não ionizante, sua intensidade
e o tempo de exposição.
4.
a. O trabalhador A está exposto a vibrações de mãos e braços, pois utiliza ferramenta manual. O trabalhador
B está exposto a vibrações de corpo inteiro, pois opera veículo que transmite a vibração a todo o corpo.
b. Para responder à pergunta, é preciso calcular a aceleração resultante normalizada para uma jornada
de oito horas:
T 4
Aren are 2 1, 41 m / s 2
T0 8
Como o limite de tolerância é de 1,1 m/s², conclui-se que o trabalhador opera em condições insalubres.
111
112
113
114
Me. Maílson José da Silva
Higiene Ocupacional II
PLANO DE ESTUDOS
Medidas de controle de
agentes químicos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Introduzir conceitos da avaliação da exposição ocupacio- • Mostrar como é feita a avaliação da exposição ocupacional
nal a agentes químicos. a agentes biológicos.
• Detalhar algumas das medidas de controle da exposição
a agentes químicos.
Agentes
Químicos
UNIDADE 4 117
Portanto, um dos primeiros passos em uma avaliação de agentes químicos é obter todas as FISPQs dos
produtos que estão sendo usados no processo produtivo. Por meio de seus dados, pode-se fazer uma
avaliação qualitativa e posterior avaliação quantitativa da exposição aos agentes químicos. Utilizare-
mos como exemplo a FISPQ de um produto químico denominado álcool etílico 96 PA para explicar
alguns dados importantes da ficha para a avaliação e prevenção da exposição ocupacional a agentes
químicos. Este produto é muito utilizado em laboratórios químicos. Ele pode estar muito disperso no
local quando é borrifado, aquecido ou quando é utilizado em grande quantidade. Os subitens a seguir
descreverão algumas das informações contidas na FISPQ e como elas podem ser usadas na avaliação
da exposição ocupacional ao agente químico. Para acessar a FISPQ deste produto na íntegra, utilize o
link disponibilizado no material complementar ao final desta unidade.
As FISPQs podem ser obtidas pela internet digitando-se o nome da substância química seguida da
palavra FISPQ. Nem toda FISPQ disponibilizada possui todas informações necessárias para uma boa
avaliação. Portanto, caso falte informações, você pode exigir do fabricante que informe dados não
fornecidos na ficha.
Os pictogramas do GHS indicam os perigos as- mente ao entrar em contato com outra substância.
sociados a um agente químico. Com uma leitura O cilindro de gás mostra que o agente químico é
rápida, o usuário pode saber os perigos associados um gás sob pressão e que apresenta risco de explo-
ao produto. Na figura apresentada, da esquerda são sob a ação do calor. O símbolo de um líquido
para direita, o pictograma de bomba explodindo caindo sobre uma superfície e sobre uma mão
indica que o produto é explosivo; o desenho de indica que o produto é corrosivo e prejudicial para
uma chama indica que o produto é inflamável; já metais, pele e olhos. O símbolo de um crânio com
o desenho de uma chama sobre um círculo indica ossos indica que o produto apresenta perigo de
que o produto é um comburente, por exemplo, um toxicidade aguda, seja oral, cutânea ou inalatória.
peróxido que pode entrar em combustão facil- O símbolo de ponto de exclamação indica que
UNIDADE 4 119
o produto apresenta também toxicidade aguda, Analisando a ficha do álcool etílico 96 PA, en-
porém de categoria de perigo menor e pode pro- contramos os símbolos GHS02 e GHS07, bem
vocar irritação ocular, cutânea, pode sensibilizar como a classificação GHS de líquidos inflamáveis
a pele e ser tóxico para órgãos-alvo específicos, (categoria 2) e irritação ocular (categoria 2A). Estas
além de causar efeitos narcóticos e irritação das informações nos indicam que medidas para evitar a
vias respiratórias. O símbolo GHS08 indica efeitos formação de uma atmosfera explosiva e medidas de
mais graves à saúde, como mutagenicidade em cé- proteção ocular devem ser tomadas. Por exemplo,
lulas germinativas, carcinogenicidade, toxicidade este tipo de produto deve ser armazenado em reci-
reprodutiva e toxicidade para órgãos-alvo. O sím- piente bem fechado e em local ventilado, longe de
bolo GHS09 indica perigo para o meio ambiente fontes de calor. No seu manuseio, deve ser fornecida
aquático agudo e/ou crônico. proteção ocular como óculos ou protetor facial.
Esta seção mostra a composição química (fórmula molecular) do agente químico, bem como o número
CAS – Chemical Abstract Substance. Este número é um código único da substância. Ele pode ser usado
para pesquisas relacionadas ao produto. Outra informação importante desta seção são os componentes
do produto químico. Em muitos casos, lidamos com produtos que são misturas, compostos por diver-
sos agentes químicos. Alguns deles podem ser mais prejudiciais do que outros. Nesta seção da FISPQ,
podemos visualizar quais agentes químicos formam o produto que está sendo avaliado, bem como
sua concentração. Por exemplo, veja o Quadro 1 que mostra uma cópia de uma ficha de um produto
denominado “removedor de tintas”.
Manuseio e Armazenamento
Esta seção apresenta informações importantes de como o produto deve ser manuseado para oferecer
um risco menor a seus usuários. Ela também apresenta informações sobre o armazenamento seguro
do produto e uso final específico. Como precauções no uso do álcool etílico 96 PA, encontramos que
deve ser evitado o contato com a pele e olhos, bem como evitar a inalação do vapor ou névoa que
possa ser formada durante seu uso. É apresentada também a medida de manter o produto afastado de
qualquer chama ou fonte de ignição, bem como evitar a formação de eletricidade estática. Quanto ao
armazenamento, o produto deve ser armazenado em local fresco, seco e bem ventilado. Após o uso, o
recipiente do produto deve ficar fechado.
Essas informações são importantes para avaliar qualitativamente se o produto químico deve ter
algum cuidado especial em seu manuseio e armazenamento, o que implica em um maior risco ocu-
pacional se as medidas não forem seguidas.
UNIDADE 4 121
Controle de Exposição
e Proteção Individual
Esta pode ser considerada uma das principais po de exposição considerado: limite de tolerância
seções do ponto de vista de prevenção aos riscos. média ponderada no tempo, limite de tolerância
Ela fornece orientações sobre como controlar a valor teto e valor máximo.
exposição ao produto químico. Como é feito este O limite de tolerância média ponderada no
controle? Basicamente, o controle é feito evitan- tempo, também chamado de TWA (sigla em in-
do-se a exposição ao contaminante químico pelas glês para Time Weighted Average), se refere a uma
possíveis vias de absorção: dérmica, respiratória e exposição ao agente químico durante uma jorna-
pela ingestão. A proteção pela via dérmica é feita da de trabalho completa de 8 horas ou 48 horas se-
utilizando-se equipamentos de proteção indivi- manais. Ou seja, deve-se avaliar a concentração do
dual (EPI), ou de proteção coletiva (EPC), que agente químico durante uma exposição completa
evitam o contato do produto com a pele. Por outro do dia de trabalho. Portanto, em alguns momentos
lado, a prevenção pela via respiratória é feita por da jornada de trabalho a concentração pode ser
meio de EPIs e EPCs que evitam a inalação do inexistente ou então com valores mais baixos ou
produto químico ou que diminuem a concentra- mais altos do que o valor médio. A contaminação
ção do produto no ar. Para proteger as vias respira- no ar da substância química pode variar significa-
tórias, é preciso conhecer o limite de tolerância da tivamente ao longo do dia. O limite de tolerância
substância química. Quando o produto químico TWA considera o valor médio da exposição.
possui limite de tolerância, o controle é feito de O limite de tolerância valor teto é avaliado para
tal forma a evitar que este limite seja ultrapas- exposições de curta duração. O valor deste limite
sado. O limite de tolerância é a concentração da não pode ser ultrapassado em nenhum momento
substância química, no ar, medida em partes por da jornada de trabalho. Ou seja, a avaliação não
milhão (ppm) ou miligramas por metro cúbico é feita considerando toda a jornada de trabalho e
(mg/m3) que, quando ultrapassada no ambiente sim os momentos com exposições mais críticas.
de trabalho, poderá causar danos à saúde. E o valor máximo se refere a uma concentração
A avaliação de exposição a agentes químicos do agente químico que não pode ser ultrapassada
que busca conhecer a concentração do agente no em nenhum momento da jornada laboral, sob
ar é conhecida também como avaliação quantita- pena de ser considerada situação de risco grave
tiva de agentes químicos. O limite de tolerância se e iminente.
refere a um certo tempo de exposição. A Norma A Tabela 1, a seguir, mostra um extrato do ane-
Regulamentadora NR-15 apresenta basicamente xo 11 da NR-15 que traz os valores dos limites de
três tipos de limites de tolerância conforme o tem- tolerância de algumas substâncias químicas.
Esta tabela nos indica qual é o tipo de limite de tolerância de cada substância. O álcool etílico possui
limite de tolerância do tipo média ponderada no tempo, pois na coluna “Valor teto” não existe uma
marcação com o sinal de “+”. Portanto, para avaliar a exposição ao álcool etílico é preciso coletar
uma amostra do ar durante a jornada de trabalho completa. Por outro lado, as substâncias “ácido
clorídrico” e “álcool n-butílico” possuem limites de tolerância valor teto. Durante a coleta de ar para
fazer sua avaliação será preciso identificar o momento mais crítico da exposição para verificar se o
valor teto não foi ultrapassado. Observe também que a tabela indica quais substâncias podem ser
absorvidas pela pele e que exigem, portanto, proteção cutânea na sua manipulação.
Observe que explicamos que a coleta do agente químico no ar deve ser feita conforme o tipo de
limite de tolerância. Você deve ter observado que para avaliar a exposição a um agente químico é
preciso obter uma amostra do ar no ambiente de trabalho e em seguida avaliar a concentração do
contaminante químico de interesse. As técnicas de amostragem e coleta de agentes químicos fazem
parte do conjunto de conhecimentos da Higiene Ocupacional. A seguir, explicaremos brevemente
como os agentes químicos são classificados e quais técnicas podem ser empregadas para fazer sua
avaliação.
UNIDADE 4 123
Avaliação quantitativa de agentes químicos
Conforme vimos, a avaliação quantitativa da exposição ocupacional a agentes químicos deve ser feita
para verificar se o limite de tolerância de uma substância foi ultrapassado. Basicamente, os agentes
químicos são divididos em dois tipos (SALIBA, 2014): poeiras e particulados; gases e vapores. Con-
forme o tipo de agente químico, existem métodos específicos para fazer sua avaliação quantitativa.
Dentre as poeiras prejudiciais à saúde, estão aquelas que contêm a sílica. Este agente químico é en-
contrado abundantemente na natureza. A exposição à sílica pode causar uma doença chamada silicose.
Trabalhadores que lidam com mineração de ouro, ferro, extração de calcário, indústria de refratários,
dentre outros, podem se expor significativamente a este agente químico. Outro tipo de poeira prejudicial
é a poeira de asbesto, encontrado na fabricação de telhas, chapas, caixas d’água, guarnição de freio e
embreagem, lonas de freios, dentre outros (SALIBA, 2014). A poeira de algodão também pode causar
doença nos trabalhadores, denominada de Bissinose. Este tipo de poeira está presente na fabricação
de tecidos e também na indústria da confecção.
A avaliação quantitativa da exposição a poeiras é feita em quatro etapas: preparação de materiais
(filtros e porta-filtros) enviados pelo laboratório que irá fazer a análise química da amostra; coleta
em campo da amostra; análise das amostras em laboratório; e análise de dados. Na primeira etapa, o
responsável pela avaliação do agente químico deve solicitar, ao laboratório que irá analisar a amostra
de ar, os porta-filtros que serão usados no instrumento de coleta de poeira. Em seguida, utilizam-se os
equipamentos de coleta na etapa de amostragem em campo, conforme tempo de coleta determinado
pelo método de análise. Na terceira etapa, os filtros contendo a amostra de ar são enviados ao laboratório
que fará a análise química da concentração do particulado. Por fim, na quarta etapa, é determinada a
concentração do particulado, conforme o tempo de coleta, vazão e massa obtidos. Esta concentração
é então comparada com o limite de tolerância e verifica-se se o ambiente gera ou não uma exposição
prejudicial aos trabalhadores.
Os gases e vapores são representados pelas substâncias químicas que se espalham no ar devido seu
aquecimento ou volatilidade ou devido ao seu próprio estado físico nas condições normais de tem-
peratura e pressão (é o caso dos gases). Sua avaliação é feita por meio de amostradores e bombas para
coleta de ar. A amostragem do ar contendo gases e vapores pode ser feita de forma instantânea ou por
meio de coleta do ar e posterior envio para o laboratório de análise. Na amostragem instantânea, são
utilizados tubos reagentes, conhecidos como tubos colorimétricos, que são acoplados a uma bomba
manual que faz a sucção do ar. O ar passa pelo tubo e reage com seu material interno fazendo com
que ele mude de cor. Essa mudança de cor é lida em uma escala que indica a concentração do agente
químico. Ainda, existem alguns equipamentos digitais que fazem a leitura instantânea da concentração
UNIDADE 4 125
Considerando estes dados, qual substância irá se propagar no ar com mais facilidade? O éter etílico
é a substância que possui o menor ponto de ebulição e, portanto, tende a ser o líquido mais volátil.
Outra propriedade usada para avaliar a volatilidade é a pressão de vapor. Cada substância possui uma
pressão de vapor à certa temperatura. Quando a pressão de vapor se iguala à pressão atmosférica, a
substância entra em ebulição (BUSCHINELLI; KATO, 2011). Quanto maior for a pressão de vapor de
uma substância, mais facilidade ela terá de se evaporar no ambiente de trabalho. A título de exemplo
considere as pressões de vapor das três substâncias citadas anteriormente:
• Éter etílico: 563 hPa a 20°C.
• Álcool etílico 96 PA: 59,5 hPa a 20,0 °C.
• Ácido sulfúrico: 1,33 hPa a 145,8°C.
Considerando estes dados, novamente, chegamos à conclusão que o éter etílico é a substância mais
volátil entre as três substâncias apresentadas, pois possui a maior pressão de vapor.
Informações Toxicológicas
Esta seção da FISPQ informa efeitos importantes sobre a saúde. O parâmetro “Dose letal 50” representa
o valor de uma dose que quando ingerida ou injetada causará a morte de 50% da população exposta.
E o parâmetro “Concentração letal 50” se refere à concentração letal absorvida via inalação de gases
e vapores. Estes parâmetros são obtidos com experiências em animais e são indicativos do perigo da
substância para humanos (BUSCHINELLI; KATO, 2011). Para o agente químico álcool etílico 96 PA,
temos:
• DL50 Oral – Ratazana – 10,470 mg/kg.
• CL50 Inalação – Ratazana – 4h – 124,7 mg/l.
Estes valores de dose e concentração se referem a efeitos agudos. Neste ponto, é importante distinguir
a diferença dos efeitos agudos e crônicos das substâncias.
Os efeitos agudos são aqueles decorrentes de exposições de curta duração, em menos de 24 horas.
Eles se manifestam por uma irritação, danos a um tecido, efeitos narcóticos ou até a morte. Estes efeitos
são decorrentes de altas concentrações do contaminante e se manifestam após minutos ou horas de
exposição (TORLONI; VIEIRA, 2003).
Os efeitos crônicos não se manifestam logo após a exposição aos agentes químicos. Os efeitos irão
aparecer após meses ou anos de contínua exposição. Isso acontece porque as substâncias de efeitos
crônicos vão se acumulando aos poucos no organismo. Se este não conseguir eliminar os contaminantes
por meio de biotransformação e eliminação, haverá o acometimento de sistemas e órgãos específicos
do corpo humano (TORLONI; VIEIRA, 2003). Assim, quando conseguimos reduzir a concentração
no ar das substâncias químicas, estamos proporcionando uma exposição que permitirá ao corpo dos
trabalhadores fazer a devido eliminação, evitando os efeitos crônicos.
UNIDADE 4 127
Medidas de Controle
de Agentes Químicos
participação e supervisão
Substituição
Sustentabilidade
Necessidade de
Medidas de
Eficácia
engenharia
Controles
administrativos
Equipamento de
proteção individual
UNIDADE 4 129
Figura 3 - Exemplo de operação realizada a seco e a úmido
Fonte: Santos et al. (2008, p. 13).
Uma das medidas de controle mais comum é do ambiente na fonte, evitando sua dispersão no
o uso da ventilação forçada. Esta é dividida em ar. A ventilação geral diluidora é feita por meio da
ventilação local exaustora e ventilação geral di- insuflação de ar limpo no ambiente de trabalho,
luidora. A primeira é feita quando se deseja evi- por meio de ventiladores, de tal forma a diminuir
tar a dispersão do agente químico no ambiente e a concentração do contaminante no ar.
quando sua concentração é muito alta. Por meio Vejamos a seguir alguns exemplos de reco-
de um captor de ar, o agente químico é retirado mendações de medidas de controle de engenharia.
O acesso a ambientes de trabalho com contaminantes químicos no ar deve ser restrito aos traba-
lhadores que realmente necessitam frequentar o local. A Figura 4 mostra um exemplo de local com
ventilação geral. As setas indicam ventilação natural
Saída
de ar
Entrada
de ar
Exaustão
Corrente de ar
de no mínimo
0,5 m/s
Profundidade
adequada
para garantir
o fluxo do
vento
UNIDADE 4 131
Esta medida de controle permite que a manipulação do agente químico seja feita em lugar quase
inteiramente fechado e com sistema de exaustão. Se a capela estiver funcionando adequadamente,
os gases e vapores não irão atingir a zona respiratória do trabalhador, pois eles serão removidos do
ambiente por um ventilador que faz parte do sistema de exaustão. Observe que um dos requisitos para
o correto funcionamento é que na face da capela a velocidade deve ser de 0,5 m/s. Observe, também,
que a capela possui uma porta de vidro que deve estar o mais fechada possível. A capela não deve estar
perto de portas e janelas, para que correntes de ar não interfiram na exaustão. Ao final do sistema de
ventilação, podem ser instalados filtros ou outros equipamentos para controlar a emissão de poluentes
no ambiente (BUSCHINELLI; KATO, 2011).
A utilização de spray para pintura é bem comum nas indústrias metalúrgica e em oficinas de repara-
ção de veículos. A medida de engenharia recomendada é a utilização de cabine de pintura, conforme
ilustra a Figura 6.
Exaustão Exaustão
Splay de água
Fluxo médio
de ar: 1,0 m/s
Pedestal
giratório
Pedestal
giratório Fluxo
de ar
Sistema de
recirculação
de água
Diagrama 1: Cabine para pintura Diagrama 2: Cabine para pintura por
por pulverização (pequena escala; pulverização (com cortina d’água)
peças pequenas)
m/s = metros por segundo
A figura nos indica que a velocidade recomendada na face da cabine deve ser de 1,0m/s, para garantir
um fluxo adequado de exaustão. O primeiro requisito no projeto de uma cabine é o tamanho dela, que
deve ser grande suficientemente para conter trabalhadores, equipamentos e material a ser pintado.
É preciso reduzir ao máximo possível a área aberta da cabine. O projeto deve prever tubulação para
exaustão dos gases, vapores e poeiras que seja a mais curta possível, para evitar perdas de carga. O
fluxo de ar dentro da cabine deve ser observado nas operações, de tal forma a evitar que este passe
Enclausuramento
O enclausuramento é uma medida de engenharia que evitará que o agente químico se disperse pelo
ambiente de trabalho. A Figura 7 mostra um sistema enclausurado.
Bomba
Válvula
UNIDADE 4 133
Medidas de Controle Administrativas e
Equipamento de Proteção Individual
Fluxo
Respiradores
de linha de ar contínuo
Equipamentos
de proteção comprimido
respiratória De
demanda
Respiradores
de linha de ar
comprimido De demanda
com cilindro com pressão
auxiliar positiva
Independentes da De
atmosfera ambiente: Circuito
demanda
respiradores de aberto
Máscaras
adução de ar
autônomas
Circuito De demanda
fechado com pressão
positiva
Sem
ventoinha
Com ventoinha
motorizada
UNIDADE 4 135
atravessamento do ar. Um tipo de máscara mais Como vimos, os agentes químicos nem sempre
simples e comumente usada na construção civil, são prejudiciais à saúde. Seus efeitos são determi-
por exemplo, são as peças faciais filtrantes (PFF), nados pela sua natureza, pelo tempo de exposi-
que podem ser classificadas em três tipos: PFF1, ção a eles e pela concentração usada de produto
PFF2 e PFF3. Eles são eficazes contra poeiras (por em cada atividade. Quando é identificada uma
exemplo, aquelas provenientes da construção ci- situação em que os agentes químicos oferecem
vil), névoas (por exemplo, aquelas geradas pela riscos devido à inalação de gases e vapores em
pintura com spray), fumos (por exemplo, aque- altas concentrações, é preciso aplicar as medidas
les provenientes da atividade de solda), radionu- de controle para diminuir a concentração no ar ou
clídeos e agentes biológicos. Para este último, é para evitar que eles entrem nas vias respiratórias
recomendado o uso de uma peça facial filtrante dos trabalhadores.
denominada de máscara N95. Vejamos agora uma classe de agentes ambien-
Quando a atmosfera ambiente possui baixa tais abordada pela Higiene Ocupacional, cuja ava-
concentração de oxigênio (abaixo de 18%) ou liação é feita normalmente de forma qualitativa:
altas concentrações de contaminantes, devem os agentes biológicos.
ser usados os respiradores de adução de ar. Es-
tes respiradores são mais completos e podem ser
compostos por peça facial, capuz, capacete, gorro
e roupa completa. Os respiradores de adução de
ar fornecem ar limpo ao usuário através de um
cilindro que pode ser acoplado a ele ou então por
meio de ar proveniente de uma fonte distante, por A seleção, manutenção, treinamento e controle
meio de uma mangueira. dos respiradores devem ser feitos por meio de
Todos os respiradores devem ser selecionados um programa denominado Programa de Prote-
criteriosamente, conforme diversos parâmetros ção Respiratória (PPR). Fornecer respiradores
da exposição: tipo de agente químico e sua con- sem treinamento ou sem seleção com critério
centração no ar, teor de oxigênio no ambiente, poderá não proteger adequadamente os traba-
características da atividade, ritmo respiratório du- lhadores. As diretrizes para elaboração do PPR
rante a atividade, existência de agentes ambientais são determinadas no material produzido pela
agravantes, como o calor ou o frio e estresse físico Fundacentro disponível para download, confor-
e psicológico que podem ser gerados durante o me link no material complementar.
uso dos respiradores (TORLONI; VIEIRA, 2003).
UNIDADE 4 137
ser feita por diversos métodos. Por exemplo, pode e não pela via aérea. No entanto, sabemos que a
ser utilizada uma placa denominada placa de Petri via aérea é uma das maneiras de propagação de
que contém material orgânico para alimentar um agentes biológicos, especialmente quando mate-
meio de cultura. Os microrganismos presentes no riais contaminados sofrem agitação ou centrifu-
ar serão depositados na placa por meio da gravi- gação, bem como quando a transmissão se dá por
dade ou impactação natural e se desenvolverão espirro ou tosse de pessoas infectadas. Outras vias
no meio de cultura, evidenciando sua presença de transmissão de agentes biológicos são (VEN-
no ambiente. Existe ainda o uso de equipamentos, DRAME, 2015):
como bombas que succionam o ar até um filtro ou • Via dérmica: se dá pelo contato da pele ou
um meio de cultura adequado (SALIBA, 2014). mucosas com os agentes biológicos.
No entanto, para diversos outros agentes não • Via parenteral: se dá pelo contato direto
existe valor de referência no Brasil. Vale destacar ou indireto do material biológico com o
que cada microrganismo patogênico pode ter sangue ou demais fluidos do hospedeiro,
uma ação diferente conforme as características por exemplo, a contaminação que ocorre
particulares de cada indivíduo, bem como de seu quando um enfermeiro sofre uma perfura-
estado de saúde. A Norma Regulamentadora NR- ção acidental de uma agulha contaminada
15, que trata da insalubridade por exposição a com material biológico.
agentes biológicos, estabelece apenas a avaliação • Ingestão: ocorre devido à ingestão de ali-
qualitativa da exposição aos agentes biológicos mentos, bebidas ou a prática de fumo no
para caracterizar a insalubridade nas atividades ambiente de trabalho contaminado.
envolvendo agentes biológicos. Ela estabelece ain- • Transmissão através de vetores artrópodes.
da que a insalubridade se dá apenas por contato
A transmissão de agentes biológicos patogênicos
ocorre de forma direta ou indireta. A forma direta
se dá pelo contato do agente com o hospedeiro e a
Tenha sua dose extra de forma indireta ocorre quando o agente biológico
conhecimento assistindo ao se aloja em objetos e em seguida estes são usados
vídeo. Para acessar, use seu
pelo hospedeiro.
leitor de QR Code.
Para avaliar o risco biológico em uma ativida-
de, podem ser seguidas as seguintes etapas.
É preciso conhecer quais agentes biológicos são manipulados. Como dito, estamos diariamente expos-
tos a diversos agentes que não representam um risco à saúde humana. Existem agentes biológicos de
diferentes classificações de risco. Veja a Tabela 2 que mostra a classificação de risco de quatro agentes
biológicos diferentes. Esta tabela pode ser consultada na íntegra no texto da Norma Regulamentadora
NR-32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde.
Tabela 2 – Classificação de risco de agentes biológicos
Mycobacterium tuberculosis 3
Vírus Ebola 4
Fonte: adaptada de Brasil (1978c, p. 18).
Portanto, a gravidade de uma exposição a agentes biológicos vai depender do tipo de agente presente
no local. Considere, por exemplo, os agentes da Tabela 2. O primeiro deles, a bactéria Escherichia coli
tem classe de risco 2, o que significa que apresenta um risco moderado e, caso algum trabalhador fique
infectado, existem meios eficazes para tratamento. O Mycobacterium tuberculosis, agente causador da
tuberculose, já possui uma classe de risco maior, classe 3. Isso significa que trabalhadores expostos a
este agente estão expostos a um risco elevado. As medidas de controle para este tipo de agente devem
ser bem mais rigorosas e potentes do que as medidas usadas para o agente de classe de risco 2. O vírus
UNIDADE 4 139
Ebola, porém, possui a maior classificação de ris- Avaliação das Medidas
co, classe 4, que significa que há um risco elevado de Controle Existentes
para o trabalhador e também um risco elevado
de disseminação do agente no ambiente. Além As medidas de controle no manuseio de agentes
disso, não existem meios eficazes de tratamento biológicos diminuem o risco de contaminação
e profilaxia para a exposição a este tipo de agente e são representadas pelas medidas de controle
biológico. coletivo, individual e pelas precauções universais
tomadas no manuseio de agentes biológicos.
O uso de cabines de segurança biológica
Avaliação do Tipo permite que os agentes biológicos manipulados
de Exposição não se dispersem para o ambiente de trabalho.
Elas são usadas em laboratórios que manipulam
A Norma Regulamentadora NR-15, no anexo agentes biológicos patogênicos. Estes agentes são
14, estabelece que as condições de insalubridade manipulados no interior da cabine que possui um
devido à exposição a agentes biológicos ocorrem fluxo de ar que impede a dispersão de agentes
apenas por um período de tempo que configure biológicos para fora da cabine. Algumas delas,
exposição permanente. Contudo, sabemos que conforme a necessidade dada pela classe de risco,
mesmo que um trabalhador não esteja exposto a possuem filtros que impedem a dispersão dos
agentes biológicos durante a maior parte de sua agentes para o ambiente externo do prédio.
jornada de trabalho, ele pode ser acometido de A manutenção dos locais de trabalho, evitando
doenças devido a uma contaminação acidental, vazamentos de água e mantendo a higienização
como é o caso da contaminação que ocorre com de superfícies, contribui para evitar a propagação
materiais perfurocortantes. dos agentes patogênicos no local. O controle de
Na avaliação do risco biológico, após identi- roedores, baratas, morcegos, dentre outros vetores,
ficar os agentes biológicos de risco presentes no contribui para o controle do risco ocupacional.
local, bem como sua classe de risco, é preciso ava- Trabalhadores expostos devem receber orien-
liar em que situações os trabalhadores se expõem tação e treinamento para fazer a limpeza de su-
ao risco biológico e qual a sua duração. Quanto perfícies, bem como a esterilização de materiais
maior for o tempo de exposição e o volume de tra- contaminados. Trabalhadores que manuseiam
balho em contato com agentes biológicos, maior agulhas devem ser orientados a não fazer o reen-
será o risco de contaminação. Por exemplo, em cape e desconexão manual de agulhas, para evitar
um ambiente hospitalar, pode ser avaliado o total contaminação acidental. Uma medida de prote-
de pacientes que são atendidos por dia, os tipos ção eficaz é a imunização de trabalhadores ex-
de doenças identificadas, bem como os procedi- postos, por exemplo, com vacina contra hepatite
mentos que são realizados. B, tétano e difteria.
UNIDADE 4 141
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
142
LIVRO
WEB
WEB
WEB
143
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12543:1999: Equipamentos de pro-
teção respiratória - Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1999.
BRASIL. Portaria 3.214, de 08 de junho de 1978. Norma Regulamentadora NR-15 – Atividades e operações
insalubres. Brasil. 1978a.
BRASIL. Portaria 3.214, de 08 de junho de 1978. Norma Regulamentadora NR-26 – Sinalização de segu-
rança. Brasil. 1978b.
BRASIL. Portaria 3.214, de 08 de junho de 1978. Norma Regulamentadora NR-32 – Segurança e Saúde no
Trabalho em Serviços de Saúde. Brasil. 1978c.
BUSCHINELLI, J. T.; KATO, M. Manual para interpretação de informações sobre substâncias químicas.
São Paulo: Fundacentro, 2011.
GOMES, R. C. F. et al. Saturnismo após acidente por arma de fogo de grande calibre: relato de caso. Revista
Médica de Minas Gerais, v. 25, n. 1, p.120-124, 2015.
RIBEIRO, M. G.; PEDREIRA FILHO, W. dos R.; RIEDERER, E. E. Avaliação qualitativa de riscos químicos:
orientações básicas para o controle da exposição a produtos químicos. São Paulo: Fundacentro, 2012. Disponível
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litativa-de-riscos-quimicos-orientacoes-basicas-para-o-controle-da-exposicao-a-2. Acesso em: 05 abr. 2020.
SALIBA, T. M. Manual prático de Higiene Ocupacional e PPRA. 6. ed. São Paulo: LTr, 2014.
TORLONI, M.; VIEIRA, A. V. Manual de proteção respiratória. São Paulo: Abho, 2003.
144
VENDRAME, A. C. Perícias judiciais de insalubridade e periculosidade. 3. ed. São Paulo: Vendrame, 2015.
WALLAU, W. M.; SANTOS JÚNIOR, J. A. dos. O sistema globalmente harmonizado de classificação e rotula-
gem de produtos químicos (GHS): uma introdução para sua aplicação em laboratórios de ensino e pesquisa
acadêmica. Química Nova, [s.l.], v. 36, n. 4, p. 607-617, 2013. FapUNIFESP (SciELO).
REFERÊNCIAS On-line
145
1. a) Conforme FISPQ disponível no site http://dinamicaquimica.com.br/freagentes/FORMALDEIDO_37.pdf
(acesso em: 15 jan. 2020), o formaldeído possui os símbolos de toxicidade e corrosividade. Ele é mutagênico
e carcinogênico e pode provocar lesões graves oculares.
b) Este produto não pode ser manipulado por gestantes, pois é mutagênico e carcinogênico, podendo
afetar o feto.
c) Para fazer a avaliação de facilidade de dispersão no ar, podemos avaliar o ponto de ebulição e a pressão
de vapor do produto. O ponto de ebulição é de 100°C e a pressão de vapor é de 53 hPA a 39°C. Conside-
rando que o éter etílico é um produto altamente volátil e que seu ponto de ebulição é de 34,6°C e pressão
de vapor é de 1,228 hPa a 40°C, podemos concluir que o formaldeído não é um produto que se dispersa
facilmente no ar. No entanto, se for manuseado de forma a apresentar agitação do produto ou aqueci-
mento, ele pode se dispersar mais facilmente no ar.
2. C.
3. Será preciso verificar a classificação de risco dos agentes biológicos que serão manipulados no laboratório.
A partir da classificação dos agentes, bem como dos procedimentos que serão realizados, as medidas de
controle serão estabelecidas. Conhecer a classe de risco do agente biológico permite saber se ele apresenta
um risco muito grave ou não para os trabalhadores, sua facilidade de disseminação e se existem medidas
de prevenção adequadas.
146
147
148
Me. Maílson José da Silva
Ergonomia I
PLANO DE ESTUDOS
Biomecânica
Antropometria Fundamentos de
Fisiologia do Trabalho
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A antropometria é a ciência que estuda as medidas do corpo humano. Estas medidas incluem: altura,
medidas da pele, circunferência abdominal, circunferência da panturrilha, circunferência muscular
das axilas e largura do cotovelo. Estas medidas fornecem informação sobre a distribuição da gordura
corporal e massa muscular.
Fonte: adaptado de Goldstein-Fuchs e Lapierre (2014).
UNIDADE 5 151
A etnia é outro fator de grande influência nas medidas antropométricas. Cada povo possui carac-
terísticas que o identifica e estas características incluem também medidas antropométricas. É fácil
distinguir, por exemplo, indivíduos asiáticos de indivíduos europeus: diferenças de altura, peso, porte,
proporções corporais etc. No entanto, indivíduos de mesma etnia possuem também diferenças entre
si. Na África, um indivíduo pigmeu pode chegar a ter 130 cm de estatura e um indivíduo nilótico pode
chegar a ter 210 cm de altura (IIDA, 2005). Além do fator genético, existe a influência dos próprios
costumes e alimentação do local. É possível observar entre imigrantes que vieram para os Estados Uni-
dos que seus filhos nascidos neste país são geralmente mais pesados e altos (IIDA, 2005). No entanto,
estudos mostram que mesmo existindo esta diferença dentro de uma etnia, as proporções corporais
se mantêm. Veja a Figura 1 que mostra as proporções corporais em indivíduos de diferentes etnias.
Figura 1 - Proporções corporais em indivíduos de diferentes etnias
180
160
140
120
100
Estatura
(cm) 80
60
40
20
0
Branco Negro
americano americano Japonês Brasileiro
Nº da amostra 25.000 6.684 233 249
Idade média 23 23 25 26
Estatura média (cm) 174 173 161 167
Peso (kg) 70 69 55 63
Fonte: adaptada de Newman e White (1951), Ishii (1957), Siqueira (1976) apud Iida (2005, p. 102).
152 Ergonomia I
Observe na figura os sujeitos “branco americano” e “negro americano”. Embora morem no mesmo
país eles possuem diferenças nas proporções corporais. O sujeito negro americano possui braços mais
longos e uma silhueta mais fina que o sujeito branco americano.
O estudo de antropometria produz tabelas de medidas dos segmentos corporais. Estas tabelas são
usadas no dimensionamento de produtos e espaços. Neste sentido, existem medidas para três situações:
antropometria estática, antropometria dinâmica e antropometria funcional.
A antropometria estática estuda as medidas do corpo para serem usadas em situações de trabalho
mais estático, como no caso de uma pessoa que trabalha sentada em seu escritório e realiza poucos
movimentos. Por sua vez, a antropometria dinâmica considera as medidas do corpo para situações
de trabalho com grande movimentação dos segmentos corporais, como no caso de operação de um
painel de controle ou na realização de montagem de produtos em uma bancada. E a antropometria
funcional gera medidas para uso em execução de atividades específicas, como o acionamento de uma
manivela. Os dados antropométricos são apresentados, geralmente, em tabelas com valores das medidas
considerando três parcelas de uma amostra ou população: 5%, 50% e 95%. Um exemplo dessas medidas
é dado pela Figura 2 e Tabela 1, que representam dados de medidas antropométricas para homens e
mulheres considerando o corpo sentado e a norma alemã DIN 33403 de 1981.
2,12
2,13
2,1
2,2
2,3
2,4
2,11
2,8
2,6 2,9 2,5
2,10
UNIDADE 5 153
Tabela 1 - Medidas estáticas para homens e mulheres, conforme norma alemã DIN 33402 de 1981
Medida estática (cm) Mulheres Homens
5% 50% 95% 5% 50% 95%
• Altura da cabeça, a partir do
80,5 85,7 91,4 84,9 90,7 96,2
assento, tronco ereto
Altura dos olhos, a partir do as-
68,0 73,5 78,5 73,9 79,0 84,4
sento, tronco ereto
Altura dos ombros, a partir do
53,8 58,5 63,1 56,1 61,0 65,5
assento, tronco ereto
Altura do cotovelo, a partir do
19,1 23,3 27,8 19,3 23,0 28,0
assento, tronco ereto
Altura do joelho, sentado 46,2 50,2 54,2 49,3 53,5 57,4
Altura poplítea parte inferior da
35,1 39,5 43,4 39,9 44,2 48,0
coxa
Comprimento do antebraço, na
29,2 32,2 36,4 32,7 36,2 38,9
horizontal, até o centro da mão
Largura dos quadris, sentado 34,0 38,7 45,1 32,5 36,2 39,1
Observe que a tabela mostra as medidas corporais de acordo com a figura apresentada. Por exemplo, a
medida 2.1 é a medida da altura da cabeça, a partir do assento e com o tronco ereto. São apresentadas
medidas para homens e mulheres. Essas medidas são representadas para três parcelas da população:
5%, 50% e 95%. As medidas foram tomadas para diversos indivíduos e, portanto, é preciso organizar
os dados em porcentagens. A parcela de 5% representa a medida dos indivíduos de menor dimensão.
A parcela de 50% representa a medida de até 50% dos indivíduos. E a parcela de 95% representa as
medidas dos indivíduos maiores. Isso significa que 5% dos indivíduos homens possuem como medida
da altura da cabeça, a partir do assento e com o tronco ereto, a medida de 84,9 cm. Um total de até 50%
dos indivíduos possui essa medida no valor de 90,7 cm. E um total de 95% dos indivíduos homens
maiores possui a medida 2.1, em um valor maior que 96,2 cm (aqui consideramos a diferença entre
100% e 95%, que é igual a 5%). É importante conhecer estas parcelas para projetar espaços de trabalho.
Por exemplo, caso fosse preciso construir uma cabine para um operador trabalhar sentado, de tal forma
a requerer o menor espaço possível, poderia ser considerada a altura da medida 2.1 que englobasse a
maior parte da população. Esta medida é de 96,2 cm, que engloba 95% dos indivíduos.
154 Ergonomia I
Além dos fatores idade, sexo, etnia, estilo de vida e época, as medidas antropométricas também
podem considerar a influência da roupa que está sendo utilizada. Por exemplo, em dias de frio, em que
se usam roupas mais grossas em toda a extensão do corpo, os movimentos podem ficar limitados.
A altura das pessoas serve como um indicativo de suas condições de vida. Isso porque uma má
nutrição irá afetar o crescimento dos indivíduos, desde quando estão no útero materno até a ado-
lescência. No Brasil, por exemplo, uma pesquisa indica que a altura do brasileiro saltou durante o
período da Primeira República (1889-1930).
Caro(a) aluno(a), confira mais sobre essa pesquisa no link a seguir: https://www1.folha.uol.com.br/
ciencia/2017/11/1938281-estatura-do-brasileiro-deu-um-salto-durante-a-primeira-republica.shtml.
Fonte: adaptado de Folha de S. Paulo (2017, on-line).
Conhecer todos os fatores que influenciam nas medidas antropométricas pode lhe auxiliar na aplica-
ção dos conceitos de antropometria no projeto de produtos e espaços de trabalho. Vejamos a seguir
as suas aplicações.
UNIDADE 5 155
Ao projetar um produto ou posto de trabalho, é preciso considerar tanto o argumento de custo indus-
trial quanto o de adaptação individual. É preciso existir um equilíbrio no projeto. Se a empresa respon-
sável pela fabricação deseja ter um desempenho que a diferencie de seus concorrentes, poderia fabricar
dois tipos de vasos sanitários (um modelo para homens e outro para mulheres). O uso das tabelas de
antropometria nos projetos de produtos e postos de trabalho vai depender dos objetivos traçados para
tornar o produto final competitivo.
A utilização dos dados antropométricos nos projetos requer reflexão para balancear as diversas
necessidades. Nesta tarefa, é útil considerar cinco princípios que nortearão as decisões (IIDA, 2005):
Observe que a adequação de produtos e espaços a seus usuários é uma atividade complexa que exige
selecionar o princípio adequado para guiar o projeto. É preciso consultar também as tabelas antro-
pométricas e estudar o público usuário para chegar a uma solução satisfatória do ponto de vista dos
usuários e fabricante.
156 Ergonomia I
Existem também medidas que consideram a postura do corpo humano. Veja a Figura 3 e responda
à seguinte pergunta: quais são as dimensões recomendadas para uma cabine de controle considerando
o usuário sentado?
75 210
90
45
190 130
190
60
De pé Sentado Deitado
100
115 100
160
120
Largura
Inclinado
Observando a figura, vemos que um trabalhador sentado necessita de um espaço representado por uma
caixa de seção transversal de 90 cm x 130 cm. Esta medida, no entanto, não atende a toda população
de usuários, pois existem os casos extremos. Contudo, observe que, para o trabalho sentado, é preciso
considerar a altura, desde o pé até a cabeça e o espaço entre a cabine e a parte traseira da cadeira do
operador.
Tendo em vista que muitos trabalhos são realizados na posição sentada, a antropometria pode ser
muito utilizada nessas situações para determinar dimensões de superfícies horizontais. Veja na Figura
4 as principais medidas relacionadas a uma superfície horizontal.
UNIDADE 5 157
Três medidas principais precisam ser considera-
B das. A medida “A” é a altura da superfície horizon-
tal em relação ao solo. Ela vai depender do tipo
de trabalho que será realizado. Para trabalhos que
C exigem movimentos mais precisos, geralmente a
A superfície precisa ser mais alta e para trabalhos
com baixa necessidade de precisão e que exigem
mais esforço a superfície precisa ser mais baixa. A
altura também vai depender das dimensões dos
objetos a serem manipulados sobre a superfície.
Figura 4 - Principais medidas relacionadas a superfícies Para o valor da altura “A”, utilize como referência as
horizontais alturas recomendadas de superfícies apresentadas
Fonte: adaptada de Pedroza e Silva (2019). pela Figura 5.
+200 mm
+100 mm
0
-100 mm
-200 mm
-300 mm
Observe na figura que as alturas para trabalhos de precisão são maiores do que as alturas para trabalhos
pesados. Caso a altura dos trabalhadores varie muito, é recomendado projetar uma bancada de trabalho
mais alta (para atender ao indivíduo maior) e fornecer um estrado para os pés para os usuários mais
baixos, regulando assim a altura.
158 Ergonomia I
A medida “B” da Figura 4 vai depender dos alcances que deverão ser feitos sobre a superfície de
trabalho. É preciso definir as regiões de alcance ótimo na superfície. Veja na Figura 6 as áreas de alcance
máximo e ótimo sobre uma superfície.
500 mm
250
350-450 550-650
1000
1600
UNIDADE 5 159
Biomecânica
160 Ergonomia I
do tempo, a maioria das pessoas precisará de tratamento médico
para tratar de alguns danos causados por situações inadequadas ou
pela ação do tempo. Consegue perceber as semelhanças?
Estas semelhanças são importantes para entender o conceito
do presente tópico: biomecânica. Ela é uma ciência que “estuda os
movimentos do homem e do animal a partir do ponto de vista das
leis mecânicas” (HOCHMUTH, 1973 apud BATISTA, 2001, p. 38).
A biomecânica apresenta conceitos-chave para entendermos o fun-
cionamento do corpo e são usados para estabelecer adequações nos
postos de trabalho visando prevenir doenças e acidentes. Vejamos
alguns destes conceitos.
Trabalho Muscular
6
Metabolismo
5 anaeróbico
Gasto energético (x basal)
4
Metabolismo
aeróbico
3
Débito
2 de oxigênio
1 Basal
0
0 5 10 15 20
Tempo (min)
Repouso Recuperação
Atividade
UNIDADE 5 161
Antes de realizar um movimento, no estado de re- seu coração, deixando-o maior e mais forte, o que
pouso, o gasto energético do corpo humano é de- proporciona um maior volume de sangue bom-
nominado de gasto basal. Ao iniciar uma atividade, beado a um ritmo mais baixo (IIDA, 2005).
o corpo humano ativa o metabolismo anaeróbico
(produção de energia sem oxigênio) e, após um
curto período, o metabolismo aeróbico é iniciado
(produção de energia com oxigênio).
Veja que o primeiro metabolismo é o que opera Para mantermos nosso organismo vivo, precisa-
sem oxigênio. Assim, se o corpo não tiver um tem- mos gastar uma quantidade mínima de energia,
po para se adaptar às exigências da tarefa, haverá e a quantidade é medida pela taxa de metabolis-
um débito de oxigênio. Este, em conjunto com o mo basal. Essa taxa é utilizada em estudos nutri-
glicogênio e com a atuação dos músculos, libera cionais e de consumo energético de indivíduos.
ácido lático e ácido racêmico que irão atuar na Saber o quanto necessitamos de energia mínima
dilatação dos vasos sanguíneos. A dilatação dos é útil para compararmos os gastos energéticos
vasos proporcionará um maior fluxo de oxigênio de certas atividades.
e a liberação do calor durante a atividade (IIDA, Conheça mais sobre como é medida a taxa de
2005). metabolismo basal lendo o artigo disponível no
A demanda por oxigênio dependerá da ativi- link a seguir: https://www.scielosp.org/article/
dade realizada. É preciso existir um equilíbrio csp/2001.v17n4/801-817.
entre a demanda e a quantidade de oxigênio for-
necida pelo sangue. O aquecimento, antes da ati- Assim, para atividades que exijam esforços físicos,
vidade, acelera os ritmos cardíaco e respiratório, é preciso verificar se os trabalhadores estão adap-
aumentando a irrigação e evitando distensões tados suficientemente para realizar o trabalho
musculares. Pessoas adaptadas a esforços físicos muscular. Este pode ser dividido em dois tipos:
constantes podem eliminar calor com mais faci- trabalho estático e dinâmico. Vejamos, a seguir, o
lidade, além de possuírem fibras musculares mais que significa cada um deles e qual sua implicação
espessas e flexíveis. Estas pessoas desenvolvem para a segurança e saúde dos trabalhadores.
Durante um movimento, o músculo pode ser exigido de diferentes maneiras e intensidade. Depen-
dendo da exigência imposta ao músculo, podem surgir dores, fraquezas, cãibras e inflamações. Estas
decorrem quando não há uma alternância adequada entre contrações e relaxamento dos músculos.
O trabalho estático desenvolvido por um músculo se refere àquele em que o músculo fica contraído
por um período relativamente grande. Por exemplo, o trabalho de segurar uma caixa e movimentá-la
de um lado para outro, na mesma posição, exige que os músculos do braço fiquem contraídos de forma
estática. Manter a posição do corpo em pé, manter a cabeça erguida ou segurar uma peça também são
exemplos de trabalhos estáticos. Neste tipo de trabalho, se uma força muito alta é realizada por um
longo período de tempo, dores e fadiga irão surgir. O trabalho estático aumenta a pressão interna, cau-
sando um estrangulamento de capilares. O sangue deixa de circular adequadamente e o abastecimento
162 Ergonomia I
de oxigênio no músculo diminui. Monod (1967 apud KROEMER; GRANDJEAN, 2005) apresentou
um estudo sobre a duração máxima de contração muscular conforme a força exercida (em termos de
força máxima). A Figura 8 apresenta um gráfico de sua pesquisa.
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
De acordo com o gráfico, para um trabalho que exige 50% da força máxima, o tempo máximo de
contração do músculo seria não mais que um minuto. Por exemplo, a atividade de segurar uma caixa
com peso que exija 50% da força máxima não deve durar mais que um minuto. O gráfico também nos
mostra que para valores abaixo de 10% da força máxima, a duração da atividade pode ser estendida.
O outro tipo de trabalho realizado pelos músculos, o trabalho dinâmico, é benéfico para o corpo.
Ele é realizado nas atividades com movimentação constante: serrar, martelar, girar, correr, andar etc. O
trabalho dinâmico aumenta a circulação sanguínea em até 20 vezes em relação ao estado de repouso
(IIDA, 2005). Saber diferenciar os trabalhos estático e dinâmico é importante para avaliar o trabalho
realizado pelos trabalhadores.
UNIDADE 5 163
O conteúdo do trabalho deve possuir, na sua maior parte, movimentos que proporcionem o trabalho
dinâmico dos músculos. Se não houver um equilíbrio entre os trabalhos estático e dinâmico e pausas
para recuperação, podem surgir traumas devido a esforços repetitivos: distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho (DORT), lesões por traumas cumulativos (LTC) e lesões por esforços repe-
titivos (LER). Estes traumas se manifestam nas tendinites, tenossinovites etc.
Outro ponto importante da biomecânica é da postura corporal. Ela deve ser adequada à atividade
realizada. Vejamos os tipos de posturas e seus benefícios no subitem a seguir.
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
Posturas do Corpo
Todo trabalho é realizado, basicamente, em uma de três posições localizados na zona inferior
corporais ou uma combinação delas: deitada, em pé e sentada. do quadril. Nesta posição, os
Na posição deitada, há uma maior circulação sanguínea. Essa membros superiores podem
posição não é recomendada para o trabalho, no entanto, em al- realizar movimentos mais
guns casos, ela é necessária, como na manutenção de automóveis, precisos.
em que é preciso acessar a parte inferior do veículo. Na posição Um cuidado importante
deitada, podem surgir dores no pescoço e nos braços, devido à em relação à postura corporal
contração dos músculos para realizar movimentos. Uma maneira é a postura da coluna na rea-
de evitar essas dores é utilizar apoio para o pescoço. lização de esforços. Se houver
A posição em pé oferece uma maior mobilidade aos trabalha- esforços cortantes em relação
dores. Nesta posição, o consumo de energia é maior. Ela não pro- à nossa coluna, podem surgir
porciona condições favoráveis para a realização de movimentos traumas. O trabalho estático ou
precisos, pois o corpo em pé fica sem uma posição de referência a realização de forças de alta in-
e busca o equilíbrio constantemente por meio de oscilações em tensidade também podem ge-
torno de um ponto médio. rar traumas. Algumas posturas
Na posição sentada, o peso do corpo faz com que o seu peso inadequadas com riscos de do-
fique concentrado praticamente sobre os ossos ísquio – ossos res são (IIDA, 2005):
164 Ergonomia I
• Ficar longos períodos em pé: esta posição pode gerar dores Em relação à postura corpo-
nos pés e pernas (são formadas varizes). ral, o trabalho de prevenção de
• Ficar sentado sem encosto: esta posição pode provocar dores doenças e acidentes no campo
nos músculos extensores do dorso. da Ergonomia consiste em ava-
• Ficar sentado em assento muito alto ou muito baixo: quando liar a atividade e a posição em
o assento é muito alto, o usuário não consegue colocar ade- que ela é realizada, evitando as
quadamente seus pés no chão, isso irá gerar dores na parte posturas inadequadas.
inferior das pernas, nos joelhos e pés. Assentos muito baixos Outro ponto importante da
irão provocar dores no dorso e no pescoço. biomecânica é o estudo da ca-
• Ficar com os braços esticados: esta posição estática causa pacidade de realizar força em
dores nos ombros e braços. diferentes situações. O traba-
• Utilizar superfícies de trabalho muito baixas ou muito altas: lho deve ser feito de tal forma a
superfícies com altura inadequada podem provocar dores proporcionar o melhor desem-
na coluna vertebral e cintura escapular. penho na aplicação de forças.
• Ficar com a cabeça inclinada por mais de 30° em relação à Vejamos como as forças são
vertical: esta posição irá provocar dores no pescoço. aplicadas no subitem a seguir.
Aplicação de Forças
Durante a aplicação de uma força, os músculos se contraem. Na força, existe a atuação de dois músculos:
os antagonistas e os protagonistas. Cada trabalhador pode usar de forma diferente seus músculos para
a realização de um mesmo tipo de movimento. Essa diferença é bem observada entre trabalhadores
experientes e iniciantes. Os experientes sabem utilizar os músculos sem se fatigarem rapidamente.
É preciso estabelecer um tempo para que trabalhadores iniciantes melhorem seu desempenho nas
atividades que envolvem a aplicação de forças. A exigência de mesmo nível de produtividade para
trabalhadores iniciantes pode resultar em lesões decorrentes da aplicação ineficiente de forças.
As forças são aplicadas utilizando-se os membros superiores e inferiores do corpo. O ato de segurar
uma carga na horizontal ou na vertical cria um momento (momento, no sentido da Física, é a magnitude
de uma força aplicada em relação a um eixo de rotação). O momento criado por uma carga irá exigir
do corpo que seja produzida uma força para equilibrar o movimento. Esta força pode ser aplicada por
um período limitado de tempo. No caso da utilização dos membros inferiores na aplicação das forças
por meio das pernas, a maior força que pode ser desenvolvida é na situação em que as pernas se encon-
tram com um ângulo entre coxa e perna próximo de 0°, ou seja, quando estão estendidas (IIDA, 2005).
O corpo humano geralmente possui maior capacidade de produzir força nas pernas (IIDA, 2005).
Para trabalhos que exigem o acionamento de comandos, por exemplo, com necessidade de aplicação de
forças, é recomendado que estes sejam construídos para serem acionados pelas pernas. A utilização do
momento e da gravidade pode beneficiar a aplicação de forças. O próprio peso do corpo pode facilitar
o movimento de grandes objetos, utilizando, por exemplo, um sistema de roldanas. Para a realização
de força com precisão, os dedos são os membros mais eficientes. Na aplicação de forças, deve haver um
ritmo em harmonia com o corpo humano: forças progressivas, movimentos curvos e suaves.
UNIDADE 5 165
O ponto de aplicação de uma força sobre um objeto irá determinar os valores máximos que podem
ser atingidos. As forças podem aplicadas para puxar ou empurrar. A Figura 9 apresenta valores de
referência para três alturas de ponto de aplicação de força.
Mulheres Homens
Força Empurrar Puxar Empurrar Puxar
(N)
Máx. D.P. Máx. D.P. Máx. D.P. Máx. D.P.
Observe, na figura, que os valores de força máxima variam em função da altura do ponto de aplicação
da força e do tipo de força. Os valores também variam conforme o sexo do indivíduo. Veja que a apli-
cação de força em uma altura próxima à altura da cabeça é mais desfavorável que a aplicação de força
em uma altura próxima do peito ou coxas de um indivíduo.
Vamos finalizar o tópico sobre biomecânica trazendo algumas recomendações para realizar o
levantamento e transporte de cargas.
Segundo Bridger (2003 apud IIDA, 2005), cerca de 60% dos traumas musculares são causados pelo
levantamento de cargas. A coluna vertebral sofre, basicamente, esforços em dois sentidos quando
uma carga é levantada e transportada. Existem os esforços no sentido vertical e esforços no sentido
perpendicular ao eixo da coluna. Estes últimos esforços criam uma força de cisalhamento sobre os
discos da coluna.
Os esforços no sentido da vertical, desde que não muito intensos, são compatíveis com a coluna.
No entanto, os esforços no sentido perpendicular ao seu eixo são muito prejudiciais e provocam
danos nos discos intervertebrais, causando sua ruptura (KROEMER; GRANDJEAN, 2005). Portan-
to, uma das principais recomendações no levantamento de cargas é que a coluna deve ficar o mais
vertical possível. Quando a carga é muito alta, recomenda-se que a coluna fique um pouco inclinada
para trás. Essa inclinação é necessária para evitar que ela fique inclinada para frente, o que criaria
esforços cisalhantes prejudiciais.
166 Ergonomia I
Outras recomendações são:
• Atribuir atividades de carregamento para homens. Em geral, mulheres suportam menos
cargas que homens. Por força de Norma Regulamentadora, o peso máximo de cargas deve ser
nitidamente menor para mulheres e trabalhadores jovens do que o peso de cargas atribuídas
aos homens.
• Proporcionar pontos de pega favoráveis para o movimento ou diminuir dimensões da
carga para facilitar sua pega. Uma adequada pega irá influenciar na capacidade de levanta-
mento e transporte dela. Até mesmo cargas mais leves que se apresentam em peças de grandes
dimensões e com superfícies cortantes oferecerão uma dificuldade para levantamento e mo-
vimentação.
• Manter a carga o mais próximo do corpo. A posição da carga, nos sentidos horizontal e ver-
tical, influencia no momento criado por ela em relação às articulações do braço. Uma carga que
fica muito distante horizontalmente do corpo proporcionará um momento maior e dificultará
o levantamento e movimentação da carga.
• Limitar a massa das cargas a serem levantadas e transportadas. De forma geral, um valor
de referência é o de uma carga com 23 kg. Contudo, este valor pode variar conforme o indivíduo
e o número de viagens feitas no dia com o material. Iida (2005) recomenda que as cargas de-
vem ser aumentadas e as distâncias percorridas devem ser reduzidas, respeitando a capacidade
máxima de levantamento de carga do indivíduo.
• Distribuir simetricamente o peso da carga.
• Realizar preferencialmente o transporte por meio de uma equipe e desobstruir e nivelar o ca-
minho por onde percorrerão os trabalhadores que farão a movimentação das cargas.
Alguns movimentos devem ser evitados no levantamento e manuseio de cargas. Confira esses mo-
vimentos na publicação “Perigos e riscos associados à movimentação manual de cargas no local de
trabalho” disponível no link a seguir: https://osha.europa.eu/pt/publications/factsheets/73.
UNIDADE 5 167
Após estudar a parte biomecânica do funciona-
mento do corpo, vamos abordar os conceitos de
fisiologia importantes para o desempenho no
trabalho.
168 Ergonomia I
Fundamentos de
Fisiologia do Trabalho
UNIDADE 5 169
37,4
37,2
Vespertino
Temperatura corporal (°C)
37,0
36,8
Matutino
36,6
36,4
36,2
36,0
6 12 18 24 6 12 18 24 6
Horas do dia
Figura 10 - Variação de temperatura corporal durante o dia para indivíduos matutinos e vespertinos
Fonte: Iida (2005, p. 343).
Veja, na figura, que os indivíduos matutinos pos- Acidez da urina e produção de hormônios cor-
suem o maior valor de temperatura corporal por ticais também variam ao longo do dia, o que irá
volta das 13 horas, e os indivíduos vespertinos impactar no desempenho dos indivíduos.
por volta das 19 horas. A temperatura do corpo Conhecer o ritmo circadiano dos indivíduos é
irá influenciar na disposição dos indivíduos para importante para definir os melhores trabalhado-
o trabalho. res para trabalhos noturnos ou em turnos. Segun-
do Horne, Brass e Pettitt (1980 apud IIDA, 2005),
o número de falhas identificadas corretamente
por indivíduos matutinos é maior durante o dia
A diferenciação entre indivíduos matutinos e ves- e menor após as 12 horas e o número de falhas
pertinos nem sempre é clara. Na prática, poucos identificadas corretamente por indivíduos vesper-
indivíduos são extremamente matutinos ou ves- tinos é maior após as 12 horas. Conclui-se, assim,
pertinos. que o trabalho realizado no período noturno por
Fonte: adaptado de Iida (2005). indivíduos matutinos estará mais sujeito a erros
e acidentes.
170 Ergonomia I
Possuímos um relógio biológico para o sono e um relógio que
regula nossas funções fisiológicas. O melhor desempenho ocorre
quando estes relógios trabalham em sincronia. Trabalhadores que
iniciam o trabalho noturno terão que se adaptar, pois um dos re-
lógios indica que é tempo de dormir e outro relógio indica que é
tempo de trabalhar. Neste sentido, é importante fornecer um período
de duas semanas para adaptação destes indivíduos ao novo horário
de trabalho (IIDA, 2005).
A alimentação é outro fator que influencia na fisiologia do corpo.
Após uma refeição, a região digestiva recebe uma maior irrigação de
sangue, o que ocasiona uma menor irrigação de sangue nas demais
partes do corpo. Esta alteração no fluxo sanguíneo deixa os indiví-
duos sujeitos a erros. Assim, pausas após as refeições são necessárias
para os trabalhadores recuperarem seu estado de atenção.
Ao planejar o trabalho em turnos, é preciso considerar as ca-
racterísticas fisiológicas do ser humano. O desempenho da equipe
de trabalho será melhor quando o trabalho respeitar a fisiologia
humana.
Vimos, nesta unidade, os conceitos de antropometria, biome-
cânica e fisiologia do trabalho para entender o funcionamento do
corpo durante a realização de atividades laborais. A adaptação das
medidas de mobiliários às medidas corporais, o projeto de controles
para respeitar os limites de força e movimentação e a organização
do trabalho para evitar sobrecarga mental e física em momentos
de menor estado de atenção contribuem para a segurança e pro-
dutividade.
UNIDADE 5 171
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
172
LIVRO
WEB
NAPO
A série de vídeos do personagem “Napo” mostra diversos cuidados no trabalho
para evitar acidentes e doenças, principalmente, devido à falta de adaptação
ergonômica.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
173
BATISTA, L. A. A biomecânica em educação física escolar: Perspectivas em Educação Física Escolar. Niteroi,
v. 2, n. 1, 2001, p. 36-49.
GOLDSTEIN-FUCHS, D. J.; LAPIERRE, A. F. Nutrition and Kidney Disease. National Kidney Foundation
Primer On Kidney Diseases, [s.l.], Elsevier, p. 467-475, 2014.
KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre:
Bookman, 2005.
PEDROZA, S. S.; SILVA, M. J. da. Ergonomia e Segurança do Trabalho. Maringá: Unicesumar, 2019.
REFERÊNCIAS ON-LINE
2
Em: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/11/1938281-estatura-do-brasileiro-deu-um-sal-
to-durante-a-primeira-republica.shtml. Acesso em: 19 mar. 2020.
174
1. Alternativa d), pois é a altura mais ideal para trabalho de precisão realizado por mulheres na posição em
pé, conforme a Figura 5 apresentada na unidade.
2. Considerando que na atividade existe um trabalho estático por 3 minutos, a força desenvolvida deve se
limitar a, no máximo, cerca de 30% do valor da força máxima que pode ser desenvolvida. Essa recomen-
dação se baseia no gráfico da Figura 8 da unidade, que define tempo máximo de contração muscular
conforme a força desenvolvida.
3. Ao longo do dia, a temperatura corporal varia, bem como o nível de hormônios corticais. A alimentação
também causa uma alteração no fluxo sanguíneo em alguns órgãos. Todas estas mudanças influenciam o
estado de atenção do trabalhador. Dependendo do horário do dia e ritmo circadiano do trabalhador, ele
estará propenso a mais ou menos erros.
175
176
Me. Maílson José da Silva
Ergonomia II
PLANO DE ESTUDOS
Manuseio de Cargas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Introduzir conceitos de avaliação da iluminação de am- • Apresentar o impacto do trabalho noturno na saúde dos
bientes. trabalhadores.
• Apresentar os problemas e recomendações relacionados
ao manuseio de cargas.
Iluminação
Para verificar se o nível de iluminamento de um ambiente está adequado para certa atividade, é preciso
fazer uma medição ponto a ponto e comparar com valores mínimos exigidos. O nível de iluminamento
(E) é medido em lux. A tabela a seguir mostra um exemplo de níveis de iluminamento mínimo para
alguns ambientes.
Tabela 1 - Níveis mínimos de iluminamento E (lux) em função do tipo de ambiente, tarefa ou atividade
Tipo de ambiente,
E (lux) IRC/Ra Observações
tarefa ou atividade
UNIDADE 6 179
A unidade de medida que quantifica a quantidade de luz incidinda sobre uma superfície é denomi-
nada de lux. Esta unidade é definida como:
1 lux (lx) = 1 lúmem (lm) por metro quadrado.
O lúmem é a unidade de fluxo luminoso. O lux é medido com um equipamento denominado de
luxímetro.
Fonte: adaptado de Kroemer e Grandjean (2007).
Vemos na tabela que, quanto maior a precisão pode ser utilizada, desde que permita um nível
necessária em uma atividade, maior é o nível mí- de iluminância adequada no entorno imediato
nimo de iluminamento requerido. Por exemplo, da tarefa.
áreas de circulação requerem apenas 100 lux en- Um parâmetro dos sistemas de iluminação é
quanto que o trabalho em um escritório ou em o ângulo de corte. Este ângulo é medido a partir
um salão de cabeleireiros requer 500 lux. do plano horizontal, abaixo do qual a lâmpada
A NHO 11 (2018) traz recomendações para a (ou mais de uma lâmpada) fica protegida pela
forma de distribuir a iluminação em um ambien- luminária da visão direta de um observador. Este
te. De forma geral, a iluminação deve ser unifor- ângulo é importante para controlar o ofuscamen-
memente distribuída. Iluminação suplementar to. A Figura 1 mostra exemplos de ângulo de corte.
180 Ergonomia II
Observe que, quanto maior o ângulo de corte, mais próximo um observador pode chegar da luminária
sem sofrer efeitos de ofuscamento.
Na avaliação quantitativa da iluminação, é feita antes uma avaliação preliminar, de cunho qualitativo.
Dentre os pontos avaliados, destacamos:
1. As áreas de trabalho com riscos e perigos visíveis devem estar bem iluminadas, de tal modo a
permitir que os trabalhadores possam perceber esses riscos e perigos.
2. O sistema de iluminação deve permitir que a sinalização de segurança esteja bem visível.
3. Trabalhadores devem visualizar sua atividade sem dificuldade.
4. Caso necessário, deve ser providenciada iluminação suplementar.
5. Se existirem trabalhadores mais idosos ou com limitações visuais, o sistema de iluminação
deve atender às suas necessidades.
6. Áreas de trabalho devem estar livres de sombras.
7. O ambiente de trabalho deve estar livre de efeito estroboscópio.
8. Variação de brilho aparente ou de cor não deve existir na iluminação.
9. A iluminação natural em janelas, portas etc. não pode provocar algum efeito indesejado.
UNIDADE 6 181
Tipo 1 Tipo 2
P1 q2
q1
r3
t1 r4 r2 P1 P2
r1
t2
r7
r8 r6
t3
r5
t4
P3 P4
q3
q4 P2
Tipo 3 Tipo 4
P1 q1
t3
q1 q2 q3 q4 P2 t4
t1 r1 r2
t2 r3 r4
P1 q5 q6 q7 q8
q2 P2
Tipo 5 Tipo 6
P1 q1
P1 q1 q2 q3 r1
t2
r2
t1 r3
q4 q5 q6 P2 r4
q2 P2
182 Ergonomia II
Conforme a figura, são determinados os pontos de medição conforme o tipo de sistema de iluminação.
O tipo 1 representa um ambiente retangular com pontos de iluminação com padrão regular, sime-
tricamente espaçados em duas ou mais fileiras. O tipo 2 é um ambiente de área retangular com uma
luminária central. O tipo 3 representa um ambiente retangular com uma única linha de luminárias.
O tipo 4 define um ambiente de trabalho de área retangular com duas ou mais linhas contínuas de
luminárias. O tipo 5 é semelhante ao tipo 3, porém as luminárias estão em uma linha contínua. E o
tipo 6 representa um local de trabalho de área retangular com teto luminoso. Assim, é preciso definir,
primeiramente, o tipo de ambiente para calcular a iluminação média. Esta é calculada por meio de
uma equação estabelecida na NHO 11 (2018) que utiliza os valores dos pontos lidos no ambiente. Por
exemplo, para a configuração tipo 1, o avaliador deverá medir o nível de iluminamento em 18 pontos
diferentes: p1, p2, q1, q2, q3, q4, t1, t2, t3, t4, r1, r2, r3, r4, r5, r6, r7 e r8. O valor da iluminância média
é utilizado como referência para verificar se a iluminância medida ponto a ponto nas áreas da tarefa
estão adequadas. Segundo a norma, a iluminância nos pontos das áreas da tarefa não deve ser inferior
a 70% da iluminância média. Assim, tanto os valores da Tabela 1 como o valor da iluminância média
deve ser levado em conta para verificar se a iluminação em um certo ponto da atividade está adequada.
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
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UNIDADE 6 183
184 Ergonomia II
Manuseio
de Cargas
UNIDADE 6 185
Além de ser tão comum, o manuseio de cargas também é uma
atividade prejudicial à saúde da coluna. Quando o manuseio de
cargas não é feito da forma mais adequada possível, ao longo dos
anos ou em curtos períodos de tempo, dores na região da coluna
podem surgir. Neste tópico, iremos entender as causas da dor na
coluna devido ao manuseio de cargas e então estudaremos maneiras
de realizar um manuseio mais adequado.
O manuseio de cargas é considerado um trabalho pesado por
envolver trabalhos estático e dinâmico. O manuseio envolve os
movimentos de puxar, empurrar, arrastar, levantar, abaixar e se-
gurar cargas, utilizando a força do corpo. Este tipo de trabalho é
muito realizado por trabalhadores da área da saúde, trabalhadores
rurais e aqueles que lidam com bagagens e mercadorias em hotéis
e armazéns.
Os problemas na coluna decorrentes desta atividade ocorrem,
principalmente, com os trabalhadores na idade de 20 a 40 anos
(KROEMER; GRANDJEAN, 2007). Segundo uma pesquisa, cerca
de um quarto dos distúrbios ocupacionais nos Estados Unidos são
decorrentes de distúrbios causados por sobrecarga na atividade de
manuseio de cargas. Os distúrbios são causados, principalmente,
pelo movimento de levantar cargas, mas também 20% destes dis-
túrbios são causados pelos movimentos de empurrar e puxar cargas
(KROEMER; GRANDJEAN, 2007).
Os problemas na coluna são responsáveis por taxas significa-
tivas de absenteísmo no trabalho e aposentadorias prematuras.
Trabalhadores com distúrbios sofrem com a falta de mobilidade e
vitalidade. Assim, como prevencionista em uma empresa, devemos
nos perguntar: o manuseio de cargas realizado pelos trabalhadores é
prejudicial? Para responder a esta pergunta, vamos entender por que
a coluna sofre com o manuseio inadequado de cargas. Conhecendo
as causas, poderemos tomar medidas para evitá-las.
186 Ergonomia II
Causas dos Vista posterior Vista lateral Vista anterior
Problemas de 7 vértebras
Coluna cervicais
A figura mostra uma coluna vertebral humana sa. Ao serem desgastados, estes discos se tornam
que é constituída por 24 ossos, denominados de frágeis e quebradiços, podendo liberar o líquido
vértebras. Ela pode ser dividida em três partes: de seu interior. O desgaste de discos interverte-
coluna cervical, torácica e lombar. A coluna possui brais pode provocar o deslocamento de vértebras
um formato em S esticado, o que proporciona e a mobilidade da coluna. Se um movimento é rea-
uma boa absorção de choques decorrentes de lizado adequadamente, não haverá um desgaste
movimentos realizados pelo corpo. Quando uma significativo dos discos. Contudo, se inadequado,
carga é suportada pela coluna (seja a carga do o movimento irá provocar danos nos discos que
próprio corpo ou a carga do corpo mais a carga irá gerar a dor na coluna.
de um objeto), ela tende a se distribuir com maior
intensidade na parte lombar da coluna.
Entre cada vértebra existe um disco denomi-
nado de disco intervertebral. O que acontece neste
disco durante o manuseio de cargas, em grande
parte, explica as dores que ocorrem na coluna. Problemas na coluna não são apenas dores.
Quando a coluna está sob pressão de uma carga, Podem ocorrer também paralisias e espasmos
as vértebras comprimem os discos intervertebrais. (contração involuntária dos músculos).
Estes são formados por uma parede rígida e fibro-
UNIDADE 6 187
As dores na coluna ocorrem não
apenas pelo desgaste dos discos 400
intervertebrais, mas também
Na posição em pé, podemos observar que a carga sobre os discos é de 100%. Quando um indivíduo
carrega dois pesos de forma simétrica e com a coluna ereta, a carga sobre os discos aumenta para um
valor em torno de 140%. Se estes pesos são levantados com os joelhos dobrados e a coluna reta, a carga
aumenta para cerca de 230%. E na posição com a coluna dobrada para frente, a carga aumenta para
cerca de 380%. Esse aumento de carga pode ser explicado pela dinâmica das forças que atuam sobre
os discos, conforme a posição da coluna. Veja a Figura 5.
188 Ergonomia II
Figura 5 - Distribuição de forças sobre discos intervertebrais conforme posição da coluna
Fonte: Kroemer e Grandjean (2007, p. 106).
Observe que quando a coluna está dobrada, as forças se distribuem de forma desigual sobre os discos.
Uma força maior fica de um lado do disco. Esta força irá comprimir um dos lados do disco causando
seu desgaste. Quando a coluna está reta durante o manuseio de carga, esta se distribui igualmente so-
bre o disco, evitando grandes forças sobre eles. Não somente levantar cargas gera pressão extra sobre
os discos. Outras atividades que geram essa pressão são: andar, correr, inclinar o tronco, rotacionar o
tronco etc.
A distância da carga até o tronco pode aumentar ou diminuir o total de carga que é imprimida
pelos músculos na coluna vertebral. Isso ocorre devido ao efeito do momento criado pela carga.
Uma mesma carga pode provocar diferentes efeitos na coluna vertebral conforme a distância que
é segurada em relação ao tronco. Quanto mais distante ela ficar, mais força os músculos espinhais irão
desenvolver para compensar o peso da carga. Esta força irá gerar uma maior compreensão nos discos
intervertebrais, causando um maior desgaste neles. Veja o gráfico da Figura 6 que mostra as variações
de força de compressão entre as vértebras da coluna lombar e sacral.
UNIDADE 6 189
8.000 Limite máximo
calculadas para L5/S1 (N)
50 cm permissível
Forças de compressão
7.000
prejudicial à
6.000
40 cm maioria segundo
5.000 o NIOSH
30 cm
4.000
20 cm Limite de ação
3.000 prejudicial para
2.000 algumas pessoas
1.000
A figura mostra a variação da força de compressão para quatro distâncias diferentes entre a mão e
a coluna vertebral. As forças de compressão se referem aos discos intervertebrais entre L5 e S1 para
diferentes pesos levantados a quatro distâncias diferentes entre a mão e a coluna vertebral. Veja, por
exemplo, que uma carga de 300 N a uma distância de 20 cm gera uma força de compressão próxima
de 2500 N. Quando essa distância aumenta para 40 cm, a força de compressão aumenta para cerca de
5000 N. Portanto, quanto mais próxima do tronco uma carga for levantada, menor será o dano causado
por ela na coluna. Além da distância entre a carga e a coluna, o fato de se agachar para levantar a carga
pode aumentar a força de compressão se a carga for volumosa. Levantar cargas assimétricas ou sem
alças pode gerar aumento nos esforços da coluna.
Uma maneira quantitativa de verificar se um manuseio de carga irá causar danos à coluna é medir
a pressão intra-abdominal (PIA) durante o manuseio. Esta pressão se refere à pressão existente na
região do abdômen criada pela contração dos músculos abdominais. Ela pode ser medida por meio
de uma cápsula que é engolida pelo indivíduo. Esta cápsula é sensível à pressão e possui um rádio para
transmitir o sinal representando a pressão (KROEMER; GRANDJEAN, 2007). Segundo Davis e Stubbs
(1977 apud KROEMER; GRANDJEAN, 2007), manuseios de carga que geram valores PIA superiores
a 100 mgHg podem causar problemas na coluna.
Considerando os fatores de posição da coluna, pressão nos discos intervertebrais e pressão intra-
-abdominal na causa dos problemas de coluna, as medidas a seguir devem ser seguidas para evitá-los.
190 Ergonomia II
Recomendações para Prevenção
de Problemas na Coluna
UNIDADE 6 191
Manter coluna reta e joelho dobrado ao Manter carga o mais próximo possível do
segurar e levantar cargas corpo e, quando possível, entre os joelhos
e com uma boa posição dos pés
192 Ergonomia II
Além dessas recomendações, podemos nos basear em tabelas e valores de referência de estudos sobre
o manuseio de cargas. Por exemplo, veja os dados da Tabela 2.
Tabela 2 - Cargas máximas (N) aceitáveis para levantamento por homens jovens
Distância de pega expressa como uma fração do
comprimento do braço
Condição ¼ ½ ¾ 4/4
De pé
Levantamento com as duas mãos, frontal 350 250 150 100
Levantamento com uma mão, frontal 300 220 140 100
Levantamento com uma mão, lateral 270 200 130 100
Sentado
Levantamento com as duas mãos, frontal 270 170 120 110
Levantamento com uma mão, frontal 350 220 140 100
Levantamento com uma mão, lateral 330 210 140 90
Fonte: Davis e Stubbs (1977 apud KROEMER; GRANDJEAN, 2007, p. 114).
Os valores da tabela são para movimentos com frequência não maior que uma vez por minuto. Estes
valores de carga foram calculados considerando uma pressão intra-abdominal inferior a 90 mmHg.
Observe que, quando a distância entre a pega e o corpo aumenta, a carga deve ser reduzida para não
prejudicar o indivíduo.
Embora muito dinâmico, o manuseio de cargas pode ser feito de forma segura, respeitando a bio-
mecânica e limites do corpo humano. A utilização da tecnologia para substituir o trabalho humano
pode contribuir significativamente para reduzir os afastamentos ocupacionais decorrentes das lesões
produzidas pelo manuseio de cargas.
Vejamos, agora, características do trabalho noturno e como ele pode ser planejado da melhor ma-
neira considerando a fisiologia do corpo.
UNIDADE 6 193
194 Ergonomia II
Trabalho
Noturno
UNIDADE 6 195
O termo Circadiano vem de circa diem (lat: “cerca de um dia”) e designa o período de, aproximada-
mente, um dia (24 horas), onde se verifica uma alternância luz e escuro, e sobre o qual se baseia
todo o ciclo biológico do corpo humano, fundamentalmente determinado pela luz solar. Para acom-
panhar esta alternância luz e escuro, há necessidade de um “relógio” que marque o tempo de forma
independente de qualquer alteração ambiental, assim como de “sensores” que percebam a variação
temporal, os sincronizadores, e de sistemas humorais e neurais que informem todos os componentes
do sistema do estado de iluminação ambiental. A este relógio endógeno dá-se o nome de relógio
biológico, o qual permite a antecipação a variações cíclicas do meio ambiente, permitindo que o in-
divíduo se prepare para o sono, para o acordar e para todas as atividades que tem de desenvolver,
consoante as condições impostas pelo ambiente.
Fonte: adaptado de Acúrcio e Rodrigues (2009).
O corpo humano possui controladores de tempo: deveria estar descansando. Esta alteração de ritmo
mudanças do ambiente do claro para o escuro; in- não é possível de se concretizar completamente
terações sociais que indicam o horário; atividade (KROEMER; GRANDJEAN, 2007).
laboral; e conhecimento do relógio. Ao longo do O sono possui grande propriedade recupera-
dia, esses controladores nos indicam que deve- dora. Nosso sono pode ser dividido em quatro
mos trabalhar, descansar, nos alimentar ou dormir. estágios e um estágio denominado de REM – Ra-
Além desses, diversas variáveis em nosso corpo pid Eye Movement. Nosso sono passa por estes
se alteram ao longo do dia: estado de prontidão, estágios mais de uma vez durante uma noite de
temperatura corporal, batimentos cardíacos, nível sono. O primeiro estágio, com duração de 1 a 7
de hormônios, pressão sanguínea, adrenalina, taxa minutos, acontece quando adormecemos. O se-
de respiração, nível de melatonina etc. O trabalha- gundo estágio, representando 50% do tempo total
dor noturno vai contra todos estes indicadores e do sono, é um estágio de sono leve. Os estágios 3 e
força seu corpo para se manter acordado, quando 4, porém, são os mais importantes, pois possuem
196 Ergonomia II
as propriedades recuperáveis especiais. O estágio Dois estudos na Noruega, abrangendo os anos
3 é de sono profundo e o estágio 4 permite um de 1948 a 1959, revelaram que o trabalho noturno
sono mais profundo ainda. Também ocorrem os está relacionado a: problemas estomacais, úlce-
estágios REM, em que há movimentos rápidos dos ra, problemas intestinais, problemas nervosos e
olhos e o cérebro impede movimentos do corpo. problemas cardíacos. Inclusive estes problemas
Observe que, para uma noite renovadora de sono, se manifestaram também em ex-trabalhadores
é preciso que o corpo passe por todos estes está- do turno noturno (THIIS-EVENSEN, 1955 apud
gios. A duração de sono ideal varia de 6 a 8 horas, KROEMER; GRANDJEAN, 2007; AANONSEN,
conforme o indivíduo. Ainda, alguns se sentem 1964 apud KROEMER; GRANDJEAN, 2007).
com sono adequado com 5 horas ou 10 horas de A Figura 8 explica de forma resumida por que
sono (KROEMER; GRANDJEAN, 2007). ocorrem estes problemas.
Trabalhadores que trocam o sono noturno
pelo sono diurno não conseguem passar adequa-
damente pelos estágios do sono e, dessa forma, Dia Noite
acumulam sono que, geralmente, é descontado
nos finais de semana (LILLE, 1967 apud KROE-
MER; GRANDJEAN, 2007). Pesquisa mostra
que durante a semana, os trabalhadores noturnos
Pertubação dos ritmos circadianos
dormem cerca de 6 horas por dia e nos finais de
semana dormem de 8 a 12 horas. O sono desses
trabalhadores é menos profundo com mais mo-
vimentação. No entanto, a perturbação do sono
Sono insuficiente
ocorre mesmo em locais com pouco ruído.
Trabalhadores do turno noturno observam
vantagens nesse tipo de trabalho, devido a menos
Fadiga crônica
perturbações durante o trabalho e um maior valor
de remuneração. No entanto, cerca de um quarto
deles irá abandonar esse tipo de trabalho ao longo
do tempo e cerca de dois terços irão sofrer algum Problemas nervosos Problemas digestivos
grau de problema decorrente da interrupção do re-
lógio biológico (KROEMER; GRANDJEAN, 2007). Figura 8 – Diagrama ilustrativo dos problemas relacionados
ao trabalho noturno
Fonte: Kroemer e Grandjean (2007, p. 208).
UNIDADE 6 197
A figura ilustra as causas e sintomas de doenças apetite e perturbação do sono. Ainda, observa-se
ocupacionais entre trabalhadores de turnos que entre os trabalhadores noturnos alguns casos de
periodicamente trabalham à noite. A troca do dia uso de drogas para dormir e estimulantes para se
pela noite provoca uma perturbação nos ritmos manter acordado. A falta de sono adequado gera
circadianos, o que causa sono insuficiente no um cansaço permanente, mesmo após o sono, e
trabalhador. A falta de sono adequado gera uma uma irritabilidade mental.
fadiga crônica que provoca os problemas nervosos Dado estes problemas relacionados ao traba-
e digestivos. Ela está relacionada a sintomas psi- lho noturno, vejamos algumas recomendações
cossomáticos de problemas digestivos, perda de para planejá-lo.
Quando o trabalho noturno é indispensável, deve ser feito o seu planejamento para que gere menos
problemas aos trabalhadores. O planejamento envolve definir adequadamente quem irá trabalhar no
turno noturno e por quanto tempo irá trabalhar. Neste sentido, as recomendações são de criar regras
para selecionar trabalhadores para atuar no turno noturno e, depois de selecionados, definir a escala
de turnos com rotações.
Primeiro, algumas regras para o trabalho noturno são (KROEMER; GRANDJEAN, 2007):
1. O trabalho em turno contínuo deve ser ter uma avaliação regular de sua saúde,
voluntário. Pessoas que não desejam real- devido à relação entre o trabalho noturno
mente trabalhar no turno noturno não e os problemas de ordem digestiva, neu-
devem ser escaladas para tal. rológica e cardíaca.
2. Os trabalhadores mais velhos devem pos- 4. Mulheres devem ser evitadas no traba-
suir preferência de escolha para atuar ou lho noturno, pois existem evidências
não no turno noturno. Essa recomendação de abortos e menor taxa de gravidez
se baseia do fato dos trabalhadores acima dentre aquelas que trabalham nesse
de 40 anos serem mais propensos a terem turno (COSTA, 1996 apud KROEMER;
problemas de saúde decorrentes da altera- GRANDJEAN, 2007).
ção do seu sono. Como referência, pode-se 5. O trabalho noturno não deve ser cons-
limitar os trabalhadores do turno noturno tante, ou seja, deve ser feita a rotação de
dentre aqueles com mais de 25 anos de turnos em curtos períodos de tempo.
idade e menos de 50 anos, priorizando a 6. Fornecer alimentação quente para os tra-
escolha dos mais jovens. balhadores do turno noturno, para preve-
3. Trabalhadores do turno noturno devem nir a ocorrência de problemas digestivos.
198 Ergonomia II
Após selecionar os trabalhadores que irão atuar no período noturno,
o horário de trabalho deve ser planejado adequadamente, permi-
tindo a rotação de turnos para não sobrecarregar os trabalhadores
do turno noturno. Em relação ao horário dos turnos, por exemplo,
a seguinte combinação de horários de início dos turnos pode ser
inadequada:
• Primeiro turno: início às 6h e término às 14h.
• Segundo turno: início às 14h e término às 22h.
• Terceiro turno: início às 22h e término às 6h.
UNIDADE 6 199
Quadro 1 – Exemplo de dias de trabalho na rota metropolitana
1 TD TD TT TT TN TN Descanso
2 Descanso TD TD TT TT TN TN
3 Descanso Descanso TD TD TT TT TN
4 TN Descanso Descanso TD TD TT TT
Fonte: o autor.
Observe que este tipo de rota permite dois dias de descanso a cada seis dias trabalhados. O trabalhador
possui momentos de turno diurno, permitindo uma noite de sono mais adequada e momentos com
sua família e amigos.
Outras combinações de turnos podem ser feitas para gerar momentos de descanso e contato social
adequados. É importante levar em conta que o turno noturno não deve se repetir continuamente, é
preciso permitir a variabilidade de turnos para não sobrecarregar os trabalhadores.
Vimos os motivos de se evitar o trabalho noturno e, quando indispensável, este deve ser objeto de
planejamento. Considerar as necessidades de contato social, familiar e um sono recuperador deve ser
o objetivo de qualquer planejamento do trabalho noturno.
Na próxima unidade, continuaremos nosso estudo sobre Ergonomia, apresentando dois métodos
quantitativos para avaliar o levantamento de cargas e a postura. Discutiremos também a Análise Er-
gonômica do Trabalho (AET).
200 Ergonomia II
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
201
LIVRO
FILME
Dor e glória
Ano: 2019
Sinopse: Salvador Mallo (Antonio Banderas) é um melancólico cineasta em declí-
nio que se vê obrigado a pensar sobre as escolhas que fez na vida quando seu
passado retorna. Entre lembranças e reencontros, ele reflete sobre sua infância
na década de 60, seu processo de imigração para a Espanha, seu primeiro amor
maduro e sua relação com a escrita e com o cinema.
Comentário: o filme retrata os males do corpo sofridos pelo cineasta, pratica-
mente aposentado, Salvador Mallo: dor de coluna e enxaqueca. Muitos traba-
lhadores chegam próximo de sua aposentadoria com estes males, em muitos
casos, decorrentes de suas condições de trabalho ou então agravados por estas.
WEB
202
ACÚRCIO, A. R.; RODRIGUES, L. M. Os Ritmos da Vida: Uma Visão Actualizada da Cronobiologia Aplicada.
Revista Lusófona de Ciências e Tecnologias da Saúde, Lisboa, n. 2, v. 6, p. 216-234, nov. 2009.
FUNDACENTRO. NHO 11: avaliação dos níveis de iluminamento em ambientes internos de trabalho. São Paulo:
Fundacentro, 2018. Disponível em: http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/normas-de-higiene-ocupacional/
publicacao/detalhe/2018/8/nho-11-avaliacao-dos-niveis-de-iluminamento-em-ambientes-internos-de-trabalho.
Acesso em: 28 jan. 2020.
REFERÊNCIA ON-LINE
203
1.
a) É utilizado o lux.
b) A geometria do ambiente e a distribuição dos pontos de iluminação definem como será calculada a
iluminância média do local. É possível definir 6 tipos de configurações diferentes.
c) Além da medição do lux, é preciso verificar: iluminação adequada da sinalização de segurança do local,
bem como de pontos em que há riscos ou perigos significativos; idade dos trabalhadores e dificuldades
para enxergar, complementando a iluminação se necessário; verificar se existem pontos com sombra so-
bre a superfície de trabalho; verificar a ocorrência de efeitos indesejados de pontos de iluminação: portas,
janelas, ofuscamento causado pela lâmpada etc.
2. Basicamente dois fatores contribuem para a ocorrência ou não de dores nas costas decorrentes do manuseio
de cargas: posição da coluna durante o manuseio e distância da carga até a coluna. Portanto, uma hipótese
seria que o trabalhador com mais dores realiza um movimento com a coluna mais dobrada, enquanto que
o outro trabalhador, sem dores, realiza o movimento com a coluna ereta. Ainda, o trabalhador sem dor,
procura aproximar mais a carga de sua coluna, diminuindo o momento criado pela carga, forçando menos
os músculos da coluna e criando uma pressão menor sobre os discos intervertebrais. Além desses dois
fatores, é preciso considerar a diferença individual entre os dois trabalhadores, em relação à sua estrutura
óssea, muscular, fisiológica etc.
3. O trabalho noturno vai contra o ritmo endógeno do corpo. Os estudos mostram que o ser humano neces-
sariamente precisa dormir no período noturno para ter um sono reparador. O trabalho noturno perturba
os ritmos circadianos, o que causa um sono insuficiente. A falta de sono adequado provoca uma fadiga
crônica nos trabalhadores, o que irá causar problemas nervosos e digestivos. Além desses problemas
biológicos, há um corte dos contatos sociais e familiares.
204
205
206
Me. Maílson José da Silva
Ergonomia III
PLANO DE ESTUDOS
Método NIOSH
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender a elaboração de uma AET. • Apresentar o método RULA para avaliação de posturas.
• Aplicar o método NIOSH para avaliação do levantamento
de cargas.
208 Ergonomia III
Análise Ergonômica
do Trabalho (AET)
Uma AET busca identificar situações no trabalho que levam a essas doenças para, então, evitá-las.
No entanto, nem sempre é preciso realizar uma AET para fazer correções ergonômicas. Por exemplo,
trabalhar em pé constantemente representa uma situação ruim que pode ser identificada sem uma
AET. Uma solução é alterar o espaço físico e mobiliário de tal modo a permitir que o trabalho seja
realizado em pé e sentado.
A AET é exigida pela Norma Regulamentadora. NR-17 – Ergonomia – que traz esta obrigatoriedade:
17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos tra-
balhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar,
no mínimo, as condições de trabalho conforme estabelecido nesta NR (BRASIL, 1978, on-line).
Além de ser usada para melhorar as condições de trabalho, a AET pode ser exigida por um auditor
fiscal de trabalho quando são identificados casos de doenças. A realização da AET é motivada pelas
seguintes situações (PEDROZA; SILVA, 2019):
• Constatação de um número elevado de doenças ou acidentes.
• Reclamações do sindicato dos trabalhadores.
• Notificação de auditores-fiscais do trabalho.
• Necessidade de melhorar a qualidade do produto ou serviço oferecido pela empresa.
• Necessidade de aumentar a produtividade.
Uma AET é utilizada para resolver um problema ergonômico. Por meio dela, é possível compreender
uma situação complexa relacionada a um problema ergonômico, decompondo-a em partes menores. Por
exemplo, o aparecimento de casos de LER/DORT na empresa pode ser uma situação complexa que pode
ser estudada por meio da AET. Por meio dela, identifica-se, primeiramente, os setores em que surgiram
os casos de LER/DORT. Em seguida, é feita uma análise destes setores, entendendo as atividades que
são desenvolvidas neles. Sabendo-se quais são as possíveis atividades relacionadas aos casos de doenças,
cada uma delas é estudada separadamente por meio do estudo de seus elementos. Assim, a AET parte
de uma análise macro, com informações gerais, para uma análise micro, com informações específicas.
Para resolver um problema ergonômico, é preciso buscar quais são as causas raízes deste problema.
Por exemplo, um problema de reclamação de ruído por parte dos trabalhadores pode ter como causa
raiz a forma de arranjo de horários de trabalho em turno e não as fontes de ruído. Ou, o aparecimento
de DORT pode ter como causa raiz não a atividade em si que sempre é desenvolvida e sim uma inten-
sificação do trabalho devido à necessidade de se realizar retrabalho de defeitos que se originaram em
outro setor da cadeia produtiva.
A seguir, apresentamos alguns itens de uma AET com base nas recomendações do Manual de
aplicação da NR-17 do Ministério do Trabalho (MTE, 2002).
Conteúdo da AET
A análise ergonômica do trabalho deve abordar diversos aspectos de um problema ergonômico. Para
guiar nosso trabalho, utilizamos o Manual de aplicação da NR-17 do Ministério do Trabalho. Ele nos
indica os principais elementos que compõem uma AET.
UNIDADE 7 211
1 ANÁLISE DA DEMANDA E DO CONTEXTO
Inicialmente, é feita a descrição do(s) fato(s) que demandaram a realização da AET.
Podem ser consideradas as reclamações que foram registradas, se houve notificação
do Ministério do Trabalho ou se o sindicato da categoria exigiu a elaboração da AET.
Ainda, é feita uma análise da gravidade do problema e identificados os casos de
doenças. Também, nesta análise inicial, é considerado dentro de qual prazo a AET
deve estar pronta.
8 EXIGÊNCIAS
Para aprofundar a análise das tarefas, é feita uma análise das exigências.
Alguns exemplos são: necessidade de deslocamentos a pé, de transporte de
cargas, de utilização de escadas, de se assumir posturas inadequadas, de
utilizar sinais com frequência etc. É preciso analisar se existem estas
exigências e qual sua frequência e duração.
UNIDADE 7 213
10 REALIZAÇÃO DE UM PRÉ-DIAGNÓSTICO
Por meio dos dados coletados nos itens anteriores, é possível elaborar um
pré-diagnóstico com hipóteses sobre o que está causando o problema
ergonômico. Por exemplo, em uma fábrica de confecção, o problema de
aparecimento de distúrbios osteomusculares pode ter como hipótese o
movimento repetitivo das mãos para posicionar as peças de roupa sob a agulha.
Esta hipótese pode ser posteriormente avaliada em detalhes, por meio de uma
filmagem da atividade e contagem do número de vezes que o trabalhador
repete aquele movimento. Esta filmagem também indicará outras
inadequações, como inexistência de pausas, ritmo acelerado de trabalho,
quebra de linha de costura etc.
11 REALIZAÇÃO DE UM DIAGNÓSTICO
Após analisar as hipóteses do pré-diagnóstico, é feito um diagnóstico
conclusivo sobre a causa do problema. Por exemplo, na indústria de confecção,
a conclusão para a ocorrência de DORT é que ela é causada pelo movimento
repetitivo da mão direita do trabalhador, que precisa posicionar o tecido a ser
costurado repetidamente sob a agulha da máquina de costura. Esta repetição
de movimento é causada pelo movimento do tecido que é puxado para os
lados devido à ação da gravidade e à falta de suporte adequado.
12 VALIDAÇÃO DO DIAGNÓSTICO
Uma vez formulado o diagnóstico, este deve ser revisado por todos os
envolvidos no processo que poderão confirmar ou rejeitar o diagnóstico. Estes
envolvidos devem possuir conhecimento necessário para saber se o diagnóstico
reflete a realidade e é válido. Eles poderão participar ativamente das alterações
que serão propostas.
Conforme vimos, uma AET é usada para resolver um problema ergonômico e na sua elaboração devem
ser considerados diversos elementos que ajudarão a construir uma proposta de adequação ergonô-
mica. Nos próximos tópicos, apresentaremos duas ferramentas da ergonomia que são utilizadas para
analisar movimentos de levantamento de cargas e analisar posturas: método NIOSH e método RULA.
UNIDADE 7 215
Método Niosh
Em que:
FDH: fator de distância horizontal em relação à carga. É dado por:
FDH = 25/distância horizontal da carga em relação ao indivíduo (2)
FAV: fator de altura vertical em relação ao solo. É dado por:
1 - [0,003x(│V-75│)] (3)
FDVP: fator de deslocamento vertical da carga. É dado por:
(0,82 + 4,5/distância total percorrida) (4).
Obs: se distância total percorrida for menor ou igual a 25cm, assume-se que FDVP=1.
FFL: fator frequência de levantamento. É dado por um valor tabelado, que é encontrado por meio do
cruzamento dos dados: levantamentos por minuto, duração da manutenção contínua e altura vertical.
FRLT: fator de rotação lateral do tronco. É dado por:
1-(0,0032 x ângulo de rotação) (5).
FQPC: fator de qualidade da pega de carga. É dado por meio de uma tabela que relaciona o tipo de
pega (boa, razoável, pobre) com a altura vertical em relação ao solo.
Veja que os fatores de distância horizontal e vertical da carga, distância vertical percorrida da carga
de um ponto para outro, rotação do tronco e qualidade da pega possuem grande influência no cálculo
do limite de peso recomendado. Veja na equação que temos o valor de “23” que é o valor de referência
de carga de 23 kg. O LPR aumenta à medida que as condições de levantamento melhoram e ele diminui
à medida que as condições pioram. Ou seja, se o levantamento é feito em boas condições, a equação
permite um peso maior para ser levantado.
Após calcular o LPR é preciso fazer sua comparação com o peso levantado, em quilogramas. Essa
comparação permite fazer o cálculo do Índice de Levantamento (IL) dado pela equação:
UNIDADE 7 217
O valor de IL pode ser inferior ou superior a 1. Quando IL < 1 sig- Avaliando o caso em questão,
nifica que o levantamento não oferece risco à saúde do trabalhador; foram obtidos os seguintes da-
quando 1≤IL≤2 significa que há um indício de aumento no risco dos do levantamento:
de lesões; e para IL > 2 o risco do trabalhador sofrer uma lesão • Distância horizontal em
na coluna ou em seu sistema músculo-ligamentar é considerável relação à carga: 56 cm. As-
(PINHEIRO et al., 2013). sim, o FDH =
Vejamos agora a aplicação das equações com um exemplo. Ele • 25/56 = 0,45 (aproximada-
é baseado no estudo de caso proposto por Pinheiro et al. (2013). mente).
Este estudo avalia o levantamento de peças pré-moldadas utilizadas • Altura vertical em relação
na construção civil. A figura 1 mostra como o levantamento é feito. ao solo: 50 cm. Assim, o
FAV = 1 - (0,003 x
• (│50-75│)) = 0,925
• Deslocamento vertical
da carga: 66,5 cm. Assim,
FDVP = (0,82 +
• 4,5/66,5) = 0,89 (aproxi-
madamente).
• Frequência de levanta-
mento: 1,3 vezes/minuto.
O levantamento é reali-
zado durante 8 horas por
dia. Consultando a tabela
1, temos que FFL = 0,75.
Duração da manutenção
Frequência
<=8 horas <=2 horas <=1 hora
Levantamen-
V < 75 cm V >=75 cm V < 75 cm V>=75 cm V <75 cm V>=75 cm
to(s) por minuto
• Rotação lateral do tronco: 45°. Assim, o FRLT = 1-(0,0032 x 45) = 0,86 (aproximadamente).
• Qualidade da pega: as peças não possuem alça e não são uma caixa com dimensões definidas.
Assim, a qualidade da pega foi considerada razoável. Consultando a Tabela 2, o FQPC = 0,95.
Tabela 2 - Fatores de qualidade de pega
Fator Qualidade da Pega da Carga (FQPC)
Pega Vc < 75cm Vc > 75cm
Boa 1,00 1,00
Razoável 0,95 1,00
Pobre 0,90 0,90
Fonte: Wicnewski ([2020], p. 8, on-line)1.
UNIDADE 7 219
Com esses valores, o índice LPR ficou igual a:
IL = 42 / 5,22 ≈ 8,04
UNIDADE 7 221
O RULA foi proposto em 1993 por Lynn McAtamneu e Nivel Corlett, na Universidade de Not-
tingham, Inglaterra (CAMPUSESINE, [2020]). Esta ferramenta avalia se são necessárias mudanças
em uma postura de trabalho. Explicaremos sua aplicação com um exemplo de posição muito típico
nos dias de hoje: ficar em pé segurando um celular com a mão direita. A Figura 2 ilustra esta posição
e será usada como referência para nossa análise.
Podemos observar pela figura do homem segurando o celular que seu antebraço faz uma flexão acima
de 100°. Para esta posição, conforme a figura, a nota a ser atribuída é de 2. Observamos que o ante-
braço não cruza o plano sagital do tronco ou realiza operações exteriores ao tronco, não necessitando
adicionar mais um ponto à nota conforme sugerido pela figura.
Ao segurar o celular, o punho do homem fica levemente flexionado, dentro da região de 15°. Assim,
devemos atribuir a nota de 2. Além disso, o punho não fica flexionado para as laterais.
UNIDADE 7 223
0° +15° a -15° >+15° ou <-15° Corrigir Pontuação
1 2 3 Acrescentar 1, se:
O homem ao segurar o celular com a mão direita faz uma leve rotação do punho. Portanto, atribuímos
o valor de 1.
0°
O homem, ao segurar o celular com a mão direita, faz uma leve rotação do punho. Portanto, atribuímos
o valor de 1.
Com os valores de nota do braço, antebraço, posição do punho e rotação, é atribuída uma nota con-
forme a Tabela 3. Para encontrar a nota da parte 1, utilizamos a tabela a seguir:
Posição do punho
1 2 3 4
Braço Antebraço
Rotação Rotação Rotação Rotação
1 2 1 2 1 2 1 2
1 1 2 2 2 2 3 3 3
1 2 2 2 2 2 3 3 3 3
3 2 3 3 3 3 3 4 4
1 2 3 3 3 3 4 4 4
2 2 3 3 3 3 3 4 4 4
3 3 4 4 4 4 4 5 5
1 3 3 4 4 4 4 5 5
3 2 3 4 4 4 4 4 5 5
3 4 4 4 4 4 5 5 5
1 4 4 4 4 4 5 5 5
4 2 4 4 4 4 4 5 5 5
3 4 4 4 4 5 5 6 6
1 5 5 5 6 6 6 6 7
5 2 5 6 6 6 6 7 7 7
3 6 6 6 7 7 7 7 8
1 7 7 7 7 7 8 8 9
6 2 8 8 8 8 8 9 9 9
3 9 9 9 9 9 9 9 9
Fonte: adaptada de Campusesine ([2020], on-line).
Cruzando estes valores na tabela, obtemos o valor de 2. Após obter este valor, para calcular a pontuação
final do grupo de membros “braço, antebraço e punho”, é preciso analisar se a postura é, principalmente,
estática (significa que é mantida por mais que 10 minutos) ou se é repetitiva (se é realizada 4 vezes ou
mais por minuto). Caso sim, é preciso acrescentar 1 ponto à nota anterior. Para o nosso caso, pode ser
considerado que o homem irá utilizar o celular naquela posição por mais de 10 minutos e, portanto,
devemos somar 1 ponto à nota, resultando em 3.
UNIDADE 7 225
Também, deve ser considerado o peso da carga:
• Menos de 2 kg (intermitente) = somar 0.
• De 2 a 10 kg (intermitente) = somar 1 ponto.
• De 2 a 10 kg (estática ou repetida) = somar 2 pontos.
• Mais que 10 kg (ou repetida ou de impacto) = somar 3 pontos.
Como o celular possui carga inferior a 2 kg não é necessário acrescentar pontos e, portanto, a nota
final da parte 1 é de 3 pontos.
Na extensão
+1 +2 +3 +4
O homem, ao utilizar o celular, flexiona seu pescoço entre um ângulo de 10° a 20°. Assim, atribuímos a
esta posição a nota de 2 pontos. Ele não flexiona seu pescoço lateralmente de forma extrema e nem o
rotacional de forma extrema (caso houvesse essas posições, seria preciso acrescentar pontos conforme
indicado pela figura).
0° 0° 20° – 60°
20°
60°+
+1 +2 +3 +4
Observamos que o homem segura o celular com seu tronco praticamente ereto. Assim, não há flexão
de tronco e então atribuímos o valor de 1 ponto para esta posição. Também, não observamos flexão
lateral extrema ou rotação extrema do tronco, não sendo necessário acrescentar mais pontos à nota.
Podemos observar que o homem, ao segurar seu celular, fica um pouco mais apoiado em sua perna
direita. Portanto, atribuímos a nota de 2 pontos conforme indicado na figura.
UNIDADE 7 227
Encontre a nota da parte 2 utilizando os dados da Tabela 4
A nota da parte 2 é dada pelo cruzamento das notas do pescoço, tronco e pernas por meio da Tabela 4.
1 2 3 4 5 6
Pescoço
Pernas Pernas Pernas Pernas Pernas Pernas
1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2
1 1 3 2 3 3 4 5 5 6 6 7 7
2 1 3 2 3 4 5 5 5 6 7 7 7
3 3 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 7
4 5 5 5 6 6 7 7 7 7 7 8 8
5 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8
6 8 8 8 8 8 8 8 9 9 9 9 9
Fonte: adaptada de Campusesine ([2020], on-line).
Cruzando os valores atribuídos para a posição do pescoço, tronco e pernas, obtém-se na tabela a nota
de 3 pontos.
Para obter a nota final da parte 2, é preciso analisar se a postura é principalmente estática (mantida por
mais que 10 minutos) ou repetitiva (realizada 4 vezes ou mais por minuto). Caso uma dessas situações
ocorra, deve ser acrescentado 1 ponto à nota anterior. Para o nosso exemplo, o homem usa o celular
continuamente por mais de 10 minutos. Portanto, somamos 1 ponto à nota anterior, obtendo o valor
final de 4 pontos.
Também, devemos considerar o peso da carga:
• Menos de 2 kg (intermitente) = somar 0.
• De 2 a 10 kg (intermitente) = somar 1 ponto.
• De 2 a 10 kg (estática ou repetida) = somar 2 pontos.
• Mais que 10 kg (ou repetida ou de impacto) = somar 3 pontos.
Como o celular tem uma carga inferior a 2 kg, a nota de 4 pontos não se altera.
Utilizando os valores obtidos nas partes 1 e 2, é determinada a ação que deverá ser tomada. Isso é feito
primeiramente, cruzando os valores das partes 1 e 2 na Tabela 5.
Tabela 5 - Valores da pontuação final
Pontuação de pescoço, tronco e pernas
Pontuação de braço,
antebraço e punho
1 2 3 4 5 6 7+
1 1 2 3 3 4 5 5
2 2 2 3 4 4 5 5
3 3 3 3 4 4 5 6
4 3 3 3 4 5 6 6
5 4 4 4 5 6 7 7
6 4 4 5 6 6 7 7
7 5 5 6 6 7 7 7
8+ 5 5 6 7 7 7 7
Fonte: adaptada de Campusesine ([2020], on-line).
O cruzamento dos valores fornece o valor final de 4 pontos. Este valor é comparado nos níveis de ação
dados pela Tabela 6.
Tabela 6 - Interpretação do valor final da ferramenta RULA
Níveis de ação
Investigar; possibilidade de
Nível 2 Pontuação de 3 - 4 requerer mudanças; é conve-
niente introduzir alterações
O valor de 4 pontos está dentro do nível 2 que significa “investigar; possibilidade de requerer mudanças;
é conveniente introduzir alterações”. Portanto, podemos concluir que a posição de segurar o celular
com a mão direita, apoiado na perna direita, por mais de 10 minutos, é uma posição que é conveniente
de ser mudada. Contudo, não exige que a mudança ocorra rapidamente.
UNIDADE 7 229
Além do método RULA, existe o método OWAS para identificar
posturas corporais prejudiciais durante a realização de ativida-
des. Saiba mais acessando o link: http://www.fecilcam.br/anais/
vii_eepa/data/uploads/artigos/8-02.pdf.
Fonte: adaptado de Silva, Gonçalves Neto e Barbosa (2013, on-line).
3. Com base no método RULA, determine a melhor posição para o braço, ante-
braço e punho.
231
LIVRO
WEB
232
BRASIL. Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras
providências. Brasília: Presidência da República, 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/D3048.htm. Acesso em: 02 jan. 2020.
BRASIL. Portaria 3.214, de 08 de junho de 1978. Norma Regulamentadora Nr-17 – Ergonomia. Brasil. Dispo-
nível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-17.pdf. Acesso em: 10 mar. 2020.
CAMPUSESINE. RULA - Rapid Upper Limb Assessment. [2020]. Disponível em: http://www.alunos.campu-
sesine.net/rec%20humano/fichas/RULA.PDF. Acesso em: 17 mar. 2020.
MTE. Ministério do Trabalho e Emprego. Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora n° 17. Brasília:
MTE, SIT, 2002.
PINHEIRO, H. H.; CABRAL, R. R.; SOUSA, R. da S.; SILVA, D. P. A. da; EVANGELISTA, W. L. Uso do Critério de
NIOSH para determinação do Limite de Peso Recomendado em uma empresa de Pré-moldados. In: SEMANA
DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA IFMG, 6. 2013, Bambuí. Anais[...] Bambuí: IFMG, 2013. p. 1-6. Disponível
em: https://www.researchgate.net/publication/270580556_Uso_do_Criterio_de_NIOSH_para_determina-
cao_do_Limite_de_Peso_Recomendado_em_uma_empresa_de_Pre-moldados. Acesso em: 02 fev. 2020.
SILVA, D. A.; GONÇALVES NETO, L. O.; BARBOSA, P. P. Análise ergonômica com a aplicação do método
OWAS: Estudo de caso em uma indústria moveleira do centro-oeste do Paraná. VII Encontro de Engenharia
de Produção Agroindustrial. 2013. Disponível em: http://www.fecilcam.br/anais/vii_eepa/data/uploads/arti-
gos/8-02.pdf. Acesso em: 04 fev. 2020.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: http://aulas.verbojuridico3.com/Pos_seguranca_trabalho/Seguranca_Trabalho_Luiz_11FB_Aula2_Par-
te2_finalizado_ead.pdf. Acesso em: 11 mar. 2020.
233
1. A AET é utilizada quando uma fiscalização demanda sua realização para corrigir uma situação de trabalho
inadequada. Também é utilizada para melhorar a qualidade de produtos e serviços, tornando um trabalho
mais eficiente.
FQPC = 1 (tabelado)
IL = peso da carga/LPR=5/16=0,3125
3. Conforme a pontuação estabelecida para o braço, antebraço e punho, podemos concluir que a melhor posi-
ção é aquela em que a pontuação é menor, que causará um menor nível de ação. Assim, a melhor posição é:
234
235
236
Me. Maílson José da Silva
Segurança do Trabalho
na Indústria da
Construção Civil
PLANO DE ESTUDOS
Medidas de Proteção
Coletiva
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Descrever as áreas de vivência na indústria da construção civil. • Indicar medidas de proteção individual recomendadas
• Apresentar medidas de proteção coletiva recomendadas para a indústria da construção civil.
para a indústria da construção civil.
Áreas de
Vivência
As instalações sanitárias são utilizadas para o asseio corporal e atendimento das necessidades fisioló-
gicas de excreção. Basicamente, elas devem ser compostas por: lavatórios, vasos sanitários, mictórios
e chuveiros. A cada 20 trabalhadores na obra, devem ser dispostos um conjunto de lavatório, vaso
sanitário ou mictório e a cada 10 trabalhadores deve ser disponibilizado um chuveiro (BRASIL, 1978a).
Os lavatórios podem ser do tipo individual ou coletivo, com o uso de calhas. Devem possuir tor-
neiras de metal ou de plástico que devem distar, uma da outra, no mínimo, 0,60 m, quando estiverem
em lavatórios coletivos. A altura do lavatório deve ser de 0,90 metros e precisa estar ligado à rede de
esgoto, quando existente. Para facilitar a lavagem e higiene do local, os lavatórios devem ter revestimento
interno liso, impermeável e lavável (BRASIL, 1978a).
Os vasos sanitários devem dispor de, no mínimo, 1,0 m2 de área. Nesta área, deve ser disponibilizado
recipiente com tampa para descarte de papéis usados. Deve estar em local com porta cuja borda inferior
não deve estar a mais de 0,15 m de altura em relação ao chão. As divisórias entre os vasos sanitários
devem ter altura mínima de 1,80 m (BRASIL, 1978a).
Os mictórios devem ficar a uma altura máxima de 0,50 m do piso e, quando forem do tipo calha,
deve ser considerado o trecho de 0,60 m como sendo correspondente a um mictório tipo cuba (BRA-
SIL, 1978a).
Os chuveiros devem dispor de, no mínimo, 0,8 m2 de área e devem ficar a 2,10 m de altura em
relação ao piso. O piso do local deve ter caída para assegurar o escoamento da água e ser feito em ma-
terial antiderrapante. Além do chuveiro, como itens obrigatórios devem ser disponibilizados suporte
para sabonete e cabide para toalha. Chuveiros elétricos devem ser aterrados. A Figura 1 apresenta um
exemplo de projeto de instalações sanitárias.
UNIDADE 8 239
Fachada Corte
Banco
Cabides
Chuveiros
50 armários
Sanitários
Lavatório Mictório
Calçada
Planta
Figura 1 - Exemplo de projeto de instalações sanitárias
Fonte: adaptada de Sampaio (1998). Alojamento
Podemos verificar na figura a disposição de lavatório junto ao mic- Além de ser construído com
tório próximo da entrada. Mais ao fundo, foram dispostos cabides materiais básicos que proporcio-
para troca de roupa e à esquerda foram disponibilizados armários nem conforto e higiene, como
para os trabalhadores. Também foram disponibilizados chuveiros. madeira, concreto e alvenaria,
Este projeto engloba a utilização de instalações sanitárias e vestiário. deve possuir uma área de, no
O vestiário é obrigatório para troca de roupas de trabalhadores mínimo, 3,0 m2 por módulo
que não residem no local. Algumas características obrigatórias são: cama/armário. Os alojamentos
paredes equivalentes à alvenaria ou madeira; piso equivalente a não podem estar localizados em
concreto ou madeira; cobertura para proteção de intempéries; área subsolos ou porões de edifica-
de ventilação de 1/10 de área do piso; armários individuais dotados ções. Não podem existir três ou
de fechadura ou dispositivo com cadeado; pé direito mínimo de mais camas na vertical e entre
2,50 m; e banco no local com largura mínima de 0,3 m. uma cama e outra deve haver
Fachada
Corte
A
Beliche
Dormitório Dormitório Dormitório Dormitório
Beliche
Planta A
UNIDADE 8 241
Podemos observar, no projeto apresentado, a existência de armários em cada módulo com duas beliches.
O local possui janelas que atende à especificação mínima de área de ventilação de 1/10 da área do piso.
Balcão de COZINHA
devolução
Local de Refeições
Banco Banco
péries e piso lavável. O tamanho
do local deve permitir que todos Banco Banco
os trabalhadores façam suas re- Mesa Mesa
feições no horário determinado, LIMITE DO LOTE
Banco Banco
bem como assentos em número
suficiente para atender aos usuá-
LIMITE DO LOTE
rios. As mesas devem possuir
tampos lisos e laváveis e deve
existir no local um recipiente
para descarte de detritos. PLANTA REFEITÓRIO
No projeto do local de refei-
ções, as instalações sanitárias Figura 3 - Exemplo de projeto de refeitório
Fonte: adaptada de Cbic (2015).
não podem ter comunicação
direta com o local. A Figura 3 Observe que o local é dotado de lavatório para as mãos, bebedouros,
mostra um exemplo de projeto equipamento para aquecimento de refeições, pia, lixeira, bancos e
de refeitório. mesas.
Segundo a NR-18, nas áreas de vivência devem ser previstos espaços para a realização de atividades de
lazer para recreação dos trabalhadores alojados. A norma permite que o local de refeições seja utilizado
para este fim. No local, podem ser instalados mesa de bilhar, sala de TV, sala para jogos etc. Na Figura
4, é apresentado um exemplo de área de lazer.
PROJEÇÃO DA COBERTURA
CALÇADA
A SER CONSTRUÍDO
LIMITE DO EDIFÍCIO
SALA DE TV
VARANDA
LIMITE DO LOTE
MESA DE SINUCA
Observe que a NR-18 não determina dimensões mínimas desta área. No entanto, é recomendado que
ela seja projetada conforme o número de trabalhadores que ficarão alojados na obra. Em construções
sem trabalhadores alojados, esta área é dispensável.
UNIDADE 8 243
Lavanderia
LIMITE DO LOTE
PROJEÇÃO DA COBERTURA
TANQUES
CALÇADA
PLANTA
LAVANDERIA
O local deve ser dotado de tanques individuais ou coletivos, em número adequado à quantidade
de trabalhadores. Ainda, caso a empresa queira terceirizar esta atividade, ela poderá fazê-lo, sem
ônus para o trabalhador.
Em resumo, as áreas de vivência são fundamentais em um canteiro de obras para proporcio-
nar condições de higiene e conforto aos trabalhadores. Elas são necessárias para a realização de
alimentação, repouso, lazer e higiene pessoal. Algumas áreas de vivência devem existir apenas
quando os trabalhadores estiverem alojados no local: alojamento, lavanderia e área de lazer. Os
empregadores que cumprem com este requisito da NR-18, além de contribuir para segurança do
trabalho, irão proporcionar uma melhor satisfação aos trabalhadores. A seguir, vamos estudar as
medidas de proteção coletiva e individual aplicáveis na indústria da construção.
UNIDADE 8 245
• Medidas incorporadas a máquinas e equi-
pamentos para proteção de partes móveis
e de peças que transmitem força.
• Medidas incorporadas à própria obra, Em uma obra de construção, existem diversos
como pontos de ancoragem para a insta- perigos e riscos com diferentes medidas de pro-
lação de linhas de vida. teção. Neste livro, não conseguiremos abranger
• Medidas de proteção específicas para de- todos eles. Fique atento(a) para identificar os
terminados trabalhos, como o escoramen- riscos presentes em uma obra.
to de valas.
Neste tópico, iremos apresentar alguns perigos Cada medida de proteção pode ser aplicada em
presentes na Construção Civil e suas respectivas uma fase da construção. Vejamos algumas delas
medidas de proteção coletiva. baseadas no trabalho de Sampaio (1998).
As medidas de proteção coletiva são medidas de segurança que protegem todos os trabalhadores
envolvidos na construção. Estas medidas devem ser objeto de projeto, quando necessário, e em
conformidade com as etapas de execução da obra.
Medidas da Fase de Demolição
Esta fase ocorre nas obras existentes que serão destruídas para dar lugar a uma nova construção. Nesta
fase, alguns dos principais perigos são a existência de cabos de energia elétrica e instalações de água,
esgoto ou de gás presentes na construção. Um risco presente na demolição é a estabilidade das cons-
truções vizinhas que pode ser afetada. Neste sentido, as medidas de proteção a serem adotadas são:
• Construir tapumes em volta para limitar o acesso de pessoas.
• Remover vidros do local.
• Providenciar plataformas de retenção de entulhos.
• Utilizar andaimes fachadeiros.
• Isolar aberturas de laje.
• Checar estabilidade de construções vizinhas.
• Providenciar cabos guia para engate de cinturão de segurança contra quedas.
• Umedecer materiais para diminuir a poeira produzida na demolição.
• Utilizar calhas para retirada de entulhos.
• Realizar o transporte de materiais e limpeza do local.
Nesta fase, árvores, muros e edificações vizinhas podem desmoronar devido às escavações. Podem
existir também cabos elétricos subterrâneos. Existe um risco na operação de equipamento denominado
de bate-estacas. Se for necessário fazer o desmonte de rochas, será preciso utilizar explosivos. Assim,
algumas medidas a serem adotadas nesta fase são:
• Escorar taludes instáveis das escavações.
• Impedir a colocação de materiais nas bordas das escavações.
• Realizar a ventilação e o monitoramento do local a ser escavado, devido à possibilidade de
infiltração ou vazamento de gás.
• Proibir o acesso de pessoas não autorizadas na área de escavação.
• Utilizar alarme sonoro antes de detonações.
UNIDADE 8 247
Medidas da Fase de Preparação Medidas de Proteção na
de Armações de Aço Montagem de Estruturas
Metálicas
Nesta fase, os trabalhadores realizam a dobra e
corte de vergalhões. Algumas medidas recomen- As estruturas metálicas são condutoras de energia.
dadas são: Dessa forma, o principal perigo envolvido no seu
• Manter as bancadas de dobragem e corte manuseio é a passagem de correntes elétricas que
afastadas da circulação de pessoas. podem causar choque elétrico nos trabalhado-
• Providenciar cobertura para as bancadas res. Quando estruturas metálicas forem montadas
que seja resistente à queda de materiais e próximas de linhas energizadas, é preciso pro-
intempéries. ceder ao desligamento da rede, bem como fazer
• Providenciar proteção contra impactos nas a proteção das linhas, além do aterramento da
lâmpadas. estrutura metálica e dos equipamentos utilizados.
• Apoiar e escorar armações de vigas e pila- Na montagem de estruturas, é recomendado
res para evitar desmoronamento. que as peças venham previamente fixadas antes
• Proteger pontas de vergalhões. de serem soldadas, rebitadas ou parafusadas. A
• Isolar a área de descarga de vergalhões de aço. suspensão de pilares e vigas deve ser feita por
equipamento de guindar.
Medidas da Fase de
Estrutura de Concreto Medidas de Proteção nas
Operações de Soldagem e
Esta fase envolve a concretagem de formas. As Corte a Quente
medidas recomendas são:
• Inspecionar suportes e escoras das formas Estas operações são necessárias nos trabalhos en-
antes da concretagem. volvendo metais usados na obra. Elas devem ser
• Instalação de dispositivos de segurança nas realizadas apenas por trabalhadores qualificados.
caçambas transportadoras de concreto. É preciso providenciar um anteparo incombustível
• Evitar queda livre de formas e escoramentos. para proteção dos trabalhadores do entorno, evi-
• Fazer o estaiamento ou escoramento de tando a projeção de partículas, bem como a pro-
formas de pilares antes do cimbramento. teção contra a propagação da radiação produzida
• Na protensão de cabos de aço, evitar a perma- pela solda. Substâncias explosivas ou inflamáveis
nência de trabalhadores próximos do local. devem ficar afastadas dos cilindros de oxigênio
utilizados nas operações. Os equipamentos de sol-
da devem estar aterrados. Quando forem utiliza-
dos eletrodos contendo chumbo, zinco ou mate-
riais revestidos de cádmio, deve ser providenciada
ventilação local exaustora dos fumos produzidos.
Estes meios de acesso devem ter construção sólida e possuir corrimãos e rodapés. Veja a Figura 6 com
a indicação de algumas medidas de proteção.
1 4 5
40 cm
1m
15°
6
1m
2m
3 A
Degrau
0,25 a 0,38 m 65° a 80°
Ideal: 75°
Espelho
0,15 a 0,18 m
A figura apresenta exemplos de construção de rampas. No primeiro caso (1), vemos uma rampa que
foi construída com travessas. Observe o detalhe construtivo do distanciamento de 0,4 m entre cada
travessa e de 1 m entre cada travessa inferior para sustentar o peso. A angulação também é importante
para permitir um uso confortável e seguro, no caso, de 15°. Escadas usadas para a passagem de diversos
trabalhadores (2) são dimensionadas com a largura de 2 m e divididas em duas partes (para entrada
e saída de trabalhadores). Os degraus de escadas (3) devem ter um tamanho de 0,25 m a 0,30 m, com
altura de espelho de 0,15 m a 0,18 m.
UNIDADE 8 249
As escadas de mão (4) tam-
bém podem ser usadas nas obras,
A Recomendação Técnica de Procedimentos número 4 (RTP-04) da porém é preciso fixá-las inferior-
Fundacentro tem por finalidade especificar e fornecer disposições mente, seja com uma corda ou
relativas a escadas, rampas e passarelas utilizadas na indústria um pedaço de madeira ligado na
da construção. estrutura (5). A angulação da es-
Saiba mais acessando o link: http://www.fundacentro.gov.br/ cada (6) deve ser de 65° a 80° e o
biblioteca/recomendacao-tecnica-de-procedimento/publicacao/ montante da escada deve passar
detalhe/2012/9/rtp-04-escadas-rampas-e-passarelas. 1 metro do piso superior. Estas
medidas permitem um uso se-
guro destes dispositivos.
Em uma construção, devido ao seu porte, é necessário realizar o transporte de materiais e pessoas
de forma constante. Os equipamentos utilizados no transporte vertical, como elevadores, devem ser
dimensionados por profissional legalmente habilitado. A montagem, desmontagem e manutenção dos
equipamentos devem ser feitas por trabalhador qualificado.
Um elevador de passageiros deve dispor dos seguintes elementos: interruptor de fins de curso supe-
rior e inferior conjugado com freio automático; sistema de segurança eletromecânico; interruptor de
corrente que permite o movimento somente com as portas fechadas; cabina e metálica com porta. Os
montantes dos elevadores devem estar estaiados e a torre e guincho do elevador devem estar aterrados.
No caso de elevadores de materiais, as faces das torres devem ser revestidas com tela. Os acessos de
entrada às torres de elevador devem possuir barreiras para impedir a entrada de pessoas. Os elevadores
de materiais não devem ser usados para transportar pessoas.
Ao movimentar cargas aéreas, é preciso proibir a circulação de pessoas sob a área. O cabo de aço
situado entre o tambor e a roldana livre deve ficar protegido. Durante o uso de gruas, a mesa deve estar
aterrada e, quando necessário, possuir para-raios. As áreas de carga e descarga devem ser delimitadas
e a grua deve possuir alarme sonoro para a movimentação de cargas. Durante intempéries ou outras
condições desfavoráveis, qualquer trabalho na grua deve ser proibido.
Medidas de Proteção
no Uso de Andaimes
Os andaimes formam uma estrutura temporária para o acesso de trabalhadores em locais altos. Podem
possuir diversas configurações. Um andaime deve ser dimensionado por um profissional legalmente
habilitado. Seu piso deve possuir forração completa, antiderrapante e nivelado. Além disso, devem
possuir guarda-corpos e rodapés em torno de todo seu perímetro. Quando sua torre for maior que
quatro vezes o tamanho de sua menor base, o andaime deve ser estaiado.
Medidas de Proteção em
Locais Confinados
“
qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação hu-
mana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída,
cuja ventilação existente é insuficiente para remover contami-
nantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento
de oxigênio (BRASIL, 1978b, p. 1).
UNIDADE 8 251
Resumo Geral de Medidas de Proteção Coletiva
Como vimos, diversas medidas de proteção coletiva devem ser aplicadas durante a construção de um
edifício. A seguir, apresentamos a ilustração de algumas medidas.
Figura 7 - Proteções coletivas mais usuais
SINALIZAÇÃO ESCORAMENTO DE VALAS
Não Não
ANTEPAROS
Zona Zona
sem com Sim Sim
cargas cargas
Sinal Circulação de
limite pedestres
Guarda-corpo
de segurança
Rede de
1 proteção
2
Guarda-
corpo
3
Fechamento
de aberturas
5 Tapume Plataforma 4
de obras de proteção
UNIDADE 8 253
254 Segurança do Trabalho na Indústria da Construção Civil
Medidas de
Proteção Individual
UNIDADE 8 255
EPIs para Proteção da Cabeça, Olhos e Face
O Quadro 1 apresenta os EPIs recomendados para proteção da cabeça, dos olhos e face.
Quadro 1 - EPIs para proteção da cabeça, olhos e face na indústria da construção civil
Descrição Para qual risco é indicado Exemplo
Capacete de segurança ½ aba –
é um equipamento com casco em
plástico rígido e resistente a impac- Queda de materiais sobre a
tos de materiais. Possui no seu inte- cabeça
rior uma carneira e coroa ajustável
conforme as dimensões do usuário.
Óculos de segurança contra im-
pacto – são óculos feitos em ma- Projeção de partículas vo-
terial plástico com proteção lateral lantes sólidas, como aque-
para proteger contra o impacto de las provenientes de cortes
partículas volantes e perfurantes. de peças e picotamento de
Podem ser ou não perfurados nas concreto.
laterais para entrada de ar.
Óculos de segurança panorâ-
mico (ampla visão) – são óculos Poeiras em suspensão, pro-
feitos para se acomodar na face dutos químicos, jateamento
do usuário, em cima de seus olhos. de água, partículas de lixa-
Possuem proteção lateral e são fei- mento etc.
tos em material plástico incolor.
Óculos para serviços de sol-
Radiação ultravioleta pro-
dagem – são confeccionados em
veniente de serviços de sol-
material plástico com encaixe para
dagem e/ou corte a quente
lentes. Possuem material que se
com maçarico.
molda ao rosto do usuário.
Máscara para soldador- é uma
máscara que protege o rosto do
usuário contra fagulhas incandes-
centes e também seus olhos de Radiações ultravioletas e
radiação ultravioleta. Permite que fagulhas incandescentes
o usuário utilize as duas mãos para produzidos nos serviços de
o trabalho. Possui um encaixe na solda.
frente para colocação de lentes fil-
trantes que podem ser de autoes-
curecimento.
Os EPIs para proteção do sistema respiratório na construção civil são máscaras que possuem peças fil-
trantes conforme o agente químico presente no local. O Quadro 2 mostra exemplos desses equipamentos.
Quadro 2 - EPIs para proteção do sistema respiratório na indústria da construção civil
Descrição Para qual risco é indicado Exemplo
UNIDADE 8 257
EPIs para Proteção do Sistema Auditivo
Os EPIs mais comuns para proteção do sistema auditivo na construção civil são os protetores auricular
tipo concha ou de inserção, apresentados no Quadro 3.
Quadro 3 - EPIs para proteção do sistema auditivo na indústria da construção civil
Descrição Para qual risco é indicado Exemplo
Os EPIs mais comuns para proteção do tronco e membros superiores (mãos e braços) na construção
civil são apresentados no Quadro 4.
Quadro 4 - EPIs para proteção do tronco e membros superiores na indústria da construção civil
Descrição Para qual risco é indicado Exemplo
UNIDADE 8 259
Luva de PVC com forro e punho
de 35 cm ou 60 cm – luva confec-
cionada em PVC com forro interno Proteção contra alguns pro-
de malha fina, oferecendo resistên- dutos químicos, como áci-
cia mecânica e proteção química. dos, desengraxantes, óleos,
Pode ser usada em operações de graxas etc.
imersão em líquidos com curta du-
ração.
UNIDADE 8 261
EPIs para Proteção do Corpo Inteiro
Em muitas situações, os trabalhos da construção civil exigem que os trabalhadores acessem andares
superiores do prédio com risco de queda. Além disso, nos pátios de circulação de veículos, há o risco
de atropelamento. Os EPIs recomendados para estes riscos são apresentados no Quadro 6.
Quadro 6 – EPIs para proteção do corpo inteiro usados na construção civil
Descrição Para qual risco é indicado Exemplo
Como visto, existem diversos EPIs recomendados para as atividades da construção civil. Para proteger
os trabalhadores adequadamente, primeiro, é preciso priorizar a implantação das medidas de controle
coletivas e, em seguida, selecionar os equipamentos de proteção individual mais adequados para cada
tarefa. No mercado, existem diferentes fabricantes de um mesmo tipo de EPI que proporcionam di-
ferentes níveis de qualidade, conforto e, consequentemente, de preço. O empregador deve selecionar
os EPIs que efetivamente oferecem proteção contra os riscos encontrados e também que ofereçam
conforto ao usuário. Por exemplo, um calçado que traga dores aos pés dos trabalhadores, mesmo
oferecendo proteção adequada, não é recomendado, pois não oferece conforto. É importante fazer o
teste de diferentes modelos para que os EPIs sejam selecionados adequadamente com a aprovação de
seus usuários.
UNIDADE 8 263
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
264
2. “O Ministério Público do Trabalho (MPT) recebeu nesta quarta-feira (22) uma
denúncia de que havia irregularidades na obra do bairro Serra, local onde houve
um desmoronamento nesta terça-feira (21). No incidente, um carpinteiro morreu
e um encarregado foi socorrido após ficar seis horas soterrado. Um procurador
do órgão acatou a denúncia e irá apurar o caso”.
Fonte: https://www.hojeemdia.com.br/horizontes/mpt-vai-apurar-soterramento-que-
-matou-trabalhador-em-obra-no-bairro-serra-1.768281. Acesso em: 12. fev. 2020.
265
LIVRO
WEB
WEB
WEB
WEB
266
BRASIL. Norma Regulamentadora nº 18, de 08 de junho de 1978. Norma Regulamentadora NR-18 – Con-
dições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. 1978a.
BRASIL. Norma Regulamentadora nº 33, de 08 de junho de 1978. Norma Regulamentadora NR-33 – Se-
gurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados. 1978b.
CBIC (Ed.). Guia orientativo áreas de vivência: Guia para a implantação de áreas de vivência nos canteiros
de obras. Brasília: Cbic, 2015.
267
1. C. Conforme estudado, para 100 trabalhadores, é preciso existir 10 chuveiros (um chuveiro atende uma
quantidade de até 10 trabalhadores). A área de lazer é obrigatória quando existirem trabalhadores alojados.
O serviço de lavagem de roupa pode ser terceirizado, sem ônus para o trabalhador.
2. E. Conforme visto na Figura 7, as valas devem ser escoradas e protegidas contra a queda de materiais e
pessoas.
3. D. A máscara para vapores orgânicos deve possuir cartucho químico que é usado com a máscara semifacial.
A preparação de tintas envolve seu manuseio que deve ser protegido com luva de PVC.
268
269
270
Me. Maílson José da Silva
Prevenção e Combate
a Incêndios
PLANO DE ESTUDOS
Brigada de Incêndio
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Descrever as medidas de prevenção contra incêndios. • Entender as medidas específicas para evitar ou mitigar
• Explicar o dimensionamento da brigada de incêndio. incêndios envolvendo líquidos inflamáveis.
Medidas de Proteção
Contra Incêndios
UNIDADE 9 273
ta altura já teria evacuado sua
moradia com alguns pertences.
Nesta situação, será que pode-
mos identificar alguma medida
de segurança? Bem, a distância
da residência em chamas até as
demais residências determina,
em parte, a possibilidade delas
se incendiarem, ou seja, resi-
Propagação entre cobertura e fachada
dências mais próximas do fogo
possuem uma maior chance de
também pegar fogo, devido às
chamas e ao calor irradiante.
Assim, podemos identificar que
o distanciamento ou a utili-
zação de barreiras constituem
uma medida passiva de segu-
rança contra incêndios.
Tecnicamente, uma barrei-
ra deve ser capaz de resistir ao Propagação entre fachadas
fogo por certo tempo estipulado
em projeto. Uma barreira pode Parede corta-fogo
ser constituída por paredes ou
portas corta-fogo. Veja a Figu-
ra 1 que mostra a utilização do
distanciamento e de barreiras
como medida de segurança
contra incêndios.
UNIDADE 9 275
como dispositivos de exaustão
de fumaça nos corredores das
As portas corta-fogo possuem características diferentes de portas saídas.
comuns. Por exemplo, elas abrem no sentido da rota de fuga e são Agora, imagine a situação
capazes de resistir ao fogo por tempo superior a portas comuns. em que o incêndio ocorre no
Veja o vídeo a seguir para saber mais https://www.youtube.com/ período noturno ou em local
watch?v=3eGcRGsIEog. sem iluminação. Neste caso,
os ocupantes terão dificulda-
des para seguir a rota de fuga
Outra medida para dificultar a propagação de um incêndio é uti- até as saídas do local. Assim,
lizar revestimentos de materiais com características especiais. outra medida de segurança é
Quando o fogo está sob ou perto de uma superfície, ele a esquenta. a instalação de iluminação
O material da superfície começa a liberar vapores que, em conjunto de emergência. A iluminação
com o calor, irão se inflamar. Quanto mais material, e dependendo serve para fazer o balizamento
do seu tipo, haverá uma maior ou menor chance de propagação de – indicação da rota a seguir – e
incêndio. Os materiais de revestimento podem ser selecionados o aclaramento do local.
para proporcionar um tempo maior de combustão antes de uma Existem três tipos de siste-
inflamação generalizada. Os materiais de revestimento podem ser mas de iluminação. A ilumina-
escolhidos conforme seu índice de propagação superficial de chama. ção utilizando blocos autôno-
mos é constituída por aparelho
com lâmpadas incandescentes,
fluorescentes ou similares. Os
blocos possuem carregador e
Os materiais passam por testes para se conhecer o seu compor- sensor de falha de corrente al-
tamento ao fogo. Os testes são realizados de acordo com normas ternada, para serem acionados
técnicas nacionais e internacionais. em caso de falha na alimenta-
Veja um exemplo de teste a seguir: https://www.youtube.com/ ção da rede elétrica. A ilumina-
watch?v=3l41m9fex3k. ção utilizando sistema centrali-
zado com baterias é composta
por uma central de iluminação
de emergência e luminárias
Outra medida de segurança em uma edificação são as saídas de que se ligam à central e que são
emergência. A partir de um princípio de incêndio, alguns ocupan- acionadas automaticamente em
tes da edificação poderão fazer seu combate. Outros necessitarão uma interrupção da alimenta-
abandonar o prédio para evitar possíveis danos à sua saúde causados ção da rede pública de energia.
pelo calor e fumaça do incêndio. As saídas de emergência, correta- E a iluminação com sistema
mente dimensionadas, permitirão que os ocupantes abandonem o centralizado com grupo moto-
prédio a tempo e também servem como via de acesso das equipes gerador fornece energia para
de combate a incêndios. As saídas devem ser estabelecidas em quan- os circuitos de iluminação de
tidade, distanciamento e dimensões adequadas. É preciso verificar emergência na situação de falta
se serão instaladas escadas enclausuradas na rota de saída, bem de alimentação da rede pública.
6,00 m
Via de acesso
Via de acesso
Via de acesso
EDIFÍCIO
6,00 m
6,00 m
VIA DE ACESSO
Suportar viaturas
de 25.000 kg
em dois eixos
PASSEIO
6,00 m
Saída Entrada
Podemos observar que existe uma dimensão (6,0 m) mínima e resistência (25.000 kg) da via de aces-
so. Ainda, a norma exige que haja espaço suficiente para que a viatura do corpo de bombeiros faça
manobras.
A medida de segurança constituída por detectores térmicos, de fumaça, de gás e de chamas, em
conjunto com alarmes sonoros e visuais, permite comunicar aos ocupantes de uma edificação que um
incêndio está ocorrendo. Saber da existência do incêndio é fundamental para que a brigada e o Corpo de
Bombeiros sejam acionados e para que os ocupantes possam evacuar o prédio rapidamente.
UNIDADE 9 277
A sinalização em uma edificação também se constitui em medida
de segurança. Ela informa sobre as rotas de fuga no local e também
previne a ocorrência de incêndios por meio de alerta dos riscos pre-
sentes no local: material inflamável, quadro elétrico, central de GLP
etc. A sinalização é usada também para indicar os equipamentos de
combatem a incêndio, como extintores e hidrantes.
Estas são as medidas de segurança passivas. Vejamos as medidas
usadas de forma ativa para combater um incêndio.
Para a classe A, aparas de papel, madeiras, dentre outros materiais combustíveis, o agente extintor re-
comendado é a água. Para as classes B, líquidos inflamáveis, e C, equipamentos energizados, o agente
extintor recomendado é o gás carbônico ou o pó químico seco (composto por bicarbonato de sódio).
Para a classe D, metais combustíveis, o agente extintor recomendado são os compostos halogenados.
E para a classe K, óleo e gordura em cozinhas, o agente recomendado é o acetato de potássio. Existe
ainda um extintor que possui um agente que combate três classes de incêndio (A, B e C) composto
por amônia. Além de serem selecionados adequadamente conforme a classe de incêndio, os extintores
Válvula de
abertura rápida
Mangueira
de incêndio
Abrigo semirrígida
Tomada de água
para mangueira
de incêndio
40 mm
Esguicho regulável
UNIDADE 9 279
Do lado esquerdo da figura, temos um hidrante. seu combate. Este sistema é mais eficaz para in-
O sistema de hidrante possui uma mangueira que cêndio em materiais que podem receber a água
tem um esguicho que pode ser do tipo agulhe- como agente extintor.
ta ou regulável. A mangueira fica dentro de um No caso de grandes áreas com líquidos infla-
abrigo. Dentro deste, pode ser guardada, também, máveis ou combustíveis, o sistema recomenda-
uma chave para girar a conexão da mangueira no do é o de espuma mecânica. Essa medida de
hidrante, quando necessário. A operação do hi- segurança é eficaz no abafamento das chamas.
drante deve ser feita por pessoas treinadas na sua A espuma faz a separação das camadas de com-
utilização: acoplar a mangueira e desenrolá-la. O bustível e comburente, neutralizando o fogo. Este
mangotinho, porém, ilustrado à direita na figura, sistema não é recomendado para incêndio em
é um sistema mais simples. Ele já fica acoplado equipamentos energizados. A espuma utilizada
à saída da água e seu acionamento se torna mais pode ter diferentes composições (base proteica
rápido em uma situação de emergência. ou base sintética). Os sistemas podem ser: fixos,
utilizados em tanques para armazenamento de
combustíveis; semifixos, com componentes fi-
xos complementados por equipamentos móveis;
e móveis, utilizando veículos e carretas para trans-
A escolha entre um sistema de hidrante ou um portar a espuma.
mangotinho envolve aspectos econômicos e Outro sistema de abafamento, semelhante ao
operacionais. O mangotinho é operacionalmen- de espuma mecânica, é o sistema fixo de gás car-
te mais fácil de ser utilizado, porém pode ter bônico. Este sistema apresenta uma boa eficiência
um custo maior. Ele é recomendado para ser em recintos fechados, embora possa ser aplicado
utilizado por pessoas mais leigas e em edifica- em recintos abertos, para áreas específicas. O gás
ções, tais como grupos de residências e hotéis. carbônico liberado pelo sistema elimina o com-
Veja o vídeo que compara a utilização dos dois burente do local: o oxigênio. Sem oxigênio, o fogo
sistemas: https://www.youtube.com/watch?v=5z- não irá existir. Este sistema pode ser de três tipos:
BmHne-W7E&t=4s.
• Inundação total: o gás carbônico é liberado
pelo sistema em todo o volume do recinto
Para áreas grandes e de difícil circulação, é re- a ser protegido.
comendado o uso de sistema de chuveiros • Aplicação local: o gás carbônico é liberado
(sprinklers). Este sistema é utilizado também sobre elementos específicos, não confina-
quando os ambientes não são compartimentados. dos.
Os chuveiros são acionados automaticamente por • Modular: os dispositivos de liberação de
meio de um elemento termossensível, durante gás carbônico são instalados dentro de
uma situação de incêndio em que a temperatura compartimentos dos equipamentos que
do local se eleva. Podem ser acionados também deverão ser protegidos.
manualmente. O sistema é acionado rapidamente,
evitando que o incêndio se propague, permitindo A Figura 6 mostra um exemplo do sistema de gás
a chegada do Corpo de Bombeiros para realizar carbônico instalado em uma sala.
Detectores
automáticos
de incêndio
Veja que o sistema possui detectores automáticos de incêndio que enviam um sinal para o sistema
liberar o gás nos difusores.
Outra medida de proteção ativa em uma edificação é aquela formada pelas pessoas que irão fazer
o primeiro combate ao princípio de incêndio: a brigada de incêndio. Ela é formada por pessoas trei-
nadas, ocupantes da edificação, que utilizam as medidas de proteção, como extintores e hidrantes, para
combater princípios de incêndio. O tópico a seguir irá explicar como é formada a brigada de incêndio.
Como vimos, para combater o incêndio em uma edificação são implantadas medidas ativas e passi-
vas. Quanto mais medidas existirem em uma edificação, maior será o nível de segurança proporcionado.
As medidas devem ser implementadas conforme exigido em norma técnica ou instrução técnica de
cada Corpo de Bombeiros Estadual.
UNIDADE 9 281
282 Prevenção e Combate a Incêndios
Brigada de
Incêndio
UNIDADE 9 283
A brigada de incêndio é um grupo organizado de pessoas, volun-
tárias ou não, treinadas e capacitadas em prevenção e combate
a incêndios e primeiros socorros, para atuação em edificações ou
áreas de risco.
Fonte: CBMMS (2013b, p. 5).
A brigada de incêndio deve ser formada por trabalhadores que atuam na edificação que possuirá a
brigada. Os brigadistas devem ser selecionados para o curso de formação se atenderem, preferencial-
mente, a maior quantidade dos seguintes critérios: trabalhar no local – ter experiência anterior como
brigadista; ser da área de manutenção das instalações; ter boa saúde e condição física; ser alfabetizado;
e possuir responsabilidade legal. Esses requisitos são importantes para que o brigadista tenha um bom
desempenho nas atribuições que lhe serão dadas.
Os candidatos a brigadista passam por curso com formação específica, conforme o grau de risco da
instalação. Existem três níveis de treinamento: básico, intermediário e avançado. Quanto maior o nível
do treinamento, mais conteúdo ele irá abranger. Dentre os tópicos que são abrangidos no treinamento
estão inclusos: aspectos legais: reconhecer os aspectos legais relacionados à brigada de incêndio; teoria do
fogo: conhecer os elementos básicos para a existência do fogo; propagação do fogo: conhecer as formas
de propagação do fogo; classes de incêndio: identificar as classes de incêndio; prevenção de incêndio;
métodos de extinção; EPI utilizado no combate a incêndio; equipamentos de detecção, alarme e luz de
emergência; abandono de área; pessoas com mobilidade reduzida; reanimação cardiopulmonar; he-
morragias; riscos específicos; emergências químicas e tecnológicas. Após a realização do treinamento e
aprovação dos candidatos, é emitido o atestado da brigada de incêndio. Para manutenção deste, é preciso
fazer a reciclagem anual.
Com a brigada treinada e formada, é hora de fazê-la funcionar. A brigada deve realizar, mensalmente,
reuniões ordinárias para tratar das atribuições de cada brigadista, discutir sobre os riscos identificados na
edificação e enviar notificação para o setor responsável pela correção. A brigada deve também organizar
os exercícios simulados a cada seis meses. Os brigadistas ficam responsáveis pelas ações de prevenção
e emergência.
As ações de prevenção envolvem orientar a população, fixa e flutuante, da edificação sobre a prevenção
de incêndios. Como prevenção, os brigadistas devem estar atentos a situações de risco, como a existência
de extintores com carga vencida ou inadequados, a presença de material inflamável próximo de fontes de
calor ou corredores obstruídos com material. Estas irregularidades devem ser anotadas e comunicadas
aos setores responsáveis por fazer sua correção. Ainda, a brigada de incêndio deve conhecer o plano
de emergência da edificação contendo os equipamentos de combate a incêndio e os procedimentos a
serem adotados em caso de um sinistro.
As ações de emergência devem seguir os procedimentos básicos de emergência. A Figura 7 mostra
um exemplo de fluxograma de procedimentos em situação de emergência.
UNIDADE 9 285
INÍCIO
ALERTA
Análise
da situação
Não Há
emergência?
Sim Acionamento do
Corpo de Bombeiros
e apoio externo
Procedimentos
necessários
Não Não
Há vítimas? Há incêndio?
Sim
Sim
Há Há Há Há Há
Não Não necessidade Não Não necessidade Não necessidade Não
Há necessidade necessidade de necessidade
de cortar a de abandono de isolamento
de socorro? energia confinamento de combate?
da área? da área? da área?
elétrica?
Não Há
necessidade
de remoção?
O sinistro Não
Sim foi controlado?
Socorro
especializado
Sim
INVESTIGAÇÃO
Cópia para os
setores responsáveis
Elaboração
de relatório
Cópia para
FIM
arquivo
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
UNIDADE 9 287
Vejamos, a seguir, um exemplo
de dimensionamento de
brigada de incêndio.
Grau de Risco
compartimento treinamento
Descrição
Exemplos
Divisão
Grupo
Intermediário
Baixo 1 2 2 2 2 (nota 5)
(nota 12)
I-Indústria
I-1 Fábricas e
atividades
I-2 Indústria Médio 2 4 4 5 6 (nota 5) Intermediário
industriais
I-3 em geral
Alto 2 4 5 7 8 (nota 5) Avançado
Nota 5: Quando a população fixa de um pavimento, compartimento ou setor for maior que 10 pessoas, será acrescido mais
um brigadista para cada grupo de até 20 pessoas para risco baixo, mais um brigadista para cada grupo de até 15 pessoas para
risco médio e mais um brigadista para cada grupo de até 10 pessoas para risco alto.
Nota 12: As plantas que não possuírem hidrantes em suas instalações podem optar pelo nível de treinamento básico de
combate a incêndio
A Tabela 1 mostra um trecho da tabela completa disponibilizada pela norma técnica nº17 – Brigada
de Incêndio, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso do Sul. Nesta tabela, devemos
encontrar os dados para fazer o dimensionamento da brigada.
Consideremos o caso de uma indústria que possui um único setor com grau de risco alto, com
trabalho em 2 turnos e com uma população fixa de 80 pessoas no período diurno e 20 pessoas no
período noturno. Neste caso, deve existir brigadistas em todos os turnos e o dimensionamento deve
ser feito de forma separada:
• Quantidade de brigadistas no primeiro turno: conforme a Tabela 1, até 10 pessoas, deve
existir 8 brigadistas para o grau de risco alto. Acima de 10 pessoas, conforme a nota 5, a cada
10 pessoas deve ser acrescido um brigadista. No caso, 80-10=70 pessoas e esta quantidade for-
ma 7 grupos de 10 pessoas. Portanto, além dos 8 brigadistas, devem ser acrescentados mais 7,
totalizando 15 brigadistas no primeiro turno.
• Quantidade de brigadistas no segundo turno: conforme a Tabela 1, até 10 pessoas, deve
existir 8 brigadistas para o grau de risco alto. Acima de 10 pessoas, conforme a nota 5, a cada 10
pessoas deve ser acrescido um brigadista. No caso, 20-10=10 pessoas e esta quantidade forma
1 grupo de 10 pessoas. Portanto, além dos 8 brigadistas, devem ser acrescentado mais 1, totali-
zando 9 brigadistas no segundo turno. A planta vai ter um total de 24 brigadistas que passarão
por treinamento de nível avançado.
UNIDADE 9 289
Em relação ao organograma da brigada, dentre os Observe que o líder de cada turno conta como
24 brigadistas, deve ser escolhido um líder, con- brigadista totalizando a quantidade calculada no
forme ilustra a Figura 8. dimensionamento.
Este dimensionamento foi o mais simples.
Coordenador geral Agora imagine que a indústria possua mais uma
da brigada edificação. Esta segunda edificação possui um ris-
co médio com dois pavimentos e uma população
fixa de 10 pessoas por pavimento, trabalhando
Chefe do Chefe do em apenas um turno. Neste caso, como ficaria a
1º turno 2º turno brigada de incêndio?
Veja que já foi dimensionada a brigada da pri-
meira edificação, composta por 24 brigadistas.
Devemos, agora, dimensionar a brigada da segun-
Líder do setor Líder do setor
da edificação. Consultando a Tabela 1, verificamos
que, para até 10 pessoas, no risco médio, devem
existir 6 brigadistas por pavimento. Assim, a bri-
gada desta segunda edificação deve ser composta
14 brigadistas 8 brigadistas
por um total de 12 brigadistas. O organograma
ficaria da seguinte forma.
Figura 8 – Organograma da brigada de incêndio – caso 1
Fonte: o autor.
Coordenador geral
da brigada
UNIDADE 9 291
292 Prevenção e Combate a Incêndios
Segurança do Trabalho
no Manuseio de
Produtos Inflamáveis
UNIDADE 9 293
Observe que a norma técnica detalha os requisitos das
• Parte 1: disposições gerais.
• Parte 2: armazenamento em instalações e procedimentos que lidam com produtos
tanques, em vasos e em re- inflamáveis para diferentes casos. Quando falamos em
cipientes portáteis com ca- segurança nestas operações, devemos observar diversos itens,
pacidade superior a 3000 L. como a quantidade de inflamáveis armazenada, a localização
• Parte 3: sistemas de tubula- do depósito de inflamáveis, os sistemas de proteção dentro do
ções. local, como extintores, canaletas para contenção de vazamento,
• Parte 4: armazenamento em materiais de revestimento, ventilação, sinalização etc. Neste
recipientes e em tanques
tópico, vamos discutir alguns procedimentos e medidas de
portáteis até 3000 L.
segurança no manuseio de produtos inflamáveis em baixa
• Parte 5: operações.
• Parte 6: requisitos para ins- quantidade, até 3000 litros. É comum encontrar esta situação
talações e equipamentos em indústrias que utilizam solventes, laboratórios e demais
elétricos. atividades que manipulam produtos químicos inflamáveis.
• Parte 7: proteção contra in-
cêndio para parques de ar-
mazenamento com tanques
estacionários.
Inflamáveis
Classe I PF<37,8°C e PV<275,7 kPa
Classe IA PF<22,8°C PE<37,8°C
Classe IB PF<22,8°C PE≥37,8°C
Classe IC 22,8°C≤PF<37,8°C -
Combustíveis
Classe II 37,8°C≤PF<60°C -
Classe IIIA 60°C≤PF<93°C -
Classe IIIB PF≥93°C -
PV é a pressão de vapor
Fonte: ABNT (2013a, p. 19) .
UNIDADE 9 295
Requisitos Gerais das Instalações
Armazenar produtos inflamáveis em locais fechados com pouca ventilação representa um risco acen-
tuado. Assim, a norma determina que os produtos inflamáveis de classe I não podem ser armazenados
em porões ou subsolos. Os produtos de classe II e III até podem ser armazenados nestes locais, desde
que o local ofereça um armazenamento protegido, o que significa que o local possui proteção automática
por meio de sprinklers de água ou espuma. Durante um incêndio, se os utensílios do local possuírem
uma boa resistência ao fogo, o incêndio demorará um pouco mais para se propagar. Assim, a norma
determina como requisito geral que a madeira utilizada em prateleiras, suportes e paletes dentro da
edificação deve ter espessura mínima de 25 mm (uma espessura usualmente maior).
Outro cuidado geral é quanto ao empilhamento de embalagens contendo líquidos inflamáveis.
Quando os recipientes de produtos inflamáveis forem empilhados, eles devem ficar estáveis e o empi-
lhamento não pode causar esforços excessivos nas paredes dos recipientes. Esse empilhamento deve
manter uma distância mínima de 1 m em relação a vigas e travas da estrutura de cobertura do local.
Observe que estas medidas visam oferecer resistência ao local no caso de um incêndio ou explosão.
A Norma Técnica ABNT NBR 17505:2013 estabelece que até mesmo o armazenamento temporário
e não frequente de líquidos inflamáveis, como material para pintura, deve ser estocado em quanti-
dade limitada para o uso. A quantidade máxima armazenada deve ser para até 10 dias de consumo.
Fonte: ABNT (2013a).
Volume de líquidos
Volume de líquidos inflamáveis L
Tipo de embalagem combustíveis
de líquidos
Classe IA Classe IB Classe IC Classe II Classe IIIA
Vidro 0,5 1 5 5 20
Recipientes metálicos
(outros que não tambo-
5 20 20 20 20
res) ou de plástico/bom-
bonas aprovados
Recipiente de segurança
10 20 20 20 20
(latão de segurança)
Tambores metálicos
(conforme especificação 450 450 450 450 450
de transporte) (1A1/1A2)
UNIDADE 9 297
Armários Usados no Armazenamento
de Líquidos Inflamáveis
Para armazenar de forma segura pequenas quantidades de produtos metal, deve ser utilizada chapa
inflamáveis, é recomendado o uso de armários especiais. Estes são de bitola nº 18 com parede du-
construídos com materiais e métodos construtivos que diminuem o pla de espaçamento mínimo de
risco de incêndio no local. Segundo a norma técnica, dentro destes 38 mm. As junções do armário
armários deve ser armazenado o volume de até 460 litros de líquidos devem ser herméticas e as por-
das classes I, II e IIIA. Os armários podem conter frascos de vidro, tas devem ter dobradiça de três
latões de segurança ou até mesmo tambores metálicos, dependendo pontos. Pode ser usada madei-
do seu formato. Os armários devem possuir as seguintes caracte- ra na sua confecção, desde que
rísticas apresentadas pela Figura 10. tenha espessura mínima de 2,5
cm, resistente ao rompimento e
separação de lâminas em condi-
Temperatura ções de incêndio. Armários de
no centro e a madeira de duas portas devem
2,5 cm da possuir sobreposição de portas
borda superior
de no máximo de mais de 2,5 cm.
160 °C durante Todas essas características
a exposição são necessárias para que, em
de 10 minutos uma situação de incêndio, o
no fogo
armário proteja o material in-
flamável por certo período de
tempo, permitindo a ação do
Soleira de 5 cm combate por mais tempo. No
material complementar, está
Sinalização indicado um vídeo que mostra
o teste de resistência ao fogo fei-
Figura 10 - Características especiais de armários para armazenamento de líquidos
inflamáveis to em três armários. Neste teste,
Fonte: adaptada de ABNT (2013a). podemos conferir que um ar-
mário simples, sem as medidas
Estes armários devem ser sinalizados indicando a presença do ma- aqui citadas, resiste até 3 min e
terial inflamável. O material usado na sua construção deve ofere- 5s, enquanto que um armário
cer proteção ao fogo de tal maneira que durante 10 minutos de com mais lâminas, feito em fi-
exposição ao fogo a temperatura interna em seu centro chegue a, bra, indicado para estocagem
no máximo, 160 °C. Para conter eventuais vazamentos, os armá- de materiais inflamáveis, resiste
rios devem ter soleiras de 5 cm. Quando forem construídos em por mais de 80 minutos.
UNIDADE 9 299
Tabela 5 – Limites de armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis para estabelecimentos especiais
Classe de líquidos Quantidade (L)
I e II 40
III A 230
III B 460
Fonte: ABNT (2013a, p. 40).
Observe que os limites da tabela são bem menores que os limites para estabelecimentos em geral. Isso
porque armazenar uma maior quantidade de líquidos inflamáveis nestes estabelecimentos especiais ofe-
rece um maior risco, além de não ser justificável pela natureza das atividades desenvolvidas nestes locais.
Requisitos de Construção
Tabela 6 – Classificação de resistência ao fogo para áreas de armazenamento de líquidos no interior de edificações
Paredes internas,
Paredes
tetos, pisos Telhados
externas
intermediários
Por exemplo, se em uma edificação existir uma sala com 10 m2 destinada ao armazenamento de líqui-
dos inflamáveis, e a sala adjacente for para outro uso, a parede da sala deve oferecer resistência ao fogo
de 60 minutos. Se a área for superior a 14 m2 e inferior a 45 m2, este tempo deve ser de 120 minutos.
Nas aberturas das salas de armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis, devem existir
elementos corta-fogo, como é o caso da porta corta-fogo. As portas devem permanecer fechadas ou
podem ficar abertas caso possuam dispositivo de fechamento automático em situação de incêndio.
Quando um líquido inflamável evapora e forma uma atmosfera explosiva, é criado um ambiente pro-
pício a um acidente. O acidente ocorrerá se houver uma fonte de ignição. Além do fogo propriamente
dito e de superfícies quentes, como fornos, um sistema elétrico desprotegido pode também formar
pequenas faíscas dando início a uma explosão. Assim, a norma técnica determina que, se uma área de
armazenamento de líquidos inflamáveis possuir instalações elétricas, dependendo da classe do líquido,
será necessária a instalação de um sistema elétrico protegido.
Se no local os líquidos armazenados permanecem em embalagens fechadas e seladas, não é neces-
sária a instalação do sistema protegido. Contudo, se ocorre a abertura de embalagens e os líquidos em
questão forem de classe I, o cabeamento elétrico e os equipamentos elétricos utilizados devem ser zona
2. Se os líquidos armazenados forem classe II e III, são aceitos o cabeamento elétrico e equipamentos
elétricos do tipo padrão, desde que a temperatura do ambiente não ultrapasse o ponto de fulgor dos
líquidos. Caso a temperatura ambiente for maior que o ponto de fulgor dos líquidos classe II e III, os
requisitos de zona 2 devem ser aplicados.
As zonas são classificações de áreas com base na frequência da ocorrência e duração de uma atmos-
fera explosiva de gás.
• Zona 0: área em que uma atmosfera explosiva de gás está presente continuamente ou por longos
períodos ou frequentemente.
• Zona 1: área em que é provável que uma atmosfera explosiva de gás ocorra periodicamente ou
eventualmente em condições normais de operação.
• Zona 2: área em que não é provável que uma atmosfera explosiva de gás ocorra em condições
normais de operação, mas, se ocorrer, irá existir somente por um curto período.
Fonte: ABNT (2018, p. 3).
UNIDADE 9 301
Contenção, Drenagem e Ventilação do Local
Durante o uso e armazenagem de líquidos inflamáveis e combustíveis, pode ocorrer seu derramamento
no piso do local. A dispersão do líquido para outros ambientes oferece um maior risco de incêndio em
outras instalações, oferecendo um caminho para que o fogo percorra. Para evitar tal situação, devem
ser construídos meios adequados para fazer a contenção dos vazamentos.
A contenção pode ser feita de diversas maneiras:
• Construir soleiras, rampas, lombadas, dentre outros, de tal forma a evitar a dispersão do líquido.
Elas devem ter altura adequada. Uma recomendação é que tais barreiras possuam 10 cm de
altura. O líquido contido deve ser drenado para o exterior ou para caixas internas.
• Construir pisos com caimento.
• Construir canaletas abertas ou com grades que se conectam a um sistema de drenagem.
A norma técnica estabelece como construção obrigatória de tais meios de contenção quando forem
armazenados recipientes cuja capacidade individual exceda 40 litros. A norma também dispensa estes
meios de contenção no caso de armazenamento de apenas líquidos de classe III B.
Nos locais em que são armazenados os líquidos em embalagens maiores e que é feito o envase em
embalagens menores, é necessário providenciar uma ventilação adequada. Esta ventilação pode ser
natural ou, no caso de líquidos classe I, ela deve ser obrigatoriamente mecanizada. As aberturas para
tomada e saída de ar devem ser localizadas de tal forma a promover a movimentação do ar em toda a
área do piso, para evitar o acúmulo de vapores inflamáveis. Os sistemas de ventilação mecânica devem
fornecer uma vazão de 0,3 m3/min/m2 de piso da área e não pode ser inferior a 4 m3/min.
Como vimos, instalações que armazenam e manipulam líquidos inflamáveis devem dispor de me-
didas de segurança extras envolvendo as características construtivas do local, uso de equipamentos
especiais, controle das quantidades armazenadas, recipientes com capacidade limitada de armazena-
mento e medidas de combate a incêndio.
1. Em uma escola primária com grande fluxo de pessoas, foram instalados extinto-
res nos corredores. O diretor da escola acredita que os extintores são suficientes
para oferecer segurança aos alunos e professores. Com base no estudo das
medidas de segurança, elabore um texto para o diretor explicando se existem
outras medidas que podem ser aplicadas na escola.
303
LIVRO
FILME
Brigada 49
Ano: 2004
Sinopse: Jack Morrison (Joaquin Phoenix) é um bombeiro inexperiente, que
ingressou na corporação há pouco tempo. Logo ele faz amizade com os com-
panheiros de tropa, seguindo à risca as ordens de seu chefe e mentor, o capitão
Mike Kennedy (John Travolta). Ao mesmo tempo em que se arrisca ao realizar
seu trabalho, Jack precisa lidar com as constantes reclamações de sua esposa,
Linda (Jacinda Barrett), que lhe pede mais atenção. Quando Jack fica preso no
pior incêndio que já enfrentou, ele começa a avaliar sua vida e as coisas que
mais preza, sua família e sua carreira.
WEB
304
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. 12693: Sistemas de proteção por extintor de incêndio. ABNT:
Rio de Janeiro, 2013b.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. 17505-1: Armazenamento de líquidos inflamáveis e com-
bustíveis - Parte 1: disposições gerais. ABNT: Rio de Janeiro, 2013a.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. 17505-4: Armazenamento de líquidos inflamáveis e combus-
tíveis - Parte 1: armazenamento em recipientes e em tanques portáteis até 3000 L. ABNT: Rio de Janeiro, 2013.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR IEC 60079: Atmosferas explosivas Parte 10-1: Classi-
ficação de áreas – Atmosferas explosivas de gás. ABNT: Rio de Janeiro, 2018.
BRASIL. Norma Regulamentadora nº 23, de 08 de junho de 1978. Norma Regulamentadora NR-23 – Pro-
teção Contra Incêndios. Brasil, 1978a.
BRASIL. Norma Regulamentadora nº 23, de 08 de junho de 1978. Norma Regulamentadora NR20 – Se-
gurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis. Brasil, 1978b.
CBMMS. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso do Sul. Norma Técnica N° 2: Conceitos
básicos de segurança contra incêndio. Mato Grosso do Sul: CBMMS, 2013a. Disponível em: http://sistemas.
bombeiros.ms.gov.br/arquivos/dat/NT/NT%2002%20-%20CONCEITOS.pdf. Acesso em: 29 fev. 2020.
CBMMS. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso do Sul. Norma Técnica N° 3: Terminologias
de segurança contra incêndio. Mato Grosso do Sul: CBMMS, 2013b. Disponível em: http://sistemas.bombeiros.
ms.gov.br/arquivos/dat/NT/NT%2003%20-%20TERMINOLOGIAS.pdf. Acesso em: 29 fev. 2020.
CBMMS. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso do Sul. Norma Técnica N° 7: Separação
entre edificações (isolamento de risco). Mato Grosso do Sul: CBMMS, 2013c. Disponível em: http://sistemas.
bombeiros.ms.gov.br/arquivos/dat/NT/NT%2007%20-%20SEPARA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20EDI-
FICA%C3%87%C3%95ES.pdf. Acesso em: 29 fev. 2020.
CBMMS. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso do Sul. Norma Técnica N° 21: Sistema
de proteção por extintores de incêndio. Mato Grosso do Sul: CBMMS, 2013d. Disponível em: http://sistemas.
bombeiros.ms.gov.br/arquivos/dat/NT/NT%2021%20-%20EXTINTORES.pdf. Acesso em: 29 fev. 2020.
CBMMS. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso do Sul. Norma Técnica N° 22: Sistemas de
hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio. Mato Grosso do Sul: CBMMS, 2013e. Disponível em:
http://sistemas.bombeiros.ms.gov.br/arquivos/dat/NT/NT%2022%20-%20HIDRANTES%20E%20MANGO-
TINHOS.pdf. Acesso em: 29 fev. 2020.
305
CBMMS. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso do Sul. Norma Técnica N° 17: Brigada de
incêndio. Mato Grosso do Sul: CBMMS, 2016. Disponível em: http://sistemas.bombeiros.ms.gov.br/arquivos/
dat/NT/NT%2017%20-%20BRIGADA%20DE%20INC%C3%8ANDIO.pdf. Acesso em: 29 fev. 2020.
CBMMS. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso do Sul. Norma Técnica N° 6: Acesso de
viaturas na edificação e áreas de risco. Mato Grosso do Sul: CBMMS, 2017. Disponível em: http://sistemas.
bombeiros.ms.gov.br/arquivos/dat/NT/NT%2006%20-%20ACESSO%20DE%20VIATURAS%20.pdf. Acesso
em: 29 fev. 2020.
PARANÁ. Casa Militar da Governadoria. Manual de prevenção e combate a princípios de incêndio. Módulo
VI. 2013. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/marco2015/cursobrigada/
modulo6_combateincendios.pdf. Acesso em: 16 mar. 2020.
REFERÊNCIA ON-LINE
306
1. As medidas de segurança contra incêndios são determinadas por normas técnicas do Corpo de Bombeiros
Militar de cada estado. As normas orientam sobre a obrigatoriedade da implantação de medidas extras de
segurança além dos extintores. Dependendo do grau de risco da edificação e de sua ocupação, medidas
adicionais devem ser implantadas.
Em geral, na escola, podem ser implantadas outras medidas de segurança, como o uso de portas corta-fo-
go, sistema de hidrantes, revestimento das paredes e materiais das salas para evitar a propagação rápida
do fogo, saídas de emergência com sinalização da rota de fuga, bem como iluminação de emergência e
sistema de chuveiros. A escola deve possuir vias de acesso adequadas para o acesso da viatura do corpo
de bombeiros e uma brigada de incêndio pode ser constituída.
2. Caso exista uma emergência, procedimentos relacionados ao incêndio e às vítimas devem ser tomados.
Se não houver emergência, deve ser feita apenas a investigação e elaboração de relatório sobre o alerta.
No caso de uma emergência, prioritariamente, o Corpo de Bombeiros deve ser acionado. Em seguida, os
brigadistas irão verificar se existem vítimas no local e se estas necessitam de socorro. Caso necessário,
serão prestados os primeiros socorros às vítimas e, na necessidade de remoção delas do local, deve ser
acionado o socorro especializado, para fazer a imobilização da vítima e retirá-la do local com segurança.
No caso de um incêndio, é preciso verificar se existe a necessidade de cortar a energia do local para fazer
o combate. Deve ser feito também o abandono da edificação, caso as pessoas estejam no local. A área
deve ser isolada e, se necessário, fazer o seu confinamento. Em seguida, a brigada deve atuar para fazer
o combate ao incêndio, utilizando dos meios disponíveis, como extintores e hidrantes. Após o sinistro ser
controlado, elabora-se um relatório de investigação do ocorrido para que a causa do sinistro não volte a
ocorrer. Este relatório é discutido em reunião extraordinária da brigada.
3. Em primeiro lugar, deve ser analisada a classe dos líquidos inflamáveis que serão armazenados no local.
Se todos os líquidos forem classe I, a quantidade máxima permitida é de 114 litros. Essa quantidade pode
ser aumentada se for utilizado um armário de segurança que deve possuir características especiais de
construção. De toda forma, é recomendado que no laboratório seja instalado este armário para oferecer
uma proteção contra incêndios. É preciso ainda verificar o ponto de fulgor das substâncias para determinar
se as instalações elétricas deverão ser para zonas classificadas ou do tipo padrão. A parede da sala deve
possuir um tempo de resistência ao fogo conforme a área do local. Próximo do laboratório, do lado de
fora, deve ser instalado um extintor com capacidade extintora de 40:B, no mínimo. A sala deve ser provida
de soleira ou barreira para conter um eventual vazamento de líquido inflamável.
307
308
309
310
CONCLUSÃO
Chegamos ao final do nosso material, porém o estudo não termina aqui! Confor-
me vimos ao longo das unidades, a prática da ergonomia e segurança do trabalho
é feita por meio da aplicação de ciência, conceitos jurídicos e normas técnicas. À
medida que acidentes ocorrem e que a tecnologia se desenvolve, os procedimentos
e normas de segurança são atualizados, o que requer a atualização constante do
profissional que lidará com estas questões. Ao longo deste material, estudamos
diversos aspectos da ergonomia e segurança do trabalho.
Na Unidade 1, estudamos o histórico da segurança do trabalho. Vimos que
em um ambiente de trabalho podem existir riscos físicos, químicos, biológicos,
mecânicos e decorrentes de más posturas ou ritmo intenso de trabalho – são os
riscos por falta de adaptação ergonômica. Identificar e gerenciar estes riscos se
constituem como atividades principais de um prevencionista.
Na Unidade 2, conhecemos a definição de acidente do trabalho e suas principais
ocorrências. Nas Unidades 3 e 4, estudamos a Higiene Ocupacional. Esta ciência é
importantíssima para quantificarmos os riscos em um ambiente, para determinar
as melhores medidas de proteção.
Nas Unidades 5, 6 e 7 estudamos os conceitos de ergonomia. Vimos a impor-
tância da antropometria no projeto de produtos e postos de trabalho. Além disso,
estudamos o uso dos músculos e vimos que uma atividade manual deve presar
pelos movimentos e posições que produzem um trabalho dinâmico dos músculos.
Explicitamos, também, como o nível de iluminamento de ambientes é medido e
estudamos formas de evitar lesões na coluna vertebral durante o manuseio de
cargas. Por fim, conhecemos as ferramentas da ergonomia que permitem produzir
relatórios de análise de posições de trabalho, levantamento de cargas, ritmo de
trabalho, movimentos repetitivos, dentre outros aspectos.
Na Unidade 8, estudamos especificamente os aspectos de segurança do tra-
balho na indústria da Construção Civil e, na Unidade 9, traçamos os aspectos de
segurança contra incêndio.
Atuar na área de segurança do trabalho exige do profissional o conhecimento
de diversas áreas científicas. Ao finalizar nosso estudo, você deu o primeiro passo
de uma caminhada que deve ser constante. Na área profissional que você for atuar,
necessitará aprofundar algum dos temas que foram estudados. Desejamos a você
sucesso nesta jornada!
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para
ter acesso aos conteúdos digitais. O download do aplicativo está disponível nas plataformas:
ISBN: 978-65-5615-001-7
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