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ERGONOMIA, O

PGR/GRO E A NOVA NR17


(ARTIGO 1 DE 6)
13/08/2021
Ergonomista, esse é o primeiro de 6 artigos sobre a nova NR17 e sobre a
Ergonomia dentro do Gerenciamento Risco Ocupacional (GRO) e do Programa
de Gerenciamento de Risco (PGR). Leia cada um deles com muita atenção e
prometemos que no final, você terá condições de entender a nova realidade da
NR17 e sua relação com o NR01, bem como saberá de fato trabalhar com essa
novidade, como se tivesse pago por um curso completo!

Você está em dúvida de como agir diante do PGR/GRO?


Não sabe como deverá ser seu processo de trabalho agora, com a Análise
Ergonômica Preliminar (AEP)?
Não sabe quando deve e quando não deve aprofundar a avaliação,
realizando e justificando a Análise Ergonômica do Trabalho (AET)?
Não sabe como preencher o Inventário de Risco Ocupacional (IRO) com as
informações da Ergonomia?

Se a resposta para algumas dessas perguntas é SIM, então leia nossa série até
o final pois nos esforçamos (como sempre) para que no final você possa:
Entender como a Ergonomia se encaixa dentro da lógica do PGR/GRO;
 Saber como realizar as ações do GRO;
 Saber como criar um PGR;
 Saber como fazer uma AEP;
 Receber alguns modelo de AEP para você usá-los ou melhorá-los;
 Saber quando se deve aprofundar a avaliação dos riscos ocupacionais
com a AET, ou seja, quando devo sair da AEP e ir para a AET e como
justificar a realização dessa AET;
 Saber, de forma minimamente aceitável, como realizar uma AET;
 Saber criar seu próprio modelo de AET;
 Receber um modelo de AET para usá-lo ou melhorá-lo;
 Saber como é a nova lógica para indicar uma melhoria ergonômica;
 Saber como criar um IRO;
 Receber um modelo de IRO, para usá-lo ou melhorá-lo;
 Saber como criar o Plano de Ação (PA);
 Receber um modelo de PA, para  usá-lo ou melhorá-lo;

Talvez seja o mais completo conteúdo GRÁTIS para Ergonomistas sobre o


tema!

Quer um resuminho do que vamos falar em cada artigo? Primeiro, vamos fazer
um resumo das novas Normas Regulamentadoras (NRs) 01 e 17 e uní-las nos
comentários, pois o conhecimento do Ergonomistas sobre elas deve ser
integrado para você entender como deve atuar diante dessa nova realidade.
Ainda neste primeiro artigo vamos te dar um infográfico esquematizando
como sugerimos que você faça seu processo de trabalho como ergonomista
diante dessa nova realidade. No segundo artigo nós te explicaremos tudo que
você precisa saber sobre a AEP para ter segurança de oferecer a seu cliente
esse novo serviço, inclusive mostrando como adicionar a AEP no IRO; vamos te
dar, ainda, alguns modelos de AEP para você usar ou editar. Nos terceiro
artigo vamos te mostrar como iniciar o processo de formalização do PGR,
mostrando todos os detalhes do IRO; inclusive te fornecendo um super
modelo de IRO para você usar ou melhorar. O quarto artigo te mostrará como
devem ficar as melhorias ergonômicas dentro desta nova lógica do PGR, bem
como falar do Plano de Ação e de todos os detalhes importantes para usar
essa ferramenta a seu favor na gestão de ergonomia e dos riscos ocupacionais;
vamos te fornecer também um modelo de PA para você usar ou editar.
Nos quinto e sexto artigos falaremos da avaliação dos riscos, explicando como
fica nossa querida AET nesse novo cenário, como justificar a realização ou não
da mesma; vamos te fornecer também um modelo mínimo de AET para uso
ou editção.

Gostou? Então vamos lá....

Primeiro, pra começar: Ergonomista, você já teve acesso à versão da NR17 que
foi para a consulta pública? Se não, acesse o artigo que fizemos sobre as
normatizações em que o Ergonomista pode atuar, baixe a Tabela de
normativas e acesse a versão que a Comissão Tripartite responsável pela
atualização gerou como documento final e que aguarda aprovação (segundo
informações, será publicada com a maior parte desse texto). É importante
que você dê uma boa lida nela, com atenção. Se tiver alguma dúvida,
coloque aqui nos comentários que vamos responder! Os itens citados nessa
norma são proveniente da versão da consulta pública.

Sobre a publicação oficial, fique tranquilx! Quando a redação oficial sair, nós
iremos atualizar esse conteúdo, adicionando as questões que forem
alteradas...

Conceituando o tema central da nossa série, a Ergonomia, essa pode ser


entendida como uma ciência que busca estudar a atividade e suas interfaces
com outros elementos do sistema para que esse seja seguro, confortável e
eficiente para todos os atores envolvidos.
 
17.1.1 Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer as diretrizes e os
requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente.

O não respeito à aplicação dos conceitos da Ergonomia gera um sistema doente, seja ao adoecer o
trabalhador, seja ao reduzir a lucratividade de uma organização.

Mas normatizar uma área toda não é tarefa fácil… Uma norma tem como
objetivos gerais fixar obrigações, definir ações fiscais, harmonizar e
desenvolver práticas novas, reforçar práticas antigas, regular a concorrência,
mas, sobretudo, ela tem uma influência simbólica, ou seja, o fato de termos
uma NR só de Ergonomia e outras tantas que falam de Ergonomia mostra
a importância do tema: pensar no desenho do trabalho!

Será que dá pra colocar toda a área da Ergonomia dentro de uma norma, de
forma plena, dando conta de toda sua diversidade?
 
 Colocar em uma norma a Ergonomia como engenharia (normas,
projetos, higiene ocupacional) e como antropologia (ouvir o trabalhador,
respeitar as experiências dos trabalhadores, estudar a atividade);
 Colocar na norma uma Ergonomia que consiste no funcionamento do
homem e dos outros componentes do sistema, na tentativa de se
aproximar das situações reais de trabalho;
 Colocar em uma norma as diferentes dimensões do trabalho: biológicas,
psicológicas, psíquicas e sociais;
 Coloca em uma norma uma Ergonomia que almeja tornar o trabalho
algo pleno e que contenha as capacidades de “poder fazer”, “poder
sentir”, “poder pensar” e “poder debater” (Daniellou - 1999).

Obviamente que não é possível colocar em um documento toda a


complexidade da Ergonomia e qualquer tentativa nesse sentido deve ser
entendida como algo limitado, que sempre carece de discussão e de
proposições de melhorias.
Num breve resumo histórico, em 1990 nasce a primeira versão da NR17, a qual
trouxe resultados importantes:
 Ampliou a divulgação da AET, mudando o foco do risco para a
atividade de trabalho;
 Apontou os holofotes  para os fatores organizacionais com
determinantes de adoecimento;
 Deu origem às ações sobre o setor de serviços (antes só havia NRs para
as indústrias);
 Ampliou o desenvolvimento da profissão de Ergonomista no Brasil;
 Foi a base para a criação da NR36.

O contexto de criação da NR17, no final da década de 80, era completamente


diferente de hoje: eram poucos os sindicatos com força para participar
ativamente da discussão (apenas sindicatos dos bancários e de processamento
de dados), ainda acuados pelo período pós Constituição de 88; eram apenas 3
AFT envolvidos no processo e muito poucos pesquisadores em Ergonomia no
país…

 O resultado foi uma NR17 que privilegiou os setores dos bancos e de


processamento de dados, mas com avanços importantes.

Em 2001 foi criada a Comissão Nacional da Ergonomia (CNE) e houve uma


grande disseminação do conhecimento na área. No mesmo ano foi lançada
a Nota Técnica 60, sobre alternância de posturas no trabalho.

Em 2006 a Ergonomia passou a fazer parte das metas nacionais, pois os


setores de serviços cresceram (supermercado, teleatendimento etc) e havia
muitos casos de adoecimento como resultado da “falta de Ergonomia”.

Em 2011 foi criada (e revista em 2019) a Política Nacional de Saúde e


Segurança do Trabalhador (PNSST).

As discussões sobre a nova NR17 começaram ainda em 2019, num momento


de recuo dos sindicatos. O trabalho de criação e aprovação do texto da nova
NR17 foi iniciado na Comissão Tripartite Partidária Permanente (CTPP) em
fevereiro de 2020, com a participação de representantes dos empregados, dos
empregadores e do Estado, sendo concluído em março de 2020 com, quase
100% de consenso. 

O processo de aprovação da nova NR17 recebeu 2007 comentários de todas as


entidades e de centenas de ergonomistas. O movimento de
ergonomistas (nem tão organizado quanto deveria) esteve presente para
reivindicar aspectos importantes da norma!

O grupo que participou da atualização da NR sabia que existia “no ar” (de
forma implícita) um risco grande de reduzir a Ergonomia e a AET a um
conjunto de riscos que faria parte do PGR, o que, além de estar
conceitualmente errado, iria piorar muito as condições de trabalho, um
movimento contrário ao que esse grupo desejava.

Era preciso também reduzir o caráter de norma de “processamento de


dados” de cunho fisiológico e ampliar o caráter mais genérico, mas
incorporando as outras dimensões da atividade

Ficamos por um tempo aguardando a publicação do texto da nova NR17, em


virtude de uma liminar contra as publicações das novas normas da CTPP. 

Em 23/07/21 foi publicada a Portaria SEPRT/ME Nº 8.873, de


23/07/21 que prorrogou o início da vigência das NRs 01, 07, 09 e 18 para
03/01/2022. Esse adiamento é fundamental, pois o início da vigência das NR01
e NR07 sem a publicação do novo texto da NR17 causaria inconsistências no
PGR.

Afirmamos mais: o adiamento da NR01 e do início da obrigatoriedade do


PGR provavelmente aconteceu pela não publicação da NR17. Isso mostra
que a partir do início do PGR, a NR 17 terá valor similar às outras NRs, ou
seja, os perigos ergonômicos relacionados a situações de trabalho terão o
mesmo valor dos riscos ambientais e de acidentes. 

As novas redações das NR 01 e NR 17 têm estreita relação, de forma que


cumprir a NR17 é cumprir a NR01, pelo menos no que diz respeito à
Ergonomia.

Enquanto a nova NR17 não é publicada, o Ergonomista pode fazer do ano de


2021 um período de transição, em que tanto ele quanto as organizações
deverão aprender como funciona o GRO, criar seus procedimentos, testar e
amadurecer seus processos, para que em janeiro/2022 (se essa data não
mudar) comecem a valer de vez.

Por conta disso, o Ergonomista deve procurar seus clientes e oferecer seus
serviços. Nossa sugestão é que já sejam utilizadas a nova metodologia da NR01 e
a nova proposta da NR17.  Além disso, desde que a última AET seja recente, o
Ergonomista pode aproveitar os dados dessa para criar o seu primeiro PGR, não
tendo a necessidade de uma nova AET. 

Antes de entrarmos na nova redação da NR17, vamos relembrar


alguns conceitos presentes no Glossário da nova NR01:

Organização: “Pessoas ou grupo de pessoas com suas próprias funções, com


responsabilidades, autoridades e relações para alcançar seus objetivos . Inclui,
mas não é limitado a empregador, a tomador de serviços, a empresa, a
empreendedor individual, produtor rural, companhia, corporação, firma,
autoridade, parceria, organização de caridade ou instituição, ou parte ou
combinação desses, seja incorporada ou não, pública ou privada.”

Estabelecimento: “local privado ou público, edificado ou não, móvel ou


imóvel, próprio ou de terceiros, onde a empresa ou a organização exerce suas
atividades em caráter temporário ou permanente.”

Setor: “a menor unidade administrativa ou operacional compreendida no


mesmo estabelecimento.”

Retirando um trecho da NR01:


1.5.3.1. A organização deve implementar, por estabelecimento, o
gerenciamento de riscos ocupacionais em suas atividades.
1.5.3.1.1.1 A critério da organização, o PGR pode ser implementado
por unidade operacional, setor ou atividade.

Esse novo texto afirma a importância de se analisar o trabalho com foco


na ATIVIDADE DE TRABALHO, um conceito importantíssimo na Ergonomia!

Vamos falar a verdade: existe outro profissional que entende tanto de


atividade quanto o Ergonomista? Não tem!!

Para nivelar os conceitos, vamos lembrar da relação


entre TAREFA e ATIVIDADE. Todo Ergonomista sabe que ATIVIDADE é
diferente de TAREFA, sendo que essa última pode ser entendida como algo que
é reproduzido sob condições determinadas e resultados antecipados (o
que não é real). Já ATIVIDADE, ou “o que é executado pelo indivíduo para
efetuar a tarefa” pode também ser entendido como “o que” é feito e “como”
é feito. 

O estudo da atividade de trabalho pela Ergonomia considera as condições


reais e os resultados efetivos, o qual tenta identificar a capacidade de
transformar o trabalho (física, psicológica e socialmente) e a si próprio
(desenvolvimento das competências dos indivíduos), de acordo de como ele
(trabalho) é compreendido.

Para isso, o Ergonomista deve estudar a interação do indivíduo com o


meio (ambiente de trabalho) e com os outros indivíduos, analisando os
conceitos de variabilidade (capacidade de o trabalho possuir variações, pelas
diferenças entre as organizações e entre os indivíduos)
e regulação (mecanismo de controle importante do trabalhador que dá a ele a
capacidade de analisar a diferença entre a saída de um processo planejado e o
que realmente sai, criando ajustes para reduzir essa diferença).

O profissional em Ergonomia deve analisar as interações do trabalhador


com os outros elementos do sistema e identificar as interações que têm
potencial de causar prejuízos à saúde física e mental do trabalhador, bem
como de reduzir a eficiência da produção.

As novas normas reafirmaram alguns termos (como os citados acima) e


deixaram claro para as organizações que o PGR pode ser implementado por
unidade, setor ou atividade. 

O ifacilita Ergonomia é o único sistema da área que permite que o consultor


“estratifique” a empresa da forma que desejar, podendo ir de organização,
estabelecimento, até posto de trabalho, atividade de trabalho e ação técnica.
Além disso, o ifacilita permite que se associe à análise da atividade de trabalho
as interações com máquinas, equipamentos, mobiliários, ferramentas,
matérias-primas, produtos/serviços, metas e outros.

O Ergonomista deve ter claro o conceito de perigo (ou fator de risco) e risco,
dentro dessa nova abordagem das NRs 01 e 17:
Perigo ou Fator de Risco: fonte com o potencial de causar lesões ou agravos à
saúde. Elemento que, isoladamente ou em combinação com outros, tem o
potencial intrínseco de dar origem a lesões e agravos à saúde.
Risco Ocupacional: Combinação da PROBABILIDADE de ocorrer uma lesão ou
agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo
ou exigência da atividade de trabalho, e da SEVERIDADE dessa lesão ou agravo
à saúde.

É importantíssimo que o Ergonomista entenda bem esses conceitos de perigo


e risco! O eSocial aumentou essa confusão um pouco mais, mas temos que ter
claras essas definições e saber usá-las dentro do trabalho em Ergonomia.

Falamos detalhadamente sobre esses conceitos na série de artigos sobre a


NR01 https://www.ifacilita.com.br/post/62/nr01,-pgr/gro-e-ergonomia-. De
forma geral e superficial, podemos considerar que o perigo ergonômico (ou
fator de risco) é uma potencial fonte de lesão gerada por uma exigência da
atividade de trabalho ou exposição a evento perigoso ou a um agente nocivo.
Usamos a palavra “potencial” pois o perigo, sem o contato com o trabalhador,
não tem necessariamente potencial de gerar lesão/agravo.

Já o risco ergonômico inicia-se com o contato do trabalhador com aquele


perigo, ou seja, o risco irá gerar (em maior ou menor grau) lesões e agravos.
Para identificar a magnitude dessa lesão, classifica-se a magnitude do risco,
sendo esta dependente da probabilidade e da severidade dessa lesão ou
agravo à saúde.

Para exemplificar, temos o exemplo da surfista na praia, com a água cheia de


tubarões. A água com tubarões é um perigo e caso a surfista entre na água, se
configuraria o risco.

Exemplos na Ergonomia:
- um painel com marcadores visuais embaçados seria um perigo (ou fator de
risco) e um trabalhador tentando enxergar os mostradores deste painel, um
risco;
- uma sala mal iluminada é um perigo e se torna um risco quando um
trabalhador tem que realizar alguma atividade nesta sala;
- uma caixa no chão seria o perigo (ou fator de risco) e um trabalhador
realizando o transporte manual de carga, o risco (vide imagem abaixo);
Perceba que o perigo se torna um risco maior ou menor à medida que o
trabalhador tem maior probabilidade de ter uma lesão e quanto maior for a
possível severidade dessa lesão.

Dentro dessa discussão de termos, talvez o nome mais correto para o


Ergonomista substituir a expressão “Fator de Risco” fosse “perigo ou risco
proveniente da exigência das atividades e condições de trabalho”.
1.5.3.1.1 O gerenciamento de riscos ocupacionais deve constituir
um Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR.

 
17.3 Avaliação das situações de trabalho
(...)
17.3.1.1 Devem ser previstos planos de ação específicos, nos termos dos itens
5.1.1 e 5.1.3 da NR de Programa de Gerenciamento de Riscos, para as
situações de trabalho nas quais a organização possa agir diretamente com a
implementação de melhorias ou de soluções conhecidas, atendido o previsto
nesta norma regulamentadora.

Para identificar, avaliar e reduzir os perigos e riscos, as novas NR01 e NR17


trazem os empregadores como responsáveis por criar ações que permitam à
organização gerenciar seus riscos ocupacionais. Essas ações devem estar em
plena integração com as demais normas, em especial para os Ergonomistas,
as NR17, NR12, NR36, NR07, NR24 e as demais normas específicas de cada
área em que o profissional atua. 

A figura abaixo mostra o GRO como “guarda-chuvas” para as demais normas


regulamentadoras, de forma que as demais normativas (gerais e setoriais)
deverão estar inseridas na mesma sistemática de gerenciamento de riscos
ocupacionais, inclusive a NR17.

Detalhamos os conceitos de GRO e PGR na série sobre a NR01, mas de forma


geral, podemos conceituar o gerenciamento de risco ocupacional como sendo
uma série de processos que devem ser realizados continuamente com o
objetivo de identificar, avaliar e controlar os perigos e riscos ocupacionais
dentro de uma organização. 
A materialização desses processos se dá através dos documentos
Inventário de Risco Ocupacional (IRO) e Plano de Ação (PA), que irão conter
as medidas de prevenção e de controle dos riscos, a partir da classificação dos
riscos. A figura abaixo representa isso.

Ergonomista, atenção: deve ficar claro que as empresas podem SIM ter um


subprograma de Ergonomia funcionando em paralelo ao GRO/PGR. porém
você deve:
- adicionar seus processos de trabalho (Avaliação Ergonômica Preliminar -
AEP, Análise Ergonômica do Trabalho - AET, proposições de melhorias -
Plano de Ação, implantação das melhorias e etc.) dentro dos processos do
GRO da organização;
- adicionar as informações dos seus documentos (AEP, AET, Plano de Ação,
Relatório de Melhorias Ergonômicas, Protótipos e etc.) dentro da
documentação do PGR (Inventário de Risco, Plano de Ação e Anexos).
O GRO deve ter seus processos como uma parte dinâmica, num formato bem
parecido com o do PDCA https://www.ifacilita.com.br/post2/63/, ou seja, um
processo contínuo de avaliação, planejamento, ação, reavaliação,
retroalimentação e ajuste da ação com as seguintes sistemática:
1. Identificação dos perigos
2. Avaliação dos riscos
3. Controle dos riscos
4. Acompanhamento
17.3 Avaliação das situações de trabalho
17.3.1. A organização deve realizar o levantamento preliminar das situações de
trabalho que demandam adaptação às características psicofisiológicas dos
trabalhadores.
17.3.1.1 Devem ser previstos planos de ação específicos, nos termos dos itens
5.1.1 e 5.1.3 da NR de Programa de Gerenciamento de Riscos, para as
situações de trabalho nas quais a organização possa agir diretamente com a
implementação de melhorias ou de soluções conhecidas, atendido o previsto
nesta norma regulamentadora.
17.3.4 Deve ser realizada Análise Ergonômica do Trabalho - AET da situação de
trabalho (...)
A nova NR17 entra nesse processo do PGR, como um elo entre o GRO e o PGR,
estabelecendo o diálogo entre eles. Esse diálogo se dará pelos processos de
Identificação de Perigos e Avaliação dos Riscos, ambos alimentados pelos
fatores de riscos dispostos na NR17, citado na NR17 como “Avaliação das
Situações de Trabalho”.
Entende-se como “avaliação das situações de trabalho” a avaliação de todos os
componentes envolvidos na atividade: as características dos trabalhadores, as
condições do meio ambiente, as condições técnicas de trabalho, os
maquinários, ferramentas e mobiliários, as exigências das atividades, as
prescrições e as atividades que eles estão desempenhando.
Essas avaliações poderão ser feitas tanto pelo AEP quanto pela AET. Nos
próximos artigos nos aprofundaremos em cada uma dessas fases.
Importante lembrar que esses riscos deverão estar contidos dentro do PGR e
que depois servirão de pano de fundo para a criação das medidas de
prevenção e controle dos riscos. De acordo com a classificação dos riscos (com
base em suas características de probabilidades e consequências), esses serão
priorizados e terão suas medidas de controle contidas no plano de ação geral
da empresa.
Vale relembrar aqui que esse PGR pode ser dividido por organização, por
estabelecimento, por setor, por atividade, etc, da forma que fizer mais
sentido para a empresa.

O Ergonomista deve abordar os acidentes de trabalho

É comum que o Ergonomista se envolva com os adoecimentos (LER/DORT,


tendinites, dorsalgias e até doenças psicológicas/mentais), mas estamos
falando dos “acidentes típicos”, dos famosos traumas, cortes e quedas, dentre
outros...

Para o Prof. Dr. Gilmar Trivelato, da Fundacentro, os acidentes de trabalho


também devem ser analisados pelo Ergonomista, pois a maior parte dos
fatores tem relação com a atividade de trabalho e fatores tais como a
organização do trabalho, os quais são estudados pela Ergonomia.

Nós escrevemos um artigo https://www.ifacilita.com.br/post/53 bem legal


sobre o tema.

PCMSO e a Ergonomia
1.5.3.1.3 O PGR deve contemplar ou estar integrado com planos, programas e
outros documentos previstos na legislação de segurança e saúde no trabalho.
(...)
1.5.3.2.1 A organização deve considerar as condições de trabalho, nos termos
da NR-17.

17.1.1.1 As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao


levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, às
máquinas e equipamentos e às condições ambientais do posto de
trabalho e à própria organização do trabalho.

Nós vamos citar de forma mais detalhada isso nos próximos artigos, mas o
Ergonomista deve identificar qual a legislação de saúde e segurança do
trabalho (SST) que a organização que o contratou deve cumprir e criar o PGR
com base nesse arcabouço legal. 

Obviamente, para o Ergonomista, as normativas mais importantes são a NR17


(Ergonomia) e a NR07 (Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional -
PCMSO).

A nova redação da NR17 cita como “condições de trabalho”questões


relacionadas a:
 Levantamento, transporte e descarga de materiais;
 Mobiliário;
 Máquinas e equipamentos;
 Condições ambientais;
 Organização do trabalho.

Deve haver uma interlocução do PGR com outras normas e é muito importante
que seja clara a relação entre NR01, NR07 e NR17. O desrespeito ao que a
NR17 aponta como correto sobre os itens acima tem potencial de gerar lesões
ou agravos à saúde sobre o trabalhador, os quais devem ser reportados ao
PCMSO.

De nada adianta uma boa interlocução entre o PGR e as outras normas se não
houver a participação dos trabalhadores, os quais devem ser consultados
quanto a percepção dos riscos ocupacionais e comunicados sobre os
riscos que foram consolidados no IRO, bem como sobre suas medidas de
prevenção e controle do plano de ação do PGR.

Uma boa ligação entre a Ergonomia e a NR07 gera, além de melhoria das
condições de trabalho (o que evita o adoecimento causado/agravado pelo
trabalho), melhora da eficiência do processo produtivo.

Desafios impostos ao Ergonomista


Ergonomista, você sabe que nem tudo são flores e existem alguns desafios que
você deve ultrapassar. 

Para nós, o maior dos desafios está relacionado com a política de saúde e
segurança que as empresas brasileira têm: de forma geral, pontual (não
acontece de forma contínua), emergencista (agindo apenas em casos de
emergências), minimalista (atendendo minimamente as normas - quando
atendem), entendendo o dinheiro utilizado com SST como gasto desnecessário
e que pode ser reduzido e com ações individuais sobre os trabalhadores. Essas
características batem de frente com o entendimento que as novas NR01 e
NR17 têm do gerenciamento de risco ocupacional.

Outro desafio está relacionado à melhora da integração da gestão dos


diferentes riscos em uma organização, nos quais os fatores ambientais e de
acidentes têm maior valor do que os ergonômicos. O desafio é integrar as
culturas de saúde e segurança com a cultura de ergonomia. Além disso,
essa integração não será fácil, pois o palavreado e a forma de trabalho da área
da segurança nem sempre são semelhantes aos da Ergonomia, sendo
necessáriohaver um ajuste de ambas as partes, sempre de olho nos limites e
exigências legais.

Existe ainda o desafio do IRO não condizer com a realidade da empresa:


muitas organizações podem “se esconder” por detrás de um inventário de risco
“fake”, com informações que não condizem com a realidade dentro dos seus
muros. Isso dificultaria muito a adoção de práticas de melhores condições de
trabalho, visto que “assumir o problema” é o primeiro passo para a mudança...

Também se apresenta como desafio  integrar toda essa “nova” ideia de


gerenciamento de risco ocupacional às normas da produção, ou seja, 
integrar todos os riscos contidos no PGR à gestão da produção. A Ergonomia
tem como objetivo não só a melhora da saúde do trabalhador, como fica mais
evidente no Brasil. A Ergonomia tem a vocação para melhorar o processo de
produção a ponto de gerar mais lucro para as organizações. Cabe ao
Ergonomista provar isso aos gestores e participar dessa integração, de forma
que o respeito às normas não fique “custoso e complicado” para a produção.

A incerteza pelas perspectivas futuras também pode ser um desafio ao


Ergonomista. Quais são os próximos passos dessas atualizações? Talvez sejam:
1. Publicação do novo texto da NR;
2. Entrada em vigência das NRs 01, 07 e 09;
3. Atualização dos anexos I e II da NR;
4. Atualização da NR17 ou criação de uma nova norma sobre fatores
psicossociais;

Um desafio que muitos Ergonomistas já estão passando é sobre como deve


ser definido seu novo processo de trabalho, agora com o PGR. Perguntas
como “por onde começar”, “o que fazer depois da Avaliação Preliminar?” e
outras estão tirando o sono de alguns colegas da área.

Pensando nisso, nós adiantamos um resumo com o macroprocesso que o


Ergonomista deve seguir, para conseguir trabalhar com as novas exigências
das NRs 01 e 17:

Etapas para o Ergonomista atender as NR01 e NR17

É indiscutível a importância das normas em Ergonomia. Porém, a compreensão


do trabalho, do seu desenho e dos componentes que interagem para formar o
sistema nunca irão caber em uma norma ou em um PGR e é importante que
os Ergonomistas batalhem para que “essa Ergonomia complexa” esteja sempre
presente e seja sempre aplicada!

Essa nova realidade possibilitará, ainda mais, que o bom Ergonomista mostre
que a AET, quando feita corretamente, pode melhorar as condições de
trabalho dos empregados e gerar lucro aos empregadores!

Mas a mudança da legislação tem que vir acompanhada da mudança na


mentalidade dos Ergonomistas em geral. Um desafio importante será como o
Ergonomista poderá realizar todo esse trabalho, com tantas mudanças, sendo
o mesmo de antes. O Ergonomista também deve mudar e se adaptar às novas
exigências do mundo do trabalho! 

A mudança no mundo do trabalho requer mudança também do profissional de


Ergonomia: mudança de comportamento e das ferramentas usadas para
outras que o ajudem a ser mais eficiente e assertivo e que de fato facilitem o
processo de trabalho do Ergonomista. Nesse sentido, nós lançamos o ifacilita
Ergonomia, como um software de Ergonomia, feito por Ergonomistas para o
Ergonomista. O ifacilita possui toda a estrutura necessária para a atualização
das NRs 01 e 17, com PGR, IRO, PA, AEP, AET e muito mais.
No nosso próximo artigo falaremos da Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP),
uma incógnita na vida de muitos Ergonomistas. Para ter acesso a ele, clique
AQUI e preencha alguns.

REFERÊNCIAS:
Portaria 787/2018
NR01https://pncq.org.br/uploads/2020-1/NR-01-2020.pdf
NR17 https://www.ifacilita.com.br/post/57/as-normativas-que-o-ergonomista-
deve-seguir
Ergonomia, Pierre Falzon, 1a Ed, 2007.
Compreender o trabalho para transformá-lo - A prática da Ergonomia. Guérin
(2001)
La notion de régulation dans I´alyse de I´activité. Jacques Leplat.

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