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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
EEEP JOAQUIM ANTÔNIO ALBANO

II SEMINÁRIO ANUAL SOBRE COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS


Fortaleza, 26 de fevereiro de 2021.

MINISTRANTE: Prof. Francisco José Costa da Silva Junior


APOIO: Gestão Escolar da EEEP Joaquim Antônio Albano e Defensoria Pública do Estado do
Ceará.
SEJAM BEM-VINDOS AO II SEMINÁRIO ANUAL SOBRE
COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS

“A educação é a arma mais poderosa que você


pode usar para mudar o mundo”.
-Nelson Mandela-
PARTE I - DISCIPLINA DE PROJETO DE VIDA
- AS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS NA
ESCOLA-
1. COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS: CONCEITO E TIPOS.
• -Promover o compromisso com o desenvolvimento pleno dos estudantes em
suas diversas dimensões (intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e
simbólica).
• -Apresentar uma visão de educação integral que propõe a superação da
divisão e hierarquização entre o desenvolvimento intelectual e o
desenvolvimento emocional.

BNCC: orientações presentes na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996


e nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNs)
1. COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS: CONCEITO E TIPOS.

• -As competências gerais da BNCC integram aspectos cognitivos e


socioemocionais;

• -Segundo a Psicologia, as competências socioemocionais são entendidas como


influenciadoras do modo como uma pessoa pensa, sente, decide e age em
determinada situação ou contexto.

• -As competências socioemocionais são flexíveis e maleáveis, manifestando-se


com intensidade e modos diferentes de acordo com os elementos sociais e
culturais que atravessam a história de cada pessoa, e sendo, assim, possíveis
de serem desenvolvidas ao longo da vida.
-Modelo das cinco macrocompetências:

• -Os pesquisadores do Instituto Ayrton Senna adota a organização de


cinco macrocompetências.
• -No contexto brasileiro, as cinco macrocompetências foram
desdobradas em 17 competências socioemocionais identificadas
como importantes de serem consideradas e desenvolvidas nas
escolas do país.

• Confira, na imagem a seguir a relação entre as cinco


macrocompetências e as 17 competências socioemocionais.
1.1. Autogestão

• -Capacidade de ter foco, responsabilidade, precisão, organização e perseverança


com relação a compromissos, tarefas e objetivos estabelecidos para a vida.

• -Capacidade de autorregulação.
1.2. Engajamento com os Outros

• -Motivação e abertura para interações sociais.


1.3. Amabilidade

• -Capacidade de conhecer pessoas e ser afetuoso, solidário e empático, ou seja,


ser capaz de compreender, sentir e avaliar uma situação pela perspectiva e
repertório do outro, colocando-se no lugar dessa pessoa.
1.4. Resiliência Emocional

• -Capacidade de aprender com situações adversas e lidar com sentimentos como


raiva, ansiedade e medo.
1.5. Abertura ao Novo

• -Capacidade de uma pessoa ser flexível, apreciativa diante de situações


desafiadoras, incertas e complexas.

• -Disposição para novas experiências estéticas, culturais e intelectuais.


2. A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIONAL
DENTRO DA ESCOLA.
• A Visão de Educação afirma que a dimensão socioemocional é entendida como:

• a) a capacidade de estabelecer objetivos e persistir em alcançá-los;

• b) a capacidade de ter sensibilidade com relação ao outro e às diferenças;

• c) a capacidade de tomar decisões íntegras.

• É tão importante para a aprendizagem e a concretização de projetos de futuro e


realizações na vida quanto os conhecimentos comumente associados ao
aprendizado escolar.
2. A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIONAL DENTRO DA ESCOLA.

• Também é necessário mencionar que o desenvolvimento socioemocional, embora


indissociável do desenvolvimento cognitivo, requer outras estratégias para
acontecer, não sendo resultante da apropriação de conteúdos verificados pela
lógica (“aulas sobre o que é empatia”, por exemplo), mas sim de uma
aprendizagem que acontece a partir da experiência e da prática de metodologias
ativas de ensino e de aprendizagem.
2.1. Autogestão e sua Importância

• O que as evidências dizem: estudos relacionam o desenvolvimento das


competências socioemocionais determinação, foco, organização, persistência e
responsabilidade com: o avanço na escolaridade, o aumento de notas escolares e
em avaliações externas, o aumento do nível de conhecimento e desempenho
acadêmico em leitura, escrita e nos componentes curriculares de Matemática e
Química. O desenvolvimento dessas competências socioemoecionais também está
relacionado à realização de metas na futura vida profisisonal dos estudantes.
2.2. Engajamento com os Outros e sua Importância

• O que as evidências dizem: estudos mostram que o desenvolvimento das


competências socioemocionais iniciativa social, assertividade e entusiasmo evita a
evasão escolar e, na vida adulta, está relacionado a realizações no mundo do
trabalho, à empregabilidade e ao equilíbrio salarial.
2.3. Amabilidade e sua Importância

• O que as evidências dizem: estudos relacionam o desenvolvimento das


competências socioemocionais empatia, respeito e confiança com a conclusão do
Ensino Médio e a diminuição de indicadores de violência.
2.4. Resiliência Emocional e sua Importância
• O que as evidências dizem: estudos relacionam o desenvolvimento das
competências socioemocionais tolerância ao estresse, autoconfiança e tolerância à
frustração com o aumento das chances de ingresso no Ensino Superior e o
aumento do desempenho acadêmico. Além dos resultados educacionais, o
desenvolvimento dessas competências socioemocionais está relacionado à redução
de faltas no trabalho, ao equilíbrio salarial, ao aumento das chances de reemprego,
ao aumento do desempenho no emprego, à melhoria da saúde de adultos, à
diminuição de distúrbios alimentares e à redução da probabilidade de depressão e
propensão ao suicídio.
2.5. Abertura ao Novo e sua Importância

• O que as evidências dizem: estudos relacionam o desenvolvimento das


competências socioemocionais curiosidade para aprender, imaginação criativa e
interesse artístico com: menor número de faltas na escola, avanço na escolaridade,
aceleração do desenvolvimento de habilidades cognitivas, aumento de notas
escolares e aumento do desempenho acadêmico nos componentes curriculares de
Língua Portuguesa, História, Geografia, Física e Biologia. O desenvolvimento
dessas competências socioemoecionais também está relacionado à realização de
metas na futura vida profissional dos estudantes.
PARTE II: DISCIPLINA DE FORMAÇÃO PARA CIDADANIA
– A IMPORTÂNCIA DAS COMPETÊNCIAS
SOCIOEMOCIONAIS DENTRO DO CONTEXTO VIOLÊNCIA-
1. O QUE É VIOLÊNCIA?
• A ONU define violência como:
• “O uso intencional de força física ou poder, por ameaça ou ação, contra si
mesmo, outra pessoa ou um grupo ou comunidade, que resulta ou tem alta
probabilidade de resultar em ferimento, morte, sofrimento psicológico, mal
desenvolvimento ou privação”.
• -A palavra intencional diz respeito ao ato em si, independentemente de seus
resultados.
• -A expressão o uso de força física ou poder inclui negligência e todos os tipos de
abuso físico, sexual ou psicológico, bem como suicídio e outras ações
autoabusivas.
1.1. Resultados da Violência

• -Os resultados possíveis da violência são abrangentes e a razão disso é que não
consideremos como violência apenas aquilo que leve a ferimentos ou morte.

• -Há diversos tipos de violência cujas consequências podem ser imediatas ou


latentes e durar por muitos anos além do abuso inicial.
1.2. A intencionalidade da Violência
• A ONU apresenta duas questões importantes:
• -Embora a violência seja distinguida de eventos não intencionais que levem a danos,
a presença da intenção de usar força não necessariamente indica a intenção de
causar dano. É o caso de adolescentes brigando (socos na cabeça podem causar
ferimentos prolongados) ou pais que chacoalham crianças para que parem de chorar
(correndo o risco de dano cerebral).
• -Algumas pessoas intencionam machucar as outras, mas, baseadas em suas
crenças culturais, não percebem seus atos como violentos.
• -Outros aspectos da violência, mesmo que não declarados explicitamente, estão
incluídos na definição. Por exemplo, estão incluídos atos públicos ou privados,
reativos (em resposta a eventos anteriores, como provocações) ou proativos
(planejados), criminais ou não.
1.3. Tipologia da violência

• -A
ONU divide a violência em três categorias, de acordo com as características de
quem comete o ato violento:

• Violência auto-infligida;

• Violência interpessoal;

• Violência coletiva.

• -Estabelece diferenças entre a violência que uma pessoa pratica contra si mesma,
a violência causada por outro sujeito ou pequeno grupo de sujeitos, e a violência
realizada por grupos maiores, como estados, grupos políticos organizados, milícias
e organizações terroristas.
ONU

• 1.3.1. Violência auto-infligida

-Subdividida em: comportamento suicida e autoabuso.

• 1.3.2. Violência interpessoal

-Dividida em duas categorias: em família (geralmente em casa) e em comunidade


(sujeitos que não são parentes e que podem ou não se conhecer (geralmente fora
de casa).

• 1.3.3. Violência coletiva

-Dividida em social, política e econômica.


1.4. A Natureza do Ato Violento

• -Dividida em quatro tipos:


Física;
Sexual;
Psicológica;
Envolvendo privação ou negligência.
• -Esta tipologia oferece uma estrutura útil para a compreensão dos complexos
padrões de violência que ocorrem pelo mundo, incluindo a violência nas vidas
cotidianas de pessoas, famílias e comunidades.
• -Ela inclui a natureza dos atos violentos, a relevância da ambientação, a relação
entre agente e vítima e — no caso de violência coletiva — as possíveis motivações.
1.5. O Modelo Ecológico das Raízes da Violência

• -Não há um fator único que explique por que alguns indivíduos se comportam
violentamente ou por que a violência é mais prevalente em algumas comunidades
do que em outras.

• -A violência é resultado da interação de fatores individuais, relacionais, sociais,


culturais e ambientes.

• -Compreender como esses fatores se relacionam com a violência é um dos passos


importantes na abordagem de saúde pública da prevenção da violência.

• -O modelo ecológico considera quatro níveis: individual, relacional, comunitário e


social.
1.5. O Modelo Ecológico das Raízes da Violência

1.5.1. Individual

• -Busca identificar os fatores biológicos e de história pessoal que um indivíduo traz em seu comportamento.

• -Se concentra nas caraterísticas individuais que aumentam a probabilidade de ser vítima ou perpetrador de
violência.

1.5.2. Relacional

• -Explora como relações sociais próximas — por exemplo, entre pares, parceiros íntimos e membros da família —
 aumentam o risco de ser vítima de violência ou de praticar violência.

1.5.3. Comunitário

• -Examina os contextos comunitários em que as relações sociais estão mergulhadas , como escolas, locais de
trabalho e vizinhanças 

• -Busca identificar as características destes ambientes que estão associadas com se tornar vítima ou perpetrar
violência.
1.5. O Modelo Ecológico das Raízes da Violência

1.5.4. Social
• -Examina os fatores sociais mais amplos que influenciam as taxas de violência.
• -Alguns desses fatores incluem:

-normas culturais que apoiam a violência como um modo aceitável de resolver conflitos;
-normas que dão prioridade aos direitos parentais em vez de ao bem-estar das crianças;
-normas que fortalecem a dominação masculina sobre mulheres e crianças;
-normas que apoiam o uso de força excessiva pela polícia contra cidadãos;

-normas que apoiam conflitos políticos.


Quadro Tipos de Violência
2.2. COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS E O COMBATE À
VIOLÊNCIA.
2.2. COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS E O COMBATE À VIOLÊNCIA.

• A) A escola tem um grande papel no desenvolvimento das competências


socioemocionais e combate aos grandes índices de violência social.
• B) A educação, cada vez mais, enxerga as pessoas em sua totalidade, entendendo o ser
humano, pode-se compreender como surge a violência.
• C) A intencionalidade no processo de desenvolvimento de competências
socioemocionais nas escolas é crucial, pois ela pode formar cidadãos mais íntegros e não-
violentos.
• D) Quando os estudantes têm consciência das competências socioemocionais que estão
sendo desenvolvidas, eles passam a acreditar e a ter confiança em sua própria capacidade
de realizar uma tarefa ou resolver um problema. A diminuição das frustações diminui
também a violência.
• E) Um ser humano é o que é devido às suas inúmeras características, ao contexto em
que vive e à forma como “transita” pelo mundo, ser tolerante é ser amigo da paz.
2.2.1. Relação de Situações com as Macrocompetências e Competências

• -Normas culturais predominantes, a pobreza, o isolamento social e outros fatores


como abuso de álcool e substância e acesso a armas de fogo são fatores de risco
para mais de um tipo de violência.

• AUTOGESTÃO: Responsabilidade.

• ENG. COM OS OUTROS: Iniciativa social.

• AMABILIDADE: Respeito.

• RESILIÊNCIA EMOCIONAL: Tolerância ao estresse.

• ABERTURA AO NOVO: Interesse artístico.


2.2.1. Relação de Situações com as Macrocompetências e Competências

• -Exposição a violência no lar está associada com se tornar vítima ou perpetrador de


violência na adolescência e vida adulta.

• AUTOGESTÃO: Responsabilidade.

• ENG. COM OS OUTROS: Iniciativa social.

• AMABILIDADE: Empatia.

• RESILIÊNCIA EMOCIONAL: Tolerância ao estresse.

• ABERTURA AO NOVO: Interesse artístico


2.2.1. Relação de Situações com as Macrocompetências e Competências

• A experiência de ser rejeitado, negligenciado ou sofrer indiferença nas mãos dos


pais dá às crianças maior risco para comportamentos agressivos e antissociais,
incluindo comportamentos abusivos quando adultos.

• AUTOGESTÃO: Determinação.

• ENG. COM OS OUTROS: Entusiasmo.

• AMABILIDADE: Confiança.

• RESILIÊNCIA EMOCIONAL: Tolerância à frustração.

• ABERTURA AO NOVO: Imaginação criativa


2.2.2. Prevenção da Violência

• -Prevenção primária — abordagens que visam educar sobre a prevenção da


violência antes que ela ocorra.

• -Prevenção secundária — abordagens que se concentram em respostas


imediatas à violência, como cuidados pré-hospitalares, serviços de emergência,
projetos sociais.

• -Prevenção terciária — abordagens que se concentram em cuidados de longo


prazo frente à violência, como reabilitação e reintegração e tentativas de diminuir
traumas e reduzir deficiências de longo prazo associadas com violência.
Prevenção por meio das competências socioemocionais

• -Atentar para fatores de risco individuais e agir para modificar comportamentos de


risco individuais.

• -Influenciar relações pessoais e trabalhar para criar relações sociais saudáveis.

• -Monitorar locais públicos como escolas e comunidades.

• -Atacar a desigualdade de gênero e atitudes e práticas culturais prejudiciais.

• -Agir sobre os fatores culturais, sociais e econômicos mais amplos que contribuem
para a violência e agir para mudá-los.
2.2.3. Sete estratégias da ONU para prevenir a violência

• -Desenvolver relações seguras, estáveis e saudáveis entre crianças e seus pais e


cuidadores;

• -Desenvolver habilidades de vida em crianças e adolescentes;

• -Reduzir a disponibilidade do uso danoso de álcool;

• -Reduzir o acesso a armas, facas e pesticidas;

• -Promover igualdade de gênero para prevenir a violência contra mulheres;

• -Mudar normas culturais e sociais que apoiam a violência;

• -Criar programas de identificação, cuidado e apoio a vítimas.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Como visto, existe uma grande relevância no estudo e prática de atividades que
envolvam as competências socioemocionais dentro da escola. Dentro da escola
se educa a sociedade, se transforma o indivíduo para ser um bom cidadão, ciente
de suas capacidades, direitos e deveres dentro de uma determinada sociedade e
contexto social.
AGRADECIMENTOS

• Obrigado pela atenção de todos e espero que nosso segundo


seminário tenha sido bastante produtivo.
REFERÊNCIAS:

• -CEARÁ. Projeto de Vida. Vol. 1, 2 e 3. Instituto aliança, 2021.


• - http://www.institutoalianca.org.br/publicacoes.html . Acesso em 25/02/2021.
• -https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/socioemocionais . Acesso em
25/02/2021.
• -https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/BNCC/desenvolvimento.html
• -https://diarioescola.com.br/competencias-socioemocionais

Fortaleza – Fevereiro de 2021.

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