Você está na página 1de 21

A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS

Autor: Franciele Souza de Azevedo da Silva1


Tutor externo: Lucilene Américo de Castro2
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Pedagogia (2886) – Estágio Curricular Obrigatório II – Séries Iniciais
01/06/2021

RESUMO

O atual contexto histórico que vivemos nos faz perceber que o aprender não tem hora,
nunca foi tão fácil adquirir conhecimento, a gama de oportunidades para se conectar
ao novo é crescente, o acesso a livros, por exemplo, antes restritos as bibliotecas, hoje
se vê de fácil acesso pelos meios digitais cada vez mais acessíveis a todos. Poder
acessar atenção dos pequenos é uma dádiva, mas também um desafio, pois os mesmos
estão cada vez mais exigentes, por isso, utilizar-se de meios como podcast e e-book por
exemplo, facilita grandemente esse objetivo, usar meios já conhecidos a eles pode
ajudar estabelecer a conexão necessária para estimular o desejo a leitura, e
consequentemente o aprendizado; no entanto ter a atenção deles não é o suficiente, é
necessário mantê-los atentos os envolvendo em um conteúdo que não seja
demasiadamente complexo, nem tampouco simplório de mais. Observando a
capacidade extraordinário que possuem nessa fase em reter informações, é
imprescindível formular um conteúdo de qualidade que corrobore para seu crescimento
intelectual e social, conhecimento esse que será base para construção de um senso
crítico correto do ambiente que o cerca, ajudá-lo a entender o meio, preparando-o
para os mais diferentes contextos sociais, econômicos que aguarda. O papel do
educador vai além de ser um facilitador para se alcançar tal objetivo, não é
simplesmente aquele que mostra o caminho, nessa fase da criança ele se torna uma
ponte, um referencial que poderá deixará marcas para toda vida.

Palavras-chave: Aprendizado e percepção. Tecnologias Visuais. Contação de histórias.

1 INTRODUÇÃO

O elo de ligação de uma geração a outra tem sido as histórias contadas, que
evoluíram de formas rupestres até ao modo como conhecemos hoje; lendas, fábulas que
ouvimos de nossos avós por exemplo, podem criar memórias importantes, que auxiliam
na construção da personalidade da criança, uma ligação do passado com o presente, a
fim de ajuda-los a construir sua própria história. No atual momento histórico que
vivemos, os desafios são imensos em introduzir no entendimento dos pequenos a
1
Acadêmico do Curso de Licenciatura em Pedagogia; E-mail: franciele@igrejafontedevida.com
2
Tutor Externo do Curso de Licenciatura em Pedagogia – Polo Imbituba; E-mail:
luck_rg@hotmail.com
importância da leitura, estimulando o gosto de ler, ampliando assim sua base de
conhecimento e aprofundando a consciência do que se pode fazer com tal
conhecimento; a mesma tecnologia que pode gerar tal benefício pode também ser a
causadora da distração que vai leva-lo para longe do objetivo desejado. Observando
tamanha complexidade utilizaremos a tecnologia a nosso favor, no uso do E-book e
também o Podcast como ferramentas estratégicas para alçarmos nossos objetivos.
Histórias contadas entre as gerações fundamentam-se em narrativas da
tradução oral, partes da cultura dos povos: lendas, fábulas, contos populares; conforme
quem as conta, recebe influencias, que as podem alterar ou até mesmo recriar, ou seja, o
contador se torna coautor da história.

A contação de história é atividade própria de incentivo à imaginação e o


trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada,
tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e
ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor. Os
fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os sentimentos
e as emoções transcendem a ficção e se materializam na vida real.
(RODRIGUES, 2005, p.4).

Obras literárias são elaboradas por seus autores com base nas narrativas da
tradição oral, e as influenciam com base em sua percepção do assunto, as vezes o real se
confunde com o imaginário, formando histórias que se confundem no que é real ou
conto, isso de certa auxilia o ouvinte a lidar com conflitos pessoais, “Num conto de
fadas, os processos interiores são exteriorizados e se tornam compreensíveis e
representados pelas personagens da história e por seus incidentes” (Bettelheim, 2018, p.
35).

O que tanto se ouve pode ser inserido na personalidade do indivíduo, fazendo


despertar o desejo de não apenas ouvir, mas também contar a história, o que estimula a
formação de novos leitores e formadores de opinião, e não apenas alguém que ouve,
mas transforma e influencia o meio que vive.

Com o intuito de abranger a temática “A arte de contar histórias”, utilizando-se


de uma metodologia de ensino como área de concentração, focada na aprendizagem,
tendo como estratégia a utilização da tecnologia com o uso do E-book e Podcast como
produto virtual nas práticas virtuais de contação de história.

2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA


Motivar a formação de novos leitores é entender a necessidade de se escolher
estratégias que desperte o interesse para a leitura, por isso é tão importante que, quem
conta a história possa participar da interação deixando sua marca na construção que o
texto terá para a criança.

Leitura [...] é interação verbal entre indivíduos, e indivíduos socialmente


determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na natureza social, suas
relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar na
estrutura social, suas relações com o mundo e os outros. (SOARES, 2000,
p.18).

No entanto, como tudo na vida, as habilidades desejáveis de um contador de


histórias se dão pela pratica, a fim de equilibrar técnica com a narrativa escolhida, o que
harmoniza o aprendizado e há habilidade de transmitir o que se deseja. O que leva a
pensar com certa cautela e antecedência as estratégias a serem utilizadas para se
interagir com o espectador.

O ato de contar uma história é uma pratica que acompanha a humanidade desde
seus primórdios, usando-se de diversas narrativas preserva-se memórias, culturas,
religião, devido o atual momento que vivemos, utilizou-se formas alternativas de se
estabelecer uma ligação ao aluno, afim de ter sua atenção, o podcast para dramatizar e
fazer uma ligação auditiva do ouvinte, e E-Book para liga-lo de forma visual ao
ambiente gerado.

2.1 A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS

No decorrer dos tempos, entendeu-se que o contar a história é muito mais que
transmitir um conteúdo de forma oral, ganhou recursos; música, figurino, recursos que
fortalecem o que se denomina a “arte de se contar histórias”, envolvendo o espectador e
narrador em ambiente de sensações. A tecnologia trouxe o aumento de possibilidades no
exercício dessa arte, como os recursos visuais por exemplo, no entanto o exagero ao uso
desses elementos, pode ocasionar o efeito contrário ao desejado, distraindo o ouvinte da
história que está sendo contada. A respeito, Fanny Abramovich (1997, p 18) descreve
que “contar histórias é uma arte [...] que equilibra o que é ouvido e oque é sentindo, e
por isso não é nem remotamente declamação ou teatro [...], é o uso simples e harmônico
da voz”.
O contar uma história é uma prática que proporciona uma interação interpessoal
e sensorial ímpar, os dois lados de uma moeda trazendo interação entre ouvinte e
locutor. Mário Vargas Liosa diz a esse respeito:

Uma atividade primordial, uma necessidade da existência, uma maneira de


suportar a vida. Para conhecer o que somos, como indivíduos e como povos,
não temos outro recurso do que siar de nós mesmos e, ajudados pela memória
e pela imaginação, projetar-nos nessas ficções; é refazer a experiência,
retificar a história real na direção que nossos desejos frustrados, nossos
sonhos esfarrapados, nossa alegria ou nossa cólera reclamem. (YUNES,
1998, p. 12).

Seguindo tal referência de compreensão do contexto abordado, todo escritor


conta histórias, porém pessoas que nunca escreveram uma única página também contam
histórias, iletrados que por sua vivencia auditiva anterior se tornam um “contador de
histórias”. No entanto esse trabalho traz consigo a importância de quem se torna
consciente de tal tarefa, e utiliza-se de meios a fortalecer essa experiencia, no nosso
caso o uso do E-book e o Podcast, aportes tecnológicos que facilitaram nossa
experiência e aprendizado.
Do inglês Digital Storytelling, o que no Brasil se tem conhecido como
Narrativa Digital, tem em sua base fazer uso das tecnologias digitais para se contar
estórias ou histórias.
Os antropólogos discorrem o contar histórias como sendo uma característica
peculiar de cada cultura ou país, mesmo que perdendo sua força nesse último século,
tidas como infantis ou triviais, porem Steve Denning declara no seu artigo publicado
para revista Forbes, que o contar histórias trata-se de uma ciência; fazendo referência ao
livro “On the Origin of Stories: Evolution, Cognition, and Fiction” de Brian Boyd, que
busca elucidar a razão de aparentemente frívola, o contar histórias é uma ferramenta
poderosa, sendo aperfeiçoada pela inovação no século XXI, trata as histórias como um
jogo cognitivo, um treinamento a mente sempre em evolução.
Nosso cérebro trata diferente as narrativas, pesquisa recentes na Neurobiologia
mostram, que quando ouvimos uma história aliada ao uso de um E-book por exemplo,
ativamos às áreas de Broca e de Wernicke do nosso cérebro.
Nosso desfio é combinar a antiga arte de contar histórias com os recursos
tecnológicos mais recentes, objetivando o acesso a atenção do ouvinte, considerando o
chamado ciclo de atenção, que para as crianças seria na ordem de no máximo 8
minutos, a proposta é elaborar de forma despretensiosa pequenos Podcasts, arquivos de
áudio gravados em pequenas porções tendo o auxilio do E-book para corroborar no
entendimento do objetivo desejado. Já que o objetivo final é alcançar a criança
precisamos respeitar seus limites, nunca desprezando sua imensa capacidade de reter
informações, como trazem As Diretrizes Curriculares para Educação Infantil (2010)
como concepção de que é ser criança.

“Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas


cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca,
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e
constrói sentidos sobre natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL,
2010, p.XX).

Como relata Dalbosco, (2007, p.317) “A criança deve ser compreendida em


seu próprio mundo. Disso deriva-se a ideia de que o conceito de infância tem a ver
primeiramente, com a exigência pedagógica de se compreender a criança pela criança”,
ou seja, respeitando sua individualidade, e que a mesma é ativa no processo de ensino e
aprendizagem, com seu papel na sociedade dotada de necessidades e tendo interesses
próprios.

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO

No processo de elaboração e desenvolvimento desse estágio levou-se em


consideração o atual momento em que vivemos e a necessidade de adaptação para
realização do mesmo, os planos de aula, o E-book e o Podcast foram pensados com
base em acessar o aluno de maneira eficiente, diante disso podemos perceber como o
novo pode nos mover de maneiras diferentes, nunca se viu a tecnologia tão atuante e
presente no âmbito escolar, trazendo dinamismo ao processo.
Teve-se como base para elaboração do material utilizado nesse estágio o livro
“O Pequeno Príncipe”, uma obra literária do escritor francês Antonie de Saint-Exupéry,
o título original dessa obra é Le Petit Prince, publicada pela primeira vez em 1943, nos
Estados Unidos, uma obra marcada por seu teor filosófico e poético, mesmo sendo
considerada como literatura infantil, já foi traduzido para mais de 160 idiomas, o
terceiro livro mais vendido do planeta.

IMAGEM 1: CAPA LIVRO – O PEQUENO PRÍNCIPE


FONTE: Edipro < https://edipro.com.br/livro/o-pequeno-principe-2/>

Ir além da oralidade é o desfio, de maneira lúdica e atraente o contexto do livro


nos traz as aventuras narradas para o protagonista, que vai percebendo como as pessoas
deixam de dar valor as pequenas coisas da vida; utilizei tais elementos para apresentar o
material proposto ao 2º ano da Escola Paula Martins Pereira, localizada no bairro
Areias de Palhocinha em Garopaba, apresentado em 5 planos de aula, tendo como apoio
auditivo os Podcasts e no E-book a forma mais assertiva e explicativa do processo como
um todo.

GRAFICO 1: ETAPAS NO DESENVOLVIMENTO


ETAPA AÇÃO A SER REALIZADA
1ª Elaboração dos Planos de Aula

2ª Elaboração do E-book
3ª Gravação dos Podcasts

4ª Apresentação do projeto
FONTE: Fonte Própria

As etapas de elaboração consistiram em prototipar o estágio levantando os


requisitos necessários para conclusão de cada fase, tais como: a leitura e estudo do livro
que foi base para o desenvolvimento, elaboração dos planos de aula visando estabelecer
uma lógica clara para sua utilização, elaboração do e-book em PDF que norteará as
etapas da aplicação do projeto e a gravação dos Podcasts que trará leveza e ludicidade
ao todo.

4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (CONSIDERAÇÕES FINAIS)

O processo de concepção desse material trouxe alguns desafios, mas também


possibilitou uma análise pessoal e um comparativo de como as pequenas coisas são
importantes, pequenas atitudes que somadas desenvolvem um crescimento pessoal e
social, a interação como o outro, fortalecimento do conhecimento pelo relacionamento.
Nesse atual contexto mundial foram criados muros separando pessoas
fisicamente, a possibilidade de construir pontes para relacionamento interpessoal
possibilitando cativar e acessar o outro é o desejado, gerando responsabilidades e
interação além do contexto familiar.
Gerar e cultivar amor, para muitos é quase que utópico, principalmente em um
mundo cercado de consumismo e individualismo; poder auxiliar os pequenos a ter
sucesso nessa intenção, não apenas traz um resultado momentâneo, mas soma ao todo
para construir uma sociedade melhor e cooperativa.
Ser um agente influenciador primeiramente nos transforma, o que é estimulo na
busca em desenvolver um senso de valorização do próximo nos alunos, preciosas lições
podem ser ensinadas em pequenas porções que são cumulativas, como a valorização das
amizades e relacionamentos, o doar sem desejar retorno; e saber que como um todo
somos participantes na construção de uma sociedade melhor, aonde pequenas ações
podem gerar grandes resultados.

REFERÊNCIAS
BOYD, Brian. On the Origin of Stories: Evolution, Cognition, and Fiction. Belknap
Press of Harvard University Press, ISBN-10: 0674033574, ISBN-13: 978-0674033573,
30 mai de 2009.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº


9394/1996.

DALBOSCO, Carlos. Primeira infância e educação natural em Rousseau: as


necessidades da criança. Porto Alegre: Revista Educação e Pesquisa, n. 2(62), p. 313-
336, 2007.

DENNING, Steve. The Science Of Storytelling. Revista Forbes, 9 mar de 2012.


Disponível em: < https://www.forbes.com/sites/stevedenning/2012/03/09/the-science-
of-storytelling/?sh=10f277122d8a>. Acesso em: 1 jun. 2021.

SANTOS, Rita de Cássia Alves Lopes dos. Reflexões sobre a arte de contar
histórias. Revista Educação Pública, v. 20, nº 5, 4 de fevereiro de 2020. Disponível em:
<https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/5/reflexoes-sobre-a-arte-de-contar-
historias>. Acesso em: 1 jun. 2021.
SOARES, Magda Becker. As condições sociais da leitura: uma reflexão em
contraponto. In: ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel (Orgs). Leitura -perspectivas
interdisciplinares. São Paulo: Ática, 2000.

YUNES, Eliana. Tecendo um leitor: uma rede de fios cruzados. Curitiba: Aymará,
2009.
ANEXO I
ANEXO II

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA A DIVULGAÇÃO DE


MATERIAL DIGITAL DESENVOLVIDO NO PROJETO
DE EXTENSÃO

Eu Franciele Souza de Azevedo da Silva, acadêmico do curso Pedagogia, matrícula 1562030,


CPF 01025300092, da turma 2886, autorizo a divulgação do produto virtual, realizado para
atender o Projeto de Extensão, intitulado de: A arte de contar histórias de acordo com critérios
abaixo relacionados:

a) O produto virtual é de minha autoria, desenvolvido com materiais de diferentes


fontes pesquisa (vídeos, imagens, links de textos para pesquisa, links para visitas
virtuais, dicas de filmes, livros, etc.) devidamente referenciados, conforme as
Regras da ABNT.
b) Tenho ciência de que o material por mim cedido à UNIASSELVI é isento de
plágio, seguindo a Legislação brasileira vigente.
c) Estou ciente de que o material ficará disponível para consulta pública à
comunidade interna e externa, desde que aprovado pelos coordenadores,
professores e tutores da UNIASSELVI.

Número de telefone fixo/celular: (48 ) 998094174 / ( ) ______-_________

Dar o aceite Franciele Souza de Azevedo da Silva


Assinatura do acadêmico

Cidade, Imbituba 04 de Junho de 2020.

Você também pode gostar