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Artigo Científico
Orientado por
Mahatma Gandhi
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Índice Geral
Resumo.............................................................................................................................................................. 5
Abstract ............................................................................................................................................................. 6
Capítulo 1 – Introdução .................................................................................................................................... 7
Capítulo 2 – Revisão Teórica............................................................................................................................. 8
2.1. Marketing-mix: Marketing de Produto versus Marketing de Serviços ...................................................... 8
2.2. Integração dos Serviços nos Produtos...................................................................................................... 10
2.3. A Relevância das Parcerias na Estratégia de Marketing ........................................................................... 11
Capítulo 3 – Análise Empírica ......................................................................................................................... 15
3.1- Definição do Problema ............................................................................................................................. 15
3.2- Dados ........................................................................................................................................................ 16
3.3- Metodologia ............................................................................................................................................. 16
3.3.1. Macro-estrutura .................................................................................................................................... 17
3.3.2. Micro-estrutura Tronco Comum ........................................................................................................... 17
3.3.3. Micro-estrutura Sector Indústria ........................................................................................................... 18
3.4- Hipóteses .................................................................................................................................................. 19
3.5- Modelo de Tratamento de Dados ............................................................................................................ 20
Capítulo 4 – Resultados .................................................................................................................................. 21
4.1. Caracterização da Amostra ....................................................................................................................... 21
4.2. Análise dos Resultados ............................................................................................................................. 23
Capítulo 5 – Conclusões .................................................................................................................................. 30
Capítulo 6 – Limitações e Investigação Futura............................................................................................... 32
Capitulo 7 – Implicações na Gestão Empresarial ........................................................................................... 33
Agradecimentos .............................................................................................................................................. 34
Referências ...................................................................................................................................................... 35
Anexos ............................................................................................................................................................. 38
i. Questionário ................................................................................................................................................. 38
Apêndice 1 – Resumo Executivo..................................................................................................................... 44
Apêndice 2 – Revisão da Literatura ................................................................................................................ 47
i. As Origens do Marketing-mix ....................................................................................................................... 47
ii. Contributos mais recentes na evolução do conceito de marketing-mix ..................................................... 49
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Índice de Figuras
Índice de Tabelas
Índice de Gráficos
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Resumo
A atual dinâmica e competitividade de mercado obriga a que o marketing adapte continuamente as suas
estratégias aos desafios de mudança constante, por forma a cumprir o seu propósito de resposta às
exigências dos consumidores. Os gestores de marketing procuram assim um equilíbrio dinâmico,
trabalhando as variáveis do marketing-mix em função dos desafios de inovação impostos pelo mercado e
exigidos pelos consumidores.
Este artigo científico propõe-se como um contributo adicional para reflexão sobre as variáveis do
marketing-mix, explorando a possibilidade dos tradicionais P´s, por norma associados ao marketing de
serviços – Processos, Evidências Físicas e Pessoas, se estenderem ao sector industrial, bem como a
introdução de um oitavo P, as Parcerias, no puzzle de 8P´s contemporâneo, e finalmente a verificação da
sua aplicabilidade no tecido empresarial.
Neste contexto será analisada a evolução da composição do marketing-mix ao longo do tempo e os mais
recentes contributos para a discussão dos tópicos em análise através de estudos, artigos e casos. A
metodologia de pesquisa plasmada neste artigo inclui a realização de 40 entrevistas a decisores de
marketing e gestores de empresas através do método de amostragem não causal por quotas ou
estratificada, com recolha online. A pesquisa permitiu reconhecer a pertinência do tema, confirmando a
importância e peso dos serviços no âmbito industrial e as parcerias como instrumento estratégico para
empresas e marcas.
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Abstract
The current dynamic and competitiveness of the market means that marketing must continually adapt its
strategies to challenges of constant change, in order to fulfill its obligations to the consumer. Marketing
managers therefore seek a dynamic balance, working with the variables of the marketing mix, in
accordance with the innovation challenges set by the market and demanded by the consumer.
This Scientific article aims to contribute to the reflection on the variables of the marketing mix, exploring
the possibilities of the traditional P’s, normally associated with marketing services- Processes, Physical
Evidence and People, extended to the industrial sector, as well as the introduction of an eighth P,
Partnerships, into the puzzle of the 8 contemporary P’s, and finally the verification of its applicability in the
business sector.
In this context, an analysis will be made of the development of the composition of the marketing mix over
time and the most recent contributions to the discussion of the topics under analysis via studies, articles
and cases. The research methodology present in this article includes 40 interviews with marketing decision
makers and company managers using a non-causal sampling method by quotas and stratification, collected
online. The research allowed the recognition of the pertinence of the theme, confirming the increasing
importance of the marketing services in the industrial sector and the partnerships as a strategic instrument
for companies and brands.
Key words: Marketing Mix; Industrial Marketing; Marketing Services; Partnerships.
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Capítulo 1 – Introdução
O conceito de marketing-mix introduzido na literatura de marketing nos anos 50 por Neil Borden,
tem sido objeto de diversos estudos ao longo das últimas décadas, permitindo uma aproximação contínua à
realidade competitiva das empresas. Pelo papel que representa na dinâmica das empresas e organizações,
o marketing está cada vez mais associado ao topo hierárquico dada a constante busca das empresas pela
diferenciação, satisfação das necessidades dos consumidores e necessidade de atingir objectivos.
Este artigo científico é o resultado da investigação efetuada sobre a evolução temporal da composição do
marketing-mix e dos contributos mais relevantes para o tema dados por diversos autores. As conclusões
facilitam uma melhor compreensão de como cada componente particular do mix afecta a performance de
uma empresa, permitindo uma reflexão sobre o mix de marketing mais adequado na nova era do
marketing. Na abordagem ao tema “Os 8P´s do Marketing Contemporâneo”, são consideradas duas
vertentes complementares: a possibilidade de extensão dos P´s associados ao marketing de serviços ao
sector industrial e a possibilidade de inserção de um novo P relativo às Parcerias.
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
A possibilidade de extensão dos 3 P´s do marketing-mix por norma associados ao marketing de serviços
(Processos, Evidências Físicas e Pessoas) ao sector industrial, bem como a introdução de um novo P –
Parcerias - ao modelo, constituem a matéria do presente artigo científico, merecendo uma investigação
exploratória sobre os mais recentes estudos e contribuições teóricas e práticas sobre como as empresas e
marcas têm encarado os temas em questão.
Na análise da aplicabilidade dos 3P’s do serviço ao sector industrial foram objecto de especial atenção o
artigo de Leonard Berry de 2011 “Industrial Marketing Management; Lessons from High-Performance
Service Organizations” e o estudo de Valerie Zeithaml, Stephen W.Brown, Mary Jo Bitner e Jim Salas de
2014 “Profiting from Services and Solutions”, ambos suportados nas mais recentes contribuições teóricas e
exemplos práticos. Na análise do papel das Parcerias foram consideradas relevantes as contribuições do BPI
Network e do CMO Council de 2014 no estudo “Grow from the right Intro, A Report on the Strategic Value
of Business Alliances and Compatible Partner Machine”, o artigo de 2009 “Marketing, the Marketing Mix
(4P’s) and the Nine P’s da Marketing Consultants”, e a publicação de Rui Moreira de Carvalho de 2011
“Parcerias - Como Criar Valor com a Internacionalização”, também estes suportados nas principais e mais
recentes contribuições teóricas e em vários exemplos de empresas e marcas.
O marketing-mix foi tradicionalmente pensado para os fast consumer goods, incorporando quatro
variáveis principais em quatro áreas estratégicas – Product, Price, Place e Promotion - conhecidos como os
4P´s. A estratégia de marketing ao nível de cada um destes P’s resulta da combinação e decisão de
diferentes factores conforme ilustrado na Figura 1.
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No entanto, este “puzzle” tradicional, tido como mais focado no marketing de produtos, por definição de
natureza material e tangível, tem sido alvo de reflexão por parte de diversos autores, entre os quais se
destaca a proposta de Booms & Bitner nos anos 80, que revê a composição do marketing-mix
acrescentando 3P´s adicionais – Process, Physical Evidence e People. Pelas suas características e
particularidades diferenciadoras, estes três novos P’s são apontados exclusivamente ao marketing de
serviços (Figura 2).
Os serviços são incorpóreos, dependentes do ato da sua produção, sendo a intangibilidade uma
característica intrínseca que dificulta a sua avaliação numa fase anterior à produção e experimentação do
serviço. A reputação, as referências, as instalações dos prestadores são importantes indicadores da
percepção de qualidade do serviço. Porém sendo o serviço indissociável da sua prestação, a experiência do
consumidor é fundamental na avaliação da qualidade prestada.
As particulares características dos serviços justificam a proposta de Bernard Booms e Mary Bitner (1981): a
inseparabilidade – os serviços são indissociáveis do fornecedor; a perecibilidade - perece se não for usado
num determinado período de tempo, dado que a capacidade não utilizada não pode ser armazenada; a
variabilidade - a qualidade dos serviços varia em função do prestador, do momento, do local e da forma
como é prestado; a simultaneidade – os serviços são produzidos e consumidos em simultâneo, adquirindo
não apenas o serviço mas a forma como este é prestado.
Estas particularidades ao nível dos serviços e impacto nas respectivas estratégias de marketing justificam as
afirmações de Leonard Berry (1991): “um serviço excelente é a fundação para um marketing de serviços
excelente” e “quando o serviço é excelente o marketing é fácil”.
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O conjunto de ferramentas que as empresas usam para atingir os seus objectivos nos mercados-alvo
(Kotler,1998), o marketing-mix, quer ao nível do produto ou do serviço, pressupõe decisões sobre múltiplos
factores, sendo que o “número de possíveis estratégias é infinito” (McCarthy 1960). Estas estratégias “não
podem ser materializadas através de um elemento do marketing-mix sem considerar o impacto nos
restantes” (Low and Kok, 1997).
No entanto, com o contínuo declínio da indústria nas últimas décadas, o sector terciário tem ganho
maior relevância, prestando-se maior ênfase ao desenvolvimento dos serviços e à sua incorporação nos
produtos (Gummesson, Lehtinen e Grönroos, 1997). Embora uma empresa que comercialize apenas
produtos possa entender que uma estratégia de marketing assente nos 4P´s tradicionais é suficiente, será
interessante verificar o quanto de serviço existe para o produzir, distribuir e comercializar. Apesar das
claras diferenças entre o marketing de serviços e marketing de produto - pelas suas características
intrínsecas - a linha entre ambos está a esbater-se tendo como consequência o alargamento do palco de
atuação da indústria para os serviços (Leonard Berry, 1991). Ronald Goldsmith admite que o avanço
conceptual para os 7P´s provoca uma reavaliação na gestão de marketing tradicional obscurecendo os
limites entre produtos e serviços e reconhecendo que “vários produtos contêm elementos de ambos –
produtos tangíveis e serviços intangíveis” (Goldsmith, 1999).
Esta sugestão de reavaliação encontra no conceito Service Infusion, defendido pelos autores da publicação
e recente pesquisa “Profiting from Services and Solutions“ (Valerie Zeithaml, Stephen W.Brown, Mary Jo
Bitner e Jim Salas, 2014), uma nova dimensão que permite entender que poucos produtos são puramente
bens materiais e poucos bens são puramente serviços. Como exemplo que materializa esta corrente, os
autores apontam a Hewlett Packard e o seu conceito de gestão de serviço integrado. A oferta da Hewlett
Packard não se resume aos equipamentos que produz, propondo-se avaliar as necessidades de impressão
das empresas clientes enquadradas no parque de recursos pré-existente (por exemplo, no número de
impressoras e equipamentos de impressão existentes) oferecendo aconselhamento e recomendações de
reorganização de recursos como forma de ganhar eficiência poupando dinheiro. O objectivo é o de criar
valor assegurando a performance dos seus clientes. Esta categoria de serviços difere da gestão de ativos e
gestão de processos de negócio: a empresa fornecedora avalia os recursos pré-existentes e necessidades
do cliente, participando nas decisões internas e escolha do melhor serviço.
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Um outro exemplo ancorado no conceito de consultoria em empresas orientadas para oferta de produtos é
o caso da DuPont. Na DuPont este conceito é dirigido a executivos e gestores de topo das empresas
clientes com o objectivo de melhorar as práticas de gestão, bem como o desempenho individual ou
organizacional. O know-how para aconselhamento profissional resulta muitas vezes de anos de profunda
experiência com determinado tipo de produtos. Um maior conhecimento e estudo de como, onde, quais as
circunstâncias e para que efeitos os seus clientes usam os produtos/equipamentos, resultará numa melhor
orientação, o que pode atrair um grande conjunto de clientes potenciais e ajudar nas práticas de gestão em
praticamente todas as áreas da empresa cliente. É neste contexto e com base em mais de 20 anos de
experiência, que a DuPont oferece soluções diferenciadoras aos seus clientes na construção de uma maior
segurança, práticas empresariais mais competitivas e práticas de negócio com maior sustentabilidade e
eficiência ambiental.
Esta abordagem é corroborada por Leonard Berry que defende que os executivos de empresas industriais
inteligentes estão tão interessados em serviços, como na qualidade dos produtos, na comercialização de
bens intangíveis como tangíveis, por forma a entrar em novos mercados. “Eles reconhecem que o núcleo da
compra não é a entrega de um produto ou de um serviço mas ambos. Eles veem sinergias na oferta
integrada de tangibilidade e intangibilidade na diferenciação e valor acrescentado ao cliente” (Leonard
Berry, 1991).
Esta visão, que abre espaço para a reflexão da extensão dos P ´s dedicados ao marketing de serviços à
indústria, encontra um argumento adicional no conceito de customer collaboration defendido por Valerie
Zeithaml, Stephen Brown, Mary Bitner e Jim Salas: o envolvimento do cliente em todo o processo de I&D,
desde a geração de ideias, concepção, desenvolvimento, produção e entrega de serviços bem como
soluções de oferta. Trata-se de uma visão amplificada das linhas de colaboração produtor-cliente, seja
industrial ou de serviços, com a integração e colaboração no desenvolvimento de novos produtos e serviços
inovadores.
Um outro ângulo de reflexão sobre os elementos que compõem o marketing-mix pode ser efetuado
recuperando a afirmação de Kotler, quando este defende que o marketing-mix é “o conjunto de
ferramentas que as empresas usam para atingir os seus objectivos nos mercados-alvo” (Kotler,2000). Nesse
sentido, e cruzando com a visão de McCarthy, temos assistido por parte de diversas marcas a uma nova
abordagem estratégica, por forma a cobrir segmentos-alvo doutra forma inviáveis, as parcerias.
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Algumas das maiores universidades americanas estão a promover cursos gratuitos online denominados
MOOC´s – Massively Open Online Courses. A Universidade de Harvard e o MIT - Massachusetts Institute of
Technology assinaram um acordo para a criação de uma organização sem fins lucrativos denominada EDX,
que visa oferecer cursos on-line gratuitos a qualquer pessoa com ligação à internet. Só nos primeiros cursos
de electrónica matricularam-se mais de 120.000 pessoas. Este projeto espera obter um grande impacto na
captação de milhões de futuros alunos em países como a China e a India. As Universidades de Princeton,
Universidade de Stanford, Universidade de Michigan e Universidade de Pensilvânia têm colaborado para
criar uma parceria semelhante denominada Coursera, para a qual já obtiverem mais de 16 milhões de
euros de fundos de capitais de risco. As parcerias estão por isso na vanguarda das novas soluções do sector.
O Pantene Weather Program é mais um bom exemplo de uma colaboração inteligente. Este caso descreve
a parceria estratégica da marca de cuidados de cabelo Pantene, com a Walgreens, uma rede de farmácias
dos Estados Unidos, e o The Weather Channel. A parceria usa de publicidade móvel e informação
geolocalizada em tempo real para tratar de um ponto doloroso para o consumidor, os "bad hair days".
Após verificar a previsão diária do tempo no The Weather Channel, os utilizadores de telefones móveis são
agraciados com um serviço personalizado de "haircast" com sugestões sobre o produto Pantene mais
adequado às condições atmosféricas do momento. A ligação ao ponto de venda, a rede Walgreens, não foi
esquecida (as vendas registaram um crescimento de 24%), facilitando o caminho para a compra, com oferta
de descontos e prémios aos clientes.
Porém, um estudo reportado a Setembro de 2014, levado a cabo pela Business Performance Innovation
(BPI) e pela The Chief Marketing Officer (CMO) Council, junto de 330 gestores seniores em todo o mundo,
assinala as dificuldades que as parcerias estratégicas constituem em especial nas pequenas e médias
empresas, dada a insuficiente especialização, rede de negócios ou contactos detidos pelas empresas que
lhes permitam identificar e atingir o parceiro certo no demorado processo de estabelecimento de
parcerias. No entanto, os resultados mostram que 85% das empresas considera as parcerias vitais para o
crescimento dos negócios e 57% já desenvolvem ou estão a desenvolver parcerias estratégicas. Estes dados
são reveladores da importância que as empresas estão a direcionar para esta ferramenta, quer na aquisição
de novos potenciais clientes, como meio para aumentar receita e quota de mercado, quer na aquisição de
novas competências tecnológicas, visando maior eficiência e melhores produtos.
Atento a esta mudança de paradigma das marcas, Larry Steven Londre propõe uma nova abordagem ao
marketing-mix, defendendo 9 P´s, incluindo o P das Parcerias. O O autor define o conceito de parceiros, de
parceria conjunta, articulação de relacionamentos, parcerias e alianças, relação jurídica entre as duas
partes, como uma relação semelhante a uma parceria legal e geralmente envolvendo uma estreita
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cooperação entre as partes, com direitos e responsabilidades específicas comuns, como uma empresa
comum” (Londre, 2009).
Baseado no modelo de Higashi e Okawa (1994), Moreira de Caravelho (2011) aponta as configurações
possíveis das alianças estratégicas e joint ventures, tendo como premissas o grau de flexibilidade da relação
versus a extensão de recursos e funções envolvidas. As parcerias podem assumir-se em acordos de
produção e marketing, alianças estratégicas, I&D conjunto, licenciamento e acordos de produção e
marketing, para além das joint ventures, participações de capital, aquisições e fusões e transações de
mercado, estas últimas com um maior envolvimento estratégico acionista. Para uma reflexão do modelo de
marketing-mix certamente que as primeiras, que pressupõem maior envolvimento na conceção da oferta
de produtos e serviços, serão de maior relevância para os gestores de marketing.
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Ao longo da revisão da literatura ficaram plasmados alguns contributos formulados por diversos
autores, no sentido da reformulação parcial ou total do marketing-mix.
Na revisão teórica mais recente verifica-se que as empresas industriais incorporam cada vez mais os
serviços por forma a criar valor para as empresas e aumentar o valor percebido do produto. Esta
aproximação da área industrial a um campo tradicionalmente dos serviços, coloca a questão da eventual
aplicabilidade dos 3P's do marketing de serviços também ao sector industrial.
O aumento da competitividade e a procura de novas soluções que vão de encontro às necessidades dos
consumidores, têm motivado muitas empresas a estabelecer parcerias que criam valor através da
diferenciação. Esta abordagem tem-lhes permitido acrescentar produtos ou serviços, originalmente fora do
seu core business, atingindo assim novos mercados ou segmentos com consequente aumento de quota de
mercado e vendas.
Este artigo científico analisa estas oportunidades, equacionando uma nova formulação do marketing-mix. A
investigação partiu de duas principais questões:
Será expectável através desta pesquisa, e dentro do universo a estudar, perceber a importância que o
sector industrial atribui aos P´s usualmente indicados para o marketing de serviços mesmo que o façam de
forma não estruturada e fora do contexto do marketing-mix, bem como a tendência que as empresas
industriais terão ou não para a oferta de serviços agregados ao produto. Será também avaliado em que
medida os gestores valorizam as parcerias e as aplicam ou pretendem aplicar nas suas empresas, bem
como a valorização que lhes atribuem. No caso de confirmação, existirá potencial para uma nova
abordagem baseada em 8P´s que inclua o P das parcerias e a extensão dos P´s dos serviços ao sector
industrial.
Alternativamente poderá ocorrer a não confirmação do valor estratégico destas e/ou um desconhecimento
e desinteresse pelas questões de pesquisa. O universo inquirido poderá considerar que as questões não são
aplicáveis nas atividades da sua empresa.
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3.2- Dados
Para tal, é possível desenvolver dois tipos de abordagem: a análise qualitativa e/ou a análise quantitativa. A
análise qualitativa procura caracterizar e compreender fenómenos através de uma estratégia indutiva. Por
outras palavras, utilizando métodos de observação ou recolha de pensamentos que formam uma teoria, é
possível estudar aspectos relevantes na tomada de decisão (Aaker et al, 2003). Por sua vez, a análise
quantitativa tem como objectivo obter informação quantificável capaz de ser generalizada à população.
Trata-se, assim, de uma estratégia dedutiva.
Neste artigo, será privilegiada a análise quantitativa e a sua aplicação será baseada em questionários
realizados a 40 empresas portuguesas.
3.3- Metodologia
A população alvo desta investigação são empresas dos sectores industrial e dos serviços. Segundo o
Instituto Nacional de Estatística (INE) existem em Portugal 1 055 813 empresas, sendo que 79.6% estão
ligadas ao sector terciário e as restantes aos sectores secundário (14.9%) e primário (5.5%). Tendo por base
estes indicadores, foi construída uma amostra sob os pressupostos do método de amostragem não causal
por quotas ou estratificada. Como o universo de interesse rejeita as empresas do sector primário, foram
definidos os seguintes pesos nas empresas auscultadas:
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3.3.1. Macro-estrutura
O inquérito inicia-se com uma breve introdução sobre o âmbito da análise referindo que estão em
estudo 40 empresas e que esta se trata de uma investigação académica, sem fins comerciais. Por
conseguinte, o inquirido é informado que todas as respostas são confidenciais e não serão alvo de análises
individuais. O tempo de resposta médio a este inquérito foi de cerca de 5 minutos para as empresas de
serviços e de 14 minutos para as empresas industriais.
O inquérito está dividido em 16 questões para o sector dos serviços e 23 questões para o sector da
indústria. As primeiras duas questões são para aferir elegibilidade: perceber se inquirido está envolvido nas
decisões de marketing; e qual o cargo que ocupa na empresa. A terceira questão permite identificar o
volume de negócios da empresa no último ano, medida através de uma escala nominal de mínimo “até 500
mil euros” e máximo “mais de 4 milhões de euros”. Na quarta questão procura-se reconhecer o sector do
negócio da empresa de entre um conjunto de opções, onde são exemplo a indústria automóvel, hotelaria,
média e retalho. Na questão seguinte, as empresas são levadas a escolher entre o grande grupo da
indústria ou o grande grupo dos serviços.
Seguidamente, apresentam-se questões destinadas apenas a empresas do sector industrial, como descrito
no ponto seguinte. Após esse bloco, surgem itens relacionados com o P – Parcerias, explorando as áreas
mais procuradas, os principais objectivos no estabelecimento de parcerias, o tipo de parcerias
concretizadas, os maiores desafios encontrados neste domínio e a importância percepcionada no
desenvolvimento do negócio.
Para finalizar, é questionado a todos os respondentes se a empresa que representam elabora plano
estratégico de marketing e se as parcerias são um aspecto referenciado no mesmo. A última questão
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refere-se à percentagem do orçamento da empresa que é alocada ao marketing, excluindo os custos com
recursos humanos.
As empresas do sector industrial deparam-se com a questão seis em que se pretende analisar se as
indústrias possuem serviços ao cliente final e/ou intermédio associados ao produto. Em seguida, a questão
sete procura perceber se, ao existirem serviços, os mesmos são pagos; enquanto a questão oito nomeia os
serviços oferecidos. O bloco dos serviços ligados à indústria termina com a aferição da relevância global dos
serviços complementares no negócio.
Na questão dez, onze e doze, são analisadas várias dimensões para os diferentes P´s estudados na análise
teórica, respectivamente, Pessoas, Processos e Evidências físicas. Para melhor entendimento, observe-se a
tabela seguinte com todas as dimensões estudadas.
Dimensão Referência
Pessoas Cultura organizacional e imagem Booms & Bitner (1981);
Recrutamento e seleção Magrath (1986); Judd (1987);
Formação Baumgart (1991); Fryar (1991);
Sistema retributivo e incentivos Berry (1991); Heuvel (1993);
Motivação Cowell (1994); Doyle (1994);
Trabalho em equipa Goldsmith (1999); Melewar
Contacto com clientes e fornecedores and Saunders (2000); Grove
Imagem dos colaboradores (2000)
Comportamento dos colaboradores
Processos Fluxos de atividades Booms & Bitner, 1981;
Procedimentos Magrath (1986); Berry (1991);
Formação Cowell (1994); Doyle (1994);
Nível de interação com os clientes Goldsmith (1999); Melewar
Prestação de serviços and Saunders (2000); Grove
Trabalho de equipa (2000)
Pesquisa e desenvolvimento
Evidências Físicas Design das instalações Booms & Bitner (1981);
Estética e funcionalidade das áreas comuns Magrath (1986); Berry (1991);
Estética e funcionalidade Cowell (1994); Goldsmith
Considerações ambientais (1999); Melewar and Saunders
Sinalética (2000); Grove (2000)
Uniformes
Relatórios externos e internos
Cor
Economato
Viaturas
Tabela 1 - Referências questionário versus dimensões estudadas
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3.4- Hipóteses
Este artigo contempla a formulação de duas hipóteses de pesquisa para cada uma das variáveis explicativas
e materializadas em várias questões complementares a comprovar na análise de dados:
Muitas empresas industriais oferecem serviços para proteger ou criar valor aos seus negócios. Tal como
Byron G. Auguste, Eric P. Harmon e Vivek Pandit (2005), defendem no seu estudo “The right service
strategies for product companies”, as empresas industriais querem incorporar serviços e serem bem
sucedidas nesta matéria, dadas as pressões competitivas dos mercados cada vez mais “ comoditizados”. Os
serviços, segundo os autores, irão tornar-se o elemento diferenciador da criação de valor. Já para Ostrom,
as empresas industriais buscam cada vez mais o crescimento através dos serviços para segurar a posição
atual e expandir quota de mercado (Ostrom et al,2010).
No âmbito desta dissertação e com base na fundamentação teórica e de modo a responder à H1 toma-se
por isso com especial relevância a resposta às seguintes três questões: “A empresa oferece algum tipo de
serviço ao cliente final e/ou intermédio associado ao produto?”; “Esses serviços são ou serão pagos?”; e
“Que serviços a empresa oferece ou vai oferecer no futuro?”
O estudo “ A Report on the Strategic Value of Business Alliance and Compatible Partner Matching” (2014)
levado a cabo pela Business Performance Innovation (BPI) e pela The Chief Marketing Officer (CMO)
Council, citado na revisão teórica, releva que 85% das empresas considera as parcerias vitais para o
crescimento dos negócios e 57% já desenvolvem ou estão a desenvolver parcerias estratégicas. As alianças
estratégicas são cada vez mais um importante elemento, central nas estratégias de muitas das empresas
para criarem e sustentarem as suas vantagens competitivas em ambientes dinâmicos do mercado
(Holmberg, 2009).
Para encontrar resposta à hipótese H2, observa-se preponderantemente as questões: “Em que áreas
entende que as parcerias são ou poderiam ser benéficas para a sua empresa?”; “Quais os principais
objectivos que considera ou consideraria numa parceria com outra empresa?”; “A sua empresa tem
constituídas parcerias formais com outras empresas?”; “A sua empresa tem constituídas parcerias
informais com outras empresas?”; “Quais os maiores desafios que a sua empresa tem encontrado na
pesquisa e desenvolvimento de parcerias?”; e “Qual o grau de importância que as parcerias constituem
para a sua empresa?”
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No que diz respeito à análise dos resultados, estes serão expostos em tabelas de frequências, gráficos de
barras e gráficos circulares. Para a variável “percentagem do orçamento alocada ao marketing” é feita uma
análise de distribuição por box-plot e para a variável “objectivo das parcerias” realizou-se uma análise de
escalonamento multidimensional ponderada a variáveis categóricas, para representar espacialmente as
percepções e experiências das empresas auscultadas quanto à mais-valia da integração de parcerias.
Sempre que necessário, serão utilizados testes de dependência do Qui-quadrado para avaliar a diferença
entre classes. Todos os testes são aplicados sob consideração de probabilidade de erro tipo I (α) de 0.05.
Todo o tratamento estatístico de dados efetuado como suporte à análise quantitativa foi desenvolvido
recorrendo ao software de análise de dados SPSS (v. 20; SPSS Inc, Chicago, IL) como descrito em Maroco
(2007).
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Capítulo 4 – Resultados
A maioria das empresas respondentes (40%) tem um volume de negócios superior a 4 milhões de
euros, enquanto 30% não ultrapassa os 500 mil euros anuais. Verifica-se, assim, que a dispersão da variável
acentua-se nos extremos, tendo grande peso de valores de faturação muito baixos e muito altos.
Como se verifica no gráfico 1, 55.5% dos respondentes ao inquérito são chefes executivos, proprietários,
administradores ou diretores gerais da empresa analisada e 20% são diretores de marketing. Daqui se
verifica que todos os respondentes ocupam cargos nos quais se depreende estarem aptos a responderem
sobre questões de marketing.
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Em suma, consegue-se aferir que 80% das empresas atua no sector dos serviços e 20% insere-se no sector
industrial, como se constata no gráfico 3 em linha com a composição do sector empresarial em Portugal.
Da análise às respostas obtidas, afere-se que todas as empresas do sector industrial estudadas
possuem serviços ao cliente, quer final quer intermédio, associados aos produtos produzidos. A adicionar a
este facto, verifica-se que 62.5% desses serviços são pagos. O serviço mais recorrentemente oferecido
trata-se do apoio técnico (87.5%), seguido de apoio e participação em ações de marketing do cliente
(50.0%).
N % n % N %
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Globalmente, a relevância atribuída aos serviços complementares é bastante alta: 50% dos inquiridos
considera-os importantes e 50% considera-os essenciais. Esta sobreavaliação não difere tendo em conta o
volume de negócios, ou seja, esta última variável não confere uma distribuição significativamente
discrepante em relação ao grau de relevância, como se pode verificar na tabela abaixo.
Relevância atribuída aos serviços
complementares Total
Importante Essencial
1 0 1
Entre 500 mil e 1 milhão de euros
(25.0%) (0.0%) (12.5%)
1 1 2
Entre 2 e 4 milhões de euros
(25.0%) (25.0%) (25.0%)
Volume Negócios
2 2 4
Mais de 4 milhões de euros
(50.0%) (50.0%) (50.0)
0 1 1
Ns/Nr
(0.0%) (25.0%) (12.5%)
4 4 8
Total
(50.0%) (50.0%) (100%)
Tabela 3 - Relevância dos serviços complementares nas empresas industriais
Relativamente à importância dos temas associados às Pessoas na organização, verifica-se na tabela abaixo
que os itens que requerem maior atenção e monitorização nas empresas auscultadas são o contacto com
os clientes e fornecedores (100%), o comportamento dos colaboradores (87.5%) e a cultura organizacional
e imagem (87.5%). De notar ainda que, sempre que uma dimensão é considerada motivo de atenção e
monitorização, o seu grau de importância é sempre superior a 3.
24
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
No que diz respeito aos Processos e itens associados, todas as empresas inquiridas consideram motivo de
atenção e monitorização os procedimentos (100%), o nível de interação com os clientes (100%) e a
pesquisa e desenvolvimento (100%). Nos procedimentos, 12.5% atribuem-lhe um grau de importância de
nível 2, 37.5% consideram a importância de grau 3 e 50.0% dão-lhe importância essencial. Nos últimos dois
processos mencionados, o grau atribuído é sempre superior a 3.
Relativamente aos itens associados às Evidências Físicas, verifica-se que todos os respondentes valorizam,
especialmente, a estética e funcionalidade das instalações (100%) e áreas comuns (100%), as condições
ambientais (100%), a sinalética (100%) e as viaturas (100%). Destes atributos, os que obtêm melhor score
no grau de importância são a estética e funcionalidade das instalações e as condições ambientais, como se
observa na tabela abaixo.
25
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Nas questões associadas às Parcerias, as respostas revelam que 72.5% das empresas auscultadas têm
constituídas parcerias formais com outras empresas e 70% referem que possuem parcerias informais. Mais
de metade dos respondentes (57.5%) afirmam que elaboram, periodicamente, o Plano Estratégico de
Marketing, sendo que 82.6% destes incluem as parcerias nos seus planos (ver tabela 7).
n % n % n %
A empresa tem constituído Parcerias formais com outras empresas? 29 72.5 9 22.5 38 95.0
A empresa tem constituído Parcerias informais com outras empresas? 28 70.0 8 20.0 36 90.0
Como se valida no gráfico abaixo, as parcerias são consideradas importantes (67.5%) ou essenciais (27.5%)
pela grande maioria dos respondentes.
Neste sentido, são indicadas as áreas em que as parcerias podem ser benéficas entre elas, a possibilidade
de obter produtos ou serviços conjuntos (70%) e de desenvolver ações de marketing conjuntas (70%). Para
avaliar se o sector em que a empresa se insere influencia a percepção das áreas de interesse das parcerias,
recorreu-se ao teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, como descrito em Maroco (2007). Os resultados
revelam que os grupos não são estatisticamente divergentes em nenhuma das variáveis (χ2KW < 5.85;
p>0.01), não havendo evidência estatística de maior valorização de uma área em determinado grupo
sectorial.
26
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
80
70
60
Percent 50
40 70 70
30
20 37,5 42,5
32,5
10
0
Produtos Acções de I&D Formação Distribuição Outros
ou serviços marketing conjunto
conjuntos conjuntas
Contudo, são encontrados vários desafios na pesquisa e desenvolvimento de parcerias. 70% das empresas
respondentes reconhece que existe dificuldade em encontrar o parceiro adequado e 55% revelam que é
desafiante a criação de parcerias win-win. Estes resultados podem ser confrontados no gráfico seguinte.
0 20 40 60 80
Gráfico 7 - Desafios na pesquisa e desenvolvimento de Parcerias
27
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Por conseguinte, a percepção sobre os principais objectivos que as empresas auscultadas têm na
concepção de parcerias foi avaliada por escalonamento multidimensional ponderado. Para a seleção do
número mínimo de dimensões necessárias para reproduzir, de forma parcimoniosa, as distâncias entre os
itens, foi estudado o método scree-plot e dos gráficos das proximidades transformadas versus distâncias.
Daí se retiveram duas dimensões que são
capazes de reproduzir de forma apropriada
(STRESS-I = 0.11; DAF = 0.99) as percepções
observadas. A figura 3 ilustra o mapa de
posicionamento das nove variáveis.
28
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Com a aplicação deste questionário foi ainda possível descobrir que a maior dispersão das empresas
inquiridas aloca entre 1% a 15% do seu orçamento ao departamento de marketing. De resto, mais de
metade (60%) não despende, em valor relativo, mais do que 5% (ver gráfico 8).
% Dedicada ao marketing
1
Não investe
(2.5%)
7
< 1%
(17.5%)
17
1-5%
(42.5%)
5
6-10%
(12.5%)
4
11-15%
(10.0%)
0
16-25%
(0.0%)
3
> 25%
(7.5%)
3
NS/NR
(7.5%)
40
Total
(100%)
Por fim, importa ainda observar que não existem diferenças estatisticamente significativas (p=0.105) entre
o peso do orçamento de marketing em empresas industriais e de serviços, apesar de as empresas
industriais não ultrapassarem os 10%.
Metade das empresas fornecedoras de serviços (50%) dedica ao marketing entre 1 a 5% do seu orçamento,
como se observa na tabela acima.
29
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Capítulo 5 – Conclusões
A proposta deste artigo científico foi equacionar uma nova formulação do marketing-mix, explorando duas
linhas de pesquisa: se os 3P's do marketing de serviços são relevantes para o sector industrial e se as
parcerias são uma ferramenta de potencial estratégico para as empresas, e dessa forma aferir da
possibilidade de uma nova proposta de marketing-mix com inclusão de 8P´s.
De acordo com a revisão da literatura, o marketing-mix é o conjunto de variáveis que os gestores usam na
definição do plano de marketing da empresa ou produto. Um puzzle de variáveis indissociáveis e infinitas
alternativas que determinará a forma como o produto ou serviço é apresentado ao mercado-alvo, em
função dos objectivos de marketing da empresa ou organização. Este puzzle terá de responder à essência
do marketing: satisfazer as necessidades do consumidor-alvo. E para o conseguir os gestores têm de
encontrar o equilíbrio certo entre as ferramentas de marketing e os elementos adequados para entrega do
produto ou serviço, adaptando-se permanentemente às novas exigências e expectativas. O marketing está
desta forma em constante adaptação á mudança. Com essa perspectiva, ao longo das últimas décadas
diversos autores apresentaram diversas propostas de marketing-mix, ajustadas à evolução do mercado e
do consumo.
Nos anos mais recentes, e tal como exposto na revisão da literatura, apesar de existirem claras diferenças
entre o marketing de serviços e marketing de produto - pelas suas características intrínsecas - as linhas
entre ambos estão a esbater-se tendo como consequência o alargamento do palco de atuação da indústria
para os serviços. Verificamos com exemplos o quanto de serviço existe para produzir, distribuir e
comercializar produtos e como as marcas industriais estão a incluir na sua oferta serviços que o mercado
está disposto a pagar, indo ao encontro das necessidades dos clientes e da pressão para a “comoditização”
do mercado.
A pesquisa de mercado materializada na análise empírica, permitiu extrair algumas conclusões preliminares
sobre as hipóteses em análise. Desde logo, verifica-se grande incidência de empresas industriais (62,5%)
que afirma possuir serviços complementares pagos independentemente da dimensão da empresa,
confirmando a hipótese H1: empresas industriais oferecem serviços complementares aos seus produtos.
Entre estes destacam-se o apoio técnico (50%) e participações em ações de marketing (25%).
No inquérito, apenas as empresas industriais foram convidadas a responder a questões relacionadas com
os P´s habitualmente aplicados ao sector de serviços, de forma a serem verificadas as práticas e sua
relevância para o sector. Do universo inquirido, constata-se que nenhuma empresa avalia como “Pouco
Importante” qualquer das questões relacionadas com os P’s Pessoas, Processos e Evidências Físicas, o que
30
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
revela a sensibilidade que as empresas industriais conferem aos temas. Todas estas questões são avaliadas
pelas empresas industriais como “Importante ou Essencial”, tendo o somatório de importante e essencial
por resposta registado o valor relativo mínimo de 66,7%). Daqui se conclui que para o universo de
empresas estudado os itens incluídos nos P´s dos serviços constituem motivo de atenção e monitorização e
são serviços que as empresas consideram importantes ou essenciais. Acresce o facto de 62,5% das
empresas respondentes afirmarem que elaboram o Plano Estratégico de Marketing.
Outra linha de investigação foram as parcerias e a sua relevância para o marketing-mix. Na revisão da
literatura constamos vários exemplos de empresas que através das parcerias se diferenciaram e criaram
valor no mercado. Numa verdadeira parceria estratégica, as marcas parceiras devem complementar-se e
constituir um programa de marca conjunto, com uma clara definição entre o que cada uma pode aportar
para a parceria e como ambas podem criar valor para o cliente.
Nesta segunda hipótese de pesquisa pretendia-se validar se a maioria das empresas explora as parcerias
nas suas estratégias e aferir se as parcerias são uma ferramenta de potencial estratégico para as empresas.
Nesta fase do inquérito ilustrado na análise empírica a questão voltou a abranger todo o universo amostral
– empresas de serviços e empresas industriais. Os resultados são contundentes: 72.5% das empresas
auscultadas têm constituídas parcerias formais com outras empresas e 70% referem que possuem parcerias
informais, sendo que 95% das empresas considera as parceiras importantes ou essenciais, com destaque
para o desenvolvimento de produtos ou serviços conjuntos, bem como para o desenvolvimento de
atividades de marketing conjunto. Esta constatação é válida independentemente do sector em que a
empresa se insere como se demonstrou através do teste não paramétrico de Krustal-Walls. Estas
conclusões confirmam a hipótese H2 - a maioria das empresas explora as parcerias nas suas estratégias.
Não obstante, apesar de 70% das empresas referirem a dificuldade em encontrar o parceiro adequado,
uma parte significativa das empresas respondentes que elabora periodicamente o plano de marketing
(47,5%) já incluem as Parcerias nos seus Planos de Marketing (82,6%).
Desta investigação preliminar, e com a ressalva das limitações que abaixo se descrevem, resulta para
investigação futura a hipótese de uma nova proposta de marketing-mix para ambos os sectores - industrial
e serviços – composto por 8P´s: Product, Place, Price, Promotion, People, Process, Physical Evidence e
Partnerships.
31
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
A primeira limitação resulta do factor tempo: este artigo está enquadrado na cadeira de Casos de Estratégia
Empresarial com um período de investigação e apresentação de resultados limitado e limitativo de uma
investigação mais exaustiva e profunda relativamente ao tema e à sua complexidade.
A segunda limitação relaciona-se com a dimensão da amostra. Apesar de se tratar de uma amostra causal
por quotas ou estratificada, respeitando a proporcionalidade relativa da indústria e dos serviços em
Portugal, o seu tamanho limita a utilização de métodos paramétricos e restringe a inferência estatística ao
universo empresarial. No entanto permite obter algumas conclusões prévias válidas e abrir caminhos de
investigação futura e a partir desta será importante um reforço da amostra em particular no sector
industrial que dada a quota e proporcionalidade se relevou muito limitativa, bem como um reforço global
da amostra e de cada segmento selecionado.
A terceira limitação refere-se à abrangência geográfica da auscultação de mercado efectuada. Por forma a
podermos aferir e transportar o modelo para o tecido empresarial global será importante em investigações
futuras observar o comportamento em diferentes mercados, com diferentes culturas empresariais, para as
mesmas hipóteses de pesquisas.
Por outro lado, a aplicação de técnicas de cariz qualitativo revelou-se impossível dadas as limitações de
tempo e confidencialidade que as empresas respondentes obrigam.
Em qualquer caso, tal como exposto no Capítulo 3, esta foi considerada a metodologia científica mais
adequada aos objetivos da pesquisa.
32
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Em termos científicos o presente artigo contribui para aprofundar o debate em torno do marketing-mix e
da construção do puzzle para melhor atingir os objetivos e público-alvo das marcas. O marketing-mix é uma
das ferramentas mais importante na gestão empresarial.
A eventual extensão dos P´s dos serviços à indústria no contexto do marketing-mix é uma matéria que está
a ser debatida na atualidade por renomados autores citados neste artigo, e utilizada empiricamente por
diversas empresas. Esta abertura poderá permitir às empresas industriais servir melhor as necessidades do
mercado e dos seus clientes, bem como proporcionar novas fontes de receita. Poderá permitir a
diferenciação através da gestão de processos, gestão de pessoas ou evidências físicas ou pela inclusão de
todas elas numa gestão integrada de marketing. Num mundo globalizado onde a diferenciação de produtos
é cada vez mais difícil, abrir os campos de gestão de marketing pode impactar positivamente o produto
final e o serviço ao cliente.
A inclusão das parcerias, apesar de ser uma prática crescente no mundo empresarial global, não tem
reflexo na teoria de marketing. Poucos são os estudos sobre esta matéria e este artigo tenta integrar essa
prática no contexto da gestão de marketing. Como demonstrado, uma boa parceria pode mudar o rumo de
um plano de marketing e transformar empresas em atores mais ativos e inovadores.
Para os gestores de marketing este artigo é uma reflexão e um despoletar de práticas com implicações ao
nível dos planos estratégicos de marketing de empresas, organizações, produtos ou marcas.
33
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Agradecimentos
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e
esquecer os velhos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não
ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” (Fernando Pessoa)
Foi com base neste pensamento que parti. Uma viagem de investigação, reflecção e conhecimento. Mas
também uma viagem de esforço, dedicação e sacrifício.
São sempre os que nos querem melhor os que mais sofrem nestas viagens e aqui agradeço o apoio e
compreensão sem ordem de prioridade:
À minha mulher, o meu suporte, pela paciência na ausência e sabedoria da palavra no momento
certo;
À minha filha que é tudo o que um pai pode desejar;
Aos meus pais pela educação que me deram, que tem sido o farol da minha vida;
Aos colaboradores da QSP que constituem uma segunda família para mim, e que me apoiaram na
decisão com redobrada dedicação à empresa neste período;
Ao Professor João Paulo Peixoto pela orientação, motivação e exigência;
Ao Professor Leonard Berry e ao Professor Hermawan Kartajaya pelo incentivo e sábios conselhos;
Aos inquiridos do questionário realizado junto de mais de quatro dezenas de empresas, que com
amizade, profissionalismo e rapidez participaram neste artigo científico.
34
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
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37
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Anexos
i. Questionário
Esta pesquisa de mercado tem como objectivo aferir junto de um conjunto de 40 empresas questões
relativas a marketing estratégico e operacional no âmbito uma tese de mestrado no IESF-Atlântico
Business School, com fins académicos e sem objectivos comerciais.
Solicitamos a sua colaboração por cerca de 10 minutos para responder a este inquérito.
As respostas são confidenciais e serão utilizadas apenas no contexto desta pesquisa, com análise de
dados agregados e/ou segmentados.
F1. Na sua empresa, está envolvido nas decisões de marketing e/ou estratégia da empresa?
F2. Pode indicar-me alguém envolvido, habilitado a responder, sobre as decisões de marketing e/ou
estratégia da empresa?
Sim [Terminar e recomeçar novo inquérito] Não [Terminar] Não sei [Terminar]
(seleccione apenas uma opção)
38
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
II. Questionário
I. Caracterização da Empresa
P2. Em qual dos seguintes sectores de actividade se insere a sua empresa (produz/vende produtos ou
serviços)? (no caso da empresa estar em diversos sectores, seleccione a opção que melhor descreve o
negócio principal da empresa)
P3. Em qual dos seguintes sectores se insere predominantemente a sua empresa (no caso da empresa estar
em ambos os assinalados, seleccione a opção que melhor descreve o negócio principal da empresa)
Industria *→ P4+
Serviços *→ P11+
P4. A empresa oferece algum tipo de serviço ao cliente final e/ou intermédio associado ao produto?
Sim Não, mas planeia oferecer Não *→ P7+ Não sei *→ P7+
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
P6. De entre os serviços elencados nomeie quais os que a sua empresa oferece ou vai oferecer no futuro?
Serviço de aconselhamento
Integração com a empresa cliente na decisão de compra
Apoio e participação em acções de marketing do cliente
Serviço de reclamações (para além do livro de reclamações)
Apoio Técnico
Outra(s). Especifique____________________________________
NS/NR
(pode seleccionar mais do que uma opção)
P7. Qual a relevância que atribui aos serviços complementares associados ao produto?
Pouco Importante Indiferente Importante Essencial
P8. Considere os colaboradores da sua empresa. De entre os itens elencados abaixo assinale aqueles que
são motivo de atenção e monitorização na sua empresa e o grau de importância que cada item constitui.
Considerando 1 - Pouco Importante e 4 - Essencial:
Grau de Importância
Colaboradores 1 2 3 4
Cultura Organizacional e Imagem
Recrutamento e Selecção
Formação
Sistema retributivo e Incentivos
Motivação
Trabalho em Equipa
Contacto com clientes e Fornecedores
Imagem dos Colaboradores
Comportamento dos Colaboradores
40
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
P9. Considere os processos da sua empresa. De entre os itens elencados abaixo assinale aqueles que são
motivo de atenção e monitorização na sua empresa e o grau de importância que cada item constitui.
Considerando 1 - Pouco Importante e 4 - Essencial:
P10. Considere as Evidências Físicas como componentes tangíveis que facilitam a performance, a
comunicação ou percepção do serviço oferecido afectando positiva ou negativamente a experiência do
consumidor.
De entre os itens elencados abaixo assinale aqueles que são motivo de atenção e monitorização na sua
empresa e o grau de importância que cada item constitui. Considerando 1 - Pouco Importante e 4 -
Essencial: Explicava o que são evidências físicas – pode haver quem não saiba
Grau de Importância
Evidências Físicas 1 2 3 4
Design das Instalações
Estética e funcionalidade das áreas comuns
(recepção, sala de reuniões, etc.)
Estética e Funcionalidade
Considerações Ambientais
Sinalética
Uniformes
Relatórios Internos e Externos
Cor
Economato
Viaturas
41
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
P11. Em que área (s) entende que as parcerias são ou poderiam ser benéficas para a sua empresa?
P12. Quais os principais objectivos que considera ou consideraria numa parceria com a outra empresa?
_____________________________
_____________________________
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
P17. Quais os maiores desafios que a sua empresa tem encontrado na pesquisa e desenvolvimento de
parcerias?
P18. Qual o grau de importância que as parcerias constituem para a sua empresa?
P21. Que percentagem do orçamento da empresa é dedicada ao marketing (excluindo custos com recursos
humanos alocados ao departamento ou funções de Marketing)
43
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
A atual dinâmica e competitividade de mercado, que coloca o consumidor no centro das estratégias de
marketing empresariais, obrigam a que o marketing se reinvente continuamente e adapte as suas
estratégias aos desafios de mudança na busca pela diferenciação, satisfação das necessidades dos
consumidores e cumprimento de objetivos de mercado. Este permanente desafio que coloca o marketing
no topo hierárquico das empresas, tem como consequência uma constante revisão dos planos estratégicos
de marketing na busca da otimização das variáveis do marketing-mix em função dos desafios de inovação
impostos pelo mercado.
O conceito de marketing-mix introduzido na literatura de marketing nos anos 50, tem sido objeto de
diversos estudos, permitindo uma aproximação contínua à realidade competitiva das empresas, sendo hoje
reconhecido pela comunidade científica, universidades e em grande parte da literatura existente, a
aplicabilidade dos 4P´s tradicionais idealizada por Jerome McCarthy e dos 3P´s defendidos por Booms e
Bitner para o marketing de serviços.
No entanto, a “comodotização” dos produtos tem levado as empresas industriais a incorporarem serviços
pagos na sua oferta de forma a poderem tornar-se o elemento diferenciador da criação de valor. A
possibilidade de extensão dos 3 P´s do marketing-mix por norma associados ao marketing de serviços
(Processos, Evidências Físicas e Pessoas) ao sector industrial, com claras sinergias na oferta integrada de
tangibilidade e intangibilidade, na diferenciação e valor acrescentado ao cliente, equaciona uma nova
abordagem do modelo.
Por outro lado, este aumento da competitividade e procura de novas soluções em resposta às necessidades
dos consumidores, tem motivado muitas empresas a estabelecerem parcerias, criando diferenciação e
maior valor acrescentado. Esta abordagem tem-lhes permitido ampliar a oferta de produtos e/ou serviços
ao seu core business, e em consequência alcançar novos mercados ou novos segmentos, com aumento de
quota de mercado e vendas. As parcerias são cada vez mais um elemento central nas estratégias de
empresas e marcas, como instrumento de criação e sustentação das suas vantagens competitivas em
mercados dinâmicos.
No âmbito deste artigo foi realizada uma pesquisa exploratória junto de 40 empresas, assegurando-se a
representatividade do mercado português, com quotas proporcionais entre o sector secundário (20%) e o
terciário (80%). A pesquisa procurou confirmar a relevância dos 3P's do marketing de serviços para o sector
industrial, assim como confirmar as parcerias como ferramenta de potencial estratégico para as empresas.
44
Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
A pesquisa preliminar confirma: 63% das empresas industriais afirmam comercializar serviços pagos, sendo
os mais relevantes o apoio técnico (80%) e o apoio e participação em ações de marketing do cliente (40%),
como se constata no gráfico abaixo.
Os resultados para as parcerias formais apontam no mesmo sentido: 72,5% das empresas inquiridas (aqui
inclui-se todo o
universo) afirmam ter
parcerias formais,
privilegiando as áreas
do marketing e
comunicação
(34,5%), e recursos
humanos / formação
(20,7%). As parcerias
Gráfico 10 - Tipos de parcerias formais no sector empresarial
são consideradas
importantes (67.5%) ou essenciais (27.5%) pela grande maioria dos respondentes.
Para avaliar se o sector em que a empresa se insere influência a perceção das áreas de interesse das
parcerias, recorreu-se ao teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis. Os resultados revelam que os grupos
não são estatisticamente divergentes em nenhuma das variáveis (χ2KW < 5.85; p>0.01), não havendo
evidência estatística de maior valorização de uma área em determinado grupo sectorial. Acrescenta-se o
facto de 62,5% das empresas respondentes afirmarem que elaboram o Plano Estratégico de Marketing.
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
A importância que as empresas industriais prestam aos itens tradicionalmente associados ao marketing de
serviços é evidente: o contacto com os clientes e fornecedores (100%), o comportamento dos
colaboradores (87.5%) e a cultura organizacional e imagem (87.5%). No que diz respeito aos Processos
assinalam-se os procedimentos (100%), o nível de interação com os clientes (100%) e a pesquisa e
desenvolvimento (100%). Qualquer uma das dimensões associadas ao P de Pessoas ou P de Processos é
sempre considerada pelas empresas-alvo com grau de importância superior a 3. Relativamente aos itens
associados às Evidências Físicas, verifica-se que todos os respondentes valorizam, especialmente, a estética
e funcionalidade das instalações (100%) e áreas comuns (100%), as condições ambientais (100%), a
sinalética (100%) e as viaturas (100%).
Embora uma empresa que comercialize apenas produtos possa entender que uma estratégia de marketing
assente nos 4P´s tradicionais é suficiente, será interessante verificar o quanto de serviço existe para os
produzir, distribuir e comercializar. Apesar das claras diferenças entre o marketing de serviços e marketing
de produto - pelas suas características intrínsecas - a linha entre ambos está a esbater-se, colocando em
questão a aplicabilidade dos P´s dos serviços também ao sector industrial.
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
A escolha do tema deste artigo científico está intimamente ligada à relevância que o marketing e a prática
de estratégias de marketing constituem para as empresas, para as marcas e para os produtos. O marketing-
mix é geralmente percebido como o conjunto de variáveis que os gestores usam na definição do plano de
marketing da empresa ou produto. Um puzzle de variáveis indissociáveis e infinitas alternativas que
determinará a forma como o produto ou serviço é apresentado ao mercado-alvo, em função dos objectivos
de marketing da empresa ou organização.
O conjunto de variáveis que compõem o marketing-mix tem merecido diversas reflexões e contributos de
diversos autores nas últimas décadas, em linha com os ciclos económicos mundiais, estando por isso a
revisão da literatura directamente associada à evolução que esses contributos têm permitido. A reflexão
sobre a composição do marketing-mix, os elementos que o constituem e as atuais necessidades das
empresas e marcas no contexto competitivo, constitui a principal motivação do presente artigo.
i. As Origens do Marketing-mix
Inspirado nestas ideias, Neil N. Borden (1953) introduziu o termo marketing-mix nas suas aulas e papers.
Estávamos no período pós-guerra e de reconstrução Europeia (1950-1973), altura em que economia global
assistiu a um crescimento sustentado de cerca de 25 anos. Nessa época a orientação para a economia de
mercado torna-se na nova norma de gestão: vendas, mas também conhecimento sobre o mercado, para
produção de produtos que satisfaçam as necessidades sentidas ou intuídas pelos consumidores. É neste
contexto que surge a primeira abordagem de intervenção das empresas no mercado e nas variáveis que o
compõem através da publicação de “The concept of Marketing Mix” (Neil Borden, 1964), elencando 12
pontos com descrição dos procedimentos e políticas a adoptar em função de cada um deles. De forma a
podermos contextualizar a importância deste contributo para a gestão e marketing, e evolução posterior a
que o marketing-mix assistiu, será essencial entender o conteúdo desta primeira abordagem e dos seus
ingredientes:
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Como iremos constatar, grande parte dos ingredientes descritos são ainda hoje válidos no marketing-mix
atual.
A partir dos contributos dos autores James Cullinton (1948), Albert Frey (1956) que destacou a eficiência
dos resultados de um programa adequado de marketing-mix, Neil Borden (1958) e Eugene Kelley e William
Lazer (1958) que abordaram a interação entre bens e serviços, distribuição e comunicação como factores-
chave para uma maior eficácia e rentabilidade no mix de marketing, permitiram a Jerome E. McCarthy
(1960) apresentar a primeira versão simplificada dos 4 P´s do marketing-mix: Product, Price, Place and
Promotion, que pela simplicidade de conceitos, apresentação e fácil compreensão, rapidamente se tornou
popular.
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Esta codificação do marketing agrega os conhecimentos de uma forma acessível a todos os gestores.
McCarthy sugeriu ainda que a busca pela satisfação das necessidades dos clientes deve ter em conta as
ofertas concorrentes e as constantes mudanças de preferências dos consumidores, pelo que o contínuo
processo de desenvolvimento de produtos e serviços deve ser uma prioridade, bem como a forma correta
de distribuição, ao preço adequado, com a promoção correta, para o público-alvo definido. Este contributo
de McCarthy sublinha a importância da necessidade de um marketing-mix dinâmico e adequado aos
mercados-alvo.
Esta metodologia obteve um importante contributo através de Philip Kotler e Sidney J. Levy (1969) na
defesa da aplicação do marketing a instituições sem fins lucrativos, bem como a instituições
governamentais. O conceito de marketing-mix foi nessa altura redefinido por Kotler como “o conjunto de
ferramentas que a empresa dispõe para atingir os seus objectivos de marketing no mercados-alvo”.
Uma revisão aos contributos de vários autores ao longo das últimas décadas, permite referir como
denominador comum o especial carácter intangível dos serviços por contraponto à tangibilidade dos
produtos físicos. Esta intangibilidade que caracteriza a prestação de serviços determinou a evolução para
um marketing-mix específico nos serviços, resultando na introdução de 3P´s adicionais: as Evidências
Físicas, as Pessoas e os Processos (Booms & Bitner, 1981). Os autores demonstram a importância destes
factores envolventes na percepção da qualidade da prestação do serviço:
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Na história mais recente outros autores submeteram diferentes propostas de novos elementos adicionais
aos 4P´s tradicionais ou uma diferente composição do “puzzle” do marketing-mix, o que demonstra a
relevância da metodologia inicial para o universo académico e empresarial.
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Lauterborm Os 4P´s do marketing-mix são orientados 4 C´s devem substituir os 4P´s, indicando a
(1990) para o produto. O sucesso de um plano de orientação do consumidor: Customer Needs,
marketing é baseado em centrar o cliente Convenience, Costs (Costumer´s) e
no planeamento de marketing. Communications.
Robins (1991) Os 4P´s do marketing-mix são muito 4C´s expressam a orientação externa do
orientados para a componente interna. marketing-mix: Costumers, Competitors,
Capabilities e Company.
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Os 8 P´s do Marketing Contemporâneo
Bennett Focado nas variáveis internas é uma base 5V´s são o critério dos clientes: Value;
(1997) incompleta para o marketing. Clientes Viability; Varieaty; Volume e Virtue.
estão dispostos a comprar produtos na
direção oposta ao que é sugerido no
marketing-mix.
Goldsmith A tendência para a personalização resultou 8P´s - o plano de marketing deve incluir 4 P´s
(1999) numa contribuição cada vez maior dos adicionais - Personalisation; Personnel;
serviços para a comercialização dos Physical Assets e Procedures.
produtos. Personalização deve tornar-se a
base da trajetória da gestão de marketing.
Yudelson Os 4P´s não são uma base apropriada para 4 P´ são a base em mudança: Product para
(1999) o marketing do século XXI. Os Performance; Price para Pennalty;
desenvolvimentos dos últimos 40 anos Promotion para Perception e Place para
requerem uma nova plataforma flexível, Process.
apesar da simplicidade do velho modelo
continuar a ser atrativo.
Melewar and O sistema de identidade visual corporativa 8P´s - um novo P deve ser adicionado aos
Saunders (CVIS) é a base da diferenciação das 4P´s do marketing-mix e aos 3P`s do
(2000) empresas e o núcleo da identidade visual marketing de serviços: Publications
corporativa.
English O marketing tradicional nunca foi uma 4S´s - um novo quadro emergente:
(2000) ferramenta eficaz para o marketing de Relevance, Response, Relationship e Results.
serviços na saúde.
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Grove (2000) O marketing de serviços pode ser Sugere a adição de quatro elementos
comparado a uma produção teatral. A teatrais estratégicos constituem a
forma como é realizado é tao importante experiencia de serviço - Actors; Audience;
como qual o serviço a ser prestado. A Settings e Performance. Estes elementos
experiência do cliente é um facto crítico. O devem ser adicionados ao marketing-mix
marketing-mix tradicional não captura proposto por Booms e Bitner.
adequadamente as circunstâncias
especiais que estão presentes quando se
trata de marketing de um "produto" de
serviço.
Schultz Os marketplaces são orientados para os Consumidor final controla o mercado. O
(2001) clientes. Os 4P´s têm hoje menos sistema de networking deve definir a
relevância. orientação do novo marketing. O novo
marketing-mix é baseado no trio marketeer,
empregado e cliente.
Beckwith O marketing de serviços num mundo em As quatro chaves do marketing de serviços
(2001) mudança requer o foco no aumento da moderno: Price, Brand, Packaging e
satisfação do cliente e a rejeição dos Relationships.
velhos paradigmas de produto e falácias de
marketing.
Healy (2001) O peso da gestão de marketing está O marketing de relacionamento incorpora
claramente a passar para o marketing de os elementos de gestão de marketing
relacionamento como o futuro paradigma identificados pela trilogia do marketing de
do marketing. relacionamento: Relacionamentos,
Marketing Neo-Relacional e Networking.
Shams (2012) Apresenta o conceito Proof - que valoriza a 6P´s - propõe adicionar aos 4P´s tradicionais:
experiência do cliente e outros Proof e Preference.
stakeholders bem como o conceito de
preferência que ilustra a flexibilidade no
cliente ou outros stakeholders.
Figura 5 - Contributos para a evolução do marketing-mix
Adaptação: Constantinides (2006); Muller (2006) e Goi (2009)
Entre os inúmeros contributos são apontadas algumas críticas ao modelo inicial. O facto dos 4P´s
tradicionais não contemplarem o marketing de serviços (Booms & Bitner; Magrath; Judd; Lauterborm;
Fryar; Cowell; Grove; Heuvel) e não contemplarem o marketing relacional (Rozenberg and Czediel;
Gummesson, English; Patterson and Ward; Beckwith; Healy) são as duas críticas mais referidas.
Adicionalmente, outros autores referem o fato do modelo estar mais focado em questões internas (Kotler;
Vignalli and Davies, Robins, Bennett), não considerar elementos estratégicos (Ohame) ou simplesmente
mostrar-se obsoleto (Gr nroos, udelson; Schultz).
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Booms e Bitner para o marketing de serviços. O marketing-mix tem sido extremamente influente na
informação e desenvolvimento da teoria e prática de marketing (Moller, 2006).
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