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EXCELENTÍSSIMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DA XXª VARA DO

TRABALHO DE XXXXXXX/XX

NELSON AVIZ, brasileiro(a), ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, inscrito ao CPF sob


nº. XXX.XXX.XXX-XX, e no RG nº. XXXXXXXXXX, domiciliado e residente à Rua
XXXXXXXXXXXXXXX, nº. XXX, Bairro XXXXXXX, na cidade de
XXXXXXXXXXXX–XX, vem perante Vossa Excelência, por seu procurador,
instrumento de mandato anexo, propor a presente

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

em face de Alfa Ltda. S/A., pessoa jurídica de direito privado, com sede à
XXXXXXXX, nº XXX, bairro XXXXX, CEP XX.XXX-XX, na cidade de Sete
Lagoas–MG, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

I- DAS PRELIMINARES

I.I- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O Reclamante faz jus ao beneplácito da Assistência Judiciária Gratuita, tendo


em vista que NÃO RECEBE NENHUM SALÁRIO, vivendo tão somente pelos
rendimentos do trabalho da sua família.

Destarte, o Reclamante é pobre na acepção da palavra e nos termos do artigo


790 § 3º e § 4 º da CLT.
Ademais, a Justiça Gratuita, como Desdobramento da Garantia de Acesso à
Justiça e sua Aplicação do artigo 5º da Constituição Federal, inciso LXXIV, determina
que "o Estado prestará assistência judiciária integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos".

Importante esclarecer ainda, que o Autor é Isento do Imposto de Renda, razão


pela qual não traz tal Declaração aos autos, o que também comprova sua
hipossuficiência.

Requer o Autor, ante o aqui esposado, seja julgado procedente o pedido de


Gratuidade da Justiça, abstendo-a de toda e qualquer despesa advinda desta lide, nos
termos dos artigos supracitados.

II – DA SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO

O Autor foi contratado pela reclamada em 17/12/2017, para exercer a função de


auxiliar de serviços gerais.

Percebia mensalmente o importe de R$ 1.200,00 (Um mil e duzentos reais),


tendo para tanto, que realizar uma jornada das 9 horas de trabalho, com 20 minutos
de intervalo para descanso e alimentação.

Foi despedida por conduta inadequada de acordo com a reclamada,


equivocadamente como se provará, em 28/04/2018.

Ocorre que os direitos fundamentais da Reclamante não foram observados pela


Reclamada, razão pela qual propõe a presente relação trabalhista.

III – DO DIREITO

Deve ser considerado alternativamente, a reintegração da parte Autora para o


seu antigo trabalho, visto que o Autor necessita do emprego para o seu sustento e o de
sua família, devendo a sua reintegração ocorrer mais breve possível, para que este não
continue sendo prejudicado.

Como manifesto nesse embargo acolhido e deferido pelo TST

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO DE REVISTA COM


AGRAVO. REINTEGRAÇÃO. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA.
RETALIAÇÃO PELO AJUIZAMENTO DE RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA. Conforme se verifica do acórdão embargado, foi
reconhecida a dispensa discriminatória do reclamante e, como
consequência, deferida a sua reintegração, com ressarcimento integral de
todo o período de afastamento, mediante pagamento das remunerações
devidas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros legais, nos termos
do art. 4º, I, da Lei nº 9.029/95. Devem ser acolhidos os embargos de
declaração para determinar que a reintegração se dê no prazo de 15 dias após
o trânsito em julgado, sob pena de multa diária de R$ 100,00 (cem reais).
Embargos de declaração acolhidos com efeito modificativo.

(TST - ED: 108235020145030061, Relator: Maria Helena Mallmann, Data


de Julgamento: 03/03/2021, 2ª Turma, Data de Publicação: 05/03/2021)”

Portanto, deve ser apreciado o indubitável direito da parte Autora para sua
reintegração, uma vez que, não houve e momento algum motivo para a demissão do
empregado.

Sendo assim, está mais do que provado que o Autor foi prejudicado pela
rescisão do seu contrato de trabalho, devendo ser pago ao o empregado os seus salários
não pagos, suas demais indenizações trabalhistas, salário família e seu aviso prévio,
devendo o reclamado pagar essas remunerações como é expresso no artigo 479 da CLT

Art. 479 - Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem
justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a titulo de
indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do
contrato.

Não obstante, o reclamado descumpriu um importante direito social dos


trabalhadores, dado que o Autor trabalhava 9 (nove) horas diárias de segunda à sábado
ultrapassando as 44 (quarenta e quatro) horas semanais, dessa forma o reclamado feriu
o direito do empregado, devendo ser pago essas horas trabalhadas.
Foi verificado convenções coletivas e nenhuma delas acordou sobre as horas de
trabalho a mais de 8 (oito) horas diárias, devendo ser pago 50% (cinquenta por cento)
da remuneração de horas suplementares as 44 (quarenta e quatro) horas semanais.

Como dispões o artigo 7 da Constituição Federal e artigo 58, §3o da CLT

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

(..)

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e


quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos


de revezamento, salvo negociação coletiva;

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em


cinqüenta por cento à do normal;”

“Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer


atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja
fixado expressamente outro limite.

(..)

§ 3º As horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão


pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o salário-hora
normal.”

Inobstante, é necessário ser integrado a gratificação de adicional noturno que


não foi adicionado ao seu salário, e pago os retroativos deste, do início do trabalho até
o período atual, portanto um acréscimo de 20% (vinte por cento) no salário, conforme
expressa o artigo 73 da CLT.

“Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho


noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua
remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre
a hora diurna.”
Isto posto, é verificado na CTPS da Parte Autora, sendo contratado como
auxiliar de serviços gerais recebendo R$ 1.200,00 (Um mil, e duzentos reais), todavia
na prática trabalhou somente como técnico de informática, devendo receber o valor
de R$ 1.500,00 (Um mil, e quinhentos reais) e as demais gratificações.

Ficando exposto o desvio de função, devendo ser pago à Parte Autora os valores
correspondentes com os meses trabalhados, como pode ser visto nesse julgamento do
TRT-10, sendo desprovido o recurso ordinário da parte ré.

“DESVIO DE FUNÇÃO. DESVIO DE FUNÇÃO.


REQUISITOS. ÔNUS DA PROVA. O desvio de função se
caracteriza pela utilização dos serviços do empregado em
tarefas distintas daquelas para as quais foi contratado
originalmente ou diversas daquelas próprias do cargo ocupado
na empresa. Demonstrada pela reclamante a assunção de
funções em atividades diversas daquelas para as quais fora
contratada, acolhe-se a pretensão de diferença salarial por
desvio de função. Recurso conhecido e desprovido.

(TRT-10 - RO: 00010800620165100011 DF, Data de


Julgamento: 28/02/2018, Data de Publicação: 09/03/2018)”

Destarte, é evidente o direito do Autor, e imprescindível que ele seja


resguardado devendo o reclamado pagar os reais valores da função exercida de fato,
não podendo o Autor continuar prejudicado.

III.1- PEDIDO ALTERNATIVO

O autor foi despedido de forma brusca e sem o real justo motivo, visto que não
cometeu nenhuma falta grave ou ato citado no artigo 482 da CLT

Dispõe o artigo 482 da CLT:

“Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:

a) ato de improbidade;

b) incontinência de conduta ou mau procedimento;


c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do
empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual
trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;

d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha


havido suspensão da execução da pena;

e) desídia no desempenho das respectivas funções;

f) embriaguez habitual ou em serviço;

g) violação de segredo da empresa;

h) ato de indisciplina ou de insubordinação;

i) abandono de emprego;

j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer


pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima
defesa, própria ou de outrem;

k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o


empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem;

l) prática constante de jogos de azar.

m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o


exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do
empregado.

Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de


empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo,
de atos atentatórios à segurança nacional.”

Portanto, deve ser considerado alternativamente o indubitável direito da parte


Autora para a mudança da rescisão por justa causa para rescisão imotivada, uma vez
que, não houve e momento algum motivo para a demissão do empregado.

Com a rescisão imotivada da Parte Autora, deve ser pago as diferenças salarias
do tempo em que ele não trabalhou, com aumento no seu salário, mais a integração do
adicional noturno e horas extras trabalhadas que não foram pagas, além disso o
pagamento dos valores retroativos, do adicional noturno e do aumento do salarial, pois
fazia jus a esses valores desde a sua contratação.

IV- DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA


No que tange a tutela de urgência, assim dispõe o artigo 300 do CPC:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
(...)
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou
após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será
concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos
da decisão.

Desta forma, tem-se presentes os requisitos previstos no artigo 300 do


CPC/2015, qual seja, a probabilidade do direito e o risco de dano, requer a Reclamante
seja deferido o pedido de tutela de urgência

Assim, requer a Autora a condenação da Reclamada, em sede de antecipação de


tutela, a reintegração da Reclamante.

V- DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

A teor do que estabelece o artigo 791-A da CLT, que trata dos honorários de
sucumbência, dispõe:

"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria,


serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o
mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.”

Assim, diante do exposto no artigo 791-A da CLT, requer a Autora a


condenação da Reclamada ao pagamento de 15% de honorários advocatícios
sucumbenciais a Procuradora da parte Autora.
VI - DOS PEDIDOS

Ex positis, requer o Autor à Vossa Excelência:

a) Em antecipação de tutela, a condenação da Reclamada, a reintegração da Parte


Autora de forma imediata, para conseguir suprir suas necessidades básicas até o fim da
lide.

b) alternativamente, que a rescisão por justa causa seja revertida para rescisão
imotivada, havendo pagamento da todas as verbas rescisórias, como o saldo salário,
aviso prévio indenizado, férias com o acréscimo de 1/3 constitucional, 13º salário,
FGTS, multa de 40%.

c) a condenação da Reclamada ao pagamento da indenização dos salários não pagos


pela demissão ilegítima, a contar de dezembro de 2017 até o presente momento,
observado o prazo prescricional.

d) a condenação da Reclamada para implementar no salário do Autor, o adicional


noturno, e que deste seja pago os seus valores retroativos a contar de dezembro de 2017
até o presente momento, observado o prazo prescricional.

e) a condenação da Reclamada ao pagamento das horas extras devidas em razão do seu


horário de refeição e das suas horas trabalhadas, que seja pago os valores retroativos a
contar de dezembro de 2017 até o presente momento, observado o prazo prescricional.

f) a condenação da Reclamada para aumentar o salário do empregado, pelo fato do


desvio de finalidade que ocorreu desde do ingresso do empregado na empresa, que deste
seja pago os valores retroativos devidos a contar de dezembro de 2017 até o presente
momento, observado o prazo prescricional.

g) a condenação da Reclamada ao pagamento dos honorários sucumbenciais da parte


Autora, no importe de 15% sobre o valor da presente demanda, nos termos do artigo
791-A da CLT, R$ XX.XXX,XX.
Por fim, requer ainda:

a) incidência de juros e correção monetária até a data do efetivo pagamento;

b) a notificação da Reclamada para apresentar defesa, se quiser, sob pena de revelia e


confissão;

c) a concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, por tratar-se A


Reclamante de pessoa pobre nos termos da lei, não possuindo condições financeiras de
arcar com os custos da presente ação sem prejuízo de sua subsistência e de sua família;

d) a produção de todas as provas em direito admitidas, como documental, testemunhal,


pericial e inspeção judicial.

e) sejam descontados os valores que, por ventura, já foram pagos pela Reclamada a
qualquer título mencionado nesta reclamatória.

Dá a causa o valor de R$ XX. XXX,XX.

Termos em que pede e espera deferimento.

XXXXXX/XX, 20 de setembro de 2021.

XXXXXXX XXXXXXX
OAB/UF nº. XX.XXX

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