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Tales de Mileto
Tales nasceu no século VII, em Mileto, uma cidade grega, e é considerado o primeiro
filósofo, porque foi o primeiro a propor uma explicação racional e naturalista para a origem
e funcionamento de todas as coisas. A questão que Tales colocou é “qual o princípio de
todas as coisas”.
Tales de Mileto
Para entender o conceito de princípio, é útil uma analogia. Imagine que um filósofo da
natureza perguntasse qual é o princípio de uma garrafa pet, por exemplo. Com essa
pergunta, ele estaria querendo saber o elemento básico a partir do qual ela é formada, que
sustenta sua existência e no que ela se transforma quando deixar de existir. Nesse caso, o
princípio é um elemento químico associado ao petróleo. É a partir dele que a garrafa é
gerada e, caso seja derretida, é nele que ela irá se transformar.
O que Tales pretendia, portanto, ao perguntar qual o princípio de todas as coisas era algo
análogo. Buscava um elemento fundamental do qual todas as coisas se originam e no qual
todas se tornam no momento que deixam de existir. E qual sua resposta? Para Tales, esse
elemento era a água. Ou seja, esse filósofo acreditava que todas as coisas eram geradas a
partir da água.
Não restou nenhum texto escrito por Tales, de modo que não sabemos ao certo porque ele
acreditava que a água era o princípio de todas as coisas. Alguns interpretes posteriores
fizeram algumas suposições para explicar essa concepção.
Uma delas é a versatilidade da água. Esse elemento pode passar por mudanças, como
evaporação e condensação, se tornar líquida, sólida ou gasosa e, apesar de todas essas
transformações de estado, ela permanece sempre a mesma substância. Ora, é justamente
isso que precisa um elemento básico: que permaneça inalterado mesmo com as
transformações pelas quais passa aquilo que compõe. Além disso, está presente nas mais
diferentes coisas da natureza. Ela é essencial para as plantas e animais. Tales pensava
inclusive que a terra flutuava sobre a água.
Lista de pré-socráticos
Tales foi o iniciador da escola de Mileto. Seus discípulos deram continuidade as suas
investigações, mas chegaram a conclusões diferentes. Anaximandro e Anxímenes,
defendiam que o elemento primordial da natureza era, respectivamente, o apeirom e o ar.
Heráclito: dizia que na natureza “tudo flui” e todas as coisas são constituídas a partir do
fogo;
Empédocles: afirmava que a natureza é formada por quatro elementos, terra, ar, água e
fogo;
Os filósofos não foram os primeiros a se perguntar qual a origem das coisas e tentar
compreender os fenômenos da natureza. Antes de Tales e seus sucessores, esse papel
cabia ao pensamento mitológico. Mitos de diferentes tipos explicavam a origem do
mundo, os processos observados na natureza, o lugar ocupado pelo homem no conjunto
do cosmos e muitas outras questões.
Mitos geralmente fazem parte da tradição oral de uma cultura, mas conhecemos muito da
mitologia Grega graças aos trabalhos de Homero e Hesíodo. O primeiro é autor da Ilíada e
da Odisseia. O segundo, escreveu Os trabalhos e os dias e Teogonia. No último, narra a
formação da terra e dos deuses.
Para compreender melhor a diferença entre o pensamento filosófico nascente e a
mentalidade mitológica, considere o seguinte exemplo de explicação da mudança nas
estações do ano.
Exemplo de um mito
Por não encontrar sua filha, Deméter ficou preocupada, irada e muito triste. Tais
sentimentos causaram uma seca prolongada, já que ela era a deusa da fertilidade do solo.
Para tentar acalmá-la, Zeus (deus dos deuses) resolveu intervir e fez um trato com seu
irmão Hades: Perséfone teria que passar seis meses do ano ao lado de Hades no mundo
subterrâneo, e os outros seis ela estaria “liberada” para passar ao lado da mãe.
Isso, para os gregos, explicaria a origem do inverno. Esse seria o período em que Perséfone
estaria ao lado de Hades e sua mãe muito triste. Por outro lado, os seis meses de
fertilidade e flores (primavera e verão) seria o tempo em que a moça passaria ao lado de
sua mãe.
Observe que o mito recorre à fantasia e à imaginação para explicar como se dá uma
mudança nas estações do ano. Os primeiros filósofos, seguindo a tradição iniciada por
Tales, procuraram fazer uso da razão e da observação para explicar fenômenos como esse.
É verdade que a tentativa de Tales não foi muito bem-sucedida. Avaliando hoje a afirmação
de que “tudo é formado de água” certamente diremos: “isso não explica muita coisa”. Mas
não é sua resposta que faz com que seja o criador de uma nova maneira de pensar. Isso se
deve à maneira como abordou o problema.
Além de dar início a uma abordagem racional e naturalista para os problemas da natureza,
Tales também iniciou uma tradição de pensamento que incentiva a crítica e a modificação
de ideias antigas. Qualquer religião ou mitologia é em alguma medida conservadora, se opõe
à inovações, à mudanças em suas ideias. A filosofia, por outro lado, desde seu início foi
favorável a isso. Os integrantes da escola iniciada por Tales, Anaximandro e Anaxímenes,
propuseram respostas totalmente diferentes da do mestre. Algo que foi feito também
pelos demais pré-socráticos.
Referências
Giovanni Reale. História da Filosofia: Filosofia Pagã Antiga (Volume 1). São Paulo: Paulus
Editora, 2003.
Questão 1 :
(UEG 2011)
A influência de Sócrates na filosofia grega foi tão marcante que dividiu a sua
história em períodos: período pré-socrático, período socrático e período pós-
socrático. O período pré-socrático é visto como uma época de formação da filosofia
grega, na qual predominavam os problemas cosmológicos. Ele se desenvolveu em
cidades da Jônia e da Magna Grécia. Grandes escolas filosóficas surgem nesse
período e muitos pensadores se destacam.
Entre eles, um jônico, que ficou conhecido como pai da filosofia. Seu nome é:
( ) Tales de mileto.
( ) Leucipo de Abdera.
( ) Parmênides de aléia.
( ) Socrátes de atenas.
Questão 2 :
(ENEM 2012)
TEXTO I
TEXTO II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas,
está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos
apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos
filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como
ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a
impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.”
GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).
(ENEM 2015)
A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é
a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e
levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição
enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem
e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela embora apenas em estado de
crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.
NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999
Questão 4 :
(UEL 2015)
De onde vem o mundo? De onde vem o universo? Tudo o que existe tem que ter um
começo. Portanto, em algum momento, o universo também tinha de ter surgido a
partir de uma outra coisa. Mas, se o universo de repente tivesse surgido de alguma
outra coisa, então essa outra coisa também devia ter surgido de alguma outra coisa
algum dia. Sofia entendeu que só tinha transferido o problema de lugar. Afinal de
contas, algum dia, alguma coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma substância
básica a partir da qual tudo é feito? A grande questão para os primeiros filósofos
não era saber como tudo surgiu do nada. O que os instigava era saber como a água
podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se
transformar em árvores frondosas ou flores multicoloridas.
Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras,
1995. p.43-44.
Questão 5 :
(UEG 2008)
Tales foi o iniciador da reflexão sobre a physis, pois foi o primeiro filósofo a
afirmar a existência de um princípio originário e único, causa de todas as coisas que
existem, sustentando que esse princípio de tudo é a água. Tudo se origina a partir
dela. Essa proposta é importantíssima […] podendo com boa dose de razão ser
qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que se costuma chamar de
começo da formação do universo.