Você está na página 1de 11

COLÉGIO ESTADUAL INDÍGENA TUXÁ CACIQUE RAUL VALÉRIO DE OLIVEIRA

Docente: Kezy Bitencourt Turma: 1 Ano Ensino médio Disciplina: Filosofia

Tema: Filósofos pré-socráticos

O que estudavam os pré-socráticos

Os pré-socráticos são conhecidos, na história da filosofia, como filósofos da natureza,


físicos, naturalistas ou pré-socráticos. A razão para serem chamados assim é o fato de
terem se dedicado a compreender e explicar a natureza (physis), o mundo, o universo, todas
as coisas. A pergunta básica que todos se colocaram é “de onde vem todas as coisas?”

Já a expressão pré-socrático significa “anterior à Sócrates”. Os filósofos da natureza


viveram no século VII e VI a.C. , já Sócrates nasceu no século IV a.C. Essa é a razão para
tal denominação.

A área de estudo desses filósofos é chamada, dentro da filosofia, de cosmologia. Essa é


uma palavra formada por cosmos e logia, que significa estudo do cosmos. Cosmos é um
conceito grego para universo, o conjunto de todas as coisas. Remete à ideia de ordem,
harmonia. Observe como a natureza é ordenada, harmoniosa. A sequência das estações,
movimentos de migração de pássaros, as marés todos esses são fenômenos que manifestam
uma certa organização. O resultado disso, para os gregos, era um universo harmonioso e
belo. A palavra “cosmético” tem relação com essa ideia inicial de cosmos, como algo que é
belo.

Tales de Mileto

Tales nasceu no século VII, em Mileto, uma cidade grega, e é considerado o primeiro
filósofo, porque foi o primeiro a propor uma explicação racional e naturalista para a origem
e funcionamento de todas as coisas. A questão que Tales colocou é “qual o princípio de
todas as coisas”.

Antes de conhecermos o pensamento de Tales, é importante entender um aspecto


metodológico do estudo da filosofia. Muitas vezes encontramos palavras na filosofia, como
a palavra “princípio”, cujo significado já conhecemos. Porém, elas têm, na filosofia, um
significado um pouco diferente daquele encontrado na linguagem comum.

Na linguagem comum, princípio significa “o primeiro momento da existência (de algo), ou de


uma ação ou processo; começo, início”. No pensamento dos filósofos da natureza, essa
palavra, além disso, significa o fim último de todas as coisas e aquilo que as sustenta. É
aquilo que permanece sem mudança nas transformações pelas quais passa a natureza.

Tales de Mileto

Para entender o conceito de princípio, é útil uma analogia. Imagine que um filósofo da
natureza perguntasse qual é o princípio de uma garrafa pet, por exemplo. Com essa
pergunta, ele estaria querendo saber o elemento básico a partir do qual ela é formada, que
sustenta sua existência e no que ela se transforma quando deixar de existir. Nesse caso, o
princípio é um elemento químico associado ao petróleo. É a partir dele que a garrafa é
gerada e, caso seja derretida, é nele que ela irá se transformar.

Tudo surge da água

O que Tales pretendia, portanto, ao perguntar qual o princípio de todas as coisas era algo
análogo. Buscava um elemento fundamental do qual todas as coisas se originam e no qual
todas se tornam no momento que deixam de existir. E qual sua resposta? Para Tales, esse
elemento era a água. Ou seja, esse filósofo acreditava que todas as coisas eram geradas a
partir da água.
Não restou nenhum texto escrito por Tales, de modo que não sabemos ao certo porque ele
acreditava que a água era o princípio de todas as coisas. Alguns interpretes posteriores
fizeram algumas suposições para explicar essa concepção.

Uma delas é a versatilidade da água. Esse elemento pode passar por mudanças, como
evaporação e condensação, se tornar líquida, sólida ou gasosa e, apesar de todas essas
transformações de estado, ela permanece sempre a mesma substância. Ora, é justamente
isso que precisa um elemento básico: que permaneça inalterado mesmo com as
transformações pelas quais passa aquilo que compõe. Além disso, está presente nas mais
diferentes coisas da natureza. Ela é essencial para as plantas e animais. Tales pensava
inclusive que a terra flutuava sobre a água.

Lista de pré-socráticos

Tales foi o iniciador da escola de Mileto. Seus discípulos deram continuidade as suas
investigações, mas chegaram a conclusões diferentes. Anaximandro e Anxímenes,
defendiam que o elemento primordial da natureza era, respectivamente, o apeirom e o ar.

As questões cosmológicas estiveram presentes no pensamento grego por um longo período.


Uma das contribuições mais conhecidas à essa discussão talvez tenha sido feita por
Demócrito (460-371 a.c.). Segundo esse filósofo, “nada existe, exceto átomos e o espaço
vazio.” Ele acreditava que a realidade era formada por pequenas partículas indivisíveis,
chamadas por ele de átomos, que em grego significa simplesmente não-divisível. As
diferentes coisas existentes no cosmos eram formadas por diferentes combinações dessas
partículas minúsculas.

A lista abaixo contém alguns dos filósofos pré-socráticos mais destacados:

Tales: acreditava que tudo é composto de água;

Anaximandro: acreditava que a origem de todas as coisas era o ilimitado;

Anaxímenes: acreditava que do ar surgia todas as coisas;

Heráclito: dizia que na natureza “tudo flui” e todas as coisas são constituídas a partir do
fogo;

Pitágoras: afirmava que tudo é formado de números;

Parmênides: defendia que toda mudança é um ilusão;

Empédocles: afirmava que a natureza é formada por quatro elementos, terra, ar, água e
fogo;

Demócrito: foi um dos responsáveis pela criação do atomismo.

Mapa com local de nascimento dos filósofos pré-socráticos.

O que há de novo em suas ideias

Os filósofos não foram os primeiros a se perguntar qual a origem das coisas e tentar
compreender os fenômenos da natureza. Antes de Tales e seus sucessores, esse papel
cabia ao pensamento mitológico. Mitos de diferentes tipos explicavam a origem do
mundo, os processos observados na natureza, o lugar ocupado pelo homem no conjunto
do cosmos e muitas outras questões.

Mitos geralmente fazem parte da tradição oral de uma cultura, mas conhecemos muito da
mitologia Grega graças aos trabalhos de Homero e Hesíodo. O primeiro é autor da Ilíada e
da Odisseia. O segundo, escreveu Os trabalhos e os dias e Teogonia. No último, narra a
formação da terra e dos deuses.
Para compreender melhor a diferença entre o pensamento filosófico nascente e a
mentalidade mitológica, considere o seguinte exemplo de explicação da mudança nas
estações do ano.

Exemplo de um mito

Com a finalidade de entender a diferença entre as estações do ano, existia a lenda de


“Deméter” (deusa do interior da terra, ligada à fertilidade do solo) e sua filha “Perséfone”.
Contava-se que Hades (deus do mundo subterrâneo, “inferno”), buscando encontrar uma
esposa, decidiu raptar Perséfone. Foi então que, Deméter, mãe de Perséfone, saiu a sua
procura tanto no Olimpo (morada dos deuses) quanto na Terra.

Por não encontrar sua filha, Deméter ficou preocupada, irada e muito triste. Tais
sentimentos causaram uma seca prolongada, já que ela era a deusa da fertilidade do solo.
Para tentar acalmá-la, Zeus (deus dos deuses) resolveu intervir e fez um trato com seu
irmão Hades: Perséfone teria que passar seis meses do ano ao lado de Hades no mundo
subterrâneo, e os outros seis ela estaria “liberada” para passar ao lado da mãe.

Isso, para os gregos, explicaria a origem do inverno. Esse seria o período em que Perséfone
estaria ao lado de Hades e sua mãe muito triste. Por outro lado, os seis meses de
fertilidade e flores (primavera e verão) seria o tempo em que a moça passaria ao lado de
sua mãe.

Comparação entre mito e filosofia

Observe que o mito recorre à fantasia e à imaginação para explicar como se dá uma
mudança nas estações do ano. Os primeiros filósofos, seguindo a tradição iniciada por
Tales, procuraram fazer uso da razão e da observação para explicar fenômenos como esse.
É verdade que a tentativa de Tales não foi muito bem-sucedida. Avaliando hoje a afirmação
de que “tudo é formado de água” certamente diremos: “isso não explica muita coisa”. Mas
não é sua resposta que faz com que seja o criador de uma nova maneira de pensar. Isso se
deve à maneira como abordou o problema.

Além de dar início a uma abordagem racional e naturalista para os problemas da natureza,
Tales também iniciou uma tradição de pensamento que incentiva a crítica e a modificação
de ideias antigas. Qualquer religião ou mitologia é em alguma medida conservadora, se opõe
à inovações, à mudanças em suas ideias. A filosofia, por outro lado, desde seu início foi
favorável a isso. Os integrantes da escola iniciada por Tales, Anaximandro e Anaxímenes,
propuseram respostas totalmente diferentes da do mestre. Algo que foi feito também
pelos demais pré-socráticos.

Referências

Giovanni Reale. História da Filosofia: Filosofia Pagã Antiga (Volume 1). São Paulo: Paulus
Editora, 2003.

Questão 1 :

(UEG 2011)

A influência de Sócrates na filosofia grega foi tão marcante que dividiu a sua
história em períodos: período pré-socrático, período socrático e período pós-
socrático. O período pré-socrático é visto como uma época de formação da filosofia
grega, na qual predominavam os problemas cosmológicos. Ele se desenvolveu em
cidades da Jônia e da Magna Grécia. Grandes escolas filosóficas surgem nesse
período e muitos pensadores se destacam.

Entre eles, um jônico, que ficou conhecido como pai da filosofia. Seu nome é:

( ) Tales de mileto.

( ) Leucipo de Abdera.

( ) Parmênides de aléia.

( ) Socrátes de atenas.

Questão 2 :

(ENEM 2012)
TEXTO I

Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe,


existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se
dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens
formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se
em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando
condensada ao máximo possível, transforma- se em pedras.

BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).

TEXTO II

Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas,
está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos
apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos
filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como
ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a
impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.”

GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).

Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a


origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes,
filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua
fundamentação teorias que

( ) eram baseadas nas ciências da natureza.

( ) refutavam as teorias de filósofos da religião.

( ) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.

( ) postulavam um princípio originário para o mundo.

( ) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.


Questão 3:

(ENEM 2015)

A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é
a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e
levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição
enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem
e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela embora apenas em estado de
crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.

NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999

O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os


gregos?

( ) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em


verdades racionais.

( ) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.

( ) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas


existentes.

( ) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.

( ) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.

Questão 4 :

(UEL 2015)

De onde vem o mundo? De onde vem o universo? Tudo o que existe tem que ter um
começo. Portanto, em algum momento, o universo também tinha de ter surgido a
partir de uma outra coisa. Mas, se o universo de repente tivesse surgido de alguma
outra coisa, então essa outra coisa também devia ter surgido de alguma outra coisa
algum dia. Sofia entendeu que só tinha transferido o problema de lugar. Afinal de
contas, algum dia, alguma coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma substância
básica a partir da qual tudo é feito? A grande questão para os primeiros filósofos
não era saber como tudo surgiu do nada. O que os instigava era saber como a água
podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se
transformar em árvores frondosas ou flores multicoloridas.

Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras,
1995. p.43-44.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgimento da filosofia, assinale a


alternativa correta.

( ) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos e as transformações da


natureza e porque a vida é como é, tendo como limitador e princípio de verdade
irrefutável as histórias contadas acerca do mundo dos deuses.

( ) Os primeiros filósofos da natureza tinham a convicção de que havia alguma


substância básica, uma causa oculta, que estava por trás de todas as
transformações na natureza e, a partir da observação, buscavam descobrir leis
naturais que fossem eternas.

( ) Os teóricos da natureza que desenvolveram seus sistemas de pensamento por


volta do século VI a.C. partiram da ideia unânime de que a água era o princípio
original do mundo por sua enorme capacidade de transformação.

( ) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem homérica do mundo e


reforçou o antropomorfismo do mundo dos deuses em detrimento de uma explicação
natural e regular acerca dos primeiros princípios que originam todas as coisas.

( ) Para os pensadores jônicos da natureza, Tales, Anaxímenes e Heráclito, há um


princípio originário único denominado o ilimitado, que é a reprodução da aparência
sensível que os olhos humanos podem observar no nascimento e na degeneração das
coisas.

Questão 5 :

(UEG 2008)

Tales foi o iniciador da reflexão sobre a physis, pois foi o primeiro filósofo a
afirmar a existência de um princípio originário e único, causa de todas as coisas que
existem, sustentando que esse princípio de tudo é a água. Tudo se origina a partir
dela. Essa proposta é importantíssima […] podendo com boa dose de razão ser
qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que se costuma chamar de
começo da formação do universo.

REALE, Giovanni. História da filosofia. São Paulo: Loyola, 1990.

A passagem do mito à filosofia iniciou-se com os pré-socráticos. O primeiro deles


foi Tales de Mileto, que iniciou o estudo da cosmologia. A cosmologia é definida
como:

( ) A investigação racional do agir humano.

( ) A investigação acerca da origem e da ordem do mundo.

( ) O estudo do belo na arte.

( ) O estudo do estado civil e natural e seu ordenamento jurídico.

Boa sorte e bons estudos !!!

Você também pode gostar