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Mestrado Integrado em Psicologia

2018/2019

INTELIGÊNCIA Maria João Afonso


(2º Ano, 1º Semestre)

AULA T3 (02/10/2018): Sumário


INTELIGÊNCIA: Momentos, Lugares e Sentidos do Constructo
Psicologia Experimental e Psicologia Correlacional: conflitos, confluências e contributos para a
conceptualização e investigação da Inteligência.
Metáforas (Sternberg, R.J.) / Paradigmas (Miranda, M.J.) da Investigação da Inteligência Humana.
Marcos representativos da evolução da Psicologia e da investigação da Inteligência.
METÁFORA GEOGRÁFICA / PARADIGMA DIFERENCIAL: origem e génese da Psicologia Correlacional.
Quadros de Referência da PSIC. da INTELIGÊNCIA

• 2 DISCIPLINAS DA PSICOLOGIA • METÁFORAS DA INVESTIGAÇÃO


• EXPERIMENTAL DA INTELIGÊNCIA
• CORRELACIONAL / DIFERENCIAL (Sternberg,1990)

• HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
• PARADIGMAS DA INVESTIGAÇÃO
DA INTELIGÊNCIA
• ESCOLAS DE PENSAMENTO (Miranda, 1986)
Quadros de Referência da PSIC. da INTELIGÊNCIA

• 2 DISCIPLINAS DA PSICOLOGIA
• EXPERIMENTAL
• CORRELACIONAL / DIFERENCIAL

• HISTÓRIA DA PSICOLOGIA

• ESCOLAS DE PENSAMENTO
As “duas disciplinas” da Psicologia Científica
Cronbach (1957, 1975)

PSICOLOGIA EXPERIMENTAL
- 1879, Univ de Leipzig, Alemanha. Wilhelm WUNDT
- 1883, Univ. John Hopkins, USA. Stanley HALL

- MÉTODO EXPERIMENTAL INTROSPETIVO: variação sistemática do


estímulo com recolha da resposta verbal descrevendo o conteúdo da
consciência
- OBJETO DA PSICOLOGIA: experiência imediata (conteúdo da
consciência)
- OBJETIVO DA PSICOLOGIA: análise dos elementos constituintes da
consciência (ou experiência imediata) – sensações, perceções e
emoções - tendo em vista descrever a sua organização ou estrutura
- ORIENTAÇÕES TEÓRICAS: Analítica e atomista; Escolas de Pensamento: https://www.verywellmind
ESTRUTURALISMO (Wundt, W.; Titchner, E.) .com/structuralism-and-
functionalism-2795248
FUNCIONALISMO (William JAMES,W., Dewey, J., Angell, J.)
As “duas disciplinas” da Psicologia Científica
Cronbach (1957, 1975)

PSICOLOGIA EXPERIMENTAL  PSICOLOGIA GERAL (ao longo do séc.XX)


- MÉTODO EXPERIMENTAL “EXTROSPETIVO”: variação sistemática do estímulo com recolha da
resposta comportamental (pode ser verbal, também essa sendo comportamental)
- OBJETO DA PSICOLOGIA: comportamento / processos mentais
-

- OBJETIVO DA PSICOLOGIA: estudo da relação entre ESTÍMULOS (variável INDEPENDENTE) e


RESPOSTAS (variável DEPENDENTE)  explicar o comportamento a partir da variação situacional
estabelecimento de “leis gerais” - generalizáveis a todos os indivíduos
- ORIENTAÇÕES TEÓRICAS: Principais Escolas de Pensamento (séc. XX):
BEHAVIORISMO
GESTALTISMO
DESENVOLVIMENTISMO
COGNITIVISMO
CONTEXTUALISMO; SISTEMISMO
INTEGRATIVISMO
As “duas disciplinas” da Psicologia Científica
Cronbach (1957, 1975)

PSICOLOGIA CORRELACIONAL (DIFERENCIAL / INDIVIDUAL)


- 1884, Lab. Antropométrico Francis GALTON (1822-1911)
International Health Exhibition, Londres, Inglaterra. 1888,
South Kensington Museum – Science Galleries, Londres.

- MÉTODO DE OBSERVAÇÃO NATURALISTA: recolha de respostas


comportamentais, sob condições controladas de observação (medidas
físicas e sensoriais); aplicação da estatística (ex: correlação)
- OBJETO DA PSICOLOGIA DE GALTON: respostas moleculares – sensoriais
(acuidade, discriminação visual, auditiva, etc) e motoras (força física,
tempos de reação, etc)
- OBJETIVO DA PSICOLOGIA DE GALTON: estudo da hereditariedade do
“génio” (ex: correlacionar medidas entre membros da mesma família)
- ORIENTAÇÃO TEÓRICA: Analítica e atomista. Forte influência da Teoria de
Evolução das Espécies de DARWIN.
As “duas disciplinas” da Psicologia Científica
Cronbach (1957, 1975)

PSICOLOGIA EXPERIMENTAL
PSICOLOGIA CORRELACIONAL (DIFERENCIAL / INDIVIDUAL)
Cronbach (1957, 1975): denuncia separação até então, dos dois domínios
(1957) https://psychclassics.yorku.ca/Cronbach/Disciplines/
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL PSICOLOGIA CORRELACIONAL
- Observação laboratorial - Observação naturalista
- Inspirada nos métodos das ciências físicas - Inspirada no método de observação em
(laboratoriais) condições naturais da Biologia (Darwin)
- Manipulação sistemática de VI (estímulos - Sem manipulação de VI; condições
diferentes) e observação de respostas na VD estandardizadas (estímulos idênticos) de
(diferentes respostas em função dos estímulos) observação de diversas VD (diferentes respostas)
- Diferenças na VD devem-se à variação das VI (às - Diferenças nas VD devem-se a diferenças
situações ou tratamentos) individuais (aos indivíduos)
- Variáveis parasitas: individuais - Variáveis parasitas: situacionais
- Procura eliminar as diferenças individuais - Procura estudar as diferenças individuais
As “duas disciplinas” da Psicologia Científica
Cronbach (1957, 1975)

PSICOLOGIA EXPERIMENTAL PSICOLOGIA CORRELACIONAL


- Observação laboratorial - Observação naturalista
- Inspirada nos métodos das ciências físicas - Inspirada no método de observação em condições
(laboratoriais) naturais da Biologia (Darwin)
- Manipulação sistemática de VI (estímulos - Sem manipulação de VI; condições
diferentes) e observação de respostas na VD estandardizadas (estímulos idênticos) de
(diferentes respostas em função dos estímulos) observação de diversas VD (diferentes respostas)
- Diferenças na VD devem-se à variação das VI (às - Diferenças nas VD devem-se a diferenças
situações ou tratamentos) individuais (aos indivíduos)
- Variáveis parasitas: individuais - Variáveis parasitas: situacionais
- Procura eliminar as diferenças individuais - Procura estudar as diferenças individuais
Estudo da relação VI – VD favorece… Estudo multivariado de variáveis de resposta…
- estudo de variáveis elementares ou moleculares - estudo de variáveis complexas (redes de variáveis)
- que as diferenças individuais sejam ignoradas - que as diferenças individuais sejam estudadas
- desinteresse por constructos latentes (pelo - interesse por constructos latentes e diferenciais –
interior da “caixa negra” do behaviorista) como a INTELIGÊNCIA (pelo interior da “caixa negra”)
Quadros de Referência da PSIC. da INTELIGÊNCIA

• METÁFORAS DA INVESTIGAÇÃO
DA INTELIGÊNCIA
(Sternberg,1990)

• PARADIGMAS DA INVESTIGAÇÃO
DA INTELIGÊNCIA
(Miranda, 1986)
PSICOLOGIA da INTELIGÊNCIA:
METÁFORAS / PARADIGMAS DA INVESTIGAÇÃO
Maria José Miranda, 1986 Robert Sternberg, 1990

Paradigmas Metáforas
Biológico ou Neurobiológico Biológica (biologia da Inteligência – mundo interno)

Diferencial (Correlacional) Geográfica (mapa; organização, estrutura da inteligência – mundo interno)

Sociológica (génese da inteligência – mundo externo)

Psicogenético Epistemológica (génese da inteligência – mundo interno)

Informacional Computacional (mecanismos/processos da inteligência – mundo interno)

Antropológica (contexto da inteligência – mundo externo)

Sistémica (“todo” da inteligência – interação mundos interno X externo)


PSICOLOGIA da INTELIGÊNCIA:
grandes METÁFORAS DA INVESTIGAÇÃO (Sternberg, 1990)
Freud Pavlov
Psicanálise Reflexologia
Watson……Skinner Piaget Rogers Neisser Bronfenbrenner
Wundt Ecologia humana
Behaviorismo Epistem.Genética Chomsky
Lab.Leipzig Vygotsky
Estruturalismo Wertheimer Humanismo Contextualismo Integrativismo
Funcionalismo Gestaltismo Construtivismo Cognitivismo Sistemismo
1879 1900 1912… ~1920-30 ~1940 ~1950… ~1960… 1980 2000…
* * * * * * *
Metáfora Biológica ------------------------------------------------------- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ------------------- >
Metáfora Geográfica----------------------------------------------------------------------- - - - - - - - - - - - - - - - - - ------- - - - - >
Metáfora Sociológica------------------------------- - - - - - - - - --------------------------- >
Metáfora Epistemológica---------------------------------------------------------------- >
Metáfora Computacional------------------ - - - - --- >
Metáfora Antropológica------------ >
Metáfora Sistémica---- >
Metáfora GEOGRÁFICA
Paradigma DIFERENCIAL

ENQUADRA-SE NA PSICOLOGIA CORRELACIONAL - contribui para a sua origem e afirmação

DESCREVE A ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA - O MAPA - DA INTELIGÊNCIA (Geográfica)

PARTE DA CONSTATAÇÃO DE DIFERENÇAS INDIVIDUAIS EM TAREFAS COGNITIVAS (Diferencial)

RECORRE A MÉTODOS DE ANÁLISE MULTIVARIADA (CORRELAÇÕES) (Correlacional / Fatorial)

FUNDAMENTA AS NOÇÕES MAIS CLÁSSICAS DE INTª GERAL E DE APTIDÕES (Dimensional)

FUNDAMENTA A MEDIÇÃO CLÁSSICA DA INTELIGÊNCIA COM TÉCNICAS DIFERENCIAIS


(EX: Testes de Inteligência Geral (QI); Testes de Fator g; Baterias de Aptidões) (Quantitativa)
Metáfora GEOGRÁFICA
Paradigma DIFERENCIAL

- Origem e motor da evolução da PSICOLOGIA CORRELACIONAL


- Uma das mais antigas abordagens psicológicas da INTELIGÊNCIA
- Uma das que deu mais contributos à delimitação, definição e medida
- A que está na base dos mais utilizados INSTRUMENTOS DE MEDIDA da
inteligência
- A que está na base da maioria das teorias formais da INTELIGÊNCIA
- Uma das que gerou e gera mais polémica
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
ORIGEM: Francis GALTON (1822-1911) (Inglaterra)

 interesse pelo estudo do “GÉNIO”


 Interesse pelo estudo da “HEREDITARIEDADE”

CONTRIBUTOS METODOLÓGICOS:
- Instrumentos de observação, inspirados nos utilizados pelos Psicofísicos:
“TESTES DE GALTON” (medição de “variáveis moleculares”)
- Interesse pelo estudo de grandes amostras: aplicação da ESTATÍSTICA
- Curva de Laplace-Gauss (NORMAL) como paradigma da distribuição das variáveis
antropométricas
- Introdução da noção e de um método de estimação da CORRELAÇÃO (Spearman e Pearson)
- Introdução de Métodos de Investigação HEREDITARIEDADE / MEIO
ÁRVORE GENEALÓGICA, GÉMEOS, ADOPÇÃO, INSTITUCIONALIZAÇÃO
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
Francis GALTON (1822-1911) (Inglaterra)

CONTRIBUTOS TEÓRICOS:
- Conceptualização empirista da INTELIGÊNCIA (do GÉNIO): medidas
sensoriais e psicomotoras são medidas indiretas da inteligência

- Proposta de um modelo explicativo para as diferenças individuais do


“poder do intelecto”: HEREDITARIEDADE

- Defesa da “SELEÇÃO ARTIFICIAL”: uma proposta de controlo sistemático da


reprodução tendo em vista acelerar o processo de evolução da espécie e promover a
sobrevivência e reprodução dos mais inteligentes

- EUGENIA: palavra cunhada por Galton. Ainda que movido por propósitos científicos e
biológicos, mais do que sociais, trata-se do mais contestado contributo deste autor.
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
Charles SPEARMAN (1863-1945) (Inglaterra)

CONTRIBUTOS
- Elaboração matemática do Coeficiente de Correlação Ordinal
(PEARSON – elaboração do Coeficiente de Correlação Momento-Produto)
- Identificação do fenómeno positive manifold
- Proposta do primeiro método de análise de matrizes de intercorrelações:
MÉTODO DE ANÁLISE DAS EQUAÇÕES TÉTRADAS (Análise Fatorial)
- Fator geral (“g”) e TEORIA BI-FATORIAL (1904)
- Teoria da NOEGÉNESE (1927)
- Proposta de um novo domínio da Psicologia: “PSICOLOGIA CORRELACIONAL”
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
James McKeen CATTELL (1860-1944) (Alemanha, Inglaterra, EUA)

CONTRIBUTOS
- Dissidente do Laboratório de Leipzig, estudo das diferenças
individuais nos tempos de reação (1886); estudou com GALTON
- Introdução dos “Testes Mentais” (1890) do tipo dos testes de Galton
nos EUA
- Uso de “Testes Mentais” na seleção para o Ensino Superior  FRACASSO (Wissler,
1901): Correlações próximas de 0 entre os resultados dos testes e notas
académicas
- Estabelecimento de uma “Psicologia Aplicada”
- Impulso à implantação da profissão de “Psicólogo” (Co-fundador APA, Fundador e
Editor de Revistas Científicas, como a “Science”, Fundador de Empresas de Serviços de
Psicologia)
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
Alfred BINET (1857-1911) (França)

CONTRIBUTOS
- Proposta de uma nova fundamentação para a medida da inteligência:
medida do “Nível Mental” através do confronto com tarefas e problemas
típicos de determinada idade (inicialmente: entrada na escola)
- Inteligência entendida como processo “molar” (amplo e complexo) e não como
somatório de funções “moleculares”, sensoriais e psicomotoras (Binet & Henri, 1896)
- Criação de um método objetivo de identificação de crianças “atrasadas mentais”,
com necessidade de ensino especializado, com base na medida de compreensão,
resolução de problemas, pensamento lógico e analógico
- ESCALA MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA BINET-SIMON (Binet & Simon,1905, 1908, 1911)
- “Ortopedia Mental”: programas educacionais para crianças com atraso mental
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
William STERN (1871-1938) (Alemanha)

CONTRIBUTOS
- Proposta do primeiro índice de medida da Inteligência:
QI de razão (1912):
QI = IM / IC

IM = Idade Mental, obtida na Escala Métrica de Inteligência


IC = Idade Cronológica, idade real da criança

- Delimitação dos objetivos e do programa de investigação do novo domínio que


designa de PSICOLOGIA DIFERENCIAL (1900) (PSICOLOGIA CORRELACIONAL)
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
Henry GODDARD (1866-1957) (EUA)

CONTRIBUTOS

- Diretor do Laboratório de Investigação do Atraso Mental, New Jersey


- Primeira tradução da ESC. MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA 1908 para inglês:
medida oficial da Inteligência até 1916, nos EUA
- Inteligência entendida como hereditária: defesa das “medidas da inteligência”
como métodos com aplicação nas políticas de imigração
- Associação entre a inteligência e a “degeneração social”; desenvolvimento de
legislação eugénica (controlo sistemático da reprodução)
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
Lewis TERMAN (1877-1956) (EUA)

CONTRIBUTOS

- Professor de Estudos da Criança na Universidade de Stanford


- Segunda e mais importante tradução da ESC. MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA
DE BINET & SIMON para inglês: STANFORD-BINET INTELLIGENCE SCALE
(1916)
- Ampliação à idade adulta
- Adoção do QI de Razão aperfeiçoado:

QI = IM / IC x 100

- Edições S-B: 1937 (L / M); 1960 (LM); 1973 (3rdEd.); 1986 (4thEd.); 2003 (5thEd.)
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL

FATORES SOCIAIS / ECONÓMICOS: Séc.XIXXX

- Pressões Sociais no sentido de desenvolver a MEDIÇÃO DA INTELIGÊNCIA:


Consequências remotas da “Revolução Industrial”: industrialização e nova
organização do trabalho (artesanato  indústria  produção em série)
- Diagnóstico do “Atraso mental”: dificuldades de adaptação à escola - ensino
obrigatório – ou aos contextos de trabalho; Psicologia Clínica (testes individuais)
- Seleção / colocação profissional: “organização científica do trabalho”
“Taylorismo”(1911) – F.Taylor (1856-1915) - “Colocar o homem certo no lugar certo”
- Orientação Profissional: fundamento da escolha de uma profissão
- Formação Profissional: seleção para formação
- Seleção e colocação militar: esforço de guerra, quando em 1917 os EUA entram na
I G.Guerra Mundial)  necessidade de testes coletivos
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
Robert YERKES (1876-1956) (EUA)

CONTRIBUTOS

- I Grande Guerra: Proposta de utilização de testes psicológicos para


facilitar a seleção de oficiais e para não alistar recrutas deficientes
mentais
- Army Testing Program (1917): programa de criação e estudo na população de dois
testes de Inteligência de aplicação coletiva (ao contrário da S-B):
- ARMY ALPHA (verbal; para a população escolarizada)
- ARMY BETA (figurativo; para a população analfabeta)
- 1917-1919: mais de 2 milhões de homens avaliados (projeção da profissão de
Psicólogo, por via do sucesso dos Testes de Inteligência)
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
~1920: ESTADO DA ARTE NO DOMÍNIO
- Existem contextos sociais diversos em que se usam Testes de Inteligência:
testes são usados em contextos de aplicação da Psicologia – clínico,
educacional, organizacional – e com finalidades de gestão social (ex: imigração)
- Existem já alguns Testes de Inteligência de aplicação individual
(- Testes de Galton e Testes Mentais de McKeen Cattell)
- Escala Métrica de Inteligência de Binet e Simon (1911) (França)
- Escala de Stanford-Binet (1916) (EUA)
- Testes Coletivos de Inteligência: Army Alpha e Army Beta
- Começa a despontar a indústria do Testing: estímulo à PSICOMETRIA;
profusa construção e aperfeiçoamento dos instrumentos de avaliação da
Inteligência (e outros); elevado pragmatismo (validação de critério)
MAS…que sabem os investigadores sobre O QUE É A INTELIGÊNCIA?
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
BINET & SIMON: definições de INTELIGÊNCIA

- Aquilo a que chamamos inteligência, no sentido estrito do termo,


consiste em dois processos principais: primeiro, perceber o mundo
exterior e, depois, reintegrar as perceções na memória, trabalhá-las e
pensar sobre elas.” (Binet, 1890)

- Três critérios do pensamento inteligente:


(a) a direção, tomar e manter um determinado rumo (set) mental
(identificar o que há a fazer e como o fazer);
(b) a adaptação, adaptar o pensamento tendo em vista alcançar um fim
determinado (selecionar e monitorizar uma estratégia durante a
resolução do problema); e
(c) a crítica (ou controlo), assumir uma atitude crítica relativamente ao
próprio pensamento e corrigi-lo, quando necessário (Binet e Simon, 1909)
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
BINET & SIMON: definições de INTELIGÊNCIA

- […] compreensão, invenção, direção e censura, a inteligência liga-se a


estas quatro palavras (Binet e Simon, 1909)

“[…] há uma faculdade fundamental na inteligência cuja alteração ou


ausência é da maior relevância para a vida prática. Esta faculdade é o
julgamento, também designado bom-senso, sentido prático, iniciativa,
capacidade de adaptação de si próprio às circunstâncias. Julgar bem,
compreender bem e raciocinar bem são as atividades essenciais da
inteligência” (Binet & Simon, 1916)

Em suma: são atributos fundamentais da INTELIGÊNCIA, segundo Binet &


Simon:
DIREÇÃO; ADAPTAÇÃO; JULGAMENTO; PENSAMENTO CRÍTICO
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
David WECHSLER (1896-1981) (EUA)

(1939  ESCALAS DE INTELIGÊNCIA (testes mais utilizados internacionalmente)


Inteligência é…

…o “agregado ou capacidade global do indivíduo para agir


finalizadamente, pensar racionalmente e proceder com
eficiência em relação ao meio.” (Wechsler, 1944, p.3)

…a “capacidade do indivíduo para compreender o mundo à


sua volta e os recursos de que dispõe para enfrentar os
seus desafios.” (Wechsler, 1975, p.139)
( AULAS TEÓRICO-PRÁTICAS e PRÁTICAS: Mª João Santos)
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
1921: Simpósio Escrito (Edward THORNDIKE et al., 1921)

Journal of Educational Psychology


14 Psicólogos Educacionais, especialistas em INTELIGÊNCIA, definiram
INTELIGÊNCIA
 Componentes de nível elevado (raciocínio abstrato, representações, resolução de
problemas, tomada de decisão) (57%);
 Adaptação tendo em vista responder adequadamente às exigências do meio (29%);
 Capacidade de aprendizagem (29%);
 Mecanismos fisiológicos (29%);
 Processos elementares (perceção, sensação atenção) (21%);
 Eficácia do comportamento (21%)
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
1921: Simpósio Escrito (Edward THORNDIKE et al., 1921)

EXEMPLOS DE DEFINIÇÕES (não alcançaram uma definição consensual)


 “capacidade de aprender” (Buckingham);
 “capacidade de aprender e de aprender com a experiência” (Dearborn)
 “mecanismo biológico responsável pela integração dos estímulos e pelo seu efeito
 unificado no comportamento” (Peterson);
 “capacidade de adaptação a situações novas” (Pintner);
 “capacidade de pensamento abstrato” (Terman);
 “poder das boas respostas, dos pontos de vista da verdade ou dos factos”
 (Thorndike);
 “capacidade de adquirir capacidade” (Woodrow).
Metáfora GEOGRÁFICA / Paradigma DIFERENCIAL
Edwin BORING (1886-1968) : definição operacional

A muitos construtores de testes, nos anos 20-30,


satisfazia a definição operacional de Boring (1923):

“Inteligência é o que os testes de QI medem.”


Os psicólogos já construíam há muito testes de inteligência mas ainda
não tinham alcançado uma definição conceptual de INTELIGÊNCIA.

De ~1930 – ~1970: em busca do que medem os Testes de Inteligência

ABORDAGEM FATORIAL DA COGNIÇÃO


Leituras recomendadas:

Texto Cap./ Pág.


Afonso, M.J. (2007). Paradigmas Diferencial e Sistémico de Avaliação da Inteligência. Perspetivas sobre o Cap. 1
Lugar e o Sentido do Constructo. (Inteligência Humana: do Conceito ao Constructo) (25-80)

Cianciolo, A.T. & Sternberg, R.J. (2004). Intelligence. A Brief History. Cap. 1
(Chapter 1. The Nature of Intelligence) (1-29)

Mackintosh, N.J.(2011). History of Theories and Measurement of Intelligence. In R.J. Sternberg & S.B. Cap. 1
Kaufman, The Cambridge Handbook os Intelligence. (3-19)

Sternberg, R.J. (1990). Metaphors of Mind: Conceptions of the Nature of Intelligence. Cap. 1
(Chapter 1. Metaphors as Foundations for Theories of Intelligence) (3-19)
(Chapter 3. Contemporary Views of Intelligence) Cap. 3
(33-68)

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