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Unidade: RESPOSTA

IMUNOLÓGICA ADQUIRIDA
Unidade I:

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Unidade: RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADQUIRIDA

A resposta imune adquirida é caracterizada por ocorrer em períodos


mais tardios após o contato com um agente agressor e de ter a participação
dos linfócitos como as células efetoras desta reação.
Antes de descrevermos os mecanismos envolvidos neste processo
imune, é necessário a apresentação de dados e definições que serão utilizados
nesta e nas próximas unidades do curso.
Está empolgado? Então vamos lá!

LINFÓCITOS

Conforme já descrito na Unidade I e II, os linfócitos são células brancas


do sangue (leucócitos), produzidos na medula óssea e que, ao migrarem para
os órgãos linfoides povoam estes tecidos perpetuando suas linhagens.
A morfologia, marcadores de membrana e, principalmente a função
desempenhada por estas células permitem que sejam divididas em 3
subpopulações:
 Linfócitos T;
 Linfócitos B e
 Linfócitos NK

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Linfócitos T

Os Linfócitos T são assim denominados por sofrerem maturação e


seleção no Timo. Possuem receptores em sua membrana denominados TCR
(T cell receptor). Cada clone de linfócitos possui receptor específico para um
antígeno. O conjunto de todos os clones formam o repertório de linfócitos
capaz de responder aos mais diversos tipos de antígenos.
Devido à presença de marcadores de membrana, isto é, a presença de
uma determinada proteína na superfície da célula, podem ainda ser
subdivididos em Linfócitos TCD8+ e TCD4+.

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Linfócitos TCD8 + (Tc)

Os Linfócitos TCD8+ são denominados também como linfócitos


Tcitotóxicos. São assim conhecidos, pois possuem em seu interior grânulos
citoplasmáticos preenchidos por compostos capazes de causar a morte da
célula afetada. Dentre estes compostos destaca-se a ação da perforina e
granzimas.
Atacam diretamente as células alvo, ou seja, células que possuam
antígenos endógenos, isto é, infectadas por vírus (ou qualquer microrganismo
intracelular) e células tumorais.
Após se ligar a célula alvo por meio de seu receptor de membrana, o
linfócito TCD8+ libera perforina e granzimas.
A perforina está envolvida com a formação de poros na célula alvo,
causando sua eliminação por meio da lise osmótica (entrada de grande
quantidade de água na célula), já as granzimas são associadas à ativação do
processo de apoptose da célula em questão.

Linfócitos TCD4+ (Thelper ou T auxiliar)

Esta subpopulação de linfócitos, também denominada Thelper ou


Tauxiliar não elimina antígenos ou células alvo diretamente, mas possui a
importante função de liberar hormônios – citocinas – capazes de estimular

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vários tipos celulares, tais como: macrófagos, linfócitos TCD8+ e linfócitos
B, possibilitando a ampliação e manutenção da ativação da resposta imune
adaptativa.
Indivíduos infectados pelo vírus HIV possuem este tipo celular afetado.
Por esta razão, quando este grupo de células é eliminado pela ação do vírus, o
organismo fica totalmente desprotegido, pois perde a capacidade de estimular
os outros grupos celulares da resposta imune, caracterizando o quadro de
imunosupressão.

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Linfócitos NK (Células NK)

É o único tipo de linfócito que participa da resposta imune natural. Para


que não ocorra qualquer tipo de equívoco, é mais conhecida como célula NK.
A ação deste grupo celular é idêntica à descrita em relação aos
linfócitos TCD8+, porém, como elimina células alvo independente da presença
de moléculas de MHC de classe I assim como de uma prévia ativação da
resposta imune, sua atividade é classificada como citotoxicidade natural.

Linfócitos B

Os linfócitos B são produzidos e liberados pela medula óssea, quando


então povoam os órgãos linfóides secundários.
Este grupo celular após ativado é transformado em plasmócito e é
responsável pela produção de anticorpos (imunoglobulinas), que são
proteínas associadas a resposta imune adaptativa, uma vez que estas
moléculas são produzidas para ligar-se especificamente a um antígeno.

ESTRUTURA DAS MOLÉCULAS DE ANTICORPOS

A molécula de anticorpo de todos os isótipos é esquematizada por um


modelo básico, composto por duas cadeias polipeptídicas leves e duas cadeias

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pesadas, sendo ligadas entre si por pontes dissulfídicas.
As regiões formadas pela união entre as cadeias leves e pesadas são
denominadas sítios combinatórios, sendo os locais em que ocorre a interação
do antígeno com as moléculas de anticorpos.

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Esquema de uma molécula de anticorpo
Fonte: http://mmspf.msdonline.com.br/

Porção Fab ou variável da molécula de anticorpo


A porção Fab da molécula de anticorpo é aquela que possui os sítios de
ligação ao antígeno.
Esta região varia de um linfócito B pertencente a um clone para outro,
formando assim o repertório de linfócitos B capaz de reconhecer diversos
antígenos distintos.

Porção Fc da molécula de anticorpos

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Quando a molécula de anticorpo se liga ao antígeno específico, o faz
pela porção Fab, ficando então a porção Fc voltada para o lado de fora.
Esta porção da molécula de anticorpos possui como características:
 Possuir receptores para macrófagos, facilitando o processo da
fagocitose;
 Possui receptores para molécula do sistema complemento, ativando
este mecanismo de defesa pela via clássica;
 Possui receptor para células NK, facilitando a eliminação de células alvo;
 Eosinófilos, basófilos e mastócitos possuem receptores para a porção Fc
de IgE que, ao ligar-se à membrana destes grupos celulares preparam-

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nas para o desenvolvimento do processo alérgico.

Levando-se em consideração a estrutura da molécula e as


características gerais, os anticorpos podem ser classificados em 5 isótipos –
ou classes:
Essas classes são: IgG, IgA, IgM, IgD, IgE.
 Imunoglobulina M (IgM) – Trata-se de uma molécula grande
(pentâmero), sendo produzida ainda na fase aguda dos processos
infecciosos. Possui baixa especificidade na ligação ao antígeno e é
incapaz de atravessar a barreira placentária. Possui a capacidade de
ativar o sistema complemento.

 Imunoglobulina G (IgG) – É uma molécula pequena (monômero),


sendo a única classe de anticorpos humano capaz de atravessar a
barreira placentária. É um marcador de fase crônica dos processos
infecciosos, sendo encontrado também após a imunização por meio de
vacinas. A pesquisa de IgG também é realizada para se determinar se o
indivíduo entrou em contato com um determinado patógeno, pois, uma
vez produzido, este isótipo estará sempre presente na circulação do
indivíduo em questão, caracterizando o processo denominado cicatriz
sorológica. Como a IgM a IgG possui a capacidade de ativar o sistema
complemento pela via clássica.

 Imunoglobulina A (IgA) – É o isótipo encontrado em maior Unidade: RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADQUIRIDA


concentração nas secreções, sendo importante na proteção de recém-
nascidos, que recebem este anticorpo pelo aleitamento materno.
Observam-se elevadas concentrações deste anticorpo na saliva,
lágrima, colostro e nos fluidos do trato respiratório, gastrintestinal e
urinário. Nas secreções essa imunoglobulina apresenta na forma de
dímero e contém um componente secretor que impede que ela seja
degrada por enzimas presentes. Não possui a capacidade de ativar
sistema complemento, mas é importante na neutralização de toxinas e
essencial para impedir entrada de microrganismos presentes no meio
extracorpóreo.

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 Imunoglobulina E (IgE) – Elevados títulos deste isótipo são
encontrados em processos alérgicos e infecções parasitárias,
principalmente por helmintos. O papel protetor desta classe de
anticorpos ainda é controverso. Essa imunoglobulina encontra-se ligada
à superfície de mastócitos e basófilos e quando se ligam aos antígenos
liberam mediadores químicos como a histamina, o leucotrienos e a
prostagladinas.

 Imunoglobulina D (IgD) – É encontrada em baixas concentrações em


soros de indivíduos normais e na membrana de linfócitos B em fase de
maturação. O papel biológico deste isótipo ainda é indefinido.

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Esquema dos isótipos de imunoglobulinas
Fonte:http://upload.wikimedia.org/

CITOCINAS

As Citocinas são hormônios produzidos por diversos grupos celulares e


que atuam como mediadores da resposta imunológica.
Cada um destes hormônios possui funções distintas em diversos grupos
celulares, apresentando ação autócrina, ou seja, capaz de interagir com

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receptores da própria célula que a produziu, e ação parácrina, caracterizada
pela capacidade de estimular células de outra linhagem.
As principais funções das citocinas são:
 regular a duração e intensidade das respostas imunes especificas ou
adaptativa;
 recrutar células efetoras para as áreas onde se desenvolvem respostas
imunes;
 induzir a geração e maturação de novas células a partir de percursores.

No quadro abaixo estão listadas algumas das principais citocinas, a


fonte e funções destes compostos.

CITOCINAS: PRINCIPAIS FONTES E FUNÇÕES

citoci Células Principais funções


na produtoras

IL-1 APC e células Estimula linfócitos T, causa


endoteliais febre, participa do processo inflamatório

IL-2 Linfócitos T Estimula linfócitos T, B, NK,


monócitos e macrófagos

IL-5 Linfócitos T Induz a produção de células


sanguíneas

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IL-8 Leucócitos, Estimula a produção de novos
fibroblastos, células vasos sanguíneos, além de atrair
endoteliais neutrófilos e basófilos

IL-10 Linfócitos T, Estimula a proliferação de


monócitos e linfócitos B, timócitos e mastócitos,
macrófagos induz a secreção de citocinas
estimuladoras de linfócitos T ,
monócitos e macrófagos

IL-12 APC Estimula a proliferação de


linfócitos T, induz a secreção de

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citocinas estimuladoras de linfócitos T ,
monócitos e macrófagos

TNF- Monócitos e Estimula a produção de células


α macrófagos, linfócitos sanguíneas, participa da resposta
TeB inflamatória aguda

IFN-γ Linfócitos T e Induz a ativação e proliferação


células NK de linfócitos T, B, células NK,
macrófagos e células endoteliais

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA RESPOSTA


IMUNOLÓGICA ADQUIRIDA

Especificidade: As respostas imunes são específicas para cada


antígeno, podendo apresentar distinção para diferentes porções de uma
proteína complexa, um polissacarídeo ou qualquer macromolécula. As partes
dos antígenos que são reconhecidas pelos linfócitos são denominadas
determinantes antigênicos ou epítopos. Isso ocorre porque o linfócito
apresenta em sua superfície, receptores que são capazes de distinguir
pequenas diferenças entre antígenos distintos.

Diversidade: O repertório linfocitário é o número total de especificidade

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antigênica de um indivíduo e, esse pode ser de 10 7 a 109. Isso significa que um
indivíduo pode reconhecer 10000000 a 1000000000 determinantes antigênicos
diferentes, sendo este número determinado geneticamente.

Memória: Quando um indivíduo entra em contato pela primeira vez com


um antígeno e ocorre a ativação da resposta imune, são produzidas células
com elevada especificidade e poder de proliferação. Caso ocorra uma segunda
estimulação do sistema imune deste indivíduo por este mesmo agente, estas
células de memória originarão rapidamente uma resposta imune
reconhecidamente mais eficaz que a desenvolvida no primeiro contato.

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Especialização: Cada tipo de resposta, isto é, humoral ou celular é
desencadeada por diferentes classes de microrganismos ou pelo mesmo
microrganismo em diferentes estágios da infecção (extracelular ou intracelular),
maximizando a eficiência do tipo de resposta.

Autolimitação: Todas as respostas corporais, desencadeadas por um


determinado estímulo, são autolimitantes; não sendo diferente em relação ao
sistema imune. Após a eliminação do antígeno, os linfócitos deixam de ser
estimulados, cessando a produção de citocinas estimulatórias.

Tolerância a antígenos próprios: A tolerância a antígenos próprios se


dá pela capacidade que o sistema imune tem de eliminar linfócitos que
expressam receptores para antígenos próprios - denominados autoreativos.
Quando os mecanismos de tolerância não são efetivos, ocorre o
desenvolvimento de doenças autoimunes.

MECANISMOS DA RESPOSTA IMUNE ADQUIRIDA

Os mecanismos imunes ocorrem simultaneamente, porém, para efeito


didático, dividiremos a resposta imune em celular (mediada por linfócitos e
macrófagos) e humoral (mediada pela presença de anticorpos)

RESPOSTA IMUNE CELULAR Unidade: RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADQUIRIDA

Antígenos exógenos:

A resposta imune celular inicia-se quando um antígeno exógeno é


fagocitado e seus determinantes antigênicos são expostos na superfície da
APC (célula apresentadora de antígeno) juntamente com uma molécula de
MHC de classe II.
Lembre-se do final da unidade 2 foi descrito sobre o processamento e
apresentação de antígenos pelo complexo principal de histocompatibilidade.

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Ao ser drenado para o órgão linfóide próximo, os linfócitos T e B que
possuem receptores específicos ao antígeno em questão são ativados e
iniciam o processo de proliferação, ampliando o clone celular.
A ativação destes linfócitos leva a produção e liberação de vários tipos
de citocinas, que terão como função a estimulação de grupos celulares
distintos, como os monócitos e macrófagos (elevando o poder de fagocitose),
linfócitos T (para continuar a produzir e liberar citocinas) e linfócitos B
(responsáveis pela produção de anticorpos – assunto abordado na resposta
imune humoral).
A estimulação de monócitos e macrófagos provocada pela ação de
citocinas liberadas por linfócitos T causa o processo conhecido como explosão
respiratória ou “burst” respiratório, que é caracterizado por:
 Maior poder de fagocitose;
 Maior consumo de oxigênio pelos macrófagos;
 Produção e liberação de radicais livres para o interior do vacúolo
fagocitário;
 Produção de NO – óxido nítrico.
Todas estas alterações que ocorrem nos macrófagos ativados pela ação
das citocinas liberadas pelos linfócitos, ocasionam um maior poder
microbicida.

Antígenos endógenos:

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Os mecanismos responsáveis pela eliminação de antígenos endógenos
são iniciados quando os receptores presentes na superfície dos linfócitos
TCD8+ reconhecem, especificamente, antígenos presentes na célula alvo
juntamente com uma molécula de MHC de classe I.
Os linfócitos TCD8+ são células efetoras, isto é, são capazes de eliminar
diretamente as células infectadas por antígenos endógenos e células tumorais
por meio da liberação de seus compostos químicos: Perforina e granzimas.
A perforina provoca a formação de poros na célula alvo (por exemplo,
uma célula infectada por vírus), causando sua eliminação por meio da lise
osmótica (entrada de grande quantidade de água na célula), já as granzimas

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são associadas à ativação do processo de apoptose da célula.
O processo de apoptose provoca a morte natural da célula. A célula
sofre alterações morfológicas características: perda de aderência com a matriz
extracelular e células vizinhas, condensação da cromatina, fragmentação do
DNA e formação dos corpos apoptóticos. Esses corpos apoptóticos serão
reconhecidos e fagocitados pelos leucócitos.
Embora o reconhecimento do antígeno seja necessário, para que a
ativação dos linfócitos TCD8+ seja completa é indispensável a ação de
citocinas liberadas por linfócitos Thelper, destacando mais uma vez a
necessidade da ativação dos linfócitos TCD4+.

RESPOSTA IMUNE HUMORAL

Os linfócitos B possuem em sua superfície moléculas de anticorpos


específicos a um antígeno. Quando estas células encontram o antígeno
específico, ocorre a ativação e expansão do clone celular. Além do aumento do
número de células capaz de reagir contra o antígeno, os linfócitos B sofrem
alterações morfológicas, transformando-se em plasmócitos. Essas células
transformadas em plasmócitos são capazes de produzir e secretar anticorpos.
O primeiro contato com o antígeno (resposta primária) leva a produção
de anticorpos vários dias – podendo demorar semanas – após o estímulo.
Estes anticorpos pertencem a classe IgM. Isto ocorre, pois o número de

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linfócitos específicos a um determinado antígeno (clone celular) é reduzido.
Com o passar do tempo, ocorre a troca do isótipo de imunoglobulina, ou seja,
os plasmócitos param de produzir IgM e passam a produzir IgG, uma molécula
com especificidade elevada.
Após a eliminação do estímulo, a resposta imune cessa, porém o clone
celular foi ampliado, e, ao longo da vida do indivíduo, continuará a produzir
baixas concentrações de anticorpos da classe IgG, caracterizando a cicatriz
sorológica.
Em um segundo contato com este mesmo antígeno (resposta
secundária), estas células de memória serão rapidamente ativadas, sendo
capazes de produzir elevadas concentrações de anticorpos de elevada

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especificidade em um espaço de tempo significativamente inferior ao
observado na resposta primária.

A ativação dos linfócitos B pode ocorrer de duas formas:


 Antígenos timo-dependentes: Necessita da ação de citocinas
liberadas por linfócitos TCD4+ para uma ativação completa dos linfócitos
B.
 Antígenos timo-independentes: Os linfócitos B são ativados
diretamente pela presença do antígeno, sem a necessidade de citocinas
de TCD4+. A ativação de linfócitos B sem a presença de citocinas
liberadas por TCD4+ possui algumas características específicas:
 É uma ativação rápida;
 As moléculas de anticorpos produzidas apresentam baixa
afinidade ao antígeno;
 Não ocorre a troca na produção de isótipos, isto é, ocorre
apenas a produção de IgM, sem que ocorra a produção
posterior de IgG;
 Não ocorre a produção de células de memória.

Ação dos Anticorpos na eliminação de Antígenos

Os anticorpos não possuem capacidade de eliminar antígenos

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diretamente, porém facilitam a eliminação dos mesmos:
 Opsonização antigênica: As moléculas de anticorpos possuem a
capacidade de recobrir a superfície de antígenos, tais como bactérias,
fungos e células alvo. Este mecanismo facilita a fagocitose do antígeno,
uma vez que macrófagos possuem receptores para a porção Fc das
moléculas de anticorpos.
 Ativação do sistema complemento: como observado na unidade 1, a
ativação do sistema complemento pela via clássica requer a ligação
antígeno –anticorpo, pois a porção Fc das moléculas de anticorpo
também possuem receptores para componentes do sistema
complemento. Como resultado dessa ativação pode se ter: formação de

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complexo de ataque a membrana (MAC), opsonização (C3b), produção
de anafilatoxinas, solubilização de complexos imunes, produção de
fatores pró-inflamatórios (C5a, C3a e C4a) e regulação da resposta
imune humoral. Vale destacar que principal consequência dessa
ativação é a formação do MAC com consequente lise de microrganismos
e células alvo.
 Neutralização antigênica: Ao ligar-se a venenos ou toxinas, impede
que estes compostos alcancem o sítio de ligação nas células humanas.

Como descrito anteriormente, a resposta imune humoral e celular


ocorrem simultaneamente, sendo separada apenas para fins didáticos.
Embora estes mecanismos ocorram toda vez que um indivíduo é
acometido por um agente agressor, existem pessoas que, por uma
característica determinada geneticamente, possuem maior capacidade de
desencadear uma resposta imune que tende mais à ativação da resposta
imune celular, determinando um padrão de resposta do tipo Th1. Já os
indivíduos que possuem uma maior capacidade em produzir elevadas
concentrações de anticorpos, apresentam um padrão de resposta do tipo
Th2.
Estas características pessoais são associadas a uma maior ou menor
suscetibilidade frente a algum agente agressor, embora este não seja o único
fator responsável pela cura ou morte dos indivíduos acometidos.

IMUNIZAÇÃO Unidade: RESPOSTA IMUNOLÓGICA ADQUIRIDA

Como discutido anteriormente, quando entramos em contato com


microrganismos nosso sistema imunológico é ativado, necessitando de um
período mínimo de quatro semanas para que todas as reações possam ser
finalizadas. Dependendo da intensidade da agressão exercida pelo patógeno,
este período pode determinar a morte do indivíduo. Assim, é importante que
nosso organismo esteja protegido contra determinados microrganismos mesmo
antes do nosso primeiro contato com o agente agressor; este processo é
denominado imunização.

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A imunização pode ocorrer por dois processos:
Imunização passiva;
Imunização ativa.

IMUNIZAÇÃO PASSIVA

Conforme o nome já sugere, neste processo o sistema imunológico do


indivíduo não é estimulado, pois recebe moléculas de anticorpos prontas (pré-
formadas) ou células sensibilizadas.
As principais características deste tipo de imunização são:
 É de ação rápida, pois os componentes são fornecidos prontos para
reagir com o agente agressor;
 Possui elevada especificidade;
 Não apresenta ação duradoura, pois não houve a produção de células
de memória uma vez que o sistema imune do indivíduo não foi
estimulado.

A imunização passiva ainda se divide em natural e artificial:

Imunização passiva natural:


É aquela que ocorre pela passagem de moléculas de anticorpos da
classe IgG da mãe para o feto em desenvolvimento ao longo do processo

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gestacional e de moléculas de IgA durante a amamentação.
Dados experimentais e epidemiológicos demonstram que este tipo de
imunização possui elevada importância na proteção da criança nos primeiros
períodos de vida.

Imunização passiva artificial:


É o tipo de imunização empregado nos processos em que há a
necessidade de se eliminar rapidamente um determinado agente agressor,
como, por exemplo, nos casos dos envenenamentos por picada de animais
peçonhentos.

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IMUNIZAÇÃO ATIVA

É o tipo de imunização em que o sistema imunológico do indivíduo é


estimulado, tendo como principais características:
 Elevada especificidade,
 Necessita de um período de tempo para sua formação,
 Possui ação duradoura, pois ocorre a produção de células de memória.

A imunização ativa também se divide em natural e artificial:

Imunização ativa natural:


É desenvolvida pelo contato do indivíduo com o agente agressor,
observado nos processos infecciosos. Exemplos: gripe, infecção alimentar,
parasitose como ascaridíase, entre outras.

Imunização ativa artificial:

Este processo de imunização ocorre quando o indivíduo é vacinado,


sendo que as vacinas podem conter imunógenos inertes (microrganismos
mortos) ou com virulência atenuada, ou ainda possuir partes de
microrganismos.
Observe que na imunização ativa o nosso corpo esta entrando em

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contato com o antígeno e nosso sistema imune será ativado e produzirá célula
de memória, como nos casos de processos infecciosos e na vacinação. Por
outro lado, na imunização passiva nosso organismo recebe os anticorpos ou
componentes prontos para agir, e não há produção de célula de memória.
Exemplos desse tipo de imunização é a amamentação e o soro antiofídico.

Você acabou de estudar a unidade de imunidade adquirida. Releia o


texto, faça um resumo, veja na leitura complementar os vídeos.

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Referências

ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; POBER, J. S. Imunologia Celular e


Molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
BALESTIERI, F. M. P. Imunologia. Barueri, SP: Manole, 2006.
CALICH, V.; VAZ, C. Imunologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2008.
LEVINSON, W.; JAWETZ, E. Microbiologia Medica e Imunologia. 21.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

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Responsável pelo Conteúdo:
Profa Denise Vilas Boas
Revisão Textual:
Profª Dra. Patricia Silvestre Leite Di Iorio

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