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Orientações para

intervenções em
imóveis protegidos
Centro Histórico de
Porto Nacional - TO
Porto Nacional em Tocantins:
Patrimônio Nacional

Ao Centro Histórico de Porto Nacional é atribuído valor cultural


histórico por contribuir para a história do Brasil ligada ao ciclo do
ouro, por fazer parte do último território de acesso à exploração
aurífera no Brasil Central e início do ciclo do gado, e também devido
à influência dos dominicanos na formação da cultura local.

O processo de urbanização do centro histórico de Porto Nacional se


originou da importância comercial e portuária do núcleo urbano às
margens do Rio Tocantins, que conectava regiões próximas e áreas
mais distantes como o Pará e o Maranhão. Sem esquecer a
importância exercida pelas áreas mineradoras circunvizinhas, de
onde partiram grupos populacionais que adensaram o núcleo nos
primeiros momentos da sua história.

Os casarios em sua maioria foram construídos utilizando as técnicas


tradicionais da arquitetura de terra, com paredes de adobe apoiadas
nas fundações de pedra tapiocanga, e telhado de barro com
estrutura de madeira. Há predominância de construções térreas,
compostas por fachadas com frisos, portas e janelas de madeira
com molduras e a presença de beiras-seveiras, contribuindo para
uma paisagem singela e singular.

A arquitetura religiosa difere do conjunto arquitetônico com a


imponente Catedral de Nossa Senhora das Mercês, construída pelos
frades dominicanos com estilo românico, destacando-se na
paisagem urbana. Além da Catedral, podemos destacar os edifícios
que abrigam o Seminário, a Cúria Diocesana e o Caetanato, hoje
sede da Comsaúde.
O Iphan e o tombamento
em Porto Nacional

O Iphan é o Órgão responsável por preservar o patrimônio cultural e


artístico brasileiro e para atingir esse objetivo, realiza ações de
proteção, como o uso do instrumento do tombamento.

O Centro Histórico de Porto Nacional foi tombado em 27 de


novembro de 2008 através do Processo nº 1.553-T-08, e é inscrito no
Livro de Tombo Histórico, por contribuir para a história do Brasil
ligada ao ciclo do ouro e sua consequente expansão territorial.

Em tombamentos de conjuntos urbanos, como é o caso de PORTO


NACIONAL, as casas, ruas e praças que estiverem dentro da área
estabelecida, passam a ser protegidas para garantir que as futuras
gerações conheçam sua história. Dessa forma, o Iphan precisa estar
ciente antecipadamente de todas as alterações pretendidas nesses
bens, de modo que seus elementos característicos que atribuem
valor sejam preservados.

Assim, o objetivo deste informativo é orientar sobre os


procedimentos para execução de serviços de conservação em casas
inseridas na área tombada, e informar sobre como se dá a consulta e
autorização do Iphan.
Prezado morador e usuário
de um bem cultural

Havendo o desejo de realizar reforma ou vendo a necessidade de


recuperar seu imóvel, o primeiro passo é procurar o IPHAN tendo em
mãos seus documentos pessoais e comprovante de propriedade ou
de ocupação do imóvel.

Em alguns casos, como de alguns serviços de manutenção, não há


necessidade de manifestação oficial do Iphan. Contudo, dependendo
do tipo de intervenção que se pretende realizar, é preciso formalizar o
pedido a ser analisado pela equipe técnica do órgão.

Ao dar entrada em um requerimento de reforma, recuperação ou


construção de nova edificação, este será analisado, sendo emitido,
quando aprovado, uma autorização para execução dos serviços.

Assim, o responsável pelo imóvel e também o responsável técnico


pela intervenção (arquiteto ou engenheiro civil) ficam instruídos a
seguir as indicações do processo de autorização.

Esse procedimento é regido pela Portaria nº 420, de 22 de dezembro


de 2010, sendo importante para que se tenha um registro histórico
das intervenções ocorridas em cada imóvel, bem como para
resguardar os envolvidos (dono do imóvel, profissional responsável
pela obra e técnicos do órgão) no que diz respeito às orientações
fornecidas, com emissão de documentos oficiais, para o caso de
eventuais dúvidas e questionamentos futuros.
O que devo fazer no meu imóvel
como responsável e/ou proprietário?

TELHADO
A conservação preventiva dos telhados deve ser realizada
constantemente, principalmente antes do período chuvoso.
As medidas a serem tomadas devem seguir os passos abaixo e não
precisam de autorização expressa do Iphan:

1 Realizar vistoria do telhado, limpar as calhas e


retirar as goteiras;

2 Substituir algumas telhas quebradas (em pequena quantidade)


para evitar a infiltração de água;

3 Passar produto próprio na madeira para imunização


contra cupins;

4 Se estiver ocorrendo deslizamento de telhas, essas poderão


ser grampeadas umas às outras.
PAREDE

Para a conservação das paredes é importante saber sobre o material de


que são feitas. Nos casos de paredes de adobe, as mais encontradas nas
casas do Centro Histórico de Porto Nacional, é preciso compreender
que o cimento utilizado em reboco não apresenta boa aderência ao
adobe por ser em materiais incompatíveis.

O cimento cria uma barreira para a respiração da parede e todo reparo


feito em reboco com este material, rapidamente começa a se esfarelar
ou soltar da parede.
Para paredes construídas com o adobe, utiliza-se um reboco à base de
cal e areia. Quando se faz uma massa única, um dos mais utilizados é
de 1:3 (cal:areia). O recomendado é preparar a massa e deixá-la
descansar de um dia para o outro antes de ser aplicada.

Observando as informações acima, o responsável pelo imóvel


pode realizar:

1 Recuperação de pequena parte do reboco que estiver


deteriorado, para evitar que o dano se agrave;

2 Renovação de pinturas nas mesmas cores já aprovadas


com tintas à base de cal.

PORTAS E JANELAS
Serviços de conservação de esquadrias podem ser executados,
tais como:

1 Desempenamento de peças de madeira;

2 Substituição de dobradiças, ferrolhos ou pequenas


peças danificadas;

3 Aplicação de produto próprio para imunização de


madeiras contra cupins;

4 Renovação de pinturas nas mesmas cores já aprovadas.


Quando preciso consultar o Iphan
formalmente, protocolando documentos
para análise?
Se os serviços se enquadrarem em Reforma Simplificada e Insta-
lações Provisórias conforme previstos na Portaria nº 420/ 2010, o
procedimento requer a autorização prévia do Iphan para que não haja
a descaracterização do núcleo urbano tombado.

São casos de serviços de conservação ou manutenção que não


causem demolições ou acréscimos, ou seja, que não alterem a forma
do bem, mas que abrangem áreas consideráveis de elementos como
telhados, paredes, janelas, pisos, etc. , tais como:

Telhado
Retirada de todas as telhas para a manutenção (para
substituição de telhas quebradas ou para realizar o
grampeamento); Substituição do tipo de telha; Troca de
peças de madeira da estrutura; Quando houver algum
problema mais grave no telhado como infiltrações;

Parede
Reparos em revestimentos em áreas totais; Quando
apresentar problemas de infiltração ou aparecer alguma
rachadura ou fissura;

Pintura
Adoção de novas cores nas fachadas (pode apresentar
estudos de cores); Inserção de pinturas artísticas em muros
e fachadas; Mudança do tipo de tinta;

Janelas e portas
Substituição de esquadrias por outras de mesmo modelo,
com ou sem mudança de material; Enxerto de partes de
elementos para reconstituição;

Pisos e Forros
Substituição total dos revestimentos.
Também podem ser serviços relacionados a instalações de elementos
novos como placas, grades, corrimão, etc., tais como:

Instalações prediais
Manutenção de instalações elétricas, hidrosanitárias, de
telefone, alarme, etc.;

Instalações de elementos contemporâneos


Propostas de intervenção reversível, como corrimão, cerca
elétrica, gradis e outros;

Placas e letreiros
Para análise do Iphan deve ser apresentado o modelo da
placa pretendida com suas dimensões e descrição dos
materiais, e indicação do local em que vai ser instalado na
fachada.

Nesses casos, um profissional de arquitetura e/ou de engenharia pode


ser contratado para elaboração do projeto a ser apresentado no Iphan,
para uma melhor visualização da proposta.

Qualquer que seja o procedimento adotado após orientações do Iphan,


a prioridade é para que os elementos arquitetônicos e construtivos
originais que estiverem em boas condições sejam mantidos.

Em casos de necessidade de substituições, os novos elementos devem


ter características (tamanho, especificações e qualidade do material)
similares aos originais, para garantir seus encaixes e o bom
funcionamento da edificação como um todo.
Quando preciso contratar
um arquiteto ou engenheiro?

Quando a intenção é...


Realizar REFORMAS que impliquem demolições, ampli-
ações ou construções de novos elementos; ou
RESTAURAR integralmente o imóvel;
Realizar uma NOVA CONSTRUÇÃO no terreno...
...será necessário elaborar um projeto para análise do Iphan.

Para REFORMAS, deve-se apresentar previamente o projeto feito por


arquiteto ou civil quando a proposta implicar em:

Telhado
Alteração integral da estrutura; remodelação que
implique em modificação das alturas e inclinações
da cobertura;

Parede
Demolições ou construções de novas;
Alteração significativa na estrutura do imóvel;

Janelas e portas
Modificação nas dimensões das esquadrias; fechamento
de vãos; ou inserção de novas aberturas;

Pisos e Forros
Substituição total dos revestimentos, principalmente se
estes forem originais;
Para proceder a uma RESTAURAÇÃO, cujo objetivo é restabelecer a
unidade do bem cultural, respeitando sua concepção original e seu
processo histórico de intervenções, o projeto deverá conter:
Levantamentos sobre a situação do bem;
Estudos relacionados a seu estado de conservação;
Proposta de intervenção.
Devendo ser apresentando um MAPA DE DANOS junto ao projeto.

Em caso de NOVA CONSTRUÇÃO, esta poderá se dar em terreno vazio ou


em lote com edificação existente, desde que separado fisicamente desta,
como um anexo.

Todo e qualquer projeto arquitetônico de intervenção deverá ser apresentado


previamente ao Iphan para análise e aprovação, obtendo assim a autorização
devida para o início das obras de forma regular. Após autorização do Iphan
sobre as intervenções necessárias em seu imóvel, procederemos com as ações
de fiscalização previstas na Portaria nº187, de 11 de junho de 2010, para
acompanhamento dos serviços.
Caso a obra não tenha autorização prévia, estará suscetível à paralização até sua
regularização, e à aplicação de sanções previstas em lei.

Em caso de dúvidas,
procure o IPHAN!
As características originais de seu imóvel são o que agregam valor à
nossa cidade para um reconhecimento nacional como Patrimônio
Histórico, portanto temos um dever como cidadãos e instituição de
continuar preservando-as!
Superintendência do IPHAN no Tocantins:
104 Norte, RUA NE 01, LOTE 41 A, 5º Andar.
Plano Diretor Norte. Palmas-TO

Telefone:
63. 3225-2028

E-mail:
iphan-to@iphan.gov.br
protocolo.to@iphan.gov.br
tecnica.to@iphan.gov.br

Posto de Atendimento do IPHAN em Porto Nacional:

Local cedido pela Prefeitura Municipal de Porto Nacional

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