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MUROS DA INTOLERÂNCIA

INTRODUÇÃO
Para que serve um muro? Um muro é uma construção física que existe para dividir o mundo
de dentro do mundo de fora. Um muro cria territórios e evita o encontro indesejado com o
outro. Ele limita a livre circulação num espaço e também serve como barreira de proteção.
Este tipo de muros são obras extensas e robustas, construídas para cercar e defender
alguém ou algo de dano, ameaça, perigo, etc. Normalmente são construídos à volta de uma
cidade ou de um país. Os muros crescem por todo o lado e formam uma imensa barreira
geográfica. Historicamente haviam 16 muros que defendiam as fronteiras pelo mundo. Hoje
em dia, esse número cresceu para 65 muros, já construídos ou em construção. Nesta
apresentação iremos falar de três destes muros.

MURO ÍNDIA-BANGLADESH
Localização do muro
Este muro localiza-se na fronteira entre Bangladesh e Índia e é conhecido localmente como
Fronteira Internacional, demarca as oito divisões do Bangladesh e dos estados indianos e
localiza-se precisamente entre estes dois países da Ásia do Sul sendo uma das mais
complexas e mais extensas barreiras a nível mundial. (No primeiro mapa temos uma visão
mais ampliada dos países e onde se consegue ver onde se delimita o muro e no segundo
mapa temos uma visão mais geral de onde fica a Índia e o Bangladesh).
Razões que levaram à sua construção
Esta Fronteira Internacional foi construída maioritariamente devido a conflitos religiosos
pois a Índia, predominantemente hindu, dizia ser invadida todos os dias por imigrantes
ilegais e terroristas oriundos do Bangladesh, o vizinho de maioria esmagadoramente
muçulmana, o que virou do avesso a demografia local e de forma muito rápida. Por isso, o
Governo indiano decidiu construir, em 1993, uma vedação, em betão e arame farpado, que
custou aproximadamente 800 milhões de euros. Cobre 3200 quilómetros dos mais de quatro
mil quilómetros de fronteira entre os dois países, tem dois metros e meio de altura e é
composto por 25 torres de vigia.
Consequências da construção deste muro
Esta fronteira trouxe já muito tumulto devido aos enclaves dos dois países. Um enclave é um
território pertencente a um Estado que está completamente cercado por territórios de outro
Estado. Neste caso a Índia tinha 102 pedaços de território dentro do Bangladesh e o
Bangladesh tinha 71 pequenos territórios dentro da Índia. Este foi um problema que
demorou imenso tempo a ser resolvido pois os dois países não conseguiram chegar a um
acordo, como aconteceu em 1974 onde o Bangladesh propôs trocar os enclaves dos dois
países, no entanto a Índia recusou. Deste modo o acordo só foi ratificado pela Índia 41 anos
depois, em 2015, ficando apenas um enclave pertencente ao Bangladesh dentro do território
indiano, no entanto, apesar do problema ter sido resolvido, muitas famílias ficaram
separadas pois os que viviam nos enclaves viram-se obrigados a mudar de nacionalidade e
desde então não puderam mais voltar ao seu país. (Na primeira imagem podemos ver a
laranja os enclaves da Índia que estavam dentro do Bangladesh e a verde os enclaves do
Bangladesh que estavam dentro da Índia).
Para além dos enclaves, este muro trouxe muitos outros problemas sociais e políticos já que
o sistema democrático indiano olha para o muro de forma positiva pois o presidente da
Índia, Narendra Modi, tem como política não permitir que os migrantes do Bangladesh
entrem, não legalizar os que chegam e reforçar a vedação porque não quer permitir o
choque entre culturas, língua, religião e raças de modo a impedir conflitos entre estes dois
povos extremamente diferentes.
Situação atual
Atualmente os dois países não têm entrado em conflitos, devido, principalmente à resolução
do problema dos enclaves (2015), que já falamos anteriormente, porém o muro continua em
pé e pelo que parece irá continuar assim por mais tempo já que tanto o Governo indiano
como a população indiana vê este muro como uma barreira de proteção contra o
Bangladesh.
Segundo notícias, é possível verificar que as relações entre o presidente indiano e a
primeira-ministra do Bangladesh são amigáveis como esta notícia que fala que o presidente
indiano deu 1.2 milhões de doses da vacina do Covid ao Bangladesh o que representa um
símbolo de uma relação mais forte entre os países asiáticos. Porém o maior problema está
na população bangladeshiana que se encontra revoltada contra os governos e contra o
muro, como mostra nesta notícia onde fala da visita que Modi fez ao Bangladesh e, devido a
tal, aconteceram protestos onde morreram 4 pessoas o que mostra a revolta que população
está a sentir contra os governos que não querem demolir a barreira entre os dois países.

MURO ÍNDIA-PAQUISTÃO
Ainda na Índia encontra-se outro muro na fronteira com o Paquistão.
Localização do Muro
Este muro, que divide a Índia do Paquistão, localiza-se no extremo noroeste do
subcontinente indiano. Este demarca as cidades de Jammu e Caxemira e é conhecido como a
“Linha de Controlo”
Razões que levaram à sua construção
A construção deste muro resultou das rivalidades entre a Índia e o Paquistão sendo a
principal fonte desta discórdia a região de Caxemira, rica em recursos hídricos, localizada
entre os seus territórios. Esta disputa iniciou-se em 1947, período no qual ambos os países
se tornaram independentes. A chamada “Partição” foi caracterizada pela divisão da então
Índia britânica em dois Estados soberanos: a Índia, de maioria hindu; e o Paquistão, de
maioria muçulmana. Desde então estes países defrontaram-se em três guerras, mas foi em
julho de 1972, depois do acordo de Simala, que o forte controlo militar na fronteira entre a
Índia e o Paquistão começou e as diferenças religiosas entre os dois países vieram acentuar
as tensões na região. Na década de 90, teve início a construção de uma cerca fronteiriça nas
cidades muçulmanas de Jammu e Caxemira. Os combates entre os dois países pelo controlo
dessa região aceleraram a sua construção no ano de 2003. Em 2004, a cerca já percorria 750
quilômetros da fronteira indo-paquistanesa. Hoje em dia tem 2912 km de comprimento.
Consequências da construção deste muro
Como resultado, as relações tensas entre os dois Estados dificultam a passagem de pessoas e
bens na fronteira, sendo esta estritamente limitada.
Existe apenas um ponto de passagem terrestre entre os dois países, em Wagah, no caminho
entre Amritsar, na Índia, e Lahore, no Paquistão. Neste ponto exibem-se, todos os dias, os
guardas fronteiriços dos dois países num ritual que atrai multidões e no qual procedem a
movimentações coordenadas antes do fecho dos portões. Milhares de pessoas assistem à
pitoresca cerimónia militar do fecho da fronteira entre os dois países em Wagah, a sul. Ali, a
cerimônia é inofensiva, mas, a norte, as tensões fronteiriças, por vezes, provocam mortes.
Na Caxemira, uma região himalaia reivindicada por ambos os países na sua totalidade e que
está dividida "de facto" entre eles, a linha do cessar-fogo encontra-se em estado de alerta
permanente. Vários bombardeios e tiros transfronteiriços causam mortos diariamente nos
últimos tempos por parte de defensores muçulmanos. Além disso, todos estes conflitos
contribuíram para a economia instável de Caxemira e para a destruição do ambiente, devido
à realização de testes nucleares por parte de terroristas.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=4tscdUHnHog
Situação atual
Setenta anos depois da divisão da Índia e do Paquistão, a fronteira entre os dois países
inimigos do sul da Ásia continua a ser uma zona sob tensão.
O mandato do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, eleito em 2014, começou com uma
aproximação de Islamabad. O marco foi uma visita do líder nacionalista hindu ao Paquistão,
no final de 2015, no entanto, um ataque contra uma base militar reivindicado por um grupo
extremista instalado no Paquistão e uma série de crises acabaram com os avanços bilaterais.
Para o analista político paquistanês Hassan Askari, ambos os países têm as suas razões e,
neste sentido, as relações indo-paquistanesas dificilmente poderão atingir um nível pior do
que o atual. Porém, estão longe de chegar a um consenso. No dia 14 de fevereiro de 2019,
pelo menos 40 paramilitares indianos foram mortos na Caxemira indiana num atentado
suicida com um carro-bomba reivindicado por islamitas da JeM, uma organização
paquistanesa. O exército indiano respondeu no dia 19, abatendo três membros locais do
grupo de insurgentes. No dia 23, as autoridades indianas prenderam dezenas de líderes
muçulmanos e enviaram milhares de paramilitares para reforçar a Caxemira indiana.
As tensões ficam exacerbadas quando Nova Délhi alega ter conduzido um "ataque
preventivo" e matado um "número muito grande" de membros do JeM no território
paquistanês. A Índia e o Paquistão afirmaram ter abatido aviões inimigos enquanto
tentavam evitar uma "escalada" da crise.
MURO AFEGANISTÃO-PAQUISTÃO
Localização do muro
Em 1893, o Paquistão iniciou a construção de uma cerca na fronteira com o Afeganistão,
para fixar uma segunda linha de contenção contra os russos, com os quais dividiam a
região. Dois países (Pashtuns e Baluchis) foram separados por uma fronteira de 2.400 km,
chamada “Linha Durand”, nome do diplomata britânico que a traçou em 1896. Os afegãos
nunca aceitaram a construção desta barreira e, por isso, protestam contra as tentativas
paquistanesas.
Características físicas do muro
A cerca tem quase três metros de altura e foi construída com arame farpado.
Razões que levaram a sua construção
O Paquistão anunciou a construção de uma barreira ao longo da sua fronteira com o
Afeganistão para impedir que insurgentes (grupos) armados, como os talibãs ou a Al-Qaeda,
atravessassem livremente a fronteira entre os dois países, uma iniciativa fortemente
criticada por Cabul, visto que não a reconhece como uma fronteira Internacional. A
construção da cerca representa uma mudança histórica em termos de controlo da fronteira.
Além dos militares mobilizados nas colinas para vigiar o outro lado da fronteira, as Forças
Armadas utilizavam câmaras na área da cerca, que permanecia iluminada durante a noite.
“Até dezembro de 2018 não restará uma polegada de fronteira internacional sem vigilância.”
“Quando terminarmos, se Deus quiser, teremos uma certeza: ninguém poderá atravessar”
(Estas afirmações foram ditas por membros do governo paquistanês)
A população Pashtun dava pouca importância à fronteira, desenvolvendo-se de modo
independente à linha, uma vez que algumas casas têm uma porta no Afeganistão e outra no
Paquistão.
Consequências da construção deste muro
A construção desta cerca trouxe problemas económicos ao Paquistão. Além disso, esta
barreira perturbou a vida quotidiana das comunidades que sempre viveram entre os dois
países. Assim, demasiadas famílias ficaram separadas, o que gerou uma grande agitação
social, que provocou muita violência e consequentemente muitas mortes.
Situação atual
Há cerca de 2 meses, um paquistanês deu o seu testemunho sobre o cenário ainda
vivenciado causado pela construção desta cerca. Muhammad Asim, vive há três anos em
Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, conta que o atual cenário do Afeganistão, que faz
fronteira com o seu país, tornou-se um ambiente de guerra. Pais e amigos de Muhammad,
que ainda estão no país vizinho, contam que a nação foi tomada recentemente pelo grupo
extremista do Talibã, reforçando que a crise atinge não só os países de fronteira, mas
diretamente o mundo todo. Salientam ainda, que esta é a maior fronteira do Afeganistão
com outra nação. O paquistanês afirma que as pessoas estão com medo de ficar no
Afeganistão, uma vez que naquele país se vive um clima de bastante violência. Os Talibãs
reprimiram violentamente uma manifestação na cidade de Jalalabad, no Afeganistão porque
o talibã tirou a bandeira do Afeganistão de um monumento. Membros do grupo extremista
efetuaram disparos na multidão e agrediram manifestantes. Milhares de pessoas tentaram
entrar em aviões para deixar o Afeganistão. O tumulto deixou mortos e feridos. Uma pessoa
caiu depois de se pendurar na parte externa de um avião. O futuro é, portanto, muito
incerto.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=W3DhguVHRw400

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