Durante o período de alteração de regimes, e enfraquecimento de potências
ocorrido na Europa no final do século XVIII, as colônias americanas aproveitaram o período instável e o crescimento do sentimento emancipador foi inevitável. Argentina, Chile, Peru, Estados Unidos e Brasil se agarraram no momento para alcançar independência. Entretanto, apesar das insurreições e movimentos revolucionários do Brasil, seu processo de separação aconteceu de forma mais amena que os demais americanos, pelo fato de ter sido feita pelo príncipe da coroa portuguesa e contar com o apoio de muitos cidadãos de alta representatividade do país. Fazia-se necessário urgentemente fazer nova constituição ao país, distinta da vigente, portuguesa, que estava muito atrasada. A primeira constituição do império foi barrada pelo imperador em 1823, mas entrou em vigor no ano seguinte. Essa carta ainda que não o fizesse radicalmente, procurou alcançar alguns ideais do movimento renovador, diminuído diferenças e privilégios e reafirmando o respeito à liberdade e garantias fundamentais. A carta de 1824 tratava do regime e da forma de disposição do governo com quatro poderes: Executivo, Moderador, Judicial e Legislativo. As leis feitas pelo legislativo tinham por obrigação que passar pelo Imperador que dava a ultima palavra sobre a aprovação. O Imperador era chefe do poder executivo e detentor exclusivo do poder moderador, sua pessoa era inviolável, sagrada e não estava “sujeita a nenhuma responsabilidade”. O poder Judicial é independente, composto de juízes e jurados e cuidavam da área cível e criminal. O código ordenava que em todo processo devesse haver tentativa de reconciliação, e as garantias e direitos cíveis estavam dispostas nos incisos I a XXXIV do art. 179. Principio da reserva legal, igualdade perante a lei, inviolabilidade do domicílio, liberdade de pensamento expressão e culto, são exemplos dessas garantias. O mal-estar estava na possibilidade que o moderador tinha de a qualquer momento suprimir essas garantias, tornando os abusos constantes na época. O ato adicional de 1834 foi ditado pela regência e além de determinasse a forma de eleição deste, ditava normas para o exercício das câmaras dos distritos e assembléias legislativas provinciais.
Código Criminal do Império
Vigorou a partir de 1830 o Código criminal do império que trouxe sensíveis
modificações ao rígido sistema vigente até então. Iniciado com o princípio da reserva legal, esse código tinha pena de morte, que caiu em desuso, maioridade penal aos quatorze anos. Muitas penas foram abolidas, como tortura, açoite contra os escravos, entre outras penas cruéis. Os crimes não prescreviam; fato que veio a ser mudado posteriormente por lei processual. Na parte especial o código tratava dos crimes públicos como: exercitar pirataria, destronizar o imperador, sedição, insurreição etc. Tanto o código criminal tanto o código processual criminal de 1832 reconheciam a figura do habeas corpus como dispunha este último: “todo cidadão que entender que ele ou outrem sofre uma prisão ou constrangimento ilegal em sua liberdade, tem direito de pedir uma ordem de habeas corpus a seu favor.
Legislação sobre a Administrativa civil
Junto ao código criminal foi promulgada a disposição provisória acerca de
administração da Justiça Civil, com vigência efêmera que era de ordem processual, ampliando, por exemplo, a participação efetiva do juiz na causa. Essa disposição foi precursora das ideias de uma justiça melhor e menos onerosa. O regulamento 737, promulgado para ordem do juízo comercial, por sua praticidade foi adotada no processo civil, e impressionava pela competência na distribuição e classificação das matérias, além do esforço na abreviação do tempo do processo. Dispunha sobre a forma de iniciação do processo e suas regras, além disso, seguiam-se os vários tipos de resposta, exceção, contestação, reconvenção e de intervenção de terceiro. Entre as provas, dava- se maior valor às escrituras e instrumentos públicos ou aqueles que se lhe equiparassem. Os juízes não ficavam inertes durante o processo podendo intervir e realizar diligência ainda que não requerido nas alegações finais.
Código Comercial do Império
O código Comercial do Império do Brasil foi promulgado pela lei 526, de
25.06.1850, após percorrer demorada tramitação nas casas legislativas e vigora até hoje, embora já revogado vários títulos. Na primeira parte cuidava do comércio em geral: contratos e obrigações mercantis, dos banqueiros, locação, mútuo e juros mercantis, escambo ou troca, tipos de sociedade. A segunda parte tratava do comércio marítimo e a última, já inteiramente revogado hoje, referia-se às quebras, matéria que conhece u mesmo durante o regime monárquico, sucessivas alterações.