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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS – UNIMONTES

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA


CURSO DE DIREITO – 3º PERÍODO NOTURNO
DISCIPLINA: DIREITO PENAL II
PROFESSOR: ERNESTO

ACADÊMICOS: PAULO AGOSTINHO PEREIRA BRAGA FILHO


JOÃO PAULO SALVIANO

Reabilitação criminal (Artigo 93 ao 95)

Conceito

O Código Penal trata nos artigos 93 a 95, sobre a reabilitação criminal, instituto
do Direito penal pelo qual o condenado que tiver sua pena extinta, por qualquer motivo, ou
executada consegue retornar às condições anteriores ao cumprimento da pena. A reabilitação
é um direito do condenado e uma declaração do juiz que assegura o sigilo das informações
relativas ao processo e a sua condenação.

De acordo Fernando Capez, a reabilitação só se dá em condenação cuja pena já


tenha sido extinta ou completamente executada, sendo incabível o pedido do benefício em
caso de sentença absolutória ou em hipótese de prescrição de pretensão punitiva.

Atingindo qualquer tipo de pena, seja ela privativa de liberdade, restritiva de


direitos ou de multa, este instituto era tratado no texto da lei anterior como causa extintiva de
punibilidade, perdendo esse teor a partir da reforma do código, o qual trata hoje como
instituto que suspende condicionalmente alguns efeitos da condenação.

Da suspensão dos efeitos secundários da condenação

A reabilitação, de acordo com o parágrafo único do artigo 93, pode atingir os


efeitos secundários da condenação elencados no artigo 92. O artigo 92, I, dispõe sobre a perda
de cargo, função pública ou mandato eletivo, sendo que em caso de reabilitação o condenado
não poderá exigir voltar ao cargo que possuía nem exigir o pagamento dos vencimentos no
tempo de cumprimento da pena. O segundo inciso do artigo 92 trata do efeito de
incapacitação do poder pátrio, da tutela e da curatela, sendo que em caso de reabilitação o
condenado não pode reaver esses poderes para com o filho, tutelado e curatelado contra os
quais tenha cometido o crime que gero a condenação. Quanto ao terceiro inciso, a reabilitação
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é aplicada no sentido de permitir que a pessoa possa reaver sua habilitação para dirigir
veículo, quando esta foi cancelada na prática de crime doloso utilizando-se o veículo como
meio de prática.

Do prazo e dos pressupostos para concessão de reabilitação

O artigo 94 estipula prazo de dois anos a partir do dia em que foi extinta a pena
para que possa ser requerida a reabilitação. A competência para a concessão da reabilitação é
do juiz da condenação. Nos casos de sursis penal e livramento condicional, contam-se os dois
anos a partir da audiência admonitória, sendo computado ainda o período probatório se não
houver revogação. Durante o prazo de dois anos o condenado requerente da reabilitação
deverá ter domicílio no país e durante esse tempo deverá demonstrar bom comportamento
público e privado.

O bom comportamento será atestado pelas pessoas que trabalharem e conviverem


com o condenado nesse período. O condenado deverá ainda ressarcir o dano causado pelo
crime ou demonstrar absoluta incapacidade de fazê-lo, sendo que a incapacidade deve existir
na data do pedido da reabilitação e não na do crime. Pode ainda o condenado exibir
documento que comprove a renúncia da dívida pela vítima. Os pressupostos devem ser
cumpridos cumulativamente, sendo impossível com a falta de um destes ser concedido o
pedido de reabilitação.

O parágrafo único determina que caso seja negado o pedido de reabilitação,


poderá ser pleiteado novamente a qualquer momento desde que sejam apresentados novos
elementos comprobatórios dos requisitos necessários.

Da revogação da reabilitação

O Ministério Público poderá, de ofício ou por requerimento, revogar a


reabilitação, caso a pessoa seja condenada por sentença definitiva, como reincidente a pena
que não seja a de multa. A reabilitação deixou de ser causa de extinção de punibilidade e, por
isso, sobrevindo crime durante o benefício do instituto, o condenado não deixará de ser
considerado como reincidente. Revogada a reabilitação, os efeitos suspensos voltam a operar
normalmente, desaparecendo o sigilo dos registros, ocorrendo a perda do pátrio poder, tutela
ou curatela, o cargo, a função pública ou o mandato eletivo, bem como a habilitação para
dirigir veículos. Nada impede, porém, que seja novamente requerida, desde que sejam
observados os requisitos do artigo 94, do Código Penal.
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REFERÊNCIAS

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1. 11. ed. São Paulo (SP): Saraiva,
2007.
MIRABETE, Julio Fabrini. FABRINI, Renato N. Manual de Direito Penal. 26ª Ed. São
Paulo: Atlas, 2010.

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