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O conceito moderno de Constituição foi produto de uma construção histórica muito longa.
Estudiosos de todo mundo ainda discutem a formação e desenvolvimento desse conceito tão
abstrato que surgiu durante o século XVIII, durante as Revoluções Francesa e Americana; o
qual foi alterado completamente do seu anterior significado jurídico e político e, com certeza,
vai muito além de uma simples folha de papel escrita.
Ao final do século XVIII várias mudanças surgiram. As pessoas queriam impor limites à
autoridade pública e conseguiram isso criando o que conhecemos hoje como Constituição. Seu
conceito passou a ter um caráter abstrato, significando a lei fundamental, algo supremo
(anterior a qualquer governo) e inviolável, que indica os fundamentos jurídicos pelo qual a
ordem pública passará a se apoiar. Estado e governo agora são separados, e a qualidade deste,
deturpado ou não, não interfere mais na Constituição, que se auto define, ou em como o
Estado é visto. A Constituição passou a ser limitada pela sua situação histórica, pautando seus
condicionamentos com a regulação jurídica, guiada pelos critérios do poder e da razão.
A Constituição não é questão de política, mas da soma de fatores reais de poder que
regem uma nação. A Constituição não é independente das circunstâncias históricas concretas
de seu tempo, mas não é simplesmente dependente delas. A constituição jurídica pode dar
forma e modificar a realidade, pode mover-se para agir na força que reside a natureza das
coisas. Pode, ela mesma, converter-se na força operante que atua na realidade social e
política, condicionando-a. Como diz Lassalle, mesmo se todos os exemplares escritos da
Constituição desaparecessem, ela não deixaria de possuir força normativa dentro da
sociedade.