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Zanatta, Edinara; Pereira, Caroline Rubin Rossato; Alves, Amanda Pansard. A experiência da maternidade pela
primeira vez: as mudanças vivenciadas no tornar-se mãe

A experiência da maternidade pela primeira vez: as mudanças vivenciadas


no tornar-se mãe

The experience of motherhood for the first time: the changes experienced in
becoming a mother

Edinara Zanatta1

Caroline Rubin Rossato Pereira2

Amanda Pansard Alves3

Resumo

Este estudo buscou conhecer as mudanças percebidas pelas mães primíparas em si, em seus
relacionamentos e na rede de apoio a partir da vivência da maternidade. Integraram o estudo seis mães
primíparas, cujos bebês tinham entre sete e 12 meses de idade, participantes do Programa da Criança
de uma Unidade Básica de Saúde de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul (Brasil). A pesquisa
teve caráter qualitativo, utilizando-se de uma entrevista semiestruturada como instrumento de coleta
de dados. Os resultados obtidos pela análise de conteúdo apontaram o predomínio de sentimentos de
insatisfação diante das mudanças percebidas no corpo e a presença de mudanças positivas no modo de
ser da mulher após a maternidade. Além disso, destaca-se a presença de uma rede de apoio e o papel
desempenhado pelo pai do bebê como suporte tanto instrumental como emocional à mãe.

Palavras-chave: Relações mãe-criança. Relações familiares. Maternidade.

Abstract

This study sought to understand the changes perceived by the primiparous mothers in themselves, in
their relationships and in the support network from the experience of motherhood. Integrated this
study six first-time mothers, whose babies were between seven and twelve months and were
participants in a Children's Program at a Basic Health Unit of a city in the countryside of Rio Grande
do Sul (Brazil). The research was qualitative, using a semi-structured interview as data collection
instrument. The results obtained through the content analysis showed the predominance of feelings of
dissatisfaction with the perceived changes in the body and the presence of positive changes in the
woman's way of being after motherhood. In addition, stands out the presence of a support network and
the role played by baby's father on providing both instrumental and emotional support to the mother.

Keywords: Mother-child relations. Family relations. Motherhood.

1 Psicóloga. Mestra em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)


2 Psicóloga., Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)., Especialista
em Psicologia Clínica com ênfase em Terapia Familiar e de Casal pelo Instituto da Família de Porto Alegre
(Infapa). Atua como professora no Departamento de Psicologia e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
3 Psicóloga. Mestra em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atua como psicóloga do
Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) no município de Panambi/RS

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Resumen

Este estudio ha buscado conocer los cambios que han sido percibidos por las madres primíparas en sí
mismas, en sus relaciones y en la red de apoyo a partir de las vivencias de la maternidad. Han formado
parte del estudio seis madres primíparas, cuyos los bebes tenían entre siete y doce meses de edad,
participantes del Programa da Criança de una Unidad Básica de Salud, de una ciudad del interior del
Rio Grande do Sul (Brasil). La investigación ha tenido un carácter cualitativo, utilizándose de
entrevista semiestructurada como instrumentos para la obtención de los datos. Los resultados que han
sido alcanzados, a partir del análisis del contenido, han señalado el predominio del sentimiento de
insatisfacción frente al cambio percibido en el cuerpo y, en la presencia de cambios positivos, el modo
de ser mujer luego de la maternidad. Además de eso, se pone de relieve la presencia de una red de
apoyo y el papel desempeñado por el padre de los bebes como soporte instrumental y emocional para
las madres.

Palabras clave: Relaciones madre-bebe. Relaciones familiares. Maternidad.

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Introdução existir mesmo antes da confirmação


clínica, sendo associada às sensações e
A maternidade é um evento único mudanças corporais (Da Silva & Da Silva,
na vida da mulher, repleto de expectativas 2009). Para a mulher, o primeiro trimestre
e sentimentos, vivenciado de modo pode ser caracterizado como um “duplo
diferente que varia de pessoa para pessoa segredo” (Dos Santos, Alves, De Souza &
(Piccinini, Gomes, Nardi & Lopes, 2008). Gama, 2010), pois ela não sente ainda os
Sendo assim, este artigo tem como movimentos do feto e as demais pessoas
objetivo compreender as mudanças têm dificuldade em perceber as mudanças
percebidas por mães primíparas em suas físicas em seu corpo. Dessa forma, é
vidas, nos seus relacionamentos e na rede comum a presença do sentimento de
de apoio disponível a elas em decorrência ambiguidade: se por um lado a mulher
da maternidade. Para tanto, foi realizado sente-se feliz em ser mãe, por outro lado
um estudo de cunho qualitativo com seis surgem preocupações e dúvidas sobre sua
mulheres que estavam vivenciando a capacidade de exercer a maternidade.
maternidade pela primeira vez, com seus A partir do segundo trimestre,
bebês na faixa etária entre sete e 12 meses, quando as mudanças no corpo tornam-se
participantes de um Programa de Saúde mais evidentes, inicia-se um período em
Materno-Infantil. que a mãe volta-se para a preparação para
O desejo de ter um filho constitui- a chegada do bebê, planejando o guarda-
se em um processo que tem início antes da roupa e o quarto do bebê, por exemplo.
gestação, por meio das primeiras relações e Esse é um momento denominado de “dupla
identificações da mulher, passando pela propaganda”, em que tanto o bebê se
infância e adolescência, até constituir-se na mostra à mãe quanto a mãe se mostra às
gestação propriamente dita (Piccinini et pessoas em sua volta como uma mulher
al., 2008). Nesse sentido, a gestação é um grávida: os movimentos do bebê são
marco significativo do desenvolvimento da percebidos pela mãe, favorecendo o seu
mulher, um fato importante da vida de encantamento por ele e, além disso, as
todos os envolvidos que pode reavivar modificações na imagem do corpo da
lembranças e experiências passadas mulher são evidentes às demais pessoas
(Klaus, Kennell & Klaus, 2000). Além (Dos Santos et al., 2010). Diante disso, é
disso, intensos sentimentos podem ser importante compreender o corpo da mulher
vivenciados pela mulher, entre eles: grávida em toda a sua dimensão, pois as
alegria, tristeza, satisfação e insatisfação. transformações sentidas na própria imagem
Nesse momento, ela deixa de ser somente a preparam para assumir a nova identidade
filha e esposa para assumir também o de mãe (Da Silva & Da Silva, 2009).
papel de mãe (Freitas, Coelho & Silva, Além das modificações sentidas
2007), o que demanda adequar seus no corpo, a maternidade pode proporcionar
relacionamentos e estilo de vida às modificações no contexto familiar oriundas
necessidades do bebê (Alves et al., 2007). da chegada de um bebê. Não raro, os
A gestação marca um período de genitores precisam encontrar recursos para
intensas mudanças na psique e no corpo da lidar com essa situação nova. Esses
mulher (Da Silva & Da Silva, 2009). No recursos geralmente são buscados na rede
que concerne às mudanças físicas, embora de apoio social, que se configura na
sutis, elas já podem ser percebidas desde o disponibilidade de pessoas significativas
primeiro trimestre: aumento das mamas, para proporcionarem suporte e ajuda no
percepção diferente de cheiros e gostos e enfrentamento das diversas situações que
sonolência (Szejer & Stewart, 1997). possam desencadear estresse ao longo dos
Assim, a sensação de estar grávida pode processos de transição do desenvolvimento

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humano (Dessen & Braz, 2000; Rapoport para lidar com seu bebê” (Lopes et al.,
& Piccinini, 2006). Diversas são as pessoas 2010, p. 302).
que podem exercer esse papel, Ainda, de acordo com Felice
contribuindo para a qualidade de vida dos (2007), o tipo de relação que a mulher
envolvidos: a família extensa, os amigos, estabeleceu com sua própria mãe pode
colegas de trabalho, serviços de saúde, tornar-se referência no modo como ela
pessoas da comunidade da qual o indivíduo desempenhará a maternidade. Quando são
faz parte, entre outras (Dessen & Braz, transmitidos modelos positivos, com a
2000; Rapoport & Piccinini, 2006). Nesse ideia da maternidade como uma
sentido, as principais formas de apoio experiência gratificante para a mulher, isso
social podem ser classificadas em apoio tende a ser reproduzido na relação da mãe
instrumental, relacionado à ajuda com seu próprio bebê. Por outro lado,
financeira, ajuda na divisão das exemplos negativos também podem fazer
responsabilidades e prestação de parte dos modelos incorporados ainda na
orientações em geral e apoio emocional, infância pela mulher. Com isso, esses
referindo-se ao cuidado e a preocupação modelos passam a compor o universo
com o outro (Dessen & Braz, 2000). mental feminino, com o qual a mãe poderá
Com o nascimento de um bebê, o se identificar ao cuidar de seu bebê (Felice,
companheiro da mãe e sua própria mãe 2007).
(avó do bebê) destacam-se como sendo, na Além disso, o nascimento de um
maioria das vezes, as principais fontes de bebê pode trazer profundas alterações no
apoio à mãe (Rapoport & Piccinini, 2006). relacionamento entre mãe e filha, podendo
Em relação às figuras femininas que ocorrer estreitando dos laços entre elas. A
servem de apoio, geralmente são mulheres esse respeito, o estudo realizado por
com experiência em relação à maternidade, Kipper e Lopes (2006) apontou uma
além de pessoas com quem a nova mãe melhora no relacionamento entre a nova
tem bom vínculo e se sente amparada nos mãe e sua própria mãe (avó do bebê) após
momentos de angústia e dúvida. Assim, a o nascimento do bebê. Tal modificação
mãe pode se direcionar a essas mulheres na esteve associada ao amadurecimento
busca de orientações e de modelos, proporcionado pela maternidade,
identificando-se com elas na realização dos juntamente com a valorização da figura da
cuidados com o seu bebê (Lopes, avó. Nesse sentido, o nascimento do bebê
Prochnow & Piccinini, 2010; Stern, 1997). pode marcar a renovação dos vínculos
Considerando-se o apoio da avó entre mãe e filha, propiciando uma nova
materna, este pode ser pensado como um organização familiar. Ao agregar novos
fator positivo diate da insegurança das papéis aos já existentes, inaugura-se uma
transformações que a gestação e, em nova fase da vida e se reorganiza a
especial, os primeiros meses após o identidade feminina (Kipper & Lopes,
nascimento do bebê podem acarretar na 2006).
vida da mãe (Rapoport & Piccinini, 2006). Destaca-se, também, o apoio do
Assim, a busca desse apoio em uma companheiro da mãe como fundamental
mulher com mais experiência a respeito da nesse período de transição e constituição
maternidade poderá contribuir para o da maternidade. O envolvimento paterno
próprio desenvolvimento das suas não se refere apenas à divisão de tarefas,
capacidades de ser mãe (Stern, 1997). mas também ao envolvimento emocional
Dessa forma, “ser ajudada, valorizada e com a mãe e o bebê (Silva, Souza &
amparada por uma mulher mais experiente, Scorsolini-Comin, 2013). Nesse sentido,
que esteja ao seu lado, possivelmente considerando-se a gestação como uma
tornará a nova mãe mais segura e confiante etapa de preparação de novos papéis a

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serem desempenhados pelos genitores, período de aprendizagem para todos os


quanto maior o envolvimento paterno envolvidos. Além disso, precisa ser
nesse período, maiores as possibilidades de considerada a singularidade das mudanças
desenvolvimento do vínculo pai-filho que essa experiência confere à vida desses
depois do nascimento do bebê (Freitas et sujeitos (Strapasson & Nedel, 2010).
al., 2007). Diante do exposto, percebe-se que
A esse respeito, nota-se nas a maternidade pode se configurar em um
últimas décadas uma mudança interessante acontecimento intenso na vida familiar e,
nos papéis ocupados pelo homem em em especial na vida da mulher, envolvendo
relação à paternidade. Percebe-se que os mudanças em diversos âmbitos. Sendo
pais estão mais participativos, interagindo assim, torna-se importante conhecer como
e envolvendo-se mais na vida e nos se dá essa experiência a partir de relatos de
cuidados dos filhos (Oliveira, 2007; mulheres que estão vivenciando a
Benzick, 2011). Além disso, o papel maternidade pela primeira vez e participam
paterno pode contribuir para o de um Programa de Saúde Materno-
desenvolvimento do vínculo mãe-bebê, na Infantil, oriundas de contexto
medida em que a mãe, ao se sentir amada socioeconômico de baixa renda.
como mulher, pode desempenhar as
funções maternas com mais qualidade Método
(Marin, Gomes, Lopes & Piccinini, 2011).
Além do suporte e do apoio Participantes
emocional oferecidos à mãe pelos
familiares, os cuidados dos profissionais Participaram desta pesquisa seis
com a saúde dela e do bebê são mães (M) que estavam vivenciando pela
fundamentais, podendo influenciar na primeira vez a maternidade e cujos bebês
forma como ela realiza a maternidade encontravam-se na faixa etária entre sete e
(Piccinini, Carvalho, Ourique & Lopes, 12 meses. Todas as mães eram
2012). Nesse viés, os profissionais de participantes do Programa da Criança de
saúde destacam-se como provedores de uma Unidade Básica de Saúde de uma
apoio durante a gestação, parto e no cidade do interior do Rio Grande do Sul.
acompanhamento posterior da díade mãe- Escolheu-se esse programa em específico
bebê. Nesse sentido, os cuidados com o por oferecer atendimento a crianças na
desenvolvimento da gestação (assistência faixa etária entre zero e dois anos,
pré-natal) e o vínculo estabelecido com os cobrindo o período foco do estudo. No
profissionais de saúde contribuem para referido programa, é realizado um trabalho
aliviar as tensões e angústias da mulher, e, de acompanhamento mensal das díades
a partir disso, favorecem o vínculo mãe- mãe-bebê, esclarecendo dúvidas e
bebê (Piccinini et al., 2012). Além disso, o orientando as mães com relação ao
acompanhamento da mãe nos meses desenvolvimento dos filhos, tanto nos
posteriores ao parto também se faz aspectos físicos, realizado pela equipe de
interessante para diminuir as dúvidas e a enfermagem, como nos aspectos psíquicos,
ansiedade quanto aos cuidados com o a cargo da equipe da psicologia. Os dados
recém-nascido. relativos às características
Observa-se, assim, que o sociodemográficas das participantes e de
nascimento do primeiro filho configura-se seus bebês podem ser visualizados na
como uma experiência nova, marcando um Tabela 1.

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Tabela 1 – Características sociodemográficas das participantes e de seus bebês

M1 M2 M3 M4 M5 M6

Idade da mãe 22 anos 19 anos 29 anos 31 anos 30 anos 26 anos


Escolaridade Ens. Médio Ens. Médio Ens. Médio Ens. Fund. Ens. Médio Ens. Médio
incomp. incomp. completo completo completo completo
Estado civil Casada Solteira Casada Casada Casada Casada
Idade do bebê 9 meses 7 meses 8 meses 12 meses 9 meses 7 meses
Sexo do bebê Masc. Fem. Masc. Masc. Fem. Fem.
Fonte: Elaborado pelas autoras.

Delineamento e Procedimentos Instrumento

Este estudo configurou-se como Como instrumento de coleta de


uma pesquisa exploratória, de caráter dados foi utilizada uma entrevista
qualitativo. No que tange aos semiestruturada, que abordou os seguintes
procedimentos, após a aprovação do tópicos: mudanças percebidas pela mãe em
projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética si mesma com a maternidade, mudanças
em Pesquisa de uma universidade pública, percebidas em seus relacionamentos com a
iniciou-se o contato com a Unidade Básica maternidade; rede de apoio disponível às
de Saúde e o responsável pelo Programa da mães.
Criança. As mães que integraram o estudo
foram contatadas pela pesquisadora Resultados e discussão
durante a consulta de puericultura no
Programa da Criança, sendo agendadas as A partir da análise de conteúdo
entrevistas conforme a disponibilidade qualitativa (Bardin, 2010; Gomes, 2001),
delas. Todas as entrevistas foram duas categorias temáticas emergiram dos
realizadas pela primeira autora do estudo, dados: 1. Tornar-se mãe: uma vivência que
nas dependências da UBS, em sala envolve mudanças; 2. A rede de apoio na
devidamente reservada. As entrevistas primeira experiência da maternidade. A
foram iniciadas após a leitura e assinatura seguir, serão apresentados os resultados
do Termo de Consentimento Livre e para cada uma dessas categorias,
Esclarecido pelas participantes. Os dados ilustrando-os com as falas das
foram analisados utilizando-se a análise participantes.
qualitativa de conteúdo (Bardin 2010; 1. Tornar-se mãe: uma vivência
Gomes, 2001), sendo agrupados em que envolve mudanças – esta categoria
categorias temáticas os aspectos mais destacará as percepções das mães
presentes ou mais relevantes das primíparas acerca das transformações
entrevistas. Destaca-se, ainda, que o estudo ocorridas no período gestacional e após o
está respaldado nas Diretrizes e Normas nascimento do bebê, que serão
Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo apresentadas em três subcategorias: 1.1.
Seres Humanos (Resolução nº 466/12 do Mudanças corporais; 1.2. “Eu acho que eu
Conselho Nacional de Saúde) e na amadureci bastante”: mudanças no modo
Resolução n° 016/2000 do Conselho de ser; 1.3. Mudanças no relacionamento
Federal de Psicologia. com o pai do bebê.
1.1. Mudanças corporais – por ter

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um significado único em cada mulher, a desejada (Maldonado, 1997; Piccinini et


mudança física que o corpo passa em al., 2008).
decorrência da gravidez permite que cada Nesse contexto, a forma como é
gestante lhe atribua um sentido, um vivenciado o relacionamento do casal pode
sentimento distinto (Facco & Kruel, 2012; constituir-se em um fator de proteção para
Szejer & Stewart, 1997). Em relação às a autoestima feminina. O olhar do homem
mudanças percebidas no próprio corpo sobre a mulher e o apoio fornecido a ela
durante a gestação e após o nascimento do podem contribuir na diminuição dos
bebê, pode-se observar a presença de sentimentos de insatisfação e insegurança
sentimentos de insatisfação expressos pelas quanto à autoimagem dela (Marin et al.,
participantes. O fim da gestação foi o 2011).
período lembrado por apresentar as Ainda, sentimentos de
maiores modificações no corpo da mulher, conformidade diante das mudanças no
além do desconforto físico em decorrência corpo percebidas com a gestação foram
do avançado estágio gestacional. Assim, destacados pelas participantes:
emergiram percepções relacionadas à
aparência, entre elas a de não se achar Meu corpo mudou tudo, mas valeu a pena. É
bonita. só fazer bastante exercício, cuidar do corpo
e da alimentação porque tudo o que eu tô
comendo eu passo pra ela [na
O corpo, nos últimos meses, ele fica enorme. amamentação]. (M2)
[...] Todo mundo achava: “Coisa linda uma Mudou muita coisa no meu corpo, porque eu
mulher barriguda”. Mas a roupa tu bota e sempre me cuidei muito. Depois que eu
não consegue se olhar e se achar bonita. É fiquei grávida, quase não tive mais cuidado
totalmente diferente quem se olha a barriga nenhum comigo, com meu corpo. Eu só
de quem te olha. Aí tu tem que botar uma pensava nele [bebê]. (M3)
roupa mais larga, tu tá com a cara mais
inchada. Então, tu já não se acha bonita nas
últimas semanas. (M5) Apesar de as mães reconhecerem
as mudanças no corpo decorrentes da
Ressalta-se também que as gestação, para algumas, isso não pareceu
alterações no corpo decorrentes da relevante, considerando-se o que
gestação influenciaram no modo como a representava o tornar-se mãe. A presença
mulher se sentia em relação ao do sentimento de conformidade pode estar
companheiro, destacando sentimentos de relacionada à aceitação e identificação da
vergonha e preocupação. “Eu sinto muita mulher com a gestação e com o bebê
vergonha em relação a eu e o meu marido. (Marin et al., 2011; Piccinini et al., 2008).
Eu fico com muita vergonha, porque ele Nesse momento, nota-se que a
me conheceu de um jeito bem diferente. E preocupação maior das mães direcionava-
ele me diz: ‘Isso nunca vai mudar. Você vai se para os cuidados com o bebê, sendo a
ser sempre minha mulher’. E daí eu boto atenção com o próprio corpo uma
roupa, me acho feia e troco de novo” (M3). preocupação secundária. Isso remete ao
Dessa forma, as mudanças que Winnicott (1958/2000) denominou de
corporais podem ser vivenciadas como Preocupação Materna Primária – um
uma situação angustiante para a mulher, estado de sensibilidade muito especial em
relacionando-se à presença de sentimentos que a mãe preocupa-se com o seu bebê e
de insatisfação diante da nova imagem. em atender e adaptar-se às necessidades
Tais mudanças podem ser sentidas como dele, excluindo de forma temporária e
uma ameaça à sua autoimagem (Szejer & normal qualquer outro interesse que
Stewart, 1997), a partir da ideia de perda poderia vir a ter. Entretanto, de acordo com
de um corpo que antes simbolizava uma o autor, não são todas as mães que
condição de mulher independente e conseguem identificar-se com o bebê

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desde a fase inicial do desenvolvimento, com o bebê e às mudanças nas relações


contraindo essa “doença normal”, a qual interpessoais.
possibilitará o desenvolvimento psíquico
saudável nesses primeiros anos. Antes de ter ela, a minha cabeça era de
Ainda no que diz respeito às vento. Agora mudou bastante. A gente fica
com mais força, com mais vontade de fazer
mudanças físicas, para uma participante, as coisas pra dar um futuro bom pra ela.
estas foram percebidas como favoráveis: Agora não sou mais eu, agora eu tenho ela, e
ela depende de mim pra tudo. Daí tem que
Antes de eu engravidar eu era bem gordinha. ser mais responsável. (M2)
Depois que ela nasceu eu emagreci, porque A gente se sente com mais responsabilidade.
ela mamava e mamava. Agora eu já vacilei Tu sabe que tu é o exemplo pra eles, então, a
um pouquinho, mas eu tô melhor do que eu gente tem que se cuidar também. Não
era antes. A roupa, tudo diminuiu o tamanho. adianta a gente querer cobrar deles uma
Então, todo mundo me diz que ela me fez coisa que o pai não faz ou a mãe não faz.
bem, porque além de não ter engordado, eu (M5)
ainda diminuí. (M5)
Percebe-se o cuidado e a
Para essa mãe, a experiência da preocupação das mães em proporcionar um
maternidade parece ter sido vivenciada de futuro bom e em ser um exemplo para o
um modo que ela se percebeu melhor do filho. Salienta-se ainda a importância e o
que no período anterior, considerando-se lugar que essas mães projetam para os seus
os aspectos físicos. Além disso, outros bebês em suas vidas, a partir do
aspectos apontaram para essa direção, em investimento e da implicação em
que o tornar-se mãe, independentemente de proporcionar a eles boas condições de
ser planejado ou não, trouxe mudanças vida. No caso da M2, destaca-se o fato de a
significativas para a mulher como parte do gestação não ter sido planejada e a mãe
processo de desenvolvimento humano. não conviver com o pai da criança, o que
Assim, as repercussões oriundas das pode influenciar na responsabilização
mudanças físicas vivenciadas pelas expressa por ela, visto perceber-se como a
participantes, em suas diferentes formas e principal responsável pela filha. Assim, a
intensidades, de acordo com cada fase da preocupação explicitada pela participante
gestação e também após o nascimento, vai ao encontro do crescente número de
possibilitam aos poucos que se vá famílias chefiadas por mulheres, sendo a
estruturando o sentimento materno, tão mãe a principal provedora do sustento e
importante para a constituição do vínculo responsável pelos filhos (Brito, 2008;
mãe-bebê e para o desenvolvimento do Peres, 2001). Tal empreendimento se
maternar (Facco & Kruel, 2012). mostra uma tarefa árdua, considerando o
1.2. “Eu acho que eu amadureci contexto, muitas vezes de fragilidades e
bastante”: mudanças no modo de ser – baixa renda, em que essas famílias estão
considerando-se que a maternidade é um inseridas (Amazonas, Damasceno, Terto &
evento que implica mudanças da ordem Silva, 2003; Brito, 2008; Peres, 2001).
biológica, somática, social e psicológica na As participantes do estudo
vida das mulheres (Piccinini et al., 2008), também verbalizaram mudanças em
esta categoria diz respeito às mudanças relação ao modo como reagem em
percebidas pelas mães no âmbito situações do cotidiano de seus
psicológico, a partir da experiência de relacionamentos interpessoais. A
tornar-se mãe. Para as primíparas, as maternidade parece ter proporcionado
principais mudanças relacionadas a esse amadurecimento, maior calma e
aspecto referiram-se: à responsabilidade, capacidade de ponderação a elas:
ao amadurecimento, à paciência para lidar

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Eu acho que eu amadureci bastante. Tem que e a gente se direciona para o bebê” (M5).
ter um pouco mais de paciência. Antes eu É possível observar, a partir das
era bem explosiva. Às vezes, eu respondia
de qualquer jeito às pessoas ou eu dava uma
falas maternas, a influência do nascimento
resposta torta, mas agora não. Agora eu do primeiro filho na vida do casal. Assim,
penso antes de falar e se eu acho que é destacam-se os ciúmes experienciados pelo
necessário ficar quieta, eu fico. Coisa que pai da relação mãe-bebê, pois se vê tendo
antes eu não era assim. (M4) que dividir a atenção, que antes era integral
Eu era bem diferente do que eu sou agora.
Agora eu sou uma pessoa melhor do que
para ele, com um outro ser, igual ou mais
antes. Antes eu era bem chata. Depois que importante (Klaus et al., 2000; Oliveira,
você tem um filho, muda bastante. [...] Antes 2007; Piccinini et al., 2008), o que
eu era bem explosiva, e agora tô bem mais evidencia a necessidade de adaptação do
calma, tenho paciência. As coisas tinham relacionamento marcada com a chegada de
que ser pra ontem, agora não, tem que saber
esperar. Eu acho que mudou tudo, mudou
um filho (Alves et al., 2007). Essas
pra melhor. (M3) mudanças tendem a ser mais evidentes no
início, período que marca a chegada do
A capacidade expressa pelas mães bebê em casa e a maior dependência dos
de serem mais pacientes apresenta-se como cuidados maternos. Desse modo, o prazer
um fator positivo quando se considera de se tornar mãe e pai podem vir
todas as exigências advindas da acompanhados de algumas perdas, entre
maternidade. Ter calma e tranquilidade elas do relacionamento exclusivo com o
possibilita que a mãe consiga se colocar no companheiro.
lugar do bebê, reconhecendo e 2. Rede de apoio: com quem
satisfazendo-o, especialmente no início, posso contar nesse momento? – o apoio
quando a comunicação da dupla está sendo social refere-se a um dos fatores mais
estabelecida (Borsa & Dias, 2007). Outra importantes para propiciar bem-estar à mãe
característica interessante apontada pelas com o nascimento de um bebê, sendo esse
mães refere-se à maturidade que essa nova um evento que modifica a vida do casal e
etapa da vida lhes proporcionou. Isso pode da família como um todo (Rapoport &
ser percebido pelo comprometimento Piccinini, 2006). Esta categoria destacará
demonstrado por todas as primíparas do as principais fontes de apoio percebidas
estudo em relação ao bebê, assumindo a pelas mães no processo de constituição da
maternidade intensamente. maternidade. Serão apresentadas três
1.3. Mudanças no relacionamento subcategorias, a saber: 2.1. O pai do bebê;
com o pai do bebê – esta subcategoria 2.2. A avó materna; 2.3. Os profissionais
refere-se às mudanças no relacionamento de saúde.
do casal após o nascimento do primeiro 2.1. O pai do bebê – a
filho. Dentre as participantes do estudo, disponibilidade de pessoas significativas
apenas uma não residia com o pai do bebê. que prestem apoio e suporte à mãe que está
Algumas mães expressaram experienciando a maternidade é
perceber alteração no relacionamento entre fundamental. A partir da fala das
o casal, mencionando um novo arranjo na participantes, destaca-se a surpresa delas
relação e ciúmes por parte do companheiro quanto ao desempenho dos companheiros
em relação ao envolvimento materno com como pais, os quais se mostraram mais
o bebê: “Eu acho que mudou [o presentes e participativos do que elas
relacionamento entre o casal]. Digamos imaginavam:
que antes a gente vivia um para o outro.
Agora é diferente, agora tem ela. Primeiro Ele me surpreendeu. Desde o hospital, ele
preocupado se eu estava com dor. Depois
ela, depois ele” (M6); “No começo teve que o menino nasceu, ele que cuidava, ele
[mudanças], porque ele era muito ciumento que trocava a roupinha. Sempre está na volta

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e até hoje ele dá atenção. Se tiver que deixar domésticas e o cuidado dos filhos. Esses
o serviço, alguma coisa assim pra ajudar fatores podem ser dificultadores para que a
cuidar, ele fica, cuida, faz dormir, dá
comida, dá mamadeira. É muito atencioso,
mulher economicamente mais carente se
me surpreendeu bastante. (M4) mantenha empregada, concomitante a
Ele superou [a expectativa]. Eu pensei que gravidez e o nascimento dos filhos (Parada
ele não ia ter tanta paciência com ela [filha], & Tonete, 2009). Assim, pode-se
mas ele adora ela. E ela adora ele. Precisa considerar que a necessidade de uma maior
ver, um é louco pelo outro. Ele conversa
com ela, brinca, leva ela pra passear. (M6)
dedicação ao mundo do trabalho por parte
O melhor [pai] possível. Eu imaginei que ele dos pais limitava a oportunidade de
fosse bem diferente, que ele não fosse trocar participação deles nas atividades diárias
fralda, dar banho, mas tudo isso ele faz. dos bebês.
(M3) Destaca-se, ainda, a forma
favorável com que as mães do estudo
Por meio das falas maternas, apresentaram a participação e o
percebeu-se a importância de poder contar envolvimento do pai com o bebê. Mesmo
com o companheiro nesse momento, sendo no caso em que houve uma ruptura
apresentados como pais presentes e conjugal, o pai continuou presente na vida
implicados na vida dos filhos, prestando- da filha: “Ele tá sendo um pai muito bom,
lhes apoio instrumental nos cuidados com pra quem não tá junto. Ele mora longe,
o bebê. Dessa forma, o pai parece ser mas ele vê ela. Ele dá bastante carinho pra
percebido como alguém que investe e tem ela” (M2). Dessa forma, parece não ser
prazer em exercer o seu papel, sendo necessariamente o casamento ou a união
apresentados com satisfação pelas esposas. estável entre os genitores o fator
A esse respeito, Marin et al. (2011) primordial para que a mãe se sinta apoiada
destacaram que a presença e o pelo pai, mas sim a relação estabelecida
reconhecimento do pai de que o bebê entre eles acerca da parentalidade (Marin
também é fruto do seu desejo ajuda a mãe et al., 2011).
na responsabilização, tanto do sucesso Apesar de as mães considerarem
quanto das dificuldades com a criança, o positiva a participação dos pais na vida dos
que contribui para minimizar os filhos, observou-se a manutenção dos
sentimentos de ansiedade e incapacidade papéis tradicionais atribuídos aos homens e
que podem surgir com esse novo papel. mulheres, sendo os primeiros os principais
Apesar de as mães serem as responsáveis pelo sustento familiar e, as
principais responsáveis pelos cuidados dos mulheres, pelo cuidado da casa e dos
filhos e afazeres domésticos, o que faz com filhos. Conforme assinala Araújo (2011, p.
que estejam mais presentes no dia a dia do 194),
bebê, destaca-se a importância conferida
por elas à participação do pai na vida As conquistas da modernização capitalista,
familiar. Salienta-se que os pais do estudo do feminismo e da democracia não
constituíam-se nos principais provedores ocorreram (e ainda não ocorrem) da mesma
do sustento das famílias, pois todas as maneira nos diferentes segmentos e
contextos sociais e culturais. No Brasil, elas
mulheres haviam optado por não são mais acessíveis aos segmentos médios
retornarem aos seus trabalhos após o urbanos mais intelectualizados, onde é mais
nascimento do bebê. Supõem-se que esse visível o processo de democratização das
aspecto esteja atrelado à baixa relações pessoais e familiares, no
remuneração recebida pelas atividades questionamento das desigualdades de gênero
e revisão dos papéis tradicionalmente
desempenhadas, tendo em vista a baixa atribuídos ao masculino e ao feminino.
qualificação profissional, além da
necessidade de realizar as funções 2.2. A avó materna – nesta

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subcategoria serão apresentados e antigos conflitos podem ser reelaborados.


discutidos os principais resultados acerca Desse modo, nota-se que a chegada do
da relação entre a nova mãe e a própria bebê reestrutura a relação entre mãe e
mãe, ou seja, a avó materna do bebê, e o filha, podendo haver uma identificação
papel ocupado por ela na primeira entre as duas gerações (Kipper & Lopes,
experiência de maternidade da filha. A esse 2006), assim como a similaridade entre
respeito, salienta-se que o nascimento do elas, pois pode gerar uma melhora na
bebê foi um evento marcante para a compreensão uma da outra em que ambas
reaproximação entre mãe e filha, além de desfrutam da possibilidade de compartilhar
ela servir de apoio à filha na realização dos suas experiências acerca do tornar-se mãe
cuidados com o bebê: “Antes, a gente não (Dornelas & Garcia, 2006).
era muito [próximas]. Ela mora em outra A presença da avó materna como
cidade, então, era distante a nossa relação. figura de apoio à mãe nos cuidados iniciais
E agora ela liga todo dia pra ver como é com o bebê também foi mencionada por
que a gente tá. Ela já tá louca pra vir ver outra participante do estudo: “Quando ele
ele. Ela veio de X [cidade] quando eu acordava, a minha mãe mudava ele, dava
ganhei ele e ficou uma semana” (M1). ele pra mim por causa da cesárea. No
O nascimento do bebê pode ter início, eu tinha medo de mudar e
possibilitado que os laços entre mãe e filha machucar o umbiguinho, dar banho, mas
fossem renovados, marcando uma nova daí eu tinha minha mãe que me ajudava”
fase no ciclo de vida familiar, quando (M4).
De acordo com Stern (1997), após favorecer a aprendizagem dos genitores,
o nascimento do bebê, o envolvimento deixando-os mais seguros e confiantes
psicológico da mulher geralmente se volta (Stern, 1997; Lopes et al., 2010).
para as figuras maternas da sua vida, que Por outro lado, destaca-se o
servirão de modelo de identificação para a sentimento de falta vivenciado por uma das
nova mãe. Nesse momento em que ela mães do estudo decorrente do
torna-se mãe, a relação vivenciada com a distanciamento entre ela e a mãe: “A
própria mãe é ressignificada e reelaborada, minha mãe não tá nem aí. Ela é assim,
sendo que o modo como passou pela quando ela tá conversando, quando ela tá
experiência de ser cuidada configura-se na perto de mim, ela é carinhosa, dá atenção.
principal influência sobre como ela Depois, ela não liga” (M2). Essa sensação
desempenhará a função materna com o seu de distanciamento já estava presente desde
bebê. o momento em que essa mãe ficou sabendo
Assim, é significativo para a nova da gravidez: “Eu pensava que ia ser difícil.
mãe poder contar com a mãe para cuidar A minha mãe morava muito longe de mim.
do bebê (e dela também) quando ainda está Eu não tinha a minha mãe que pudesse ir
em processo de recuperação após o comigo [nas consultas durante a gestação]”
nascimento do filho (Dessen & Braz, 2000; (M2).
Lopes et al., 2010), tendo em vista o Conforme Dessen e Braz (2000),
acolhimento e a proteção que esse cuidado uma das principais modificações
pode representar em um momento em que encontradas, em geral, na rede de apoio de
a insegurança quanto à própria capacidade famílias de baixa renda em momentos de
de desempenhar o papel materno, as transição familiar, como o nascimento de
fantasias e o medo podem estar acentuados um filho, refere-se ao aumento no suporte
(Maldonado, 1997). Desse modo, a ajuda emocional e instrumental (provisão de
da avó materna nesse período pode recursos, serviços e soluções de
representar para a filha alguém que tenha problemas) recebido das pessoas próximas.
mais experiência, e também que possa Espera-se que ocorra o envolvimento de

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uma rede familiar que ultrapasse os limites ajudou bastante. Lá eles ensinavam a dar
das casas, constituindo-se em auxílio para banho, que eu não sabia. E o
acompanhamento pré-natal na unidade. Daí
os desafios inerentes ao dia a dia da família eu me viro, busco uma informação de um
(Costa & Marra, 2013). Contudo, quando lado, uma informação do outro. Venho no
isso não é possível, destaca-se a médico, venho nos pediatras. (M2)
importância do apoio recebido nos serviços
de saúde da comunidade. Nesse caso, destaca-se o papel
2.3. Os profissionais de saúde – que a assistência pré-natal teve na vida da
esta subcategoria refere-se ao papel dos gestante, oferecendo suporte não somente
profissionais de saúde no acompanhamento às questões relacionadas à saúde, mas
e suporte prestados às mães primíparas. também proporcionando apoio emocional à
Embora todas as mães do estudo nova mãe, aliviando as tensões e
estivessem participando de um programa aumentando o sentimento de segurança
de saúde materno-infantil no momento das (Piccinini et al., 2012). Esse suporte
entrevistas, o apoio profissional e de também se estendeu ao período posterior
serviços de saúde foi mencionado, ao nascimento do bebê, por meio de
referindo-se especialmente ao período da programas de saúde materno-infantil dos
gestação e ao momento do parto. As mães quais as mães participavam.
destacaram a realização do Ainda, ficou evidente a
acompanhamento pré-natal realizado na identificação e confiança que algumas
mesma Unidade Básica de Saúde onde a mães depositaram em determinados
pesquisa ocorreu: “Daí o resultado [do profissionais, como o médico com quem
teste de gravidez] deu positivo. Daí já vim costumavam consultar: “Eu não queria vir
aqui pegar ficha pra fazer o no médico Y, porque dizem que ele não
acompanhamento” (M3); “Quando fiquei conversa. Eu queria vir em outro e os
sabendo que estava grávida, já vim fazer o outros estavam de férias. Aí a gente ia
pré-natal” (M4). deixando, aí eu já tava no quinto mês [de
A importância dos serviços e dos gestação]” (M5). Nesse caso, o fato de o
profissionais de saúde no pré e pós-parto profissional não estar na unidade de saúde
responde, ao menos em parte, à proposta pode ter sido um dos motivos que retardou
do Governo Federal expressa no Programa a confirmação da gestação. A esse respeito,
Rede Cegonha. Tal programa visa a destaca-se o vínculo estabelecido entre a
oferecer assistência desde o planejamento usuária do serviço e o profissional de
familiar, confirmação da gestação, pré- saúde, sendo que o papel desse profissional
natal, parto e puerpério, incluindo a será facilitado à medida que é estabelecida
atenção integral à saúde da criança até os a confiança entre eles (Piccinini et. al.,
dois anos de idade (Ministério da Saúde, 2012).
2011). Destaca-se, ainda, a importância
Para uma das participantes, os de poder contar, no momento do parto,
serviços de acompanhamento às gestantes com aqueles profissionais com os quais já
e as consultas médicas se constituíram na se estabeleceu um vínculo durante a
principal fonte de informação em relação gestação.
aos cuidados com o bebê.
A médica que era plantonista disse: “Eu não
Eu não tinha experiência nenhuma. A minha sei se vai ter médico à noite, porque parece
mãe morava muito longe de mim. E a minha que a médica não vai estar de plantão. Se tu
vó era daquelas pessoas bem antigas, não tiver mais contração, vai no hospital X”. E
falam as coisas. Então, eu dizia: “Deus, eu eu: “Não quero ir”. Aí eu voltei [para o
não sei nada”. Eu fiz o cursinho que deram mesmo hospital] e a enfermeira disse: “Ah, é
de gestante. Foi bastante útil pra mim. Me tu que a doutora disse que ia voltar?”. Aí eu:
“Ai, que coisa boa” [a médica que já tinha a

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atendido estava lá]. (M5) modo de ser foram apontadas pelas


mulheres após se tornarem mães. A
O parto marca o momento em que maternidade foi apresentada pelas
as expectativas que acompanharam a mãe primíparas como trazendo mudanças
ao longo de toda a gestação acabam por positivas para suas vidas, proporcionando
tomar uma dimensão real. A forma como amadurecimento, maior responsabilização
esse momento é vivenciado pode repercutir e paciência para vivenciar esse momento
positiva ou negativamente na vida da com o bebê e com as outras pessoas ao seu
mulher (Marin et al., 2009). Assim, redor.
salienta-se o quanto foi importante para Considerando-se a relação entre a
essa mãe ser amparada por uma mãe e o pai do bebê, destaca-se a
profissional em quem ela confiasse para a influência que ela sofreu em decorrência
realização do parto. Destaca-se, ainda, a do nascimento do primeiro filho. Levando-
importância de que os profissionais de se em consideração que a maioria das mães
saúde ofereçam um suporte pautado na vivia em união estável com o pai do bebê,
atenção e no apoio às mães, visto que a sentimentos de ciúmes da relação mãe-
mulher pode se encontrar especialmente bebê foram experienciados pelos
fragilizada nesse momento, necessitando companheiros. Isso se deu especialmente
de um apoio acolhedor e confiável (Alves logo após o nascimento da criança. A partir
et al., 2007). disso, pode-se evidenciar o quanto o
nascimento de um filho marca um evento
Considerações finais familiar, no qual o pai também passa por
um período de adaptação e mudança,
O modo como cada mulher assim como a mulher, necessitando se
vivencia a experiência da maternidade é sentir incluído nessa nova organização
singular. Assim, também é a forma como familiar.
as mudanças decorrentes desse momento Diante de todas essas mudanças
foram sentidas pelas participantes do percebidas pelas mães com a maternidade,
estudo. Pôde-se observar que as primíparas mostrou-se fundamental poder contar com
perceberam as mudanças no corpo figuras de apoio prestando o suporte
decorrentes da gestação, sendo ressaltados necessário. A partir desse estudo, destaca-
sentimentos de insatisfação. Para algumas se a satisfação das mães quanto ao
mães, as mudanças corporais foram desempenho exercido pelo pai do bebê,
citadas, influenciando na autoimagem em que as auxiliava especialmente nos
relação ao companheiro pelo sentimento de cuidados com a criança e nos momentos
vergonha. Associado às mudanças na lúdicos. Apesar de os pais, em decorrência
aparência, o desconforto físico sentido ao do trabalho, não passarem tanto tempo
fim da gestação também foi lembrado com os filhos quanto as mães, elas os
pelas primíparas, sinalizando as limitações apresentaram como sendo pais presentes,
físicas decorrentes do fim da gestação. inclusive no caso da mãe que não tinha
Para outras, as mudanças físicas não se relacionamento conjugal com o pai do
tornaram a principal preocupação, visto bebê. Nesse sentido, observou-se, nas
que nesse momento a atenção voltava-se famílias estudadas, a manutenção de papéis
mais para os cuidados com o bebê do que tradicionais relacionados ao gênero, uma
para com o próprio corpo. Ainda, vez que os pais se mantiveram como
sentimentos de satisfação foram destacados principais mantenedores financeiros da
a partir das mudanças corporais, sendo família e as mães, na maioria, deixaram
essas percebidas positivamente. seus empregos anteriores, aspecto
Além disso, mudanças no seu relacionado ao segmento socioeconômico

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pesquisado. momento intenso que representa a chegada


A avó materna também foi de um filho.
indicada como importante figura de apoio Cabe ainda lembrar que os
à mãe, auxiliando-a nos primeiros resultados encontrados no presente estudo
momentos após o nascimento. Além disso, talvez não devam ser generalizados, visto
mudanças positivas na relação entre mãe e que se relacionam a mulheres primíparas
filha foram destacadas após o nascimento pertencentes a um determinado contexto. O
do bebê, havendo uma reaproximação mesmo pode se aplicar às características da
entre elas. rede de apoio das participantes, pois
Ainda, ressalta-se a importância compuseram o estudo somente mulheres
dos serviços e profissionais de saúde como oriundas do mesmo grupo socioeconômico
fonte de orientação e suporte à mãe e, com uma exceção, todas elas viviam em
primípara que desempenharam um papel um relacionamento estável com o pai do
ainda mais marcante no caso em que a mãe bebê e frequentavam um Programa de
não tinha relação de proximidade com a Saúde Materno-Infantil da Unidade de
própria mãe. Nesse sentido, destaca-se a Saúde.
contribuição prestada pelos serviços de Por fim, vale destacar a
acompanhamento de saúde da díade mãe- importância dos serviços de saúde para as
bebê, minimizando as dúvidas e prestando participantes deste estudo, estendendo-se
amparo à saúde de ambos. O apoio para a maioria da população, mesmo com
profissional se constituiu como um recurso as dificuldades enfrentadas pela sociedade
significativo para as mães, especialmente em relação ao acesso a eles. Dessa forma,
por meio do vínculo estabelecido com os quando se evidencia a fragilidade do
profissionais da saúde. A partir disso, sistema de cuidados, com carência de
destaca-se a relevância dos aspectos recursos tanto materiais quanto humanos, o
afetivos e do vínculo estabelecido entre o estabelecimento do vínculo entre a mulher
profissional e as mães no âmbito dos e os profissionais da saúde pode ser
serviços de saúde. Dessa forma, o dificultado. Contudo, ressalta-se a
cuidado do profissional deve estender-se relevância desse vínculo frente ao estado
para além do corpo que é gestante, de dependência e fragilidade que a mulher
buscando o acolhimento da mulher, a pode se encontrar no momento da chegada
inclusão da família, o incentivo e a de um filho.
valorização da paternidade e das relações
familiares na construção dos vínculos com Referências
o novo bebê (Da Silva & Da Silva, 2009).
No que tange às limitações deste Alves, A. M., Gonçalves, C. D. S. F.,
estudo, salienta-se que este abordou Martins, M. A., Silva, S. T. D.,
somente a perspectiva das mães. Auwerter, T. C., & Zagonel, I. P. S.
Considera-se importante que novos estudos (2007). A enfermagem e puérperas
investiguem também a visão paterna nesse primigestas: desvendando o processo
processo de mudanças que marca o de transição ao papel materno.
nascimento de um filho, já que as mães os Cogitare Enfermagem, 12(4), 416-
apresentaram como figuras ativas e 427.
participativas na vida dos bebês. Nesse Amazonas, M. C., Damasceno, P. R., Terto,
sentido, a ampliação dos serviços de saúde L. D., & Silva, R. R. (2003).
desenvolvendo ações que incentivem a Arranjos familiares de crianças das
presença dos pais no acompanhamento das camadas populares. Psicologia em
consultas do bebê pode ser fundamental Estudo, 8(esp), 11-20.
para que eles sintam-se incluídos nesse Araújo, M. F. (2011). Família,

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modernização capitalista e 29-33.


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