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“IMPORTÂNCIA DA MONITORIZAÇÃO DA

PRESSÃO INTRA-ABDOMINAL NO DOENTE


QUEIMADO”

Maria de Lurdes dos Santos Martins


Sónia Filipe
Soraia Daniela de Almeida Fernandes

VIII Jornadas de Enfermagem de Queimados

Aveiro, 11 de Outubro de 2019


INTRODUÇÃO

A Hipertensão Intra-Abdominal (HIA) e a Síndrome Compartimental Abdominal (SCA)


têm sido reconhecidas como um contributo importante para a morbidade e mortalidade
do doente crítico e em particular do doente queimado pela elevada incidência de
complicações relacionadas com as variações desta medida.

(Mbiine el al., 2017)

No doente grande queimado, a presença de lesão térmica na região abdominal, o


extravasamento capilar secundário à resposta inflamatória sistémica e a reposição
volémica agressiva são fatores que contribuem para o aumento da Pressão
Intra-Abdominal (PIA).

(Talizin al., 2017)


INTRODUÇÃO

Em 2004 foi fundada a World Society of the Abdominal Compartment Syndrome


(WSACS), que elaborou um documento para padronizar as definições e os valores
normais de Pressão Intra-Abdominal (PIA), e guiar a prática clínica.

(Kirkpatrick et al., 2013)

A instalação e a avaliação da PIA são procedimentos de enfermagem, deste modo é


essencial por parte destes profissionais o conhecimento teórico para executar
adequadamente o procedimento e permitir a precoce identificação de problemas, o que
garante a prestação de cuidados com menores índices de complicações.

(Milanesi & Caregnato, 2014)


OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL

Valorizar a monitorização da Pressão Intra-Adminial como contributo para a melhoria da


qualidade dos cuidados prestados ao doente queimado.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever os critérios diagnósticos e os fatores de risco associados ao aumento da PIA ;


Valorizar o papel do enfermeiro na monitorização e avaliação da PIA;
Sensibilizar a equipa de enfermagem para a importância da monitorização da PIA no
doente queimado.
PRESSÃO INTRA-ABDOMINAL

A pressão intra-abdominal (PIA) é a pressão compreendida dentro da cavidade


abdominal, variando de acordo com a fase respiratória e a resistência da parede
abdominal;

O valor fisiológico no adulto é de até 5mmHg;

Em doentes críticos, considera-se entre 5 a 7mmHg.

(Kirkpatrick et al., 2013)


(Milanesi & Caregnato, 2014)
PRESSÃO DE PERFUSÃO ABDOMINAL

A Pressão de Perfusão Abdominal (PPA) corresponde à pressão arterial média (PAM)


menos a pressão intra-abdominal;

PPA = PAM – PIA

Determina o adequado fluxo sanguíneo abdominal;

PPA> 60 mmHg em 3 dias consecutivos está relacionado com sobrevida.

(Kirkpatrick et al., 2013)


HIPERTENSÃO INTRA-ABDOMINAL

Hipertensão Intra-Abdominal (HIA) é definida como um aumento da PIA >12mmHg


sustentada ou repetida após três avaliações com intervalos de 4 a 6 horas.

Grau I (12-15 mmHg),


Grau II (16-20 mmHg)
Grau III (21-25 mmHg)
Grau IV (acima de 25 mmHg)

(Kirkpatrickel al., 2013)


(Talizin al., 2017)
SÍNDROME COMPARTIMENTAL ABDOMINAL

Síndrome Compartimental Abdominal (SCA) é definida como uma PIA>20mmHg


sustentada, que está associada a falência orgânica.

SCA = HIA + Disfunção Orgânica

SCA Primária SCA Secundária

(Kirkpatrick el al., 2013)

(Junior el al., 2010)


FATORES DE RISCO

1. Diminuição da complacência da parede abdominal;

2. Aumento do conteúdo intraluminal;

3. Aumento do conteúdo abdominal (fluidos, sangue ou ar);

4. Extravasamento capilar e ressuscitação volémica maciça.

(Kirkpatrick el al., 2013)

(Junior el al., 2010)


NO DOENTE GRANDE QUEIMADO

Queimaduras de 3º Agressiva Resposta


Grau Ressuscitação Inflamatória
Toraco-Abdominal hídrica Sistémica

• Limitam a • Extravasamento
complacência excessivo do • Afeta a
da parede liquido para capacidade
abdominal cavidade peritoneal de
peritoneal absorção

(Mbiine el al., 2017)


MANIFESTAÇÕES DA HIA

Perfusão renal
Taxa de filtração glomerular
Renal Insuficiência Renal aguda
Oligúria (PIA 10-15 mmHg)
Anúria (PIA 25-30mmHg)

Isquemia da parede e mucosa intestinal com


Trato acidose e translocação bacteriana
GastroIntestinal fluxo portal com insuficiência hepática e
pressão de perfusão abdominal

Pressão de Perfusão Cerebral (PPC)


Sistema
Nervoso Central retorno venoso com edema cerebral e
Pressão Intracraniana (PIC)

(Kirkpatrick el al., 2013)


MANIFESTAÇÕES DA HIA

Retorno Venoso
Cardiovascular Débito Cardíaco
Resistência Vascular Periférica

Capacidade pulmonar total


Hipoventilação
Respiratório Hipóxia
Hipercapnia
Dificuldade na Ventilação

(Kirkpatrick el al., 2013)


MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DA PIA

A avaliação da PIA, em doentes críticos, de forma constante pode atuar de forma


antecipatória, no sentido de alertar a equipa sobre a eminência de HIA e, assim evitar o
aumento da morbidade do doente internado;

O diagnóstico inicia-se com a suspeita, sendo este dependente da correta e frequente


avaliação;

O exame físico é inadequado para predizer a PIA pelo que as avaliações são essenciais
para o diagnóstico.

(Talizin al., 2017)


(Junior el al., 2010)
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento da HIA em doentes com queimaduras graves está associado a


elevada morbidade e mortalidade nestes doentes. A deteção precoce e a monitorização
adequada pode evitar esta complicação geralmente fatal.

Pela complexidade fisiopatológia inerente à HIA/SCA e pelo amplo espectro de


consequências adversas são vários estudos reflectem sobre a necessidade das Unidades
de Queimados (UQ) criarem protocolos para triagem, monitorização e manutenção da
HIA.

WSACS estabeleceu as definições baseada na melhor prática médica atual, baseada em


evidências científicas e opiniões de experts, interpretando o passado e desenhando e
planeando a prática futura.

É imprescindível uma adequada vigilância quer da equipa médica quer da equipa de


enfermagem que diariamente lidam com estes doentes.
BIBLIOGRAFIA

Kirkpatrick, A. W., Roberts, D.J., Waele, J., Jaeschke, R., Malbrain, M.L.N.G., Keulenaer, B. et al. (2013).
Intra-abdominal hypertension and the abdominal compartment syndrome: updated consensus definitions and clinical
practice guidelines from the World Society of the Abdominal Compartment Syndrome. Conference Reports And
Expert Panel. Intensive Care Med (2013) 39:1190–1206

Talizin, T.B.; Tsuda, M.S.; Tanita, M.T.; Kauss, I.A.; Festti, J.; Carrilho, C.M., et al. (2017). Injúria renal aguda e
hipertensão intra-abdominal em paciente queimado em terapia intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(1):15-20

Junior, A.C.; Nascimento, A.F.; Castro, B.A.C.; Alves-Freitas, D.; Pianetti, D.C.; Silva, G.V. (2010). Síndrome do
compartimento abdominal e hipertensão intra-abdominal. Artigo de Revisão. Departamento de Cirurgia da
Faculdade de Medicina-FM da Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG. Rev Med Minas Gerais 2010; 20(4
Supl 2): S59-S63

Zeni, M.; Junior, R.L.G.; Silva, A.B. (2010). Síndrome compartimental abdominal: rotinas do serviço de cirurgia
geral do Hospital Governador Celso Ramos. Artigo de Revisão. Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 39, no. 1,
de 2010

Milanesi, R.; Caregnato, R.A.A. (2014). Pressão intra-abdominal: revisão integrativa. Einstein. DOI:
10.1590/S1679-45082016RW3088

Mbiine, R.; Alenyo, R.; Kobusingye, O.; Kuteesa, J.; Nakanwagi, C.; Lekuya, H.M. et al. (2017). Intra-abdominal
hypertension in severe burns: prevalence, incidence and mortality in a sub-Saharan African hospital. Int J Burn
Trauma 2017;7(6):80-87
Obrigada pela vossa
atenção!

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