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FILOSOFIA
3ª SÉRIE
SEMANA 6

Olá estudantes!
Esta semana vamos retomar na Aula Paraná de Filosofia sobre o que aprendemos até o momento, também
explorar excertos de Platão, Hípias Maior e A República, estes que são textos recorrentes em avaliações
externas. Para ajudar em seus estudos, você está recebendo o resumo dos conteúdos. Relembrando que
teremos 2 aulas e vamos tratar sobre:

AULA: 11 Revisão: O que aprendemos até aqui?


Vestibular UFPR: Excerto do Diálogo Hípias Maior e
AULA: 12
excerto de A República (Livro X)

Vamos relembrar um pouquinho o que aprendemos até aqui?

Em nosso caminho até aqui, você certamente compreendeu que a Filosofia da Ciência, isto é, a
Epistemologia:

Também vimos que os métodos de raciocínios que empregamos no conhecimento da realidade,


podem ser o método dedutivo e o método indutivo de raciocínio. O primeiro se inicia no juízo universal
(todo) até atingir o particular (parte), ao passo que o indutivo, ao contrário, começa no juízo particular até
atingir o universal.
Veja um exemplo:

Ainda você compreendeu que quanto as fontes do


conhecimento racionalismo afirma que conhecimento
começa na razão, porém o empirismo defende que o ser
humano conhece a partir da experiência sensorial (os cinco
sentidos). Sabendo você que o ser humano sempre buscou
conhecer objetos ao seu redor. Ficou entendido que ele faz
isso, motivado pelo instinto de sobrevivência ou para dominar
fenômenos naturais.

Ao que se refere a cada filosófico, você aprendeu que


para:
• Platão a ciência é conhecimento seguro e verdadeiro
(episteme) distinto da mera opinião (doxa) que é um falso
conhecimento.
• No entanto Aristóteles, diferente de seu mestre, propõe
que o homem nasce e existe com a finalidade de conhecer,
estabelecendo cindo níveis ou graus do conhecimento:
Sensação, memória, experiência, arte e ciência. Também é
Aristóteles que responde, em seu tempo, pela
classificação das ciências: Ciências produtivas – que visam à fabricação de algum utensílio (p.ex.:
sapatos, roupas, vasos, etc.) Ciências práticas – que usam o saber para uma ação ou com a finalidade
moral (ética e política). Ciências teoréticas – que buscam o saber pelo saber, independente de um fim
ou utilidade (metafísica, física, matemática e psicologia).

No período da Modernidade, você investigou que o advento da era moderno permitiu que
acontecesse a Revolução Científica, possível graças aos trabalhos de Francis Bacon, com a defesa da indução
e sua teoria dos ídolos. Também com Nicolau Copérnico e sua teoria heliocêntrica, qual foi difundida por
Galileu Galilei junto a instrumentalização e seu método experimental; até chegar na sintetização da mente
brilhante de Sir Isaac Newton, sistematizando quase que a totalidade do saber científico até aquele
momento, em sua Filosofia natural ou Física.

Ainda na Era Moderna, compreendemos como o conhecimento científico adquire suas características
(Geral; Unificador; Objetivo; Rigoroso), com o aval da visão mecanicista e reducionista do Universo. Sem nos
esquecermos de que, o método cartesiano, o ponto de vista da dúvida metódica e Cogito (Penso logo existo)

de René Descartes, somados a Revolução Copernicana na Filosofia, proposta por Immanuel Kant,
mas principalmente a noção do Esclarecimento determinaram os tipos de conhecimento e tipos de Juízo
(sentença) a formar o “rosto” da ciência. Isso tudo tendo o Positivismo Filosófico de Augusto Comte, sua Lei
dos Três Estados e a Religião Positivista como ponto mais elevado do otimismo na ciência.

Entretanto, aprendemos também que junto aos avanços na ciência na pós-modernidade também,
surgiu a crise na ciência, que consistiu em deixar de lado o olhar ingênuo sobre a ciência. Sobre isso, você
compreendeu a importância do Círculo de “Viena e a defesa do critério de verificabilidade, que embora
resgatasse algo do otimismo positivo, destacava-se buscar separara o conhecimento científico dos demais
saberes.
Todavia, investigamos que as crítica e análises mais consistentes sobre a ciência vieram de Karl
Popper e de seu critério da refutabilidade, de Thomas Kuhn e sua noção de paradigma, afirmando a
Revolução estrutural que as ciências sofrem. Até a crítica radical de Paul Feyrabend, se colocando contra o
método e defendo que a ciência, assim como outros tipos de saber, é um evento cultural - no fundo, ela tem
sim sua importância, mas só difere esteticamente dos outros conhecimentos, não é melhor e nem pior, como
algumas sociedades querem fazer acreditar. Para algumas situações devemos sim empregar a ciência, mas
em outras ocasiões ela nada pode responder.

Além de revisar o que até estudamos, hoje veremos também um fragmento de uma obra filosófica, do
filósofo Platão. Tal como você pode observar a seguir.

Como você deve ainda recordar, Platão é o apelido de Arístocles, que nasceu em Atenas. Pertencente
a aristocracia da cidade, como tal, foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Platão que havia fundado
sua escola filosófica, a Academia, após a morte de seu mestre, se decepcionou com a política da cidade e dali
partiu diversas vezes. Em sua filosofia defende que há dualidade existências opõe Mundo Inteligível (Mundo
das Ideias – essências) e o Mundo Sensível (Mundo da matéria – aparências). Ao primeiro temos acesso
mediante nossa alma racional (mente humana), ao segundo, o corpo nos permite experimentar através dos
cinco sentidos.
Quanto a isto, facilmente você compreende que o conhecimento verdadeiro só pode se realizar no
Mundo das ideias, por meio da alma. Principalmente quando a alma se livra do corpo que lhe mantém cativa.
Um trecho, da obra A República, nos apresenta esta relação do conhecimento verdadeiro na Alegoria ou
Mito da Caverna, texto que também expõe a ética (a o bem agir) e a política (quem deve ser o governa),
segundo a filosofia de Platão. Aqui lhe oferecemos uma tradução:

Excerto - Mito da Caverna de Platão

SÓCRATES – [...] compara nossa natureza, conforme seja ou não educada, com a seguinte situação: imagina homens
em uma morada subterrânea em forma de caverna, provida de uma única entrada com vista para a luz em toda a sua
largura. Encontram-se nesse lugar, desde pequenos, pernas e pescoço amarrados com cadeias, de forma que são
forçados a ali permanecer e a olhar apenas para a frente, impossibilitados, como se acham, pelas cadeias, de virar a
cabeça. A luz de um fogo aceso a grande distância brilha no alto e por trás deles; entre os prisioneiros e o foco de luz
há um caminho que passa por cima, ao longo do qual imagina agora um murozinho, à maneira do tabique que os
pelotiqueiros levantam entre eles e o público e por cima do qual executam suas habilidades.
GLAUCO - Figuro tudo isso, respondeu.
SÓCRATES - Observa, então, ao comprido desse murozinho homens a carregar toda a sorte de utensílios que
ultrapassam a altura do muro, e também estátuas e figuras de animais, de pedra ou de madeira, bem como objetos
da mais variada espécie. Como é natural, desses carregadores uns conversam e outros se mantêm calados.
GLAUCO - Imagens muito estranhas, disse, como também prisioneiros de que falas.
SÓCRATES - Parecem-se conosco, respondi. Para começar, achas mesmo que, em semelhante situação, poderiam ver
deles próprios e dos vizinhos alguma coisa além da sombra projetada pelo fogo, na parede da caverna que lhes fica
em frente?
GLAUCO - De que jeito, perguntou, se a vida inteira não conseguem mexer a cabeça?
SÓCRATES - E com relação aos objetos transportados, não acontecerá a mesma coisa?
GLAUCO - Como não?
SÓCRATES - Logo, se fossem capazes de conservar, não acreditas que pensariam estar designados pelo nome certo
tudo o que veem?
GLAUCO - Necessariamente.
SÓCRATES - E se no fundo da prisão se fizesse também ouvir um eco? Sempre que falasse alguma das estátuas, não
achas que eles só poderiam atribuir às sombras em desfile?
GLAUCO - Sim, por Zeus! Exclamou.
SÓCRATES - De qualquer forma, continuei, para semelhante gente a verdade consistiria apenas a na sombra dos
objetos fabricados.
É mais do que certo, respondeu.
SÓCRATES - Considera agora, lhe disse, quais seriam as consequências da libertação desses homens, depois de
curados de suas cadeias e imaginações, se as coisas se passassem do seguinte modo: vindo a ser um deles libertado
e obrigado imediatamente a levantar-se, a virar o pescoço andar e olhar em direção a luz, não apenas tudo isso lhe
causaria dor, como também o deslumbramento o impediria de ver os objetos cujas sombras até então ele enxergava.
Como achas que responderia a quem lhe afirmasse que tudo o que ele vira até ali não passava de brinquedo e que
somente, agora, por estar mais próximo da realidade e ter o rosto voltado para o que é mais real é que ele via com
maior exatidão; e também se o interlocutor lhe mostrasse os objetos, à medida que fossem desfilando, e o obrigasse,
à custa de perguntas, a designá-los pelos nomes? Não te parece que ficaria atrapalhando e imaginaria ser mais
verdadeiro tudo o que ele vira até então do que quanto naquele instante lhe mostravam?
GLAUCO - Muito mais verdadeiro, respondeu.
II – SÓCRATES- E no caso de forçarem a olhar para a luz, não sentiria dor nos olhos e não correria para junto das
coisas que lhe era possível contemplar, certo de serem todas elas mais claras do que as que lhe então apresentavam?
GLAUCO - Isso mesmo, disse.
SÓCRATES - E agora, perguntei, se o arrastassem à força pela rampa rude e empinada e não o largassem enquanto
não houvessem alcançado a luz do sol, não te parece que sofreria bastante e se revoltaria por ver-se tratado daquele
modo? E depois de estar no claro, não ficaria com a vista ofuscada, sem enxergar nada do que lhe fosse então
indicado como verdadeiro?
GLAUCO - De fato, respondeu; pelo menos no começo.
SÓCRATES - Precisaria, creio, habituar-se para poder contemplar o mundo superior. De início, perceberia mais
facilmente as sombras; ao depois, as imagens dos homens e dos outros objetos refletidos na água; por último, os
objetos e, no rato deles, o que se encontra no céu e o próprio céu, porém sempre enxergando com mais facilidade
durante a noite, à luz da lua e das estrelas, do que de dia ao sol com todo o sue fulgor.
GLAUCO - Não há dúvida.
SÓCRATES - Finalmente, segundo penso, também o sol, não na água ou sua imagem refletida em qualquer parte, mas
no lugar certo, que ele poderia ver e contemplar tal como é mesmo.
GLAUCO - Necessariamente, disse.
SÓCRATES - De raciocínio em raciocínio, chagaria à conclusão de que o sol é que produz as estações e tudo dirige no
espaço visível, e que, de algum modo, é a causa do que ele e seus companheiros estavam habituados a distinguir.
GLAUCO - É evidente, respondeu, que depois de tudo, ele concluiria dessa maneira.

SÓCRATES - E então? Quando se lembrasse de sua primitiva morada, da sabedoria lá reinante e dos companheiros
de prisão, não te parece que se felicitaria pela mudança e lastimaria a sorte deles todos?
GLAUCO - Sem dúvida.
SÓCRATES - E as honrarias e os elogios distribuídos entre eles mesmos, os prêmios para quem percebesse com mais
nitidez as imagens em desfile e se lembrasse com exatidão do que costumava aparecer em primeiro lugar, ou por
último, ou concomitante, e que, por isso, ficasse em condições de prever o que iria dar-se, acreditas que semelhante
indivíduo tivesse saudades do outro tempo ou invejasse os que entre eles fossem alvo de distinções ou fizessem
parte do governo? Ou com ele se passaria aquilo de Homero: Pois preferia viver empregado em trabalhos de campo,
sob um senhor sem recursos, E vir a sofrer seja o que, a voltar para semelhantes ilusões e viver a antiga vida?
GLAUCO - É também o que eu penso, respondeu; aguentaria tudo, para não voltar a viver daquele jeito.
SÓCRATES - Considera também o seguinte, lhe falei: se esse indivíduo baixasse de novo para ir sentar-se em seu
antigo lugar, não ficaria com os olhos obnubilados pelas trevas, por vir da luz da luz do sol tão de repente?
GLAUCO - Sem dúvida, respondeu.
SÓCRATES - E se tivesse de competir outra vez a respeito das sombras com aqueles eternos prisioneiros, quando
ainda se ressentisse da fraqueza da vista, por não se ter habituado com o escuro – o que não exigiria pouco tempo –
não se tornaria objeto de galhofa dos outros e não diriam esses que o passeio lá por cima lhe estragara a vista e que
não valia a pena sequer tentar aquela subida? E se porventura ele procurasse libertá-los e conduzi-los para cima,
caso fosse possível aos outros fazer uso das mãos e matá-lo, não lhe tirariam a vida?
GLAUCO - Com toda a certeza, respondeu.
PLATÃO. Livro VII, A República (514a – 517 a-d)

Escola/Colégio:

Disciplina: Ano/Série:

Estudante:

LISTA DE EXERCÍCIOS

1) Assinale a alternativa que NÃO corresponde aos fundamentos da ciência contemporânea:

A) Noção de método como conjunto de regras, normas e procedimentos gerais, a fim de definir o objeto e para a
orientação do pensamento durante a investigação e, posteriormente, para a confirmação ou refutação dos
resultados encontrados.
B) As leis científicas definem seus objetos conforme sistemas complexos de relações necessárias de causalidade,
complementaridade, inclusão e exclusão, objetivando o caráter necessário do objeto e o afastamento do
contingencial.
C) Distinção entre sujeito e objeto do conhecimento, que permite estabelecer a ideia de subjetividade, isto é, de
dependência dos fenômenos em relação ao sujeito que conhece e age.
D) A ideia de método pressupõe a adequação do pensamento a certos princípios lógicos universalmente válidos,
dos quais dependem o conhecimento da verdade e a exclusão do falso.
E) O objeto científico é submetido à análise e à síntese, que descrevem fatos verificados ou constroem a própria
objetividade como um campo de relações internas necessárias, isto é, uma estrutura que pode ser conhecida em
seus elementos, propriedades, funções e formas de permanência ou de mudança.

2) O filósofo que postulou a falseabilidade como critério da avaliação das teorias científicas foi:

A) Karl Popper.
B) Imre Lakatos.
C) Ludwig Wittgenstein.
D) Thomas Kuhn.
E) Francis Bacon.

3. Em fragmento do livro VII, de A República, Platão desenvolve o célebre Mito da Caverna. Sobre o Mito da
Caverna, é correto afirmar.
I. A caverna iluminada pelo Sol, cuja luz se projeta dentro dela, corresponde ao mundo inteligível, o do
conhecimento do verdadeiro ser.
II. Explicita como Platão concebe e estrutura o conhecimento.
III. Manifesta a forma como Platão pensa a política, na medida em que, ao voltar à caverna, aquele que
contemplou o bem quer libertar da contemplação das sombras os antigos companheiros.
IV. Apresenta uma concepção de conhecimento estruturada unicamente em fatores circunstanciais e relativistas.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.

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