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FAQ
Clique aqui para ver um exemplo prático do desenvolvimento e aplicação de um protótipo de geladeira utilizando o efeito peltier.
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
Antes da pastilha ou dissipador serem selecionados, as necessidades de resfriamento tem que ser definidas. Isto inclui determinar a quantidade de
calor a ser bombeada, a “carga térmica” do sistema. Minimizar este valor permite a pastilha alcançar temperaturas mais baixas e/ou reduzir a
potência necessária para atingir a temperatura-alvo.
A carga térmica pode ser ativa, passiva ou uma combinação das duas. A carga ativa é o calor dissipado pela aplicação sendo resfriada, geralmente
equivalendo à potência de entrada do sistema. Cargas térmicas passivas são de natureza parasitária e podem consistir de radiação, convecção ou
condução.
A seguir descrevemos técnicas para se calcular as cargas térmicas ativas e passivas, aplicáveis somente a aplicações estáveis. Se a carga térmica for
transitória ou envolve fatores maix complexos como fluxo de ar ou fluído, uma análise mais detalhada será necessária.
É importante salientar que nem sempre todas as fórmulas são necessárias para se desenvolver uma aplicação. Muitas vezes para sistemas mais
rudimentares, é até mais fácil experimentar com algumas pastilhas para ver qual oferece o melhor desempenho.
onde:
Q = carga térmica ativa em watts
V = voltagem aplicada ao sistema resfriado em volts
R = resistência da aplicação em ohms
I = corrente da aplicação em ampéres
Por exemplo, um típico detector infra-vermelho de selênio de chumbo (PbSe) é operado a uma voltagem-bias de 50 volts e uma resistência de 0.5
megohms. Neste caso, a carga térmica ativa é 0.005 watts.
RADIAÇÃO
Quando dois objetos em temperaturas diferentes estão próximos, há uma troca de calor entre eles. Isto ocorre via radiação eletromagnética
emitida pelo objeto mais quente e absorvida pelo mais frio. Isto se chama radiação térmica. Cargas de radiação são consideradas insignificantes
quando o sistema é operado em um ambiente gasoso, uma vez que a magnitude das outras cargas passivas tende a ser bem maior.
Cargas de radiação são importantes em sistemas com pequenas cargas ativas e altas diferenças de temperaturas, especialmente quando operados
em um vácuo.
A equação fundamental para cargas térmicas de radiação é:
onde:
Q = carga térmica de radiação em watts
F = fator de forma (pior caso = 1)
s = constante de Stefan-Boltzman (5.667 X 10-8w/m2K4)
A = área resfriada em m2
Tamb = temperatura ambiente em kelvin
Tc = temperatura do lado frio em kelvin
Por exemplo, consideremos uma aplicação está sendo resfriada de uma temperatura ambiente de 27C (300K) para -50°C (223K). Os parâmetros
conhecidos são:
A área de contato é de 8.54 X 10 -4 m2 e tem uma emissividade de 1. Assumamos que o fator de forma é igual a 1.
Qrad = (1)(1) (5.66X10-8 W/m2K4) (8.54 X 10-4 m2) [(300 K)4 - (223 K)4] = 0.272 W
CONVECÇÃO
Quando a temperatura de um fluído (neste caso, um gás) passando por um objeto difere do mesmo, ocorre uma transferência de calor. A quantidad
de calor transferido depende da taxa de passagem do fluído. Cargas térmicas de convecção em pastilhas termoelétricas normalmente são o
resultado de convecção natural (ou livre). Este é o caso quando a passagem do gás não é induzida com uma ventoinha ou bomba, mas sim
naturalmente no ambiente devido a densidade variável causada pela diferença de temperatura entre o objeto resfriado e o gás.
A carga de convecção é uma função da área exposta e a diferença em temperatura entre esta área e o gás no ambiente. Este tipo de carga térmica é
mais significante em sistemas operando em ambientes gasosos com pequenas cargas ativas ou altas diferenças de temperatura.
A equação fundamental para convecção é:
onde:
Q = carga térmica de convecção em watts
h = coeficiente de transferência de calor convectivo (w/m2C) (valor típico é de 21.7 para uma placa horizontal em 1 atm)
A = área exposta em m2
Tar = temperatura do ar ambiente em C
Tc = temperatura da área fria em C
Por exemplo, consideremos uma placa quadrada sendo resfriada de 25C para 5C. O topo e os quatro lados são áreas expostas. A placa tem 0.006
metros de grossura e cada lado tem 0.1 metros de comprimento.
É muito importante evitar que condensação se forme quando resfriando abaixo do ponto de orvalho. Este problema pode ser evitado selando o
sistema em um gás seco ou vácuo.
CONDUÇÃO
Transferência de calor condutiva ocorre com o contato direto de moléculas de uma região de alta temperatura para uma outra de baixa.
Cargas térmicas condutivas em um sistema podem ocorrer via fios elétricos, parafusos, etc., que podem fazer parte do trajeto térmico entre a
aplicação resfriada e o dissipador de calor ou ambiente.
Por exemplo, um sensor de temperatura é colado ao lado frio da pastilha termoelétrica. Ele tem dois conectores de platina com diâmetros de 25mm
e comprimento de 12 mm. Estes conectores são presos a pinos no dissipador. O lado frio está a -20C enquanto o dissipador está a 30C.
Como a carga condutiva é inversamente proporcional ao comprimento do fio, esta carga pode ser reduzida com a utilização de fios mais longos.
CONVECÇÃO E CONDUÇÃO COMBINADAS
A seguinte equação pode ser usada para estimar perdas de calor devido a convecção e condução de um recipiente:
onde:
Q = carga térmica em watts
A = área total exposta do recipiente em m2
x = grossura da insulação em m
k = condutividade térmica da insulação (w/m C) – ver tabelas I e III
h = coeficiente de transferência de calor convectivo (w/m2 C) – ver tabela II
DT = diferença de temperatura em C
TRANSIENTE
Algumas aplicações requerem um intervalo de tempo para atingir a temperatura desejada. A seguinte equação pode ser utilizada para estimar o
tempo necessário para tal:
onde:
t = tempo em segundos
rho = densidadada em g/cm3
V = volume em cm3
Cp= calor específico J/g C
T1-T2 = mudança de temperatura em C
Q = (Qto + Qtt) / 2 (J/s, J/s = watts)
Qto é a capacidade inicial de bombeamento de calor quando a diferença de temperatura na pastilha é zero. Qtt is é a capacidade de bombeamento
de calor quando a temperatura desejada é atingida e a capacidade de bombeamento de calor é reduzida. Qto and Qtt são utilizados para obter
valores médios.
Neste exemplo, uma pastilha single-stage é suficiente, uma vez que 64C é maior que o Delta T de 35C desejado. Se o número de estágios
necessários for maior do que dois, é preciso fazer cálculos mais complexos. É importante salientar que quase sempre, pastilhas multi-stage são
inviáveis para aplicações normais em produtos para o consumidor. Nestes casos, é mais indicado se utilizar um compressor normal e não pastilhas
peltier.
Na hora de selecionar a pastilha ideal, é essencial levar-se em conta o desempenho e o consumo da pastilha. Isto é medido via o Coeficiente de
Desempenho (ou COD), da pastilha na condição desejada. O COD é a maginitude da transferência de calor (o Q naquele ponto) dividida pela
quantidade de potência suprida ao sistema (voltagem multiplicada pela corrente, também em watts). Em outras palavras, COD indica quantas
unidades de bombeamento de calor receberá para cada unidade de potência elétrica suprida. Estas informações podem ser obtidas no Data Sheet
de cada pastilha, que se encontram na página de Produtos deste website.
Típicamente, este fator é entre 0.4 e 0.7 para aplicações single stage. A pastilha ideal dentre todas as opções será aquela que tiver o maior COD, ou
seja irá transferir a carga requerida com o menor consumo de eletricidade
A seleção ou desenvolvimento do dissipador (ou trocador) de calor é essencial na operação de pastilhas termoelétricas. Caso o trocador não seja
bem configurado ao sistema, a pastilha será permanentemente danificada. A diferença de temperatura entre o dissipador e a pastilha pode variar
bastante. Tipicamente no desenvolvimento limita-se a temperatura do trocador a 10C ou 20C acima da temperatura ambiente. Isto é porque a
temperatura do dissipador afeta diretamente a temperatura do lado quente da pastilha, que por sua vez, afeta a temperatura do lado frio.
A resistência do trocador é medida pela sua capacidade de dissipar o calor que lhe é aplicado, e é definida por:
onde:
R = resistência térmica em C/w
T1 = temperatura do dissipador em C
T2 = temperatura ambiente ou do resfriador em C
Q = carga térmica no dissipador em watts (inclui potência da pastilha mais carga absorvida)
O objetivo do desenho do dissipador é de minimizar a resistência térmica, via tamanho da área exposta ou circulação de resfriador líquido ou
gasoso.
Supomos, que a temperatura ambiente é 27C, o aumento desejado na temperatura do dissipador é 10C, equivalendo a uma temperatura de 37C no
dissipador. A carga que tem que ser dissipada equivale a 10W. Isto nos gera uma resistência de 10C/10W ou 1 C/W.
Os três tipos básicos de dissipadores são: convectivo natural, convectivo forçado e resfriamento líquido, sendo o último o mais eficiente. Valores
típicos de R para a primeira categoria estão na faixa de 0.5 C/W a 5 C/W. Para dissipadores de convecção forçada, de 0.02 C/W a 0.5 C/W e para
resfriamento líquido de 0.005 C/W a 0.15 C/W.
Como regra geral, recomenda-se que para a aplicação de pastilhas com até 10W de Qmax, um dissipador de alumínio normal pode ser utilizado.
Para módulos entre 10W-70W, uma ventoinha passa a ser recomendável para aumentar a dissipação de calor. Pastilhas com transferência de calor
acima deste limite podem requerer dissipadores mais complexos, seja com a utilização de cobre, seja com um sistema de resfriamento líquido.