19/10/2020
Prof. FELIPPE BORRING ROCHA
F E S UDE PERJ
TURMA INTENSIVA – DIREITO PROCESSUAL CIVIL
EXECUÇÃO
Prof. Felippe Borring Rocha
1 2
BIBLIOGRAFIA
ASSIS, Araken de. Manual da Execução. São
Paulo: RT;
DINAMARCO, Candido Rangel. A Execução Civil.
São Paulo: Malheiros.
GRECO, Leonardo. O Processo de Execução. Vol.
I e II. Rio de Janeiro: Renovar.
MARINONI, Luiz Guilherme; et altri. Curso de
Processo Civil, Vol. III. São Paulo: RT.
4 5
O SISTEMA EXECUTIVO DO CPC
O sistema executivo no CPC dividido em duas
partes:
a) execução de título extrajudicial: Parte
Especial, Livro II (Processo de Execução), que
trata da Teoria Geral da Tutela Executiva e dos
procedimento executivos extrajudiciais (arts.
771/925);
7 8
Defensor Público/RJ. Mestre e Doutor em Direito. Prof. Felippe Borring Rocha
Professor de cursos de pós-graduação e preparatórios
para concursos públicos. Articulista, palestrante e Instagram: @felippe_borring
autor, dentre outros, dos livros Teoria Geral dos Twitter: @felippeborring
Recursos Cíveis, Manual dos Juizados Especiais Cíveis
e Princípio da Jurisdição Equivalente. Membro do IAB, Blog: Processo Civil em Movimento
do IBDP e dos Conselhos Editoriais das Revistas da http://felippeborring.blogspot.com/
EMERJ e da UNINOVE.
3
EXECUÇÃO Parte I
Teoria Geral da Tutela Executiva TEORIA GERAL DA
Execuções em espécie TUTELA EXECUTIVA
6
A TUTELA EXECUTIVA
b) execução de título judicial: Parte Especial, A tutela jurisdicional pode ser divida em dois
no Livro I (Processo de Conhecimento e grandes segmentos:
Cumprimento de Sentença): a) tutela cognitiva - que visa dar qualificação
1. liquidação de sentença (arts. 509/512); jurídica a uma situação apresentada em juízo;
2. cumprimento de sentença (arts. 513/538). b) tutela executiva - onde se busca a satisfação
de uma obrigação inadimplida, reconhecida
num título executivo;
9
1

A atividade executiva compreende dois tipos de
medidas:
a) Medidas de coerção: pessoal (prisão civil) ou
real (multa, interdição de atividade, busca e
apreensão etc);
b) Medidas de sub-rogação: desapossamento
(apreensão de dinheiro, desconto em folha etc),
expropriação (adjudicação ou alienação) ou
transformação (cumprimento da obrigação por
quem não é o devedor);
10
A atuação judicial estará diretamente vinculada
à vontade do credor, que pode desistir a
execução ou de parte dos seus créditos, pode
escolher os bens que serão expropriados etc).
O devedor, por sua vez, só é ouvido para
preservar os seus direitos e garantias (exercício
limitado do contraditório);
13
Na atividade executiva, o juiz poderá realizar a:
a) execução específica da obrigação: entregar
ao credor a coisa ou a prestação devida;
b) a execução subsidiária: tomar ou expropriar
bens do devedor para entregar ao credor um
valor equivalente ao desfalque patrimonial
decorrente do inadimplemento da obrigação
originária;
16
Na atividade executiva, a decisão judicial final,
dizendo se a obrigação executada foi ou não
cumprida, não tem maior relevância, servindo
basicamente para encerrar o módulo processual
executivo. Por isso, embora seja enquadrada
como sentença, essa decisão, em regra, não faz
coisa julgada;
11
De fato, como a obrigação já está estampada
no título executivo, o juízo executivo não
precisa investigar a questão. O seu papel é
transformar a obrigação em realidade. Neste
sentido, a atividade executiva se assemelha
mais a uma atividade administrativa, que visa
substituir a atuação do devedor;
14
Por certo, só há execução quando o devedor
descumpre sua obrigação no tempo e forma
devidos. Por isso, o pagamento impede a
propositura da execução (art. 788) e encerra a
que já foi proposta (art. 826). Por outro lado, se
não são encontrados bens capazes de satisfazer
a obrigação exequenda, a execução poderá ser
suspensa (art. 922) ou encerrada (art. 921);
17
19/10/2020
Na atividade executiva, as decisões
interlocutórias (ordenando uma penhora,
homologando uma avaliação ou excluindo um
bem da execução) são muito mais importantes
que a sentença. Por isso, o legislador previu
expressamente o cabimento de agravo de
instrumento contra essas decisões (art. 1.015,
parágrafo único, do CPC);
12
Obs.: Em alguns países, a atividade executiva é
feita fora do Poder Judiciário. No Brasil,
algumas atividades já são feitas de maneira
extrajudicial (protesto de títulos, negativação
do nome, leilão extrajudicial, retenção de
verbas pela Administração Pública etc);
15
Quando o credor quiser e puder exigir o
cumprimento de uma prestação inadimplida,
reconhecida num título executivo, terá direito
de postular pela tutela executiva, materializado
numa pretensão executiva, apresentada por
meio de uma demanda executiva.
18
2

As medidas atípicas de sub-rogação ou coerção
O art. 139, IV, diz que o juiz pode determinar
todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
para assegurar o cumprimento de ordem
judicial, inclusive nas ações que tenham por
objeto prestação pecuniária;
19
Obs.: O CPC tornou expresso aquilo que já era
admitido sob o regime anterior, ou seja, que a
execução mandamental não pressupõe uma
relação obrigacional (arts. 536, § 5º e 537, § 7º).
22
Quadro estrutural:
a) Execução da obrigação de pagar:
1. Incidente: decisão judicial homogênea (art.
523);
2. Autônoma: decisão judicial heterogênica (art.
515, § 1º) e títulos executivos extrajudiciais
(arts. 824 e segs.);
25
Importante lembrar que a utilização desses
meios deve guardar a proporcionalidade e a
adequação, para que a busca pela efetivação
das obrigações não acabe por comprometer a
dignidade da pessoa do devedor.
20
Natureza do título executivo
a) judicial: sentença ou documento a ela
equiparado (laudo arbitral);
b) extrajudicial: título de crédito, contrato,
confissão de dívida etc.
23
b) Execução da obrigação mandamental:
1. Incidente “tutela específica” (arts. 497/501 e
536/537): decisão judicial homogênea;
2. Autônoma: laudo arbitral e sentença
estrangeira homologada pelo STJ (art. 515, § 1º)
e títulos executivos extrajudiciais (art. 806 e
segs.).
26
19/10/2020
CLASSIFICAÇÕES DA EXECUÇÃO
Natureza da obrigação
a) execução pecuniária: voltada a buscar a
satisfação de uma obrigação de pagar;
b) execução mandamental: estruturada para
satisfazer uma obrigação de fazer, não fazer ou
entregar (obrigações comportamentais);
21
Forma de apresentação da demanda executiva
a) autônoma: forma um processo executivo;
b) incidente: forma um módulo executivo
dentro de um processo “de conhecimento”;
24
LEGITIMIDADE
a) Ativa (art. 778): o credor, seu espólio, seus
herdeiros, seus sucessores, seus cessionários e
sub-rogados e o MP;
b) Passiva (art. 779): O devedor, seu espólio,
seus herdeiros, seus sucessores, o novo
devedor, o fiador e o responsável tributário.
27
3

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Na prática é muito raro ver uma intervenção de
terceiro na execução. Isso porque, a posição
majoritária é que a única modalidade de
intervenção de terceiro aceita na execução é a
assistência no polo passivo. Mas o fiador pode
promover a execução movida contra seu
afiançado (art. 834 do CC).
28
TÍTULO EXECUTIVO
Conceito
O título executivo pode ser definido como o
documento comprobatório de uma obrigação,
apto a deflagrar a atividade jurisdicional
executiva (eficácia executiva);
31
Não cabe liquidação quando a determinação do
valor da obrigação depender apenas de cálculo
aritmético. Neste caso, cabe ao credor
apresentar planilha de cálculo quando deflagrar
a execução (art. 509, § 2º). Se precisar de dados
em poder do devedor, pode pedir ao juiz para
requisitá-los (art. 524, § 3º);
34
APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DAS REGRAS SOBRE
O PROCESSO DE CONHECIMENTO
As regras gerais sobre o tutela cognitiva são
aplicáveis subsidiariamente à tutela executiva.
O CPC faz uma remissão ao Livro I da Parte
especial, que trata das normas processuais (art.
779, parágrafo único).
29
Requisitos
São requisitos básicos da obrigação expressa no
titulo executivo (art. 786):
a) certeza;
b) liquidez;
c) exigibilidade.
32
Obs.: Poderá o juiz se valer do contabilista do
juízo, quando a memória apresentada pelo
credor aparentemente exceder os limites da
decisão exequenda (art. 524, § 2º);
35
19/10/2020
PRINCÍPIOS
a) Princípio da disponibilidade (art. 775);
b) Princípio do título (nulla executio sine titulo);
c) Princípio da exatidão (art. 788);
d) Princípio da satisfação integral (art. 806);
e) Princípio da menor onerosidade (art. 805);
f) Princípio da legalidade;
g) Princípio da responsabilidade patrimonial.
30
A liquidação da obrigação a ser executada
A liquidação representa a atividade judicial
voltada a quantificar a obrigação ilíquida
reconhecida em título executivo judicial. Trata-
se de um atividade eminentemente declaratória,
que não pode inovar em relação ao que já
consta do título executivo (art. 509, § 4º);
33
A liquidação pode ser feita como um incidente
processual da fase cognitiva do processo
sincrético (arts. 509 a 511) ou da fase de
execução nos ritos executivos mandamentais,
quando for necessária a conversão em perdas e
danos (arts. 816, 821, 823 etc);
36
4

A liquidação, no entanto, será uma verdadeira
ação autônoma nos casos de sentença penal,
sentença estrangeira homologada no STJ,
“sentença” arbitral (art. 515, § único) e quando
a liquidação prévia das benfeitorias for
necessária (art. 810);
37
No caso da liquidação por arbitramento, as
partes deverão apresentar documentos
elucidativos e, se não for possível decidir de
plano, será deflagrada a produção da prova
pericial (arts. 464 a 480) ou outro tipo de prova
que se faça necessário.
40
Obs.: A propositura de qualquer ação relativa
ao débito constante do título executivo não
inibe o credor de promover-lhe a execução (art.
784, § 1º).
43
A liquidação pode ser requerida pelo credor ou
pelo devedor e pode abranger todos os capítulos
da decisão ou apenas alguns deles. Pode ser
também requerida em face de decisão
submetida a recurso, mesmo que dotado de
efeito suspensivo. Neste caso, a liquidação será
processada em autos apartados;
38
Regras especiais sobre a exigibilidade das
obrigações
a) Obrigações alternativas (art. 800);
b) Obrigações sujeitas a condição ou termo
(art. 514);
c) Obrigações vinculadas à realização de uma
contraprestação (art. 787);
41
Rol dos títulos executivos
a) extrajudiciais (art. 784);
Obs.: O art. 784 prevê expressamente a
possibilidade de outros títulos executivos
extrajudiciais serem criados por lei. Por ex., TAC
(LACP), contrato de honorários (EA), termo de
mediação (LA) etc
44
19/10/2020
A liquidação pode ter dois procedimentos. Pode
seguir o rito comum, quando visar dimensionar
fatos novos, ainda não tratados no processo, ou
por arbitramento, quando mirar aspectos
técnicos de fatos já tratados no processo. Ocorre
que o art. 511, ao tratar da liquidação por fatos
novos, diz que o réu será intimado para
contestar em 15 dias;
39
Obs.: Os art. 538 positivou aquilo que a
doutrina e a jurisprudência já afirmavam: que a
existência de benfeitorias e o exercício do
direito de retenção devem ser alegados pelo
réu na fase de conhecimento, em sede de
contestação, sob pena de preclusão;
42
Obs.: O fato do credor possuir um título
executivo extrajudicial não o impede de optar
pelo processo de conhecimento, a fim de obter
título executivo judicial (art. 785).
45
5
 19/10/2020

b) judiciais (art. 515): as decisões proferidas no

o formal de partilha; o crédito de auxiliar da RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
processo civil que reconheçam a exigibilidade
justiça, quando as custas, emolumentos ou
de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não De acordo com o art. 789, o devedor responde,
honorários tiverem sido aprovados por decisão
fazer ou de entregar coisa; a decisão para o cumprimento de suas obrigações, com
judicial; a sentença penal condenatória
homologatória de autocomposição judicial; a todos os seus bens, presentes e futuros, ainda
transitada em julgado; a “sentença” arbitral; a
decisão homologatória de autocomposição que em poder de terceiros. Por isso, diz-se que a
decisão estrangeira homologada pelo STJ;
extrajudicial de qualquer natureza; responsabilidade patrimonial é dinâmica;

46 47 48

Averbação da distribuição
Fraude à execução De acordo com o REsp 956.943/PR:
a) a boa-fé do adquirente se presume se não há Diz o art. 828 que o exeqüente poderá obter
É possível falar na existência de 3 níveis de publicidade da penhora; certidão comprobatória do ajuizamento da
fraudes: b) o terceiro não precisa obter as certidões de execução no ato da distribuição. A certidão deve
a) fraude contra credores; distribuidor; conter a identificação das partes e valor da causa
b) fraude à execução; c) sem publicidade, cabe ao credor comprovar a e pode ser averbada no registro de bens sujeitos
c) fraude à penhora; má-fé do terceiro. à penhora ou arresto./

49 50 51

INTRODUÇÃO
É possível falar em 4 ritos “comuns”:
a) Ação de execução da obrigação de entregar Os ritos executivos especiais no CPC são:
Parte II coisa certa ou incerta (arts. 806/813); a) execução de decisão judicial contendo
b) Ação de execução da obrigação de fazer (arts. obrigação mandamental (arts. 497/500 e
PROCEDIMENTOS 814/821);
c) Ação de execução da obrigação de não fazer
536/538), obrigação pecuniária (arts. 513/527),
obrigação alimentar (arts. 528/533) ou
EXECUTIVOS EM ESPÉCIE (arts. 822/823);
d) Ação de execução da obrigação de pagar
obrigação pecuniária contra a Fazenda Pública
(arts. 534 e 535);
(arts. 824/909);

52 53 54

6

b) execução de decisão judicial contendo uma
obrigação mandamental ou pecuniária proferida
num rito especial, como por exemplo na
consignação em pagamento (art. 545, § 2º), na
exigência de contas (art. 552), na demarcatória
(art. 572, § 2º) ou na monitória (art. 700);
55
Execução da obrigação de entrega de coisa
A ação de execução para entrega de coisa se
subdivide em ação para entrega de coisa certa
(art. 806/810) e ação para entrega de coisa
incerta (art. 811/813);
58
No mandando de citação constará a ordem
busca e apreensão ou imissão na posse,
conforme seja o bem móvel ou imóvel. Assim,
findo o prazo de 15 dias, sem cumprimento da
obrigação, a ordem de entrega deve ser
imediatamente cumprida. Se o executado
entregar a coisa, será lavrado termo e a
execução prosseguirá para cobrança de valores;
61
c) ação de execução de título extrajudicial de
obrigação pecuniária ou mandamental contra a
Fazenda Pública (art. 910);
d) ação de execução de título extrajudicial de
obrigação de alimentos (arts. 911/913);
e) execução do devedor insolvente, prevista nos
arts. 748 a 786-A do CPC/1973 (art. 1052)./
56 57
Execução da obrigação de entrega de coisa
certa
Na petição inicial deve ser requerida a citação
do executado para entregar a coisa, sob pena de
multa, ou para oferecer embargos à execução,
no prazo de 15 dias, bem como o pagamento
das custas, taxas, honorários advocatícios e
perdas e danos;
59 60
A imissão na posse ou a busca e apreensão
somente ficará sobrestada se o executado
apresentar embargos, garantindo o juízo, e
obtiver o efeito suspensivo;
62 63
19/10/2020
AÇÃO DE EXECUÇÃO MANDAMENTAL
FUNDADA EM TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL
As ações mandamentais previstas no Livro II da
Parte Especial do CPC pode ter dois ritos, um
quando a obrigação for de entregar coisa (certa
ou incerta) e outro quando a obrigação for de
fazer ou não fazer.
Oferecida a petição inicial, o juiz fará o seu juízo
de admissibilidade. Poderá indeferi-la de plano
ou determinar sua complementação ou
emenda, no prazo de 15 dias. Se receber a
petição inicial, no entanto, deverá fixar os
honorários, na forma do art. 827 (10% do valor
da causa);
No caso de existir pedido de compensação pelas
perdas e danos, se tal valor já não estiver pré-
fixado no contrato, deverá ser apurada em
liquidação incidental. Fixado o valor, o rito
seguirá como execução pecuniária fundada em
título judicial;
7

Se a coisa foi vendida após ter se tornado
litigiosa, seja pela notificação extrajudicial ou
pela citação, o mandado de busca e apreensão
ou imissão na posse será expedido em face do
terceiro adquirente, que só será ouvido após a
coisa ter sido entregue. Neste caso, antes de ser
intimado, o terceiro poderá opor embargos de
terceiro;
64
Se couber ao executado a escolha sobre a coisa
a ser executada, ele será citado para no prazo de
15 dias entregar a coisa escolhida. Mesmo que
não entregue a coisa ou embargue, poderá
exercer seu direito de escolha por simples
petição no mesmo prazo. Ambas as partes
podem impugnar a escolha feita, no prazo de 15
dias, dentro ou fora dos embargos;
67
Se não for possível desfazer o ato que não
deveria ter sido feito, ou fazer o que deixou de
ser feito, o credor deverá cobrar perdas e danos
do devedor inadimplente. De forma que,
processualmente, não há diferença entre as
execuções de obrigação de fazer e não fazer. A
distinção diz respeito, tão somente, ao direito
material;
70
Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa
pelo executado ou por terceiros, o exequente
deverá realizar a liquidação antes de propor a
ação de execução. Se houver saldo em favor do
executado, o exequente o depositará ao propor
a demanda executiva; se houver saldo em favor
do exequente, este poderá cobrá-lo, nos
mesmos autos, junto com os demais encargos.
65
Havendo divergência sobre a escolha feita, o
juiz decidirá de plano, ou, se necessário,
ouvindo perito de sua nomeação. Definido o
bem que deva ser entregue, segue-se o rito da
execução para entrega de coisa certa./
68
Na petição inicial, além dos requisitos genéricos,
deve ser requerida a citação do executado para
satisfazer a obrigação no prazo que o juiz Ihe
assinar, se outro não estiver determinado no
título executivo, ou oferecer embargos à
execução, no prazo de 15 dias;
71
19/10/2020
Execução da obrigação de entrega de coisa
incerta
O rito da execução para entrega de coisa incerta
tem a mesma estrutura da execução para
entrega de coisa certa. A diferença é que o rito
tem uma fase inicial para individualização da
coisa. Depois disso, o rito é o mesmo, pois a
coisa já será tida como certa;
66
Execução da obrigação de fazer e da obrigação
de não fazer
Na realidade, as execuções da obrigação de
fazer e de não fazer convergem para um mesmo
procedimento. Isso porque, quando uma
obrigação de não fazer é descumprida, busca-se
reverter o ato praticado (obrigação de fazer)
pelo próprio devedor ou por terceiro, por ele
remunerado;
69
Recebida a petição inicial, o juiz deverá fixar, de
ofício ou a requerimento do exequente, a
multa cominatória (astreintes) para o caso de
descumprimento da obrigação, bem como fixar
os honorários, em 10% do valor da obrigação;
72
8

Uma vez citado, o executado poderá cumprir a
obrigação, fazendo o que lhe cabia. Assim,
juntando o comprovante de cumprimento da
obrigação e pagando as custas e os honorários,
o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 dias. Não
havendo impugnação, dará por cumprida a
obrigação; em caso contrário, decidirá a
impugnação, determinando a produção de
provas para verificação do cumprimento;
73
Após o cumprimento da obrigação pelo
exequente ou por terceiro, o juiz ouvirá as
partes no prazo de 10 dias. Não havendo
impugnação, dará por cumprida a obrigação; em
caso contrário, decidirá a impugnação. Ao
término da execução mandamental, o devedor
será intimado para pagar o valor do custo para
cumprir a obrigação e demais despesas e o feito
seguirá como execução por quantia certa
fundada em título judicial./
76
Fase postulatória
Petição inicial
A execução por quantia certa deve ser
deflagrada por meio de uma petição inicial, com
os requisitos genéricos previstos nos arts. 798 e
ss. Nela, deve ser requerida a citação do
executado para pagar o valor executado em 3
dias ou em 15 dias para oferecer embargos à
execução;
79
Se o executado, no prazo fixado, não satisfizer a
obrigação, o exequente poderá requerer nos
próprios autos o cumprimento da obrigação por
outra pessoa (se a obrigação for fungível) ou
haver perdas e danos. Neste último caso, a
conversão será feita em liquidação incidental e o
feito seguirá como execução por quantia certa
fundada em título judicial;
74
AÇÃO DE EXECUÇÃO PECUNIÁRIA FUNDADA EM
TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL
Introdução
A execução por quantia certa contra devedor
solvente fundada em título executivo
extrajudicial faz as vez de procedimento comum
da execução. Trata-se do único rito executivo
regulado do início ao fim. Por isso, é aplicado
subsidiariamente aos demais ritos;
77
Na petição inicial o exequente poderá indicar
bens à penhora e requerer que o executado seja
intimado para dizer onde estão seus bens
penhoráveis e seus valores, sob pena de prática
de ato atentatória à dignidade da Justiça (art.
774, V). A exordial deverá ser instruída com
planilha atualizada do débito;
80
19/10/2020
Se optar pelo cumprimento por outra pessoa, o
exequente terá que adiantar os valores para, em
seguida, cobrar o que foi pago do executado.
Para tanto, o juiz, após ouvir as partes, deverá
homologar o orçamento apresentado pelo
terceiro. O exequente também pode se oferecer
para cumprir a obrigação;
75
A execução por quantia certa fundada em título
executivo extrajudicial possui 3 fases:
a) Fase postulatória: abrange a petição inicial, a
citação, o aresto e o cumprimento imediato da
obrigação;
b) Fase instrutória: compreende a penhora, o
depósito, a avaliação e a expropriação;
c) Fase decisória: retrata o pagamento.
78
A citação será feita pelo correio, salvo se o
exequente solicitar que seja feita por oficial de
justiça. O prazo para pagamento é contado em
dias corridos, a partir do recebimento da
citação. Caso o executado efetue o pagamento
integral do débito no prazo de 3 dias, a verba
honorária será reduzida pela metade;
81
9

Se não houver o pagamento no prazo de 3 dias,
no entanto, é o oficial de justiça que realizará
imediatamente a penhora e a avaliação, munido
desse mesmo mandado, que servirá também
para intimação do executado.
82
Não encontrando o executado, certificará o
ocorrido. Intimado dessa certidão, o exequente
terá 10 dias para requerer a citação por edital do
executado. Findo o prazo do edital, o executado
estará citado (fictamente) e terá o prazo 3 dias
para pagar o débito. Se não o fizer, o aresto será
convertido em penhora.
85
O não pagamento de qualquer das prestações
implicará, de pleno direito, o vencimento das
subsequentes e o prosseguimento do processo,
com o imediato início dos atos executivos,
imposta ao executado multa de 10% sobre o
valor das prestações não pagas e vedada a
oposição de embargos.
88
O aresto executivo
O aresto executivo (art. 830) não se confunde
com o aresto cautelar. Neste, busca-se proteger
o patrimônio de um devedor que o está
dilapidando para frustrar uma obrigação de
pagar. Naquele, tem-se uma pré-penhora;
83
A concordata civil
Uma vez citado, pode o executado, no prazo de
15 dias, deixar de apresentar embargos à
execução e pedir a concordata civil (art. 916).
Para tanto, deverá formular o pedido de
parcelamento do débito em até 6 prestações,
comprovando o depósito judicial de uma
entrada de pelo menos 30% do valor da
execução (principal e assessórios);
86
A “execução por carta”
A penhora de imóveis e de veículos automotores
é feita nos autos, mediante a apresentação do
correspondente registro (art. 845), por termo. A
penhora de outros bens, assim como a avalição e
a alienação, não situados no foro da execução,
será feita por meio de carta precatória, no foro
da situação (art. 845, § 2º). É a chamada
“execução por carta”./
89
19/10/2020
De fato, o aresto executivo tem lugar quando o
oficial de justiça não consegue encontrar o
executado para ser citado, mas localiza seus
bens penhoráveis. Neste caso, poderá arrestá-
los para garantir a execução. Nos 10 dias
seguintes, o OJA procurará o executado por duas
vezes. Se houver suspeita de ocultação, fará a
citação por hora certa;
84
O entendimento majoritário é que o exequente
não precisa concordar com o parcelamento.
Sendo a proposta deferida pelo juiz, o
exequente levantará a quantia depositada e
serão suspensos os atos executivos; caso
indeferida, seguir-se-ão os atos executivos,
mantido o depósito;
87
Fase instrutória
A penhora
Penhora, portanto, representa o ato de
constrição judicial (satisfativo) que individualiza
e especifica, no universo do patrimônio do
executado ou de terceiros (no caso de fraude), o
bem ou direito, móvel ou imóvel, que
responderá pelo valor em execução.
90
10

Natureza jurídica
A penhora só pode ser requerida pelo
exequente, que pode escolher os bens que serão
penhorados ou abrir mão, total ou parcialmente,
da penhora feita. Por outro lado, a
impenhorabilidade deve ser alegada pelo
executado, nos prazos previstos em lei, sob pena
de preclusão;
91
Bens que não estão sujeitos a penhora
O art. 832 diz que não estão sujeitos à execução
os bens que a lei considerar:
a) inalienáveis: são aqueles em relação aos
quais o proprietário não possui o poder de
disposição sobre o bem (art. 1.911 do CC);
94
A impenhorabilidade do bem de família não se
aplica ao fiador no contrato de locação, aos
créditos trabalhistas, ao crédito relativo ao
financiamento do imóvel, ao crédito alimentar,
ao crédito tributário imobiliário, ao crédito
condominial, aos bens sujeitos à direito real de
garantia, aos bens produto de crime ou
destinados à execução de sentença penal
condenatória para ressarcimento, indenização
ou perdimento de bens;
97
Não obstante, tem-se admitido que o juiz faça de
ofício o controle sobre a penhorabilidade dos
bens. Ademais, as regras sobre penhorabilidade
são temperadas por questões de ordem pública
(dignidade da pessoa humana, boa-fé, utilidade
etc). Assim, a penhora seria uma matéria híbrida.
92
b) impenhoráveis: são bens integrantes do
patrimônio do executado que por força da lei ou
da manifestação da vontade não podem ser
expropriados. Além dos bens descritos no art.
833, são considerados impenhoráveis o bem de
família involuntário (Lei nº 8.009/90) e o bem de
família voluntário (arts. 1.711 e 1.722 do CC);
95
Obs.: A jurisprudência vem flexibilizando a
impenhorabilidade do salário, fora das hipóteses
previstas em lei, quando o crédito tem
importância diferenciada para o credor, desde
que a penhora não comprometa a capacidade
de prover seu sustento;
98
19/10/2020
Objeto
A penhora deverá recair sobre tantos bens
quantos bastarem para o pagamento do
principal atualizado, dos juros, das custas e dos
honorários advocatícios (art. 831). Além disto,
toda despesa que o exequente suportar ao
longo da execução deverá ser incorporada ao
valor da execução, bem como juros e correção
que correrem ao longo do processo até o efetivo
pagamento.
93
A impenhorabilidade
A impenhorabilidade visa preservar a dignidade
da pessoa humana (art. 1.º, III, da CF) e a função
social da propriedade (art. 5.º, XXIII, da CF). A
submissão se impõe para não sujeitar à penhora
bens e de direitos considerados indispensáveis à
existência digna do executado;
96
Obs.: Apesar da supressão da expressão
“absolutamente impenhoráveis” do CPC, a
doutrina permanece afirmando que existe a
impenhorabilidade absoluta e a
impenhorabilidade relativa. Isto porque os
dispositivos que tratam destas modalidades de
penhora continuam a existir. A
impenhorabilidade absoluta está no art. 833 e a
relativa, no art. 834;
99
11
 19/10/2020

A diferença é que na impenhorabilidade relativa,
os bens (frutos e os rendimentos dos bens
inalienáveis) só podem ser penhorados na
ausência de outros bens penhoráveis. Alguns
autores, no entanto, afirmam que a supressão
serviu para afastar o caráter absoluto da
impenhorabilidade, permitindo, por ex., que o
devedor possa abrir mão dela.
Obs.: A lei diz que os vencimentos, os salários, as Obs.: A jurisprudência entende que
remunerações, os proventos de aposentadoria, impenhorabilidade não abrange as
as pensões são impenhoráveis, salvo na hipótese remunerações acumuladas ao longo do tempo
de execução de prestação alimentícia (50% de que estejam em aplicações financeiras, embora
seus ganhos líquidos, conforme regra do art. tais recursos possam ser considerados
529, § 3º ) ou o que exceder 50 salários mínimos impenhoráveis por força do inciso X, até o limite
(art. 833, § 2º). Mas a jurisprudência vem de 40 salários mínimos;
flexibilizando essas regras;

100 101 102

A ordem de bens penhoráveis

Obs.: A doutrina tem admitido que a
impenhorabilidade seja afastada ou ampliada
em razão de negócio jurídico processual
celebrado entre o credor e o devedor.
O art. 835 estabelece ordem preferencial dos
bens do executado a serem penhorados na
execução. A penhora em dinheiro tem prioridade
na penhora em relação a outros bens. Apenas a
fiança bancária ou seguro garantia judicial, em
valor pelo menos 30% superior ao débito em
execução, podem substituir o dinheiro;
Obs.: De acordo com o art. 835, na execução de
crédito com garantia real, a penhora recairá
sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa
pertencer a terceiro garantidor, este também
será intimado da penhora;

103 104 105

Desconsideração da penhora irrisória

Obs.: Diz o art. 791 que não apenas os direitos
aquisitivos derivados de promessa de compra e
venda e de alienação fiduciária em garantia
podem ser objeto de penhora, mas também os
direitos reais atrelados ao direito de superfície, à
enfiteuse, à concessão de uso especial para fins
de moradia e à concessão de direito real de uso
(art. 1.225 do CC).
Obs.: Se o oficial de justiça não localizar bens
penhoráveis, deverá listar os bens que
encontrou e nomear o executado como seu
depositário, para posterior controle judicial da
averiguação feita (art. 836, §§ 1º e 2º).
A atividade executiva somente faz sentido se o
resultado é capaz de proporcionar mínima
satisfação ao exequente. Assim, diz o art. 836
que não se levará a efeito a penhora quando
ficar evidente que o produto da execução dos
bens encontrados será totalmente absorvido
pelo pagamento das custas.

106 107 108

12

Penhora de bem indivisível e que não pertença
só ao executado
Diz o art. 843 que na penhora de bem
indivisível, o equivalente à quota-parte do
coproprietário ou do cônjuge alheio à execução
recairá sobre o produto da alienação do bem.
Eles têm a preferência na arrematação. O bem
não poderá ser vendido por valor inferior à
quota-parte de acordo com a avaliação.
109
d) Intimação do executado para em 5 dias
comprovar que as quantias bloqueadas são
impenhoráveis ou que houve excesso (acolhida
a alegação, a indisponibilidade será cancelada
ou reduzida);
e) Se não houver impugnação ou ela for
rejeitada (total ou parcialmente), o bloqueio é
convertido em penhora, independentemente da
lavratura do termo de penhora;
112
Se o juiz tiver fundadas dúvidas sobre o valor
atribuído ao bem, pode determinar a sua
avaliação, ainda que ele tenha cotação oficial.
Em regra, a avaliação será feita pelo oficial de
justiça. Caso sejam necessários conhecimentos
especializados, o juiz nomeará avaliador, que
terá prazo não superior a 10 dias para entrega
do laudo (art. 870).
115
Penhora online
A penhora online é a ordem judicial de bloqueio
de dinheiro em depósito ou aplicação financeira
feita por meio de um sistema eletrônico gerido
pelo Banco Central do Brasil (SisbaJud), que se
não for impugnada será convertida em penhora
(art. 854);
110
Realizado o pagamento da dívida por outro
meio, o juiz determinará, imediatamente, a
notificação da instituição financeira para que,
em até 24 horas, cancele a indisponibilidade. Se
a instituição financeira bloquear mais do que o
valor da dívida, responde pelos prejuízos
causados ao executado.
113
Obs.: Após a avaliação, o juiz poderá determinar
a alienação antecipada dos bens penhorados
quando se tratar de veículos automotores, de
pedras e metais preciosos e de outros bens
móveis sujeitos à depreciação ou à deterioração
ou quando houver manifesta vantagem (art.
852). Antes as partes serão ouvidas no prazo de
3 dias, podendo impugnar a alienação;
116
19/10/2020
A penhora online possui 5 etapas:
a) O requerimento pelo exequente;
b) A expedição da ordem judicial de bloqueio
(com a indicação do valor da dívida e sem a
oitiva prévia do executado);
c) A efetivação do bloqueio na conta do
executado (com prazo de 24 horas para o
desbloqueio do valor que eventualmente
ultrapasse a dívida);
111
A avaliação
Para que o bem penhorado possa ser
expropriado é necessário que ele tenha um
valor determinado. Se a penhora recair sobre
dinheiro, se as partes concordarem com o valor
atribuído ao bem, se ele tiver cotação oficial ou
se tiver preço de mercado (carros, sementes, rés
etc), não será necessária a avaliação. Caso
contrário, deve ser avaliado;
114
A expropriação
A expropriação é a retirada do bem do
patrimônio do devedor para satisfazer a
obrigação executada (art. 824). O art. 825
estabelece as formas de expropriação: a
adjudicação, a alienação particular ou pública e
a apropriação de frutos e rendimentos de bens;
117
13

A alienação ou a adjudicação de bem aforado ou
gravado por penhor, hipoteca, anticrese ou
usufruto será ineficaz em relação ao senhorio
direto, ou ao credor pignoratício, hipotecário,
anticrético, ou usufrutuário, se este não houver
sido cientificado (art. 804), com pelo menos 5
dias de antecedência (art. 889);
118
A suspensão da execução
De acordo com os art. 921, além das hipóteses
comuns (art. 311), a execução é suspensa
quando:
a) recebidos com efeito suspensivo os embargos
à execução;
b) o executado não possuir bens penhoráveis;
121
A prescrição intercorrente
De acordo com o art. 921, no caso da suspensão
do rito por falta de bens penhoráveis, após um
ano de paralização os autos serão arquivados. A
partir deste arquivamento, começa a correr o
prazo de prescrição intercorrente, relacionado
ao direito material executado (art. 206 do CC);
124
Obs.: Antes da expropriação dos bens
penhorados, pode o executado remir a
execução, pagando a importância atualizada da
dívida (art. 826);
119
c) a alienação dos bens penhorados não se
realizar por falta de licitantes e o exequente, em
15 dias, não requerer a adjudicação nem indicar
outros bens penhoráveis;
d) concedida a concordata civil (art. 916);
e) As partes acordarem um prazo para o
executado cumprir a obrigação;
122
O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de
15 dias, poderá, de ofício, reconhecer a
prescrição intercorrente e encerrar o processo.
Enquanto não for ultrapassado o prazo
prescricional, no entanto, os autos poderão ser
desarquivados para prosseguimento da
execução se a qualquer tempo forem
encontrados bens penhoráveis.
125
19/10/2020
Obs.: Antes da expropriação, o cônjuge, os
descendentes ou ascendentes do executado e o
credor com garantia real, por sua vez, podem
pedir a adjudicação de um determinado bem
penhorado, depositando o valor da sua
avaliação. Havendo mais de um pretendente,
proceder-se-á entre eles à licitação (arts. 876,
§§ 5º e 6º).
120
Obs.: Se as partes pedirem a suspensão do
processo para cumprimento da obrigação, findo
o prazo, o processo retomará o seu curso (art.
922). Mas se celebrarem um acordo e pedirem a
sua homologação, não cabe a suspensão do rito,
mas o seu encerramento por sentença (art. 487,
III, b). Assim, havendo descumprimento, será
necessário promover a execução da sentença
homologatória (art. 515, III).
123
A fase decisória
O pagamento
O pagamento é a última fase da execução por
quantia certa. Através dele o exequente dá
quitação ao débito e o juiz pode encerrar a
execução por meio de sentença. Se, após o
pagamento, houver saldo da expropriação, esse
dinheiro será devolvido ao executado (art. 907);
126
14

Diz o art. 904 que a satisfação do crédito
exequendo é feito pela entrega do dinheiro, no
caso de penhora de dinheiro, de penhora de
frutos ou rendimentos de bens ou de venda do
bem penhorado, bem como pela adjudicação
dos bens penhorados;
127
AÇÃO DE EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULO
EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL CONTRA A
FAZENDA PÚBLICA
De acordo com o art. 910, na execução fundada
em título extrajudicial, a Fazenda Pública será
citada para opor embargos em 30 dias;
130
Se o credor não quiser ou não puder pedir a
prisão do devedor, a execução de alimentos
seguirá o rito “comum” (arts. 824 e ss.),
aplicando as seguintes regras especiais (regras
que também são aplicadas ao rito com pedido
de prisão):
a) a execução poderá se proposta no domicílio
do credor (art. 100, II);
133
De acordo com o art. 908, o juiz deverá
determinar a entrega do dinheiro ao exequente
quando for o único cobrando valores do
executado. Caso existam outras cobranças, será
aberto um concurso de credores para definir
como ocorrerá o pagamento, observando os
direitos de preferência e outros privilégios sobre
os bens penhorados e alienados./
128
Não opostos embargos ou transitada em
julgado a decisão que os rejeitar, expedir-se-á
precatório ou requisição de pequeno valor em
favor do exequente (art. 100 da CF). Neste rito,
aplica-se subsidiariamente as regras para a
execução de sentença contra a Fazenda Pública
(arts. 534 e 535)./
131
b) a execução pode ser feita por desconto em
folha de pagamento;
c) se a penhora for em dinheiro, mesmo no caso
de ter sido concedido o efeito suspensivo, o
exequente levante mensalmente a importância
da prestação (art. 913);
d) a penhora não pode ultrapassar 50% dos
ganhos líquidos do executado (art. 529).
134
19/10/2020
A extinção da execução
Diz art. 924 que a execução é “extinta”, por
sentença (art. 925) se:
a) a petição inicial é rejeitada;
b) a obrigação é satisfeita;
c) a obrigação é extinta;
d) o exequente renunciar ao crédito./
129
AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS FUNDADA
EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL
A execução extrajudicial alimentar pode ter ou
não ter pedido de prisão. O pedido de prisão só
pode ocorrer em relação aos alimentos atuais,
ou seja, devidos nos últimos meses 3 anteriores
ao ajuizamento da execução e as que se
vencerem no curso do processo (art. 528, § 7º);
132
Execução de alimentos com pedido de prisão
Havendo pedido de prisão, o juiz mandará citar
o executado para, em 3 dias, efetuar o
pagamento das parcelas anteriores ao início da
execução e das que se vencerem no seu curso,
provar que o fez ou justificar a impossibilidade
de fazê-lo;
135
15

Diz o art. 528, somente a comprovação de fato
que gere a impossibilidade absoluta de pagar
justificará o inadimplemento do executado. Se o
executado não pagar ou se a justificativa
apresentada não for aceita, o juiz decretar-lhe-á
a prisão pelo prazo de 1 a 3 meses. A prisão será
cumprida em regime fechado, devendo o preso
ficar separado dos presos comuns;
136
Cumprida a prisão, no mesmo processo ela não
poderá ser decretada novamente. Se após a
prisão, a dívida permanecer em aberto, o
exequente pode prosseguir com o rito executivo
comum./
139
Caso a tutela específica e a tutela equivalente
tenham sido frustradas, ou se o exequente
assim o quiser, poderá a obrigação
mandamental ser convertida em perdas e danos
(art. 499), seguindo-se a execução por quantia
certa. Neste caso, diz o art. 500 que a
indenização por perdas e danos se dá sem
prejuízo das astreintes eventualmente aplicada;
142
Obs.: Embora o art. 528 diga que a prisão pode
durar até 3 meses, este prazo é controvertido.
Isso porque o art. 19 da Lei de Alimentos diz que
o prazo máximo de prisão é de 60 dias.
Prevalece que em razão da gravidade da medida,
a prisão não deve superar 60 dias;
137
PROCEDIMENTOS EXECUTIVOS
FUNDADOS EM TÍTULO
JUDICIAIS
140
Nos termos do art. 501, se a obrigação
mandamental tenha por objeto a emissão de
declaração de vontade, a decisão, uma vez
transitada em julgado, produzirá os efeitos da
declaração não emitida. Poderá ser inclusive
levada ao registro para formalizar o negócio
jurídico relacionado à obrigação;
143
19/10/2020
O cumprimento da prisão não exime o
executado do pagamento das prestações
vencidas e vincendas. Enquanto estiver preso,
não serão adotadas novas medidas executivas,
mas as medidas em curso não serão suspensas.
Paga a integralidade da dívida alimentícia e seus
acessórios, o juiz suspenderá o cumprimento da
ordem de prisão e encerrará o rito executivo;
138
EXECUÇÃO MANDAMENTAL FUNDADA EM
TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (TUTELA
ESPECÍFICA)
De acordo com o art. 497, na execução da
obrigação mandamental, o juiz buscará
promover a tutela específica. Caso a tutela
específica não obtenha a satisfação da
obrigação, sendo possível, o juiz poderá
promover a tutela equivalente;
141
A execução mandamental representa um
modelo procedimental aberto, onde a lei define
apenas os objetivos a serem perseguidos e os
instrumentos disponíveis. Cabe ao juiz,
provocado pelo credor, estabelecer o melhor
percurso procedimental a ser percorrido,
observando o contraditório efetivo;
144
16

As medidas de apoio estão elencadas,
exemplificativamente, no § 1º do art. 536. No
caso de busca e apreensão, a diligência será
cumprida por dois OAJ, com auxílio policial, se
necessário (§ 2º). A resistência injustificada à
execução mandamental enseja as penas por
litigância de má-fé (art. 774, III);
145
O executado será intimado para, em prazo
determinado pelo juiz, cumprir a obrigação
mandamental, sob risco de ser sancionado. Ele
não terá um mecanismo típico para se defender
(embargos). Assim, deverá apresentar sua
resistência à pretensão executiva por simples
petição (impugnação), no prazo fixado para o
cumprimento da obrigação;
148
De acordo com o art. 537, a multa pode ser
aplicada de ofício ou a requerimento da parte,
desde que seja suficiente e compatível com a
obrigação e que se determine prazo razoável
para cumprimento do preceito. O valor da multa
será devido ao exequente;
151
Obs.: O § 3º do art. 536 fala ainda em crime de
desobediência no caso de resistência
injustificada à execução mandamental. Trata-se
de questão polêmica e prevalece na doutrina
(Marinoni, Mitidiero) e na jurisprudência (STJ -
HC 22.721/SP) o entendimento de que tal
conduta é atípica;
146
As disposições pertinentes às ações
mandamentais autônomas (arts. 806 a 823) são
aplicáveis subsidiariamente, no que for cabível.
Após a aplicação das técnicas para satisfação da
obrigação, o juiz profere sentença, dando o feito
por encerrado;
149
O juiz poderá, de ofício ou a requerimento,
modificar o valor ou a periodicidade da multa
vincenda ou excluí-la, caso verifique que se
tornou insuficiente ou excessiva ou o obrigado
demonstrou cumprimento parcial superveniente
da obrigação ou justa causa para o
descumprimento;
152
19/10/2020
Do ponto de vista técnico, as regras contidas nos
arts. 497 a 501 não retratam propriamente um
procedimento, mas um conjunto de técnicas
jurídicas para a obtenção da satisfação das
obrigações mandamentais. Por isso, uma vez
formalizado o pedido executivo, o juiz terá que
verificar no caso concreto quais as etapas
necessárias para a satisfação da obrigação
mandamental;
147
A astreintes
Embora tenha mantido as bases do regime
anterior, o CPC inovou ao prever a multa para
prestações pecuniárias (art. 139, IV) e para a
exibição de documento (art. 400, parágrafo
único), além de permitir a sua execução
provisória:
150
A decisão que fixa a multa é passível de
cumprimento provisório, devendo ser
depositada em juízo, permitido o levantamento
do valor após o trânsito em julgado da sentença
favorável à parte ou na pendência do agravo
fundado no art. 1.042;
153
17

Obs.: A Súmula 410 do STJ afirma que a
incidência da multa depende a intimação
pessoal da parte. O CPC, no entanto, parece ter
afastado o teor da Súmula, ao estabelecer que o
devedor será intimado para cumprir a sentença,
na pessoa de seu advogado constituído nos
autos (art. 513, § 2º, I)./
154
A intimação para a fase pré-executiva deve ser
determinada pelo juízo de origem, onde se
realizou o primeiro grau de jurisdição, e deve ser
instruída com o demonstrativo discriminado do
crédito (art. 524), a indicação dos bens passíveis
de penhora e a advertência sobre a o prazo e a
incidência da multa e dos honorários;
157
Se o devedor, intimado, não paga, é expedido,
desde logo, mandado de penhora e avaliação,
seguindo-se os atos de expropriação. Se o
devedor pagar parte do débito, deve ser
elaborada nova planilha para instruir o pedido de
penhora e avaliação;
160
EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA FUNDADA
TÍTULO JUDICAL
Introdução
O rito da execução judicial por quantia certa só é
diferente do rito da ação execução extrajudicial
por quantia na sua fase inicial. Após essa fase
inicial, ambos os ritos seguem a mesma
estrutura;
155
Se os dados necessários para a elaboração do
demonstrativo estiver em poder de terceiros ou
do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob
pena do crime de desobediência. No caso do
executado, se ele em 30 dias não apresentar os
dados, sem justificativa, reputar-se-ão corretos
os cálculos apresentados pelo exequente apenas
com base nos dados de que dispõe;
158
Se o executado não cumprir a obrigação, será
realizada a penhora e a avaliação. Depois, o rito
segue o procedimento previsto na execução por
quantia certa contra devedor solvente fundada
em título executivo extrajudicial;
161
19/10/2020
Antes da fase inicial do rito executivo, se o valor
da obrigação for líquido, existe uma fase pré-
executiva para cumprimento da obrigação de
pagar. De acordo com o art. 523, após o trânsito
em julgado da decisão, o devedor é intimado,
por requerimento do credor, para cumprir a
obrigação no prazo de 15 dias, sob pena de
multa de 10% e honorários de 10%;
156
Via de regra, a intimação será feita na pessoa do
advogado do devedor, salvo se ele não tiver
advogado constituído nos autos ou se for
defendido pela Defensoria Pública, por advogado
dativo ou pela Curadoria Especial. Nestes casos, a
intimação será feita diretamente na pessoa do
devedor. Efetuado o pagamento parcial no prazo
previsto, a multa e os honorários incidirão sobre
o saldo restante;
159
Quando a execução for fundada em título
executivo judicial heterogêneo, será necessária a
formação de um processo autônomo (art. 515,
parágrafo único). Nestes casos, deverá ser
apresentada uma petição inicial, na qual será
requerida a citação do executado para em 15
dias cumprir a obrigação, sob pena de multa e de
honorários. Em seguida, o rito será o mesmo da
execução incidental./
162
18

EXECUÇÃO PROVISÓRIA
De acordo com o art. 520, a execução provisória
ocorre quando a decisão exequenda for
impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo. A execução provisória é realizada da
mesma forma que a definitiva, observada as
seguintes regras:
163
Diz o art. 522 que, não sendo eletrônicos os
autos, o pedido de execução provisória deve ser
instruído com a petição será acompanhada de
cópias declaradas autênticas da decisão
exequenda, da certidão de interposição do
recurso não dotado de efeito suspensivo das
procurações outorgadas pelas partes, dentre
outras que possam ser úteis;
166
c) pender o julgamento de agravo em recurso
especial ou recurso extraordinário;
d) a decisão exequenda estiver em consonância
com súmula do STF ou do STJ ou em
conformidade com acórdão proferido no
julgamento de casos repetitivos./
169
a) o exequente tem responsabilidade objetiva de
reparar os danos que o executado tenha sofrido
se a decisão exequenda for reformada;
b) fica total ou parcialmente sem efeito se o
recurso for provido, restituindo-se as partes ao
estado anterior, sem desfazimento dos atos
expropriatórios realizados, e liquidando
eventuais prejuízos nos mesmos autos;
164
No pedido executivo deve constar o valor da
caução a ser oferecida. Recebido o pedido, o juiz
deverá definir se o valor apresentado para a
caução está correto e assinar prazo para o
depósito, nos próprios autos. A caução pode ser
real ou fidejussória. Só após efetivado o
depósito é que o devedor será intimado para
cumprir a obrigação;
167
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS FUNDADA EM
TÍTULO JUDICIAL
Da mesma forma que ocorre em relação ao título
extrajudicial, na execução judicial de alimentos o
rito pode ou não incluir pedido de prisão civil do
devedor. Se o credor não quiser ou não puder
pedir a prisão do devedor, a execução seguirá o
rito “comum” (arts. 523 e ss.), aplicando as regras
especiais presentes nos arts. 528 a 532;
170
19/10/2020
c) o levantamento de depósito em dinheiro e a
prática de atos que importem transferência de
posse ou alienação de propriedade ou de outro
direito real, ou dos quais possa resultar grave
dano ao executado, dependem de caução
suficiente e idônea;
165
Diz o art. 521 que a caução poderá ser
dispensada quando não resultar manifesto risco
de grave dano de difícil ou incerta reparação,
nos casos em que:
a) o crédito for de natureza alimentar,
independentemente de sua origem;
b) o credor demonstrar situação de necessidade;
168
Independentemente de existir ou não o pedido
de prisão civil, o devedor será intimado para
pagar em 3 dias, diferentemente do que ocorre
nas demais execuções judiciais, onde o
pagamento deve ser feito no prazo de 15 dias. O
objetivo é preservar a simetria entre a execução
judicial e a extrajudicial;
171
19

Importante destacar, ainda, que o art. 531
estabelece que o disposto no capítulo referente à
execução de alimentos fundada em título
executivo judicial se aplica aos alimentos
provisórios, bem como os alimento fixados em
decisão não transitada em julgado. Neste caso, a
execução se processa em autos apartados;
172
A constituição de capital pode ser substituída
por fiança bancária ou garantia real, em valor a
ser arbitrado de imediato pelo juiz, ou pela
inclusão do exequente em folha de pagamento
de pessoa jurídica de notória capacidade
econômica.
175
EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA A
FAZENDA PÚBLICA FUNDADA EM TÍTULO
JUDICIAL
A necessidade de estabelecer um rito exclusivo
para a execução da Fazenda Pública decorre do
fato de que os bens públicos não estão sujeitos a
penhora (art. 100 do CC);
178
Por outro lado, o art. 532 estabelece que se for
verificada a conduta procrastinatória do
executado, o juiz deverá, se for o caso, dar
ciência ao Ministério Público dos indícios da
prática do crime de abandono material.
173
A alteração superveniente dos elementos
relativos à obrigação alimentar
Caso sobrevenha modificação nos elementos
que balizaram a fixação do quantum, poderá o
exequente ou o executado requerer, conforme
as circunstâncias, a redução ou o aumento do
valor estabelecido (art. 1.699 do CC). Trata-se de
decisão de natureza determinativa (cláusula
rebus sic stantibus);
176
Por isso, a execução contra a Fazenda Pública
possui duas fases, uma judicial e a outra
administrativa (Súmula 311 do STJ). A primeira
fase abrange o oferecimento do pedido
executivo, a intimação para impugnação e a
expedição do precatório, e a segunda fase,
abarca o cumprimento do precatório, que se dá
na instância administrativa do tribunal. No caso
de RPV, o rito é integralmente judicial;
179
19/10/2020
A constituição de capital
De acordo com o art. 533, quando a indenização
por ato ilícito incluir prestação de alimentos,
caberá ao executado, a requerimento do
exequente, constituir capital cuja renda assegure
o pagamento do valor mensal da pensão;
174
A modificação do valor da prestação ou sua
exoneração deverá ser feita por meio de ação
própria, que poderá inclusive ventilar pedido de
tutela provisória. Nesta ação, os “efeitos da
sentença que reduz, majora ou exonera o
alimentante do pagamento retroagem à data da
citação, vedadas a compensação e a
repetibilidade” (Súmula 621 do STJ).
177
Obs.: Os honorários advocatícios fixados na fase
de conhecimento pode ser cobrados em
separado da obrigação exequenda principal, no
mesmo pedido executivo ou em pedido
separado, e tem natureza alimentar (Súmula
Vinculante 47). Assim, por exemplo, os
honorários podem ser pagos por RPV e a
obrigação principal por precatório;
180
20

O pagamento por precatório pode ser
substituído por simples requisição expedida pelo
juiz da execução diretamente ao ente público,
quando o crédito exequendo se enquadrar na
definição legal de pequeno valor (art. 100, § 3º,
da CF): 60 SM para a União, 40 SM para Estados
e o Distrito Federal e 30 SM para os municípios;
181
Os créditos decorrentes de precatório devem
obrigatoriamente ser incluídos no orçamento da
Fazenda Pública (art. 100, § 5º, da CF). Com o
pagamento do precatório, a execução é
encerrada./
184
É possível ainda contrapor as decisões
executivas de forma incidental, através das
impugnações previstas em lei. Além disso,
existem outras ações que eventualmente podem
ser utilizadas para manifestar oposição à
execução.
187
Diz o art. 534, na execução da decisão que
impuser à Fazenda Pública o dever de pagar
quantia certa, o exequente instruirá o pedido
executivo com demonstrativo do crédito e
pedido para que a Fazenda Pública seja intimada
para oferecer impugnação, no prazo de 30 dias;
182
INSTRUMENTOS DE OPOSIÇÃO
À EXECUÇÃO
185
OS EMBARGOS À EXECUÇÃO
Os embargos à execução são a via principal de
defesa do executado no bojo da execução
fundada em título extrajudicial ou das execuções
que utilizem deste procedimento como base
estruturante, independentemente do tipo de
obrigação que esteja sendo executada;
188
19/10/2020
Na fase administrativa do procedimento, o
presidente do tribunal irá incluir o precatório
recebido numa fila, observando se é ou não um
crédito preferencial (alimentar, idoso, doente
etc) e a sua ordem de chegada. Em seguida, o
presidente do tribunal comunicará ao ente
público responsável pelo seu pagamento, para
que inclua no exercício financeiro subsequente;
183
AS MODALIDADES DE OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO
Tanto o executado como terceiros podem
apresentar em juízo resistência à execução.
Como a execução extrajudicial não apresenta
estrutura dialética própria dos demais ritos, a
oposição à execução normalmente é manifestada
por meio de uma ação de conhecimento
incidental chamada de “embargos”;
186
Os embargos devem ser opostos por quem
figura como executado no procedimento
executivo (art. 914) ou aquele que o suceder
(art. 779). No polo passivo deve estar quem
aparece como exequente. Havendo mais de um
executado, podem eles oferecer embargos em
conjunto ou separadamente. Neste caso, os
embargos são autônomos entre si;
189
21

Os embargos devem ser distribuídos por
dependência e autuados em apartado ao
processo principal (ação de execução). Na
execução por carta, os embargos serão
oferecidos no juízo deprecante ou no juízo
deprecado, mas a competência para julgá-los é
do juízo deprecante, salvo se versarem
unicamente sobre vícios da penhora, avaliação
ou alienação efetuadas no juízo deprecado;
190
Os embargos podem ser oferecidos mesmo que
o juízo não esteja garantido por penhora,
depósito ou caução (art. 914);
193
Obs.: A impugnação de suspeição e de
impedimento poderão ser oferecidas
simultaneamente com os embargos, mas em
petições separadas, quando a circunstância
comprometedora da imparcialidade do juiz for
conhecida desde a citação;
196
O prazo para a interposição dos embargos corre
separadamente, em relação à cada executado,
salvo no caso de executados casados ou em
união estável entre si (art. 915, § 1º). Ainda que
os executados tenham diferentes advogados,
não é aplicável o art. 229;
191
Nos embargos podem ser alegadas qualquer
matéria que seria lícito ao embargante deduzir
como defesa em processo de conhecimento. O
art. 917, no entanto, elenca as matérias que
devem ser ventiladas nos embargos, quando o
embargante tiver sido intimado do seu teor
antes do início da contagem do prazo para
embargar;
194
Diz o art. 917, § 2º, configura excesso de
execução quando:
a) o exequente pleiteia quantia superior à do
título;
b) ela recai sobre coisa diversa daquela
declarada no título;
c) ela se processa de modo diferente do que foi
determinado no título;
d) o exequente não prova que a condição se
realizou ou que cumpriu a contraprestação;
197
19/10/2020
Tratando-se de uma ação de conhecimento, os
embargos devem ser oferecidos através de uma
petição inicial (art. 914, § 1º). Esta petição
deverá observar as regras gerais dos arts. 319 e
320, bem como ser instruída com cópias das
peças processuais relevantes, que poderão ser
declaradas autênticas pelo próprio advogado;
192
Quando o embargante for intimado de alguma
das hipóteses previstas no art. 917 após o início
do prazo para oferecimento dos embargos, a
oposição será feita por meio de impugnação.
Neste sentido, por exemplo, diz o art. 917, § 1º,
que a incorreção da penhora ou da avaliação
poderá ser impugnada por simples petição, no
prazo de 15 dias, contado da ciência do ato;
195
No caso de embargos à execução para entrega de
coisa certa, o embargante poderá alegar o direito
de retenção pelas benfeitorias necessárias ou
úteis que realizou, desde que não tenha sido
previamente indenizado (art. 810). Neste caso,
somente se depositar o valor apurado pelas
benfeitorias é que o embargado pode ser imitido
na posse da coisa (art. 917, §§ 5º e 6º);
198
22

Quando alegar que o embargado, em excesso de
execução, pleiteia quantia superior àquela
constante no título, o embargante declarará na
exordial o valor que entende como correto,
apresentando seu cálculo, sob pena de rejeição
liminar desta alegação (art. 917, §§ 3º e 4º).
Neste caso, o valor declarado como devido será
reputado incontroverso;
199
De acordo com os parágrafos do art. 919, o
efeito suspensivo dos embargos pode ser total
ou parcial (objetiva ou subjetivamente). Ele
pode ser revogado ou modificado a qualquer
tempo e não impede a penhora e a avaliação
dos bens sujeitos à execução. A concessão de
efeito suspensivo não obsta a que o exequente
levante mensalmente a importância quando se
tratar de prestação de alimentos (art. 913);
202
IMPUGNAÇÕES
Como dito, ressalvados os casos onde caiba o
oferecimento de embargos à execução, o
executado ou quem o suceda deverá se opor à
execução por meio de impugnação. Algumas
impugnações têm regras especiais. Na maioria
das vezes, no entanto, o CPC diz apenas que
determinado ato poderá ser atacado por
“simples petição” (art. 511, § 11);
205
Os embargos serão liminarmente rejeitados
quando intempestivos, inepta a petição inicial
ou quando manifestamente protelatórios (art.
918). No caso de embargos protelatórios, o
embargante estará sujeito a multa por conduta
atentatória à dignidade da justiça, que será
cobrada no próprio processo executivo;
200
De acordo com o art. 920, recebidos os
embargos, o embargado será ouvido no prazo de
15 dias. A seguir, o juiz julgará imediatamente o
pedido ou realizará atos de instrução,
designando audiência quando for necessária a
colheita de prova oral. Neste caso, encerrada a
instrução, o juiz proferirá sentença;
203
Obs.: Nem todas as impugnações têm prazo de
15 dias. A impugnação ao cumprimento da
obrigação de fazer ou não fazer por terceiro tem
prazo de 10 dias (art. 818) e a impugnação à
penhora on-line, 5 dias;
206
19/10/2020
De regra, os embargos não possuem efeito
suspensivo, mas tal efeito pode ser deferido caso
o juízo esteja garantido e estejam presentes os
fumus boni iuris e periculum in mora (art. 919).
Minoritariamente, sustenta-se que não é
imprescindível a garantia do juízo para a
obtenção do efeito suspensivo, quando
presentes os requisitos gerais de cautela;
201
Obs.: Nos embargos à execução, caso o
embargado não responda, não ocorrerão os
efeitos da revelia. Isso porque milita em favor
dele a presunção de correção da pretensão
executiva, estampada no título executivo e
corroborada pela admissibilidade do pedido
executivo. Também não ficará obrigado a
impugnar especificamente todas as alegações
do embargante./
204
A impugnação à execução judicial
De acordo com o art. 525, transcorrido o prazo
15 dias da intimação para o cumprimento da
obrigação fixada num título judicial, inicia-se o
prazo de 15 dias para que o executado
apresente, nos próprios autos, sua impugnação
à execução, independentemente de garantia do
juízo ou nova intimação;
207
23

Obs.: De acordo com o entendimento
majoritários, tanto o prazo para cumprimento
da obrigação, como o prazo para oferecimento
da impugnação serão contados em dias úteis,
apesar do primeiro ser de natureza material;
208
Considera-se inexigível a obrigação exequenda
fundada em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo STF, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato
normativo tido pelo STF como incompatível com
a CF, em controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso, respeitada eventual
modulação dos efeitos;
211
Impugnação à execução contra a Fazenda
Pública
No caso de execução contra a Fazenda Pública, a
respectiva procuradoria será intimada para em
30 dias oferecer impugnação. Rejeitada a
impugnação, expedir-se-á ordem pagamento
por meio de precatório ou RPV, conforme o
caso.
214
A estrutura da impugnação vai seguir, no que for
cabível, o procedimento dos embargos à
execução. No final do procedimento, se a
alegação defensiva for acolhida e lograr encerrar
o módulo executivo, a impugnação será julgada
por sentença, apelável; quando, ainda que
acolhida, não encerrar a execução, será julgada
por decisão interlocutória, agravável;
209
A decisão do STF, para atingir a exigibilidade da
obrigação, deve ser anterior ao trânsito em
julgado da decisão exequenda. Caso contrário, o
devedor deverá ajuizar ação rescisória para
atacar a decisão exequenda, no prazo de 2 anos
contado do trânsito em julgado da decisão
proferida pelo STF;
212
OUTRAS AÇÕES
Além de todos esses meios citados, pode o
devedor se utilizar, autonomamente, de outras
ações para atacar tanto o direito de crédito
como a própria execução. São exemplos o
mandado de segurança contra ato executivo, a
ação declaratória de nulidade do negócio
jurídico que deu base ao título executivo, a ação
rescisória, a ação anulatória etc.//
215
19/10/2020
A impugnação não tem efeito suspensivo, logo,
sua apresentação não impede a prática dos atos
executivos, inclusive os de expropriação. Mas o
impugnante pode requerer a concessão do efeito
suspensivo, desde que, garantido o juízo, os
requisitos gerais de cautela;
210
Se não for caso de rejeição liminar, o impugnado
será intimado para se manifestar sobre a
impugnação, no prazo de 15 dias. Em seguida, o
juiz julgará a impugnação, caso não seja
necessária a produção de alguma prova. O
julgamento da impugnação será feito por
decisão interlocutória, agravável, salvo se por
fim à execução, quando será materializado por
sentença, sujeita à apelação.
213
FIM DA
APRESENTAÇÃO
216
24