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sente o homem perante duas realidades, o mundo externo e sua consciência, e que trata
de pôr em certa ordem e chegar a algum tipo de explicação válida (Moya, 1992).
Sendo a partir desse momento que se instaura o interesse pelo especificamente
psicológico e ainda com uma perspectiva empírica, isto é, baseada na experiência e uso
de técnicas como a observação, quantificação e registro dos factos observados. Desde
então até os finais do século XIX, a psicologia passou a ser denominada de psicologia
filosófica (Caparros, 1981), caracterizada principalmente por conformar uns
conhecimentos obtidos sem o apoio de nenhuma metodologia propriamente científica, e
carecendo também de um genuíno corpo de leis ou princípios explicativos, embora se
deva assinalar mérito de ter constituído o fundamento da base teórica da actual
psicologia (Perez, 2003).
O que favoreceu, no entanto, a progressiva organização da psicologia como uma
disciplina autónoma foi a influência das chamadas ciências do homem, que surgiram
nos finais do século XVIII, depois da qual houve um progressivo abandono dos
postulados da psicologia filosófica, carregada de ideias não contrastadas. Como
responsável de tal mudança estava R. Descartes (1596-1650), que graças as suas ideias
pode gerar-se uma ciência do homem de carácter positivista, isto é, sustentada na
experimentação e rigor científico, sendo o dualismo e a doutrina das ideias inatas o
preço que teve que se pagar (Sanchez-Barranco, 1999). A partir desse momento, a alma
deixou de ser abordada como algo espiritual, e passou a ser investigada pelas suas
faculdades (como a de pensar, sentir, etc.), ressaltando seus processos e efeitos implícitos,
independentemente da substância de que estivesse composta.
Igualmente, o corpo já não era visto como máquina, mas como um organismo, o que
permitia reconstruir a unidade corpo-alma, e assim superava-se em algum grau o
dualismo cartesiano e a relação peculiar que estabeleceu G. W. Leibiniz (1648-1726).
O primeiro ponto, isto é, o estudo das faculdades, foi iniciado pelos empiristas ingleses,
fundamentalmente Locke, Barkeley e Hume, cujas ideias seriam posteriormente mais
refinadas pelos associacionistas, desde Hartley até Mill, exercendo posteriormente tais
ideias associacionistas grande influência no campo da aprendizagem, ao entender esta
como fruto da associação entre estímulos e respostas. Contrariamente, o segundo passo
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Deve-se acrescentar que o que se entende por ciência sofreu transformações muito
diversas no decurso da história, de tal maneira que tem muito pouco haver com a ciência
tal como na actualidade ela é definida com a definição, por exemplo, dos princípios do
século XX, devendo-se também indicar que hoje não existe uma posição unânime com
relação à delimitação do que é ou não é científico. Tal discussão adquire especial realce
para a psicologia, onde os mais afamados especialistas não chegam de determinar
critérios aceites pela maioria dos psicólogos. Segundo Sánchez-Barranco (1991), um
saber pode dizer-se científico quando possui três características básicas:
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Apesar disso, a psicologia ainda não conseguiu uma teoria geral que descreva e
explique a conduta, seja qual for o tipo de explicação escolhida (explicação causalista,
explicação funcional, explicação compreensiva e explicação interpretativa), pelo que os
psicólogos aspiraram a abrir perspectivas mais ou menos amplas que possam
influenciar em sectores importantes do seu campo de trabalho ou a formular teorias
de maior ou menor potência explicativa (Wolmen, 1979). Nesse sentido, ao longo da
história da psicologia surgiram autores como E. Ticher (1867-1927), discípulo de
Wundt, J. B. Watson (1878-1958) ou S. Freud (1856-1939), por citar apenas alguns, que
pretenderam construir uma teoria que permitisse explicar a totalidade da conduta,
objectivo que não foi possível atingir, e por isso alguns afirmaram que a psicologia
ainda encontra-se a nível de uma ciência em formação ou de uma semi-ciência, ou
como afirma Caparrós (1979), uma disciplina multi-paradigmática, o que em todo
caso distancia-se de um mero saber filosófico (Brennan, 1969)
2. Ter classificado tais processos, assim como as estruturas subjacentes e as funções que
põem em marcha;
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3. Esclarecer alguns dos princípios ou leis que regulam a conduta, integrando tudo isso em
diversas teorias mais ou menos sistematizadas, a partir das quais se possa explicar,
predizer (ou pós-dizer) e de controlar.
Sem esquecer que a conduta repousa em ingredientes somáticos, os psicólogos
teóricos e aplicados, no momento de criar suas próprias teorias e tecnologias, devem
ter em conta que tais elementos constituem uma unidade com outros elementos de
carácter psicológico e social, e assim, conceber o ser humano como uma unidade bio-
psico-social.
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Social estuda a influência que tem o viver em algumas culturas e dentro de certos
grupos ou sociedades na cultura individual, grupal e comunitária.
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Mas dado o neo-ducionismo deste último e a sua insistência no modelo de caixa negra,
onde apenas contam os estímulos e as respostas, deixando de fora os conteúdos mentais
do organismo, esta psicologia foi substituída por enfoques cognitivos.
O criador de tal modelo psicológico foi Sigmund Freud (1856-1939), que aglutinou ao seu
redor um grupo interessante de médicos psiquiatras e de outros profissionais, que
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levaram a cabo inovações tanto na teoria como na técnica psicanalítica, o que lhes fez
distanciarem-se de Freud. Dentre os primeiros dissistentes encontram-se o C. Gustav
Jung (1875-1961) e A. Adler (1870-1937), criadores respectivamente do conceito de
complexo e sentimento de inferioridade, deduzindo-se por isso que quem diz complexo de
inferioridade mistura conceitos de autores diferentes.
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realizar tal tarefa de forma adequada é necessário que este profissional possua um
profundo conhecimento de psicopatologia, assim como de psico-diagnóstico, psicologia
social e comunitária, e diversas técnicas de intervenção individual e psicossocial.
No entanto, existem também psiquiatras que no seu exercício clínico alternam, quando
assim o julgam conveniente, a psicoterapia, seja de que tipo fôr, (dinâmica, isto é, baseada
na psicanálise; conductual, apoiada na psicologia conductista e desde algun tempo para cá na
psicologia cognitiva; a psico-corporal como é o caso da bionergética ou da terapia Gestalt) com a
medição, o que logicamente supõe a prévia e séria formação de tais profissionais em
qualquer dos modelos psico-terapéuticos mencionados.
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Outras tarefas que também realiza o psicólogo escolar são as de implementar programas
educativos, assessorar a professores e alunos, etc. o psicólogo educacional, pelo
contrário, desenvolve, desenha e avalia os materiais e procedimentos para os programas
educativos, o que para alguns autores não tem porquê se limitar ao âmbito escolar, ao
poder ser útil noutras situações como a educação psicológica para a gravidez e o parto, a
ajudar a pais pela primeira vez ou os que se encontram transbordados de exigências e
conflitos de seus filhos, etc.
Os psicólogos escolares servem-se de entrevistas, testes mentais, etc., para alcançar seus
objectivos, sendo necessário que junto a um extenso e profundo conhecimento da
psicologia evolutiva, possuam noções amplas de psicologia clínica, porque tornará mais
eficaz a sua intervenção socioeducativa, ao conhecer tanto as condutas normais como
anormais das crianças e adolescentes.
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Outras áreas de aplicação da psicologia que estão adquirindo na actualidade cada vez
maior protagonismo, são a psicologia desportiva, psicologia ambiental, etc.
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Métodos da psicologia
1º - Método de Introspectivo
❖ Descrição: consiste na análise da introspecção laboratorialmente controlada
de estados de consciência, sobretudo sensações com objectivo de descobrir
a sua estrutura. Podemos dividilo em três momentos:
1- Uma pessoa observa os seus estados de consciência, ela auto-observa-se;
2- Essa pessoa descreve ou relata o que se passa na sua mente.
3- O psicólogo regista, anota o que é descritivo, analisa e interpreta o que é relatado.
❖ Vantagens
1. Não se conseguiu impor como metodologia científica.
2. Usado hoje em dia como técnica completar a outros métodos mediante o recurso
á auto-observação: recorrendo á verbalização do fenómeno por parte do
paciente, o psicólogo faz uma interpretação.
❖ Desvantagens
1. Carácter subjectivo e relativo do método introspectivo que leva a afirmar a sua
falta de objectividade;
5. A vivência psíquica e a sua descrição não se dão ao mesmo tempo pelo que está
pode ser incompleta e dificil de verificar-retrospecção;
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Para que a hipótese explicativa ( certa relação entre V.I. e a V. D. ) seja realmente testada
mais nenhuma variável ou factor deve intervir. As variáveis parasitas devem ser
eficazmente controladas.
❖ Vantagens
1. Permite estabelecer relações causais entre variáveis;
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3. Este método preocupa-se e exige muito para que a generalização dos resultados
seja fiável;
b. Limitações Éticas
1. Não iludir os participantes quanto aos objectivos da
experimentação.
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❖ Vantagens
1. Permite obter grande quantidade de informação detalhada que, em alguns
casos, é de fenómenos novos, raros e complexos.
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❖ Desvantagens
1. Para muitos psicologos não tem carácter científico. A observação clinica é
muito subjectiva. O psicólogo que adopta não estabelece rigorosas
relações causais, isto é , não explica os factos.
4º -Método Psicanalítico
❖ Descrição: começou por ser um método terapêutico e tornou-se também
um método de investigação. É constituído por duas técnicas- a
livre associação de ideias e a interpretação dos sonhos – e por dois
processos ( a resistência e a transferência ).
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❖ Desvantagens
A principal crítica dirigida ao método psicanalítico insiste no facto de as suas
conclusões não serem refutáveis, isto é, não poderem ser submetidas ao teste da
experiência, ao confronto com os factos.
NB: Faça um estudo crítico do texto aqui presente e, na sala de aulas, apresente a
sua opinião sobre os diferentes conteudos abordados.
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