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UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

VÂNIA CARVALHO

GERENCIAMENTO DE ESTOQUE: UMA REVISÃO DE TEORIAS CONCEITUAIS

ITAJUBÁ - MG
2018
UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
VÂNIA CARVALHO

GERENCIAMENTO DE ESTOQUE: UMA REVISÃO DE TEORIAS CONCEITUAIS

Artigo Científico Apresentado à Universidade Candido


Mendes - UCAM, como requisito parcial para a
obtenção do título de Especialista em Engenharia de
Produção.

ITAJUBÁ - MG
2018
1

GERENCIAMENTO DE ESTOQUE: UMA REVISÃO DE TEORIAS CONCEITUAIS

Vânia Carvalho1

RESUMO

O intuito deste estudo tange da ideia em salientar algumas teorias do gerenciamento de estoque
praticadas pelas empresas. Tendo como objetivo demonstrar os conceitos e suas aplicações para
otimizar o gerenciamento de estoque. Consolidou uma pesquisa bibliográfica apreciando várias
contribuições autorais tais como SLACK et al (2015), DIAS (2010), GUERRINI, et al (2015), POZO
(2010), BALLOU (2010,) H. CORRÊA e C. CORRÊA (2012) dentre outros. Objetivou-se demonstrar
práticas de gerenciamento de estoque que buscam melhorar o planejamento e controle com métodos
que proporcionam melhora significativa na administração de materiais.

Palavras-chave: Administração de materiais. Dimensionamento de estoque.


Organização no Almoxarifado.

1. Introdução

Atualmente as empresas para se manterem no mercado apresentam a


necessidade em reduzir os desperdícios, dentre os desperdícios Ohno (1992) cita
estar localizado no estoque, pois se não planejado corretamente pode acarretar
grandes perdas para a empresa, dificultando assim a competividade no mercado.
Neste enfoque o trabalho abordará sobre:
 Métodos de dimensionamento estoque.
 Métodos de controle e administração de matérias.
 A importância da organização do armazenamento dos materiais
associado ao uso da tecnologia.
De acordo com Paranhos Filho (2012) a administração do estoque é
determinante para o sucesso empresarial, pois grande parte de seu capital de giro é
voltado para os materiais e Dias (2010) complementa afirmando que para uma boa
gestão deve-se conciliar o gerenciamento de estoque com o gerenciamento de
vendas, produção e compras.

1
Profissional com formação em engenharia de Produção com experiência no gerenciamento de estoque.
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Pozo (2010) indaga que o objetivo da gestão de matérias é não deixar faltar
materiais para o meio produtivo e também não comprometendo a parte financeira,
na linha de pensamento de Monden (1984) e Onho (1997) é indagado uma série de
procedimentos do sistema Toyota que viabilizam a ideia de produzir os itens
necessários, no tempo necessário e na quantidade necessária, Tais como o just-in-
time e o sistema Kanban.
Ballou (2010) afirma em sua obra que os estoques são essenciais para as
empresas, mas deve-se tomar cuidado, pois o custo de manutenção desses
estoques pode girar em torno 20 a 40% do valor estocado, e também salienta que já
ouve muitos avanços sobre o gerenciamento de estoque, mas mesmo assim as
empresas tem muito que aprender.
De acordo com Dias (2010) o gerenciamento de estoque deve atender os
objetivos da empresa em sincronia com os departamentos interligados, levando em
consideração oito princípios:
1. Definir o que permanece no estoque;
2. Definir quando reabastecer;
3. Definir o que comprar;
4. Requerer a compra;
5. Receber e estocar as mercadorias;
6. Gerenciar o estoque;
7. Efetivar inventários cíclicos;
8. Identificar e retirar produtos obsoletos e danificados.

2. Fundamentação Teórica
2.1. Métodos de dimensionamento de estoque
Segundo H. Corrêa; C. Corrêa (2010), é importante perceber qual método
aplicado no estoque exercerá uma maior eficiência, pois são plausíveis a falta de
coordenação, incertezas, especulação e disponibilidade.
De acordo com Guerrini et al (2014), a utilização de previsões atualmente
abrange métodos qualitativos e quantitativos, nas quais os métodos qualitativos
fazem uso de pesquisa de mercado, análise de força de venda, júri de opinião,
analogia histórica dentre outros. E os métodos quantitativos fazem uso de métodos
estatísticos.
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De acordo com Pozo (2010) deve-se considerar os fatores que interligam o


cliente com a empresa tais como a influência de propaganda, evolução de vendas,
modismo, economia e crescimento populacional. Dentre isso Pozo (2010) procede
afirmando que estes fatores devem ser analisados juntamente com modelos
matemáticos para que se tenha uma maior precisão.
Serão abordados a seguir de acordo com Dias (2010) alguns métodos usuais
quantitativos no quadro 1 demonstrando brevemente o método, descrição e a
fórmula usual.

QUADRO 1: MÉTODOS QUANTITATIVOS


Método Descrição Fórmula
Último Este método é muito PA=PF PA= Período Anterior
período simples, pois visa PF= Período Futuro
utilizar como base os
dados do período
anterior.
Média A previsão é C 1 +C2 +C 3 +...+ Cn CM= Consumo médio
CM =
Móvel baseada na média n C= Consumo nos períodos
consumida no anteriores
período n. n= Numero de pedidos

Média Neste método os n


Ci= peso dado ao i-ésimo valor
móvel períodos mais ∑ Ci × X i n∑ . C i=ni =1
X i = i=1 n
ponderada próximos recebem
peso maior do que
∑ Ci
i=1
os períodos
anteriores
Média com Este método X T = X T−1 +α ( X T −X T −1) X T = Próxima previsão
ponderação apresenta menor X T −1= Previsão anterior
exponencial manuseio, utilizando
α (X T −X T −1)=constante de
apenas três valores.
amortecimento x erro de
previsão
Fonte adaptada: Dias (2010)
2.2. Controle e administração dos materiais
De acordo com Slack et al (2015) o estoque para o gerente pode ser
analisado sobre dois olhares, por um lado considerado um problema, pois parte do
montante do capital se fixa nele e além de correr grande risco de obsolência ou
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perda. Por outro lado, indaga que pode proporcionar segurança em incertezas no
mercado, comuns quando a oferta e a demanda não estão em perfeita harmonia.
Rodrigues (2011) afirma que se não houvesse nenhum tipo de incerteza
mercadológica, os materiais seriam facilmente previsíveis, mas constantemente são
plausíveis a sazonalidade, atraso com entrega e entre outras variações, fazendo que
a empresa busque métodos de gerenciamento para se resguardarem destes fatos.
Guerrini, et al (2015) salientam que muitas das técnicas existentes de gestão
de estoque surgiram com o intuito de resolução de problemas específicos, tais como
a quantidade a ser comprada e a priorização de compra.
Rodrigues (2011) argumenta que o estoque imobiliza capital, diminuindo a
rentabilidade da empresa, com isso obriga os gestores a alternarem seus níveis de
estoque ao mínimo possível.
Moura (1997) já espanava em sua obra a preocupação das empresas com o
estoque, argumentando que para administrar de maneira coerente é preciso
criatividade, para realizar muito com pouco recurso.
De acordo com Pozo (2010) planejar e controlar o estoque são atividades
importantíssimas para um bom gerenciamento de materiais, sendo de
responsabilidade deste setor não deixar faltar material, com isso deve atentar-se a
possíveis mudanças mercadológicas, obsolencias, e entre outros fatores.
2.2.1. Níveis de estoque
De acordo com a obra de Dias (2010) o nível de estoque pode ser avaliado
pelo gráfico dente de serra, para analisar também de forma separada, o ponto de
pedido, estoque mínimo, giro de estoque, na qual serão observados a seguir.
2.2.1.1. Curva dente de serra
Segundo Slack et al (2015) No gráfico dente de serra as entradas e saídas de
um estoque podem ser evidenciadas graficamente, através da abcissa tempo (t)
versus a quantidade demonstrada na figura 1.

Figura 1- Curva dente de serra


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De acordo com Guerrini et al (2014) a colocação do pedido de ressuprimento


(dente de serra) considera o tempo e a quantidade estocada, a partir do estoque
mínimo exigido há a necessidade de compra para reabastecer o estoque e não
deixar ocasionar falta de material.
2.2.1.2. Ponto de pedido
De acordo com Rodrigues (2011) a decisão do ponto de pedido deve-se ser
aplicada de forma que atenda todas os itens estocados, levando em consideração o
tipo de material e o preço final do pedido, isso também está atrelado ao lead time
aquisitivo onde o pedido deve ser igual a demanda do material.
Ballou (2010) argumenta que uma estratégia eficiente para o ponto de pedido
é comprar o necessário no momento certo, ou seja comprar apenas o
imprescindível, podendo variar com compras antecipatórias (produto com
expectativa de aumento de preço) ou reduções especiais de preços dadas pelo
fornecedor, podendo desta forma alterar o volume ou o ponto de pedido.
2.2.1.3. Estoque mínimo
Slack et al (2015) e Guerrini et al (2014) argumentam que o estudo do
estoque estoque minimo leva em considerção tempo de resuplimento, para isso é
necessario revisões periodicas a fim de estabilizar provaveis flutuações nos lotes a
sererm adquiridos ou fabricados.
H. Correa, C. Correa (2012) afirma que para ser feita a definição do estoque
minimo, deve-se ser levar em consideração futuras deficiencias no processo
produtivos, sendo necesario adicionar o estoque de segurança para suprir essas
possiveis variações e não haja falta.
2.2.1.4. Giro de Estoque
De acordo com Dias (2010) o giro do estoque é a analogia do consumo anual
e o estoque médio representado pela fórmula 1, este índice facilita a comparação de
estoques de uma empresa, sendo que cada uma determina seu critério de avaliação
levando em consideração disponibilidade de capital, politicas empresariais e
periocidade.
consumo médio
giro=
estoque médio
(1)
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2.2.2. Classificação ABC


Pozo (2010) coloca que classificação de Pareto também conhecida como
curva ABC possui grande eficácia na diferenciação dos itens estocados de acordo
com seu custo como mostra o quadro 2.
Quadro 2: percentual estoque versus monetário.
Classe Percentual do estoque Percentual monetário
A 20% 80%
B 30% 15%
C 50% 5%
Fonte adaptada: Pozo (2010)
Guerrine et al (2014) alega que os itens de maior valor agregado
correspondem a menor parcela do estoque, então deve-se ter um controle mais
acirrado, pois a economia monetária será mais representativa em um controle de
curto prazo, na tabela 1 a seguir será representado os calculas da curva ABC e a
seguir na figura 1 e logo após o gráfico da curva ABC.
Seq. Preço Consumo Preço (%) do % classificação
unitári médio X Qtde valor acumulad
o (unid/mês total a
)
1 5,98 137 819,26 0,30096 0,30096 A
2 3,65 170 620.5 0,227944 0,528904 A
3 5,76 60 345,6 0,126958 0,655862 A
4 3,85 75 288,75 0,106074 0,761935 A
5 3,54 81 286,74 0,105335 0,867271 B
6 0,87 136 118,32 0,043465 0,910736 B
7 1,89 41 77,49 0,028466 0,939203 B
8 1,65 44 72,6 0,02667 0,965873 C
9 9,89 5 49,5 0,018184 0,984057 C
10 3,1 14 43,4 0,015943 1 C
total 2101,66
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Gráfico ABC
1.2

0.8
% acumulada

0.6

0.4

0.2

0
item 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 1- Exemplo de uma curva ABC.


2.2.3. Sistemas de controle de estoque
De acordo com Dias (2015) um dos maiores desafios das empresas é
gerenciar o estoque, enfatizando a redução custos sem afetar a os processos
produtivos ou clientes. Para isso ainda argumenta a utilização do sistema de duas
gavetas, máximos e mínimos, revisões periódicas, MRP, MRP II e o just in time.
Segundo H. Correa e C. Correa (2012) o sistema de duas gavetas é um
sistema muito fácil por ser visual, o estoque é separado em duas partes (gavetas),
uma parte fica definida o ponto de reposição (demanda média do lead time mais o
estoque de segurança) e a outra parte geralmente quase a mesma quantia.
Dias (2015) e Pozo (2010) argumentam que o sistema de máximos e mínimos
considera o consumo previsto, a fixação do período de consumo, calculo do ponto
de pedido, cálculo dos estoques mínimos e máximos e também do lote de compra
aplicado, tornando-se vantajoso pois gera uma razoável automatização fazendo
utilização lotes econômicos.
Para Slack et al (2014) as revisões periódicas são de grande avalia pois
visam a reposição do material constantemente com isso previne o consumo acima
do normal e também possíveis atrasos de entrega, pois há períodos de revisões
predefinidos.
MRP para Pozo (2010) nada mais é que um sistema que torna-se evitável a
falta de itens, definindo os insumos necessários para cada processos considerando
o lead time produtivo. E o MRP II centraliza a tomada de decisão, fazendo que os
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envolvidos busquem o comprimento do plano realizado pelo sistema, sendo útil para
planos complexos e com frequentes alterações.
Segundo Paranhos Filho (2012) o just in time visa uma radicalização na
redução de estoque, observando que a produção de um item seja realizada no
tempo certo, no lugar certo, com os insumos corretos e sem desperdícios.
Para que haja just in time Monden (1984) já argumentava que é importante
conhecer todo o processo de tempos e quantidades, sendo difícil de adaptar-se com
mudanças de demanda, necessário neste caso estudar as demandas para que
estabeleça menos desperdícios no estoque (itens sem uso, devido mudança de
demanda).
3. Conclusão
Pode-se observar várias práticas da gestão de materias que visam auxiliar os
gestores para que dimensionem e reduzam o excesso de estoque, tais como a
classificação ABC, curva dente de serra, estoque mínimo entre outras, de maneira
que não atrapalhe o andamento do meio produtivo (sem faltas) e demonstrando
meios palpáveis, para que o gestor não gerencie no escuro.
A gestão de estoque é de grande importância para as empresas, pois o seu
gerenciamento pode definir o fracasso ou o seu sucesso. Ferramentas de controle
como a, MRP, MRP II, sistema de duas gavetas entre outras são de grande avalia
para o gestor, pois seu estudo dentro do estoque pode auxiliar na redução de
custos, trazendo assim grandes benefícios.
O Métodos de dimensionamentos de estoque associado aos sistemas de
controles são utilizáveis para qualquer tipo de estoque. Para estudos futuros sugere-
se o estudo mais aprofundado da classificação ABC associado com outra ferramenta
da gestão de materias.

REFERÊNCIAS

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimento/ logística empresarial.


5 ed. São Paulo: Bookman, 2010.

CORRÊA, Henrique L.; CORRÊA, Carlos A. Administração de produção e


operações. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2012.

DIAS, Marco A. Administração de materiais: Uma abordagem logística. 5 ed. São


Paulo: Atlas S.A., 2010.
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GUERRINI, Fábio Müller et al. Planejamento e controle da produção, Projeto e


operação de sistemas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

MONDEN, Yasuhiro. Sistema Toyota de produção. São Paulo: IMAM, 1984.

MOURA, Reinado A. Kanban, a simplicidade do controle da produção. 4 ed. São


Paulo: Imam, 1996.

OHNO, Taiichi. Sistema Toyota de Produção Além da produção em larga escala.

PARANHOS FILHO, Moacyr. Gestão da produção industrial. Curitiba: Intersaberes,


2012.

POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais, uma


abordagem logística. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

RODRIGUES, Paulo R. A. Gestão estratégica da armazenagem. 2 ed. São Paulo:


Aduaneiras, 2011.

SLACK, Nigel et al. Administração da produção. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2015.

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