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O IMPACTO DE BRINCADEIRAS E JOGOS NO


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DESENVOLVIMENTO INFANTIL DAS CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS


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Heloisa da Silva Mattos Rezende


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Orientador
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Prof. Edla Trocol


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Niterói
2014
2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA

O IMPACTO DE BRINCADEIRAS E JOGOS NO


DESENVOLVIMENTO INFANTIL DAS CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade


Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação Infantil e
Desenvolvimento.
Por: . Heloisa da Silva Mattos Rezende.
3

AGRADECIMENTOS

.....à minha família, aos amigos, aos


professores e a Deus.
4

DEDICATÓRIA

.....dedico à minha família e amigos pela


sua compreensão e apoio.
5

RESUMO

O brincar na Educação Infantil tem sido um assunto vastamente


discutido ao longo dos anos, porém nem sempre tem sido levado a sério.
Neste trabalho o brincar, a brincadeira e o brinquedo são debatidos de forma
clara e suscita. È possível perceber a diferença entre brincar, brincadeira e
brinquedo e suas contribuições para o desenvolvimento infantil. A contribuição
dos jogos que vai além da mera noção de regras, pois contribui diretamente no
desenvolvimento global do individuo envolvendo-o em todos os seus aspectos
físico, cognitivos, social e moral. Através da brincadeira desenvolvem-se as
diversas formas de linguagem. Assim como o desenvolvimento infantil se
inicial nas brincadeiras, que interferem diretamente nesse processo
colaborando positiva ou negativamente. Através da ludicidade desenvolve-se
o processo de aprendizagem e colabora ativamente construção da
personalidade, afetividade, socialização e segurança.
6

METODOLOGIA

O presente trabalho de pesquisa foi desenvolvido de forma simples e


entendimento prático, utilizando uma metodologia destinada a professores, e
responsáveis pela Educação Infantil.
Aborda um conteúdo teórico e experiências adquiridas através de
trabalhos, e outros cursos complementares.
O material utilizado nesse trabalho foi proveniente das pesquisas feitas
em revistas, livros, site e visitas a bibliotecas da UERJ, UFF e SESC, e através
do conhecimento adquirido durante o curso de Educação Infantil e
Desenvolvimento da Criança.
7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O brincar e a Educação Infantil 10

CAPÍTULO II - O jogo e a brincadeira como forma de desenvolvimento da


linguagem infantil. 18

CAPÍTULO III – A brincadeira é o primeiro passo para o desenvolvimento


infantil. 26

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37

ÍNDICE 42
8

INTRODUÇÃO

A temática desse trabalho surgiu da certeza de que no mundo infantil,


o espaço para a brincadeira é essencial. O período em que estamos na escola
precisa ser mágico. Quando nos apropriamos do espaço da sala de aula e
criamos o encantamento necessário para que a criança se sinta apaixonada
pelo instante em que vive na escola, estamos criando o ambiente necessário
para envolvê-la.

Sendo a brincadeira um processo de relação entre a criança e o


brinquedo e das crianças entre si e com o adulto. O ato de brincar é muito
importante para o desenvolvimento integral da criança.

Para definir a brincadeira infantil, ressaltamos a importância do brincar,


para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social,
cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Para tanto, se faz necessário
conscientizar os pais, educadores e sociedade em geral sobre a ludicidade
que deve estar sendo vivenciada na infância.

Ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa


não sendo somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem, e ainda a
importância desta ludicidade nas intervenções e prevenções de problemas de
aprendizagem. Neste contexto, o brincar na educação infantil proporciona a
criança estabelecer regras constituídas por si e em grupo, contribuindo na
integração do indivíduo na sociedade.

Deste modo, à criança estará resolvendo conflitos e hipóteses de


conhecimento e, ao mesmo tempo, desenvolvendo a capacidade de
9

compreender pontos de vista diferentes, de fazer-se entender e de demonstrar


sua opinião em relação aos outros, e ainda e nesse ato que podemos
diagnosticar e prevenir futuros problemas de aprendizagem infantil.

É importante perceber e incentivar a capacidade criadora das


crianças, pois esta se constitui numa das formas de relacionamento e
recriação do mundo, na perspectiva da lógica infantil.
10

CAPÍTULO I
O BRINCAR E A EDUCAÇÃO INFANTIL

“Representar é corresponder a alguma coisa e permitir


sua evocação, mesmo em sua ausência. O brinquedo
coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que
existe no cotidiano, na natureza e as construções
humanas. “Pode-se dizer que um dos objetivos do
brinquedo é dar a criança um substituto dos objetos reais,
para que possa manipulá-los. ” (Kishimoto, 1999, p.18.).

A educação da criança pequena foi considerada, por muito tempo,


pouco importante e vista como um espaço de brincadeiras. Hoje, a educação
da criança pequena integra o sistema público de ensino. Ao fazer parte da
primeira etapa da educação básica, ela é concebida como questão de direito,
de cidadania e de qualidade. As interações e a brincadeira são consideradas
eixo fundamental para se educar com qualidade.

O brincar ou a brincadeira é atividade principal da criança. Sua


importância reside no fato de ser uma ação livre, iniciada e conduzida pela
criança com a finalidade de tomar decisões, expressar sentimentos e valores,
conhecer a si mesma, as outras pessoas e o mundo em que vive.
11

A pouca qualidade ainda presente na educação infantil pode estar


relacionada à concepção equivocada de que brincar depende apenas da
criança, não demanda suporte do adulto, observação, registro, nem
planejamento. Tal visão precisa ser desconstruída, uma vez que a criança não
nasce sabendo brincar.

Ao ser educada a criança deve entrar em um ambiente organizado


para recebê-la, relacionar-se com as pessoas (professores, pais e outras
crianças), escolher os brinquedos, descobrir os usos dos materiais e contar
com a mediação do adulto ou de outra criança para aprender novas
brincadeiras e suas regras.

Depois que aprende, a criança reproduz ou recria novas brincadeiras,


e assim vai garantido à ampliação de suas experiências. É nesse processo
que vai experimentando ler o mundo para explorá-lo: vendo, falando,
movimentando-se, fazendo gestos, desenhos, marcas, encantando-se com
suas novas descobertas.

A brincadeira de alta qualidade faz a diferença na experiência


presente e futura, contribuindo de forma única para a formação integral das
crianças. As crianças brincam de forma espontânea, em qualquer lugar e com
qualquer coisa, mas há uma diferença entre uma postura espontaneísta e
outra reveladora da qualidade.

A alta qualidade é resultado da intencionalidade do adulto que, ao


implementar o eixo das interações e brincadeira, procura oferecer autonomia
às crianças, para a exploração dos brinquedos e a recriação da cultura lúdica.

É essa intenção que resulta na intervenção que se faz no ambiente,


na organização do espaço físico, na disposição de mobiliário, na seleção e
organização dos brinquedos e matérias e nas interações com as crianças.
12

1.1 – O que é brincar?

Desde a Antiguidade, o brincar era considerado uma atividade tanto de


crianças quanto de adultos. Para Platão, por exemplo, o “aprender brincando”
era mais importante e deveria ser ressaltado no lugar da violência e da
repressão. Considerava ainda que todas as crianças devessem estudar a
matemática de forma atrativa, sugerindo como alternativa a forma de jogo
(Almeida, 1987).

Brincar é uma forma de comunicação e expressão da criança,


associando pensamento e ação sendo considerado um ato instintivo
voluntário, uma atividade exploratória, que visa ajudar a criança no seu
desenvolvimento físico, mental, emocional e social, um meio de aprender a
viver e não um mero passatempo.

Do ponto de vista de Oliveira (2000) o brincar não significa apenas


recrear, mas sim desenvolver-se integralmente. Caracterizando-se como uma
das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo
mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece através de trocas
recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida. Todavia, através do
brincar a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção,
a memória, a imitação, a imaginação, ainda propiciando a criança o
desenvolvimento de áreas de personalidade como afetividade, motricidade,
inteligência, sociabilidade e criatividade.

Winnicott (1975) “coloca o brincar como uma área intermediária de


experimentação para a qual contribuem à realidade interna e externa”. Nesse
sentido, a criança pode relacionar questões internas com a realidade externa e
torna-se capaz de participar de seu contexto e perceber-se como um ser no
mundo.
13

Já Setúbal (1987) afirma que podemos identificar o brincar em dois


momentos: nas brincadeiras tradicionais, momento em que o individuo se
insere na memória coletiva; na história de vida própria do individuo, que
recorre às experiências no momento de brincar.

Através de sua participação no grupo de brincadeiras, a criança pode


dar sentido ao seu mundo, e ao existir neste mundo. Podemos dizer que
brincar é uma necessidade interior tanto da criança quanto do adulto. A
necessidade de brincar está associado ao desenvolvimento físico do ser
humano.

A criança quer não só ouvir as mesmas histórias, como também


vivenciar novas experiências, por isso estão sempre repetindo as brincadeiras,
o que lhe dá um grande prazer. Essa satisfação está relacionada com a busca
da primeira experiência, que pode ser o primeiro terror ou a primeira alegria.
Assim, a repetição não sé é um caminho para tornar-se senhor de terríveis
experiências como também de saborear sempre com renovada intensidade os
triunfos e vitórias.

Walter Benjamin (1984) afirma que a repetição é a lei fundamental na


brincadeira.

Sobre esta colocação de Benjamin, podemos dizer que o fazer


novamente possibilita ao individuo torna-se senhor de suas experiências: isso
ocorre quando o refazer tem significado no presente. Desta forma a criança
seleciona brincadeiras e histórias a ser repetidas, relacionada com seu
contexto atual. Neste sentido o brincar não pode ser considerado apenas uma
imitação da vida de um adulto, pois em cada fazer a criança pode encontrar o
significado da sua experiência relacionado-a ao seu contexto e colocando-se
como agente de sua história.
14

Além do brincar estimular o desenvolvimento intelectual da criança,


também ensina, sem que ela perceba, os hábitos necessários a esse
crescimento. Ao brincar, a criança consegue sem muito esforço encontrar
respostas a várias indagações, podendo prevenir dificuldades de
aprendizagem, bem como interagir com nossos semelhantes. Brincar é repetir
e recriar ações prazerosas, expressar situações imaginárias, criativas,
compartilhar brincadeiras com outras pessoas, expressar sua individualizada e
a sua identidade, explorar a natureza, os objetos, comunicar-se e participar da
cultura lúdica para compreender seu universo.

Ainda que o brincar seja uma atividade espontânea e acessível a todo


o ser humano, de qualquer faixa etária. É um ato inerente à criança, exige um
conhecimento, um repertório que ela precisa aprender.

De acordo com Lopes (1980), os primeiros fatores básicos da


motivação humana são o hedonismo e o idealismo. O primeiro explica que o
homem não ama a dor e o desconforto, mas o prazer e o conforto. Eis aí a
razão dos conselhos acerca de como tornar agradáveis as condições e o
ambiente de trabalho, a fim de que aquele fator seja satisfeito, resultando no
aumento da motivação.

1. 2– O que é brincadeira?

A brincadeira é o ato de brincar e assume um papel fundamental na


infância.

Numa concepção sociocultural, a brincadeira mostra como a criança


interpreta e assimila o mundo, os objetos, a cultura, as relações e os afetos
das pessoas, sendo um espaço característico da infância.
15

“O brincar pode representar, então, um suporte para


a aprendizagem e para solução de problemas, mas
também precisamos levar em conta a função do
brinquedo e brincadeira que, apesar de propiciar uma
ação no mundo imaginário da criança, também podem vir
acompanhados de desprazer e frustração.” (Teixeira,
2010: p. 49).

Após este período, outros pesquisadores surgiram desenvolvendo


propostas pedagógicas com a utilização de brinquedos e jogos, como por
exemplo: Froebel (educação baseada no brincar), Decroly (que elaborou
materiais para educação de crianças deficientes com a finalidade de
desenvolver a percepção, motricidade e raciocínio) e Montessori (que
desenvolveu uma metodologia de forma a implementar a educação sensorial
(Kishimoto, 1990)).

No século XX, vários pesquisadores começaram a discutir a questão


das brincadeiras, entre eles, Piaget (1978), afirmando que a partir da
brincadeira a criança pode demonstrar o nível cognitivo que se encontra além
de permitir a construção de conhecimentos e Vygotsky, que compreendeu a
brincadeira (como qualquer outro comportamento humano) como resultado de
influências sociais que a criança recebe ao longo do tempo. Vale ressaltar que
o brinquedo cria na criança uma zona de desenvolvimento proximal e através
dele a criança obtém as suas maiores aquisições (Vygotsky, 1984).

A brincadeira ou o brincar é atividade principal da criança. Sua


importância reside no fato de ser uma ação livre, iniciada e conduzida pela
criança com a finalidade de tomar decisões, expressar sentimentos e valores,
conhecer a si mesma, as outras pessoas e o mundo em que vive.
16

1.3 – O que é brinquedo?

O brinquedo é entendido como objeto, suporte da brincadeira para a


criança. Os brinquedos surgiram nas oficinas dos artesões que só podiam
fabricar produtos do seu ramo.

A evolução do brinquedo é tão antiga quanto à do homem. O jogo de


damas e as bolas de gudes são heranças do Antigo Egito. Já os soldadinhos
de chumbo eram utilizados em jogos de guerra na França. As bolas de
fabricação japonesa eram feitas utilizando fibras de bambu. Na China, a
matéria prima utilizada na confecção da bola era crina de cavalos. Mas os
romanos e os gregos preferiam confeccionar o produto com tiras de couro,
penas de aves e até bexiga de boi.

A primeira bola branca, por exemplo, foi idealizada por um brasileiro –


Joaquim Simão – em 1935. Sua intenção era a de melhorar a visualização da
“redonda” em jogos noturnos. Apesar disso os brinquedos só se popularizam a
partir da década de 50, com a fabricação do plástico em escala industrial.

Para Benjamin (1984) “o brinquedo sempre foi e será um objeto criado


pelo adulto para a criança. E que sempre servia de alegria para as crianças”.
Através do brinquedo a criança instiga a sua imaginação, adquire
sociabilidade, experimenta novas sensações, começa a conhecer o mundo,
trava desafios e busca satisfazer sua curiosidade. Acredita-se que o conteúdo
imaginário do brinquedo é que determina as brincadeiras, quando na verdade
quem faz isso é a criança.

O brinquedo é um meio de demonstrar as emoções e criações da


criança. Com o brinquedo o modo de pensar e agir de uma criança são
diferentes do modo de pensar e agir de um adulto. Isso acontece quando as
crianças desconsideram brinquedos mais caros e sofisticados e se apegam a
17

outros mais simples, e que às vezes a criança junto de um adulto, o mesmo


sozinho fabrica brinquedo artesanal utilizando sucata.

“Ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção,


representação, memória e outras funções cognitivas
estão profundamente interligadas. A brincadeira favorece
o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o processo
de apropriação de signo sociais. Cria condições para uma
transformação significativa da consciência infantil, por
exigir das crianças formas mais complexas de
relacionamento com o mundo. Isso ocorre em virtude das
características da brincadeira: a comunicação
interpessoal que ela envolve não pode ser considerada
“ao pé da letra”; sua indução a uma constante negociação
de regras e à transformação dos papéis assumidos pelos
participantes faz com que seu enredo seja sempre
imprevisível” (OLIVEIRA, 2002, p.160).
18

CAPÍTULO II

O JOGO E A BRINCADEIRA COMO FORMA DE


DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

A palavra jogo provém do latim (lócus locare) que quer dizer brinquedo,
divertimento, passatempo, que está sujeito a uma série de regras e normas
preestabelecidas.

Na pré-história os jogos eram praticados como forma de diversão para


que fossem realizados de maneiras bem divertidas as atividades diárias.

O jogo é uma atividade física ou mental que envolve a criança e sua


cultura, assumindo especificidades de acordo com o grupo social ao qual ela
pertence, sendo fundamentado em sistema de regras que definem a perda ou
ganho. Os jogos constituem uma forma de atividade natural do ser humano,
tanto no sentido de recrear e de educar ao mesmo tempo, pois é livre, traz
prazer, envolve atividades e geralmente está ligado à infância, pode ser
praticado em qualquer fase da vida, organiza as ações de forma específica e
própria, aumenta o conhecimento da criança em relação a sua realidade, é
inato, ajudando-a ficar mais segura na vida. Promove a socialização,
apresenta regras que devem ser seguidas pelos que aceitam participar da
brincadeira, eliminado assim a possibilidade de desigualdade dos participantes
do jogo.

Além de importante para o desenvolvimento, físico, intelectual e social,


o jogo vem deixando de ser um simples divertimento e tornando-se ponte entre
a infância e a vida adulta, conduzindo à criança e o adulto por um caminho
correto.
19

Alguns teóricos precursores dos novos métodos ativos da educação


enfatizaram categoricamente a importância que esse método lúdico
proporciona a educação das crianças.

Vygotsky (1984) não hesitou em conceber a brincadeira como zona


proximal, pois nela a criança supera a sua própria condição no presente,
agindo como se fosse maior. A criança desafia seus próprios limites, ações e
pensamentos. Já o jogo para ele aproxima-se da arte, tendo em vista a
necessidade de a criança criar para si o mundo às avessas para melhor
compreendê-lo, atitude que também define a atividade artística.

Ainda, Vygotsky (1998) afirma que o jogo infantil transforma a criança,


graça a imaginação, os objetivos produzidos socialmente. Assim, seu uso é
favorecido pelo contexto lúdico, oferecendo à criança a oportunidade de
utilizar a criatividade, o domínio de si, à firmação da personalidade, e o
imprevisível.

De acordo com Kishimoto (2002), o jogo é considerado uma atividade


lúdica que tem valor educacional, a utilização do mesmo no ambiente escolar
traz muitas vantagens para o processo de ensino aprendizagem. O jogo é um
impulso natural da criança funcionando, como um grande motivador, é através
do jogo que obtém prazer e realiza um esforço espontâneo e voluntário para
atingir o objetivo. O jogo mobiliza esquemas mentais, e estimula o
pensamento, a ordenação de tempo e espaço, integra várias dimensões da
personalidade: afetiva, social, motora e cognitiva.

O desenvolvimento da criança e seu aprendizado ocorrem quando


participa ativamente, seja discutindo as regras do jogo, seja propondo
soluções para resolvê-los. É importante que o professor também participe e
que proponha desafios em busca de uma solução de participação coletiva.
O papel do educador neste caso será de estimular e trazer a criança para
20

participar junto das demais, inserindo–a no grupo, das atividades propostas


pelo educador, fazendo com que a crianças tenha prazer em participar. A
intervenção do professor é necessária e conveniente no processo de ensino-
aprendizagem, além da interação social, ser indispensável para o
desenvolvimento do conhecimento.

O filósofo Huizinga (1938). Escreveu seu livro Homo ludens, no qual


argumenta que o jogo é uma categoria absolutamente primária da vida, tão
essencial quando o raciocínio (homo sapiens) e a fabricação de objetos (Homo
faber), sendo assim Homo ludens quer dizer que o elemento lúdico está na
base do surgimento e desenvolvimento da civilização.

Huizinga define o jogo como: “uma atividade voluntária exercida dentro


de certos e determinados limites de tempo e espaço, seguindo regras
livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em
si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma
consciência de ser diferente de vida cotidiana.”

Os jogos podem transmitir respeito às regras, deixa a mensagem de


que nas disputas sempre haverá um vencedor, porém voltado para o lado da
educação, o educador deverá harmonizar e manter a relação entre os
adversários, para manter o respeito entre ambas às partes, mantendo o
espírito esportivo de competição e participação, não de perdedor e ganhador
para que não haja rivalidades entre as equipes, e que permaneça a
socialização e integração e a diversão dos alunos.

2.1 – O Jogo como instrumento

Como mecanismo o jogo é fundamental e de grande valia, ajuda


desenvolver a memória, a criatividade, a atenção, a linguagem, a percepção e
21

habilidade, para melhor a aprendizagem. A criança quando joga tende-se a


desenvolver capacidades e oportunidades que serão indispensáveis a sua
atuação futura e profissional, como afetividade e concentração, dentre os
habilidades.

O jogo tende a contribuir para o importante desenvolvimento das


estruturas cognitivas e psicológicas da criança.

Ao introduzir o jogo no cotidiano escolar, devido a influências que o


mesmo exerce frente ao aluno, torna-se mais fácil a dinâmica e o processo de
ensino aprendizagem se está emocionalmente envolvidos na ação.

O jogo não pode ser visto, apenas como, divertimento ou brincadeira


para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo,
social e moral. Para Piaget (1967), o jogo é a construção do conhecimento,
principalmente, nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os
objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço desenvolvem a
noção de causalidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica

As crianças ficam mais motivadas a usar a inteligência, pois querem


jogar bem; sendo assim, esforçam-se para superar obstáculos, tanto cognitivos
quanto emocionais. Estando mais motivados durante o jogo, ficam também
mais ativas mentalmente.

Embora muitos filósofos e teóricos da educação tenham apontado para


o “paradoxo do jogo”, lúdico e educativo ao mesmo tempo, acreditamos que
seja um recurso eficaz, a ser adotado pelo mediador para preencher as
lacunas descritas anteriormente.
22

“O jogo com sua função lúdica de propiciar diversão,


prazer e mesmo desprazer ao ser escolhido de forma
voluntária e o jogo com sua função educativa, aquele que
ensina, completando o saber, o conhecimento e a
descoberta do mundo pela criança.” (Campagne, 1989:
p.122) apud Kishimoto, 1992, p. 28.

Neste contexto, o significado do jogo é o que ele tem na área de


educação, ou seja, associado à função lúdica e à pedagogia de forma
equilibrada.

Nos jogos de papéis ou faz-de-conta, a criança é livre para escolher


papéis a desempenhar e definir suas regras. Seu funcionamento é um
processo que tem um fim em si mesmo. A criança brinca e tem prazer de
brincar. Nesses jogos, a criança toma iniciativas, organiza ações, enfim,
planeja e substitui o significado dos objetos com o objetivo de reproduzir as
relações e os fenômenos observados por ela.

2.2 – Linguagens e formas de expressão

“A cada etapa do desenvolvimento, certos jogos


existentes em nossa cultura são particularmente
interessantes. Jogos expressivos e corporais são muitos
apropriados para os bebês, ao passo que os de
manipulação e de faz de conta constituem grandes
desafios às crianças de 2 e 6 anos. Já as brincadeiras
tradicionais são apreciadas e vantajosas à aprendizagem
para às diferentes idades, mesmo que os bebês apenas
23

as observam e imitem os movimentos por meio de gestos


corporais.” (Oliveira, 2010, p.238).

Nas brincadeiras a criança expressa vários tipos de linguagem: com


gestos, falando, desenhando, imitando, cantando. Essas ações é que se
denominam formas de expressão que são: gestual, verbal, plástica, dramática
e musical. Na essência dessas formas de expressão, se encontram diferentes
formas de linguagem e de gêneros textuais tais como: contos de fadas, falar,
escrever cartas, e tantos outros.

Elas comunicam-se, também, por diferentes linguagens, por gestos,


expressões, olhares, pela palavra. Já os bebês se expressam inicialmente por
gestos e sorrisos e, depois pelas palavras.

A linguagem verbal (aprendizado da fala) se inicia no nascimento com


a comunicação entre as crianças e seus familiares e depois, entre a criança e
a professora, e a crianças e seus amigos. Diversos estilos de comunicação
familiar levam as crianças a aprenderem a falar, esses estilos fazem parte de
suas culturas quando ingressam na escola.

A comunicação no ambiente escolar, que valoriza as interações e a


brincadeira, se dar em diversos momentos: quando a professora conversa com
a criança e ela responde com um gesto, sorriso ou olhar; nas brincadeiras, ao
relacionar nomes dos objetos e situações do seu dia a dia; nas brincadeiras
corporais de exploração dos objetos do ambiente; nas brincadeiras de
imitação; nos desenhos e grafismos; no recontar histórias e nas comunicações
diárias; e na expressão de poesias, parlendas, adivinhas, cantigas de rodas e
de ninar.
24

A expressão dramática acontece quando as crianças manifestam o


desejo de assumir determinados papéis como: ser a mãe, ser o motorista e ser
o professor. Quando entram no mundo de faz de conta elas começam a
compreender as funções desses personagens no contexto social: da mãe que
dá comida para o bebê, do motorista que dirige carros, do professor que
ensina as crianças. Essas imitações, embora importantes, são repetições de
ações vindas de observação, feitas pelas crianças sem a compreensão do
significado dos papéis desempenhados. A dramatização de situações
imaginárias, tanto nas brincadeiras de faz de conta como no recontar histórias,
deve ser livre para que as crianças possam expressar sentimos (emoções e
desejos).

A expressão plástica são atividades relacionadas às artes plásticas


incluem brincar: com tintas, com plantas, com terra. E possibilitando tanto a
experiências sensórias e prazerosas quanto plástica. Iniciam-se as
brincadeiras com a exploração das cores utilizando as tintas para pintar com
as mãos, com pincéis, com o corpo, mas ganham em qualidade ao saber
misturá-las e recriá-las.

As atividades de brincar com massinhas, argilas, gesso ou materiais


de desenho, pintar, fazer colagens e construções com diferentes tipos de
objetos, são denominadas de linguagens plásticas, associadas a experiências
sociais, motoras e sensórias prazerosas.

Ao utilizar nas brincadeiras brinquedos musicais, manipular objetos e


com eles poder criar sons as crianças experimentam diferentes tipos de sons,
ritmos melódicos e instrumentos musicais que contribuem, não só para a
musicalização, mas para a expressão das diferentes linguagens infatins e para
o desenvolvimento integral das crianças.
25

2.3 – O Uso das narrativas e gêneros textuais, orais e escritos


na infância.

Ao intera-se com o mundo as crianças adquirem experiências de


narrativas veiculadas pelas linguagens oral, escrita e visual. Ao ser levadas a
apreciar as várias modalidades de linguagens e com elas interagir, as crianças
são favorecidas pelas experiências da narrar utilizando a linguagem oral, é
quando oferecemos a elas a oportunidade de praticar a conversação, contar e
ouvir histórias, brincar com jogos de regras, com jogos imitativos, ouvir e
cantar músicas, ver e comentar filmes, vídeos e programas de TV. Na
linguagem escrita acontece quando proporcionamos as elas o uso de
ambientes impressos, livros, cartazes, revistas, jornais, embalagens de
brinquedos e alimentos. Já as experiências visuais se dão quando elas criam e
vêem imagens: desenhos, ilustrações, animação, TV e filmes. Nos
equipamentos que utilizam a tela como um suporte e possibilitam a interação
entre máquina e espectador, cinemas, TV e computadores os veículos como:
internet, jogos eletrônicos e filmes possibilitam a junção dessas três
modalidades de linguagens: visual, escrita e falada. A combinação dessas
linguagens são experiências enriquecedoras e favorece o aprendizado.

A partir o nascimento, as crianças vão entrando no mundo Letrado.


Esse mundo se inicia com gestos, olhares, mais tarde com a oralidade,
desenhos e construções tridimensionais, até chegar à escrita propriamente
dita. A oralidade, a escrita e a imagem visual tem papel importante no
processo de aquisição e integram o que se entende por letramento. O
letramento vem se fortalecer com o uso da diversidade de linguagens.
26

CAPÍTULO III
A BRINCADEIRA É O PRIMEIRO PASSO PARA O
DESENVOLVIMENTO INFANTIL

De acordo com Piaget, o desenvolvimento da inteligência está voltado


para o equilíbrio, à inteligência e adaptação. O homem estaria sempre
buscando uma melhor adaptação ao ambiente. Dessa forma podemos
entender a importância da brincadeira para o desenvolvimento da criança.

O desenvolvimento de uma criança não é feito apenas da maturação,


isto é das transformações do organismo, das mudanças físicas. A criança
cresce, passa pela a adolescência chegando à fase adulta dentro de um
contexto social e cultural. Esse contexto sociocultural irá fornecer ao indivíduo
conjuntos de objetos, interpretações, símbolos e significados, que irá interferir
no modo de agir e de pensar, sentir do ser humano. Tudo isso faz parte da
cultura e pode variar de uma sociedade para outra e costuma-se ser aceito
sem discussão, sendo visto como algo natural, porém na verdade é cultural.

O desenvolvimento é um processo promovido socialmente no qual a


criança está pouco a pouco sendo estimulada a novos níveis de competência.
Isso ocorre nas relações entre as próprias crianças e seus pais e os
educadores, em situações escolares ou não.

Sendo assim as brincadeiras lúdicas são essenciais no desenvolvimento


infantil, que chega dividir o tempo conforme a época de cada de brinquedo. Ao
brincar, com diferentes objetos de tamanhos e formas diferentes, a criança
acaba construindo a noção de grande/maior/menor, perder e achar o
brinquedo, percebendo que os objetos podem sumir , mas que continuam a
existir.
27

Nesse caso, entretanto a fonte da aprendizagem é a relação da criança


com o mundo à sua volta.

“Para Piaget (1971), quando brinca, a criança assimila o mundo a sua


maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto
não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui.“
(Kishimoto, 1999, p.59).

Por meios de determinadas atividades, as brincadeiras infantis ajudam


as crianças adquirir novas aprendizagens específicas e psicológicas, ajuda no
processo de desenvolvimento pessoal, na intervenção do crescimento e
desenvolvimento humano. Ao buscar promover algum tipo específico de
aprendizagem, torna-se importante compreender os mecanismos sociais de
ajuda planejada, deliberada, que podem conduzir e levar ao desenvolvimento
infantil.
O próprio Piaget (1973), diz que os jogos não são apenas uma forma
de entretenimento para gastar energias das crianças, mas meio que
constituem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.

“Os jogos pré-operatórios (antes do período escolar) não servem


somente para desenvolver o instinto natural, mas para representar
simbolicamente o conjunto de realidades vividas pela criança. “(Almeida, P.N.,
1984, p.158).

Na tentativa que a criança faz de assimilar uma realidade, e o não


possuindo ainda estruturas mentais plenamente desenvolvidas, ela aplica os
esquemas de que dispõe, reconstruindo esse universo próximo, com o qual
convive. Em muitos casos essa tentativa de reconstruir a realidade acaba
deformando-a de modo “egocêntrico,” pois, “sob essas formas iniciais, constitui
uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento
28

necessário e transformando a realidade de acordo com as múltiplas


necessidades do eu.” (Piaget, 1973 p.158).

Para Piaget, os jogos tornam-se mais significativos à medida que a


criança se desenvolve, pois a partir da livre manipulação de matérias variados
ela passa a reconstruir objetos, reinventar as coisas, o que já exige uma
“adaptação” mais completa. Essa adaptação que deve ser realizada pela
infância consiste numa síntese progressiva de assimilação com a
acomodação.

3.1 – O Jogo e o desenvolvimento infantil na Psicomotricidade

O estudo feito sobre a função do jogo revela que, na infância, o jogo


perpassa toda a vida da criança. Ele está presente na representação do
mundo exterior, no trabalho imaginativo, na expressão do desenho, na
linguagem e nos primeiros ensaios das funções lógicas.

A denominação jogo na infância, para Hubert (1974), é feita por


analogia ao jogo dos adultos sendo que, para os adultos, o jogo representa um
descanso da atividade. Esta, por sua vez, é dominada pela vontade e pela
obrigação, atendendo a determinados fins exteriores. No entanto, o jogo
infantil é uma entrega total do corpo, do coração e do espírito. Ele conduz a
criança do jogo indiferenciado ao trabalho e ao jogo adulto. Desta forma, você
pode concluir que o brincar infantil vem a ser uma preparação para o trabalho
psíquico e motor.

Segundo Wallon (HUBERT, 1974, p.283), há dois tipos de movimento


no jogo infantil: um deles é a atividade total, equilibrada e flexível, própria do
desportista, e o outro é a virtuosidade de adaptação aos atos mais ou menos
especializados do artesão. A primeira está ligada aos movimentos motores e a
29

segunda à capacidade do cérebro de promover as representações. Esses


movimentos desenvolvem-se entre os 3 e os 7 anos, de acordo com as
possibilidades oferecidas pelo meio, abrindo espaço às experiências lúdicas.

A ludicidade traz uma importante contribuição para o desenvolvimento


da criança, a compreensão infantil é tão somente uma simulação que vai do
outro a si mesmo, e de si mesmo ao outro.

O jogo reforça o poder da criança, estimulando o crescimento do corpo


e da mente. Portanto, quanto mais livre a criança estiver para brincar, suas
necessidades serão melhores atendidas.

Podemos entender o valor e a importância do jogo na formação do


psiquismo e no desenvolvimento motor da criança. No psiquismo como de um
sonho com os olhos abertos e, na motora, porque o jogo é ação. Para
Claparède (1956), o grande educador, é necessário que se tenha sido criança
para que se venha ser um bom adulto. Jogar significa, em suma, aprender a
viver, revelando uma forma de se desenvolver potenciais. Em qualquer idade o
jogo será sempre construtivo, atendendo às emergências do corpo e da mente.

Para Aucoutrurier (2007), a psicomotricidade é um conceito de


maturação que prevê a evolução do comportamento através de vários estágios
do desenvolvimento, da dimensão neurológica à psicológica. Esse período de
maturação da criança, que vai até os 7 anos, fica marcado pelo fato de que a
criança age para pensar. Após essa idade, a criança separa o prazer de
pensar do prazer de agir. A prática psicomotora permite à criança viver esse
tempo de maturação através da ação corporal, das brincadeiras, das
sensações tônicas e da própria motricidade.

Nas práticas psicomotoras de um modo geral, o jogo deve responder


a quatro preocupações principais, segundo Defontaine (1981, p.28): “favorecer
30

o desenvolvimento das atividades motoras globais, das atividades motoras


finas (desenho, escrita), criação imaginária (construções) e boas relações
afetivas e sociais.

O processo de desenvolvimento da criança inicia-se na família, e os


pais são os seus primeiros educadores. Pouco a pouco as crianças começam
a interagir e participar de outros grupos com maior número de pessoas como:
amigos, componentes da família e membros de diferentes grupos sociais
(igrejas, escolas, clubes e outras associações), que passam a ter influencias
no seu desenvolvimento, onde ocorrem processos de aprendizagens.

Assim o jogo estará contribuindo pedagogicamente para o


conhecimento e para o processo de desenvolvimento global da criança. Nesta
perspectiva, o conhecimento é coletivamente aproveitado, pois desta forma
proposta, todas as questões a serem resolvidas são do deu interesse.
Quando a criança relaciona seus movimentos com de seus
companheiros, estará construindo seu conhecimento e aprendendo pela troca
de informação e experiência, pela atividade, criatividade e oportunidade de
relacionamento intergrupal.

Vygotsky (1984) dá importância às experiências de vida do sujeito.


Quer dizer, uma pessoa passa a vida aprendendo coisas, e é este caminho da
aprendizagem que vai definir por onde passará o seu desenvolvimento, por
isso os primeiros anos de vida da criança, a brincadeira é a atividade
predominante e constitui fonte de desenvolvimento, favorecendo a criação das
zonas de desenvolvimento proximal.

A zona de desenvolvimento proximal é um domínio psicológico em


transformação: aquilo que uma criança é capaz de fazer com a ajuda de
alguém hoje, ele conseguirá fazer sozinha amanhã.
31

Para Vygotsky (1984), o que define o brincar é a situação imaginária


criada pela criança. Além disso, devemos levar em conta que brincar preenche
necessidades que mudam de acordo com a idade. Como a criança pequena
não tem a capacidade de esperar cria um mundo ilusório, onde os desejos
irrealizáveis podem ser realizados.

“Dessa forma, o brinquedo tem grande importância no desenvolvimento,


pois cria novas relações reais com a função de reduzir a tensão e, ao mesmo
tempo, para construir uma maneira de acomodação a conflitos e frustrações da
vida real”. (Vygotsky, 1994, p.122-6).

3.2 – O LÚDICO COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM

“O aprendizado adequadamente organizado resulta em


desenvolvimento mental e põe em movimento vários
processos de desenvolvimento que, de outra forma,
seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é
um aspecto necessário e universal do processo de
desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente
organizadas e especificamente humanas.” (Vygotsky,
1984, p.101).

As praticas educativas são verdadeiros contextos de desenvolvimento


pessoal, que possibilitam as crianças observar e incorporar modelos de
atividades, papéis e relações cada vez mais complexos.

A criança sempre necessitará de ajuda de pessoas mais


experientes, direta ou indiretamente. Dessa maneira, as crianças podem
aprender e adquirir as habilidades necessárias e conhecimentos
imprescindíveis para o seu desenvolvimento.
32

Desse ponto de vista o uso das atividades lúdicas para facilitar a


aprendizagem da criança é o de criar desenvolvimento, a parti de uma
construção de base que é a educação no qual se encontra, e realizar
atividades que permita-lhe estimular seu acesso a novos níveis de
competências e possibilidades.

Existem vários caminhos para a criança desenvolver a


aprendizagem, e uns desses caminhos em que a aprendizagem acontece é
pelo uso do jogo e da brincadeira, por ser um meio lúdico, a criança tem fácil
acesso e prazer em brincar, não se limitando à interação social e à interação
direta com os objetos do ambiente.

As crianças possuem uma grande capacidade de aprender por


observação e imitação, aproveitando o que veem outras pessoas fazerem,
identificando-se com sua forma de agir e de pensar. Esse modo de aprender
serve para destacar a diversidade de meios que ocorre a aprendizagem.

“Através do brincar a criança experimenta, organiza-se,


regula-se e constrói normas para si e para o outro. Ela
cria e recria, a cada nova brincadeira, o mundo que a
cerca. O brincar é uma forma de linguagem que a criança
usa para compreender e interagir consigo, com o outro e
com o mundo.” (Dornelles, apud. Craidy, 2001, p.104).

O objetivo é valorizar a brincadeira como forma de expressão que traduz


a construção dos conhecimentos pela criança, vivenciada pela turma, em
grupos ou individualmente, e garantir um tempo e espaço para brincar.
33

“Cada criança em suas brincadeiras comporta-se como


um poeta, enquanto cria seu mundo próprio ou, dizendo
melhor, enquanto transpõe os elementos formadores do
seu mundo para uma nova ordem, mais agradável e
conveniente para ele.” (Freud, apud Kishimoto 2002,
p.57).

A brincadeira de faz de conta é o momento mágico da consciência


infantil, onde a criança é transportada para um mundo em que ela própria, cria
e recria, constrói e destrói ao mesmo tempo, porque passa ser a autora da
história, nesse mundo imaginário não tem regras de adultos, porque nesse
mundo tudo pode acontecer, desde que a criança esteja de acordo,
possibilitando à criança fazer grandes descobertas e a exploração do mundo.
Se posicionando em relação si mesma e a sociedade, exercitando habilidades
de forma natural e lúdica.

“Através da brincadeira a criança cria uma ponte do


imaginário para o real e manipula a realidade. É
brincando de casinha que ela consegue entender as
emoções que vivencia na realidade. Ao brincar, ela
explora suas emoções, cria as hipóteses necessárias
para o entendimento de que antes lhe parecia tão difícil.”
(Maranhão, 2001, p.5).

É muito importante perceber o significado do brincar e do brinquedo


para a criança. Ela pode vir a ser um professor, simplesmente ao enfileirar as
cadeiras de sua sala de visitas; pode se transformar em padeiro e imaginar
fazendo e vendendo pão; a partir do ato de misturar areia com água; de
34

transformar papel picado em dinheiro que serão o pagamento do pão e assim


por diante.

O lúdico enquanto recurso pedagógico na aprendizagem deve ser


encarado de forma séria, competente e responsável, tanto para educadores
em trabalhos escolares, quanto para psicopedagogos nas intervenções de
problemas de aprendizagem. Usado de maneira correta, poderá oportunizar ao
educador e ao educando, importantes momentos de aprendizagens em
múltiplos aspectos.

Na visão da psicopedagogia a importância na aprendizagem, o lúdico


vem favorecendo de forma eficaz o pleno desenvolvimento das potencias
criativas das crianças, cabendo ao profissional intervir de forma adequada,
sem atrapalhar a criatividade da criança.

Respeitando o desenvolvimento do processo lúdico, o psicopedagogo


poderá desenvolver novas habilidades no repertório da aprendizagem e na
prevenção e intervenção de futuros problemas de aprendizagem infantil.
35

CONCLUSÃO

O objetivo geral deste trabalho de pesquisa foi apresentar as


questões atuais que envolvem a criança e o brinquedo e possibilitar que os
adultos envolvidos com a educação reflitam e desenvolvam ações, tendo como
base a importância e a necessidade do ato de brincar na Educação Infantil.
Para compreender o que está em jogo quando a criança brinca se faz
necessário analisar o suporte material ou imaterial que desencadeia tal ato. O
ambiente, os momentos a ele destinados e as pessoas que dele participam.

As crianças precisam de tempo, espaço, companhia e material para


brincar. Quanto mais as crianças vejam, ouçam ou experimentam, mais
aprendem e assimilam os elementos reais que disponham em suas
experiências, mais consideráveis e produtivas será a atividade de sua
imaginação. A escola pode e deve reunir todos esses fatores e o papel do
professor nesse processo é fundamental.

Brincar na escola é diferente de brincar em casa. Os brinquedos são


da instituição; as possibilidades de brincadeiras em grupos são maiores e
crianças da mesma idade costumam ficar sob a responsabilidade de poucos
adultos. Todos esses fatores influenciam os modos de brincar e exigem
reflexão.

Na área da educação, muitas vezes, a preocupação com o lúdico se


manifesta apenas pela quantidade de brinquedos disponíveis no acervo, sem
se levar em conta os significados que esses objetos carregam.

É se divertindo que a criançada aprende a se relacionar com os


colegas e a descobrir o mundo à sua volta. Por isso, é papel da escola,
36

garantir espaços para atividades lúdicas, tanto em sala de aula quanto ao ar


livre.

A escola deve dar importância aos momentos determinados para os


jogos e brincadeiras. Jogar é uma atividade essencial na vida da criança,
servindo para favorecer ser desenvolvimento. O professor não precisa,
necessariamente, ensinar o aluno a brincar, pois os jogos são atividades
naturais, isto é, surge, espontaneamente. Basta que exista um espaço e um
grupo de crianças e logo todas estarão todos se integrando para brincar, o
jogo, na infância, significa desenvolvimento motor e um meio de satisfazer as
necessidades afetivas, servindo também para introduzir a socialização. A
educação formal deve se preocupar com o tempo livre das crianças e com a
ocupação excessiva nos trabalhos escolares, deixando pouco tempo livre para
o prazer de agir sobre o conhecimento de si, dos objetos e do mundo.
37

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42

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I
O BRINCAR E A EDUCAÇÃO INFANTIL 10
1.1 – O que é brincar? 12
1.2 – O que é brincadeira? 14
1.3 – O que é brinquedo? 16

CAPÍTULO II
O JOGO E A BRINCADEIRA COMO FORMA DE DESENVOLVIMENTO DA
LINGUAGEM 18
2.1 – O Jogo como instrumento 20
2.2 – Linguagens e formas de expressão 22
2.3 – O Uso das narrativas e gêneros textuais, orais e escritos na infância 25

CAPÍTULO III
O BRINCAR E A EDUCAÇÃO INFANTIL 26
3.1 – O Jogo e o desenvolvimento infantil na Psicomotricidade 28
3.2 – O Lúdico como facilitador da aprendizagem 31

CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37
ÍNDICE 42

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