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Universidade Federal de Alagoas

Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - PPGCI/UFAL


Disciplina: Políticas Públicas de Informação e Cultura
Docente: Prof.ª Dra. Maria de Lourdes Lima
Discente: Isaac R. Ferreira

ALMEIDA, M. A. Políticas culturais & Ciência da Informação: diálogos e desafios. Ciência da


Informação, Brasília, v. 43, n. 2, p. 284-297, maio/ago. 2014. Disponível em:
http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1410/1588.

RESUMO

A pesquisa analisada estabelece uma discussão sobre a presença ou ausência da


temática ‘políticas públicas de cultura’ na área da ciência da informação, e já inicia falando
sobre o significado e abrangência de termos como “cultura” e “políticas públicas”. Discute
como lidar com uma sociedade cada vez mais midiatizada, tomada pelas tecnologias da
informação, que criam redes sociais e ao mesmo tempo são excludentes e como incluir isso
nas ações de políticas públicas de cultura.
O autor apresenta estudos de casos como os Pontos e Pontões do Ministério da
Cultura (MinC) brasileiro, a “Casa do Leitor” e o “Medialab-Prado” em Madrid e as salas
“Meu Bairro” e as “bibliotecas-parque” de Medellín, para discutir diferentes modos de
aplicação das políticas públicas numa perspectiva onde se prioriza a autonomia, o
protagonismo e o emponderamento dos agentes de ação dessas culturas, porém também
explicitando as dificuldades e problemas relacionados à essa abordagem.
O texto fala aos acadêmicos das ciências sociais, aos profissionais de informação,
aos cientistas da informação e a quaisquer outros leitores que se dispuserem a lê-lo, porém,
eram leitores que tinham como analisar as políticas de cultura na área da ciência da
informação pela perspectiva de um governo mais progressista e democrático, no caso do
Brasil, que realmente se predispunha a trabalhar e a entender cultura na sua integralidade e
num tempo em que havia um Ministério da Cultura como órgão principal de fomento e
valorização cultural no país, extinto na primeira oportunidade pelo governo de extrema-
direita quando este assumiu.
O primeiro problema identificado é o de a cultura passar a ser vista como recurso e
poder público e, juntamente com a arte, acabam por cobrir lacunas de responsabilidade do
Estado. Em razão disso, o Estado transfere progressivamente para a sociedade civil a
responsabilidade pela assistência social da população.
Outro problema é o da cultura compreendida como campo crucial de investimento, o
que acarreta a problemática de que, em países diversificados culturalmente, os
investimentos em cultura se fazem apenas em relação a algumas manifestações culturais
específicas, com mais possibilidade de retorno financeiro, ficando em segundo plano os
valores culturais dos residentes não importando se esses serão compreendidos ou não,
contemplados ou não com tal financiamento.
Outra questão proposta pelo autor é a da tecnologia como estrutura que hoje
movimenta essas redes culturais. As sociedades são extremamente desiguais, e um dos
elementos de divisão social mais importante talvez seja saber ou não utilizar a internet para
encontrar a informação que se precisa. As tecnologias da informação e comunicação
mudam o tempo todo e nem sempre todos conseguem acompanhar no mesmo compasso.
Um exemplo emblemático citado pelo autor é a política dos softwares livres nos Pontos de
Cultura, onde se deu o material, mas não se capacitou agentes que pudessem orientar os
demais usuários a utilizar essa ferramenta. Como resultado, alguns pontos de cultura de
áreas mais desenvolvidas começaram a utilizar essa capacitação como meio de arrecadar
capital.
Outro problema levantado pelo autor é da falta de compreensão dos Estados em
implantar uma política pública cheia de esquemas e instrumentos de acesso, transmissão e
disseminação de valores institucionalmente legitimados, sem levar em consideração que
manifestações como as da cultura popular, por exemplo, onde existe uma sensibilidade e
modos de produção de sentido diferenciados, nem sempre se enquadra nesses esquemas
propostos, nem sempre conseguindo se adequar a essas políticas públicas de cultura.
Por fim, o autor questiona se o papel da ciência da informação nisso tudo não seria o
de pensar as políticas de informação também como políticas culturais, tendo os novos
ambientes de informação surgidos no amadurecer da Sociedade da Informação como
ambientes culturais de informação, incluindo toda tecnologia e aparatos de mediação para
comunicação desse conhecimento intercultural.

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