Abril 2017 • Matéria-Prima 1

Matéria-Prima
Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da FAAT Faculdades • Atibaia • Março 2017 • nº 24

CARNAVAL DA CRISE
Momento de turbulência nos faz refletir e visualizar a explosão de alegria de um povo,
as dificuldades em se promover o evento, e a frustração de quem não tem o que comemorar
2 Abril 2017 • Matéria-Prima
EDITORIAL
Carnaval, crise e caos
Adriano Pinheiro
Apertem o couro do tam-
borim, aumente o volume
da sua alegria, caia na festa e
solte suas amarras, chegou o
carnaval.
O carnaval em momen-
to de turbulência sócio eco-
nômica nos faz refletir, não
somente a folia de momo,
podemos visualizar a explo-
são de alegria de um povo, as
dificuldades em se promover
o evento, e a frustração de
quem não tem o que come-
morar.
Essa cultura popular es-
tampada nos olhos e ma-
terializada com o suor dos
integrantes de grupos car-
navalescos, independe dos
limites financeiros, pode ser
uma camiseta rasgada, uma
pintura no rosto ou a mais
luxuosa fantasia, bem fan-
tasia se no corpo, na alma e
principalmente na mente,
entorpecendo os problemas
diários de populações caren-
tes do mínimo. Uma tradi-
ção que persiste ao caos, em
algumas cidades resgate em
outras a inexistência, em ou-
tras apenas festa.
Os alunos do quinto se-
mestre do curso de Jorna-
lismo da FAAT Faculdades,
vestiram a fantasia da verda-
de, foram a campo e retrata-
ram nesta edição as emoções,
os vitoriosos e derrotados em
concursos carnavalescos, as
dificuldades e realidades em
diversas cidades da região.
Começamos nossa cober-
tura falando das festividades
de Atibaia, carnaval famoso
por seus bonecões, tradição
centenária na cidade, a cidade
teve como foco um Carnaval
para todas as idades, e contou
com o slogan “a Festa da Famí-
lia” e contou ainda com blocos
que animaram a cidade.
Cobrimos também o car-
naval da mineira cidade de
Extrema, que se auto intitula
Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo, da FAAT – Faculdades, produzido pelos alunos do 3º e 5º
semestres. Os textos publicados são de responsabilidade dos autores, que os assinam, não refletindo a
opinião da Instituição.
Diretores da Mantenedora da FAAT: Marilisa Pinheiro, Hercules Brasil Vernalha, João Carlos da Silva,
Júlio César Ribeiro, Manoel Ferraz. Diretor Geral de Administração: Saulo Brasil Ruas Vernalha. Diretor
ACONTECE
Jornalismo FAAT conquista Conceito 4
“Portal da Alegria”, atingin-
do uma variedade de gru-
Em 2012 obteve a segunda nota mais alta em São Paulo
pos carnavalescos, a cidade JULIANA DORIGO
Aline Zarur
ofereceu aos seus cidadãos e
visitantes atrações diversifi-
De acordo com o Índice
cadas na Praça principal da
Geral dos Cursos (IGC), ins-
cidade e no Parque Munici-
trumento utilizado pelo MEC
pal de Eventos “Esdras José
para avaliar as instituições de
Zingari”.
ensino do país, a FAAT Fa-
Bragança Paulista, que no
culdades se manteve por nove
ano passado teve um carnaval
anos consecutivos no seleto
aquém a sua tradição, contou
grupo de instituições de en-
com abertura com blocos e
sino superior que garantiram
trio elétrico e marchinhas no
um excelente Conceito 4 no
Carnapraça, parte do carna-
Enade, sendo a única da região
val vou custeada pelo Gover-
considerada “muito boa”.
no do Estado de São Paulo, e
Em 2012, o curso de jorna-
duas escolas financiadas pela
lismo conquistou a segunda
iniciativa privada.
nota mais alta entre as facul-
Dividindo opiniões, Pi-
dades em São Paulo e estava
nhalzinho demorou a deci-
entre as 12 melhores do país.
dir se faria ou não o carna-
Nesta edição (2015) o curso
val, avisando tardiamente os
obteve o Conceito 4 e a melhor Acadêmicos entrevistam professores de ADS em projetos de conclusão
munícipes com um carro de
nota entre os cursos da FAAT.
som, os religiosos da Igreja satisfatória e apenas 26,5 das mercado necessita.
Segundo o MEC, 447 mil
Católica também curtiram à instituições de ensino superior Além da revolução na gra-
universitários formandos rea-
sua maneira as festividades, garantiram a nota 4, e apenas de, o sistema de preparação
lizaram a prova em 2015. Fo-
realizando o Carnaval com 1,2% conquistaram nota 5. desenvolvido pelos docentes
ram avaliados mais de oito mil
Cristo. Piracaia com carna- O modelo de ensino do do curso de jornalismo disse-
cursos e mais de duas mil fa-
val de marchinhas animou a curso de jornalismo garante ca as principais questões do
culdades.
população na Praça do Rosá- o melhor preparo para a vida Enade, de modo a eliminar
De modo geral, a avaliação
rio, e as casas noturnas conti- profissional, desde o primei- alternativas que não condizem
nacional não foi boa, 11,3%
nuaram a festa madrugada a ro ano os alunos contam com com a questão. São realizados
atingiram notas 1 e 2, conside-
dentro, o destaque ficou para aulas teóricas e práticas de ra- trabalhos sobre os principais
rada insatisfatória e monito-
o desfile dos alunos da APAE diojornalismo, impresso e te- temas da prova, desta forma o
radas de perto pelo MEC com
local. lejornalismo, tudo isso com a aluno a realiza mais preparado
risco de sofrer sanções; 57,7%
Blocos carnavalescos des- rapidez da informação que o e seguro.
atingiram nota 3, considerada
filaram em diversos horários
em Nazaré Paulista, ao som
das tradicionais marchinhas,
único estilo musical permiti-
do na festa daquela cidade, o
pequeno carnaval de outrora
que se iniciou com um sonho
40 mil pessoas em 2017.
A crise financeira foi o
fator preponderante na ci-
dade de Vargem, a prefeitura
cancelou as festividades com
a promessa de investir o di-
nheiro no manejo das estra-
das rurais, a informação foi
divulgada em rede social e
dividiu a cidade.
Jornalismo sério e atuan-
te, o MP este traz a maior
festa popular brasileira em
detalhes. Boa leitura.
Produções regulares de jornalismo experimental estão entre os trabalhos realizados pelo curso em Atibaia
Matéria-Prima
Ano 8, nº 22 – Maio de 2016
Acadêmico: Gilvan Elias Pereira. Diretor Administrativo-Financeiro: Elias dos Santos Reis. Diretora de
Comunicação: Maria Gorette Lourenço Nobre. Diretor de Manutenção, TI e Projetos Prediais: Angel
Henrique Rodrigues de Souza, Coordenador de Captação de Alunos e Pesquisa e Extensão: Orivaldo
Leme Biagi; Coordenadora Geral da Pós-Graduação: Hilda Maria Cordeiro Barroso Braga.
Professores-orientadores: Osni Dias (MTb 21.511) e William Araújo (MTb 20.015).
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL: Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Ms. Osni Tadeu Dias

Bonecões são o ponto alto em Atibaia
Carnaval na cidade Carnaval na cidade Carnaval na cidade Carnaval na cidade
Joceline Olivato
Rafael Sprengel
Rodrigo Seixas
O Carnaval de Atibaia é fa-
moso por seus bonecões, tradi-
ção que, segundo a prefeitura,
é centenária na cidade. O foco
de Atibaia é fazer um Carnaval
para todas as idades, por isso o
slogan de 2017 foi “a Festa da
Família”.
Os bonecões são feitos na
oficina da Difusão Cultural.
“Eles são criados por diversas
técnicas de artes, cada bone-
co é único, personalizado, leva
a alma de seu idealizador ou
homenageado” informa a Di-
fusão.
A Difusão é conveniada
da Prefeitura da Estância de
Atibaia, junto à Secretaria de
Cultura e Eventos. A oficina é
aberta a todos os munícipes e
gratuita. A Difusão foi criada
em 1981 por um grupo de ar-
tistas, amigos e interessados no
desenvolvimento cultural de
Atibaia.
O Carnaval de Atibaia ini-
ciou todas as tardes de Car-
naval (dias 25, 26,27 e 28) na
Praça da Matriz com música
ambiente de marchinhas. O
percurso feito pelos bonecões
ocorreu simultaneamente à
banda Saint Clair, passando
pela rua José Lucas, que liga a
Igreja da Matriz com a Igreja
do Rosário.
Marcelo Monteoliva, pro-
fessor de história e morador de
Família e amigos reunidos no tradicional Bloco do Caveira
Dragão Imperial
na Passarela
Chico Zamper
Atibaia, confeccionou bone-
cões para seus filhos neste Car-
naval por conta própria. “Gos-
to da tradição dos bonecos,
das marchinhas, entre outras
atividades. Gosto de prestigiar”,
destaca Monteoliva.
“No ano passado levei meus
filhos para ver o desfile de bo-
necos, e o mais jovem, que é
um pouco mais descontraído
perguntou se eu não poderia
fazer um para ele desfilar neste
ano. Eu pensei que ele fosse es-
quecer, mas o danadinho lem-
brou! Então começou a festa”,
explica. “Eu confeccionei dois
bonecões, o Bob Esponja para
o Davi (4 anos) e um Demen-
DANIEL ORTUNHO
tador, do Harry Potter para o
Gabriel (11 anos)”.
“Eu não sou muito fã de
Carnaval, mas, quando vi os
meninos dançando, rodando
os bonecos, fiquei muito feliz!
A diversão dos filhos é a felici-
dade dos pais”, completa Mar-
celo.
Organização, chuva e esco-
las de samba
Na Praça, além dos ven-
dedores de barraquinhas há
alguns ambulantes. A artesã,
Palmira Siqueira, há sete anos
aproveita o Carnaval da Praça
de Atibaia para vender confe-
tes, máscara, plumas, chapéus,
serpentina, e outros artigos de
Bloco da Caveira agita noite em Atibaia
Mayle Dias, Daniel Ortunho
e Joceline Olivato
Foliões acompanharam, a
partir 00:00 da sexta (24) um
dos blocos mais excêntricos e
tradicionais da região: o bloco
da Caveira. Ele surgiu há mais
de 10 anos, quando um grupo
de amigos teve a ideia de se fan-
tasiar de fantasmas e monstros
na porta do cemitério.
O sucesso nos primeiros
anos foi tanto que o evento pas-
sou a ser realizado em parceria
com a prefeitura da cidade de
Atibaia e só cresce a cada ano.
Muito antes de o bloco partir,
exatamente à meia noite, jovens
já se encontravam reunidos em
grande número, com fantasias
sensacionais e aterrorizantes,
dançando, cantando e entrando
no clima carnavalesco da noite.
RAFAEL SPRENGEL
ARQUIVO PESSOAL
carnaval. “Este ano está mais
fraco, o pessoal está medindo
muito para comprar”.
Mesmo assim, ela conseguiu
ganhar algum dinheiro. “Está
beirando lucro hoje, último dia.
Até ontem cobri meus gastos” e
afirma, voltará”. Lógico (que vou
voltar ano que vem)! A cada ano
a gente aprende mais a se prepa-
rar, ao que o consumidor quer e
pede, aos valores... Vamos nos
A crise econômica não acabou
com a festa dos participantes,
cerca de 10 mil foliões se reuni-
ram nesse ano para o Bloco do
Caveira, mostrando muita cria-
tividade com fantasias incríveis
feitas com materiais acessíveis e
até reciclados.
A estrutura do evento con-
tou com um trio elétrico e o
apoio da guarda municipal
para manter a segurança de to-
dos no novo trajeto do bloco.
“A melhoria está na quantida-
de de PMs presentes, passan-
do uma sensação de cuidado”,
disse Paloma, 20, moradora do
bairro Cerejeiras. Para Pedro
Henrique, 25, que participa do
bloco há três anos, a segurança
esse ano foi mais efetiva, mas
ele não gostou da escolha do
novo trajeto: “Achei que esse
ano as maquiagens e fantasias
Abril 2017 • Matéria-Prima 3
adaptando”.
As 19h00min a festa partia
para o centro de convenções.
Lá as escolas de samba, que este
ano não desfilaram, subiam no
palco e tocavam sambas enredo
famosos. Gaviões da Fiel e o fa-
moso samba “explode coração”,
da Salgueiro, agitaram o públi-
co presente. Depois a banda
San Marco tocava músicas até
meia noite. Nesta parte sem a
presença dos bonecões.
O clima em Atibaia vinha
muito quente, teve uma ameni-
zada com as chuvas nos últimos
dias, mas por causa dela não
houve a apresentação no cen-
tro de convenções no domingo.
Esse motivo fez com que a meta
de aproximadamente 40 mil fo-
liões em todos os eventos, não
fosse alcançada.
Sem a ajuda de patrocinado-
res a prefeitura estima ter gasto
350 mil com a festa na cidade.
Além do Carnaval na Matriz
e no Centro de Convenções,
o bloco do Caveira e o do Zé
Pereira fazem parte da festa
em Atibaia. Era proibida a en-
trada de garrafas, espuminhas
e qualquer outro objeto ilegal.
Uma revista era feita na frente
dos eventos.
Havia banheiros químicos
nos locais do evento, o comér-
cio era feito por barraquinhas
que ganharam a licitação junto
à prefeitura. A venda de bebida
alcoólicas nas barraquinhas foi
liberada.
estavam mais elaboradas e eu
me senti muito mais seguro,
principalmente por conta da
presença dos seguranças e do
fato de não entrarem objetos
de vidro no Centro de Conven-
ções. Mas, o que mais me in-
comodou foi o fato de o Bloco
não seguir o trajeto que é feito
todos os anos. Pretendo ir no
ano que vem sim, mas gostaria
muito que o Bloco continuasse
o trajeto anterior”.
O tema do carnaval foi “A
Festa da Família”, o que incen-
tivou ainda mais pessoas de to-
das as faixas etárias a compare-
cerem. Muitas famílias saíram
para aproveitar a festa, reunidas
e fantasiadas. A madrugada foi
regada de muita música e ale-
gria, desde a partida em frente
ao cemitério até seu destino fi-
nal no Centro de Convenções.
4 Abril 2017 • Matéria-Prima
Zé Pereira Brandão: o bloco da garotada
Keylla Rodrigues
No sábado (18), Atibaia fes-
tejou o Carnaval com o bloco
do “Zé Pereira do Brandão”,
tradicional por fazer com
que mulheres se fantasiem de
homens e vice-versa. O bloco
surgiu há 22 anos, por ini-
ciativa da família Brandão, a
partir da ideia de trazer um
bloco diferente para o Bairro
do Alvinópolis.
Celebrando o 22° ano nas
ruas, o bloco teve início
às 18h na Praça Sebastião
Teixeira — “Praça do Peg
Pag”— no Alvinópolis. Com
um trio elétrico na praça, os
foliões se concentraram para
curtir músicas carnavalescas
e relembrar as marchinhas.
O público não decepcionou,
muitas mulheres usaram o
famoso bigode feito a lápis,
e os homens se produziram
com perucas coloridas e ves-
tidos.
A principal ideia do bloco é
entreter a todos, mas é possí-
vel notar maior concentração
de jovens de 16 a 25 anos, di-
ferente do que recebe o “blo-
co do Caveira” e o desfile dos
bonecões. Luciana Oliveira,
moradora de Nazaré, o mari-
do Vanderlei Tchola e o filho
disseram que era um bloco
para jovens e que só trouxe-
ram a criança para conhecer.
O problema observado por
ele era a grande quantidade
de bebida alcoólica na mão
de jovens.
Após a concentração, o Zé
Pereira seguiu até o Centro
Tradicional bloco contou com 12 mil foliões
de Convenções, o trajeto foi
o mesmo do ano passado, se-
guindo da Lucas até o Cen-
tro. A Secretaria de Trânsito
instalou faixas uma semana
antes do evento, para alertar
aos motoristas quais vias se-
riam fechadas para a passa-
gem do bloco.
Já no Centro de Conven-
ções, a Secretaria de Se-
gurança determinou que a
Guarda Civil Municipal cer-
casse o local. Os foliões só
tiveram acesso à festa depois
de uma revista, onde não era
permitido entrar com objetos
pontiagudos, entretanto foi
permitida a entrada de gar-
rafas de vidro, o que causou
um pequeno questionamento
do público em relação à se-
gurança.
No Centro, o trio elétrico
animou o pessoal tocando
músicas diversas, “Sorry” de
Justin Bieber agitou e até o
famoso funk “Olha o gás” do
MC Vitão apareceu na play-
list. Para os que curtem um
rock nacional, o DJ soltou
Capital Inicial e Jota Quest.
O bloco contou com a par-
ticipação de 12 mil foliões,
que seguiram com a festa até
às 24h.
RAFAEL SPRENGEL
Bloquinhos tem destaque
em meio a bonecões
Bianca de Faria
Com alegria, assim come-
çou o Carnaval da cidade de
Atibaia, realizado nas tardes
nos (dias 25, 26, 27 e 28). Fa-
moso pelos bonecões e pelos
blocos. O Carnaval para todas
as idades, a “Festa da família”.
O bloco da Kombi, é um
dos mais famosos, existe des-
de 2012, começou com uma
brincadeira dos amigos Fábio
Salomão, Diego König, Rodri-
go König, Victor Fernandes e
Yuri Martins. Eles iam com-
prar lanches no Drive Thru do
Mc’Donalds de Kombi, e aca-
bou sendo tão divertido, que
levaram a Kombi para o bloco
do Caveira. Depois criando a
“Kombi da vó Maluca” na Pra-
ça da Matriz.
O bloco da ”Kombi da vó
Maluca” ficou famoso e passou
a ter grande importância para
o Carnaval da cidade, não só
entretém os adultos, mas tam-
bém as crianças com o bloco
das Kombinhas. Os desfiles
são abertos com as Kombinhas
(crianças) e a Komboza.
Outro destaque é o bloco
dos Babacas. “Nós somos um
grupo de amigos de infância
do Bairro do Tanque. Um dos
integrantes do bloco é dono
de um bar, um dia estávamos
todos reunidos e decidimos
Keylla Rodrigues
montar o bloco. A cor do pri-
meiro ano foi decidida através
de votação, e o logo da cami-
seta também, e assim fomos
adaptando, como pintar o ca-
belo, os números e nomes nas
costas.”
Um grupo mais de jovens,
participa também do Carna-
val no centro de Convenções.
“Acho que Atibaia dá uma im-
portância relevante aos blocos,
acaba sendo mais forte que as
escolas de samba, e por isso
decidimos ficar aqui.” Sobre o
nome: “um dia por um motivo
bem bobinho, um amigo nos-
so, chamado André, brigou
com umas pessoas, disseram
que éramos um Grupo de Ba-
bacas... Por isso o nome”.
Por conta dos blocos esta-
rem resistentes na cidade, e
pela premiação para os me-
lhores blocos, foliões decidem
ficar na cidade e prestigiar o
carnaval de Atibaia. Onde se
reúnem com pessoas queridas,
em sintonia com os amigos.

Extrema: portal da alegria no Carnaval
Cidade tem um dos melhores carnavais da região cidade atrai inúmeros visitantes nesta época
Sabrina Moretti
Extrema é conhecida por
oferecer um dos melhores
carnavais da região. Em ra-
zão do cancelamento do car-
naval em cidades do entorno,
em 2017, a expectativa era
a de que haveria um grande
número de foliões partici-
pando da festa.
Pablo Farina, Secretário
Municipal de Cultura, con-
versou com a reportagem
do Matéria Prima e declarou
que, por esse motivo, o foco
do carnaval esse ano foi a se-
gurança e na estrutura, já que
a cidade precisou se preparar
para receber um contingente
maior de participantes.
Segundo ele, “o objetivo
deste ano foi proporcionar
uma ótima festa para a popu-
lação local e aos turistas que
vieram prestigiar nossa festa”.
O secretário acrescenta
que “a expectativa de públi-
co fora muito grande, mas a
cidade estava bem preparada
para receber todos os nossos
visitantes”. A prefeitura da ci-
dade, realizou uma licitação
e contratou uma equipe para
reforçar a segurança e atuar
junto a pela Polícia Militar.
Um grande diferencial nas
festividades de Extrema é a
sua extensa programação,
que atende a todas as idades. apresentou em todos os dias Serestas Renascer, que trouxe
O carnaval, dividido em dois
espaços, aconteceu na Praça
Presidente Vargas - ambiente
familiar voltado para ativida-
des culturais - bem como no
Parque Municipal de Eventos
Abril 2017 • Matéria-Prima 5
FOTOS: SABRINA MORETTI
“Esdras José Zingari”, onde praça da cidade teve inicio
as atrações foram voltadas ao no sábado, às 14h, e contou
público adulto. com atividades culturais, na
O projeto este ano realizou sequência foi proporcionado
o máximo de atrações, tendo ao público infantil maquia-
início sempre às 14h, na pra- gem artística gratuita, duran-
ça principal da cidade, com te uma matinê embalada pela
término (excepcionalmente, Banda do Bem, o evento con-
neste ano) às tou ainda com
4h30 da ma- Um grande palhaços para
nhã, no Parque
de Eventos.
diferencial em o divertimento
das crianças e
As apresen- Extrema é a sua a apresentação
tações aconte- programação, que de dança com
ceram simulta- Tom Woody
neamente para atende a todas e o Carnaval
atender a todos
os foliões par-
as idades “Pernambuca-
mineiro”.
ticipantes. Outro destaque na cidade No alto, apresentação do Tom Woody e o Carnaval Pernambucamineiro;
Além do evento oficial, o contemplou os tradicionais acima, foliões brincam o carnaval e se divertem na Praça Principal
Bloco Pássaro de Fogo se carnavais com o Grupo de
O Parque de Eventos apre- taque foi para a Banda Nova
da festa. Para participar era marchinhas e músicas tradi- sentou uma agenda voltada York que, a pedido da popu-
necessário ter mais de 18 cionais da herança cultural para o público adulto, per- lação, retornou à cidade após
anos (dezoito) e adquirir um do carnavalesca. As apresen- mitindo a entrada de meno- dois anos sem apresentações
abadá, que permitia a entra- tações aconteceram simulta- res de 14 anos acompanha- na festa. O grupo surgiu em
da no local. neamente para garantir o en- das por um responsável. No Uberlândia em novembro
A abertura na principal tretenimento dos foliões. trio elétrico se apresentaram de 1998,com o objetivo de
a Banda Bixo Papão, Rodri- revolucionar os shows e se
go Lessa & Miguel, Juliana destacar no mercado. Atual-
Campos, Ediana Maskaro e mente a banda se apresenta
Banda Pancada Boa. para cerca de 2 milhões de
No palco principal o des- pessoas.
Apresentação no
trio elétrico, com
Ediana Maskaro no
palco; à esquerda,
apresentação do Grupo
de Serestas Renascer
6 Abril 2017 • Matéria-Prima
Dragão Imperial é campeã em Bragança
Carnaval na cidade potencializou uso da Praça da Matriz, atraindo os foliões para a diversão
Adriano Pinheiro
A festa de Momo, na passa-
rela Chico Zamper teve início
às 20 horas de sábado dia 25,
com o desfile da Corte do Car-
naval, pouco prestigiado pelo
pequeno público presente. Em
seguida foi a vez da abertura da
avenida, com a purificação da
passarela feita pelo Grupo de
Afoxé Nação Nagô Mirerê.
Já com público considerável,
às 21 horas foi a vez da escola
de samba da melhor idade Rea-
leza Imperial. Com muita ale-
gria a velha guarda do carnaval
animou os presentes durante os
trinta minutos que estiveram
na passarela.
A disputa pelo título do gru-
po de acesso começou com o
desfile da Escola de Samba Im-
pério Jovem com encerramen-
to feito pela Sociedade Frater-
nidade. Já a Escola de Samba
Júlio de Mesquita solicitou sua
exclusão do desfile de 2017 ale-
gando dificuldades financeiras.
No domingo dia 26, segun-
do dia de desfiles, o público lo-
tou as arquibancadas da passa-
rela Chico Zamper. Nesse dia, a
primeira agremiação a desfilar
foi a Escola de Samba Águas
Claras, que cumpriu o regula-
mento e trouxe para a avenida
o enredo “Yabas”, falando de
religiões de matriz africana,
como o candomblé. Ela ocu-
pou a exatos 50 minutos e 6 se-
gundos, e apesar da regularida-
de de sua apresentação estava
visualmente menos luxuosa e
com poucos integrantes.
A Nove de Julho (acima), a
segunda a desfilar, apresentou
o enredo “Arte na Pele em For-
ma de Expressão – Majestade
Minha Eterna Paixão”. A escola
contou a história das tatuagens,
apresentando um desfile extre-
mamente técnico e luxuoso em
54 minutos e 55 segundos.
No carro abre alas da Nove
de Julho, o destaque represen-
tava o Papa, o carro alegórico
representava a igreja, que per-
seguiu e proibiu a tatuagem,
considerando-a uma ação de-
moníaca, uma agressão ao pró-
prio corpo.
Com o enredo “Contra
Tudo e Contra Todos eu Busco
a Paz”, a Dragão Imperial res-
saltou a necessidade de união
das entidades carnavalescas
para resgatar o Carnaval em
Bragança Paulista.
A escola apresentou se no
Dragão Imperial
na Passarela
Chico Zamper
limite de tempo, e teve alguns
problemas de evolução em
frente a terceira cabine de ju-
rados. A comissão de frente
acelerou com medo do tempo
estourar, e enquanto isto o ca-
sal de Mestre-sala e Porta-ban-
deira se apresentava para os
jurados, abrindo um grande
“vazio” no desfile, sem que isso
resultasse efetivamente em per-
da de pontos.
A Dragão Imperial apresen-
tou grandes carros alegóricos,
fantasias luxuosas e expressiva
animação que refletiu no pú-
blico presente, terminando seu
desfile em 59 minutos e 32 se-
gundos.
A Unidos do Lavapés (abai-
xo), foi a quarta escola de sam-
ba a desfilar. A escola mais
antiga da cidade trouxe para a
passarela Chico Zamper o en-
redo “Um pantanal de belezas
mil, é Mato Grosso no coração
do Brasil”.
Em um dos carros alegóri-
cos, a escola trouxe como des-
taque, Dani Berranteira, que
tocou durante toda a avenida
seu instrumento. A Lavapés,
FOTOS: ADRIANO PINHEIRO
desfilou com o tempo de 54 mi-
nutos e 21 segundos. (AP)
A Escola de Samba Acadê-
micos da Vila desfilou com o
enredo “Na Passarela da Gló-
ria, a campeoníssima conta sua
história – Chico Zamper Um
brinde de prata a um tesouro
guardado no tempo”, mas com
problemas de cronometragem
a agremiação foi penalizada
com perda de 3 pontos, 1 pon-
to por estourar tempo permiti-
do para o desfile e mais 1 para
cada minuto, tal como estabe-
lece o regulamento. A escola
desfilou em 1 hora 2 minutos
e 29 segundos, estourando o
tempo de desfile em 2’29”. Um
dos motivos do atraso da es-
cola, foi a Comissão de Fren-
te, que tinha uma coreografia
complexa e de difícil evolução.
Com entrada franca, mas so-
licitada a doação voluntária de
alimentos não perecíveis para
encaminhamento a entidades
assistenciais do município, a es-
trutura contou com 80 camaro-
tes, distribuídos entre as escolas
de samba. Já a praça de alimen-
tação, sob responsabilidade da
Prefeitura, cadastrou os interes-
sados e os comerciantes, que ar-
caram com os custos das tendas
que compunham a estrutura.
Nos 4 dias de folia ocorreu
o Carnapraça, com barracas
de alimentos padronizadas, se-
gurança realizada pela Guarda
Civil Municipal e seguranças
contratados, equipes da fiscali-
zação, saúde e trânsito, regada
pelas clássicas marchinhas de
carnaval e a presença de oito
bonecões confeccionados por
artistas plásticos com temas da
cidade e do samba. O evento
contou com apresentações de
Samba da Ladeira, Demônios
da Garoa, Os Prettos e Luiz Ay-
rão e Banda.
Na segunda-feira, dia 27, na
Passarela Chico Zamper ocor-
reu o CarnaCountry, com a
dupla sertaneja Adalto e Adal-
berto, o CarnaAxé, com Lari
Antunes e Banda, e a Banda
Zazuera ao vivo no trio elé-
trico. Com encerramento das
atrações previsto para às 2h, o
destaque ficou para o pequeno
público presente.
A apuração das notas das es-
colas de samba que aconteceu
na quarta-feira, 1º de março, no
auditório do Centro Integrado
de Segurança, Emergência e
Mobilidade (CISEM). Reali-
zadas por jurados da FESEC,
Federação Escolas Samba Enti-
dades Carnavalescas do Estado
São Paulo, que pontuaram no-
tas de 0 a 10. Foram dez jura-
dos para o grupo de acesso e
trinta para o grupo especial. As
agremiações foram avaliadas
nos seguintes quesitos: Mes-
tre-sala e Porta-Bandeira, Letra
do Samba, Enredo, Fantasia,
Evolução, Alegoria, Melodia,
Comissão de Frente, Bateria e
Harmonia.
A cada nota os presidentes
demonstravam nervosismo. A
Escola Fraternidade foi a cam-
peã do grupo de acesso. No
grupo especial a Dragão Im-
perial foi a campeã, somando
297,75 pontos seguida de 9 de
Julho com 297,25, Unidos do
Lavapés 296,5 e Acadêmicos
da Vila com 295 pontos. Se a
Acadêmicos da Vila, não tives-
se perdido 3 pontos com seu
atraso seria campeã. Por sua
vez, a Unidos das Águas Claras,
com 292,75 pontos amargou a
última colocação e volta para o
grupo de acesso em 2018.

Nove de Julho: orgulho através de gerações
Iracema, Vaneska e Ana Luiza relatam suas histórias de amor vermelho e branco
Aline Zarur
Em Bragança Paulista, a Es-
cola de Samba Nove de Julho,
cores vermelho e branco, é uma
das três escolas de samba que
mais levaram títulos para casa:
somam quinze troféus ao longo
de 54 anos.
A história da escola come-
çou no início da década de 60,
quando um grupo de amigos,
motivados pelo espírito carna-
valesco, criaram um bloco de
carnaval chamado Bruxas. No
segundo ano, em 1º de maio de
1962, o Bruxas se tornou ofi-
cialmente uma escola de samba
e recebeu o nome de Grêmio
Recreativo Carnavalesco Esco-
la de Samba Nove de Julho em
homenagem a Praça Nove de
Julho, situada no bairro do Ta-
boão, onde os jovens da época
costumavam se encontrar.
A trajetória da agremiação
veio ao encontro com a história
de vida de muitos de seus inte-
grantes, como a da Iracema de
Lima, 68 anos, musa dos com-
positores e sua filha Vaneska, 44
anos, madrinha da bateria, que
ali encontraram um “lugar de
acolhimento e muito orgulho”.
Iracema conta que inicial-
mente não fazia parte da Nove
de Julho. Após casar-se ela foi
morar em outra cidade e quan-
do voltou para Bragança Pau-
lista e procurou outras escolas,
já que possuía amigos em di-
Poucos recursos e muito trabalho
Alberto Maciel
Com pouco tempo e mui-
to trabalho, o carnaval de
Bragança Paulista aconte-
ceu entre os dias 24 e 28 de
fevereiro. Integrantes das
escolas, principalmente dos
grupos especiais, sofreram
muito com a autorização de
última hora da Prefeitura.
A notícia de que aconte-
ceria o carnaval foi dada em
14 de janeiro pela Prefeitu-
ra, motivo pelo qual tiveram
exatos 41 dias para provi-
denciarem adereços, fanta-
sias, componentes e tudo o
que uma escola precisa para
poder entrar na avenida.
“Todos os anos em que não
há uma reeleição do pre-
feito, existe uma dificulda-
de muito grande, é sempre
Fernando tatuou o brasão da escola como prova de amor
versas agremiações “Em uma
escola que fui, por alguns mo-
tivos não aceitaram a minha fi-
lha como participante da corte,
e aqui deram todas as oportu-
nidades. Aí meu coração virou
vermelho! Ela foi a primeira
rainha do carnaval negra. Isso
é o orgulho da escola e o meu
também. Sou Nove com muito
orgulho!”
A mãe de Vaneska sempre a
acompanhava em todas as ati-
vidades, mas não queria apa-
recer em nada, até que há oito
anos pediram para que ela fos-
se musa dos compositores.
Iracema relata que hesitou,
pois não gostaria de mostrar o
corpo, mas explicaram que ela
poderia usar o que a deixasse
mais a vontade. “Eu disse que já
estava velha para ser musa, mas
eles não queriam saber, moti-
vo pelo qual continuo sendo a
musa dos compositores”. Com
uma novela que se repete”,
diz o integrante Júlio Miguel,
conhecido popularmente
como Juma que desfila há 30
anos na Acadêmicos da Vila.
Segundo relatos, na admi-
nistração anterior houve uma
expressiva depreciação para
o evento carnaval. Bragança
Paulista sempre foi referência
FOTOS: ALINE ZARUR
bom humor, brinca: “eu faço a
minha roupa, saio insinuante,
ouso um pouco, dou aquela jo-
gada de ser sexy sem ser vulgar.
Quando eu falo que não vou
sair, eles falam “Mas como? A
gente vai pra avenida é para ver
você!”
A filha de Iracema, Vaneska,
tem o coração vermelho e
branco desde os 13 anos. É uma
vida de samba no pé pela agre-
miação. A madrinha também
tem lá sua majestade, foi rainha
do carnaval e sempre represen-
tou a escola como rainha e ma-
drinha de bateria.
Agora procura passar a tra-
dição para a filha, Ana Lui-
za, de 2 anos. A pequena é a
terceira geração da família
na Nove de Julho “Ela já gos-
ta, vai para o meio da bate-
ria, tem 2 aninhos mas já está
no sangue, ela curte, sente o
ritmo, a batida. Ela adora!”.
no estado de São Paulo, fican-
do em primeiro lugar entre
os melhores desfiles de escola
de samba do interior paulista.
Isso foi avaliado por uma co-
missão que analisa o desfile
das escolas de samba, ocasião
em que decidem sobre a pre-
miação das melhores cida-
des, onde ocorrem os desfiles.
Um coração vermelho e branco
Fernando Dávila, mais
conhecido como Patão, faz
parte da Escola de Samba
Nove de Julho desde 1978.
O integrante da velha
guarda recorda que na épo-
ca pensou que a escola fosse
muito luxuosa para ele, até
que um dia foi conhecer
a bateria de perto e teve a
oportunidade de participar.
Passou por diversos instru-
mentos até chegar à cuíca,
que toca hoje em dia.
Ele também tem até ne-
tos dentro da escola, en-
Fernando tatuou o brasão da escola como prova de amor
“O Carnaval é a festa mais
tradicional que acontece no
Brasil, a Acadêmicos da Vila
possui um trabalho social e
se preocupa com a comunida-
de na qual está enraizada. É o
ano todo trabalhando e no dia
do desfile é a concretização
deste trabalho”, ressalta Juma.
Neste ano, a verba para rea-
lização do evento foi reduzida
pela metade. Dessa forma, as
escolas precisaram diminuir
a quantidade de componentes
pela metade. A azul e branco
teve que diminuir o núme-
ro de carros alegóricos, mas
investiram em acabamento
e aderecista, reciclando com
materiais alternativos, usan-
do espelhos, CD’s quebrados,
pois eles dão um excelente vi-
sual e design nos apetrechos.
Mateus Preto, presidente da
Acadêmicos da Vila, afirma
que sem a ajuda da prefei-
tura conseguiram arrecadar
Abril 2017 • Matéria-Prima 7
quanto sua esposa atua na
ala das baianas e seus filhos
são envolvidos com as de-
mais atividades na agremia-
ção. “Minha esposa, por
exemplo, toma conta das
baianas, minha filha é uma
ritmista de primeira, e a ou-
tra filha mexe com as fanta-
sias, enquanto meu genro é
diretor da mesa de bateria”.
Patão exibe com orgulho
a tatuagem que fez em home-
nagem a escola “somos uma
família Nove de Julho, o co-
ração é vermelho e branco”.
cerca de 15 a 20 mil reais
organizando eventos. “Re-
cebemos somente R$ 50 mil
da Prefeitura, acabamos fa-
zendo um mesclado e foi
sabendo dividir cada setor
com uma quantidade de
valor fixo e, fomos nos or-
ganizando”, finaliza Preto.
“Dentro do período de
carnaval, as pessoas necessi-
tam entender a importância
de uma escola de samba”, de-
fende Juma. A Acadêmicos
da Vila oferece judô, zum-
ba, balé, tudo gratuito. Tem
bingo o ano inteiro, noite de
pastel, festa junina em par-
ceria com a igreja do bair-
ro. Existe essa preocupação
não só no desfile, mas sim
no contexto social, isso que
uma escola de samba deve
ser. “É uma tradição que não
pode morrer e acabar”, diz o
componente que vem como
destaque no carro abre-alas.
8 Abril 2017 • Matéria-Prima
Pinhalzinho teve novo local e animação
Carnaval na cidade potencializou uso da Praça da Matriz, atraindo os foliões para a diversão
Barbara Quadrini
Em Pinhalzinho, as festivi-
dades do carnaval acontece-
ram nas noites de 25 a 28 de
fevereiro, na Praça Nossa Se-
nhora de Copacabana, com a
presença da “Banda Vênus”
animando aos foliões. Além
disso, houve a tradicional
matinê para crianças nas
tardes de 26 a 28, com o DJ
“Gordinho Som comandan-
do as músicas.
Segundo funcionários da
prefeitura, a mudança de local
– da Praça Silvino de Campos
para a Praça Nossa Senhora
de Copacabana – é uma estra-
tégia da nova gestão a fim de
potencializar o uso da praça
principal da cidade. O novo
local dividiu opiniões do pú-
blico. Alguns ficaram satisfei-
tos pela festa ter retornado ao
centro, enquanto outros con-
sideram o antigo local mais
adequado, em razão do baixo
número de residências e por
Católicos curtem carnaval
do bem com Cristo
Fiéis se reúnem e celebram o Carnaval com Cristo
A Missão São Benedito or-
ganizou neste ano o Carnaval
com Cristo, de 23 a 28 de fe-
vereiro, com oração, alegria e
aprendizado. Foram criadas
ações para arrecadar a verba
necessária. Foram meses de
trabalho para produzir seis
dias de evento.
Para a divulgação da fes-
tividade foi necessário o uso
do Facebook e do Whatsapp,
além de um carro de som, at-
ingindo uma parcela da popu-
lação que não faz uso de redes
sociais.
ser mais plano.
Nos quatro dias de festa a
banda começou o show pon-
tualmente às 22 horas, como
fora divulgado, o que gerou
elogios por parte do públi-
co, assim como a seguran-
ça no local. Esse aspecto foi
uma preocupação dos gesto-
res que, além do reforço da
Polícia Militar, contou com a
Guarda Municipal e 15 segu-
ranças particulares, tornan-
do o ambiente mais seguro e
de caráter familiar.
A programação foi divul-
gada tardiamente à popu-
lação na terça-feira (21/02)
por meio de carro de som.
A demora aconteceu devido
à decisão da prefeitura em
realizar o carnaval neste ano,
de última hora. A ideia ini-
cial, segundo o vice-prefeito
Antônio Carlos, era investir
em um espaço próprio para
a realização da festa, adiando
o carnaval apenas para o ano
seguinte.
FOTO: WILLIAM OLIVEIRA
Segundo Joemir Rezende,
um dos responsáveis pelo
evento, a festa foi muito organ-
izada no que diz respeito a es-
trutura, estacionamento, praça
de alimentação e segurança.
Ainda segundo ele, os pre-
gadores e animadores movi-
mentaram a galera com muita
diversão em busca da palavra
de Deus. “Foi uma benção ver
pessoas idosas junto a crian-
ças, jovens e casais em perfeita
harmonia e tudo sem álcool e
drogas como acontece no car-
naval de rua”. (B.Q)
FOTO: BARBARA QUADRINI
Ao som da Banda Vênus, foliões curtem o Carnaval 2017 na praça central de Pinhalzinho
Cabeleireiro é apaixonado por carnaval
ARQUIVO PESSOAL
Ivan Luiz é cabeleireiro e
apaixonado por carnaval. Ele
revelou seu ponto de vista
sobre a festa: o que mais gos-
ta, saudades, lembranças em
desfile, o atual momento do
carnaval e melhorias.
Ivan demonstrou no iní-
cio da entrevista seu fascínio
pela festa. “Sou apaixonado
por carnaval, por mim eu vi-
veria na Bahia de tanto que
eu gosto dessa festa”. Há oito
anos o cabeleireiro participa
dos desfiles das escolas de
samba de Pinhalzinho e Bra-
gança, contudo este ano pre-
feriu curtir um carnaval mais
tranquilo.
Luiz vê o carnaval como
uma época de muito movi-
mento em seu salão de bele-
za. O pedido mais realizado
nessa época é coloração de
cabelo e unhas dos pés e das o carnaval local, visto que acha a um erro de cálculo, ultra-
mãos. “As pessoas se arru- importante que os munícipes passava a altura dos fios da
mam mais quando há festa prestigiem a cidade. Sugere que rua, sendo necessário que
na cidade, as mulheres que- o carnaval deveria se inspirar um funcionário da empresa
rem estar com os pés feitos, no que já foi feito e retornar a elétrica fosse à frente levan-
porque usam sandálias no tradição do desfile da escola de tando os fios.
carnaval. O salão se movi- samba, já que atraía muita gente Para ele a frase que define
menta, já que ninguém se ar- para a rua. o carnaval é “devemos apro-
ruma todo para ficar no sofá O carnaval mais marcante veitar com consciência, pois
da sala”. foi um em que desfilou como o carnaval é tudo de bom”. E
A respeito do carnaval em destaque do carro com uma completa que “infelizmen-
Pinhalzinho, Ivan lembra fantasia inspirada nos anos te as pessoas generalizam
com carinho da época em 60. Para ele, foi a mais bonita. como sendo uma festa pro-
que o evento acontecia no Outro carnaval que marcou picia a sexo, drogas, bebi-
ginásio de esporte. Segundo sua vida e das pessoas que das e brigas, enquanto que,
ele, era uma festa lotada e fa- estavam presentes foi um em em sua essência, o carnaval
miliar. Em sua definição: per- que usava uma fantasia preta serve para dançar, rir e se di-
feito. Neste ano ele prestigiou e prata com uma asa. Devido vertir com os amigos”. (B.Q)

Carnaval família resgata tradição bragantina
O ano de 2017 contou com atrações especiais, desfiles das escolas de samba e blocos de rua
Adriano Pinheiro
Intitulado de Carnaval Fa-
mília 2017, uma festa para
todas as idades, o carnaval
bragantino reuniu trinta atra-
ções durante os 4 dias de folia.
Escolas de samba, blocos car-
navalescos, grupos de dança,
axé, bandas ao vivo, bonecões,
marchinhas, trio elétrico e
shows com artistas de sucesso
entusiasmaram foliões, garan-
tindo a folia de momo.
Na abertura oficial, dia 19,
mais de 20 blocos de rua, or-
ganizados pela população,
abriram o carnaval bragantino
e trouxeram para as ruas cen-
trais da cidade aproximada-
mente 15 mil pessoas, segundo
os organizadores, 6 mil foliões
segundo a PM. Fantasiados e
animados os foliões seguiram
o trio elétrico do Bloco do
Guaraná, ao longo do percur-
so com início na praça Raul
Leme, centro da cidade, e tér-
mino na rua Tupi, próximo ao
cartão postal da cidade o Lago
do Taboão.
O carnaval bragantino con-
tou com foliões de várias ida-
des, desde crianças de colo a
veteranos do carnaval. dentre
Exposição resgata momentos históricos
Imagens e peças que retratam o carnaval de Piracaia foram ofertadas por pessoas que participavam das festas
Michele Montanher,
Monise Montanher
Com o objetivo de resga-
tar a história e momentos
dos carnavais piracaienses,
uma parceria entre Prefei-
tura e a Câmara Municipal
de Piracaia promoveu a 1ª
Exposição Cultural Carna-
valesca, no saguão do Poder
Legislativo. A mostra teve
início em 15 de fevereiro,
com encerramento em 4 de
março. Foi possível conferir
imagens e peças que retra-
tam o tradicional Carnaval
de Piracaia, ofertadas por
pessoas que participavam
das festas, bem como fotos
do carnaval italiano de cida-
des como Nápoles e Veneza,
cedidas pela ONG Celicom.
O paralelo entre os carna-
vais se dá pelo grande nú-
os blocos, os mais animados
foram o das Sereias, Bunito
eh noiz, Velha Guarda, Blo-
co PAC’S, Brocadinha, Bloco
da Tigrada, Um pedacinho
pra cada esquema, Biritas, Lei
Seca, Os Esponjas, Bloco dos
Nabos, Bloco da Cordinha O,
Vida Boa, Taca Fogo, Cu Tuca-
no, Cachaceiros de Plantão, e o
Bloco BROX.
A Polícia Militar fez a se-
gurança do evento juntamen-
te com Guarda Municipal e
seguranças contratados, não
houve registro de ocorrências
relacionados ao evento, porém
algumas pessoas urinaram em
calçadas e portas, mesmo com
a instalação de banheiros quí-
micos.
Segundo a foliã Ariane Vilas
Boas, 20 anos, do bloco “Um
Pedacinho Para Cada Esque-
ma”, alegou que seu bloco teve
cerca de 100 pessoas e perce-
beu que a segurança estava
como desejada pela população.
Sua única ressalva a respeito da
organização dos blocos de rua
refere-se ao incômodo causado
pela sujeira deixada por todos
ao longo do percurso. “Eu acho
muito errado! Este é o único
ponto que deveria melhorar
mero de italianos residentes
na região, trazendo a ideia
dos primeiros carnavais com
bailes de máscaras, além da
tradição do baile de Veneza e
o tradicional baile de Piracaia.
Antigos carnavais
Natália Castilho
Com o intuito de resgatar o
espírito carnavalesco antigo,
Maria Ignês Brandão, 68, cida-
dã piracaiense, falou um pouco
acerca do tema. “Antigamente
eu costumava frequentar bai-
les de carnaval, eles eram mais
alegres, as marchinhas eram
mais bonitas, tinha lança per-
fume e muita alegria no salão.
Já ganhei taça de maior foliã e
lembro: quando o bumbo co-
meçava a tocar, eu já estava lá”.
Maria Ignês Brandão revela
que ia sempre fantasiada às
festas. “Já fui de africana, ín-
Blocos de rua reunem 15 mil foliões no trajeto da praça central ao Taboão | Foto: Aline Zarur
por parte todos.”
Apesar da crise, a prefeitura
repassou a verba de R$ 308 mil
destinada às escolas de sam-
ba vinculadas a LIESB (Liga
Independente das Escolas de
Samba de Bragança).
Graças à articulação políti-
ca da nova gestão municipal,
a prefeitura conseguiu trazer
sem gastos a arquibancada da
Passarela Chico Zamper, com
custeio da Secretaria Estadual
de Turismo do Governo do Es-
tado de São Paulo. Em entre-
PIRACAIA
vista a uma rádio local, o secre-
tário de cultura Cléber Centini
Cassali declarou que o carna-
val aconteceria dentro das pos-
sibilidades da prefeitura.
A estrutura contou com
sistema de som e iluminação,
arquibancadas, camarotes,
cabines para os jurados, fe-
chamento do recinto, catracas
nas entradas, banheiros quí-
micos, posto médico e am-
bulância à disposição, uma
praça de alimentação padroni-
zada, segurança realizada pela
Abril 2017 • Matéria-Prima 9
Guarda Civil Municipal, com-
plementada por seguranças
contratados, equipes da fisca-
lização, trânsito, entre outras.
As escolas de samba do
grupo de acesso receberam R$
28 mil de subvenção e as do
grupo especial R$ 50 mil. Des-
tas, duas escolas foram patro-
cinadas por empresas --cujos
nomes não foram divulgados.
Os vereadores bragantinos
por sua vez, solicitaram for-
malmente acesso a estas in-
formações não divulgadas.
dia, grega, estudante. Era
uma boa oportunidade de
fazer novas amizades, pois
os amigos que moravam em
São Paulo vinham passar o
carnaval aqui, já que havia
casas de veraneio em Pira-
caia. Por isso o carnaval era
uma época que todos se en-
contravam e era uma alegria
só”, conta.
Ela ainda relembra as emo-
ções vividas naqueles tem-
pos, em que haviam amigos
de verdade. “Nós passáva-
mos a tarde toda fazendo as
fantasias, costurando, bor-
dando uma para cada noite.
Era muito alegre e gostoso
rever todo mundo e tinha
até paquera entre os amigos
em comum. Além do carna-
val, a gente fazia o footing
no jardim (dar a volta no
jardim) e era muito bom. ”
10 Abril 2017 • Matéria-Prima

Carnaval de rua anima foliões em Piracaia

Com investimento reduzido, cidade retoma as festividades de carnaval para resgatar sua cultura
Monise Montanher
Piracaia foi marcada por
muitas comemorações car-
navalescas entre os dias 25 e
28 de fevereiro. As matinês
na Praça do Rosário tiveram
as tradicionais marchinhas
de carnaval, que foram to-
cadas pela banda Orquestra
Instrumentais Lua Nova. No
período da noite, os foliões
puderam acompanhar o cor-
tejo carnavalesco, que saiu da
Praça Francisco Ferreira Si-
mões Brandão percorrendo as
ruas do centro. Guiados pelo
trio elétrico e acompanhados
pelos bonecões, a festa contou
também com o bloco do Peru
Perfeito − fundado em 2013
− com aproximadamente 250
integrantes e o Piracaia Dança
de Salão. A comitiva teve sua
parada na Praça do Rosário,
dando continuidade a festa
com bateria, dança e muita
música.
Para a organizadora e as-
sessora de Cultura e Turis-
mo, Marcia Regina Zago,
existe uma necessidade de
recuperar o antigo carnaval,
envolvendo todos os cida-
dãos, uma vez que isso ajuda
no desenvolvimento turísti-
co da cidade. “É importantís-
simo envolver o povo, fazer
com que eles descubram o
que a gente tem de melhor,
que é o resgate de tradi-
ção, de cultura e o orgulho
de ser piracaiense”, afirma.
Com baixo investimento –
valor máximo de 10 mil reais –
o carnaval de Piracaia foi uma
festa familiar. Puderam parti-
cipar desde crianças e jovens,
até adultos e idosos, todos
com fantasias e abadás, jogan-
do confetes ao alto e divertin-
do-se em meio ao carnaval. Matinê na Praça do Rosário agitando adultos e crianças. Foto: Monise Montanher

Casas Noturnas dão continuidade aos embalos de carnaval

No dia 24 a folia aconte-
ceu também na casa de sho-
ws e Eventos Sant’Aurea, pelo
segundo ano seguido. Além
disso, no Clube de Campo Re-
creativo Piracaiense (CCRP),
as festas carnavalescas tiveram
início a partir da meia noite.
Já nos dias 26 e 28, a folia
foi durante a tarde, na matinê
para as crianças. “É o segundo
ano que vou ao carnaval do
clube de campo e adorei. Esse
ano foi ainda melhor, muito
divertido e cheio de pessoas
bonitas”, disse Lays Paes de
Oliveira. Além disso, para fe-
char com chave de ouro as
comemorações carnavalescas,
na Casa Viva Piracaia houve o
Carna Viva, com muitas mar-
chinhas, confetes e serpenti-
nas para a alegria dos foliões.
(Natália Léo Castilho)

APAE realiza desfile de rua

Michele Montanher - Na manhã do dia 24, crianças e
adolescentes da Associação de Pais e Amigos Excepcionais
(APAE) de Piracaia desfilaram na rua central da cidade. O
grupo estava fantasiado e era acompanhado por um carro de
som, que seguia à frente, tocando marchinhas que marcaram
antigos carnavais. As pessoas que estavam nas ruas foram
surpreendidas com tanta animação do pequeno bloco.

Multidão segue o bloco “Os moiados”
Nazaré Paulista, considerado o melhor carnaval da região contou com 17 blocos e 40 mil foliões por dia
Marina Thomaz
A alegria do melhor carna-
val de rua da região contagiou
Nazaré Paulista (SP) de 24 a 28
de fevereiro. O famoso carna-
val tradicional de marchinhas
− único gênero musical tocado
nessa época do ano, por con-
ta de um decreto municipal
− contou com 17 blocos que
saíram em horários diferentes
durante os dias da festividade.
A cidade recebeu em média
40 mil foliões por dia, mais que
o dobro de sua população, hoje
com aproximadamente 18 mil
habitantes. Entre os visitantes,
turistas de diversos lugares
como Minas Gerais e São José
dos Campos. Os blocos fazem
menção ao dialeto regional,
entre eles o “De quarquer jei-
to”, “Pra nois é pouco”, “Oreia
Seca”, “Impina a carroça”, “Os
moiados”, “Tamu junto” e “Cê
não guenta bebe leite”. As mar-
chinhas cantadas retratam
as situações vivenciadas pelo
povo nazareano, fazendo da
cultura popular motivo de ani-
mação e festa.
O bloco mais esperado, “Os
moiados”, divertiu a imensa
multidão no domingo (26), e
na terça-feira (28). A atração
teve início às 15h com a ban-
da “Os Nazarentos” e agitou os
foliões. Ao som da marchinha
Nois vai moiá, te ensopa, quem
quer brincar é só chegar, os
História começou com um sonho
A cidade de Nazaré Paulis-
ta, interior de São Paulo, era
conhecida somente por suas
belezas naturais, lindas pai-
sagens e um ótimo lugar de
descanso e férias, além de pos-
suir uma das represas do Sis-
tema Cantareira, que faz parte
do abastecimento de água da
cidade e de parte do estado
de São Paulo. Segundo Rene
Camargo, vocalista da banda
“Os Nazarentos”, o Carnaval
de Nazaré Paulista, composto
hoje somente por marchinhas,
sempre existiu e passou por
diversas modalidades dessa
festividade de acordo com a
época. “Começou com car-
naval de rua, depois de salão,
passou pelo axé, samba enre-
do, até baile na praça. Porém,
em 2009 um grupo de amigos,
amantes do carnaval, surgiu
com o bloco ‘Impina a Carro-
Acima: Bloco Os moiados alegrou a multidão e
reuniu 40 mil pessoas em 2017. Ao lado, cena
de 2010, ano em que o bloco teve início.
carnavalescos percorreram o
centro da cidade atrás do trio
elétrico.
Devido ao número crescen-
te de foliões, o bloco obteve 90
mil litros de água − coletada
das chuvas desde dezembro
do ano passado −, distribuída
entre sete caminhões pipa que
refrescavam os foliões durante
a passagem do bloco.
Para melhor recepcionar os
participantes da festividade o
centro da cidade foi bloquea-
do para o transito, permitindo
passagem apenas de morado-
ça’. Foi o primeiro bloco com
música própria que saiu pelas
ruas da cidade puxando a mul-
tidão”, explica o músico.
Com o passar dos anos,
alguns fatores contribuíram
para que houvesse uma maior
demanda social no carnaval
da cidade. Em janeiro de 2010
ocorreu uma série de alaga-
mentos na região bragantina
por conta das fortes chuvas, as
inundações fizeram com que
o Carnaval de cidades próxi-
mas fossem cancelados, assim
como Atibaia, Bom Jesus dos
Perdões, Bragança Paulista,
Piracaia e São Luiz do Parai-
tinga, um dos carnavais mais
famosos no país. Nazaré Pau-
lista, entretanto, teve o seu car-
naval como todos os anos e a
quantidade de foliões passou a
aumentar, até que outras cida-
des tomaram conhecimento, o
res daquele local, que haviam
efetuado o cadastro do veícu-
lo semanas antes do carnaval.
Segundo Gustavo dos Santos,
motorista da Viação Trans-
perola, a prefeitura contratou
ônibus gratuitos para facilitar
a locomoção dos foliões até o
local do evento.
A cidade teve suas vias pú-
blicas e rodovias melhor si-
que o tornou mais famoso.
Entre 2014 e 2015 o Sis-
tema Cantareira passou por
uma enorme crise e a escassez
de água fez com que alguns
carnavais da Grande São Pau-
lo suspendessem a utilização
de água nos blocos. No entan-
to, Nazaré Paulista criou um
sistema de captação de água
da chuva para comportar os
caminhões pipa que saem no
famoso bloco “Os Moiados”.
Com boa vontade e animação,
a população apoiou a campa-
nha #coloqueobaldenachuva,
que propiciou ao Carnaval de
Nazaré Paulista grande divul-
gação e, mais uma vez, um au-
mento dos participantes que
aderiram à festa na cidade.
Após anos de dedicação,
força de vontade dos envolvi-
dos e contribuição do público,
o Carnaval de Nazaré Paulista
EDGAR SANTOS
REPRODUÇÃO
nalizadas com banners que
indicavam as rotas a serem
seguidas durante a festividade
e pintura das sinalizações ho-
rizontais.
O comandante do grupa-
mento de Nazaré Paulista,
primeiro-sargento Sandro dos
Santos, relatou que a seguran-
ça foi efetuada no entorno do
evento. A parte imediata, onde
hoje é destaque e sua popu-
larização ultrapassa a região
bragantina, atraindo foliões do
estado afora.
William Pinheiro, morador
de Nazaré Paulista, afirma que
“o diferencial que o Carnaval
de Nazaré Paulista possui em
relação ao de outras cidades
é a força de vontade da ban-
da que, por terem um sonho,
iniciaram com meia dúzia de
pessoas atrás de um caminhão
basculante”.
Pinheiro ainda aponta que a
música também faz a diferen-
ça na folia. “Hoje, esse sucesso
se dá por conta de marchinhas
autênticas, que valorizam figu-
ras (pessoas) de nossa cidade.
As marchinhas são muito bem
elaboradas e a cada novo ano a
cidade se prepara melhor para
recepcionar novos foliões”, re-
lata.
Abril 2017 • Matéria-Prima 11
se localiza a praça esteve sob
responsabilidade de segurança
particular, via licitação.
Santos informou que, em
vista da realização do carna-
val, o número de pessoas pra-
ticamente triplica na cidade,
exigindo um reforço no poli-
ciamento, realizado pelo Bata-
lhão de Bragança Paulista (34º
BPMI) e pela 3ª Cia. de Atibaia.
A Polícia Militar foi responsá-
vel pela segurança do evento,
realizando também bloqueios
nas entradas da cidade.
A quantidade de barracas
de alimentos e bebidas foi di-
minuída esse ano e direciona-
da para a praça de alimentação
no ginásio de esportes, situa-
da no local do evento. Outra
praça de alimentação foi im-
plementada no “Espaço VIP”,
próximo a festividade.
A população nazareana
Para aproveitar mais o car-
naval e gastar menos, a ani-
mada população se dividiu em
concentrações. Entre elas, as
mais antigas e as mais novas:
“Tamu junto”, “Bar do Bê”, “Ne-
tos do velho barreiro”, “Antes
aqui que na UTI”, “Espalhando
feiura”, e outras.
Nelas os foliões fizeram
abadás com o nome de seu res-
pectivo grupo e montaram as
famosas repúblicas para passar
os dias do carnaval, dividindo
os custos de bebidas e alimen-
tos, constituindo assim um
open bar carnavalesco. Henri-
que Alves, integrante da repú-
blica “Netos do velho barreiro”,
disse que sua concentração é
formada por 16 pessoas, entre
eles amigos que curtem juntos
o período do carnaval. Nos dias
da festividade as concentrações
saem com seus participantes
unidos, abadás personalizados,
alguns montam carrinhos de
bebidas coloridos e levam até o
local da festa para aproveitar ao
máximo o melhor carnaval de
rua da região.
Rodrigo Passos, gerencia-
dor do site e das mídias sociais
relacionadas a festividade, con-
tou que Nazaré Paulista tem
um carnaval família, que diver-
te desde crianças até a terceira
idade. “Muitas pessoas já me
relataram que se divertem nos
blocos como crianças. As mar-
chinhas, em sua grande maio-
ria, retratam a vida do naza-
reano e também homenageiam
pessoas ilustres da cidade”.
12 Abril 2017 • Matéria-Prima
Estrada do Bairro da Usina após a realização da manutenção. Foto: Thatiane Rezende
Chuvas cancelam carnaval em Vargem
Daiani Pinheiro
Thatiane Rezende
O Carnaval, festa popular
aguardada pela maioria das
pessoas, teve um triste des-
tino esse ano em Vargem. A
edição de 2017 foi cancelada
devido a uma decisão da Pre-
feitura de conservar as estra-
das, em vez de fazer a festa.
A medida foi tomada pelo
prefeito juntamente com to-
dos os diretores de departa-
mento.
Contando os dias para a
data, os moradores ficaram
sabendo do cancelamento
através de uma nota oficial
da Prefeitura, emitida pela
rede social Facebook. No co-
municado, ficou claro que a
comemoração não acontece-
ria devido às fortes chuvas do
mês de janeiro, que deixaram
pessoas ilhadas ou com pou-
ca possibilidade de locomo-
ção. O valor a ser destinado
para o Carnaval seria entã re-
vertido para manutenção das
estradas que se encontravam
em estado crítico.
Segundo o vereador José
Luiz Camanducci, a cidade
não dispõe de uma secretaria
dedicada à cultura, as verbas
destinadas ao carnaval. Se-
gundo ele, “são todas vincu-
ladas a educação, esporte e
cultura. Na medida do pos-
sível, as gestões anteriores
fizeram o carnaval, mas sem
uma verba específica para
a festa. Temos apenas um
Devido às péssimas condições das estradas de terra, Prefeitura
decidiu priorizar a manutenção das estradas de terra
departamento de cultura. E
com departamento, o dire-
tor não mexe com a verba”.
Francisco Fhunck, assessor
do prefeito, explicou como
funcionam as distribuições
de verba: 6% do orçamento
deve ser encaminhado para
as despesas da Câmara Mu-
nicipal de Vereadores; 25%
do orçamento deve ser gasto
com Educação; 15% do or-
çamento deve ser gasto com
saúde e até 51,3% com folha
de pagamento.
A Prefeitura do Municí-
pio de Vargem investe cerca
de 22% em Saúde e 28% em
Educação (importante sa-
lientar que o RH da Saúde
e Educação entram no limi-
te dos 51,3%). Desse modo
explica também de onde
será tirado o dinheiro para
a manutenção das estradas:
“sobra, desta forma, um per-
centual muito pequeno para
a renovação da frota muni-
cipal, restando um mínimo
percentual para a melhoria
das estradas”.
A assessoria comentou
também que separou os bair-
ros em estados de “urgên-
cia” e “emergência”, sendo
os de urgência os bairros em
que pessoas ficaram ilha-
das como nos bairros Pico e
Morro Grande Anhumas. Já
os casos de emergência eram
VARGEM
“Sobra um
percentual muito
pequeno para
a renovação da
frota municipal,
restando um
mínimo percentual
para a melhoria
das estradas”
Francisco Fhunck
os pontos nos quais os mo-
radores conseguiam deixar o
local e voltar, como nos bair-
ros Godoy e Usina, mas com
muita dificuldade.
Margarete Oliveira, mo-
radora do bairro da Usina
concordou com a decisão do
Poder Público: “achei muito
boa a ideia de ter cancelado,
se era para fazer a manu-
tenção das estradas”. Ao ser
questionada sobre as obras
em seu bairro, disse que co-
meçariam no dia da entre-
vista e que esperava um bom
trabalho, pois o local estava
com grandes buracos.
Carmem Luz, moradora
do mesmo bairro, também
concordou com o início das
obras e espera que seu bairro
seja arrumado logo. Outros
também foram a favor, mas
ficaram chateados por não
verem a festa na cidade. Pris-
cila Godoy, frequentadora do
carnaval Vargense há mais de
20 anos, é um exemplo: “fi-
quei um pouco decepciona-
da ao saber que não haveria
festa, pois a cidade é pequena
e não tem muitas festas para
reunir as pessoas. Além dis-
so, seria um momento onde
reencontraríamos os amigos
para nos divertir e festejar”.
Ela ainda comenta que “a ci-
dade fica vazia e triste sem a
festa de Carnaval”.
Conforme informações da
Prefeitura, “em 2016 foram
gastos cerca de R$ 80.000,00
na Festa de Carnaval”, desta
forma, caso fosse realizado,
certamente o valor seria pró-
ximo ou até maior que o do
ano anterior, mantendo as es-
tradas em estado de calami-
dade devido à realização do
Carnaval. Por esse motivo,
2017 foi um ano atípico na
cidade, fazendo alguns mo-
radores se contentarem ape-
nas com as lembranças das
edições anteriores.
É o caso de Igor César Ri-
sério do Bonfim, conhecido
também como “Guga”. Guga
era responsável por organi-
zar o único bloco de Vargem,
chamado “Barbaretes”, criado
em 2005. Reunindo cerca de
60 pessoas, eles costumavam
sair no sábado e no último
dia de festa. Questionado so-
bre a decisão do cancelamen-
to, Guga disse: “Não achei
justo porque o carnaval é uma
festa cultural, e acho que vem
verba para festa. A popula-
ção tem que sair da sua cida-
de para curtir o carnaval e os
comerciante da praça perdem
a oportunidade de ganhar di-
nheiro nesses dias porque a
praça fica deserta”.
A Prefeitura declarou que
continuará a arrumar todas
as estradas que estão danifi-
cadas na cidade. No entan-
to, o sentimento que preva-
lece naqueles que gostam e
aguardam ansiosos pela fes-
ta, todo ano, é praticamente
o mesmo. Pode-se assim usar
a declaração de Maria Célia
Morbidelli Caciani para re-
presentar todos eles. “Se os
nossos governantes prestas-
sem mais atenção em nossos
problemas no decorrer do
ano inteiro, resolvendo nos
momentos que eles surgem,
com certeza sobraria para
diversão – mesmo que fosse
em tamanho menor. Estradas
têm problemas o ano inteiro.
Deixam virar um caos, daí
acham que vão salvar tirando
o lazer das pessoas”. Maria
Célia completa: “jogam um
pozinho e falam que arruma-
ram. Não falo só da nossa ci-
dade, que passa também por
uma crise, mas por todas que
usaram outros motivos para
cancelar essa festa”.