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Um em Essência

Quando consideramos as culturas da antiguidade, não podemos deixar de perceber um


sistema de politeísmo altamente desenvolvido.

Politeísmo é um sistema religioso que consiste na crença em diferentes divindades.

Pensamos, por exemplo, nos gregos, que tinham seu panteão de deidades, e nos romanos, que
tinham deuses e deusas que serviam a todas as esferas de interesse e esforço humano. No
meio daquele mundo mediterrâneo antigo, uma cultura – os judeus – se destaca por seu
compromisso com o monoteísmo singularmente desenvolvido.

Monoteísmo consiste na crença de apenas um único deus (ou “Deus”, neste caso). As principais religiões
monoteístas são o cristianismo, o judaísmo e o islamismo.

Alguns eruditos críticos argumentam que a religião judaica refletida no Antigo Testamento
não era realmente monoteísta, e sim um amálgama sutil de formas de politeísmo. Estes
eruditos afirmam que as Escrituras como as temos hoje foram reformuladas por editores
posteriores que inseriram uma visão moderna de monoteísmo nos relatos patriarcais no
registro bíblico. Apesar dessas teorias críticas, desde a primeira página da Escritura achamos
uma afirmação inconfundível de que não há limites para o reino e a autoridade do Senhor
Deus. Ele é o Deus do céu e da terra, aquele que cria e governa todas as coisas.

Amálgama e misturada, um sincretismo

UNIDADE E SINGULARIDADE
Grande ênfase foi colocada na singularidade de Deus pela comunidade de Israel no Antigo
Testamento. Pensamos, por exemplo, na Shemá referida no livro de Deuteronômio. A Shemá
era recitada na liturgia israelita e estava profundamente arraigada na consciência do povo:

“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Dt 6.4-5).

Estas palavras também constituem o Grande Mandamento (Mt 22.37). Depois de declarar a
Shemá, Moisés disse:

Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado
em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e
te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas (Dt 6.6-9).

Shemá Israel A-do-nai Elokenu A-do-nai Ehad.

Ouve Israel, A-do-nai é nosso D’us, A-do-nai é Um.Ouve, atentamente, ó Israel, preste atenção, abre totalmente sua percepção, silenciando
completamente a mente, medite sobre o que estiver pronunciando, interiorize e absorva a mensagem de tal forma que se torne parte de sua
própria essência... D’us é Um e é Único, e Ele é nosso D’us.

Este versículo que inicia uma das mais antigas e importantes orações do judaísmo, o Shemá, é nossa declaração de fé. Nesta é proclamada a
própria essência do judaísmo, o que sempre diferenciou os judeus de outros povos: a crença na Unidade e Unicidade de D’us e a lealdade
eterna de Israel para com seu D’us. Shemá Israel foi o que o patriarca Jacob ouviu dos filhos em seu leito de morte. Foram as palavras usadas
por Moisés para se dirigir aos judeus em seu último discurso, no deserto.

Para esse fim, toda manhã e toda noite recitamos o Shemá – três parágrafos bíblicos (Devarim (Deuteronômio) 6:4-9; 11:13-21; Bamidbar
(Numeros)15:37-41)
Pregação temática e Expositiva

Este anúncio da natureza de Deus – sua unidade e singularidade – era tão


central à vida religiosa do povo, que este ponto deveria ser comunicado aos filhos por meio de
instrução diária. As pessoas deveriam colocá-lo em suas mãos, sua fronte e nos umbrais de
suas casas. Em outras palavras, deveriam pensar e falar sobre ele em todo o tempo. Os pais
israelitas deveriam assegurar-se de que seus filhos entendessem a singularidade de Deus, de
modo que esta verdade permeasse a comunidade em cada geração. O politeísmo nas religiões
falsas das nações ao redor deles era sedutor, como o Antigo Testamento revela. A maior
ameaça para Israel foi a corrupção que veio de seguirem falsos deuses. Israel precisava
lembrar-se de que não havia Deus, exceto o Senhor Deus.

A singularidade de Deus é também exibida no primeiro dos Dez Mandamentos: “Não terás
outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). O mandamento não queria dizer que o povo de Deus
podia ter outros deuses, contanto que Jeová fosse considerado o primeiro. “Diante de mim”
significa “em minha presença”, e a presença de Jeová se estende por toda a criação. Portanto,
quando Deus ordenou: “Não terás outros deuses diante de mim”, estava dizendo que não há
outros deuses, porque ele sozinho reina como deidade.

TRINDADE

A história mostra que os Pais da Igreja, que são os primeiros lideres depois dos Apóstolos, que
na maioria eram pessoas preparadas pelos Apóstolos, como Tertuliano séc. II, que foi um dos
primeiros a Sistematiza a Doutrina da Trindade, usar o termo Trindade pela primeira vez.

O Antigo Testamento enfatiza o monoteísmo, mas confessamos nossa fé num Deus trino. A
doutrina da Trindade, uma das doutrinas mais misteriosas da fé cristã, tem causado muita
controvérsia no decorrer da história da igreja. Parte da controvérsia se origina de entender
erroneamente a Trindade como três deuses – Pai, Filho e Espírito Santo. Esta ideia é chamada
“triteísmo”, que é uma forma de politeísmo.

Triteísmo significa três deuses. Quem acredita no triteísmo significa que não acredita em um único Deus (monoteísmo), mas em três Deuses
(Politeísmo). Desconheço a existência dessa crença no meio cristão, mas foi um termo criado pelos unicistas para acusarem os trinitarianos
de politeístas.

Unicismo crê que há apenas um Deus, e por isso nega veementemente a doutrina da Trindade, pois acha que essa doutrina não é monoteísta.
Mas vamos nos limitar ao Unicismo cristão, esquecendo por um momento o Judaísmo e o islamismo. Pode-se notar que no meio cristão há
pessoas que acreditam que o Pai é Deus, Jesus é Deus e o Espírito Santo é Deus, porém não há distinção entre eles, eles são a mesma pessoa.
Jesus é o criador, é o consolador, é o cordeiro e enfim. Para eles não existem três pessoas, mas apenas um. O Pai se fez carne e habitou entre
nós.

Como a igreja cristã pode afirmar a Trindade, que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo? A
doutrina da Trindade é estabelecida pelo próprio Novo Testamento. O Novo Testamento fala
de Deus em termos de Pai, Filho e Espírito Santo. Nenhum texto expressa este conceito mais
claramente do que o capítulo inicial do evangelho de João, cujo prólogo abre o caminho para a
confissão de fé da igreja na Trindade:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por
ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não
prevaleceram contra ela (Jo 1.1-5).

Mas embora o cristianismo teve seu berço dentro do judaísmo, pouco tempo depois se estendeu pelo resto do
mundo. Trinta anos depois da morte de Jesus, cerca do ano 60, o cristianismo tinha viajado por toda a Ásia Menor
e a Grécia e tinha chegado a Roma. Cerca do ano 60 devem ter havido na Igreja cem mil gregos para cada judeu
cristão. As idéias judaicas eram completamente estranhas para os gregos. Para tomar um só exemplo revelador,
os gregos jamais tinham ouvido falar de um Messias. O próprio centro da esperança dos judeus, chegada do
Messias, era uma idéia completamente alheia aos gregos. A própria linha de pensamento segundo a qual os
judeus concebiam e apresentavam a Jesus não significava nada para um grego.
Como podia encontrar uma forma de apresentar o cristianismo a esses gregos em seu próprio pensamento e em
seu próprio idioma e de maneira tal que o aceitassem e compreendessem? De súbito lhe ocorreu a solução a seu
problema. Tanto no pensamento grego como no judeu existia o conceito de O Verbo. Isto era algo que podia
elaborar-se para enfrentar tanto ao mundo grego como ao judeu. Algo que permanecia à tradição de ambas as
raças, algo que ambos podiam compreender.

O termo grego para a palavra é Logos.


Traduzimos a palavra grega logos por “verbo”; assim, a leitura real do grego é: “No princípio era o logos, e o logos
estava com Deus, e o logos era Deus”. João faz uma distinção entre Deus e o logos. O Verbo e Deus estão juntos
mas distintos – “o Verbo estava com Deus”.

O Verbo existia já no princípio de todas as coisas.


O pensamento de João se remonta ao próprio começo da Bíblia: "No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gênesis 1:1). O que João diz é isto
—o Verbo não é uma das coisas criadas; estava presente antes da criação. O Verbo não é uma parte do mundo que começou a existir no
tempo; o Verbo é uma parte da eternidade e estava com Deus antes do tempo e antes do princípio do mundo. Este pensamento de João recebe
um nome técnico na teologia. João estava pensando no que se conhece como a preexistência de Cristo. Em mais de um sentido, esta idéia da
preexistência é algo muito difícil de compreender, se não impossível. Mas significa algo muito simples, muito prático e muito tremendo. Se o
Verbo estava com Deus antes de que começasse o tempo, se o Verbo de Deus é parte do esquema eterno das coisas, quer dizer que Deus
sempre foi como Jesus. O Verbo sempre existiu de Eternidade a Eternidade.

A palavra “com” pode parecer insignificante, mas, na língua grega, há pelo menos três palavras que podem ser
traduzidas por “com”. Há sun, que entra no português como o prefixo sin. Achamos esse prefixo em sincronizar,
que significa “ocorrer ao mesmo tempo”. Sincronizamos nossos relógios para nos reunirmos no mesmo horário.
A palavra grega meta também é traduzida por “com”. No vocábulo metafísica, meta é usada no sentido de estar ao
lado de.
Uma terceira palavra que significa “com” usada pelos gregos é pros, que forma a base de outra palavra grega,
prosōpon, que significa “face”. Este uso de “com” denota um relacionamento face a face, que é a maneira mais
íntima em que pessoas podem estar juntas.
Esta foi a palavra que João usou, ao escrever “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus”. Por usar pros,
João estava indicando que o logos estava no mais íntimo relacionamento possível com Deus.

O Verbo estava com Deus.


O que quer dizer com isto? Quer dizer que sempre existiu a relação mais íntima e mais próxima entre o Verbo e Deus. Ponhamo-lo em outra
forma mais simples. Sempre existiu a relação mais íntima entre Jesus e Deus. Isso significa que não há ninguém que possa nos dizer como é
Deus, qual é a vontade de Deus para conosco, como são o amor, o coração e a mente de Deus, como Jesus pode demonstrar.
Tomemos uma analogia humana muito simples. Se queremos saber o que pensa e sente a respeito de algo uma determinada pessoa, e se não
podermos nos aproximar dessa pessoa, não nos dirigimos a alguém que apenas a conhece, a alguém que só a conhece há pouco tempo; vamos
a alguém que sabemos que é seu amigo íntimo há muitos anos. Sabemos que o íntimo amigo de muitos anos será capaz de nos interpretar o
pensamento sentimento dessa pessoa. Um pouco parecido é o que diz João a respeito de Jesus. Diz que Jesus sempre esteve com Deus.
Empreguemos uma linguagem muito humana porque é o único que podemos usar. João está dizendo que Jesus mantém uma relação tão
íntima com Deus que Deus não tem segredos para ele; e que, portanto, Jesus é a única pessoa de todo o universo que nos pode revelar como é
Deus, e o que sente para nós. Ponto de revelar Deus

Portanto, vemos que o logos estava com Deus desde o princípio em um relacionamento íntimo, mas a cláusula
seguinte parece confundir isso: “E oVerbo [o logos] era Deus”.
Aqui João usa a forma comum do verbo grego “ser”, um verbo de ligação usado no sentido copulativo. Isso
significa que oque é afirmado no predicado se acha no sujeito, de modo que são reversíveis: “O Verbo era Deus, e
Deus era o Verbo”. Isto é uma atribuição clara de deidade ao Verbo. O Verbo é diferenciado de Deus, mas o Verbo é
também identificado com Deus.

O Verbo era Deus.


Não cabe dúvida que se trata de uma frase difícil de compreender, e é difícil porque o grego, que é o idioma em que escrevia João, diz as
coisas de maneira diferente da que nós usamos. Quando o grego emprega um substantivo quase sempre o acompanha com o artigo definido.
A palavra grega para Deus é theos, e o artigo definido, é ho. Quando o grega fala de Deus não diz somente theos, e sim ho theos. Agora, quando
o grego não emprega o artigo definido com o substantivo, este se converte em algo muito mais parecido a um adjetivo; descreve o caráter, a
qualidade da pessoa. João não disse que o Verbo era ho theos; isso teria significado que o Verbo era idêntico a Deus; diz que o Verbo era theos
—sem o artigo definido— o que quer dizer, em nossas palavras, que o Verbo era do mesmo caráter, essência, qualidade e ser que Deus.
Quando João disse o Verbo era Deus não estava dizendo que Jesus era idêntico a Deus; estava dizendo que Jesus é tão perfeitamente o mesmo
que Deus em mente, coração e ser, que em Jesus vemos a perfeição como Deus é. Por isso que Jesus usa a mesma palavra e expressão que
Deus se revelou para Moisés EU SOU O QUE SOU (hyeh-asher-ehyeh = eier acherr eierr). Exodo 3:13-14
(ehyeh = eierr) também significa “existir”, e se encontra na primeira pessoa tanto no presente do indicativo (‘sou”), mas no Hebraico também
pode se apresentar como no futuro do presente do indicativo (“serei”), podendo ser traduzido, também, como “Eu serei o que serei”, “Eu sou
o que serei” ou “Eu serei o que sou”. Porém , nas traduções costumam usar EU SOU, porém, pode apontar para o futuro, porque Deus usa
oportunamente para Moisés , Eu sou o que sempre Serei , Não vou deixar de Ser o que Eu sempre fui.
Tomé disse em João 20:28 “Senhor meu e Deus meu”

Os escritores do Novo Testamento, particularmente os escritores judeus, tinham profunda consciência não
somente do primeiro mandamento do Antigo Testamento, mas também do segundo mandamento, a advertência
contra fazer imagens. A proibição contra todas as formas de idolatria – adoração de criaturas – está
profundamente arraigada no Antigo Testamento. Por causa disso, os escritores do Novo Testamento estavam
cientes de que Cristo poderia ser adorado somente se fosse divino. E o fato de que Jesus aceitou a adoração de
Tomé é significativo.
Quando Jesus curou no sábado e perdoou pecados, alguns dos escribas se opuseram e disseram: “Quem pode
perdoar pecados, senão um, que é Deus?” (Mc 2.7). Todo judeu entendia que o Senhor do sábado era Deus, aquele
que instituíra o sábado. Portanto, quando Jesus explicou que havia curado o homem, “para que saibais que o Filho
do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados” (v. 10), estava declarando a sua deidade. Muitos
reagiram com ira porque Jesus estava reivindicando uma autoridade que pertence somente a Deus.
Quando João escreveu: “Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do
que foi feito se fez”, o logos foi identificado com o Criador. João também disse: “A vida estava nele”. Dizer que a
vida estava no logos, que o logos é a fonte da vida, é atribuir claramente deidade àquele que é chamado “o Verbo”.

De maneira semelhante, o Novo Testamento atribui divindade ao Espírito Santo.


Isto é feito frequentemente por atribuir ao Espírito características que pertencem somente a Deus, incluindo

- Espirito de Cristo (Rm 8:9; Gl 4:6)


- santidade (Mt 12.32),
- eternidade (Hb 9.14),
- onipotência (Rm 15.18-19) e
- onisciência (Jo 14.26).
- A divindade do Espírito Santo é também demonstrada quando ele é colocado no mesmo nível com o Pai e o
Filho, como na fórmula batismal, em Mateus 28.18-20, ou na bênção de Paulo em 2 Coríntios 13.13.,

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