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EXCELENTÍSSIMOS SENHORES DESEMBARGADORES DA

CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE


GOIAS

AUTOS: n° XXXXXXXXXXXXXXXXX-XX
APELANTE: João
APELADO: Ministério Público Estadual ou Federal
OBJETO: Ação Penal sobre xxxxxxxxxxxx
RAZÕES DE APELAÇÃO
EGRÉGIO TRIBUNAL
ILUSTRADA XX TURMA
EMÉRITOS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DESTA COLENDA
TURMA JULGADORA

JOÂO, já devidamente qualificado


nos autos desta Apelação Criminal, ora em destaque, vem, com o
devido respeito a Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que
abaixo firma, para, com supedâneo no art. 619, da Legislação
Adjetiva Penal, no bíduo legal, opor os presentes

I – DOS FATOS:

Foi imputando ao apelante a prática dos delitos tipificados nos


Art. 12, art. 157 , § 3º, ambos do Código Penal, alegando que o
apelante, em xx/xx/xx, supostamente teria por crime de roubo
qualificado pelo emprego de arma em xx/xx/xx a ação penal foi julgada
procedente, tendo o MM Juiz de 1ª instancia, aplicado a seguinte pena,
condenando o apelante por crime de roubo qualificado pelo emprego
de arma às penas de 5 (cinco) anos e 4 (quarto) meses de reclusão,
em regime inicialmente semiaberto, e multa, fixada em sues
patamares mínimos.
Ainda, o Juiz proferiu sentença condenando João às penas de 6
(seis) anos e 6 (seis) meses de reclusão, em regime inicialmente
fechado, e 10 dias-multa, sendo o valor de cada dia-multa fixado em
um trigésimo do salário mínimo vigente.

Levou o juiz em conta na aplicação da pena mínima, entre


outras circunstâncias, a atenuante da menoridade prevista no art. 65,
I, do CP, bem como o fato de o prejuízo sofrido pela vítima ter sido
de pequena monta.

O processo foi anulado em sede de revisão criminal por vício de


citação.

Renovada a instrução, apurou-se que o acusado era, na


verdade, menor de 21 (vinte e um) anos à época do fato e que o
prejuízo da vítima era bem mais elevado do que o inicialmente
apurado.

O juiz fixou a pena privativa de liberdade acima do mínimo em


face das consequências graves do crime e, ainda, porque se provou
ser o réu reincidente e não o beneficiar nenhuma atenuante.

Não se conformando com a decisão do Magistrado, O Apelante


de estão, tempestivamente, recorrendo da injusta sentença.

I – EM SEDE DE PRELIMINAR

I.I - DA PRESCRIÇÃO

Como à época do julgamento do recurso de apelação o réu era


menor de 21 anos, ficou amparado pela norma estabelecida no artigo
115 do Código Penal, o que reduziu o prazo prescricional pela
metade.
Em que pese a apelante ter sido condenada, verifica-se que o
direito estatal de prosseguir com a pretensão punitiva encontra-se
prescrito, nos termos seguintes.

Da análise da redação do art. 110, caput e § 1o, do CP, infere-


se que, após o trânsito em julgado para a acusação, a prescrição
regula-se pela pena aplicada em concreto e tem por termo inicial o
recebimento da denúncia.

No caso em comento, levando em conta que o recebimento da


denúncia se deu em DATA TAL e que a pena final foi de X anos e X
meses de reclusão, nota-se, portanto, que ocorreu a prescrição
em DATA TAL, extinguindo-se a punibilidade da apelante.

Dessa forma, deve a sentença ser reformada de modo declarar


extinta a punibilidade da apelante, nos termos do art. 107, inc. IV,
do CP.

I.II - DA NULIDADE: REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA

Caso a tese anterior de preliminar não seja acolhida, o que


se diz apenas em termos de argumentação, imperativo se faz
analisar a ocorrência de reformatio in pejus indireta.

Quando da prolação da primeira sentença condenatória,


este Egrégio Tribunal entendeu por bem anular a instrução, uma
vez que ocorreu nulidade que acarretou cerceamento de defesa.
Na ocasião, não houve recurso da acusação, precluindo seu
direito e ocorrendo o trânsito em julgado para a mesma.

Destarte, em atenção ao disposto no art. 617 do CPP,


verifica-se que é vedado o agravamento da pena em decorrência
de recurso da defesa – seja diretamente, por meio do tribunal,
seja indiretamente, por meio de condenação posterior com pena
mais elevada pelo juízo recorrido.

No caso em tela, verifica-se que houve violação ao preceito


do art. 617, ocorrendo reformatio in pejus indireta, uma vez que
o juízo a quo prolatou sentença condenatória com pena mais
gravosa.

Assim, restando evidente a violação à vedação de


reformatio in pejus, deve a sentença ora impugnada ser
reformada de modo a cominar a pena no quantum imposto na
primeira condenação.
II – DO MÉRITO

II.I. DA INSIGNIFICÂNCIA DA CONDUTA

Caso as teses anteriores não sejam acolhidas, insta verificar se


a conduta teoricamente praticada pelo acusado foi idônea a lesar o
bem jurídico tutelado pelo tipo penal.

Conforme demonstrado na instrução criminal, consta o fato de o


prejuízo sofrido pela vítima ter sido de pequena monta ou seja: O valor
supostamente subtraído não representaria prejuízo do rendimento
mensal da suposta vítima, o que evidencia, outrossim, que a conduta
é inofensiva.

Destarte, admitindo-se que a conduta não ofendeu ao bem


jurídico, sendo, portanto, insignificante, deve-se afastar a tipicidade e
proceder à reforma da sentença de modo a absolver a apelante, nos
termos do art. 386, inc. III, do CPP

II.II. DA OCORRÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIA PRIVILEGIADORA

Consoante as teses anteriores, verifica-se que milita em favor da


apelante a circunstância privilegiadora do art. 155, § 2o, do CP.

Isso porque, consoante a redação do referido dispositivo, se a


coisa furtada for de pequeno valor e o réu for primário, este fará jus à
diminuição de um a dois terços ou substituição pela pena de detenção
ou de multa.

Conforme já demonstrado, o valor em tese subtraído é


inexpressivo, e, como não há informações nos autos sobre possíveis
antecedentes da apelante, ela deve ser considerada primária, em
atenção ao princípio do in dubio pro reo.

Dessa forma, como milita em favor da apelante a privilegiadora


do art. 155, § 2o, do CP, deve a sentença ser reformada de modo a
favorecer ainda mais a pena aplicada, seja com sua maior diminuição
ou substituição, na forma que entenderem pertinente Vossas
Excelências.
II.III - DO CUMPRIMENTO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS

Dessa forma, deve a sentença ser reformada de modo a adequar


a aplicação da pena restritiva de direitos com a disposição legal, para
que a apelante pena privativa de liberdade acima do mínimo em face
das consequências graves do crime e, ainda, porque se provou ser o
réu reincidente e não o beneficiar nenhuma atenuante.

II.IV - DA SUSPENÇÃO DO PROCESSO

Sendo as teses anteriores acatadas, o apelante faz jus, conforme


prevê o art. Art. 383, § 1o do CPP, o art. 89 da lei 99.099-91, e
também a sumula 337 do STJ, in verbis, a suspensão condicional do
processo.

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na


denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa,
ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver
possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz
procederá de acordo com o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).

Súmula 333 STJ. É cabível a suspensão condicional do processo


na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão
punitiva.

III - DO DIREITO

É pacífico o entendimento de que o ônus da prova da acusação


compete ao Ministério Público, o qual deu cumpriu ao disposto no artigo
156, primeira parte, do Código de Processo Penal.
Quando houver inobservância dos requisitos indispensáveis da
denúncia ou da queixa, e dessa inobservância resultar prejuízo a
defesa do réu, impossibilitando-a, será decretada a nulidade absoluta.

Sentença contrária ao texto da lei penal: Conforme dispõe o


inciso I, do artigo 621, a revisão dos processos findos será admitida
quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da
lei penal.
A sentença interpretou o exposto pelo Ministério Público, sem
analisar as provas, avaliando a mera gravidade abstrata do delito;

O apelante é réu primário, levando em consideração, 63 do CP o


réu só será considerado reincidente quando cometer um novo
crime depois do trânsito em julgado da sentença penal condenatória,
ou seja, a prática do crime deve ser depois do trânsito em julgado.

Possui residência fixa e ocupação lícita (xxx) e, durante toda a


fase de investigação, contribuiu, não se ausentou ou obstruiu a
instrução;

A respeitável sentença é contraditória, controversa e não faz uma


conjectura entre os fatos, as provas e o direito.

IV– DOS PEDIDOS

Caros Julgadores, pelo exposto, espera e requer o Apelante:

a) O recebimento deste tempestivo RECURSO DE APELAÇÃO, onde se


aguarda sejam acolhidas as PRELIMINARES apresentadas, com a
decretação das nulidades e renovando-se os atos processuais
combatidos.

b) Preliminarmente, reconhecer a prescrição da pretensão punitiva,


com a consequente extinção da punibilidade, nos termos do art. 107,
inc. IV, do CP;

c) Reconhecer a nulidade decorrente da reformatio in pejus indireta,


decorrente da violação do disposto no art. 617 do CPP, com a
consequente diminuição da pena para o quantum anteriormente
imposto;
d) Subsidiariamente, requer seja a apelante absolvida, ante a evidente
atipicidade da conduta pela insignificância, nos termos do art. 386,
inc. III, do CPP;

Nestes termos,
Pede deferimento.

Goiânia, xx/xx/xx

Advogado
OAB/GO de número xxxxxxx

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