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Direito civil IV 1

➢ Conceito

Direito das coisas é ramo do Direito Civil que se ocupa dos direitos reais, consiste no conjunto das normas
que regem as relações jurídicas referentes a apropriação dos bens corpóreos pelo homem. (Humberto
Theodoro Junior).

Coisas são bens corpóreos: existem no mundo físico e hão de ser tangíveis pelo homem (CC alemão, § 9º;
CC grego, art. 999). Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm
valor econômico.

O direito das coisas, como visto, trata das relações jurídicas concernentes aos bens corpóreos suscetíveis de
apropriação pelo homem.

O direito real consiste no poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e
contra todos.

Ex.: Direitos autoras.

➢ Aspectos legais

Não há relevante diferença entre as expressões “direito das coisas”, “direito real”.

Clovis Beviláqua explica: “direito das coisas é o completo de normas reguladoras das relações jurídicas
referentes aos bens corpóreos” e, o direito real “é o poder jurídico do homem sobre coisa determinada,
aderindo a ela, enquanto perdura, e prevalecendo contra todos.

O direito real está englobado dentro dos direitos das coisas, todo direito real é um direito das coisas, mas
nem todo direito das coisas se trata de um direito real.

A expressão “real” denota o que é inerente a res, ou seja, a coisa. Os direitos reais são direitos subjetivos
patrimoniais. Na relação jurídica real, o objeto não é uma prestação, mas sim uma coisa, ou melhor, um
bem jurídico. O sujeito ativo é o titular do direito real podendo ser proprietário usufrutuário, o credor
hipotecário, etc.

No direito das coisas basta a existência de uma pessoa. Os direitos reais têm, como elementos essenciais: o
sujeito ativo, a coisa e a relação ou poder do sujeito sobre a coisa, chamado domínio.

Há existências de um sujeito passivo no direito das coisas? Não.

Maria Helena Diniz que: "nos direitos pessoais há dualidade de sujeitos, pois temos o ativo (credor) e o
passivo (devedor)", enquanto "nos direitos reais há um só sujeito, pois disciplinam a relação entre o homem
e a coisa.

➢ Classificação dos direitos reais


1. Direito de posse, uso, gozo e disposição: Propriedade;
2. Exteriorização do domínio: posse.
3. Direito de posse, uso, gozo e disposição sujeitos à restrição oriunda de direito alheio: enfiteuse e
superfície.
4. Direitos reais de garantia: penhor, hipoteca, alienação fiduciária de direitos creditórios oriundos de
contratos de alienação de venda.
5. Direito real de aquisição: promessa irrevogável de venda.
6. Direito de usar e gozar do bem sem disposição: uso, usufruto e anticrese.
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7. Direito limitado a certas utilidades de bem: servidão, habilitação, superfície, concessão de uso
especial para fins de moradia e concessão de direito real de uso.

“Art. 1.225. São direitos reais:


I — a propriedade;
II — a superfície;
III — as servidões;
IV — o usufruto;
V — o uso;
VI — a habitação;
VII — o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII — o penhor;
IX — a hipoteca;
X — a anticrese;
XI — a concessão de uso especial para fins de moradia;
XII — a concessão de direito real de uso;
XIII — a laje”.
O direito real é mais forte que o direito contratual.

➢ Natureza Jurídica

O direito das coisas visa regulamentar as relações entre pessoas e as coisas, traçando normas tanto para a
aquisição, exercício, conservação e perda de poder dos homens sobre esses bens como para os meios de sua
utilização econômica.

➢ Abrangência

Direito subjetivo: Que regula as relações jurídicas das pessoas, notadamente das relações que se
estabelecem entre as “pessoas e os bens”.

Direito real: com vínculo entre a pessoa e coisa prevalecendo contra todos, com sequela e
preferência, sendo numerus clausus.

Sequela: é o direito de perseguir a coisa contra quem quer injustamente a deter.

Preferência:

Direito real só se configura quando tem taxatividade na lei, no art. 1225, CC.

➢ Objeto
• Pressupostos: devem ser representados por objeto capaz de satisfazer interesses ECONOMICOS;
suscetíveis de gestão economia autônoma; passíveis de subordinação jurídica.
• Bens: presentes e futuros; corpóreos e incorpóreos.

Os animais são tratos como coisas? Sim, pois são entes despersonalizados.

1. Natureza jurídica do animal

2. Obrigações “propter rem”.

Animais devem ser tratados como pessoas, entes despersonalizados ou devem ser tratados como coisas?
Consequências jurídicas.
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Concepção Monista do direito das coisas


Dentre as teses monistas ou unitarista do Direito podemos citar:

a. TEORIA PERSONALISTA: fundamenta-se nos ensinamentos de Kant de que não se pode aceitar a
instituição de uma relação jurídica diretamente entre a pessoa do sujeito e a própria coisa, já que
todo direito, correlato obrigatório de um dever, é necessariamente uma relação entre pessoas.
Autores como Ferrara, Ortolan Ripert, Planiol e Windscheid consideram o “direito real” como uma
obrigação passiva universal.
Para os personalistas três são os elementos constitutivos do direito real: o sujeito ativo, o sujeito
passivo e o objeto. Por exemplo: no direito de propriedade, o sujeito ativo é o proprietário, o passivo
toda a coletividade, e, o objeto, a coisa sobre a qual recai o direito. Assim, estamos diante de uma
obrigação de conteúdo negativo em que a coletividade deve respeitar o direito do proprietário e
abster-se da pratica de atos lesivos a esse direito.

b. TEORIA TRADICIONAL ou CLASSICA, o direito real consiste na relação entre a pessoa e uma coisa
determinada. O nosso direito pátrio está fundamentado na teoria CLASSICA ou REALISTA, onde o
Direito Real é caracterizado como uma “relação” entre o homem e a coisa, sem intermediários, e o
direito pessoal, como relação entre pessoas, o que trará modos de exercícios diferentes sobre o
objeto do direito, no Real diretamente sem intermediários, sobre a coisa, no Pessoal com a
intervenção de outro sujeito de direito.

c. TEORIA REALISTA RENOVADA: ela acredita que não existe um sujeito passivo universal, não existe
dois sujeitos de direitos, e a pessoa possui uma soberania absoluta sobre a coisa.

Diferença entre direitos reais e direitos pessoais


✓ Em relação ao sujeito:
a. Nos sujeitos pessoais há dualidade de sujeito obrigatoriamente: o ativo(credor)e o passivo (devedor),
identificados no instante em que se constitui a relação jurídica.
b. Nos direitos reais há um só sujeito: para a escola clássica é o ativo. O sujeito ativo é determinado por
ser titular do direito.

✓ Quanto à ação:
a. quando violados, os direitos pessoais atribuem ao seu titular a ação pessoal que se dirige apenas
contra o indivíduo que figura na relação jurídica como sujeito passivo, ao passo que;
b. os direitos reais, no caso de violação, conferem aos seu titular ação real contra quem indistintamente
detiver a coisa, pois os direitos reais possuem eficácia erga omnes.
Os direitos reais são absolutos (erga omnes), enquanto os obrigacionais são relativos (subjetivos ou
inter partes).

✓ Quanto ao objeto:
a. O objeto do direito pessoal é sempre uma prestação positiva (de dar, de fazer) ou negativa (de não
fazer) do devedor.
b. direito real pode ser coisas corpóreas ou incorpóreas.
O objeto do direito real é a coisa, enquanto o do obrigacional é a prestação.
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✓ Em relação ao limite:
a. o direito pessoal é ilimitado, sensíveis a autonomia da vontade;
b. o direito real, por sua vez, não pode ser objeto de livre convenção; está limitado e regulado
expressamente por norma jurídica. Não existe direitos reais criado pela autonomia da vontade, os
direitos reais só tem existência tiver previsão legal (art. 1225, CC).

✓ Em relação ao abandono:

O abondo é característico do direito real, podendo seu titular abandonar a coisa, nos casos em que não
queira arcar com os ônus.

Tal não pode ocorrer quanto ao direito de credito.

✓ Em relação à posse:

A posse só é possível no direito real por ser aposse a exterioridade do domínio. Embora haja direitos reais
que não comportam posse, como os que recaem sobre o valor da coisa (ex.: hipoteca, propriedade
literária, artística e cientifica, etc., ou seja, a posse só irá cair sobre bens corpóreos.

✓ Quanto ao direito de referência e sequela

Não pertencentes aos direitos pessoais, apenas aos direitos reais.

O art. 1.228 do CC estabelece ao proprietário o direito de reaver a coisa em face de quem a injustamente
detenha ou possua. É possível afirmar que ao titular do direito real de propriedade é garantido: "seguir a
coisa em poder de todo e qualquer detentor ou possuidor" (eficácia erga omnes).

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

A isto se denomina direito de sequela (jus persequendi ou praeferendi).

CARACTERÍSTICAS

1. Direito Pessoal:
a. Ilimitado quanto a criação.
b. O objeto pode ser coisa genérica determinável.
c. É eminentemente transitório, não é muito longa, visto que a obrigação nasce para ser cumprida.
d. Não podem ser usucapidos, não podem ser objetos de usucapião;
e. Sujeito passivo determinado.
f. A ação só contra aquele que figure na relação jurídica.
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2. Direito Real
a. É limitado quando a criação (Numerus Clausus).
Art. 1.225 do Código Civil e legislação em vigor;
b. O objeto é determinado;
c. Tende a perpetuidade, tende a durar eternamente; A perpetuidade há de ser entendida no
sentido de que os direitos reais poderão ser perpetuados no seio da mesma família, por meio do
direito sucessório, caso não sejam alienados.
d. Pode ser usucapido.
e. Ação contra quem quer que detenha a coisa (sequela)
f. Vinculo ligando uma coisa a uma pessoa.
g. Oponibilidade erga omnes (contra todos).
h. Sequela e preferencia
i. Adere ao bem corpóreos ou incorpóreos, sujeitando-o diretamente ao titular.
j. É passível de abandono.
k. É suscetível de posse.

CLASSIFICAÇÃO

a. Quanto à propriedade do bem


✓ Direitos reais sobre coisas próprias: apenas a propriedade.
✓ Direitos reais sobre coisa alheia: incidem sobre bem de propriedade de outrem. Quem dividem-se
em: direitos reais de gozo ou fruição; direitos reais de garantia; direito real de aquisição.

b. Quanto aos poderes do titular do direito real


✓ Direitos reais limitados: o proprietário reúne apenas algumas das faculdades inerentes à
propriedade;
✓ Direitos reais ilimitados: o proprietário reúne todos as faculdades inerentes a propriedade.

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE

Lembramos que o objeto de direito real tanto podem ser as coisas corpóreas, moveis ou imóveis,
quanto as incorpóreas.
Assim, podem existir direitos sobre direitos, que são bens incorpóreos.
Assim, as coisas apropriáveis são objeto de propriedade, que é o mais amplo direito real. Sinônimo de
propriedade é domínio.
Atualmente com a CF-88, existe a função social da propriedade, vedando-se ao dono deixa-la
improdutiva. É a função social da propriedade (que pode ser urbana ou rural). Interessa à coletividade
que seja respeitada a função social da propriedade.

O art. 5º, XXIII, CF, impede que a teoria relativa absoluta seja aceita.
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social.

Sujeitos

Sujeito ativo: titular do direito subjetivo absoluto sobre o bem. Pode exercer o direito de sequela e será
sempre possuidor (ainda que, dependendo do desdobramento da relação possessória, seja possuidor
indireto).
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Todo proprietário é possuidor? Sim, mesmo que ele não seja o possuidor direito, ele vai ser o possuidor
indireto.

Nem todo possuidor e proprietário.

POSSUIDOR→

PROPRIETÁRIO→

Obrigações “propter rem”.

Obrigação hibrida, cujo objeto da prestação está relacionado a um direito real. Assim, é um misto de
direito pessoal e real. A relação obrigacional nasce da qualidade que tem a parte como proprietário ou
possuidor da coisa, ou seja, só existe em razão da situação jurídica do obrigado. Ex.: obrigação importa aos
proprietários e inquilinos de um prédio de não prejudicarem a saúde, a segurança e sossego dos vizinhos.

Obrigação propter rem é a que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Só existe em
razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. É o que
ocorre, por exemplo, com a obrigação imposta aos proprietários e inquilinos de um prédio de não
prejudicarem a segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos (CC, art. 1.277). Decorre da contiguidade dos
dois prédios. Por se transferir a eventuais novos ocupantes do imóvel, é também denominada obrigação
ambulatória.

NÃO CONFUNDIR COM:

a. Ônus reais: limitações impostas ao exercício de um direito real.


b. Obrigação com eficácia real: relações obrigacionais que produzem eficácia erga omnes. Obrigações
com eficácia real são as que, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e
são oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado bem.
Tudo que for direito real tem que está registrado no cartório e terceiros devem cumprir a obrigação
contratual.

Em uma relação de locação, as taxas condominiais do contrato de locação devem ser de propriedade de
quem? Caso haja inadimplência quem o condomínio deve chamar? O proprietário, o inquilino ou os dois?

As taxas podem ser tanto do proprietário quanto do inquilino, efetiva aquele que o contrato prever esse
será responsável pelo pagamento. Mas normalmente quem paga é o proprietário.

Mas em caso de inadimplência, não importa quem deixou de pagar, o condomínio entra com ação de
cobrança contra o PROPRIETÁRIO.

Entendimento do STJ → PROCURAR.

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Posse
Só existe direito real se criado pela lei, pois as partes não podem criar direitos reais, e as partes podem
criar direitos obrigacionais, e criar contratos (art. 425, CC), mas não podem criar direitos reais porque os
direitos reais são mais poderosos, são juridicamente mais fortes, mais seguros, por isso SÓ A LEI PODE CRIÁ-
LOS.

➢ CONCEITO:

Propriedade é sinônimo de domínio, mas é muito diferente de posse. E o que é posse? Bem, posse não é
direito, pois não está relacionado como tal pelo art.1225. O legislador inclusive trata a posse em título
anterior ao título dos direitos reais.

“Art. 1.225. São direitos reais:


I — a propriedade; ...
Alguns juristas entendem que a posse é direito, outros preferem á corrente que considera a posse um fato,
e não um direito, ou seja, ela não é algo abstrato, ela é algo concreto.

A posse existe no mundo antes da propriedade, afinal a posse é um fato que está na natureza, enquanto a
propriedade é um direito criado pela sociedade; os homens primitivos tinham a posse dos seus bens, a
propriedade só surgiu com a organização da sociedade e desenvolvimento do direito.

A posse é a exteriorização da propriedade, que é o principal direito real; existe uma presunção de que o
possuidor é o proprietário da coisa. A propriedade só surgiu com o desenvolvimento do direito.

A posse é protegida para evitar a violência e assegurar a paz social, bem como porque a situação de fato
aparenta ser uma situação de direito. É, assim, uma situação de fato protegida pelo legislador.

A posse não é propriedade, não se trata de um direito real. Posse está inserida nos direitos das coisas.

Defere-se a posse quem tiver a propriedade e defere-se a propriedade quem estiver a posse, pois
normalmente elas estão interligadas, salvo prova em contrário.

Conceito legal:

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade.

Poderes da propriedade: Uso ou gozo, e uso e gozo da coisa.

➢ CARACTERÍSTICAS
1. Posse é um reflexo da defesa da paz social.
2. É o poder material que o sujeito de se exercer sobre a coisa.
3. “Possessio”: posse + sedere (poder material).
4. Conceito: poder exercido pelo homem sobre alguma coisa. (Uso ou gozo, e uso e gozo da coisa).
5. É a exteriorização do direito de propriedade.
6. Direito à posse (“jus possidendi”). Faculdade de possuir a coisa que decorre de um direito sobre
ela.
“Ius possession's é o direito fundado no fato da posse; ius possidendi é o direito fundado na
propriedade".
7. Propriedade tem direito à posse do bem adquirido.
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8. Como a posse não é direito expresso, a propriedade é mais forte do que a posse. Dizemos que a
posse é uma relação de fato transitória, enquanto a propriedade é uma relação de direito
permanente, e que a propriedade prevalece sobre a pose.
Súmula 487 do STF: Será deferida a posse a quem evidentemente tiver o domínio, se com base
neste for disputada.
Será deferida a posse a quem tiver a propriedade.

A posse é deferida a quem tem o domínio.

Detenção
Posse é menos do que propriedade, e DETENÇÃO é menos do que posse, em uma suposição hierárquica,
pois sim existe um estado de fato inferior à posse que é a detenção.

PROPRIEDADE

POSSE

DETENÇÃO

CONCEITO: Estado de fato que não corresponde a nenhum direito, ou seja, não possui proteção jurídica.

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.

Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao
bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.

Diferença entre posse e detenção

A posse apesar de ser considerada uma forma de conduta que se assemelha à de dono, não é possuidor o
servo na posse, aquele que a conserva em nome de outrem ou em cumprimento de ordens ou instruções
daquele em cuja dependência se encontre.

POSSUIDOR Exerce o poder de fato


em razão de um
interesse próprio.
DETENTOR Exerce um interesse de
outrem

Exemplo:

1. Caseiros que zelam por propriedade em nome do dono;


2. Saldado em relação às armas;
3. O motorista de ônibus;
4. Motorista particular;
5. O bibliotecário em relação aos livros;
6. Os domésticos quanto às coisas do empregador.
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Obs.: O Direito lhe dispensa proteção possessória.

Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PGM - João Pessoa - PB Prova: CESPE - 2018 - PGM - João Pessoa - PB -
Procurador do Município Leonardo, proprietário de uma chácara, contratou Tadeu para trabalhar como
caseiro, oferecendo-lhe moradia na propriedade onde o serviço deverá ser prestado.

Nessa situação hipotética, caso ocorra o esbulho da posse da chácara durante uma viagem de férias de
Leonardo, Tadeu

Gabarito: não terá legitimidade para ingressar com ação possessória, uma vez que a sua posse é mera
detenção.

Como presumir? Com a subordinação / cumprimento de ordem.

HIPÓTESES DE DETENÇÃO:

I. A primeira encontra-se no art. 1.198, CC.

Detenção dependente que decorre de uma subordinação.

Os servidores da posse, são aquelas pessoas vinculadas por um elo de subordinação - seja de direito
privado, seja de direito público - oneroso, ou gratuito, ao verdadeiro possuidor. Esta qualidade de detentor
pode ser alterada no plano dos fatos jurídicos.

Algumas pessoas não possuem posse, mas mera detenção por isso jamais poderá adquirir a propriedade
por usucapião dos bens que ocupam, pois só a posse prolongada enseja usucapião a detenção prolongada
não enseja nenhum direito.

O detentor pode tornar-se possuidor? Sim, depende do caso concreto. Exemplifica-se com o caseiro que,
depois de despedido, continua residindo na casa de veraneio, com conhecimento do proprietário, sendo,
nesse contexto, possuidor injusto e contando-se o lapso temporal para usucapião.

Aliás, esta é a orientação do Enunciado 301 da III Jornada de Direito Civil: "É possível a conversão da
detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos
atos possessórios".

II. A segunda encontra no art. 1.208, CC.

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua
aquisição os atos violentos, ou clandestinos, se não depois de cessar a violência ou a clandestinidade.

Permissão: autorização prévia, induvidosa e expressa. Quando alguém previamente autoriza a outrem
utilizar determinado bem, sem, contudo, abrir mão da própria posse, a isto se denomina permissão.

Tolerância: autorização posterior e tácita. Quando a pessoa tacitamente autoriza que outrem utilize 0 bem,
sem renunciar a posse.

(MPE)Foi considerada correta a questão: NÃO INDUZEM POSSE OS ATOS DE MERA PERMISSÃO OU
TOLERÂNCIA.

Exemplo: um grande amigo seu que, vindo do interior para a sua capital, em busca de emprego, pede para
passar um período em sua casa, o que você autoriza. Neste lapso temporal, em que seu amigo está em sua
casa, não há posse, mas mera detenção, haja vista a sua autorização.
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Obs.: É possível a usucapião de bem móvel proveniente de crime após cessada a clandestinidade ou a
violência.

III. Terceira hipótese

Art. 1.208. (...) assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, ...

Violenta é aquela posse adquirida por meio de violência ou grave ameaça à pessoa, aqui é possível ser
realizada uma analogia ao roubo.

Clandestina é aquela posse adquirida por destreza, sendo viável a analogia ao furto.

Exemplo: Caso invadam a posse de João, mediante violência ou grave ameaça, durante a referida invasão
(na luta pela terra), não há posse ao invasor, mas mera detenção, pois a violência, ainda, não cessou.

Obs.: “(..)se não depois de cessar a violência ou a clandestinidade.”

Quando cessada a referida violência, o invasor passará a ter posse, injusta. Quando o ladrão obtém o poder
material da coisa ele é detentor, mas quando cessar a violência ou a clandestinidade, e ele utilizar a coisa,
para si como se fosse dono, e o proprietário deixar de exercer o direito de sequela, o ladrão pode sair da
figura de detentor para virar possuidor e até mesmo vira possuidor.

IV. Quarta hipótese

Diz respeito aos bens públicos, que não podem ser usucapidos.

Teorias
Tais teorias são fundadas no desejo de identificar, a partir dos elementos da posse, o seu conceito. Estamos
nos referindo à Teoria Subjetiva da Posse, de Savigny, e a Teoria Objetiva da Posse, de lhering.

TEORIA SUBJETIVA – teoria subjetiva


Em Síntese, para a Teoria Subjetiva:
Corpus (Elemento Objetivo, Domínio Físico)
+
Animus Rem Sibi Habendi
(Elemento Subjetivo ou Espiritual, a
intensão)
=
Posse

Para Savigny, a posse caracteriza-se pela conjugação de dois elementos:

I. corpus, elemento objetivo que consiste na detenção física da coisa;


II. animus, elemento subjetivo, que se encontra na intenção de exercer sobre a coisa um poder no
interesse próprio e de defendê-la contra a intervenção de outrem. Não é propriamente a
convicção de ser dono, mas a vontade de tê-la como sua de exercer o direito de propriedade
como se fosse o seu titular.
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Assim, para este jurista, o locatário, o usufrutuário, o comodatário não teriam posse pois sabem que não
são donos. Tais pessoas teriam apenas detenção, não poderiam sequer se proteger como autoriza o art.
1210 caput e §1.

Exemplo: O inquilino não poderia defender a casa onde mora contra um ladrão, pois o inquilino seria mero
detentor.

PORQUE ESSA TEORIA NÃO É ACEITA? Por que Savigny errou ao valorizar demais o animus.

Conceito de posse de Savigny: posse é o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente de uma coisa
(corpus) com a intenção de tê-la para si (animus).

TEORIA DE IHERING – Teoria objetiva

Em síntese:
Teoria Objetiva: Posse = Corpus
(conduta de dono).

Nessa teoria o possuidor é a pessoa que se comporta como se fosse proprietária da coisa, imprimindo
destinação econômica a ela, independentemente da demonstração do animus.

A posse é considerada, pela teoria objetiva, como um direito a ser protegido para a preservação,
consequencial, da própria propriedade.

Diz Ihering que se o proprietário tem a posse, não há necessidade de distinção entre elas. O proprietário,
porém, pode transferir sua posse a terceiros para um melhor uso econômico. Exemplo, um medico¹professor
que herda uma fazenda não vai saber administra-la, é melhor então aluga-la/arrenda-la a um
agricultor/empresário. Assim a posse se fragmenta em posse indireta (do proprietário) e posse direita (do
locatário/usufrutuário/comodatário). Ambos os possuidores tem direito a exercer a proteção possessória do
art.1.210.

O POSSUIDOR TEMO “CORPUS”, PORÉM O “ANIMUS” É RELATIVIZADO.

São possuidores (diretos) o locatário, o comodatário, o usufrutuário, o depositário.

São possuidores todos os que usam a coisa com um título jurídico, mas não aspiram a propriedade.

Tem a “possessio ad interdicta” (proteção possessória) mas não a “possessio ad usucapione” (posse que
gera a propriedade.

Conceito de posse de Ihering: posse é a relação de fato entre pessoa e coisa para fim de sua utilização
econômica, seja para si, seja cedendo-a para outrem.

Nosso Código adota a Teoria de Ihering.


(FUNRIO - INSS - Analista - Direito - 2014) A teoria da posse, adotada pelo Código Civil brasileiro, denomina-
se: a) teoria subjetiva de Savigny. b) teoria fazendária de Caio Mário da Silva Pereira. c) teoria privatista. d)
teoria objetiva de lhering. e) teoria patrimonialista. Gabarito: D

Importantes diferenças entre as duas teorias:

a. Enquanto Savigny enxerga a detenção como um corpus - entendido como poder físico - sem o
animus - desprovido de intenção.
b. lhering enxerga a detenção como o corpus - conduta de dono - com um obstáculo legal que impeça a
posse.
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Na pratica, a diferença entre as teorias é porque para Ihering o proprietário e o possuidor direto podem
defender a posse, já que o proprietário permanece possuidor indireto, exemplo: o MST invade uma fazenda
arrendada ou alugada, então tanto o proprietário como o arrendatário podem defender as terras e/ou
acionar a Justiça.

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de
direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto
defender a sua posse contra o indireto.

Objeto
Pode ser objeto de posse:

a. Coisa material
b. Corpórea
c. Que ocupam lugar no espaço.

Coisa que pode ser tocada. Assim, todas as coisas moveis e imóveis que ocupam lugar no espaço podem ser
possuídas e protegidas.

Essa é a regra geral, embora admita-se com controvérsias a possibilidade de posse de coisas imateriais
como linhas telefônicas, energia elétrica, sinal de TV por assinatura, marcas e patentes protegidas pela
propriedade intelectual, etc.

Não há detenção material nos direitos autoriais, nos direitos de credito, nas obrigações de fazer e não-
fazer, entre outros. Mas alguns contratos exigem a transferência da posse para sua formação como locação,
deposito e comodato.

Outros contratos não transferem só a posse, mas também a propriedade da coisa como compra e venda,
doação e mutuo.

Sumula 228, STJ. “é inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.”

Classificação da posse
OBJETIVA: Esta classificação leva em conta elementos externos, visíveis, e divide a posse em justa e injusta.

a. posse injusta é a violenta, clandestina ou precária.


✓ A posse violenta nasce da força (ex: invasão de uma fazenda, de um terreno urbano, o roubo de um
bem).
✓ A posse clandestina é adquirida na ocultação (ex: o furto), às escondidas, e o dono nem percebe o
desapossamento para tentar reagir como permite o § 1º do art. 1.210. É 0 caso do cidadão que tem
uma fazenda ao lado da sua e, então, desloca a cerca alguns metros para dentro da sua posse, sem 0
seu conhecimento. Ou, ainda, a invasão de uma casa de praia no período de inverno.
✓ A posse precária é a posse injusta mais odiosa porque ela nasce do abuso de confiança (ex: o
comodatário que findo o empréstimo não devolve o bem; o inquilino que não devolve a casa ao
término da locação; A pede a B para entregar um livro a C, porém B não cumpre o prometido e fica
com o livro, abusando da confiança de A); caseiro, até então detentor do seu quarto, que se nega a
sair da casa após o seu desligamento.
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A posse injusta, não há em regra, proteção jurídica.

Todas essas três espécies de posse injusta na verdade não são posse, mas detenção (art. 1208).

b. A posse justa é o contrário (art. 1.200): é aquela destituída de violência, clandestinidade ou


precariedade, sendo uma "posse limpa", sem nenhuma repugna do direito.

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

(FCC - Defensor Público - DPE - MA/2018) Fernando recebeu por comodato a posse de uma casa.
Entretanto, Flávio, proprietário do imóvel, após alguns meses, notificou extrajudicialmente Fernando para
que lhe devolvesse o bem. Caso Fernando recuse a restituição, em afronta à boa-fé objetiva e à proteção da
confiança legítima, estar-se-á diante da: a) legítima defesa da posse, tornando-a em posse de má-fé. b)
interversão da posse, tornando-a em posse injusta em razão da violência. c) interversão da posse, tornando-
a em posse injusta em razão da clandestinidade. d) interversão da posse, tornando-a em posse injusta em
razão da precariedade. e) legítima defesa da posse, por ser a posse de boa-fé
Gabarito: Letra D.

( VUNESP) Abel, sabendo que um terreno de propriedade de seu irmão Caim estava vazio e desocupado, resolveu invadi-lo. No dia da
invasão, Caim, ao tomar conhecimento de que o seu terreno estava sendo invadido por Abel, foi até o imóvel e, por sua própria
força, tentou retirá-lo, mas foi violentamente impedido, após um confronto físico entre ambos. A respeito do caso, pode-se
corretamente afirmar que:

A. Caim cometeu crime de exercício arbitrário das próprias razões, pois não poderia, por força própria, mesmo antes da invasão se
consumar, tentar impedir a invasão.
B. a posse de Abel é precária.
C. a posse de Abel é injusta.
D. Abel, em razão da tentativa de retomada de Caim, tem posse justa, mas violenta.
E. Abel deverá ajuizar ação de manutenção de posse, tendo em vista ter posse justa, em razão da violência praticada por Caim.
O relevante é porque a posse (detenção) violenta e a clandestina podem convalescer, ou seja, podem se
curar e virar posse quando cessar a violência ou a clandestinidade, e o ladrão passar a usar a coisa
publicamente, sem oposição ou contestação do proprietário.

Ao contrário, a detenção precária jamais convalesce, nunca quem age com abuso de confiança pode ter a
posse da coisa para com o passar do tempo se beneficiar pela usucapião e adquirir a propriedade. O ladrão e
o invasor até podem se tornar proprietários, mas quem age com abuso de confiança nunca.

Posse violenta ou clandestina Detenção precária


Pode virar posse Não pode virar posse

SUBJETIVA: A classificação subjetiva leva em conta a condição psicológica do possuidor, ou seja, elementos
internos/íntimos do possuidor, e divide a posse em de boa-fé e de má-fé.

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da
coisa.

➢ A posse é de boa-fé quando o possuidor tem a convicção de que sua posse não prejudica ninguém
(1.201).
➢ A posse é de má-fé quando o possuidor sabe que tem vício. Exemplo: Art. 1201; comprar bem de
um menor que tinha identidade falsa;

Ex: A aluga uma casa a B e proíbe sublocação; C não sabe de nada, e B subloca a C; C está de boa-fé pois tem
um contrato com B, porém sua boa-fé cessa quando A comunicar a C que B não podia sublocar – art. 1.202.
14

Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias
façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.

Boa-fé O possuidor acredita ser o proprietário da coisa,


pois desconhece o vício ou impedimento que tire
esse título.
Má-fé O possuidor tem ciência de algum vicio

Presunção de boa-fé

A posse de boa-fé, embora íntima, admite um elemento externo para facilitar a sua comprovação. Este
elemento externo é chamado de “justo título”, ou seja, um documento adequado para trazer
verossimilhança à boa-fé do possuidor.

Justo título é a justa causa, o justo motivo, independentemente de documento específico comprobatório da
posse.

1.201. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em
contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.

Enunciado 302: "Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé 0 ato jurídico capaz de transmitir
a posse ad usucapio nem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil".

Enunciado 303, assim redigido: "Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor o
justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento
público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse".

Em geral a posse injusta é de má-fé e a posse justa é de boa-fé, porém admite-se posse injusta de boa-fé
(ex: comprar coisa do ladrão, 1203; é injusta porque nasceu da violência, mas o comprador não sabia que
era roubada), e posse justa de má-fé (ex: o tutor comprar bem do órfão, o Juiz comprar o bem que ele
mandou penhorar, mesmo pagando o preço correto, é vedado pelo art. 497; a posse é justa porque foi pago
o preço correto, mas é de má-fé porque tem vício, porque viola a ética, a moral, e a própria lei).

Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.

Composse
É a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a
mesma coisa. Há, portanto, um condomínio de posses.

Art. 1.199 CC. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos
possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.

Requisitos:

I. Pluralidade de sujeitos
II. Indivisa ou em estado de indivisão.

É a posse exercida por duas ou mais pessoas, como o condomínio é a propriedade exercida por duas ou
mais pessoas (1.199). A composse pode ser tanto na posse direta como na indireta.
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Exemplo: dois irmãos herdam um apartamento e alugam a um casal, hipótese em que os irmãos
condôminos terão composse indireta e o casal a composse direta).

Aquisição da posse
Para adquirir a posse de um bem, basta usar, fruir (gozar) ou dispor desse bem. Pode ter apenas um, dois
ou os três poderes inerentes à propriedade que será possuidor da coisa (1204: “em nome próprio” para
diferenciar a posse da detenção do 1.198).

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade ao domínio.

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder
de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

✓ Usar (servir-se da coisa);


✓ Fruir (gozar é retirar frutos e utilizar os produtos da coisa);
✓ dispor de um bem (poder de se desfazer, consumir ou gravar a coisa).

Quando adquire a posse?

Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio,
de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.

Exemplos de aquisição da posse:

 Através da ocupação ou apreensão (pescar um peixe, pegar uma concha na praia, pegar um sofá
abandonado na calçada).
 Através de alguns contratos (compra e venda, doação, troca, mútuo – vão transferir posse e
propriedade; já na locação, comodato e depósito só se adquire posse).
 Através dos direitos reais (usufruto, superfície, habitação, alienação fiduciária),
 Através do direito sucessório (1784).

Na hipótese de ocupação (ou apreensão) se diz que a aquisição da posse é originária, pois não existe
vínculo com o possuidor anterior. Nos demais casos, a aquisição da posse é derivada de alguém, ou seja, a
coisa passa de uma pessoa para outra, com os eventuais vícios.

A aquisição da posse pode se dar pela própria pessoa, por seu representante (legal ou convencional) ou
por terceiro, sem procuração ou mandato, desde que haja ratificação posterior (CC, art. 1.205). Tal aquisição
poderá ser originária ou derivada:

Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:


I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

a. Aquisição originária dar-se-á independentemente de translatividade ou vontade do possuidor


originário. Decorrerá, em regra, de ato unilateral, a exemplo da apropriação (apreensão) de coisas
abandonadas, pela usucapião.
b. Aquisição derivada demanda a existência de posse anterior, transmitida com a anuência do
possuidor primitivo, sendo, em regra, bilateral. Exemplifica-se com a tradição da posse.
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Obs.: na modalidade de aquisição derivada, a coisa passa com eventuais vícios, todos os vícios quem estão
com o bem, passam para o nome possuidor, mas no caso da aquisição originaria, não passa. Exemplo:
comprar coisa de um ladrão não gera posse, mas sim detenção violenta, salvo vindo a detenção a
convalescer, virando posse e depois propriedade pela usucapião; 1208 e 1261).

A posse, uma vez adquirida, pode ser transmitida com os mesmos caracteres da sua aquisição (CC, arts.
1.203 e 1.206).

Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.

A isto se denomina de princípio da continuidade da posse, a qual se consubstancia na chamada acessão da


posse ou acessio poessessionis.

Para Maria Helena Diniz, tecnicamente, deve-se utilizar a palavra sucessão para a acessão da posse causa
mortis e união para a acessão inter vivos. A doutrina majoritária, porém, vem tratando as expressões como
sinônimas, usando tanto para a continuidade mortis causa, como inter vivos, o termo acessão da posse.

(Ano: 2016 - Banca: CESPE - Órgão: Tj/DFT - Prova: Juiz de Direito Substituto) Verificou-se como correta a
alternativa: "A posse pode ser adquirida por terceiro, sem mandato do pretendente, caso em que a
aquisição depende de ratificação".

Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: TJ-SC Prova: Juiz Substituto: A posse de um imóvel foi considerada incorreta a
seguinte assertiva: só pode ser adquirida pela própria pessoa que a pretende, mas não por representante ou
terceiro sem mandato, sendo vedada a ratificação posterior.

Perda da posse
Perde-se a posse quando a pessoa deixa de exercer sobre a coisa qualquer dos três poderes inerentes ao
domínio (= propriedade), conforme 1223, 1196 e 1204.

Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao
qual se refere o art. 1.196.

Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia
dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.

Perde-se a posse por:

1. Abandono: renunciar à posse, é a res derelictae = coisa abandonada.

Maria Helena Diniz, O possuidor, intencionalmente, se afasta do bem, visando não mais ter a sua
disponibilidade física ou exercer qualquer ato possessório. O abandono da posse nem sempre
ocasionará, ato contínuo, o da propriedade. Abandona- -se a posse, mas não a propriedade.

É como colocar na calçada um sofá velho; mas tijolo na calçada em frente de uma casa em obra não é
coisa abandonada, é preciso sempre agir com razoabilidade;

2. Tradição: entrega da coisa a outrem com ânimo de se desfazer da posse, a transferência do bem,
com a intenção de não mais conservá-lo em sua posse, em virtude de uma doação, por exemplo.

É como ocorre nos contratos de locação, compra e venda, comodato, etc.; entregar a chave do carro ao
motorista/manobrista não transfere posse, só detenção);
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3. Perda da coisa res a missa; a perda é involuntária e permanente; está se configura quando não
mais for possível encontrá-la, com uma joia que se perdeu no fundo do mar, ou um cão de
estimação que fugiu e nunca mais foi achado. ocorre quando a pessoa não encontra a coisa perdida
e quem a encontrou e não a devolve.

4. Pela sua colocação fora do comércio (ex: o governo decide proibir o cigarro, 104, II);

5. Pela posse de outrem (invasor, ladrão) superior a um ano e um dia, mesmo contra a vontade do
legítimo possuidor; antes de um ano e um dia (558 e parágrafo único do Novo CPC) o invasor/ladrão
só tem detenção - 1208; após esse prazo já tem posse, e após alguns anos terá propriedade através
da usucapião, isso tudo se o proprietário permitir e não estiver questionando na Justiça a perda do
seu bem;

Efeitos da posse
1. Direito à legítima defesa, ou desforço imediato, ou autodefesa da posse àquele que sofreu lesão à
posse que, "por sua própria força", pratique atos em legítima defesa, "contanto que o faça logo" e não
indo "além do indispensável à manutenção ou restituição da posse" do § 1º do 1210, afinal quem não
defende seus bens, móveis ou imóveis, não é digno de possuí-los. Se o possuidor não age “logo”
precisa recorrer ao Poder Judiciário, para não incidir no 345 do Código Penal.

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

LIMITES: Os limites desta autodefesa são os mesmos da legítima defesa do direito penal, ou seja,
deve-se agir com moderação, mas usando os meios necessários.

§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à
manutenção, ou restituição da posse.

De acordo com o art. 1.210, § 1º, do Código Civil, o possuidor esbulhado poderá restituir-se por sua
própria força, desde que o faça logo.

2. Direito aos interditos: interdito é uma ordem do Juiz e são três as ações possessórias que se pode
pedir ao Juiz quando o possuidor não tem sucesso através do desforço imediato. Esta matéria é de
interesse processual, vocês vão aprofundar esse assunto em processo civil, mas vale tecer alguns
comentários:
➢ ação de interdito proibitório: é uma ação preventiva usada pelo possuidor diante de uma séria
ameaça a sua posse (ex: os jornais divulgam que o MST vai invadir a fazenda X nos próximos dias).
O dono (ou possuidor, ex: arrendatário/locatário) da fazenda ingressa então com a ação e pede ao Juiz
que proíba os réus de fazerem a invasão sob pena de prisão e sob pena de multa em favor do autor da
ação. (vejam a parte final do art. 1210, caput).

➢ ação de manutenção de posse: esta ação é cabível quando houver turbação, ou seja, quando já
houve violência à posse:
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Ex: derrubada da cerca, corte do arame, cerco à fazenda, fechamento da estrada de acesso).
O possuidor não perdeu sua posse, mas está com dificuldade para exerce-la livremente conforme
os exemplos. (vide art 1.210 parte inicial). O possuidor pede ao Juiz para ser mantido na posse,
para que cesse a violência e para ser indenizado dos prejuízos sofridos.

➢ Ação de reintegração de posse: esta ação vai ter lugar em caso de esbulho, ou seja, quando o
possuidor efetivamente perdeu a posse da coisa pela violência de terceiros. O possuidor pede ao
Juiz que devolva o que lhe foi tomado. Esta ação cabe também quando o inquilino não devolve a
coisa ao término do contrato, ou quando o comodatário não devolve ao término do empréstimo.
A violência do inquilino e do comodatário surge ao término do contrato, ao não devolver a coisa,
abusando da confiança do locador/comodante. (vide 1210 no meio). O possuidor pede ao Juiz
para ser reintegrado na posse.
Afirma Maria Helena Diniz, é recuperar a posse perdida por violência, clandestinidade ou
precariedade, bem como buscar tutela indenizatória por perdas e danos.

No caso de ameaça a posse caberá ação de interdito proibitório


(risco de atentado à posse)
No caso de turbação caberá ação de manutenção de posse
(atentados fracionados à
posse
No caso de esbulho (atentado caberá ação de reintegração de posse.
consolidado à posse)

Obs. Estas três ações cabem para defender móveis e imóveis, sendo fungíveis.

Foi considerada incorreta a seguinte assertiva: Luís tem a posse de um terreno de 830 m2 (oitocentos e
trinta metros quadrados). Certo dia, a área de 310 m2 (trezentos e dez metros quadrados) desse terreno foi
invadida. A ação cabível no caso é a de manutenção de posse.

Outra coisa muito importante: estas ações devem ser propostas no prazo de até um ano e um dia da
agressão (art. 558 e parágrafo único do CPC), pois dentro deste prazo o Juiz pode LIMINARMENTE
determinar o afastamento dos réus que só tem detenção; após esse prazo, o invasor já tem POSSE VELHA e o
Juiz não pode mais deferir uma liminar, e o autor vai ter que esperar a sentença que demora muito. Por isso
é preciso agir dentro do prazo de um ano e um dia (DETENÇÃO ou POSSE NOVA) para se obter uma grande
eficácia na prática. Se o réu tem POSSE VELHA, o Juiz deve negar a liminar, mantendo o estado de fato, até
que após formar todo o processo o Juiz julgue o estado de direito (art. 1211, súmula 487 STF).

3. Direito aos frutos e aos produtos: O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos e aos produtos da
coisa possuída (art. 95 e 1214).
Frutos são bens acessórios, sendo utilidades renováveis que a coisa produz periodicamente.

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.

Então o arrendatário de uma fazenda pode retirar os frutos e os produtos da coisa durante o contrato. Os
frutos diferem dos produtos pois estes são esgotáveis, são exauríveis (ex.: uma pedreira), enquanto os frutos
se renovam.

Os frutos podem ser:

➢ Naturais: Gerados pelo bem principal sem a necessidade da direta intervenção humana. São
gerados sem o esforço humano, ex.: crias dos animais, frutas das árvores, safra de uma plantação)
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➢ Industriais: decorrentes da atividade industrial humana (ex.: produção de uma fábrica de carros)
➢ Civis Utilidades que a coisa periodicamente produz, mas não resultam da natureza, como aluguéis,
rendimentos de aplicações (Parágrafo único do 1214, e 1215).

Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de
deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com
antecipação.

Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os
civis reputam-se percebidos dia por dia.

O possuidor de má-fé não tem esses direitos (1216), salvo os da parte final do 1216 afinal (tem direito às
despesas da produção e custeio), mesmo de má-fé, gerou riqueza na coisa.

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que,
por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas
da produção e custeio.

4. Direito à indenização e retenção por benfeitorias:

Se o possuidor realiza benfeitorias, benfeitorias são bens acessórios. (melhoramentos, obras, despesas,
plantações, construções) na coisa deve ser indenizado pelo proprietário da coisa, afinal a coisa sofreu uma
valorização com tais melhoramentos.

Se o proprietário não indenizar, o possuidor poderá exercer o direito de retenção, ou seja, terá o direito de
reter (conservar, manter) a coisa em seu poder em garantia dessa indenização (desse crédito) contra o
proprietário.

Obs.: Mas tais direitos de indenização e de retenção não são permitidos pela lei em todos os casos.

Se o possuidor está de boa-fé (ex: inquilino, comodatário, usufrutuário, tec.) terá sempre direito à
indenização e retenção pelas benfeitorias necessárias; já as benfeitorias voluptuárias poderão ser levantadas
(retiradas) pelo possuidor, se a coisa puder ser retirada sem estragar e se o dono não preferir comprá-las,
não cabendo indenização ou retenção.

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como,
quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e
poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

• Conservá-la: são as benfeitorias necessárias, como a reforma de uma viga, tubulação etc.
• Melhorá-la: são as benfeitorias úteis, que aumentam e facilitam o uso do bem, como a abertura do
vão de entrada da casa ou a construção de uma piscina em uma academia para que, além da
ginástica, haja aulas de natação.
• Embelezá-la: são as benfeitorias voluptuárias, visando o mero deleite ou recreio, como uma
escultura talhada na parede de pedra do imóvel, um chafariz, um painel de granito em uma casa,
uma piscina em uma área de lazer etc.

Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.


§ 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem
mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2º. São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
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Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do
proprietário, possuidor ou detentor.

Quanto às benfeitorias úteis, existe mais um detalhe: é preciso saber se tais benfeitorias úteis foram
expressamente autorizadas pelo proprietário para ensejar a indenização e retenção.

RESUMINDO: em todos os casos de transmissão da posse (locação, comodato, usufruto), o possuidor de


boa-fé terá sempre direito à indenização e retenção pelas benfeitorias necessárias; nunca terá tal direito
com relação às benfeitorias voluptuárias; e terá tal direito com relação às benfeitorias úteis se foi
expressamente autorizado pelo proprietário a realizá-las.

Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto
A respeito da posse, é CORRETO afirmar: Gabarito: É assegurado ao possuidor de boa-fé o direito à indenização pelas
benfeitorias necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, estas, se não forem pagas, poderão ser levantadas, desde que
não prejudiquem a coisa.

Já ao possuidor de má-fé se aplica o 1.220, ou seja, nunca cabe direito de retenção, não pode retirar as
voluptuárias e só tem direito de indenização pelas benfeitorias necessárias. Não pode nem retirar as
voluptuárias até para compensar o tempo em que de má-fé ocupou a coisa e impediu sua exploração
econômica pelo proprietário (melhor possuidor).
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o
direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

Terá direito à indenização e retenção das benfeitorias necessárias e úteis.


Possuidor de boa-fé Quanto às voluptuárias, apenas poderá levantá-las quando possível (sem prejuízo da
coisa).
Possuidor de má-fé Somente será ressarcido nas benfeitorias necessárias, sem direito à retenção.

Obs.: Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar
entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
5. Direito a usucapir:
(= captar pelo uso = usucapião)
Para alguns autores este é o principal efeito da posse, o direito de adquirir a propriedade pela posse
durante certo tempo. A posse é o principal requisito da usucapião, mas não é o único.

6. Responsabilidade do possuidor pela deterioração da coisa:


A coisa perece para o dono. Assim, se eu alugo meu carro a José (posse de boa-fé) e o carro é furtado ou
atingida por um raio, o prejuízo é meu e não do possuidor (1217).
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
O possuidor de boa-fé tem responsabilidade subjetiva, só indeniza o proprietário se agiu com culpa para a
deterioração da coisa (ex: deixou a chave na ignição e facilitou o furto).
Já o possuidor de má-fé pode ser responsabilizado mesmo por um acidente sofrido pela coisa, conforme
1218, salvo se provar a parte final do 1218:

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo
se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.

Exemplo: um raio atinge minha casa que estava invadida, o invasor não tem responsabilidade pois o raio
teria caído de todo jeito, estivesse a casa na posse do dono ou do invasor).
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O possuidor de má-fé tem, de regra, responsabilidade objetiva, não necessita de culpa para ser
responsabilizado civilmente, exemplo: A empresta o carro a B para fazer a feira, mas B passa dois dias com o
carro que termina sendo furtado no trabalho de B).
Possuidor de boa-fé Não responde por perdas ou deterioração da coisa.
Possuidor de má-fé Responde pela perda ou deterioração, ainda que acidentalmente.
Exceção: caso ele prove que aconteceria de qualquer modo.

7. Direito a inversão do ônus da prova:


A aparência (presunção) é a de que o possuidor é o dono, assim cabe ao terceiro reivindicante provar sua
melhor posse ou sua condição de verdadeiro dono (1211).

Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a
coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.

Na dúvida, se mantém a coisa com quem já estiver.

Propriedade
A propriedade é superior a posse.
Evolução do direito de propriedade:
➢ Período romano: a propriedade coletiva foi dando lugar à individual;
➢ Idade Média: o povo tinha que contribuir onerosamente em favor dos fundos nobre, sendo que as
mais humildades eram despojadas de suas terras;
➢ Após a Revolução Francesa: assumiu feição marcadamente individualista;
➢ Na atualidade: desempenha uma função social e de ser exercida em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados a econômicas e socias e de modo
que sejam preservados a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio
histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

CF, ART.5, XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;


Função social da Propriedade: Art. 1.228, §1 e §2, CC.

Direito de propriedade
É o mais importante e complexo direito real. É o único direito real sobre a coisa própria (sobre os nossos
bens), poisos demais direitos reais do art. 1225são direitos reais sobre as coisas alheias, sobre os bens de
terceiros, I, CC).

Conceito: É o direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e
dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindica-lo de quem injustamente o detenha.

Elementos constitutivos:

✓ Direito de USAR: jus utendi; Faculdade de o dono servir-se da coisa e de utilizá-la da maneira que
entender mais conveniente, podendo excluir terceiros de igual uso. Tirar da coisa todos os serviços
que ela pode prestar sem alterar a sua substância.
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✓ Direito de GOZAR ou usufruir: jus fruendi; é o poder de perceber os frutos naturais ou civis da coisa e
de aproveitar economicamente os seus produtos.
✓ Direito de DISPOR da coisa: jus abuntendi; Poder jurídico de aliená-la a qualquer título, abrangendo
a faculdade de consumir ou gravar a coisa
✓ Direito de REAVER a coisa: reivindicatio. É poder que tem o proprietário de propor ação para obter o
bem de quem injustamente o possua ou detenha. (Direito de Sequela).

GRUD
EXEMPLIFICANDO:

Uma casa: a) usar: habitar; b) gozar: alugar; c) dispor: vender ou demolir e d) reaver: propor ação contra
quem a possua sem título.

Espécies de Propriedade:

1. Plena ou ilimitada: quando as três faculdades/poderes do domínio (uso, fruição e disposição) estão
concentradas nas mãos do proprietário e não existe nenhuma restrição.

2. Limitada: quando ocorre o desmembramento de um ou alguns de seus poderes, subdivide-se em:


a. Restrita: quando a propriedade está gravada com ônus real, como a hipoteca e penhor (direito
reais de garantia), ou quando o proprietário, por exemplo, cedeu a coisa em usufruto para
outrem e ficou apenas com a disposição e posse indireta do bem.
b. Resolúvel: é aquela que pode ser resolvida/extinta, ou seja, que pode ser extinta, e só se tornará
pela após certo tempo ou certa condição. Como na hipótese de retrovenda do 505; na alienação
fiduciária em garantia do 1.361; no fideicomisso do 1.954. Ver ainda o 1.359.

Características:

a. Complexidade: pelo conceito legal de propriedade se percebe porque se trata de um direito


complexo. A complexidade é justamente porque a propriedade é a soma de três faculdades e mais
esse direito de reaver de terceiros.
b. Caráter exclusivo: pertence a uma pessoa, até que se prove em contrário. Isso porque não costuma
pertencer a mais de uma pessoa, salvo em casos de copropriedade, presumindo-se plena e exclusiva,
na forma do art. 1.231 do CC.
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
c. Caráter irrevogável ou perpétuo: não se extingue pelo não-uso, ao passo que se mantém mesmo
que não haja 0 exercício efetivo deste, não se findando por não uso, ressalvadas as situações
excepcionais, a exemplo da usucapião.
Resumindo: Se não usar a coisa, não perde, mas corre o risco de perder.
d. Caráter elástico: o domínio pode ser distendido ou contraído no seu exercício, conforme lhe
adicionem ou subtraiam poderes destacáveis.
e. Caráter absoluto: É absoluto também porque se exerce contra todos, é direito erga omnes, todos
vocês têm que respeitar minha propriedade sobre meus bens e vice-versa.
Lembrando que, respeitar a função social é o limite ao direito de propriedade, ou seja, proprietário
autorizado a utilizar o bem da forma que bem entender, desde que respeitada a função
socioambiental deste.
23

Quando uma propriedade não cumpre sua função social, o Estado a desapropria não para si (o que
seria comunismo ou socialismo) para outros particulares que possam melhor utiliza-la.

Capeella
Objeto do direito de propriedade:

✓ Bens corpóreos:
a. Moveis;
b. Imóveis.
✓ Bens incorpóreos- Lei n.9610/98, CF art.5 XXIX e XXVII. Exemplo: a pessoa mais rica do mundo hoje
(Fundador da Amazon, Jeff Bezos).

Descoberta
Descoberta é o achado de coisa que foi perdida por seu dono e o descobridor é a pessoa que encontra.

Obs.: Além de um ilícito civil, trata-se também de um ilícito penal → Art.169, §2, CP
“Apropriação de coisa achada”.

II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de
restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente,
dentro no prazo de quinze dias.

O que se deve fazer se achar algo perdido? Deve restitui-la ao dono ou ao legitimo possuidor.

Aquele que achar coisa alheia perdida tem o dever de restitui-la ao dono ou legitimo possuir, e quando
desconhecidos, deve procurá-los.

Caso não obtenha êxito, o descobridor deverá entregar a coisa achada à autoridade competente. O
descobrir tem uma obrigação legal, de procurar o dono, e se não encontrar, deve entregar a coisa para à
autoridade competente (qualquer autoridade pública, ou até achados e perdidas de determinados lugares).

Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.

Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a
coisa achada à autoridade competente.

A lei privilegia o descobridor de boa-fé e seus atos de descobridor, confere a este uma recompensa pela
devolução do bem. É um dever legal o dono recompensar o descobridor do objeto com uma recompensa
que não seja inferior a 5% do valor da coisa, além da indenização pelas despesas se houverem com a
conservação e o transporte da coisa.

E o se o dono não pagar? O sujeito (descobridor) pode pleitear seu direito na justiça. O dono também pode
abandona-la a coisa, a favor do descobridor, ou seja, da o objeto para o descobrir.

Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma
recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito
com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.

Se o descobrir e o dono não chegarem ao meio termo sobre o pagamento, levará em juízo, será levado em
consideração três requisitos:

1. Esforço desenvolvido pelo descobridor


24

2. As possibilidades de encontra-la
3. Situação econômica de ambos.

Obs.: esse valor deve não pode ser inferior à 5%, mas se o descobrir aceitar um percentual menor, não era
problema.

Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido


pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de
encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.

Descobridor de má-fé: não terá direito de recompensa.

Ler o art.1.237 e parágrafo único CC

O descobridor respondera pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legitimo quando tiver
procedido com DOLO, hipótese em que o ônus da prova caberá a estes, uma vez que se presume a boa-fé do
descobridor.

Atenção: Corrente majoritária entende que deve ser somente com dolo, seja dolo direito ou eventual,
quando for culpa no sentido estrito de imprudência ou negligente, não faz o descobridor responder pelos
prejuízos causados ao proprietário.

Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legítimo, quando
tiver procedido com dolo.

Para a descoberta chegar ao conhecimento do dono, as autoridades tem a possibilidade de usar meios de
informações e impressas.

Para fins práticos, a autoridades só faz isso quando a coisa achada é de elevado valor, exemplo: quantidade
de dinheiro, joias.

Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da imprensa e outros meios
de informação, somente expedindo editais se o seu valor os comportar.

Se a coisa perdida não for encontrada pelo dono em até 60 dias poderá ser vendida a coisa, e o pagamento
será dado ao Municípios onde a coisa foi descoberta.

Obs.: Na pratica acontece o descrito no parágrafo único.

Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não se
apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, deduzidas
do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja
circunscrição se deparou o objeto perdido.

Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em favor de quem a
achou.

QUESTÃO → VUNESP - 2012 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção No regime da
descoberta, uma vez encontrado 0 bem, é correto afirmar que: Gabarito: "cumpre ao descobridor devolvê-lo
ao seu verdadeiro proprietário ou possuidor, por determinação legal. Se não o encontrar, deverá entregá-lo
à autoridade competente, fazendo jus à recompensa no valor mínimo de cinco por cento do bem".

Extensão da propriedade
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Extensão sobre os bens corpóreos.

Até onde se estende a propriedade? Até onde vai o poder do dono sobre a coisa?

a. SE A COISA É MÓVEL; o poder varia de acordo com o tamanho da coisa, exemplo, uma caneta, um
carro, uma lancha, o dono sabe perfeitamente onde começa e termina seu bem, é fácil de identificá-
lo no espaço.
b. SE FOR COISA IMÓVEL (vertical): o solo e o ambiente pertencem ao proprietário, incluindo o espaço
aéreo e o subsolo correspondentes em altura e profundidade úteis ao seu exercício.
a. Solo: terra
b. Ambiente

O art. 1.229 e 1.230 mostram que a restrição é de cunho social, uma vez que é utilizado o critério da
utilidade.

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e
profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas,
por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

LIMITES: porém não pode impedir que um avião passe bem alto por cima de seu
terreno, e em pode explorar os recursos minerais do subsolo.

A propriedade do solo não abrangerá jazidas, minas e demais recursos minerais, os


potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos
por leis especiais.

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica
constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à
União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.

As riquezas do solo são propriedade da União.

O parágrafo único limita a exploração dos recursos minerais.

Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais
de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.

Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato
na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei
especial.

No final, predomina a razoabilidade/bom senso/ utilidade pratica do art. 1229, que usa as expressões
“uteis ao exercício” e “interesse em impedir”, de modo que o proprietário não pode impedir que o metrô
passe por baixo de seu terreno, mas pode impedir que o vizinho construa uma garagem por baixo de sua
casa, o proprietário não pode impedir o sobrevoo de um avião lá no alto, mas pode impedir voos rasantes
sobre sua casa.

Tutela específica do domínio


Ações para discutir propriedade/domínio.
26

• Ação reivindicatórias: é a ação mais comum para se discutir propriedade, serve para retomar o bem de
quem injustamente o detenha.
• Ação negatória: se sofrer turbação no exercício de seu direito.
• Ação declaratória: para dissipar dúvidas referentes ao domínio.
• Ação de indenização: por prejuízo causado por ato ilícito.

Aquisição da propriedade imóvel


A aquisição da propriedade pode ser originaria ou derivada:

a. Originaria: quando a propriedade é adquirida sem vínculo com o dono anterior, de modo que o
proprietário sempre vai adquirir propriedade plena, sem nenhuma restrição, sem nenhum ônus,
exemplo: acessão, usucapião.
b. Derivada: ocorre quando há relação jurídica com o antecessor, ou seja, ela quando decorre do
relacionamento entre pessoas, exemplo: contrato registrado para imóveis, sucessão hereditária, e o
novo dono vai adquirir nas mesmas condições anterior, exemplo se compra uma casa com hipoteca,
vai responder perante o Banco; se herda um apartamento com servidão de vista, vai ser beneficiar
da vantagem.

FORMAS DE AQUISIÇÃO
PROPRIEDADE IMÓVEL

FORMAS ORIGINÁRIAS FORMAS DERIVADAS

ACESSÕES: ilhas; aluvião;


avulsão; álveo abandonado; REGISTRO (1.245-1.247)
plantações e construções

SUCESSÃO HEREDITÁRIA
USUCAPIÃO/ ACESSÃO

Quando não há Resulta de uma transmissão


transmissão do bem de um a título singular ou universal
sujeito para outro, como do domínio por ato inter
ocorre na acessão natural e vivos (transcrição) ou causa
na usucapião. mortis (direito hereditário).

Hipóteses legais de aquisição de propriedade imóvel:

 Usucapião
Originária
 Acessão
 Registro do título de transferência no registro do imóvel; Derivada
 Direito hereditário.
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Atos do registro
É a mais comum e utilizada. É uma modalidade derivada, o dono anterior tem vínculo com o novo dono.

 Matrícula: Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973, atual Lei dos Registros Públicos, pretendendo
melhor individualizar os imóveis, instituiu a matrícula, exigindo a sua realização antes do registro. A
matrícula constitui o núcleo do registro imobiliário e exige controle rigoroso e exatidão das indicações
que nela se contêm.

 Registro: é o ato que sucede a matrícula e que efetivamente acarreta a transferência da propriedade. O
registro vai indicar quem detém a titularidade da bem imóvel. O número inicial da matrícula é mantido,
mas os subsequentes registros receberão numerações diferentes, em ordem cronológica, vinculados ao
número de matricula-base.

Só se tem registro no cartório de imóveis se houver matrícula, e a matrícula é criada a partir do primeiro
registro.

Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se
adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (art. 1.245 a 1.247), salvo
os casos expressos neste Código. É a compra e venda, doação.
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de
Imóveis.

§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.

Para adquirir a direito real de propriedade do bem imóvel transmitidos por atos entre vivos, é necessário
Registrar no Cartório de Imóveis, caso contrário o alienante continua sendo dono do imóvel.

O registro é, efetivamente, indispensável para a constituição do direito real entre vivos, bem como sua
transmissão.

 Averbação: é qualquer anotação feita à margem de um registro para indicar as alterações ocorridas no
imóvel (art.167 e 246), exemplo: edificação de uma casa, mudança de nome de rua.

Aquisição por acessão


Aqui o dono atual não tem vínculo com o dono anterior.

CONCEITO: é a aquisição originária. Adquire-se por acessão tudo aquilo que adere ao solo e não pode ser
retirado sem danificação. Através da acessão a coisa imóvel vai aumentar por alguma das cinco hipóteses do
art. 1248.

As quatro primeiras são acessões naturais e horizontais, dependem da natureza, mais precisamente da
atividade fluvial dos rios, do movimento de areia feito pelos rios. A quinta é acessão humana e vertical,
decorre da atividade artificial do home ao plantar e construir.

Por que não pode ser movimento feito pelo mar, tem que ser estritamente necessário movimento feito
pelos rios? Por que o mar territorial e o terreno de marinha são bens da União (art. 20 CF).

Acessões Naturais e Artificiais


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Art. 1.248. A acessão pode dar-se:


I – por formação de ilhas;
II – por aluvião;
Naturais
III – por avulsão;
IV – por abandono de álveo;
V – por plantações ou construções. Artificiais

1. Formação de ilhas: a formação de ilhas é o aparecimento de terra descoberta em local onde existia um
curso de água, podendo ocorrer por diversas razões (abalos sísmicos; deposito paulatino de sedimentos
trazidos pela própria corrente; rebaixamento das águas; e etc.): art.1249 CC.

Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários
ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:

I – as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos
fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas
partes iguais;

II – as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos
ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;

III – as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos
proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.

Ilha de ambos

Ilha de onde lado


que nasceu a ilha

Ilha do
lado direito

2. Aluvião: é o acréscimo lento de um terreno ribeirinho; a parte do terreno que aumenta passa a
pertencer ao dono do terreno: art. 1250

Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao
longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos
marginais, sem indenização.

Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-
se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.
29

Trata-se de acréscimos oriundos de águas correntes. Subdivide-se em:

a. Aluvião própria – Aumento paulatino de terras que o rio deixa MACETE: ALUVIÃO
naturalmente nos terrenos ribeirinhos. E
b. Aluvião imprópria – Acréscimo que se forma em virtude do ressecamento N
do álveo (leito do rio; superfície que as águas cobrem sem transbordar para T
o solo natural e ordinariamente enxuto). A

Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2014 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIII - Primeira Fase: Jeremias
e Antônio moram cada um em uma margem do rio Tatuapé. Com o passar do tempo, as chuvas, as estiagens e a erosão
do rio alteraram a área da propriedade de cada um. Dessa forma, Jeremias começou a se questionar sobre o tamanho
atual de sua propriedade (se houve aquisição/diminuição), o que deixou Antônio enfurecido, pois nada havia feito para
prejudicar Jeremias. Ao mesmo tempo, Antônio também começou a notar diferenças em seu terreno na margem do
rio. Ambos questionam se não deveriam receber alguma indenização do outro.
Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
A. Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a acréscimos trazidos pelo rio de forma sucessiva e
imperceptível, não gerando indenização a ninguém.
B. Se for formada uma ilha no meio do rio Tatuapé, pertencerá ao proprietário do terreno de onde aquela porção de
terra se deslocou.
C. Trata-se de aquisição por avulsão e cada proprietário adquirirá a terra trazida pelo rio mediante indenização do outro
ou, se ninguém tiver reclamado, após o período de um ano.
D. Se o rio Tatuapé secar, adquirirá a propriedade da terra aquele que primeiro a tornar produtiva de alguma maneira,
seja como moradia ou como área de trabalho.

3. Avulsão: difere da aluvião pois a avulsão é brusca (um deslizamento, desabamento).

Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a
outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem
indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.

Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção
de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.

Ocorre quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destaca de um MACETE: AVULSÃO
prédio e se junta a outro. Nessa hipótese, o dono do prédio que teve acréscimo I
deve indenizar o proprietário daquele que sofreu decréscimo, dentro de um prazo O
L
decadencial de um ano. Caso não exista indenização, poderá o proprietário exigir
E
a terra de volta.
N
T
A
4. Álveo abandonado: trata-se do leito do rio que secou; este rio seca torna-se propriedade do dono do
terreno onde ele passava: 1252

Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem
que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que
os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.

O álveo abandonado se concretizará quando o rio secar.

5. Acessão por plantações e construções: este é acessão humana, pois é o homem que constrói e planta
num terreno; a regra é o acessório seguir o principal, então tais benfeitorias serão de propriedade do
dono do terreno; 1253; porém se o dono do material e das sementes não for o dono do terreno surgirão
30

problemas sobre o domínio das acessões e indenização ao prejudicado. Como resolver isso para evitar
enriquecimento ilícito do dono do terreno? Vai depender da boa-fé ou da má-fé dos envolvidos, bem
como vai depender da espécie de benfeitoria.

Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume- -se feita pelo proprietário e à
sua custa, até que se prove o contrário.

O acessório segue o principal.

A regra geral é que tais plantações e construções pertencem ao proprietário do imóvel, sendo
presumidamente feitas por este, até que se prove o contrário (art. 1.253 do CC). Essa presunção, todavia,
não é absoluta (jure et de jure), mas, sim, relativa (juris tantum), admitindo prova em contrário.

Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais
alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas
e danos, se agiu de má-fé.

Esse artigo serve para prevenir o enriquecimento ilícito do dono do terreno.

O proprietário que venha a semear, plantar ou edificar com sementes, plantas ou materiais alheios,
adquirirá a propriedade destes, ficando obrigado a pagar- Ihes o valor, além de responder por perdas e
danos se agiu de má-fé.

• Boa-fé: paga o valor do material utilizado.


• Má-fé: paga o valor do material utilizado + perdas e danos.

Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as
sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.

EXCEÇÃO: Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno,


aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da
indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.

O terceiro que plantou ou edificou em terreno alheio, igualmente, perderá as sementes e edificações

• Boa-fé: terá direito a indenização.


• Má-fé: proprietário terá a opção de obrigá-lo a repor a coisa ao seu estado anterior, ou deixar que
permaneça em seu benefício, sem indenização.

Parágrafo único: Aqui o bem acessório (plantação ou construção), por ter um valor monetário maior,
passará a ser considerado principal, havendo inversão da regra.

Ano: 2010 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2010 - OAB - Exame de Ordem - 3 - Primeira Fase: No
que se refere aos institutos da posse e da propriedade, assinale a opção correta.
A. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas
e construções, com direito a indenização se procede de boa-fé.
B. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real,
anula a indireta, de quem aquela foi havida.
C. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias e úteis, não lhe assistindo o direito de
retenção pela importância das benfeitorias necessárias.
D. Caracteriza usucapião a posse, por cinco anos, de coisa móvel, desde que comprovada a boa-fé do possuidor.

Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase
Eduarda comprou um terreno não edificado, em um loteamento distante do centro, por R$ 50.000,00 (cinquenta mil
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reais). Como não tinha a intenção de construir de imediato, ela visitava o local esporadicamente. Em uma dessas
ocasiões, Eduarda verificou que Laura, sem qualquer autorização, havia construído uma mansão com 10 quartos, sauna,
piscina, cozinha gourmet etc., no seu terreno, em valor estimado em R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Laura, ao
ser notificada por Eduarda, antes de qualquer prazo de usucapião, verificou a documentação e percebeu que cometera
um erro: construíra sua mansão no lote “A” da quadra “B”, quando seu terreno, na verdade, é o lote “B” da quadra “A”.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
A. Eduarda tem o direito de exigir judicialmente a demolição da mansão construída por Laura, independentemente de
qualquer indenização.
B. Laura, apesar de ser possuidora de má-fé, tem direito de ser indenizada pelas benfeitorias necessárias realizadas no
imóvel de Eduarda.
C. Laura, como é possuidora de boa-fé, adquire o terreno de Eduarda e a indeniza, uma vez que construiu uma
mansão em imóvel inicialmente não edificado.
D. Eduarda, apesar de ser possuidora de boa-fé, adquire o imóvel construído por Laura, tendo em vista a incidência do
princípio pelo qual a superfície adere ao solo.

Art. 1.256. Se de ambas as partes houver má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e
construções, devendo ressarcir o valor das acessões.
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em
sua presença e sem impugnação sua.
Aqui ambos estão de má-fé.

O parágrafo único fala sobre a presunção de má-fé do proprietário, que se dá quando ele olha o terceiro e
não faz nada.

Obs.: esses são os artigos principais, e os demais ele mandou dá uma olhada.

Usucapião
É o modo de aquisição da propriedade pela posse prolongada sob determinadas condições. Não só a
propriedade se adquire pela usucapião, mas outros direitos reais como superfície, usufruto e servidão
predial também.

A usucapião exige posse prolongada (elemento objetivo) como a vontade de ser dono (animus domini-
elemento subjetivo).

A usucapião é modo originário (não é derivado) de aquisição do domínio através da posse:

1. Mansa;
Requisitos 2. Pacífica;
genéricos 3. Pública;
4. Continua;
5. E com intenção de ser dono, exercida com “animus domini” por certo tempo, fixado em lei.

Por ser modo originário, é irrelevante que a coisa tenha um proprietário registrado no cartório de imóveis,
pois pela usucapião a coisa se adquire do tempo e não de outra pessoa.

REQUISITOS:

a. capacidade do adquirente;
b. coisa hábil ou suscetível de usucapião;
c. posse;
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d. decurso do tempo

ESPECIES DE USUCAPIÃO:

a. Extraordinária; É a do art. 1238 MESMO QUE O POSSUIDOR ESTEJA DE MÁ-FÉ;

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel,
adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o
declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Esta é a usucapião que beneficia o ladrão e o invasor. Não há limite para o tamanho do terreno e a pessoa
pode já ter um imóvel e mesmo assim usucapir outro.

O artigo fala em “juiz declarar por sentença” pois o juiz não constitui a propriedade para o autor, o juiz
apenas reconhece/declara que a pessoa adquiriu aquela propriedade do tempo. Com a sentença, o autor
fará o registro no cartório de imóveis, mas o autor terá adquirido pelo tempo e não pelo registro. Porém o
registro é importante para dar publicidade e para permitir que o autor depois possa fazer uma hipoteca,
servidão, superfície, vender o bem a terceiros, etc.

Ano: 2018 Banca: Fundação Getúlio Vargas – FGV Prova: FGV - OAB - Ordem dos Advogados do Brasil - Advogado - XXV
Exame de Ordem Unificado
Jonas trabalha como caseiro da casa de praia da família Magalhães, exercendo ainda a função de cuidador da matriarca
Lena, já com 95 anos. Dez dias após o falecimento de Lena, Jonas tem seu contrato de trabalho extinto pelos herdeiros.
Contudo, ele permanece morando na casa, apesar de não manter qualquer outra relação jurídica com os herdeiros, que
também já não frequentam mais o imóvel e permanecem incomunicáveis. Jonas decidiu, por sua própria conta, fazer
diversas modificações na casa: alterou a pintura, cobriu a garagem (que passou a alugar para vizinhos) e ampliou a
churrasqueira. Ele passou a dormir na suíte principal, assumiu as despesas de água, luz, gás e telefone, e apresentou-se,
perante a comunidade, como “o novo proprietário do imóvel”. Doze anos após o falecimento de Lena, seu filho Adauto
decide retomar o imóvel, mas Jonas se recusa a devolvê-lo. A partir da hipótese narrada, assinale a afirmativa correta.
A.Jonas não pode usucapir o bem, eis que é possuidor de má-fé.
B.Adauto não tem direito à ação possessória, eis que o imóvel estava abandonado.
C.Jonas não pode ser considerado possuidor, eis que é o caseiro do imóvel.
D.Na hipótese indicada, a má-fé de Jonas não é um empecilho à usucapião.

b. Ordinária; Art. 1242; o prazo é menor, de dez anos, pois exige título e boa-fé do possuidor, além da
posse mansa, pacífica, contínua, pública, etc.

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo
título e boa-fé, o possuir por dez anos.

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido,
onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que
os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e
econômico.

✓ 10 anos - art. 1242


✓ 5 anos - § único.
c. Especial;
• Rural: art. 1239: o prazo é de apenas cinco anos, mas existe um limite para o tamanho do
terreno usucapiendo e o proprietário lá tem que trabalhar e não pode ter outro imóvel;
beneficia os sem-terra. CF, art. 191; CC, art. 1.239.
33

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

• Urbana: semelhante ao rural (duzentos e cinquenta metros quadrado); CF, art. 183; CC, art.
1.240
d. Coletiva; Art. 1228 & 4º, CC:

§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área,
na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela
houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse
social e econômico relevante.

Art. 10 - Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/2001)

e. Extrajudicial: Art. 1.071 do NCPC

A usucapião extrajudicial será requerida pelo interessado ao registrador de imóveis da situação do bem. A
ele compete conduzir o procedimento administrativo que levará ao registro da usucapião, se forem
provados os seus requisitos legais e não houver litígio. A escolha pela via extrajudicial cabe à parte, que
poderá optar por deduzir o seu pedido em juízo se assim preferir, ainda que não haja litígio.

Necessita do acompanhamento de um advogado.

Aquisição da propriedade móvel


• Modos originários:
✓ Usucapião
✓ Ocupação
✓ Achado do tesouro
• Modos derivados
✓ Especificação
✓ Confusão, comissão e adjunção
✓ Tradição

1. USUCAPIÃO:

Aplicam-se aos moveis e aos semoventes (bens suscetíveis de movimento próprio, como um boi, um
cavalo). Esta usucapião de moveis mantem os mesmos fundamentos e requisitos da usucapião de imóveis.

• Originaria: 1.260, CC

Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos,
com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.

Exige posse, então não é possível a mera detenção do 1.198 ou a tolerância do 1.209. Exige animus domini,
o que corresponde ao “como sua” do 1.260; “incontestadamente”, que significa, pacífica e pública, também
exige justo título e boa-fé, pois o prazo é menor, apenas três anos.

• Extraordinária: 1.261, CC.


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Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente
de título ou boa-fé.

Tem as mesmas exigências da ordinária (posse mansa, pacífica e pública com animus domini), só que o
prazo é maior, de cinco anos, pois dispensa a boa-fé.

Esta é a usucapião de moveis que beneficia o ladrão e o descobridor de coisa perdida.

2. OCUPAÇÃO:

Ocupar é se tornar proprietário de coisa móvel sem dono ou de coisa abandonada.

Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa
ocupação defesa por lei.

E SE OCUPAR COISA IMÓVEL? ocupar coisa imóvel sem dono ou abandonada gera posse e não
propriedade, posse que pode virar propriedade pela usucapião.

Por que só tem ocupação nos bem moveis e não nos bens imóveis? Porque as coisas imóveis têm mais
importância econômica do que as coisas moveis, então a aquisição dos imóveis pela ocupação exige mais
requisitos.

Coisa sem dono e coisa abandonada são coisa diferentes:

a. Coisa sem dono (res nullius), como a concha na praia ou o peixe no mar (1263);
b. Coisa abandonada (res derelictae), como o sofá deixado na calçada (1275, III).

E se a pessoa abandonou e quer reaver? A pessoa que achou não tem mais direito sobre a coisa.

DIFERENÇA DA OCUPAÇÃO COM A DESCOBERTA.

A ocupação incidirá sobre coisas sem dono ou abandonadas, sendo um modo originário de aquisição da
propriedade. Já na descoberta, o descobridor tem o dever de restituir a coisa ao proprietário ou legítimo
possuidor, sendo ressarcido por meio do achádego.

3. ACHADO DO TESOURO:

Trata-se o tesouro de coisa de ninguém, posto nunca ter sido apropriada, consistindo em objeto oculto,
antigo e valioso. isto é hipótese de filme, prevista no art. 1264.

Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido
por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.

Requisitos:

i. Ser antigo;
ii. Estar escondido, oculto, enterrado;
iii. Dono ser desconhecido;
iv. Descobridor ter encontrado casualmente.

O tesouro se divide ao meio com o dono do terreno. Se o descobridor estava propositadamente


procurando o tesouro em terreno alheio sem autorização, não terá direito a nada (1265).

Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em
pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado.
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4. TRADIÇÃO:

É a entrega da coisa móvel feita pelo proprietário-alienante ao adquirente, em virtude de um contrato, com
a intenção de transferir o domínio.

A tradição completa o contrato, pois tenda em vista a importância da propriedade para o direito, é
necessário que, para que se desfazer de um bem, além de um contrato, a coisa seja concretamente entregue
ao adquirente ex.: comprador, donatário), confirmando o contrato (1226 e 1267)

Espécies de tradição:

✓ Real – quando envolve a entrega material da coisa.


✓ Simbólica – quando se perfaz através de ato que representa a entrega da coisa.
✓ Ficta – quando ela se última pelo constituto possesório.

Modos derivados:

✓ especificação: ocorre quando alguém manipulando matéria prima de outrem (ex: pedra, madeira,
couro, barro, ferro) obtém espécie nova (ex.: escultura, carranca, sapato, boneco, ferramenta). Esta
coisa nova pertencerá ao especificador/artífice que pelo seu trabalho/criatividade transformou
a matéria prima de outrem em espécie nova. (CC, art. 1.269). A lei faz prevalecer a
inteligência/criatividade/o trabalho intelectual/manual sobre a matéria prima (§ 2º do 1270).
✓ Confusão: é a mistura de coisas líquidas;
✓ Comissão: é a mistura de coisas sólidas ou secas;
✓ Adjunção: é a justaposição de uma coisa à outra.

Confusão, comissão e adjunção: Tratam-se da mistura de coisas de proprietários diferentes e que depois
não podem ser separadas.

• A confusão é a mistura de coisas líquidas (ex.: vinho com refrigerante, álcool com água).
• A comissão é a mistura de coisas sólidas (ex.: sal com açúcar; sal com areia).
• adjunção é a união de coisas, não seria a mistura, mas a união, a justaposição de coisas que não
podem ser separadas sem estragar (ex.: selo colado num álbum, peça soldada num motor, diamante
incrustado num anel).

As coisas sob confusão, comissão ou adjunção, obedecem a três regras:

a. As coisas vão pertencer aos respectivos donos se puderem ser separadas sem danificação
(1272, caput);
b. Se a separação for impossível ou muito onerosa surgirá um condomínio forçado entre os donos das
coisas (§ 1º do 1272);
c. Se uma das coisas puder ser considerada principal (ex.: sal com areia, mas que ainda serve para
alimento do gado; diamante em relação ao anel), o dono desta será dono do todo e indenizará os
demais (§ 2º do 1272).
Estas regras são supletivas, ou seja, tais regras não são imperativas (= obrigatórias) e podem ser
modificadas pelas partes, pois no direito patrimonial privado predomina a autonomia da vontade.
Ressalto que tal fenômeno tem que ser involuntário (= acidental, ex.: caminhão de açúcar que virou
em cima da areia de uma construção), pois se for voluntário, os donos das coisas têm que disciplinar
isso em contrato (ex.: experiência para fazer nova bebida da mistura de vinho com cerveja).

Perda da propriedade
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No Código Civil de 2002, perde-se a propriedade voluntariamente por alienação, abandono e renúncia
(artigo 1275, I, II e III do CC) e, perde-se a propriedade involuntariamente, pelo perecimento e pela
desapropriação (artigo 1275, IV e V, do CC).

Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:
I - por alienação;
II - pela renúncia;
III - por abandono;
IV - por perecimento da coisa;
V - por desapropriação.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados
ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.
Rol exemplificativo.

I. Alienação é a forma de extinção subjetiva do domínio, em que o titular desse direito, por
vontade própria, transmite a outrem seu direito sobre a coisa; é a transmissão de um direito de
um patrimônio a outro; essa transmissão pode ser a título gratuito, como a doação, ou oneroso,
como a compra e venda.
II. Renúncia é um ato unilateral, pelo qual o proprietário declara, expressamente, o seu intuito de
abrir mão de seu direito sobre a coisa, em favor de terceira pessoa que não precisa manifestar
sua aceitação.
III. Abandono: é o ato unilateral em que o titular do domínio se desfaz, voluntariamente, do seu
bem porque não quer mais continuar sendo o seu dono; é necessário a intenção abdicativa;
simples negligência ou descuido não a caracterizam.
IV. Perecimento do objeto: como não há direito sem objeto, com o perecimento do bem extingue-
se o direito; esse perecimento pode decorrer de ato involuntário, se resultante de
acontecimentos naturais, ou de ato voluntário do titular do domínio, como no caso de
destruição.

Desapropriação
Procedimento pelo qual o Poder Público transfere, compulsoriamente, para si a propriedade de bem móvel
ou imóvel pertencente a terceiro, para atender interesse social, utilidade pública ou necessidade pública, em
regra, mediante pagamento de justa e prévia indenização. é um direito do Estado

É o procedimento pelo qual o Poder Público, compulsoriamente, por ato unilateral despoja alguém de um
certo bem, fundado em necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, adquirindo-o, mediante
prévia e justa indenização, pagável em dinheiro ou se o sujeito concordar, em títulos de dívida pública, com
cláusula de exata correção monetária, ressalvado à União o direito de saldá-la por este meio nos casos de
certas datas rurais, quando objetivar a realização de justiça social por meio de reforma agrária.

Requisitos: necessidade pública, utilidade pública e interesse social.

Indenização: prévia, justa, títulos da dívida pública ou da dívida agrária.

Condomínio
Segundo Caio M.S. Pereira, tem-se o condomínio quando a mesma coisa pertence a mais de uma
pessoa, cabendo a cada uma delas direito idealmente sobre o todo e cada uma das partes. Cada
consorte é proprietário da coisa toda, delimitado pelos iguais direitos dos demais condôminos, na
37

medida de suas quotas. Em outras concepções é também conhecido indivisão, compropriedade ou


comunhão.

O condomínio é uma "espécie de propriedade em que dois ou mais sujeitos são titulares, em comum,
de uma coisa indivisa (pro indiviso), atribuindo-se a cada condômino uma parte ou fração ideal da
mesma coisa.

Aqui se verifica a figura da copropriedade; do condomínio. No condomínio, portanto, há comunhão,


indivisão. O mesmo direito de propriedade, sobre a mesma coisa, estará sendo exercido pela pluralidade
de pessoas físicas ou jurídicas.

Condomínio é a pluralidade de direitos reais.

Sinônimo: consorte, cada condomínio é proprietário de cada coisa.

Obs.: O condomínio não é exclusivo da propriedade. Pode ocorrer também entre titulares de enfiteuse,
usufruto, uso e habitação.

 CLASSIFICAÇÃO
a. Quanto à origem:
✓ Convencional: Se resultar de acordo de vontade dos consortes, a exemplo de duas ou mais
pessoas que adquiriram o mesmo bem.
✓ Eventual, fortuito ou incidente: Quando vier a lume, em razão das causas alheias à vontade
dos condomínios. é o que resulta de fato alheio à vontade dos condôminos. É o exemplo de
uma doação ou herança relacionada a bem indivisível e deixada a duas ou mais pessoas.
✓ Forçado ou legal: Quando derivar de imposição de lei. Exemplifica-se com o condomínio em
paredes, cercas, muros e valas (CC, art. 1.327), bem como a formação de ilhas (CC, art.
1.249).
b. Quanto ao objeto:
✓ Universal: Se compreender a totalidade do bem, inclusive frutos e rendimentos. Exemplifica-
se com a comunhão hereditária. O universal costuma ser a regra do condomínio.
✓ Particular: Se restringir a determinada coisa ou efeitos, ficando livres os demais. como um
específico muro divisório, tapumes e paredes.
c. Quanto à necessidade:
✓ Originário Transitório: é o condomínio oriundo ou não de convenção, que pode ser extinto a
todo tempo, pela vontade de quaisquer dos titulares. Normalmente quando o condomínio
for
✓ Permanente: Quando não pode extinguir-se em razão de lei ou de sua natureza indivisível,
ele perdurará enquanto houver a situação que o determinou, como valas, paredes e
divisórias.
d. Quanto à forma:
✓ Pro diviso: É uma comunhão de direito, há mera aparência de condomínio, pois cada titular
encontra-se localizado em parte certa e determinada da coisa, agindo como dono exclusivo
da porção ocupada, exemplo: condomínio em edifícios de apartamentos, o bem pertence a
todos, mas cada um é responsável por uma fração.
✓ Pro indiviso: A comunhão perdura de fato e de direito, exemplo, divisão de um carro.

 DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS:


a. Quanto às suas relações internas:
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As despesas 1. Cada consorte pode usar livremente a coisa conforme seu destino e sobre ela exercer todos os
serão de acordo direitos compatíveis com a indivisão. Daí as responsabilidades que lhes decorrem dos art. 1.315
com sua cota e 1.319(despesas, danos e frutos).
parte.
Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de
conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita.

Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos.

Art. 1.319. Cada condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa e pelo dano que lhe
causou.

Frutos percebidos são as retiradas


dos lucros, por exemplo.

Caso venha a causar dano material num determinado bem, ou tiver percebidos frutos, deverá indenizar o
outro ou outros condôminos o valor de sua fração ideal.

2. Cada condômino pode alhear a respectiva parte indivisa (1.314, CC), respeitando o direito
preferencial reconhecido aos demais.

Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os
direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear (privar) a
respectiva parte ideal, ou gravá-la.

Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso
ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.

Para alterar a destinação é necessário a


autorização dos outros condôminos.

3. Cada consorte tem direito de gravar a parte indivisa, sendo evidente que não pode gravar a
propriedade sob condomínio me sua totalidade sem o consentimento dos outros condôminos
(1.420, §2º).

Os condôminos podem acordar que a coisa divisível, torne-se indivisível, porem essa indivisão NÃO pode
ultrapassar 5 anos.

§2º Não poderá exceder de cinco anos a indivisão estabelecida pelo doador ou pelo testador.

Exceção: §3º, 1. 320, se alguns dos condomínios mostrarem razões cabíveis para romper o acordo da
indivisão, poderá o juiz determinar, porém é de extrema importância mostrar “graves razões” para isso,
exemplo: caso de crise financeira.

§ 3º A requerimento de qualquer interessado e se graves razões o aconselharem, pode o juiz determinar a


divisão da coisa comum antes do prazo.

4. Se um consorte contra dívida em proveito da comunhão respondera pessoalmente pelo


compromisso assumido, mas terá contra aos demais ação regressiva (CC, art. 1.318), e sea dívida
tiver sido contraída por todos, aplica-se o dispositivo no art. 1.317, CC).
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A dívida em
proveito de todos Art. 1.317. Quando a dívida houver sido contraída por TODOS os condôminos, sem se discriminar a
é obrigação de parte de cada um na obrigação, nem se estipular solidariedade, entende-se que cada qual se
todos. obrigou proporcionalmente ao seu quinhão na coisa comum.

Art. 1.318. As dívidas contraídas por UM dos condôminos em proveito da comunhão, e durante
ela, obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva contra os demais.

Ano: 2016 Banca: Fundação Getúlio Vargas – FGV Prova: FGV - OAB - Ordem dos Advogados do Brasil - Advogado - XX
Exame de Ordem Unificado: Vítor, Paulo e Márcia são coproprietários, em regime de condomínio pro indiviso, de uma
casa, sendo cada um deles titular de parte ideal representativa de um terço (1/3) da coisa comum. Todos usam
esporadicamente a casa nos finais de semana. Certo dia, ao visitar a casa, Márcia descobre um vazamento no
encanamento de água. Sem perder tempo, contrata, em nome próprio, uma sociedade empreiteira para a realização da
substituição do cano danificado. Pelo serviço, ficou ajustado contratualmente o pagamento de R$ 900,00 (novecentos
reais). Tendo em vista os fatos expostos, assinale a afirmativa correta.
A.A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente de qualquer um dos condôminos.
B.A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de Márcia, que, por sua vez, tem direito
de regresso contra os demais condôminos.
C.A empreiteira não pode cobrar a remuneração contratualmente ajustada de Márcia ou de qualquer outro
condômino, uma vez que o serviço foi contratado sem a prévia aprovação da totalidade dos condôminos.
D.A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de Márcia, que deverá suportar sozinha
a despesa, sem direito de regresso contra os demais condôminos, uma vez que contratou a empreiteira sem o prévio
consentimento dos demais condôminos.

b. Quanto as suas relações externas:


1. Cada consorte pode reivindicar de terceiro coisa comum (1.314, CC) e pode defender sua posse
contra outrem (1.199, CC).
2. A nenhum condômino é lícito (1.314, CC, parágrafo único), sem anuência dos outros, dar posse,
uso e gozo da propriedade a estranho. Pode pedir a retomada de imóvel locado, se configurar
as circunstâncias legalmente previstas no 1.323, CC.
 ADMINISTRAÇÃO: Todos os consortes poderão usar da coisa dentro dos limites de sua destinação
econômica, auferindo todas as vantagens sem prejuízo de qualquer deles. Se impossível ouso do bem,
cabe a eles deliberar se deve ser vendido, alugado ou administrado.

 EXTINÇÃO: Em se tratando de condomínio ordinário as partes podem exigir, a qualquer tempo sua
divisão. Essa pode ser: amigável, efetivando-se por escritura pública quando todos os consortes forem
maiores e capazes, ou judicial, quando não houver acordo ou qualquer um deles for incapaz.

✓ Amigável: Basta que um deles queira vender


✓ Judicial: quando houver ausência de acordo.

Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só,
indenizando os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições
iguais de oferta, o condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa
benfeitorias mais valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior.

 CONDOMÍNIOS ESPECIAIS:
1. Condomínio em pares, cercas, muros e valas.

CONDOMÍNIO GERAL CONDOMÍNIO EDILÍCIO


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✓ Todos os proprietários são donos de tudo, sem ✓ Cada proprietário é dono de uma parte
exclusividade alguma; privativa e mais uma fração das áreas comuns;
✓ Todos os condôminos têm o direito de utilizar ✓ Todos os condôminos podem usufruir das
ou modificar qualquer parte do local; partes coletivas, mas não podem vendê-las,
✓ Pode ser extinto ou vendido, caso os donos monopolizá-las ou modificá-las;
estejam de acordo. ✓ Não pode ser vendido ou extinto – a não ser
que aconteça algum tipo de tragédia natural,
como por exemplo: incêndio ou
desmoronamento devido a um terremoto.

Condomínio edilício
• ORIGEM

Surgiu após a I Guerra Mundial, ante a crise de habitação, quando, com o desenvolvimento das cidades,
houve necessidade de melhor aproveitar o solo. Foi regulamentado pela Lei n. 4.591/64, com as alterações
da Lei n. 4.864/65, e atualmente o é pelo Código Civil, arts. 1.331 e 1.358.

• NATUREZA JURÍDICA

Caracteriza-se, juridicamente, pela justaposição de propriedades distintas e exclusivas ao lado do


condomínio de partes do edifício forçosamente comuns (CC, art. 1.331, §§ 1º a 5º).

No condomínio edilício existe duplicidade de direitos reais:

1. propriedade plena e exclusiva dos apartamentos, lojas, casas e garagens;


2. condomínio das áreas comuns, disciplinada pela vontade coletiva prevista em convenção e
regimento interno, como portaria, escada, circulação, playground, piscina, salão de festas, etc, com
uma fração ideal para cada condômino (1331, §§ 1º e 2º).

Personalidade: O condomínio edilício não é uma pessoa jurídica e nem uma pessoa física, sua
personalidade é anômala, e o CC manteve essa dúvida, apenas do condomínio celebrar muitos contratos na
vida moderna. No fundo, o condomínio está mais perto de ser uma pessoa jurídica que uma pessoa física,
sendo representado pelo sindico.

O condomínio pode adquirir bem que cumpram com sua existência, como pagar dívidas para satisfazer as
taxas condominiais.

Instituição
a. Por destinação do proprietário do edifício, mediante escritura pública, sendo que a venda das
autônomas pode ser realizada antes ou depois da obra.
b. Por incorporação imobiliária, que o negócio jurídico que tem o intuito de promover e realizar a
construção, para a alienação total ou parcial de edificações compostas de unidades autônomas.
c. Por testamento, em que se recebe, por herança, um prédio que deverá ter essa configuração:
vontade do falecido.
d. Por constrição do regime por vários herdeiros.
e. Por arrematação em hasta pública, doação, compra de frações do edifício: leilão.
f. Por sentença judicial, em ação de divisão: pelo juiz quando não a acordo entre as partes.
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Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de
Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato, além do disposto em lei especial:

I - a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e
das partes comuns;

II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes comuns;

III - o fim a que as unidades se destinam.


Se é residencial ou comercial.
Obs.: Não é pessoa jurídica e física.

Constituição do Condomínio
A vontade coletiva que predomina nos condomínios edilícios está sujeita a uma convenção e a
um regimento interno.

a. CONVERSÃO: A convenção é mais ampla, dispõe sobre questões fixas de formação e funcionamento
do condomínio (1334), e para ser mudada se exige aprovação de 2/3 dos votos dos condôminos
(1351).
✓ Deve ser subscrita pelos titulares
✓ Com no mínimo 2/3;
✓ Tornara obrigatória desde logo;
✓ Será obrigatória para as pessoas que possuem posse ou detenção.

Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no
mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre as
unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção.

Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deverá ser registrada no
Cartório de Registro de Imóveis.

Para que seja obrigatória perante terceiros é necessário a conversão ser registrada no Cartório de Registro
de Imóveis.

O que a conversão precisa ter?

Art. 1.334. Além das cláusulas referidas no art. 1.332 e das que os interessados houverem por bem
estipular, a convenção determinará: Taxas de condomínio
I - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às
despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio;

II - sua forma de administração;

III - a competência das assembleias, forma de sua convocação e quorum exigido para as deliberações;

IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores;


Multas
V - o regimento interno.

A conversão poderá ser feita:

a. Por escritura pública;


b. Instrumento particular.
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DIREITO DOS CONDÔMINOS

Estão definidos na “Convenção de Condomínio”, que é um ato-regra gerador do direito estatutário ou


corporativo, aplicável não só aos que integram a comunidade, como também a todos que nela se
encontrem na condição permanente ou ocasional de ocupantes, e no art. 1.335 do Código Civil.

Art. 1.335. São direitos do condômino:


I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades;
II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos demais
compossuidores;
III - votar nas deliberações da assembleia e delas participar, estando quite.

DEVERES DOS CONDÔMINOS

• Observar as regras de boa vizinhança;


• Não alterar o prédio externamente a não ser com licença dos consortes;
• Não decorar as partes e esquadrias externas com tons diversos dos empregados no conjunto da
edificação.
• Não destinar a unidade a utilização diversa da finalidade do prédio;
• Não praticar ato que ameace a segurança do prédio ou prejudicar a higiene.
• Não embaraçar o uso das partes comuns.
• Não alienar a garagem a pessoa estranha ao condomínio.
• Submeter-se às sanções se transgredirem seus deveres.
• Concorrer com sua quota para as despesas do condomínio, sob pena de sofrer sanções.
Art. 1.336. São deveres do condômino:
I - contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo disposição em
contrário na convenção;
II - não realizar obras que comprometam a segurança da edificação;
III - não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas; Estética do
IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar condomínio
de maneira prejudicial ao
sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes.
Bom senso

b. REGIME INTERNO:

O regimento interno deve ser feito separado e dispõe sobre questões menores, dinâmicas (ex.: funções do
zelador, proibir cachorro, uso da piscina, carrinho de feira só pelo elevador de serviço, etc.) e pode ser
alterado por maioria simples presente na assembleia convocada para este fim.

Administração
A administração do condomínio será feita por uma pessoa física eleita pela maioria das frações ideais. Esta
pessoa será chamada de administrador ou síndico. Este administrador poderá ser um dos coproprietários,
ou mesmo alguém estranho ao condomínio.

Art. 1.347. A assembleia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, para administrar o
condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se.

No que diz respeito ao regime de administração, a remuneração do administrador e a prestação de contas,


os temas serão deliberados pelos condôminos.
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COMPETÊNCIAS DO SINDICO é estabelecida no art. 1.348, CC.

CLASSIFICAÇÕES:

 SÍNDICO é a pessoa que defende os direitos e interesses comuns dos condôminos, que os
representa, que admite e demite empregados, que arrecada contribuições deliberadas pela
assembleia.
 ADMINISTRADOR é a pessoa a quem o síndico delega certas funções administrativas.
 SUBSÍNDICO é o auxiliar do síndico.
 CONSELHO FISCAL, composto por três membros que dão pareceres sobre as contas do síndico.
 Órgão Deliberativo, Assembleia Geral, constituída por todos os condôminos.

Extinção
1. Desapropriação do edifício (CC, art. 1.358).
2. 2. Confusão, se todas as unidades autônomas forem adquiridas por uma só pessoa.
3. 3. Destruição do imóvel por qualquer acontecimento, incêndio, por exemplo (CC, art. 1.357).
4. Demolição voluntária do prédio (CC, art. 1.357).
5. 5.) Alienação e reconstrução de todo o prédio (CC, art. 1.357, §§ 1º e 2º.

CONDOMÍNIO FECHADO: Lei n. 4.591/64, art. 8º.

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