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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA

CIDADE
 
 
 
 
Ação de Embargos à Execução  
Proc. nº.  7754321-43.2018.8.25.0001
Autora: Empresa Xista - EPP
Réu: Banco Delta S/A
 
 
                                      EMPRESA XISTA - EPP, já qualificada na exordial desta
querela, vem, com o devido respeito a Vossa Excelência, por intermédio de seu
bastante procurador, com suporte no art. 98, § 5º c/c art. 99, § 1º, um e outro
do Código de Processo Civil, requerer os
BENEFÍCIOS DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA,
em razão das justificativas de ordem fática e de direito, tudo abaixo delineado.
 
I - Suscinta introdução
                                      A parte Autora, verdadeiramente, requerera, com a exordial, a
produção de prova pericial contábil. O fito, como se depreende, é examinar todos os
pagamentos realizados durante a relação contratual, firmada com a instituição
financeira ré. Máxime no tocante à cobrança de encargos ilegais.
                                      No despacho próximo passado, Vossa Excelência instou que as
partes indicassem, querendo, os meios de provas que pretendem demonstrar a
veracidade dos fatos. De fato, a Promovente insiste, e requer, a produção da aludida
prova, cujos motivos foram feitos em peça processual apartada.
                                      Sabe-se, até extraído do cotidiano forense, que os honorários
periciais são, de regra, elevados. Em verdade, por menor que seja o valor, a sociedade
empresária Embargante não detém condições financeiras de arcar com quaisquer
despesas processuais.
                                      Diante desse quadro fático, abaixo se formula, e se justifica, o
benefício da gratuidade da justiça
 
II - Viabilidade do pleito
 
                                      Convém ressaltar, igualmente, que o pleito da gratuidade da
justiça, consoante previsto no Código de Processo Civil, pode ser requerido durante a
instrução processual, de forma parcial ou total (CPC, art. 98, § 5º). É dizer, pode
direcionar-se, até mesmo, a certos atos processuais.
                                      Com efeito, inarredável a pertinência processual do pleito em
análise.
 
III - Hipossuficiência financeira
 
                                      Os honorários periciais, e outras ulteriores despesas, até, não
permitem sejam arcados pela Autora, como afirmado alhures; o montante é
significativo, via de regra.
 
                                      Afirma-se, assim, que aquela, embora sociedade empresária de
direito privado, de pequeno porte (doc. 01), não tem condições de arcar com a
despesa do processo, relacionada, sobremodo, à realização da prova pericial contábil.
                                      Destarte, a Embargante ora formula, e abaixo melhor justifica,
pleito de gratuidade da justiça. O faz por declaração de seu patrono, sob a égide do
artigo 105, in fine, do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no
instrumento procuratório acostado.
                                      Aqui, a controvérsia se restringe quanto à possibilidade de
deferimento da gratuidade da justiça, mormente em face do valor cobrado em
determinado ato processual do procedimento e, ainda, quando o pleito é formulado
por pessoa jurídica.
                                      De mais a mais, impende asseverar que a Lei nº 1.060/50, até
então principal legislação correspondente a regular os benefícios da justiça gratuita,
apesar da vigência do novo CPC, ainda permanecem em vigor, embora parcialmente.
                                      Disciplina a Legislação Adjetiva Civil, in verbis:
 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Art. 1.072 -  Revogam-se:
(...)
III - os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei no 1.060, de 5 de fevereiro de 1950;                            
 
                                      Doutro giro, a Constituição Federal afirma que tal benefício
passou a se constituir em verdadeira garantia constitucional. Nessa diretriz,
estabelece o inciso LXXIV, de seu art. 5º, em observância ao devido processo legal.
                                      No caso em tela, não se vislumbra qualquer indício de boa
situação financeira da sociedade empresária Autora.
                                      A confirmar o quanto alegado, a Postulante acosta pesquisa feita
junto à Serasa, a qual atesta que pesam contra aquela mais de 00 ( .x.x.) protestos e,
mais, 00 (.x.x.) cheques sem provisões de fundos. (doc. 01) Lado outro, o balancete
do último trimestre também demonstra que houve um prejuízo de mais de R$
000.000,00 (.x.x.x.). (doc. 02) Para além disso, os extratos bancários, ora acostados,
também demonstram saldo negativo há mais de 00(.x.x.x.) meses e, além disso,
empréstimos vários tomados em diversas instituições financeiras. (doc. 03/011) Não
se deve ignorar, também, as inúmeras ações judiciais que tramitam contra essa.
(docs. 12/17)
 
 
                                      De outra banda, o acesso ao Judiciário é amplo, voltado também
às pessoas jurídicas. Aquela, como visto acima, demonstrou sua total carência
econômica, de modo que se encontra impedida de arcar a despesa processual em
liça. 
                                      Ao contrário disso, sob pena de ferir princípios constitucionais,
como os da razoabilidade e o da proporcionalidade, a restrição de direitos deve ser
vista com bastante cautela.
                                      De mais a mais, registre-se que a parte contrária poderá
requerer, a qualquer momento, durante a instrução processual, a revogação de tais
benefícios, desde que demonstre, cabalmente, a existência de recursos da parte
adversa. (CPC, art. 100, caput)
                                      Lado outro, o fato daquela, igualmente, utilizar-se dos trabalhos
particulares de profissional da advocacia, não implica, nem de longe, a ausência de
pobreza, na forma da lei.
                                      Até porque, na hipótese, seu defensor optou por ser remunerado
na forma ad exitum. Ou até melhor, há registro na legislação processual justamente
nesse ensejo (CPC, art. 99, § 4°)   
                          
                                      Assim, em determinados casos, comprovada, por meio de
declaração de hipossuficiência econômica, mesmo em se tratando de beneficiário que
se utiliza de advogado particular, tem a jurisprudência o seguinte entendimento:
 
GRATUIDADE JUDICIAL. DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA
FINANCEIRA. PRESUNÇÃO RELATIVA. INCAPACIDADE FINANCEIRA.
COMPROVAÇÃO.
I. A Assistência Judiciária Gratuita deve ser concedida àqueles que são
comprovadamente necessitados, conforme inteligência do art. 5º, LXXIV da
Constituição Federal, sendo relativa a presunção de veracidade da declaração de
hipossuficiência da parte. II. A assistência do requerente por advogado particular,
por si só, não impede a concessão da gratuidade da justiça, nos termos do art. 99, §4º
do CPC/2015. V.V. De acordo com o art. 1.018 do CPC, tratando-se de processo físico,
incumbe ao Agravante comunicar ao juiz a quo a interposição de Agravo de
Instrumento no prazo de 03 dias. Trata-se de um pressuposto de admissibilidade,
que, quando não observado e arguido pela parte Agravada, implica o não
conhecimento do recurso. (TJMG; AI 1.0080.16.001130-2/001; Rel. Des.
Vasconcelos Lins; Julg. 07/02/2017; DJEMG 10/02/2017)
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAS CC OBRIGAÇÃO DE
FAZER. JUSTIÇA GRATUITA. PROFESSOR DA REDE PÚBLICA
ESTADUAL. COMPROVAÇÃO DO ESTADO DE HIPOSSUFICIÊNCIA.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
01. Em que pese a lei federal nº 1.060/50 exigir mera declaração de hipossuficiência,
faz-se necessário ressaltar que o disposto no artigo 4º, “caput” e § 1º deve ser
interpretado à luz do texto constitucional (art. 5º, lxxiv, cf), que impõe a
comprovação da insuficiência de recursos, ou seja, a declaração de hipossuficiência
prevista na lei em comento possui presunção relativa de veracidade, devendo ser
valorada juntamente com os demais documentos constantes no autos. 02. o fato de
parte estar sendo assistida por advogado particular não desvirtua tal conclusão, uma
vez que à parte hipossuficiente é facultado o direito de procurar patrono de sua
confiança, mesmo que não sejam integrantes da defensoria pública estadual 03.
tendo a parte demonstrado que o valor que aufere mensalmente não lhe proporciona
condição de custear as despesas processuais, sem que com isso ponha em risco seu
sustento próprio bem como de sua família, o deferimento do benefício da justiça
gratuita é medida que se impõe. 04. recurso conhecido e provido. (TJMS; AI
1410505-02.2016.8.12.0000; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Vladimir Abreu da
Silva; DJMS 10/02/2017; Pág. 105)
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO.
 Ação de reintegração de posse cumulada com pedido indenizatório. Pleito de
Assistência Judiciária Gratuita. Ausência de prova em sentido contrário. Contratação
de advogado particular que não implica presunção da parte agravante poder arcar
com as custas processuais. Papel do poder judiciário de facilitar o acesso à tutela
judicial efetiva. Concessão do benefício. Recurso conhecido e não provido. (TJAL; AI
0803525-38.2014.8.02.0000; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Tutmés Airan de
Albuquerque Melo; DJAL 09/02/2017; Pág. 23)
 
PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA
JUSTIÇA. PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. COMPROVAÇÃO
DA NECESSIDADE. ADVOGADO PARTICULAR NÃO IMPEDE A
CONCESSÃO. RECURSO PROVIDO.
1. A simples declaração de hipossuficiência firmada pelo requerente goza de
presunção legal de veracidade. 2. As circunstâncias apontam para a necessidade do
benefício, sendo desarrazoada o indeferimento de tal benefício. Isso porque, além da
declaração de pobreza anexada, o autor juntou documentos que comprovam ser
responsável pelo sustento de toda família com dois filhos pequenos. 3. O § 4º do art.
99 do cpc15 estabelece: a assistência do requerente por advogado particular não
impede a concessão da gratuidade da justiça. 4. Os documentos que instruem o
pedido fazem presumir não possuir o autor recursos suficientes para arcar com os
custos da demanda. 5. Recurso provido. (TJPE; AI 0011723-12.2016.8.17.0000;
Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Francisco Eduardo Gonçalves Sertório Canto; Julg.
02/02/2017; DJEPE 08/02/2017)
 
                                      Respeitante aos benefícios da gratuidade da justiça, destinados
à pessoa jurídica, agregando fundamentos ao conteúdo da Súmula 481 do STJ,
impende trazer à tona os seguintes julgados:
 
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
JULGAMENTO CONJUNTO. CELERIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL.
GRATUIDADE JUDICIÁRIA. PESSOA JURÍDICA. CONDOMÍNIO
RESIDENCIAL. HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA DEMONSTRADA.
DEFERIMENTO DO BENEFÍCIO.
1. Considerando que a matéria discutida no agravo interno é a mesma aventada no
agravo de instrumento e diante do decurso do prazo legal sem que a parte agravada
apresentasse as contraminutas, ambos os recursos podem ser julgados na mesma
assentada, com vistas a privilegiar a celeridade, a economia processual e a duração
razoável do processo. 2. Nos termos do entendimento sumulado pelo Superior
Tribunal de Justiça, faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou
sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos
processuais (Enunciado da Súmula nº 481/STJ). 3. O agravante, em razão da elevada
inadimplência dos condôminos, mostra-se incapaz de arcar com as despesas
correntes do condomínio, configurando situação de hipossuficiência econômica,
conforme atestam os documentos acostados aos autos, de modo a impossibilitar o
pagamento das custas e demais ônus processuais. 4. Agravo de instrumento
conhecido e provido. Agravo interno prejudicado. (TJDF; AGI 2016.00.2.039810-0;
Ac. 993.864; Segunda Turma Cível; Rel. Des. Sandoval Oliveira; Julg. 08/02/2017;
DJDFTE 16/02/2017)
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CC. CANCELAMENTO DE LANÇAMENTOS
INDEVIDOS E INDENIZAÇÃO. INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE
GRATUIDADE DA JUSTIÇA A PESSOA JURÍDICA. BENESSE PODE SER
CONCEDIDA À PESSOAS JURÍDICAS, DESDE QUE COMPROVADA A
INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 481, STJ.
Documentos trazidos aos autos comprovam a impossibilidade da recorrente de arcar
com as custas e despesas do processo. Agravo provido. (TJSP; AI 2244496-
43.2016.8.26.0000; Ac. 10160192; Guarulhos; Décima Oitava Câmara de Direito
Privado; Rel. Des. Edson Luiz de Queiróz; Julg. 07/02/2017; DJESP 16/02/2017)  
 
PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. IMPUGNAÇÃO À ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA. SINDICATO. ÔNUS DA PROVA DO REQUERENTE DO
BENEFÍCIO. BENEFÍCIO DEFERIDO. ÔNUS DA PROVA QUE INCUMBIA
AO MUNICÍPIO IMPUGNANTE. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO
1. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça sedimentou, na o entendimento
de que faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica, com ou sem fins
lucrativos, que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais
(Súmula nº 481 do STJ). No mesmo sentido os tribunais pátrios, dentre os quais se
inclui este egrégio Sodalício, firmaram o entendimento de que o sindicato, como
pessoa jurídica, deve comprovar sua impossibilidade de arcar com os custos do
processo para ser beneficiária da Assistência Judiciária Gratuita. 2. Tendo o juízo a
quo entendido que o apelado logrou êxito ao demonstrar a sua miserabilidade
jurídica - e este juízo não possui elementos cognitivos para afirmar o contrário,
caberia ao recorrente, em sua impugnação, provar o contrário, ou seja, que o apelado
não faz jus à percepção do benefício. 3. O apelante limitou-se a indicar o valor por ele
repassado ao apelado a título das contribuições dos trabalhadores a ele vinculados,
no montante de R$ 23.899,90 (Vinte e três mil, oitocentos e noventa e nove reais e
noventa centavos), referente ao mês de maio de 2012, circunstância que, por si só,
não é capaz de persuadir esta Corte acerca da saúde econômica do sindicato
recorrido. Dessa forma, sem ter acesso aos dados relativos às receitas e às despesas
do apelado, não há como concluir que a decisão proferida pelo juízo singular nos
autos da ação originária encontra-se equivocada. 5. Recurso conhecido e improvido.
(TJES; APL 0025609-22.2012.8.08.0048; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Walace
Pandolpho Kiffer; Julg. 30/01/2017; DJES 15/02/2017)
 
                                      Ex positis, a extensa prova documental, imersa neste arrazoado,
sobejamente permitem superar quaisquer argumentos pela ausência de pobreza, na
acepção jurídica do termo. É indissociável a existência de todos os requisitos legais à
concessão da gratuidade da justiça.
 
IV - Pedidos
 
                                      Diante do exposto, a parte Autora, no tocante ao pagamento dos
honorários periciais, com apoio no art. 98, § 5º c/c art. 99, § 1º, ambos do CPC, vem
requerer a concessão da gratuidade da justiça, mormente quanto ao pagamento,
adiantado, dos honorários do perito.
                                      Não sendo esse o entendimento, o que se diz apenas por
argumentar, subsidiariamente (CPC, art. 326) pede que seja postergado à fase final
do processo, com o trânsito em julgado. (CPC, art. 98, § 4º).
                                      Em arremate, requer-se seja intimada a parte adversa, por seu
patrono, para, no prazo de quinze dias, querendo, apresente impugnação (CPC, art.
100, caput).
 
                                      Respeitosamente, pede deferimento.
 
                                      Cidade (PP), 00 de setembro do ano de 0000.

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